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com
A minha paixão pelo mundo da e eu então comecei a deslumbrar aquele
pesca teve inicio quando eu tinha novo mundo maravilhoso que estava
apenas 5 anos de idade. Depois de diante dos meus olhos.
muito insistir com meus pais, eles
Tudo começou a ficar muito mais claro
deixaram que eu fosse até um rio
sobre as coisas que pensava a respeito
que passava próximo a minha casa desse universo subaquático. Porém, o
com um amigo da família chamado
mergulho tem uma lenta evolução e eu
Reinaldo para acompanha-lo em
sofria muito com a ansiedade e queria
uma pescaria.
que as coisas acontecessem no imediato.
Foi exatamente nessa pescaria que IV Tive muitas dificuldades no inicio por
eu tive os primeiros contatos com não ter nenhuma condição financeira para
peixes e me recordo de ter ficado a compra de equipamentos, não existia
muito impressionado com a água e cursos de mergulho acessíveis e nem de
as coisas que estavam em torno uma pessoa com conhecimento sobre o
daquele ambiente. assunto.
Aprendi com o Reinaldo como iscar o Frustrava-me muito por não conseguir
anzol e coisas do tipo. Porém, desde ficar muito tempo embaixo d'água e,
pequeno eu tinha uma grande principalmente, sentia muita dor nos
curiosidade de entender o que se ouvidos por não saber equalizar. Cheguei
passava dentro d'água. a pensar em desistir por várias vezes,
pois não sabia como aliviar a pressão dos
Após diversos anos praticando a ouvidos. Certo dia ouvi alguém dizer que
pesca de anzol, fui apresentado à tinha que “apertar o nariz e assoprar pra
pesca subaquática por um amigo dentro da cabeça”... Então fui para a água
chamado Ronaldo. Acompanhando o e finalmente consegui fazer o trabalho de
pela primeira vez em um mergulho, compensação.
já não suportava mais a vontade de
colocar a máscara no rosto pra ver o
fundo do rio, foi ai que o Ronaldo me
emprestou parte do seu equipamento
É de extrema importância que você observe seu equipamento a todo instante. Começando por
sua máscara que não pode estar alagando ou embaçada. Se sua visão está comprometida por
uma mascara que esteja embaçada por conta das gotículas de ar que foi condensada pela
umidade ou uma mascara alagando e fazendo com que o seu nariz tenha contato direto com a
água, trará uma diminuição da sensação de segurança. O cérebro irá automaticamente ativar o
instinto de conservação. Uma roupa de mergulho furada ou de milimetragem errada causando
uma perda de calor também vai contribuir para que nosso corpo reclame de alguma forma.
Certa vez eu estava mergulhando em um rio e fui pra margem retirar o peixe que havia
capturado. Resolvi tirar minhas nadadeiras e coloquei em um lugar não tão confiável enquanto
tirava o peixe do arpão. Ao finalizar a etapa de apagar o peixe, retirar o arpão e por esse peixe
na fieira acabei não percebendo que a correnteza levou um pé de nadadeira. Após vários
minutos eu fui perceber que havia perdido um pé de nadadeira. E agora? Além da decepção
meu mergulho teria que ser abortado por isso. Foi ai que o amigo me emprestou uma
nadadeira reserva que ele havia levado e estava dentro da bolsa de material de mergulho.
Certa vez eu estava assistindo um DVD de pesca submarina e observei que o mergulhador
realizava um movimento tão perfeito que era capaz de levar ele para o fundo sem
praticamente nenhum esforço. Voltei à fita várias vezes pra entender o que ele estava
fazendo e tentei levar aquilo para a água. O resultado foi absurdamente bom. Percebi que
era possível alcançar qualquer profundidade com o mínimo de esforço possível.
Posso considerar que a minha virada é simplesmente perfeita, pois o gasto de oxigênio para
realizar o movimento é bem pouco e isso reflete diretamente no meu tempo de fundo. Se
você não realiza uma boa virada o seu tempo de fundo vai ser diminuído pelo menos 30%.
Imagine se conseguisse utilizar 30% da sua apnéia a mais no fundo, quantos peixes
conseguiriam ver e quantas oportunidades você poderia aproveitar por ter utilizado esse
tempo já durante a sua imersão. É muito importante que ao executar a sua virada você fique
primeiramente em posição de 90 graus.
É uma matemática simples de resolver, pois quanto mais ansioso eu estava para
realizar um próximo mergulho, menos eu ficava na superfície e menos eu ficava no
fundo também. Eu ouvia pessoas falarem sobre isso, mas sempre acreditava que
aquele era o meu jeito e que iria ser assim pelo resto da vida. Uma vez fui fazer uma
filmagem de um colega que tinha muita dificuldade assim como eu de permanecer
no fundo por mais tempo e de forma segura. Eu fiquei filmando ele por vários
minutos na superfície e já estava pra reclamar com ele o porquê daquela demora na
superfície. Foi ai que ele partiu pra o mergulho e de alguma forma a minha apnéia
foi quase 2 vezes mais do que antes. Achei aquilo estranho e não cheguei a
comentar com ele sobre aquilo. Porem, por vários dias eu fiquei intrigado por ter me
sentido muito bem.
Quanto menos você bater perna, mais chances têm de ganhar tempo de fundo. Nos
treinos de piscina que eu estou utilizando com meus alunos do IMERSÂO, eu sempre
estou ressaltando a importância de economizar oxigênio em apnéia dinâmica. Nossa
meta é o 4 em 4. Isso significa que com os treinos propostos é possível que em 4
semanas o aluno saia de uma apnéia de 1min para 4min. Isso é um 4 em 4.
O que estou querendo dizer com isso é que muitos pescadores submarinos
perdem muito em não saber aproveitar esse momento tão oportuno que é a
espera. Um dos grandes erros é achar que o peixe é bobo e outro erro muito
comum é deixar de observar o próprio mergulho, e assim criar vibrações
enormes dentro d’água por conta da ansiedade e os batimentos cardíacos
acelerados. A espera tem o poder de fazer sua pescaria ou seu mergulho
contemplativo ser o mais produtivo possível e essa técnica deve ser executada
com maestria.
E os problemas não param por aqui, tem ainda a parte mais especial que é
quando o mergulhador não consegue ter um bom trabalho de recuperação por
conta do retorno mal feito. Outro grande problema é ultrapassar o limite do
tempo de fundo e retornar já em estado de desespero.