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No espanhol tudo é todo, o tudo não existe. Muito filosófico? Mas provavelmente todo
mundo já entendeu: “tudo” não existe no espanhol. No português o “tudo” é pronome
indefinido, enquanto o “todo”, na maioria das vezes, é adjetivo. Em espanhol, o “todo” é a
única opção, usada nos dois casos.
Nas palavras de uma minha aluna, no português o “tudo segue sozinho” enquanto o “todo
pede sempre companhia”. É verdade; o “tudo” é sujeito da oração; o “todo”, quando é
adjetivo, é um coadjuvante do substantivo, que lhe dá qualidade, que o define, mas que não
possui função sozinho.
Todo esse esforço não basta às vezes para explicar as diferenças entre o “todo” e sua família
e o solteiro “tudo”. Muitas vezes o professor tem que se valer de sinônimos e assim
chegamos à premissa de que “todo” muitas vezes é sinônimo de “inteiro”, o que vale dizer
que numa oração, onde posso usar “todo” quase sempre também posso usar “inteiro”. E o
mesmo vale para cada membro da família.
Mas atenção; isso só vale quando o adjetivo “todo” e sua família vêm depois do
substantivo.
“Todos os dias eu vou a pé ao trabalho” não equivale a dizer “os dias inteiros eu vou a pé
ao trabalho”, mas que“cada dia do mês e do ano eu vou a pé ao trabalho”.
Como a língua espanhola hoje é muito estudada, principalmente na Europa e nos Estados
Unidos, muitos alunos que chegam aos cursos de português como segunda língua ou língua
estrangeira já possuem uma competência linguística em espanhol que acaba, de certa forma,
influenciando a aprendizagem.
Tudo = everything
The whole group said “oh, now it seems easy!” / O grupo todo disse: “agora sim está mais
claro”!
(Quase) tudo vale a pena para tentar explicar um conceito gramatical. / (Almost)
everything is worthwhile to explain a concept in a grammar lesson.
Para que os alunos se habituem ao uso de “tudo” e “todo” confio no tempo e… nos
exercícios. Segue aqui uma sugestão de atividade, indicada para o nível A2.
Tatiana Ribeiro
Graduada em Letras e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). Mestre em Educação pela Università degli Studi di Firenze, na Itália.
Tradutora e professora de português para estrangeiros em escolas de línguas na Toscana,
autora do livro “Criatividade e Expressão – exercícios de português para estrangeiros”
(Editora Disal), da peça teatral bilíngue – italiano e português “Francisca Chiquinha
Gonzaga” (Robin Edizioni,Turim, Itália), do conto “Meu amigo Caravaggio” (Amazon.com
em formato e-book) e de dois contos – “Adelaide” e “Giovanni e la Festa” – publicados na
coletânea “Io Racconto”, na Itália.