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ETAPAS PARA
MEMORIZAR
OS ESTUDOS
Matheus Araújo

2019
Araújo, Matheus
5 Etapas Para Memorizar Os Estudos / Matheus Araújo
Pernambuco; Instituto Dom Literário, 2019.
65 pp

Revisão
Matheus Araújo

Capa
Lucas Gabriel

Editores
Matheus Araújo
Lucas Gabriel
Sumário

CAPÍTULO 1 - Introdução 9

CAPÍTULO 2 - Conheça sua mente 19

CAPÍTULO 3 - Conheça seu corpo 30

CAPÍTULO 4 - Mude seus hábitos 36

CAPÍTULO 5 - Esqueça a decoreba 39

CAPÍTULO 6 - Aprenda as técnicas de memorização 43


INTRODUÇÃO

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INSTITUTO DOM LITERÁRIO
A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA NOS ESTUDOS

Se você baixou este e-book, é provável que tenha pro-


blemas com sua memória. Talvez seja normal para você
passar para o parágrafo seguinte e esquecer-se do anterior,
não se lembrar de determinada cena ou personagem de um
romance, perder o fio da meada de um argumento em um
livro de filosofia, ou até mesmo esquecer o nome da obra
que leu. Talvez você precise passar num concurso, vestibu-
lar, prova da escola ou da faculdade e, toda vez que começa
a responder as questões, tem um branco na mente.
Talvez você nem saiba a importância da memória nos
estudos.
A memória, essa entidade abstrata que habita nosso
corpo. Sabemos para quê serve, mas não sabemos defini-la;
conseguimos acessá-la, mas não sabemos onde fica!
Este não é um livro sobre neurociência, certamente. Este
livro é um condensado de dicas práticas para que qualquer
estudante de qualquer área e com qualquer objetivo pos-
sível consiga resolver seus problemas com a memória.
Eu era um estudante cheio de problemas com a memó-
ria. Na verdade, tenho problemas com a memória até hoje:
às vezes esqueço a chave de casa, não me lembro de man-
dar um email importante, não recordo o nome de alguém.
Mas, quando se trata de estudar, consigo me lembrar dos
livros, cenas, personagens, ideias, citações, fórmulas. Ab-
sorvo facilmente os conteúdos.

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A verdade é que isso não é um dom. Existem sim, uma
memória natural e uma memória artificial, a primeira já vem
acoplada ao indivíduo e a segunda é desenvolvida por ele.
Mas a imensa maioria das pessoas com boa memória bus-
cou isso: é muito mais um esforço do que uma habilidade
inata.
Quando percebi que não era simplesmente uma dificul-
dade minha, e sim um problema geral do estudo, não só um
empecilho particular, mas uma questão universal sobre o
aprendizado, decidi me dedicar a descobrir como passar por
cima do esquecimento.
Li inúmeros livros sobre o assunto, estudando dia e noi-
te na tentativa de buscar soluções simples que pudessem
ser aplicadas primeiramente no meu dia a dia. Posso dizer
que houve resultados: quem me conhece sabe que passei
em dois vestibulares em universidades federais (um deles
em primeiro lugar) estudando muito pouco (em comparação
com outras pessoas).
Porém não considero este o grande mérito dos meus
esforços. A maior recompensa que recebi ao aprender a arte
da memória nos estudos se reflete no meu dia a dia: facili-
dade na leitura, melhora absurda no meu rendimento, cone-
xão rápida entre os livros que li, fixação clara do conteúdo. O
resto veio como prova formal do que aprendi.
Foi quando percebi que poderia ensinar isso a outras
pessoas. Quase 90% dos meus alunos/seguidores relatam
que o maior problema deles é o esquecimento. Na tentativa
de ajudá-los, criei o Instituto Dom Literário, um portal online

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que ensina as pessoas a aprender. Isso mesmo, aprender a
aprender.
A maior recompensa que tive em relação a esse assun-
to foi o depoimento de um aluno. Conversando comigo todo
dia, me relatava as aflições e dificuldades diárias do estudo,
e eu tentava ajudá-lo como podia: compartilhando textos,
vídeos curtos, fazendo transmissões ao vivo e respondendo
as perguntas dele. Um dia, me agradeceu dizendo: “Antes,
o que eu estudava voava da minha mente, num estalar de
dedos, como uma folha no vento. Hoje, graças a você, fica
fixo como prego”.
Eu não poderia ficar mais satisfeito. Saber que outras
pessoas estão conseguindo aprender e resolver seus pro-
blemas com a memória é a melhor retribuição que poderia
receber.
Espero que este pequeno livro ajude-os ainda mais.

PARA QUÊ SERVE A MEMORIZAÇÃO?

A técnica da memorização surgiu, até onde é possível


observar, na Roma Antiga. A memória era uma das partes
fundamentais da Retórica, já que os grandes oradores, ao
exemplo de Cícero, não tinham outros meios de se lembrar
do que iriam falar em seus extensos discursos no senado
romano. Não se conseguia – facilmente – papéis, canetas,
bilhetes muito menos celulares para que Cícero pudesse
“colar” na hora de seu discurso. Todo aquele conhecimento
vinha da memória.

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O princípio daquela técnica era baseado na criação de
imagens e no encadeamento de ideias. Hoje – ainda bem –
há meios e estratégias mais simples.
Você pode se perguntar: Não sou um orador, por que
me preocuparia com isso?
Além daqueles problemas já conhecidos por todos –
esquecer-se de tomar um remédio, não lembrar da hora da
reunião no trabalho, sair de casa e deixar algo ligado no for-
no – a memória tem um papel fundamental no conhecimen-
to. Imagine que o processo de aprendizagem de um assunto
é como uma escada: você está no início, no ponto zero, e o
conhecimento está no último degrau, no topo. Cada degrau
que você sobe é uma pequena parte do conhecimento ne-
cessário para chegar ao ápice. A memória estará relaciona-
da ao processo de retenção do conhecimento, ela será o seu
equilíbrio ao subir a escada.
Sem um método efetivo de memorização a tendência
é descer os degraus ou acabar caindo e desistindo de tudo.
Você já passou por isso? Provavelmente sim. Nunca lhe
ensinaram isso na escola. O que lhe passam, no máximo, é
a famosa decoreba: repetir até a exaustão. Pode funcionar,
é claro. Ajuda as crianças a passarem na prova, obviamen-
te – apesar do esforço desnecessário. Acontece que esse
método não transforma o conhecimento em algo particular,
presente o tempo inteiro naqueles alunos. O que chamo de
memorização aqui é um processo que visa integrar o conhe-
cimento na sua personalidade, tornando-o útil e acessível a
você diariamente.

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AS QUATRO ETAPAS DO APRENDIZADO

Segundo a definição de Emílio Mira y Lopez, aprender


é “aumentar o cabedal de recursos de que dispomos para
enfrentar os problemas que nos apresenta a vida cultural”.
Este conceito é crucial para entendermos o seguinte:
Estudar não é aprender.
Estudar é o ato que empreendemos para aumentar
o cabedal de recursos. O ato pode ou não dar resultados.
Quando mal feito, chega, até mesmo, a dar o resultado con-
trário.
Imagine que você precisa emagrecer – que é o ato de
perder peso. Como você chegaria a esse objetivo? Todo
mundo lhe recomendaria fazer exercícios, comer bem e mu-
dar uma série de hábitos alimentares. Se você não faz nada
disso e deseja emagrecer, que resultado acha que terá?
Com o estudo é a mesma coisa: o aluno deve seguir
uma série de regras, obedecer diversos princípios, executar
vários exercícios e aplicar uma infinidade de técnicas para
chegar ao aprendizado.
Ou seja, o seu primeiro passo deve ser APRENDER A
APRENDER.
Todo estudante deve entender, primeiramente, como
funciona o processo da aprendizagem e quais são suas 4
etapas. Saber que mecanismos e engrenagens geram este
aumento de recursos intelectuais é começar a desvendar
uma técnica. Este é um processo demorado, difícil, compli-

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INSTITUTO DOM LITERÁRIO
cado. Precisei de anos de estudo, leitura, experimentos, tes-
tes, frustrações, decepções. O e-book que vocês leem é um
condensado de todo este esforço que empreendi na busca
por descobrir como nós aprendemos e qual o papel da me-
mória nisso tudo.
Então busque fixar bem quais são AS 4 ETAPAS DO
APRENDIZADO:
1ª – Compreensão:
Coisa óbvia: Para aprender alguma coisa, primeiro é
preciso que você a compreenda. Entender o processo e bus-
car certificar-se minuciosamente de que captou e assimilou
todo o conteúdo é função primordial do estudante. São maus
estudantes, alunos e intelectuais aqueles que opinam, criti-
cam ou até mesmo elogiam sem entender completamente
o que foi posto por um autor.
2 ª – Fixação:
A compreensão de algo vem justamente com a fixação
do conteúdo. Dentro do próprio ato de compreender está
o ato de fixar. É a primeira fase da memorização, e surge
durante o estudo: enquanto você lê um livro ou assiste uma
aula, está compreendendo e fixando, entendendo e guar-
dando, esmiuçando e colocando tudo de volta no mesmo
lugar.
3ª–Retenção:
O aluno já entendeu e fixou, mas ainda não tem o conteúdo
retido em si. Fixar é como colar um aviso na parede com um
post-it, reter é pintar esse anúncio com tinta. A etapa da re-

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tenção será um reforço da duas primeiras etapas: e por isso
mesmo será decisiva.
É na etapa da retenção que grande parte das dicas que
darei aqui irá atuar: como fazer com que o seu cérebro não
descarte aquele conhecimento fixado como se fosse uma
informação inútil?
4ª – Evocação:
A evocação é a última e mais ignorada das etapas. A
maioria dos estudantes acha que após ter compreendido o
assunto, fixado-o em sua mente e retido-o com reforço e
esforço não se deve fazer mais nada. Se fosse assim, do que
adiantaria estudar? Do que serviria o conhecimento?
Aprender também é colocar o conhecimento em prática,
evocá-lo, trazê-lo à tona, criar a partir dele. É última etapa:
tirar o conhecimento das profundezas do seu ser e torná-lo
útil em seu dia a dia.
Certifiquem-se de que compreenderam os parágrafos
acima. Fixem, retenham e evoquem. Tentem explicá-los
com suas próprias palavras. Tomar posse do que eu disse
neste capítulo é essencial para entender o processo da me-
morização. E saber quais são as 5 etapas para memorizar os
estudos.

5 ETAPAS PARA MEMORIZAR OS ESTUDOS

Todo estudante tem que tomar consciência do seguin-


te fato: lembrar ou não lembrar alguma coisa só depende

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de você. Pare de culpar sua memória. Que esforço você fez
para incorporar aquele conhecimento à sua personalidade?
De que forma buscou com que ele não se esvaísse junta-
mente com outras informações irrelevantes? Como você se
relaciona com a sua memória?
Isso ficará mais claro, mas saiba que não adianta falar
mal da sua mente. O bom aluno deve saber qual o funcio-
namento do mecanismo para poder ativá-lo. Reclamar seria
bater na máquina e querer que ela funcione.
Assim, uma coisa ficou óbvia: o processo de memoriza-
ção deve ser parte da leitura ativa. Ou seja, o leitor deverá
girar uma chave interna para que tudo corra bem. É um pro-
cesso que, apesar das ferramentas, só depende de você.
As 5 etapas são intuitivas e elas próprias não dizem
nada. O que vai realmente mudar a sua vida de estudos de
uma vez por todas – seja qual for seu objetivo – é entendê-
-las por completo. Eis as 5 ETAPAS PARA MEMORIZAR OS
ESTUDOS:
1 – CONHEÇA SUA MENTE;
2 – CONHEÇA SEU CORPO;
3 – MUDE SEUS HÁBITOS;
4 – ESQUEÇA A DECOREBA;
5 – APRENDA AS TÉCNICAS DE MEMORIZAÇÃO.
Entenderam? Simples, não é? Parece simples, ou me-
lhor, estou tentando simplificar para vocês. Dentro dessas
5 etapas correm inúmeras informações sobre neurociência,
linguística, medicina, anatomia, biologia... Mas, obviamente,

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não explicarei toda a teoria – o que me exigiria mais de mil
páginas e o triplo de anos de estudo.
Você terá acesso, nos capítulos seguintes, a conse-
lhos, dicas e técnicas PRÁTICAS E SIMPLES de memoriza-
ção nos estudos. Você verá que da posição da iluminação
do seu quarto às cores de caneta que são usadas na hora de
grifar, do tempo de revisão ao seu estado emocional após o
estudo, do que você come até a hora que você dorme: tudo
influencia, positiva ou negativamente.
Chega de apresentações. Vamos direto ao ponto.

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CONHEÇA SUA
MENTE

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TIPOS DE MEMÓRIA

Para entendermos a mente, temos que entender pri-


meiro a memória (parte que mais nos interessa neste mo-
mento). Como ela funciona?
Simplificando, a memória irá gravar, por meio dos sen-
tidos, uma imagem, um som, um conceito, um sentimento
- ou seja, um estímulo ou uma manifestação do seu corpo e
do seu espírito.
O tempo que a mente irá guardar aquele estímulo será
ditado por nós e a memória irá nos obedecer. Isso mesmo,
pode não parecer, mas a memória nos obedece. Toda vez
em que algo importante é esquecido, a culpa é UNICA-
MENTE SUA.
Desculpe se estou sendo muito duro. Acontece que
os estudantes precisam acordam urgentemente para essa
questão. Não adianta culpar a memória. Não adianta se
isentar de culpa. A culpa do esquecimento de algo necessá-
rio é do estudante.
Existem 3 principais tipos de memória:
1ª - Ultra Rápida
Aquela que se apaga quase instantaneamente. Por
exemplo, um número de telefone que esquecemos logo
após anotarmos. Como dali para frente nosso cérebro en-
tende que aquela informação não é mais importante, ele a
apaga.
2ª - Curta Duração

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É uma memória breve, mas não tanto. Pode durar um
dia, porém não resiste ao teste do tempo. Se eu lhe perguntar
o que comeu no seu café da manhã hoje, você responderá.
Mas caso eu pergunte do café da manhã de duas semanas
atrás, dificilmente você terá uma resposta.
É neste tipo de memória que mora o perigo. A maioria
dos alunos faz com que o conteúdo estudado se torne uma
memória de curta duração. Por isso acabam esquecendo-se
do assunto um ou dois dias depois.
O fenômeno ocorre por causa de três fatores:
a - Falta de frequência nos estudos;
b- Falta de foco e concentração, ou, resumindo, aten-
ção;
c- Nível de importância dado ao estudo.
Sempre que um estudante não mantém uma frequên-
cia de estudos, a mente “joga para fora de si” aquela ativi-
dade. Ela entende que aquilo não é mais útil. Pense comigo,
a mente reflete assim: ele fazia aquilo todo dia, na mesma
hora, e agora não faz mais, então não deve ser importante.
Você perde o ritmo de estudos, sua rotina fica amputa-
da, logo sua mente esquece tudo aquilo que já estudou.
Esta rotina também inclui revisão: Aula dada é aula es-
tudada e revisada. Toda leitura necessita de uma revisão,
pois ela é o alerta ao cérebro: Olha, este assunto é muito
importante, já é a segunda vez que o estudo hoje, não se
esqueça, por favor.

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E é essencial que esta revisão seja feita de 12h a 24h
depois da primeira sessão de estudos. Neste capítulo ainda
explicarei o porquê e no último ensinarei como fazer a revi-
são.
Agora vamos voltar ao terceiro tipo, que é a memória de
3ª - Longa Duração
Todo esforço do estudante deve estar voltado para que
o conteúdo fixe-se na mente dele e se torne uma memória
de longa duração.
Como ele fará isso?
Para responder a essa pergunta criamos este e-book.
Transformar os estudos em uma memória de longa duração
conta com a influência de inúmeros fatores. Os principais
são:
A- Reforço
Tudo quando se trata de memória é reforço. Não o re-
forço repetitivo da decoreba, mas uma comunicação que ex-
plicite algumas vezes, de forma diferente, o assunto.
Aprendi isso no meu primeiro emprego. Trabalhei em
uma empresa de Carros-Pipa, distribuindo água pela cidade
e por outras cidades vizinhas. O trabalho era teoricamente
simples: bastava atender os telefonemas, anotar os pedidos
e os endereços e repassar aos motoristas dos caminhões.
Mas diversos problemas aconteceram. Primeiramente
aprendi que se não anotasse COM CERTEZA iria esquecer.
Imagine atender 20 telefonemas em uma hora e decorar ab-
solutamente tudo ao mesmo tempo. Você pode tentar, mas

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seria sobrecarregar a memória sem necessidade. Já aconte-
ceu comigo e esqueci alguns pedidos...
A coisa mais importante era conseguir corretamente o
endereço aos motoristas.
No meu treinamento, meu chefe (e Tio), ensinou: Sem-
pre busque falar a eles o endereço, repeti-lo, pedir para que
eles expliquem e os ensine o maior número de pontos de
referência.
Esses pontos de referência (ao lado da padaria tal, na
rua do mercado tal, perto do cabeleireiro tal) são imagens
que ficavam gravadas nas mentes dos motoristas (e as ima-
gens são o princípio da memorização, lembram?).
Caso eles se esquecessem de alguma informação que
fosse puramente um código (rua x, número y), tinham as
imagens cravadas na memória, como um guia. Esses pon-
tos de referência faziam total diferença.
B- Atenção
Para que os motoristas realmente compreendessem o
que eu estava ensinando, precisavam estar atentos.
Não adianta reforçar, desenhar e pedir para que expli-
quem se não há atenção. Esta é a principal dificuldade com
a memorização, gerando a dispersão e a falta de foco.
Felizmente, se você sofre com isso (sim, pois nem sem-
pre a atenção é uma opção do estudante, muitas vezes sur-
ge como um sintoma) há o que fazer.
Com os exercícios que já passei no Instituto Dom Li-
terário e irei explicar aqui mais detalhadamente no último

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capítulo (a leitura com o dedo, descoberta do foco, elimina-
ção dos elementos dispersantes, etc) muitos estudantes já
sentiram a diferença. O relato mais emocionante veio de um
aluno com TOC (transtorno obsessivo compulsivo) que nun-
ca conseguia se concentrar, mas havia melhorado e se mo-
tivado com os exercícios.
Um dos maiores inimigos da atenção durante o estudo
é o celular. Se você tem problemas com isso e usa o celular
enquanto lê, ouve música e acaba abrindo aquela mensa-
gem, não consegue relaxar enquanto está no celular: PARE
AGORA COM ISSO.
Peça para alguém esconder o celular de você. Coloque-
-o numa caixa, configurado no modo avião e no silencioso,
e ponha-o bem longe. Esqueça essa de “dar só uma olhadi-
nha”. É nessas horas que você passa 10, 20, 30, 40 minutos
e quando perceber, já passou 1 hora mexendo no celular.
Além do mais, o uso constante das redes sociais prin-
cipalmente para futilidades sobrecarrega sua memória. São
muitas informações que precisam ser descartadas, e se
você as iguala com a mesma atenção que dá aos estudos,
qual será o resultado? Isso mesmo, esquecimento.
C - Revisão
Por qual motivo eu pedia para que os motoristas expli-
cassem para mim o endereço, quando seriam eles que iriam,
e não eu?
Obviamente para me certificar de que eles saberiam
chegar ao local. Este é um teste muito útil: se você precisa

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saber se alguém realmente entendeu algo, peça que expli-
que aquilo com as próprias palavras.
E você mesmo deve fazer isso após a leitura.
E é FUNDAMENTAL que seja com as próprias palavras.
Se você imita ou apenas reproduz as palavras de um autor
é sinal de que você não apreendeu o conteúdo, mas apenas
o som. Quer dizer que o aluno não conhece a substância do
assunto, apenas os sinais gráficos que o representam.
Procure-se focar no CONTEÚDO por enquanto.
No processo de revisão você deve explicar para si mes-
mo aquele assunto, além de ler em voz alta - copiando em
um caderno - as partes mais importantes.
Por quê?
Quanto mais sentidos você ativar durante a leitura,
maior será sua capacidade de retenção, consequentemente
seu rendimento crescerá.
Observem este gráfico:

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A pirâmide demonstra perfeitamente o crescimento do
rendimento nos estudos na medida em quê a quantidade de
atividades e o nível de ativação dos sentidos aumentam.
Se você apenas lê - sem falar, ouvir, desenhar, construir,
apresentar - sua taxa de rendimento e memorização é ex-
tremamente menor do que poderia ser.
Esta queda de rendimento também se deve à falta de
compreensão sobre dois gráficos que deixam bem claro o
funcionamento do nosso corpo durante os estudos. O pri-
meiro é o gráfico da relação rendimento x tempo, e o segun-
do é o gráfico do intervalo de retenção.

Muitos estudantes não compreendem qual a relação


entre o rendimento deles nos estudos e o tempo que sepa-
ram para a atividade. Já vi casos (todo mundo conhece pes-
soas assim) de alunos que estudam quatro, cinco, seis horas
por dia. Às vezes esta prática chega a ser recomendada por
professores.

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O fato é que estudar mais que 2h por dia é prejudicial ao
seu rendimento. Sua mente fica desordenada, começa a fi-
car cansada e se confundir, a fadiga surge, o sono e diversos
outros fatores. Com o tempo e com a prática, o período pode
aumentar para 3h ou 4h por dia. Mas se você é iniciante, não
force.
É essencial também que se façam pausas durante a
sessão de estudos. Não adianta estudar de forma ininter-
rupta. De 30 em 30 minutos, procure descansar 5 minutos.
Vá para uma janela que tenha vista para a rua, tome um
pouco de sol, alongue-se (recomendo que estique o braço o
mais alto que puder e fique na ponta dos pés durante 1 mi-
nuto), tome bastante água para oxigenar o cérebro. Respire
ao ar livre.
Não pense que se isolar em um quarto durante horas,
sem pausas, sem exercícios e sem ar livre vai te fazer bem.
É aí que surge a fadiga mental.
Um aspecto também muito importante na questão do
rendimento são os minutos iniciais. Perceba que o rendi-
mento, nos primeiros 15-20 minutos, é baixo. Isso se dá
pois o seu corpo ainda não se acostumou com o fato de que
ele vai estudar. É normal, ocorre com todo mundo.
Por isso muitos professores recomendam que se leia
a prova antes de fazê-la. É neste meio tempo que seu cor-
po vai se ativar e então seu rendimento aumenta. Após os
15 minutos, sua capacidade de estudar e realizar uma prova
tem um pico enorme, é o estado em que você estará mais
alerta – e é este estado que temos que aproveitar.

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A maioria das desistências no ato de estudar se dá nes-
ses minutos iniciais, quando o rendimento é baixo. O estu-
dante nota que não está indo bem e desiste... mal sabia ele
que, se continuasse um pouco mais, veria a mágica aconte-
cer.
Outro gráfico que pode e vai te atrapalhar muito se você
não compreendê-lo, é o do intervalo de retenção.
Após nossa primeira sessão de estudos, o corpo guar-
da aquela informação e vai lhe perguntar, de doze a vinte
e quatro horas depois, se ela é realmente importante. É o
intervalo de retenção. Período em que a mente está “mari-
nando” o conteúdo.
Se não houver uma revisão neste período, seu cérebro
entenderá que aquilo não é importante. Qual o resultado?
Esquecimento. Aquela memória será descartada.

O BRANCO NA MEMÓRIA

A última coisa que devemos entender sobre nos-


sa mente é o período de evocação. É no ato de evocar o
conhecimento que transformaremos o conteúdo bruto
em um agente da realidade. É quando testaremos nosso
aprendizado, faremos com que ele seja algo útil. Veremos
se ele tem um correspondente na vida cotidiana e concreta.
Alguns professores têm esse costume. Os alunos estu-
dam e na aula seguinte o professor faz perguntas na classe.
Alguns estudantes, com medo de errar, vergonha das risa-

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das que podem receber e apreensivos com a reação do pro-
fessor, tendem a ter um branco na memória.
Isso se dá pela forte emoção sentida. É um aviso da
própria mente de que tem algo de errado. O branco na me-
mória é extremamente prejudicial, pois trava o momento da
evocação.
Fortes emoções – medo, pavor, paixão, tristeza – afe-
tam não só a evocação como o intervalo de retenção. O cé-
rebro entende que tem algo mais importante para se preo-
cupar e o esquecimento vem com tudo.
Qual a solução?
Como já dissemos, você pode dar uma aula para você
mesmo no espelho.
A melhor saída para o branco na mente é um grupo de
estudos. Lá você poderá errar sem se preocupar com qual-
quer retaliação, pois seus amigos entenderão e ainda irão
brincar e descontrair. Você poderá corrigir e ser corrigido
sem medo algum.
Agora, vamos falar do nosso corpo.

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CONHEÇA SEU
CORPO

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VISÃO HOLÍSTICA DO ESTUDO

Para entendermos qual o papel do nosso corpo nos es-


tudos, precisamos, primeiramente, adotar uma nova visão
sobre esta atividade. A maioria das recomendações atuais
sobre estudo vem da ordem mental – esquecendo-se da
corporal (e quase nunca citando a espiritual).
Nossa cosmovisão da arte de estudar deve ser um
tanto holística. Por holística não entenda esotérica – longe
disso. Holístico vem do termo grego “holos”, que significa
“todo” ou “inteiro”. Com isso, quero dizer que devemos ter
uma visão completa, ampla, que abarque todas as dimen-
sões possíveis.
Uma dessas dimensões é a corporal.
O que você come, onde você estuda, como você dor-
me... Tudo isso vai influenciar a memorização e consequen-
temente o seu aprendizado.
O primeiro passo é saber fazer com que seu corpo foque
apenas no ato de estudar. Não peça a ele que divida tarefas.
Como isso se dá na prática?
Se você está sentindo alguma dor, seu corpo vai se en-
gajar em perceber que problema é esse e curá-lo, não em
estudar. Portanto, não vale a pena estudar sentindo muitas
dores. Outro exemplo é estudar logo após as refeições. Todo
seu mecanismo estará funcionando para digerir o alimento,
e não se concentrará no ato de estudar.

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Simples, prático e até mesmo óbvio. Mas muita gente
não cumpre.
A questão central é focalizar as energias na leitura.
O essencial, para isso, é ter energias. Então, DURMA
BEM. Não adianta, de verdade, passar a noite estudando
para depois dormir quatro ou cinco horas. Uma boa recu-
peração exige de seis a oito horas de um bom e confortável
sono. Lembrem-se: seu aprendizado não é mais importante
que você. Não sacrifique seu corpo para isso.
Pelo mesmo motivo é que você deve se movimentar.
Não digo nem fazer exercícios físicos, pois aí você pode
achar que eu estaria recomendando que meus alunos fos-
sem “fitness”, coisa que eu estou longe de ser. Mas TODO
ESTUDANTE PRECISA SE MOVIMENTAR. A imensa maioria
é sedentária, fica trancada em quartos, não faz esforços fí-
sicos.
Não estou falando para carregar sacos de cimento. Ca-
minhe quinze minutos na rua até suar. Faça alongamentos.
Esses atos são fundamentais principalmente durante uma
sessão de estudos. A cada 30 minutos, pare, vá até uma ja-
nela, alongue-se. Ou simplesmente vá andando até a esqui-
na e volte. Quanto mais trancafiado ficar, menos irá render.
Não parece óbvio? Faz sentido para você?
Estudar não é um processo que envolve apenas os
olhos e a cabeça, mas o corpo inteiro. Você literalmente joga
o sangue e os órgãos nos livros. Não pense que é menos do
que isso.

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Por essa razão você também deve cuidar da alimenta-
ção: procure se alimentar de muita proteína. Elas dão ener-
gia ao nosso cérebro. Frutas e muita água também ajudam a
oxigenar nossa caixa craniana. Às vezes um simples alimen-
to mais pesado tira sua concentração na hora de estudar.
NUNCA ESTUDE DEITADO. Nunca. Estudar deitado é a
desculpa dos preguiçosos: abrem o livro, “leem” dois pará-
grafos, sentem sono, vão adormecendo e o livro cai na ca-
beça deles. No outro dia, quando acordam, culpam os livros:
“Ler me dá sono!”.
Claro, você lê errado! Cama foi feita para dormir, e é
exatamente isso que seu corpo irá fazer. É como sentar na
privada esperando que o corpo corra.
Além de causar preguiça e sonolência, a cama vai com-
primir seus órgãos – pulmões e vísceras, principalmente – e
pode ocasionar dores de coluna, provocando fadiga e uma
queda brusca no seu rendimento.
É aí que saímos um pouco da questão corporal e vamos
para a questão ambiental. O próprio ambiente pode lhe pre-
judicar. O fato de estudar ao lado de uma cama ou olhando
para uma cama VAI CAUSAR PREGUIÇA. A cama será uma
tentação. Tão perto de você... Por que não deitar cinco mi-
nutinhos?
O correto é estudar sentado numa cadeira confortável
(mas não tanto, para também não causar sonolência) com
uma mesa à sua frente. Você não deve levar o livro ao seu
rosto, nem permanecer com ele totalmente à mesa, curvan-
do o pescoço. Na primeira opção, você fará doer os braços,

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INSTITUTO DOM LITERÁRIO
na segunda, a nuca. O ideal é que se levante o livro levemen-
te, algo em torno de 45º graus.
A luz, de preferência, deve ser natural. Mas conheço os
impedimentos de quem, muitas vezes, não pode ler num lo-
cal aberto por questões de segurança, e por conta da arqui-
tetura do lar, não tem acesso a esse tipo de iluminação.
Então, vamos partir do princípio que utilizaremos lu-
minárias. Cuidado para que elas não fiquem muito próxi-
mas aos olhos (ocasionará fadiga mental). Como a imensa
maioria da população é destra, sempre recomendo: LUZ DO
LADO ESQUERDO. Esse conselho serve para evitar som-
bras nas páginas, principalmente no momento dos grifos e
anotações.
É fundamental, também, que você se sinta bem consigo.
Bem com seu corpo. Tome um banho gelado antes de estudar
– ajuda e muito a despertar –, tome uma xícara de café, or-
ganize o ambiente, vista sua roupa mais confortável, pro-
cure deixar o lugar numa temperatura agradável e amena.
Busque ventilação natural, mas se não houver, ventiladores
são bem vindos.
O local também deve ser silencioso. Óbvio que sempre
haverá sons, mas os sons que ajudam na nossa concentra-
ção são ritmados, continuados e inofensivos, num volume
agradável. É assim com o barulho de um ventilador, de um
ar-condicionado, de uma biblioteca inteira ou até mesmo de
uma cafeteria. Há um aplicativo de Ruído Branco que, quan-
do utilizado no modo concentração, pode lhe ajudar muito
nesse caso.

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INSTITUTO DOM LITERÁRIO
As músicas podem ou não atrapalhar. A maioria das pes-
soas as usam para abafar o som ao redor e então abstraem
a canção. Há realmente canções que emitem partículas que
fazem o cérebro aumentar sua capacidade de concentração,
e isso é realmente impressionante.
Acontece que a música, assim como qualquer outra
arte, tem como intenção primeira lhe gerar uma emoção.
E se você for pego por essa emoção, acabou o foco. Você
mudará o ponto focal em 180º graus.
Funciona com algumas pessoas, já em outras (como é o
meu caso) não. E com você?
Viram como há muitas coisas para prestar atenção?
Pode parecer, inicialmente, algo exagerado. Mas, na medida
em que você colocar em prática novos hábitos, perceberá
que seu rendimento irá crescer bastante.
Para isso, resolvemos desenvolver uma tabela simples,
onde você possa se guiar de uma forma mais eficaz.
Que hábitos maus eu alimento e preciso mudar? Mar-
que no quadradinho ao lado e saiba o que você faz de errado
durante os estudos...

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MUDE SEUS
HÁBITOS

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Não estudo todo dia
Não estudo no mesmo horário todo dia
Não coloco metas diárias de leitura
Não faço revisões
Minhas revisões não são após 12h ou 24h a primeira sessão dos estudos
Faço reforços repetitivos sem eficácia
Não faço reforços
Boto a culpa na minha memória
Não anoto minhas ideias e pensamentos
Não transformo o conteúdo em imagens ou mapas mentais
Estudo num local pouco silencioso
Utilizo o celular enquanto estudo
Utilizo o celular na vista
Não coloco o celular no modo avião e no silencioso
Utilizo muito as redes sociais e me sobrecarrego de informações fúteis
Não leio em voz alta os trechos mais importantes
Não copio os trechos mais importantes
Não copio os trechos mais importantes em um caderno
Faço pouco uso dos meus sentidos e ferramentos mentais
Desisto nos primeiros quinze minutos de estudo
Estudo mais de 2h por dia sendo um iniciante
Não faço pausas de 5min de meia em meia hora
Nestas pausas não faço alongamentos
Nestas pausas não respiro ar livre

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Nestas pausas não bebo água
Não faço revisão do capítulo anterior antes de ler o próximo
Não faço exposições do conteúdo
Não converso com colegas sobre o que estudei
Não participo de grupos de estudos
Fico com medo de errar quando faço a exposição do conteúdo
Estudo sentido algum tipo de dor
Estudo após refeições
Durmo menos de 6h por dia
Não me movimento e sou sedentário
Fico trancafiado num quarto a maior parte do tempo
Como pouca proteína
Não me alimento de ovos e peixes semanalmente
Bebo pouca água
Estudo deitado
Não estudo sentado numa cadeira, em frente a uma mesa
Levanto o livro perto do resto
Deixo o livro encostado na mesa
Leio no mesmo ambiente onde está minha cama
Uso a luminária muito perto do rosto
Utilizo a luminária do lado direito
Não uso roupas confortáveis pra estudar
Estudo num ambiente pouco ventilado e arejado
A temperatura do ambiente em que estudo é agradável

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ESQUEÇA A
DECOREBA

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Agora que você já sabe quais elementos vão lhe atra-
palhar no processo da memorização e que fatores mentais,
corporais e ambientais podem causar o esquecimento, che-
gou a hora de descobrir qual o método mais adequado.
Quais esforços você deve fazer durante o processo de
estudo para atingir o aprendizado?
Antes de saber o que fazer, o aluno precisa saber o
que NÃO FAZER.
Isso é a decoreba.
ESQUEÇA DE UMA VEZ POR TODAS A DECOREBA!
A repetição de um assunto até a exaustão não é pro-
priamente um método, e sim a falta dele. Cansar a cabeça
do aluno pode fazê-lo decorar, mas não memorizar.
Ele conseguirá resolver uma prova no dia seguinte, mas
não irá incorporar o conhecimento na personalidade.
Irá lembrar enquanto o conteúdo é útil, mas logo depois
esquecerá.
O que todo aluno precisa saber é a técnica, o método,
o passo a passo de como memorizar qualquer tipo de livro.
Nossa mente e nosso corpo funcionam em conjunto e de
forma extremamente similar, portanto precisamos apren-
der a melhor forma de utilizá-los no sentido de absorver a
maior carga de conteúdo, com qualquer finalidade que seja.
Se o estudante quer fazer seu trabalho de conclusão de
curso, precisa passar naquela disciplina complicada, deseja
aprender a gramática da nossa língua ou procura enriquecer
a imaginação, os meios de expressão e ler os clássicos da
literatura ocidental...

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Tenho uma boa e uma má notícia.
A má é que será difícil. Sim, estudar e aprender tudo
isso não é fácil, simples e cômodo. Será complicado, exigirá
esforços e sacrifícios.
A boa notícia é que é possível. Muita gente desiste pela
dificuldade, acreditando ser impossível. Minha maior alegria,
ao ler os depoimentos dos alunos, é perceber que muitos
deles voltaram a ler e estudar por conta dos meus vídeos,
textos e postagens.
Eles acreditaram que era possível.
E realmente é.
Preste bastante atenção no próximo e último capítulo.
Ele é o ponto culminante da nossa jornada. Aplicar todos os
métodos ali presentes será de vital importância.
Não me responsabilizo caso você adapte as estratégias
ou as modifique.
Siga passo a passo o que será ensinado e você verá a
diferença de rendimento.
Não confie em mim, confie no depoimento dos meus
alunos.

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Vamos ao mais importante. Vamos ao método. Vamos
estudar e aprender.

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APRENDA AS
TÉCNICAS DE
MEMORIZAÇÃO

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COMO LER CADA TIPO DE LIVRO?

Essa é uma pergunta que muitos alunos me fazem. Com ra-


zão. Saber adaptar o tipo de leitura a cada tipo de livro é um
costume muito sábio. Os livros não são diferentes apenas
em seu conteúdo, mas também em sua forma e discurso.
Para responder a essa pergunta outros livros já foram
escritos, e é provável que se eu a respondesse aqui de for-
ma completa, escreveria outro de 500 páginas. Já temos o
livro do Mortimer J. Adler (Como Ler Livros) que vai nos aju-
dar bastante com isso.
O principal exercício de leitura que recomendo para
meus alunos é a leitura por associação.
Esta leitura vai lhe ajudar a integrar o conteúdo daquele
livro na sua personalidade, saindo da abstração para a ação
concreta e cotidiana. Mas como fazer isso?
Depende do livro.
Em livros teóricos, com os de filosofia, o leitor precisa
associar as ideias com as experiências que geraram as con-
clusões dos autores. Sempre que a obra colocar um pen-
samento, por mais abstrato que seja, ele possui uma raiz
na nossa vida e na nossa existência, e é exatamente isso
que você tem que buscar. Medite, pense, raciocine, procure
reviver em si aquelas ideias.
Este processo não ajudará apenas na memorização –
pois toda associação ajuda a fixação –, mas também no en-
tendimento do livro. Quanto mais o aluno aplicar os conhe-

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cimentos adquiridos diariamente, mais irá compreendê-los
e memorizá-los.
O mesmo se dá com aqueles livros práticos. O que são
eles? Você está lendo um neste momento. Aqui não faço
teorias ou exponho uma experiência ficcional, na verdade,
dou dicas práticas, para que você as aplique. Ou seja, você
vai se fazer a seguinte pergunta: quais conselhos eu cumpro
e quais eu não cumpro? O estudante irá analisar seu dia-
-a-dia (seja de estudos, seja espiritual, seja financeiro – o
tema do livro dirá) à luz dos conselhos dados pelo autor da
obra. Foi para facilitar esta análise e esta associação que
criei a tabela do capítulo anterior. E sugiro que façam isso
com todos os livros práticos.
Mas e os livros de ficção? Os romances, os contos, os
poemas? Como fazer a leitura por associação?
Ao invés de buscar a experiência originária ou um há-
bito não adquirido, você deverá buscar uma vivência simi-
lar com a dos personagens. Que situação eu vi, vivi ou ouvi
que pode se aproximar daquilo que o autor colocou?
Assim, os personagens e eu líricos deixam de ser sim-
ples experiências trancafiadas numa fôrma para se torna-
rem agentes concretos da sua realidade.
Quem nunca conheceu alguém que não dava valor à
vida real, apenas à vida material e artificial como Ivan Ilitch
na novela de Tolstói? Ou você vai me dizer que não conheceu
alguém que se iludiu com um sonho e procurava qualquer
escapismo, por mais inconsequente que fosse, assim como
Madame Bovary, de Flaubert? Ou até mesmo se você não
passou pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, como no poema

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de Dante; sentiu-se acorrentado e feliz pelo amor de al-
guém, numa espécie de soneto escrito por Camões; sofreu
a dor e o peso do tempo, como descritos por Shakespeare...
Todos nós somos um desses personagens. Todos nós já
vivemos algum sentimento similar. Todos nós já vivemos na
ilusão, como Dom Quixote; pedimos perdão por nossa culpa,
à lá Raskolnikov; sofremos a tensão de uma dúvida, feito
Dom Casmurro.
E é assim que você deverá perceber os romances. Aque-
les personagens, cenas, sequências, situações, cenários,
sentimentos: tudo aquilo faz parte de nós, cabe a cada um
perceber.
O protagonista tem características semelhantes com
um parente seu, aquele cenário pode lhe lembrar sua casa,
você já ouviu falar de uma cena parecida com aquela...
Teremos que descobrir o link entre a ficção e a realida-
de. Ele já existe, está lá, e é universal: todo bom leitor con-
seguirá encontrar.
Na medida em que faz esta ligação, estabelece uma for-
te conexão na sua mente, que dificilmente será quebrada. Aí
está a memorização: e com isso você incorporou os livros.
EXERCÍCIOS PARA AUMENTAR O FOCO

APRENDA O MÉTODO DAS TRÊS CORES


Grifar é uma tarefa essencial do bom estudante. Per-
guntado sobre os dois melhores hábitos que deveriam ser

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cultivados por todos os alunos, o Profº Pier respondeu: es-
tude pouco e estude grifando e anotando.
A verdade é que muitos, hoje, não têm o hábito de gri-
far. Acham que danifica o livro, causa uma confusão mental,
gostam do livro novinho, do jeito que pegaram na livraria.
Acontece que grifar é tornar a obra algo particular. Livros
são produtos industriais, feitos aos montes, todos iguais.
Quando você adquire um deles, deve – por obrigação inte-
lectual – torná-lo propriedade e particularidade sua.
Grifar é um desses meios. Você irá tomar posse do livro.
Aquele instrumento será seu, unicamente seu.
Mas esse não é o principal motivo. As razões basilares
que sustentam a arte de grifar um livro são três:
1ª – Expressão dos pensamentos.
Experimente pensar sem palavras. Ou ter uma ideia ge-
nial no meio do trabalho, não anotá-la, e continuar lembran-
do-se dela no fim do dia.
Anotar nossos pensamentos, questionamentos e dis-
cordâncias juntos aos do autor é absolutamente essencial.
Primeiro estaremos treinando nossas capacidades de ex-
pressão e de diálogo – sim, enquanto lê, você deve dialogar
com o autor. Segundo, nós escreveremos nossa autobiogra-
fia intelectual.
O que seria isso?
Seria a história das suas ideias. Caso eu lhe pergunte,
hoje, de onde você tirou todas as suas ideias e opiniões,
você saberia me responder?

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Provavelmente não.
Isso se dá pela falta de treinamento intelectual dos
nossos estudantes hoje. Como diria o professor e filósofo
Olavo de Carvalho no filme O Jardim das Aflições “se você
não sabe as origens das suas ideias, não sabe a força que
se exerce sobre você”.
Anotar nos livros seria um esforço nesse sentido, mas
também na intenção de mapear suas ideias e pensamentos.
2ª – Aumentar o foco.
Sim, pode não parecer e até não fazer sentido, mas gri-
far e anotar nos livros aumenta seu foco e diminui a disper-
são.
Isso se dá, pois você irá BUSCAR os trechos mais im-
portantes, PROCURAR as partes essenciais, CAÇAR os ar-
gumentos centrais da obra. Quando você está no instinto de
vigilância, buscando, procurando e caçando, o foco é total no
seu objetivo.
Imagine uma brincadeira de pique esconde. Você não
está simplesmente caminhando por algum lugar: estará
procurando alguma coisa escondida.
3 – Aumentar a memorização.
O aumento do foco ocasiona consequentemente o au-
mento da memorização. Fixar algo na nossa mente está es-
treitamente relacionado com o nível de atenção que damos
a algo.
Aumentou o foco, aumentou a memorização.

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INSTITUTO DOM LITERÁRIO
Então, se você já está convencido de que PRECISA grifar
seus livros – se não está convencido, perca de vez esta fres-
cura, sim, FRESCURA – agora vamos ao método.
Separe 3 materiais:
Caneta azul;
Caneta vermelha;
Lápis.
Cada uma dessas cores servirá para um tipo de grifo/
anotação. E aqui vai a primeira regra: utilize sempre os mes-
mos símbolos e cores para representar algo específico. Será
essencial para que você não se confunda.
Com a caneta azul faça um sublinhado naqueles tre-
chos mais importantes ou que lhe chamam muita atenção,
seja por motivos estéticos ou conteudistas.
Também com a caneta azul você fará dois sublinhados
naqueles trechos ABSOLUTAMENTE essenciais, que resu-
mem e sintetizam o livro. O ponto fulcral dos livros e dos
capítulos deve vir mais destacado que os demais trechos.
Com a caneta vermelha você irá grifar aquelas frases e
palavras que você não entendeu ou que não ficaram muito
claras de início. (Pesquise, automaticamente, os significa-
dos das palavras e trechos. Não deixe passar. Isso servirá
para que o aluno, na revisão, note o quanto não entendia e
passou a entender).
Usando essa mesma caneta, faça asteriscos nas pontas
das páginas que mais merecem atenção.

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Com o lápis você anotará, nas margens dos paragráfos,
suas ideias, questionamentos, relações, associações, etc.
Mas, principalmente, irá anotar o exercício da ideia diretriz,
que ensinarei logo mais.
Não se esqueça dos seguintes conselhos:
1 – Grife pouco, ou melhor, só o essencial.
2 – Grife apenas os livros que são seus.
3 – Faça uso das suas anotações.
4 – Perca a FRESCURA de anotar.

LEITURA COM O DEDO


Esta é uma técnica que parece inútil e de certa forma
boba.
Mas pouco importa o que ela parece ou não, importa o
que ela nos traz de benefício.
Como funciona?
É muito simples. Você irá passar o seu dedo abaixo das
linhas que está lendo, como se estivesse sublinhando as
palavras.
O dedo será seu guia, você lerá no ritmo que ele mandar.
Aí está a chave: cabe ao aluno aumentar a velocidade
com que seu dedo corre pelas linhas, fazendo com que seu
olho sempre o acompanhe, aumentando a velocidade de lei-
tura.

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Não precisa ser muito rápido: não estou ensinando lei-
tura dinâmica. Basta aumentar levemente a velocidade de
leitura, em relação à velocidade com que você está acostu-
mado.
É um jogo de gato e rato. Seu olho vai sempre correr atrás
do seu dedo. Aumentar a velocidade de leitura – levemente
– não é prejudicial ao entendimento. Pelo contrário.
Experimente dirigir um carro a 20 km/h. O motorista
fica mais tranquilo e relaxado, podendo até se distrair, con-
versar com o carona, escutar música, etc.
Agora, experimente chegar a 100 km/h ou 120 km/h
em uma rodovia. Sua atenção é total e absoluta. Não exis-
tem brechas para distração. O foco é total.
Na leitura, o processo é parecido. Aumentando o foco,
se aumenta a compreensão e consequentemente a memo-
rização.

IDENTIFICAÇÃO DO FOCO E DOS ELEMENTOS


DISPERSANTES
Este é um exercício mental. Você pode fazê-lo nes-
te momento. Onde está sua atenção agora? Direi que no
e-book. Seu corpo e sua mente estão focados unicamente
no e-book, mas este não é o único objeto com o qual tem
contato.
Sinta o ar que está a sua volta. A posição da sua coluna,
o chão abaixo dos seus pés, os sons ao seu redor. Um mun-

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do inteiro nos cerca, mas nós temos a capacidade de, como
uma câmera, ajustar o foco para determinadas coisas.
Quando nos distraímos, nosso foco fica turvo e não se
concentra em nada. Você deve fazer essa identificação do
foco diariamente, nas mais variadas tarefas, sempre se per-
guntando: o que está no meu foco e o que está ao meu redor
e eu não estou dando atenção?
Determinar qual é o foco e quais são os elementos dis-
persantes (tudo aquilo que não é o foco e pode lhe distrair)
é o treinamento essencial para aumentar sua capacidade
de concentração.
Conhecendo os elementos dispersantes, você passa a
abafa-los.

CRIAÇÃO DE UMA ROTINA


Quanto mais você torna o estudo um hábito (todos os
dias, no mesmo horário, você deve estudar), menos sua
mente e seu corpo vão se distrair. Eles já sabem o que de-
vem fazer, já estão acostumados, conhecem seu dever: es-
tudar.
Mas, se você tem o horário inteiramente desregulado,
seu foco também ficará desregulado.
É difícil, eu sei e todo mundo sabe. Mas sua inteligên-
cia e seus objetivos estão em jogo. Você vai arriscar ou vai
cumprir a tarefa?

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EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO
COMO USAR AS ANOTAÇÕES
Lembra de um dos conselhos sobre as anotações? Faça
uso das suas anotações.
Eu vou te dizer como: Ao revisar o que estudou, você
lerá os trechos mais importantes em voz alta e vai copiá-los
em um caderno específico para aquela área do estudo, ano-
tando a qual livro, autor, capítulo e página pertence o trecho.
Essa é justamente a ativação de sentidos e utilização
das nossas ferramentas que expliquei durante o livro. Ao ler
em voz alta, o aluno não só irá falar – tirar de si – o conteú-
do do livro, mas também irá ouvi-lo. E, ao escrever, é como
se estivesse produzindo aquele livro.
Isso ajudará e muito na fixação do conteúdo.
CUIDADO AO LER EM VOZ ALTA.
Não é ler TODO o livro em voz alta – a não ser que seja
um livro de poemas. Bastam os trechos grifados. Ler o tem-
po inteiro vocalizando vai exercitar seus pulmões, garganta,
etc, e depois de algum tempo causará fadiga.

COMO FAZER UM RESUMO


Faça um resumo de cada capítulo que ler. Mas não é
qualquer tipo de resumo. Ele precisa:
Ser curto (No máximo um parágrafo de sete linhas);
Conter os principais pontos expostos;

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Ser produzido sem nenhuma consulta.
De início será bem complicado, pois você não está acos-
tumado a fixar todas as principais informações e guardá-las
ao final da leitura. E exatamente por isso você deve se forçar
a lembrar de tudo o que é essencial ao fim do capítulo. Faça
disso um hábito e verá o resultado.
O mesmo resumo deve ser feito após o término de um
livro. Será um pouco maior, obviamente, mas precisa ser
produzido da mesma forma.

EXERCÍCIO DA IDEIA DIRETRIZ


O que proponho aos alunos é um exercício prático e
simples, mas que aumenta sua capacidade de retenção e
articulação dos dados no processo de aprendizado (com-
posto de quatro partes: compreensão, fixação, retenção e
evocação).
A identificação constante da ideia diretriz só é válida
quando o livro estudado é uma obra teórica, seja um ensaio
filosófico, um tratado de história, uma crítica literária, um
livro sobre a vida intelectual, etc.
Podemos entender melhor como o exercício funcio-
na na prática utilizando um trecho de Ernest Gombrich, em
“História da Arte”:
“Cumpre reconhecer que, em arte, o gosto é algo infi-
nitamente mais complexo do que o paladar refinado para
alimentos ou bebidas. Não se trata apenas de uma questão
de descobrir vários e sutis sabores; é algo mais sério e mais

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importante. Em última análise, os grandes mestres deram-
-se por inteiro em suas obras, sofreram por elas, suaram
sangue sobre elas e, no mínimo, têm o direito de nos pedir
que tentemos compreender o que eles quiseram fazer.”
A frase que sintetiza a ideia diretriz do trecho acima se-
ria:
“O gosto artístico é mais que simplesmente selecionar
obras pela agradabilidade, mas tentar tratá-las e entendê-
-las como algo mais elevado.”
Viu como é simples e prático? Este exercício me ajudou
e ira lhe ajudar também. Faça isso diariamente e o resulta-
do será muito satisfatório. Treine em obras boas, simples e
introdutórias como Beleza, de Roger Scruton, A vida intelec-
tual, de Sertillanges ou A Imaginação educada, de Northrop
Frye.

O MELHOR HÁBITO PARA MEMORIZAR QUALQUER TIPO


DE LEITURA
Há um hábito simples e fácil de ser executado que au-
menta e muito sua capacidade de memorização dos textos.
Este é o hábito de criar esquemas visuais.
Nossa capacidade de retenção é uma se apenas lermos
o livro; ela dobra se lermos e também escrevermos algo; tri-
plica se ouvirmos e, por último; quadriplica se vermos.
Por isso passamos aqui uma série de exercícios para
aumentar formidavelmente a memorização nos estudos:
anotar as ideias diretrizes dos parágrafos nas margens; gri-

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far as partes principais; repetir em voz alta e copiar em um
caderno os trechos essenciais, etc.
O próximo exercício não é apenas mental, prático ou au-
ditivo, mas visual.
Deve-se transformar o assunto lido em um esquema de
imagens: Um gráfico, uma curva, um quadro indicativo, etc.
Serve tanto para ficção, quanto para livros práticos e
teóricos.
No primeiro caso, você pode desenhar num caderno a li-
nha do tempo com os principais acontecimentos do enredo,
traçar a árvore genealógica de alguma família da história,
imaginar o gráfico de mudança dos personagens (exemplos:
Raskólnikov decai no pecado e ao fim do livro pede perdão,
numa curva ascendente; Dante também inicia no Inferno e
termina no Paraíso; Charles Bovary é uma linha plana, sem
evolução nem queda, etc).
No segundo caso, você pode fazer mapas mentais re-
lacionando os principais conceitos abordados no livro. Você
pode tentar com um livro simples: Beleza, de Roger Scruton.
Lá ele coloca um conceito (Beleza, um círculo central) que se
divide em vários (Beleza Natural, Sensual, Artística, etc, di-
vidindo-se em círculos menores) e cada um deles tem diver-
sas características segundo vários autores (puxa-se setas
dos círculos menores indicando quais são).
Fazendo isso ao fim de cada assunto ou livro estudado,
tem se uma imagem final a que se pode recorrer sempre
que surgir alguma dúvida.

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INSTITUTO DOM LITERÁRIO
Passe bastante tempo analisando o gráfico que fez, veja
se condiz com os conceitos colocados na obra, se falta algo,
observe-o tentando entender o que estudou a partir dele.
Você verá que o esquecimento diminuirá drasticamen-
te.
APRENDA A MEMORIZAR UM POEMA
Primeiro devemos responder a uma pergunta: Por que
memorizar um poema?
O hábito, aparentemente inútil, vai lhe ajudar a criar um
habitat de memorização e acostumar sua memória a exer-
cer a função que lhe cabe da melhor maneira possível. Deco-
rando, ou melhor, memorizando poemas, você exercita sua
mente e se acostuma a integrar os elementos estudados
em sua própria personalidade.
1 - A escolha do autor
Sugiro que comece com poemas escritos originalmente
em língua portuguesa. Este passo deve ser obedecido, pois
os poemas escritos originalmente em outra língua perdem
principalmente em sonoridade na hora da tradução, e esse
será um dos principais fatores no momento da memoriza-
ção. Você pode começar com algum de Camões ou Vinícius
de Moraes.
2 - Primeiro uma forma fixa
De início, prefira uma forma fixa a um poema em verso
livre. Um soneto, por exemplo, é uma forma clássica, conhe-
cida e muito utilizada, e isso facilitará. Nas formas fixas há
rimas, versos com um número exato de sílabas poéticas e

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as tônicas em espaços estabelecidos. Você também pode
buscar as retrancas de Alberto da Cunha Melo, alguns poe-
mas de Fernando Pessoa e os sonetos de Bruno Tolentino
em A Balada do Cárcere.
3 - Leia em voz alta
É importantíssimo que se leia o poema em voz alta. Você
sentirá o ar saindo de seu peito, verá quais versos têm mais
força, quais palavras mais agradam aos ouvidos, a ondula-
ção das frases, a continuidade dos períodos. Recite como se
fosse o próprio autor dos versos, reviva a emoção do poe-
ma dentro de si. Preste bastante atenção nas imagens e si-
tuações postas, e, principalmente, nas rimas. Elas serão um
elemento essencial.
4 - A rememorização
Após ler em voz alta diversas vezes, chegou a hora de
tentar recitar sem nenhuma consulta. De primeira, você vai
errar. Não fique nervoso, mantenha a calma, isso não é um
teste e se você errar, não há problemas. Tente relembrar e
reviver os sentimentos que você buscou na etapa anterior.
Enquanto recita, se tem dificuldade em lembrar os próximos
versos, reviva os outros aspectos: Qual será a rima do pró-
ximo verso? Qual a entonação que vem após esta frase que
recitei? Qual a situação do eu lírico no próximo verso? Quais
as imagens do poema?
Relembrar algo a partir de seus aspectos adjacentes é uma
técnica de muito valor, não só na memorização de poemas, mas
também na reavivamento de lembranças muito distantes.
Não tente memorizar verso por verso. Você deve tomar o
poema em toda sua dimensão, por inteiro, e absorvê-lo de

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uma vez. Quando se está com muita sede não se toma água
em frações, mas virando o copo.
5 - Repita
Faça isso durante 4 ou 5 dias e você terá memorizado o
poema escolhido. Não desista, não fique nervoso nem diga
para si que não é capaz. Lembre-se das condições positivas
de rememorização.
Vamos fazer o teste? Tente memorizar um poema por
semana, o declame constantemente, não se esqueça dele.
Você verá que, ao viver uma situação semelhante a do poe-
ma, ele surgirá de dentro de você com toda força, como uma
fonte de água muito clara.
Fazendo este exercício durante 4 semanas, você ja sen-
te o resultado. Com o tempo conseguirá memorizar 3 ou 4
poemas por semana e sua mente já estará mais treinada
nesta arte, surtindo efeito em outros estudos.

O ENCADEAMENTO MENTAL DAS IDEIAS

Esta é a parte mais importante, mas ao mesmo tem-


po mais abstrata do nosso e-book. Lembram-se do que eu
havia ensinado? Quanto mais relações, links, elos, coinci-
dências você encontrar entre dois ou mais assuntos, fatos,
ideias e pensamentos – mais você irá fortalecer sua memó-
ria.
Mas não é apenas isso.

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INSTITUTO DOM LITERÁRIO
Você precisará criar uma ordem para essas ideias. Uma
coisa irá desembocar na outra, que irá gerar outra, que irá
criar outra, e assim por diante.
O aluno pode dizer que é simplesmente impossível.
Como relacionar biologia com filosofia, literatura com as-
trofísica?
É difícil, mas nunca impossível.
Lembre-se que todos os livros, todas as obras, todas
as frases, palavras, letras, capítulos, cenas, cenários, perso-
nagens, sequências, monólogos, ideias, conclusões, pensa-
mentos, relações: tudo, absolutamente tudo que está nos
livros, se refere a apenas uma coisa.
A realidade.
É onde você está inserido. Não tem como fugir. A
biologia, a filosofia, a literatura e a astrofísica são matérias
que estudam o local onde você se encontra. Partiram da
nossa realidade para voltar até ela.
Não à toa os grandes intelectuais da Grécia Antiga e da
Roma Antiga, da Idade Média e do Renascimento, não eram
especialistas: conheciam várias áreas ao mesmo tempo e
relacionavam cada uma delas.
Se você quer ser um intelectual e um bom estudante, é
o que também deve fazer. Cada um no seu ritmo.
Claro que há boas técnicas para tornar essa questão
mais prática.
O estudante pode, num livro, enumerar os argumentos
sequencialmente. Após o termino da obra, ele irá escrever

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INSTITUTO DOM LITERÁRIO
esses argumentos – em ordem – num caderno, para ver
como se dá o desenrolar – e o encadeamento – das ideias.
Em sequência, irá ensinar aquele assunto para si mes-
mo. Sim, isso mesmo, dará uma aula para si, pode consul-
tar alguns tópicos, o que é normal, mas se acostume a tirar
tudo da sua mente.
Deve fazer com todos os livros.
Guarde um caderno unicamente para isso. Será o seu
caderno de leitura sintópica – aquela leitura de vários livros
que giram ao redor do mesmo tema. Depois de um tempo,
perceberá que ali está o quadro geral do assunto estudado:
cada autor irá se completar, cada ideia irá se encaixar, o en-
cadeamento acontecerá por si.
E então, dará outra aula para si. Desta vez falando de
todos os livros ao mesmo, relacionando as ideias logica-
mente até atingir uma conclusão.
Não há outro meio.
Não há segredo.
Este costume foi descrito, desta forma, por vários au-
tores: Sertillanges e Hugo de São Vitor foram dois deles, e,
diga-se de passagem, ambos eram geniais.
Esse é o caminho que você deve trilhar para ampliar sua
capacidade de memorização, e consequentemente aumen-
tar seu potencial de aprendizado.
Será difícil. Muito. Mas lute, cumpra as atividades, insira
novos hábitos na sua rotina, faça os exercícios exatamente
como descrevi.

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Lembre-se: a memorização é importante, essencial,
crucial, porém não é tudo. E dominá-la apenas não é o sufi-
ciente.
O estudo e o aprendizado revelam inúmeros outros pro-
blemas.
Então, aguarde.
Logo mais lançaremos uma aula, um mini-curso impor-
tantíssimo, chamado APRENDA A APRENDER.
Abordará o conteúdo do e-book e muito mais.
E mesmo assim, não conseguirei abordar todos os as-
pectos da arte de estudar.
Para isso, logo depois, lançarei um curso ainda mais
completo, grande e robusto, para que você saia com todas
as suas dúvidas sanadas.
Será o curso LEITURA, MEMORIZAÇÃO E VIDA INTE-
LECTUAL.
Vamos estudar, vamos aprender.

“Devemos ser uma nação de leitores verdadeiramente


competentes. O mundo do futuro não se contentará com
nada menos do que isso.”
Mortimer Adler

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Se o aluno for interessado em técnicas de estudo e memo-
rização, pode se aprofundar no assunto lendo os seguintes
livros:

Como estudar e Como aprender, Emílio Mira y López;


Como ler livros, Mortimer Adler;
A vida intelectual, Antonin Sertillanges;
A Arte da Memória, Frances Yates;
Foco, Daniel Goleman;
Como Aprendemos, Benedict Carey;
Didascalicon – A Arte de Ler, Hugo de São Vitor;
Aprendendo Inteligência, Profº Pier;
Memória Inteligente, Nitza Eyal e Yael Riechental.

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SOBRE O AUTOR:

Matheus Araújo é escritor e professor do Instituto Dom


Literário. Tendo publicado contos em algumas coletâneas,
vem ensinando, desde 2018, técnicas de estudo, leitura e
memorização na internet, ajudando mais de 2.000 pessoas.

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Instituto Dom Literário
Pernambuco, Brasil
2019

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