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CAPÍTULO 1 - ETIMOLOGIA DO TERMO ÉTICA

1.1.1 - Introdução 1-1


1.1.2 – Definição de ética 1-1
1.2 – CONCEITOS DE ÉTICA 1-3
1.3 – MISSÃO CONSTITUCIONAL DAS FORÇAS ARMADAS 1-3
1.4 – PRINCIPIOS ÉTICOS 1-4
1.5 – A ÉTICA MILITAR 1-5
1.5.1 – Preceitos da Ética Militar 1-4
1.5.2 – Deveres Militares 1-7
1.6 – RESPONSABILIDADE MORAL E LEGAL 1-7

CAPÍTULO 2 - COMPORTAMENTO MILITAR NAVAL E SOCIAL


2.1 - COMPORTAMENTO SOCIAL 2-1
2.1.1 - Breve histórico 2-1
2.2 - CONDUTA ÉTICO-MILITAR E COMPORTAMENTO SOCIAL 2-2
2.2.1-Ética Militar 2-3
2.3 - EDUCAÇÃO E POSTURA 2-3
2.3.1 - Boas maneiras 2-3
2.3.2 - Inimigos da etiqueta 2-3
2.3.3 - Onde começa a etiqueta 2-5
2.3.4 - Cuidados Importantes 2-5
2.3.5 - Postura e Elegância 2-7
2.3.6 - Afabilidade 2-9
2.4 - REUNIÕES, ENCONTROS E CERIMÔNIAS: AMBIENTE CIVIL E MILITAR 2-9
2.4.1 - Tradição 2-9
2.4.2 - Reuniões, Encontros e Cerimônias 2-10
2.4.3 - Auditório 2-11
2.4.4 - Na Marinha do Brasil 2-11
2.5 - SALÃO DE RECREIO E REFEITÓRIO 2-11
2.5.1 – Salão de recreio 2-11
2.5.2 – Refeitório ou coberta de rancho 2-12
2.6 – POSTURA À MESA 2-12
2.6.1 - Imprevistos 2-14
2.6.2 - Inconvenientes 2-14
2.7 – CUMPRIMENTOS MILITARES E SOCIAIS 2-14
2.7.1 - Cumprimentos militares e sociais 2-14
2.7.1.1 – Cumprimentos Militares 2-14
2.7.1.2 – Cumprimentos Sociais (em ambiente civil e sem uso de farda) 2-15
2.7.2 – Apresentações 2-16
2.8 – CONVERSAÇÃO 2-16
2.9 – FOTOGRAFIAS 2-17
2.10 – TELEFONEMAS 2-17
2.11 – SÍTIOS DE RELACIONAMENTO SOCIAL 2-18
2.11.1 – Cuidados com a exposição pessoal na internet 2-19
2.11.2 – Agradecimentos 2-19
2.12 – VESTUÁRIOS E TRAJES 2-19
2.13 – UNIFORMES E TRAJE CIVIL 2-19
2.13.1 – Comportamento de militares uniformizados em cerimônias e eventos sociais 2-20
2.13.2 – Traje civil 2-21
2.14 - CUIDADOS IMPORTANTES COM OS TRAJES 2-21
2.15 – CAVALHEIRISMO X HIERARQUIA 2-22
2.15.1 - O que faz um cavalheiro 2-22
2.15.2 - Cavalheirismo X Hierarquia 2-22

CAPÍTULO 3 - HIERARQUIA, DISCIPLINA, AUTORIDADE E RESPONSABILIDADE


3.1 – ASPECTOS PRIMORDIAIS DA HIERARQUIA, AUTORIDADE E 3-1
RESPONSABILIDADE.
3.1.1 - Hierarquia 3-1
3.1.2 - Autoridade 3-2
3.1.3 – Delegação de autoridade 3-2
3.1.4 - Responsabilidade 3-3
3.2 – IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA E DA AUTODISCIPLINA 3-4
3.2.1 – Disciplina 3-4
3.2.2 – Autodisciplina 3-5
OSTENSIVO - IV- REV 2
3.2.3 – Decálogo de Liderança 3-6

CAPÍTULO 4 -
4.1 – Ética militar naval 4-1

CAPÍTULO 5 - LIDERANÇA
5.1 – CONCEITO DE LIDERANÇA 5-1
5.1.1 – Fatores a considerar 5-1
5.1.2 – Teorias e abordagens 5-1
5.1.3 – Definições 5-2
5.2 – IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA COMO ATRIBUTO ESSENCIAL AO 5-3

MILITAR
5.2.1 – Importância da Liderança 5-3
5.2.1.1 – A importância de uma liderança transformadora 5-3
5.2.2 – Rendimento do elemento humano 5-4
5.2.3 – Desenvolvimento da Liderança 5-4
5.3 – A TEORIA DOS GRUPOS HUMANOS 5-5
5.3.1 – Introdução 5-5
5.3.2 – Definição de grupo 5-5
5.3.3 – O indivíduo e o grupo 5-5
5.3.4 – Classificação do grupos 5-6
5.3.5 – Características de uma participação eficiente no grupo 5-7
5.3.6 – Comunicação no grupo 5-7
5.3.7 – Formação da personalidade do grupo 5-8
5.3.8 – Dinâmica de grupo 5-8
5.4 – BASES DA LIDERANÇA 5-10
5.4.1 – Bases Filosóficas da Liderança 5-10
5.4.2 – Bases Psicológicas da Liderança 5-14
5.4.3 – Bases Sociológicas da Liderança 5-20
5.5 – TIPOS DE LIDERANÇA E SUAS CARACTERÍSTICAS 5-26
5.5.1 – Estilos de liderança 5-26
5.5.2 – Níveis de liderança 5-29
5.5.3 – Manifestações patológicas da liderança 5-30
5.6 – FORMAS DO LÍDER TRABALHAR COM OS PROBLEMAS COMUNS NA 5-30

DI- NÂMICA DE UM GRUPO


5.6.1 – Formas de exercer influência no grupo Aspectos psicológicos a considerar 5-30
5.6.2 - Processos de influenciação 5-31
5.7 – COMPORTAMENTO DOS ELEMENTOS DE UM GRUPO DIANTE DOS 5-33

ES- TILOS DE LIDERANÇA

OSTENSIVO - V- REV 2
5.7.1 - Introdução 5-33
5.7.2 – Comportamento diante da liderança autocrática ou autoritária 5-34
5.7.3 – Comportamento diante da liderança democrática ou participativa 5-34
5.7.4 – Comportamento diante da liderança delegativa ou liberal 5-35
5.7.5 – Repercussões da experiência e Iowa 5-35
5.8 – ATRIBUTOS E CARACTERÍSTICAS PESSOAIS DO LÍDER 5-35
5.8.1 - Introdução 5-35
5.8.2 – Principais atributos de um líder 5-36
5.8.3 – Procedimentos para se tornar um líder 5-39
ANEXO – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A-1
A-2
A-3
INTRODUÇÃO

1 – PROPÓSITO
Esta publicação tem o propósito de apresentar uma síntese dos conceitos e princípios que regem
o processo de liderança, extraída das publicações relacionadas na bibliografia, em conformidade
com o Sumário da Disciplina, ministrada no Curso de Formação de Marinheiros para a Ativa.
Permite aos Aprendizes-Marinheiros, utilizando uma única fonte de referência, a obtenção dos
conhecimentos iniciais, formando as bases para o desenvolvimento de sua capacidade de
liderança no decorrer da carreira naval. Além disso, contribui para a padronização do conteúdo
ministrado pelos diversos instrutores, espelhando, de forma homogênea, a doutrina da Marinha
sobre a matéria.

2 - DESCRIÇÃO
No capítulo 1, são apresentados os elementos conceituais, os princípios básicos de liderança, sua
importância, bem como noções das ciências humanas que lhe dão suporte.
No capítulo 2, a ênfase está voltada para o contexto militar, os estilos e níveis de liderança,
destacando-se os valores cultuados pela Marinha, o desenvolvimento de atributos pessoais, o
cultivo da disciplina e o respeito à hierarquia.
As referências bibliográficas encontradas entre parênteses, no texto, possuem o seguinte
significado: o primeiro algarismo refere-se ao número de ordem das publicações conforme
aparecem no Anexo A; os demais algarismos, após o sinal de dois pontos, significam a página em
que o assunto pode ser encontrado na citada referência.

OSTENSIVO - VII- REV 2


CAPÍTULO 1 FUNDAMENTOS A ÉTICA

1.1 – ETIMOLOGIA DO TERMO ÉTICA

1.1.1 - Introdução

É próprio de a Marinha apresentar singular dicotomia que, no decorrer dos séculos, se


mantém como característica muito perene e rejuvenescedora: Se, por um lado, cultua o passado
com incomum devoção, por outro se dedica, com audácia de pioneiros, a averiguar o futuro.
Mantém tradições como talvez nenhuma outra instituição brasileira e, com o mesmo afã, lança-se
à linha de frente nas fronteiras da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico.
Sem choque de mentalidades, os usos e costumes formadores de nossa rica tradição naval
convivem, com a busca metódica e contínua dos mais avançados conhecimentos da ciência e, em
decorrência, da arte da guerra no mar e do mar para a terra. É o passado e o futuro em perfeita
harmonia.
Assim é a Marinha. É da sua própria natureza esse extraordinário contraste, que em nada a
abala como instituição nacional permanente e em nada lhe esmorece a coesão como instituição
profissional-militar.
As múltiplas e rápidas mudanças ocorrem nas organizações e grupos humanos,
consequência da exponencial evolução da ciência e da tecnologia em todos os campos do
conhecimento humano. Elas influenciam inevitavelmente nossa instituição naval. Negar isto é
negar o óbvio.
Por esses motivos, devemos cuidar com perseverança de nossas tradições, usos e
costumes navais como uma espécie de elo a nos tornar um grupo distinto, seja na paz, seja nas
crises e conflitos armados, se porventura para tal formos chamados pela Nação.
No decorrer de séculos, a cultura de nossa Marinha nos dá fantástica lição de sabedoria ao
ter permanentemente harmonizado “o tradicional” com “o inovador”. O encontro desse justo
denominador comum, o ponto ideal de equilíbrio característico do nosso modo de vida
institucional, advém da forma marinheira de cuidar de nossos navios e pensar a Defesa da Pátria -
mais uma herança de nossa História Naval.
1.1.2 – Definição de ética

Ética, do grego ethos, que significa modo de ser, caráter, comportamento, é o ramo da

filosofia que busca estudar e indicar o melhor modo de viver no cotidiano e na sociedade.
Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a normas, tabus,
costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a ética, ao contrário,
busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano.
Na filosofia clássica, a ética não se resume ao estudo da moral, entendida como "costume",
do latim mos, mores, mas a todo o campo do conhecimento que não é abrangido na física,
metafísica, estética, na lógica e nem na retórica. Assim, a ética abrangia os campos que
atualmente são denominados antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia,
educação física, dietética e até mesmo política, em suma, campos direta ou indiretamente ligados

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a maneiras de viver.
Porém, com a crescente profissionalização e especialização do conhecimento que se seguiu
à revolução industrial, a maioria dos campos que eram objeto de estudo da filosofia,
particularmente da ética, foram estabelecidos como disciplinas científicas independentes. Assim, é
comum que atualmente a ética seja definida como "a área da filosofia que se ocupa do estudo das
normas morais nas sociedades humanas" e busca explicar e justificar os costumes de um
determinado agrupamento humano, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas
mais comuns. Neste sentido, ética pode ser definida como a ciência que estuda a conduta
humana e a moral é a qualidade desta conduta, quando julga-se do ponto de vista do Bem e do
Mal.
A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência a lei tenha
como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser
compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer
sanção pela desobediência a estas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões
abrangidas no escopo da ética.
Hoje em dia, a maioria das profissões tem o seu próprio
código de ética profissional, que é um conjunto de normas de
cumprimento obrigatório, derivadas da ética, e que por ser um
código escrito e frequentemente incorporado à lei pública não
deveria se chamar de "código de ética" e sim "Legislação da
Profissão". Nesses casos, os princípios éticos passam a ter força
de lei; note-se que, mesmo nos casos em que esses códigos
não estão incorporados à lei, seu estudo tem alta probabilidade
de exercer influência, por exemplo, em julgamentos nos quais se
discutam fatos relativos à conduta profissional. Ademais, o seu
não cumprimento pode resultar em sanções executadas pela
sociedade profissional, como censura pública e suspensão
temporária ou definitiva do direito de exercer a profissão,
situações essas algumas vezes revertidas pela justiça comum,
principalmente quando os "códigos de ética" de certas profissões
apresentam viés que contraria a lei ordinária.
1.2 – CONCEITOS DE ÉTICA

É a ciência do comportamento moral dos


homens em sociedade.
É o conjunto de normas de comportamento e
formas de vida através do qual o homem tende a
realizar o valor do bem.
É um padrão aplicável à conduta de um grupo
bem definido, padrão esse que nos permite aprovar
ou desaprovar agentes e suas ações. (Comissão de
Ética da Presidência da República).
É o conjunto de princípios, valores, costumes, tradições, normas estatutárias e
regulamentos que regem o juízo de conduta do militar. Na Marinha do Brasil esse conceito é
entendido como Ética Militar Naval.
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1.3 – MISSÃO CONSTITUCIONAL DAS FORÇAS ARMADAS

As Forças Armadas, essenciais à execução da


política de segurança nacional, são constituídas pela
Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, e
destinam- se a defender a Pátria e garantir os
poderes constituídos, a lei e a ordem. São Instituições
nacionais, permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
suprema do Presidente da República e dentro dos limites da lei.
Os membros das Forças Armadas, em razão de sua destinação constitucional, formam uma
categoria especial de servidores da Pátria e são denominados militares.
São considerados reserva das Forças Armadas:
I – individualmente:

a) os militares da reserva remunerada; e


b) os demais cidadãos em condições de convocação ou de mobilização para a
ativa; II – no seu conjunto:
a) as polícias militares; e
b) os corpos de bombeiros militares.
A Marinha Mercante, a Aviação Civil e as empresas declaradas diretamente relacionadas
com a segurança nacional são, também, consideradas, para efeitos de mobilização e de emprego,
reserva das Forças Armadas.
O pessoal componente da Marinha Mercante, da Aviação Civil e das empresas declaradas
diretamente relacionadas com a segurança nacional, bem como os demais cidadãos em
condições de convocação ou mobilização para a ativa, só serão considerados militares quando
convocados ou mobilizados para o serviço das Forças Armadas.
A carreira militar é caracterizada por atividade continuada e inteiramente devotada às
finalidades precípuas das Forças Armadas, denominada atividade militar.
1.4 – PRINCIPIOS ÉTICOS

1.4.1- Diferença entre a ética normativa (institucionalizada) e a ética moral.

A Ética pode ser entendida como a Ciência da Moral. E se divide na ética normativa e na
teoria da moral. A primeira investiga o problema do bem e do mal, estabelece o código moral do
comportamento, identifica aspirações dignas e a boa conduta, e qual o sentido da vida.
Normalmente dá origem a códigos ou estatutos. A teoria da moral enfoca a essência da vida, sua
origem e desenvolvimento, as leis que prescrevem suas normas e a origem e a essência das
virtudes, seu caráter histórico e cultural, distinguindo o indivíduo do grupo. Está relacionada com o
comportamento individual.

OSTENSIVO -3-4- REV 2


1.5 – A ÉTICA MILITAR

O militar deve se esforçar na preservação das manifestações essenciais do valor militar,


estabelecidas no Estatuto dos Militares:
• o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável de cumprir o dever militar e pelo
solene juramento de fidelidade à Pátria até com o sacrifício da própria vida;

• o civismo e o culto das tradições históricas;

• a fé na missão elevada das Forças Armadas;

• o espírito de corpo, orgulho do militar pela organização onde serve;

• o amor à profissão das armas e o entusiasmo com que é exercida; e

• o aprimoramento técnico-profissional.

Além dessas, inclui-se a “obediência aos superiores” - virtude essencial ao cumprimento


pronto e eficiente das ordens legais dos legítimos superiores hierárquicos. Entretanto, para
permitir desempenhos adequados, deve ser alicerçada num ideal de competência profissional,
fundamentada nas tradições e no espírito de servir ao País, fatores unificadores e motivadores
das Forças Armadas. Consequentemente, a obediência não pode estar subordinada aos prazeres
ou às afinidades sociais, econômicas, políticas ou religiosas de cada indivíduo; deve resultar, sim,
de um padrão coerente de atitudes, valores e visões que fazem parte da ética militar.

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1.5.1 – Preceitos da Ética Militar

A Ética Militar Naval é um atributo que induz ao


atendimento das regras de conduta compatíveis com o
comportamento militar naval desejado.
A Marinha precisa de militares, homens e
mulheres, que observem em suas vidas,
permanentemente, os preceitos da ética militar
estabelecidos no Estatuto dos Militares:

a) amar a verdade e a responsabilidade como fundamento de dignidade pessoal;

b) exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as funções que lhe couberem em


decorrência do cargo;

c) respeitar a dignidade da pessoa humana;

d) cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instruções e as ordens das autoridades


competentes;

e) ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação do mérito dos subordinados;

f) zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e físico e, também, pelo dos subordinados, tendo
em vista o cumprimento da missão comum;

g) empregar todas as suas energias em benefício do serviço;

h) praticar a camaradagem e desenvolver, permanentemente, o espírito de cooperação;

i) ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua linguagem escrita e falada;

j) abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria sigilosa de qualquer natureza;

k) acatar as autoridades civis;

l) cumprir seus deveres de cidadão;

m) proceder de maneira ilibada na vida pública e na particular:

n) observar as normas da boa educação;

o) garantir assistência moral e material ao seu lar e conduzir-se como chefe de família modelar;

p) conduzir-se, mesmo fora do serviço ou quando já na inatividade, de modo que não sejam
prejudicados os princípios da disciplina, do respeito e do decoro militar;

q) abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para obter facilidades pessoais de qualquer
natureza ou para encaminhar negócios particulares ou de terceiros;
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r) abster-se, na inatividade, do uso das designações hierárquicas;

• em atividades político-partidárias;

• em atividades comerciais;

• em atividades industriais;

• para discutir ou provocar discussões pela imprensa a respeito de assuntos políticos


ou militares, excetuando-se os de natureza exclusivamente técnica, se devidamente
autorizado;
• no exercício de cargo ou função de natureza civil, mesmo que seja na administração
pública; e

a) zelar pelo bom nome das Forças Armadas e de cada um de seus integrantes;
obedecendo e fazendo obedecer os preceitos da ética militar.
Além dos preceitos acima elencados, fazem parte ainda, dentre outros, o código de honra
expresso na “Rosa das Virtudes” e os dizeres do juramento à Bandeira.
Todos os preceitos da Ética Militar Naval constituem um poderoso instrumento para o

exercício da liderança naval e devem, sempre que possível, serem exaltados.

1.5.2 – Deveres Militares

Como estabelecido no Estatuto dos Militares, não deve ser esquecido que “os deveres
militares emanam de um conjunto de vínculos racionais e morais que ligam o militar à Pátria e ao
seu serviço, e compreendem, essencialmente:
• a dedicação e a fidelidade à Pátria, cuja honra, integridade e instituições devem ser
defendidas, mesmo com o sacrifício da própria vida;

• o culto aos Símbolos Nacionais;

• a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias;

• a disciplina e o respeito à hierarquia;

• o rigoroso cumprimento das obrigações e das ordens; e

• a obrigação de tratar o subordinado dignamente e com urbanidade.”

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1.6 – RESPONSABILIDADE MORAL E LEGAL

Entende-se por responsabilidade a


obrigação de responder por certos atos,
próprios ou de outrem. É inquestionável que
sem responsabilidade não há liderança.

Distinguem-se, nitidamente, dois tipos de responsabilidade: a responsabilidade moral e a


legal.

A responsabilidade moral, conhecida também como senso de responsabilidade, é a


capacidade que o militar deve ter para cumprir as suas atribuições e as que sejam requeridas pela
administração e de assumir e enfrentar as consequências de seus atos e omissões, de suas
atitudes e decisões.
A responsabilidade moral não tem limites fixados. Está na consciência de cada um, no senso de
moralidade, na sua assimilação dos padrões de moral da sociedade, em determinada época e
cultura.

A responsabilidade moral significa um indivíduo senhor de


suas ações, respondendo por elas perante a própria consciência
e de acordo com o padrão de moralidade existente, mesmo sem
estar obrigado a prestar contas por força de lei ou regulamento.

A responsabilidade legal, por sua vez, é a estabelecida por lei ou regulamento, fruto da
função exercida pelo militar.
O líder assume a responsabilidade legal e moral, e tem plena consciência de quando cabem
as duas e em que extensão. Tal fato lhe acarreta dignidade e autoridade moral.
A responsabilidade moral é um processo de avanço na batalha pessoal contra a fraqueza, a
conveniência e a relutância pessoais. Ela traz como recompensa o ganho em força de caráter,
decisão e conquista de confiança quer dos outros, quer de si mesmo.
Um procedimento é considerado moralmente ou eticamente correto não somente por ser fiel
aos regulamentos e manuais, ou seja, ser legal, mas também por ser basicamente forjado no dia
a dia, na rotina de bordo e nos adestramentos, e serem, finalmente, considerados como parte
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inalienável de nossas tradições e costumes. Nem todas as decisões envolvem um problema moral
ou ético; inclusive, a maioria é eticamente neutra. Entretanto, isto não significa que devemos
desconsiderar as consequências de nossos atos.
Quando refletimos sobre nossos pensamentos e ações estamos desenvolvendo o senso de
certo e errado, característica fundamental das pessoas eticamente sensíveis, como o são os
grandes líderes.

CAPÍTULO 2 COMPORTAMENTO
MILITAR NAVAL E SOCIAL
2.1 - COMPORTAMENTO SOCIAL

2.1.1 - Breve histórico

Quando se fala em etiqueta, é comum


a associação da palavra a regras restritas aos
extratos mais elevados da sociedade, fora do
alcance da maior parte das pessoas. Por
muito tempo esta foi a ideia de etiqueta,
porém, hoje, deve ser entendida como um
importante elemento de formação individual
que engloba um conjunto de regras e hábitos
sociais capaz de disciplinar a atitude de cada
um em relação ao próximo.
Os indivíduos que sabem se portar em cada circunstância e ocasião acabam se sentindo
mais seguros e proporcionam em seus meios sociais um lugar mais agradável ao convívio e
também à produção. No campo profissional vale ressaltar a importância das boas maneiras para
melhorar as relações no trabalho e a capacidade de representação de instituições pelos
indivíduos que as compõem, principalmente num mundo globalizado.
De pouco adianta um profissional extremamente qualificado, mas que não tenha aptidão
para se relacionar com as pessoas. O ser humano precisa compreender qual o seu grau de
comprometimento e sua inserção social para ter uma melhor qualidade de vida.
As regras de etiqueta variam no tempo e no espaço. As regras mudam conforme as
mudanças da própria sociedade e de sociedade para sociedade porque refletem hábitos,
tradições, crenças, concepções, influências etc.
A palavra francesa étiquette, adotada pelo português, significa rótulo, tarja, bilhete de
qualidade. Desta forma, etiqueta é o resultado de uma boa educação acrescida do bom senso
para discernir e decidir as melhores escolhas.
A etiqueta tem como objetivos: promover maior segurança em situações sociais diversas;
propiciar a melhoria nos relacionamentos interpessoais (convívio social harmônico); promover
uma maior respeitabilidade entre os membros de uma família ou do trabalho; e promover uma boa
imagem social (fator diferencial entre os indivíduos).
A função básica da etiqueta social é possibilitar um convívio social agradável. Preservar
bons hábitos e costumes pode ser relevante e possibilita que a vida em sociedade seja mais
harmônica.
OSTENSIVO -3-9- REV 2
A inspiração da etiqueta está no cuidado e respeito com o próximo, baseada em regras
simples, no bom senso e na cordialidade.
2.2 - CONDUTA ÉTICO-MILITAR E COMPORTAMENTO SOCIAL

Conforme consta na publicação


Normas Para a Conduta Ético-Militar e
Atividades Sociais no âmbito Militar (DGPM-
319), o comportamento militar deverá ser
sempre orientado pelas prescrições
constantes do Estatuto dos Militares, pelos
deveres do pessoal estipulados na
Ordenança Geral para o Serviço da Armada,
pelo respeito à condição do militar, homem
ou mulher, pela
dignidade de seu papel na família, pelo seu compromisso profissional, bem como pelas tradições
de disciplina, decoro e dedicação, características da vida naval.
As boas normas aplicadas ao comportamento social estão intimamente relacionadas à
conduta ético-militar e são complementares entre si. São procedimentos e atitudes transmitidas
pelos ascendentes ou adquiridos pela observação rigorosa do que é moralmente aceito no seio de
uma sociedade, na vida familiar e na vida militar.
Os militares da MB devem, em todas as circunstâncias da vida privada e profissional, nas
cerimônias militares e nos eventos sociais, de cunho militar ou não, proceder à constante
autocrítica, pautando seu comportamento pela discrição, elegância, fidalguia e primor em suas
atitudes e maneiras, de modo a zelar pelo bom nome da Instituição e de cada um de seus
integrantes. Nesse sentido, deverá informar-se e observar atentamente as regras de etiqueta
referentes à postura, aos cumprimentos, à linguagem e ao modo de se expressar, aos
procedimentos à mesa, à movimentação no ambiente, aos modos de sentar, evitando todo e
qualquer excesso.

2.2.1-Ética Militar

Segundo o Art.28, da Seção II do Estatuto dos Militares, o sentimento do dever, o pundonor


militar e o decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes das Forças Armadas, conduta
moral e profissional irrepreensíveis, com a observância de alguns preceitos de ética militar, entre
eles: amar a verdade e a responsabilidade como fundamento de dignidade pessoal; respeitar a
dignidade humana; zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e físico e, também, pelo dos
subordinados; ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua linguagem escrita e falada;
proceder de maneira ilibada na vida pública e particular; observar as normas da boa educação;
garantir assistência moral e material ao seu lar e conduzir-se como chefe de família modelar.

OSTENSIVO -3- REV 2


10-
2.3 - EDUCAÇÃO E POSTURA

2.3.1 - Boas maneiras

Etiqueta, boas maneiras e postura são


quesitos aprimorados ao longo da vida,
porém, a base de tudo é a educação.
Educação que nos é ensinada desde tenra
idade. Nada é muito novo: respeitar as
pessoas para ser respeitado, lembrar dos
limites, ser gentil, ser agradável numa
conversa, fazer o melhor possível, ouvir mais
em vez de falar e tantas outras
delicadezas pertinentes a uma pessoa educada. Educação não depende de classe social. Uma
pessoa com bons recursos financeiros e status social pode não ser educada e certamente fechará
algumas portas em seu caminho por sua arrogância. Por outro lado, pessoas esforçadas, com
poucos recursos, podem crescer por força de sua educação e bons modos. E num ambiente
militar tudo é observado e até mesmo avaliado.
Este texto servirá como um manual, abordando vários tópicos pertinentes à educação e à
postura, que não devem ser nunca descuidados.
2.3.2 - Inimigos da etiqueta

Existem alguns impasses para a Etiqueta como um todo:

a) Impaciência

Uma pessoa nervosa, que não pode esperar, nem para receber algo e nem para fazer,

negligencia fatores importantes como a cautela, a prudência, a coerência, a parcimônia, a calma


nas decisões, a firmeza nas atitudes porque faz tudo às pressas ou quer tudo para ontem, sem
refletir nas consequências das escolhas e na qualidade do trabalho desenvolvido. Quando se
trabalha numa equipe, sendo chefe, afoba-se, acaba atropelando-se, levando imensos prejuízos
para os profissionais que ali se esmeram.
b) Intolerância

Um profissional que não tolera nada além das suas ordens restritas, não se abre à
possibilidade do novo, do criativo, do mais produtivo e eficiente, fica limitado à sua própria
fraqueza, e, certamente, nunca será um líder.
c) Egoísmo

O egoísta é alguém que só pensa em si mesmo. Vivemos num meio social, cercados de
pessoas das mais diferentes esferas, com os mais diversos pensamentos e formas de agir. O
sujeito egoísta não vai além dele mesmo, o mundo gira em torno de si. Ele não vê o horizonte,
não olha ao lado, não caminha lado-a-lado com ninguém, é absolutamente solitário. Atropela
sentimentos e só se importa em lucrar nas situações.
OSTENSIVO -3- REV 2
11-
d) Arrogância

A arrogância é prima-irmã do egoísmo e da vaidade. Quem acha alguma coisa não tem certeza
de nada. O arrogante acha muito: acha que está certo, acha que sabe fazer melhor, acha que os
outros só erram, acha, acha. A arrogância nada mais é do que uma defesa da incompetência.
e) Vaidade

Quando uma pessoa, por vaidade, faz algo para obter prestígio e reconhecimento, desprezando o
trabalho e o esforço de muitos ao redor, desqualifica todo o serviço.
f) Ostentação

Eu é uma palavra muito pequena para significar tanta coisa. Eu faço, eu consigo, eu quero,
eu posso, eu exijo, eu sou, eu tenho... Porém, tudo piora quando aliado ao pronome eu vem o
mais: eu faço mais, eu consigo mais, eu quero mais, eu posso mais, eu exijo mais, eu sou mais,
eu tenho mais. Existem pessoas que numa conversa informal cortam assuntos para introduzir o
“eu”, seguido da ideia de sempre algo melhor ou maior. Talvez, para disfarçar a pequenice que
deve ser a vida delas.

g) Excesso de intimidade e naturalidade

Sempre se peca nos extremos: excesso ou nada. Em relação à intimidade, o excesso


transgride o limite alheio e pode acabar constrangendo. Assim como a naturalidade excessiva. O
meio social nos obriga a regras de convívio e educação, a questões éticas e morais, leis e
costumes. Portanto, para usufruir direitos é necessário cumprir os deveres. Não se pode tudo, em
qualquer tempo, em qualquer lugar, para qualquer um. O respeito é fundamental em todas as
relações sociais, é preciso saber medir a magnitude dos comportamentos e assumir a
consequência de todos os atos.
2.3.3 - Onde começa a etiqueta

O princípio da etiqueta é o respeito ao próximo, logo: nunca entre num ambiente sem
anunciar-se, podem estar tratando assuntos confidenciais, segredos de família ou outros que
podem não lhe dizer respeito; não se comunique aos brados, nem murmurando, você tem que se
comunicar de forma clara, objetiva e sem insinuações; seja pontual (especial atenção em
cerimônias militares e à chegada de autoridades), afinal contam com todos para o início de uma
solenidade, evento, refeições, reunião, casamento etc; evite invasão de privacidade de qualquer
espécie:
• nunca leia correspondências de outros;

• nunca mexa em “material alheio” sem expresso consentimento;

• não ouça conversa de terceiros;

• não abra outra geladeira que não a sua.

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2.3.4 - Cuidados Importantes

a) Uso de perfumes

Perfume é algo particular, não público. Cada pessoa tem um gosto.


Não se deve saturar um ambiente com o seu cheiro, pois se todos
sentiram o perfume é porque está forte, exagerado. Lembre-se da
questão do limite. O mesmo deve ser em relação ao desodorante, loção
de barba, cremes de beleza etc. O perfume deve ser agradável ao chegar
perto. Quando bom,
faz lembrar uma pessoa, um ambiente, uma geração, uma época da vida, logo, não transforme
uma lembrança num desastre.

a) Fumo

Lembre-se de que o fumo é um vício pessoal, não um


castigo coletivo. Se você fuma, deve ter alguns cuidados
importantes, como não fumar em lugares públicos, perto de
gestantes, durante um evento ou refeições etc. O hálito de um
fumante não é muito agradável, portanto procure por pastilhas
para amenizar o cheiro.
O fumante fica com as roupas mal
cheirosas, o cabelo fedido, as mãos meio amareladas e a saúde totalmente prejudicada. Se você
fuma, repense este hábito.
Quando a necessidade de fumar for irresistível e nos locais onde for permitido, peça licença
às pessoas com quem estiver conversando, principalmente às senhoras, antes de acender um
cigarro. Em ambientes militares, em que for permitido o fumo, peça permissão ao mais antigo
presente antes de acender um cigarro.
b) Uso de óculos escuros

Óculos escuros servem para proteger os olhos do sol e ponto.


É uma indelicadeza conversar com uma pessoa usando óculos
escuros, isto porque você não vê os olhos de quem fala e não tem
certeza para onde ela está olhando. Ao conversar, retire os óculos e
os reponha quando a conversa terminar. Se você sofre de algum
mal e precisa usar os óculos escuros regularmente, peça desculpa
pelo
inconveniente. Após o sol se pôr não se tem motivo para continuar usando os óculos escuros.

Em ambientes militares só devem usar óculos escuros os que tiverem problemas de


fotofobia ou estiverem com recomendação médica. De qualquer forma, em ambos os casos, só
será permitido seu uso com autorização do Comando.

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c) Bocejos

São imperdoáveis em qualquer circunstância. Em


formaturas militares são inaceitáveis, em sala de aula são de
uma grosseria sem igual para com o professor/ instrutor, em
eventos e refeições são da maior indelicadeza. Todos os
exemplos são para explicar que não se deve bocejar em
hipótese alguma. Mas,
quando eles simplesmente acontecem, o que fazer? Deve-se pedir desculpas, colocar a mão na
frente da boca e tentar o uso da técnica de apertar a língua sob o céu da boca com força. Se puder se
ausentar por alguns instantes, procure um lugar para lavar o rosto.
e) Chicletes

O hábito de mascar chiclete não é elegante, reserve este hábito


para ambientes mais descontraídos e informais. Mascar deve ser com a
boca fechada, afinal você não é um camelo! Quando você fala com
alguém mascando um chiclete, a pessoa com quem você fala não
consegue prestar atenção ao que você diz, pois a atenção fica
condicionada aos
movimentos com o chiclete. No final você falou sozinho porque o outro não entendeu nada do que
você disse e ainda deve estar distraído, procurando o chiclete em sua boca.
f) Guarda-chuva

O guarda-chuva serve para proteger você da chuva, então não


converse mexendo-o, apontando-o (caso ele seja grande e pontudo),
revirando-o. Isto incomoda, atrapalha e pode até machucar alguém. Os
militares fardados, geralmente, não usam guarda-chuva, mas, sim, capa de
chuva.

g) Não fure filas

Dizem que furar filas é uma mania de brasileiro. Mentira. Isto é mania de pessoas mal
educadas, seja de qualquer naturalidade e sob qualquer pretexto (até de antiguidade).
Se você estiver numa fila e chegar algum militar mais antigo, você deve, por cortesia, ceder
seu lugar a ele. Mas não insista: se ele não quiser, seja cortês e mantenha seu lugar.
h) Limpe o nariz no banheiro!

Limpe o nariz em casa, no banheiro, sozinho, com a porta fechada.


Ninguém precisa ver. Se você precisar limpar num momento inoportuno,
procure um sanitário para resolver seu problema, mas nunca com o dedo
encravado dentro do nariz!

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2.3.5 - Postura e Elegância

a) Mantenha uma postura adequada a cada ambiente.

Viver bem começa por sentir-se bem. E postura é fundamental. Costas retas, queixo
erguido, elegância e fluidez no andar.Em cada ambiente você se colocará de forma diferente: uns
formais, outros mais informais, mais descontraídos, outros relaxados etc. O importante é saber
como se portar em cada momento, na apresentação com as pessoas com as quais você se
relaciona.
b) Costas retas, mãos, como sentar-se, como ficar em pé, olhos nos olhos.

As costas devem ficar retas, mas não esticadas demais,


causando uma sensação de artificialidade. As mãos podem
revelar muito de nós: insegurança, timidez, confiança, alegria,
entusiasmo e tristeza, pela forma como gesticulamos. Porém, é
perfeitamente possível treinar para aprender a usar os gestos
com
moderação. Ombros erguidos e braços pendentes com suavidade, as mãos devem ficar à frente
do corpo, podendo ficar uma sobre a outra. Evite balançá-las, prendê-las, imitar um açucareiro,
enrolar os cabelos ou roer unha!

Ande com naturalidade e sente-se confortavelmente com as pernas fechadas, cruzando-as


sem encostar nos outros. Os homens devem ter atenção à sola do sapato que não deve ficar à
mostra.
Ao parar em pé, o ideal é apoiar o peso do corpo nas duas pernas porque transmite uma
sensação de tranquilidade e segurança, tornando a conversa mais agradável, além de preservar a
coluna.
Em ambientes militares observe antes: se existem mais antigos sentados, se é
permitido sentar no momento, se existem mais antigos em pé a procura de assentos, onde
se localiza seu círculo hierárquico etc.
O olhar é muito importante. O primeiro contato deve transmitir simpatia, interesse e
confiança. As pessoas sentem a diferença entre um olhar caloroso e um olhar indiferente. Outro
fato marcante em relação aos olhos: ao falar com alguém mantenha sempre contato com os
olhos, transmita segurança, firmeza nas atitudes, convicções e decisão. Não use o choro como
defesa para seus erros ou incompetência, principalmente em ambiente militar. Assuma seus erros
e possíveis deslizes com um “desculpa, vou me esforçar, vou providenciar”, é mais digno.
Mantenha também uma certa distância das pessoas ao falar. Nem muito longe,
criando uma verdadeira barreira para o entendimento, nem muito perto, invadindo a
intimidade do outro. Evite toques, puxões, segurar a pessoa com quem conversa e
respingar saliva devido ao entusiasmo do assunto.

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d) Palestras em presença de militares de maior precedência

Atenção com o horário de chegada, com o lugar de sentar, com seu comportamento e com
os bocejos.
2.3.6 - Afabilidade

a) Simpatia: é fundamental em qualquer situação, aproxima as


pessoas e torna a convivência mais fácil;
b) “Palavras Mágicas”: “obrigado(a), desculpe e por favor”.

Estas expressões podem transformar o mundo num lugar melhor


para viver. Abuse delas e você só ganhará;
c) Saber perdoar: ninguém é perfeito, nem você. As pessoas que
erram tentaram acertar e isto é que torna o processo válido. Confusões, enganos acontecem e, se
viram problemas, terão solução. “Tem poder quem também sabe perdoar”, seja tolerante;
d) Bom humor: sorria, mantenha o astral nas nuvens. Isto
transforma qualquer ambiente, melhora os relacionamentos, o modo de ver o mundo e os
problemas, e você ainda ficará jovem por mais tempo; e
e) Gentileza: ser gentil é diferente de ser cortês, afável ou
simpático. É mais sutil, é estar mais atento aos pequenos problemas cotidianos dos outros e fazer
o possível para amenizá-los.
2.4 - REUNIÕES, ENCONTROS E CERIMÔNIAS: AMBIENTE CIVIL E MILITAR
2.4.1 - Tradição

A Publicação “Normas a Respeito das Tradições Navais,


do Comportamento Pessoal e dos Cuidados Marinheiros”
(EMA-207) ressalta que algumas tradições e costumes derivam
dos fundamentos militares da hierarquia e disciplina, binômio
este considerado a base institucional das Forças Armadas.
Entende-se
por hierarquia a ordenação da autoridade em níveis diferentes, por postos ou graduações e,
dentro de um mesmo nível, pela antiguidade relativa de cada militar. O respeito à hierarquia é
consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de autoridade. Disciplina é a rigorosa
observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições que
fundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico,
traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos os seus componentes.
As tradições navais remontam aos primórdios da navegação à vela, quando se mantinham
um conjunto de práticas, normas de cortesias, saudações, valores éticos e morais, honras, sinais
de respeito, em uso nas marinhas de guerra. As tradições navais devem ser cultivadas por todos,
num ambiente de respeito e cortesia de todos os militares para com seus superiores, em todas as
circunstâncias. A espontaneidade e a correção dos gestos, atitudes e procedimentos são
indicadores não só do grau de disciplina, mas também da educação moral e militar dos
componentes de uma organização. Desta forma, os usos, costumes e tradições navais compõem
a Etiqueta Naval.
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2.4.2 - Reuniões, Encontros e Cerimônias

a) Nunca apareça em casa alheia sem prévio contato: se quiser fazer uma visita, ligue
antes para ver se a pessoa tem algum compromisso ou se está disposta a atendê-lo. Não apareça
de súbito. Se for uma visita a uma Organização Militar (OM), ligue com antecedência para verificar
a possibilidade da visita, se o dia e a hora são adequados, se a OM tem alguma solenidade, qual
o uniforme adequado e se os militares estão disponíveis para atendê-lo.
b) Em reuniões, dê atenção a todos: se você convida ou foi convidado para algum evento,
procure conversar com todos, circular pelo ambiente, evitando patotas. Na hora de sentar, não
marque seu lugar antecipadamente, fechando um círculo de companheiros.
c) Em visita de pêsames ou a doentes, seja breve: evite comentários e detalhes sobre a
doença/morte, machucando as pessoas que estão doloridas pela doença ou pela perda de alguém
querido. Em enterro/missa, evite roupas e acessórios extravagantes. Seja discreto, coerente com
a ocasião, respeite a dor alheia;
d) Apresentação: um homem sempre se levanta ao ser apresentado a uma mulher, a um
homem mais velho ou a um superior hierárquico. Em sociedade, a mulher tem precedência sobre
o homem. O subordinado, homem ou mulher, é sempre apresentado ao superior hierárquico. A
iniciativa de estender a mão para o cumprimento deve partir sempre da pessoa mais importante,
da mulher, da pessoa mais velha ou do superior hierárquico. As apresentações devem ser feitas
indicando os nomes completos; e
Despedidas: nestas ocasiões aguarde que o dono da casa abra a porta. Se você é militar,
aguarde o mais antigo se retirar ou dar a permissão para sair. Caso tenha que sair antes, peça
permissão a ele com uma pequena justificativa, sem entrar em detalhes.

2.4.3 - Auditório

Todos os militares, quando em cerimônias, palestras ou


eventos em auditórios devem se portar de maneira educada: prestar
atenção ao que está sendo explanado e não conversar paralelamente.
Os celulares devem ser desligados ou mantidos no modo silencioso. É
importante também que demonstrem interesse no assunto e, ao final da
apresentação,levantem questões pertinentes, inteligentes e adequadas
ao palestrante.

2.4.4 - Na Marinha do Brasil

Sempre baseado no princípio da hierarquia:

a) Os mais modernos sempre cedem lugar aos mais antigos, abrem a porta aos mais
antigos, cedem passagem a eles e levantam-se na sua presença;
b) Em cerimônias, as autoridades se apresentam de acordo com a antiguidade, os mais
modernos chegam antes que os mais antigos; e
c) Se você é militar e chegou num evento onde tenha um militar mais antigo, é mandatório ir
cumprimentá-lo.

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2.5 - SALÃO DE RECREIO E REFEITÓRIO

2.5.1 – Salão de recreio

É o local de lazer dos Cabos e Marinheiros a bordo, normalmente dotado de aparelhos de


televisão e som, local destinado à leitura e a jogos lícitos, como jogos de damas, xadrez, dominó,
pebolim (totó), sinuca, etc. Ali também são realizadas algumas cerimônias de confraternização,
como: embarques, desembarques, promoções etc.
Apesar de ser um lugar de descanso e lazer, não se esqueça que você é um militar
dentro de uma organização militar, sujeito a todas as normas e regulamentos (disciplina) e
convivendo com militares mais antigos (hierarquia).
Procure preservar o compartimento, o mobiliário e os equipamentos. Lembre-se de que
esse espaço existe para o seu lazer, e que um local limpo, adequadamente mobiliado e dotado
de equipamentos destinados à diversão funcionando adequadamente irá tornar a sua estadia a
bordo mais agradável.

2.5.2 – Refeitório ou coberta de rancho

É o local onde são feitas as refeições. Normalmente, denomina-se refeitório nas


Organizações Militares (OM) de terra e coberta de rancho nos navios.
São dotados de balcões térmicos, do tipo self-service.
Normalmente, o almoço e o jantar são divididos em “rancho para
serviço”, destinado aos militares que entrarão de efetivo serviço, e
“rancho geral”, para os demais militares. Na maioria das organizações
militares, é respeitada a ordem de chegada, por graduação,
controlada
por um militar de serviço com a função de manter a ordem na entrada do rancho.

Durante a refeição, procure não falar com um tom de voz muito alto, respeitando seus
vizinhos. Considerando que o próprio militar se serve, procure colocar no prato/bandeja a
quantidade de alimentos que realmente irá consumir, diminuindo, deste modo, o desperdício.
Não esqueça de que estará ranchando com militares de graduação superior, visto que o
refeitório/coberta de rancho também é destinado aos cabos, deste modo, tenha atenção à
disciplina e à hierarquia.
As mesas de rancho da guarnição serão chefiadas pelo mais antigo de cada uma delas,
cabendo-lhe manter a ordem na mesa.
2.6 – POSTURA À MESA

A maneira como você se senta e se coloca à mesa torna-se


um fator diferencial de civilidade. Manter o corpo nem muito próximo
nem afastado da borda da mesa é a postura correta ao sentar. As
mãos ficam colocadas sobre a mesa, com os braços apoiados e
não os cotovelos. As costas apoiam-se levemente no encosto
da cadeira.

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Você deve se inclinar ligeiramente e não se curvar em direção ao prato. Os cotovelos devem
permanecer junto ao corpo sem bater nos vizinhos da mesa. Cuidado com as pernas, pois elas
não devem bater nos demais ocupantes da mesa, ficar esticadas ou balançando. Se precisar de
algo que esteja fora do seu alcance, peça gentilmente ou peça desculpa pelo inconveniente.
Gestos expansivos na mesa não são de bom tom, dedinhos levantados ao levantar xícaras são
desastrosos e assuntos íntimos têm lugar e hora para serem discutidos. Dê atenção a todos os
vizinhos na mesa, mantendo uma conversa sadia e agradável e corrija-se quando cometer uma
indelicadeza.

Algumas recomendações nunca são demais: comer sempre de boca fechada, as garfadas
são decentes, sem entupir a boca com alimentos, não cuspa no prato ou no talher que está
comendo, não deseje “saúde” a alguém resfriado, não cutuque o nariz à mesa, seja cortês,
gesticule comedidamente, não faça comentários maldosos, respeite a todos e, acima de tudo,
aproveite!
Palito é uma heresia à etiqueta. Ele não aparece em mesas finas, pois seu uso é um
ato privado e contestado por dentistas, por isso foi abolido terminantemente das boas
maneiras.
O comportamento nos serviços de bufê exige controle e atenção. Siga a fila e respeite as
pessoas. Não misture tudo no prato e nem embaralhe os talheres de servir nos recipientes. Ao
compor seu prato principal, faça-o harmonizando os alimentos, podendo servir-se novamente, se
assim desejar. Sirva-se comedidamente e siga para mesa segurando firmemente o prato, sem
deixá- lo cair. Com as sobremesas é um pouco diferente: você pode agrupar até três tipos delas.
Simpatia e boa aparência contribuem muito para causar boa impressão, mas, sem boas
maneiras à mesa, toda impressão inicialmente favorável se desvanece. O comportamento ao
comer é um teste infalível do grau de civilidade de uma pessoa, pois o manuseio com os talheres
e a postura durante uma refeição falam mais que palavras.
Apenas alguns pratos devem ser comidos com as mãos, como, por exemplo: frango a
passarinho, asinha de frango, costeletinha de porco e espiga de milho. Em geral, os talheres
devem ser sempre utilizados durante as refeições.
A bebida servida não deve ser para saciar a sua sede nem para empurrar os alimentos,
fazendo-o virar o copo. Tenha compostura! Saboreie-a em pequenos goles sentindo seu sabor.
O domínio da etiqueta à mesa é cheio de pequenos gestos e atitudes, frutos de um longo
aprendizado, que não deve ser esquecido, negligenciado ou desleixado, pois estamos a todo
instante sendo observados, mesmo que a distância.
O importante é que comportamentos inapropriados podem e devem ser modificados.
Mesmo só com observação, aprendemos regras de conduta com pessoas mais experientes.
Desta forma, boas maneiras à mesa são regras de civilidade praticadas diariamente para que
possamos assumir, com o tempo, uma postura correta e natural, sem artificialidades, tanto em
família com em ambientes mais refinados que exigem mais cerimônias. A naturalidade e
espontaneidade nas atitudes transmitem confiança, tornando o ambiente mais descontraído e
aprazível.

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Em resumo:

DURANTE a refeição:

✔ Atenção à postura;

✔ Cuidado com os cotovelos;

✔ Ao tomar sopa, cuidado com ruídos;

✔ Não mastigue de boca aberta e não fale de boca cheia;

✔ Come-se pão/ torrada com as mãos;

✔ Antes de beber água/comer pão, descanse os talheres; e

✔ Antes de levar o copo/taça à boca, limpe os lábios com o guardanapo.

2.6.1 - Imprevistos

Para tratar os imprevistos: fique calmo e seja discreto. Às vezes, por sua postura, mesmo
que o imprevisto seja grande, poderá passar despercebido. Tudo depende da forma como você o
tratar. Aja sempre com discrição.
2.6.2 - Inconvenientes

Com os inconvenientes a situação muda um pouco. Se uma pessoa está sendo


inconveniente com você, seja discreto e afaste-se. Se você perceber que alguém está sendo
vítima de um inconveniente, disfarce e tente apaziguar a situação, afastando as pessoas e, na
pior das hipóteses, peça para o “engraçadinho” se retirar.

2.7 – CUMPRIMENTOS MILITARES E SOCIAIS

2.7.1 - Cumprimentos militares e sociais

2.7.1.1 – Cumprimentos Militares

Quando fardado, a saudação militar a outro militar é a continência, em postura marcial. Deve
ser feita com: elegância, energia, franqueza, correção e vivacidade. Os três elementos da
continência são: atitude, gesto e duração.

A saudação militar nasceu nos tempos medievais. Os


cavaleiros costumavam se apresentar ao Rei antes das batalhas.
Sua Majestade queria ver nos olhos dos soldados "o brilho da
confiança e do amor ao Rei". Como estavam sempre de
armadura, os
soldados eram obrigados a levantar a viseira que lhes cobriam os olhos. Faziam isso com a mão
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direita, pois a esquerda conduzia a espada. Desde então, em respeito às autoridades, surgiu o
sinal de continência.
Como mostrado anteriormente, quando fardado, a saudação militar a outro militar é a
continência, em postura marcial. Admite-se o aperto de mão após a saudação militar, desde que a
iniciativa para tal tenha sido tomada pelo superior hierárquico. Ao cumprimentar um civil, o militar
fardado poderá fazer-lhe uma continência, como cortesia, além de lhe dar o usual aperto de mão,
ao que se descobrirá, em se tratando de uma senhora. Se for uma militar, não se descobrirá para
efetuar qualquer cumprimento.
No exercício de suas atribuições, fardado ou à paisana, é vedado ao pessoal militar
qualquer intimidade ou manifestação de respeito, apreço, sentimentos ou cumprimentos que não
estejam previstos nos regulamentos. Deverão ser evitadas demonstrações excessivas de
afetividade, que contrariem a ética, a moral, os bons costumes e o pundonor militar (DGPM-319).
Não estão autorizados os seguintes atos: “abraçar-se”, “beijar-se” ou outras manifestações
afetivas ou cumprimentos não previstos como saudação entre militares ou entre estes e indivíduos
à paisana, militares ou não.

2.7.1.2 – Cumprimentos Sociais (em ambiente civil e sem uso de farda)

Como fazê-los:

A maneira como tratamos as pessoas revela a nossa educação. Qualquer que seja o
cumprimento, deve ser honesto. O cumprimento pode ser um aceno, um aperto de mão, um beijo
na mão ou uma troca de beijos.
O aperto de mão deve ser equilibrado: nem frouxo nem apertado. O beijo é uma forma
educada de cumprimento na nossa sociedade. Às vezes diferem na quantidade, no lugar a ser
beijado, na forma ou na execução. Todo cumprimento deve dizer algo de positivo, como “bom dia,
boa tarde, como vai, seja bem-vindo, entre, sente, olá” etc.

a) Aperto de mão

O aperto de mão deve ser forte e firme. Não precisa


esmigalhar a mão do outro ou segurá-la indefinidamente. Por
outro lado, não segure a mão de uma pessoa como se não
tivesse firmeza do propósito e segurança em suas atitudes. O
aperto deve ser rápido, forte, firme, seguro e sincero,
demonstrando estima e
confiança. Durante o aperto de mão, não se deve sacudir o braço e nem deixá-lo esticado. O
cotovelo deve estar ligeiramente flexionado, formando um ângulo de noventa graus. O outro braço
deve estar estendido ao lado.
Não se deve estender a mão quando se está à mesa, pois se pressupõe que as pessoas
tenham lavado as mãos antes da refeição. Também não se deve estender a mão para enfermos.

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b) Beijo social

Os beijos devem ser rápidos, naturais e sem marcas no rosto. Para as mulheres, atenção ao
uso de batons que mancham a pele e aos beijos melados.
2.7.2 – Apresentações

a) As apresentações devem ser feitas indicando os nomes completos;

b) Os mais jovens são apresentados aos mais velhos, assim como o mais moderno (seja
homem ou mulher) ao mais antigo;
c) O homem é apresentado à mulher (a iniciativa do cumprimento é da mulher);

d) Mulher solteira é apresentada à mulher casada;

e) Deve ser feita pelo anfitrião; e

f) O homem sempre se levanta para cumprimentar.

2.8 – CONVERSAÇÃO

a) Atenção ao excesso de gestos, tom de voz, expressões, saber o que falar, saber,
principalmente, ouvir. Aprenda a não interromper as pessoas e a ouvi-las atentamente;
b) No meio social: é facultativo à mulher permanecer sentada enquanto o homem fica de pé;

c) Em ambiente militar: independentemente do sexo, caso o mais antigo esteja de pé, é


mandatário que o mais moderno também esteja;
d) Adeque o vocabulário e a informação a cada grupo (evite maneirismos, gírias,

obscenidade);

e) A formalidade está relacionada ao nível de intimidade com os convidados. Evite excessos;

f) Evite falar de: doenças, problemas íntimos, consultas profissionais, piadas;

g) Não entre em seara religiosa, política e esportiva (evite conflitos com os convidados); e

h) Seja discreto e não seja arrogante nem maledicente.

2.9 – FOTOGRAFIAS

Saiba o que fotografar, se o momento é oportuno, se é permitido, se tem permissão. Não


use fotos de terceiros sem a devida concordância. Cuidado com as exposições na internet e com
as fotos pessoais trazidas a bordo.

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2.10 – TELEFONEMAS

É importante saber:

a) Horário indesejável: antes das 9h e após as 22h, durante o


almoço/jantar;
b) Se o assunto for longo, pergunte antes se a pessoa tem tempo;

c) Em caso de chamadas de longa distância, não prolongue a conversa;

d) Se o telefone não se encontra em lugar privado, as pessoas próximas devem evitar ouvir
o diálogo e, por elegância, devem abaixar o tom de voz;
e) Em ambientes públicos ou no trabalho, evite conversas longas;

f) Não use o celular em cinemas, teatros, reuniões, auditórios, salas de aula etc;

g) Os celulares em ambientes militares devem ser desligados ou colocados no modo vibrar


durante cerimônias, palestras ou em presença de autoridades;
h) Se alguém liga para fazer um convite, não prolongue a conversa;

i) Se alguém ligar e a pessoa procurada não puder atender, anote o recado; e

j) Nos e-mails mantenha um nível inteligente de conversa (Netiqueta).

Na Marinha do Brasil: o mais moderno aguarda na linha até que o mais antigo atenda,
não deixando que o militar de maior precedência aguarde na linha.

2.11 – SÍTIOS DE RELACIONAMENTO SOCIAL

De forma a minimizar a exposição da MB e de seu pessoal, os militares


devem seguir as seguintes orientações (DCTIMARINST Nº 31-01, 2009):

a) nunca postar ou publicar informações sigilosas da MB ou pessoais;

b) nunca nomear ou utilizar, na titulação do grupo, símbolos, siglas, brasões, indicativos ou


nome de OM da MB;
c) nunca postar informação que possa ser explorada em ação contra o pessoal ou contra a MB;

d) nunca postar nada que não queira que se torne público. Todas as informações veiculadas
em sítios de relacionamento devem ser consideradas como públicas;
e) ter o mesmo comportamento dentro do sítio de relacionamento que se tem quando em
uma reunião social com presença física;

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f) seguir os padrões de comportamento navais orientados pelos bons costumes;

h) limitar a quantidade de informação pessoal postada;

i) lembrar que a internet é pública;

j) desconfiar que algum componente possa ser um estranho;

k) cuidado ao falar com estranhos em chats, blogs, comunidades;

l) não participar de comunidade virtual criminosa que “odeia” alguma coisa, pois se a
mesma for investigada por conduta indevida ou pratica de crime, todos os participantes podem ser
envolvidos;
m) não acreditar em tudo que se lê online;

n) manter os grupos sempre fechados e protegidos por fortes senhas de forma a restringir o
acesso às informações somente ao pessoal do grupo;
o) não criar grupos sociais vinculados ou que denotem vínculo à Marinha ou suas OM; e

p) usar e manter os antivírus e sistemas operacionais atualizados.

2.11.1 – Cuidados com a exposição pessoal na internet

Uma vez interligado à internet, o usuário tem, virtualmente, acesso a


diversas informações contidas em redes de computadores em todo o
mundo, mas, a recíproca também é verdadeira, ou seja, informações
sobre sua vida tornam-se públicas de maneira descontrolada.
Privacidade: palavra valorizada por muitos, desconhecida por outros. Tem gente que
simplesmente não teme em se expor. Para elas, existe um mundo ideal, onde a discrição não tem
vez. A internet é um mundo infinito, onde cada palavra também é eterna. Caiu na rede, é de
todos. Cuidado: pode ser usado contra você no futuro.
Quem usa, sabe ou deveria saber que a internet não perdoa. Ela registra tudo: fotos,
mensagens, blogs... Os arquivos digitais são públicos e, atenção, permanentes. A internet não
esquece. Um comentário malicioso sobre uma pessoa, uma foto inadequada, um posicionamento
contrário aos bons costumes fica eternamente e pode, inclusive, ter consequências judiciais.
2.11.2 – Agradecimentos

Ao fazer um agradecimento, tenha em mente para quem o está fazendo. Se for um


agradecimento para autoridade, mantenha as formas adequadas de tratamento e seja objetivo.
Seja claro, sucinto, muito respeitoso e siga o protocolo e trâmites administrativos cabíveis.

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2.12 – VESTUÁRIOS E TRAJES

"A carreira militar não é uma atividade inespecífica e descartável, um simples emprego, uma
ocupação, mas um ofício absorvente e exclusivista, que nos condiciona. Ela não nos exige as
horas de trabalho da lei, mas todas as horas da vida, impondo-nos também nossos destinos. A
farda não é uma veste, que se despe com facilidade e até com indiferença, mas uma outra pele,
que adere à própria alma, irreversivelmente para sempre".
2.13 – UNIFORMES E TRAJE CIVIL

A correção do uniforme militar nunca é excessiva. O andar


corretamente trajado, de acordo com o RUMB (Regulamento de
Uniformes da Marinha do Brasil), é uma obrigação do militar.
Para os homens, a barba bem feita e os cabelos cortados são
essenciais.

Sendo assim, um militar não deve ceder espaço ao desleixo, mantendo sua dignidade em
todos os momentos, tanto fardado como à paisana.
Todo militar deve ter uma andaina completa de uniformes. Os uniformes diários devem
ser trocados e lavados sempre que necessário. Ter mais de uma peça a bordo é bem
aconselhável. Em casos de acidentes, o uniforme deve ser trocado assim que possível. Com o
tempo, o tom do uniforme, devido à exposição e às lavagens constantes, acaba se modificando.
Repare constantemente seu uniforme e observe se a sua coloração não está destoando dos
demais.
No RUMB existe a correspondência entre os uniformes das Forças Armadas e entre estes e
as roupas civis.
2.13.1 – Comportamento de militares uniformizados em cerimônias e eventos sociais

Em cerimônias militares e eventos sociais, o comportamento de militares da


ativa uniformizados deve estar baseado nas normas e regulamentos vigentes, tais
como:
a) saudações entre militares fardados por meio de continência ou aperto de mão, se a
iniciativa do cumprimento de estender a mão for do mais antigo;
b) apresentação pessoal com o devido apuro e utilização de uniformes em alinho e de
acordo com as normas em vigor, contribuindo para a compostura social, a saber:
I. atenção ao uniforme previsto para o evento;

II. uniformes bem passados e com as cores corretas, isto é, calça e camisa da mesma tonalidade;

III. calças em comprimento regulamentar, sem estarem apertadas no corpo;

IV. camisas sociais com colarinhos fechados e bem ajustados;

V. sapatos com as cores corretas, sem estarem desbotados;

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25-
VI. barba, costeleta e pé do cabelo devem estar bem feitos; e

VII. lenço e gola de marinheiro alinhados.

Nas cerimônias em que o militar comparecer como convidado ou acompanhante de parente,


cônjuge, companheiro ou pessoa de seu relacionamento afetivo, também militar, deverá fazê-lo no
uniforme previsto para a cerimônia, no caso de pertencerem ao mesmo Círculo (Círculo de oficiais
e praças). Quando os militares forem de círculos diferentes (Círculo de oficiais e praças), aquele
que comparecer na condição de convidado deverá fazê-lo em traje civil.

2.13.2 – Traje civil

Para cada ocasião há um traje e uma forma de se vestir. Tudo deve ter coerência e o senso
crítico é essencial (adequando tipo físico, estilo, ocasião, clima, horário).
A indumentária (vestuário) tem forte poder de influência nos contatos sociais e profissionais.
Toda pessoa bem vestida tem melhor performance, impõe respeito, é bem tratada e bem
atendida, e recebe atendimento preferencial.
Ao escolher seu guarda-roupa, leve em consideração o seu tipo físico, idade e
personalidade. Você não é obrigado a vestir determinada roupa só porque está na moda. Estar na
moda nem sempre significa estar bem vestido. A vestimenta também muda de acordo com a
situação, o lugar, o horário e a companhia. Você pode ter um armário diversificado e saber usar
adequadamente as roupas. As roupas não precisam ser de grife, mas de bom gosto. A
combinação e o saber usá-las é que faz a diferença. Por fim, a postura correta e os movimentos
harmoniosos valorizam todo o conjunto.
Desta forma, Elegância é o conjunto harmonioso de gestos, atitudes, expressões, palavras,
tom de voz, procedimentos civilizados, normas de conduta, postura física e de vida, bom gosto,
senso, discrição etc. Quem tem de ser sensual é você e não sua roupa. A roupa deve ser um
instrumento para provocar a imaginação e não os sentidos.
2.14 - CUIDADOS IMPORTANTES COM OS TRAJES

a) Use no máximo três tons de cores diferentes;

b) Evite estampas diferentes e/ou animalescas;

c) Cuidado com as bainhas das calças;

d) Abrigos de moletom só devem ser usados para a prática de exercícios;

e) Evite deixar que peças íntimas fiquem à mostra;

f) Cuidado com as botas e óculos escuros;

g) Roupas apertadas NÃO são sensuais, nem charmosas e muito menos elegantes;

h) Os cabelos devem estar penteados de acordo com a ocasião;


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i) Para os homens: usando um traje mais fino, a meia combina com o sapato. Já com traje
esporte, a meia pode combinar com a camisa;
j) Sempre verifique suas roupas antes de vestir, pode estar faltando um botão, estar

manchada, desfiada etc; e

k) Confira seu desodorante, seu zíper e seu hálito.

2.15 – CAVALHEIRISMO X HIERARQUIA

Quando primeiro usado, o termo “cavalheirismo”


significava habilidade em lidar com cavalos. O guerreiro de
elite da Idade Média se distinguia dos camponeses, clérigos
e deles mesmos por sua habilidade como cavaleiro e
guerreiro. Cavalos fortes e velozes, armas bonitas e
eficientes, e armaduras bem-feitas eram o símbolo de status.
Por volta do século XII, o cavalheirismo se tornou um estilo de vida. As principais regras do
código de cavalaria eram as seguintes: proteger as mulheres e os fracos; defender a justiça contra
a injustiça e o mal; amar sua terra natal e defender a Igreja, mesmo com risco de morte.

2.15.1 - O que faz um cavalheiro

Cavalheiros abrem a porta do carro para as senhoras


entrarem e saírem; protegem as mulheres nas escadas; ao
caminharem zelam pelo amparo das mulheres; no
restaurante, provam elegância; são sempre solícitos e bem-
humorados; no táxi, as senhoras sentam do lado esquerdo e
os homens à direita; nas
escadas, cuidam para que as mulheres não caiam, servindo de amparo tanto na subida como na
descida. No restaurante, os cavalheiros puxam a cadeira e a ajeitam delicadamente para as
senhoras se sentarem.

Na relação entre um casal, o homem deve tratar com deferência sua mulher, principalmente
em público, e vice-versa. Havendo contenda, não deve pedir a opinião de terceiros, o que é
constrangedor. Estando ambos em casa de amigos, mesmo que não se deem bem, devem ser
gentis. A delicadeza é imperiosa.
2.15.2 - Cavalheirismo X Hierarquia

Um homem cavalheiro, educado, prestativo e gentil com as mulheres não deve se descuidar
e romper com o princípio da hierarquia militar. Ser mulher nas Forças Armadas não garante sua
hierarquia superior aos homens.

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Ao ceder um dos costumes do cavalheirismo a uma mulher mais moderna, perante um
militar mais antigo ou de mesma patente, rompe-se com a hierarquia vigente.
Dois exemplos: um cavalheiro, ao andar numa calçada com uma mulher, oferece o lado de
dentro, ficando na beira, próximo à rua. Porém, se forem militares, seguirão o costume, sendo ela
mais moderna, oferecerá sua direita ao mais antigo, mesmo que seja o lado da beirada da rua.
Numa cerimônia, sendo ela mais moderna, esta se levantará, cedendo seu lugar ao mais antigo.
Em ambientes militares a hierarquia é a base e o cavalheirismo está na educação do militar,
na sua postura, sem protecionismos para com as mulheres, agindo com justiça, com respeito e
exigindo sempre de seus subordinados a disciplina.
CAPÍTULO 3

HIERARQUIA, DISCIPLINA, AUTORIDADE E RESPONSABILIDADE

3.1 – ASPECTOS PRIMORDIAIS DA HIERARQUIA, AUTORIDADE E


RESPONSABILIDADE.

3.1.1 - Hierarquia

De acordo com o Estatuto dos Militares, “hierarquia


militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes,
dentro da estrutura das Forças Armadas”.
O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de
acatamento à sequência de autoridade.
a) Cadeia de Comando

É a sucessão de pessoas, em ordem hierárquica, por


onde passa, obrigatória e ordenadamente, o fluxo de
comunicação, autoridade e responsabilidade, dentro de uma
organização militar. Esse fluxo é vital para a boa ordem, o
entendimento harmonioso e eficaz.
A cadeia de comando é uma ordem a ser seguida
normal e obrigatoriamente. Todavia, quando por alguma razão
especial ela não for seguida, cumpre, de imediato, dar
conhecimento da alteração da ordem do fluxo às autoridades,
momentaneamente não consideradas na cadeia.
b) Mantendo os superiores informados

O militar deve manter seu superior oportunamente informado a respeito de suas ações e
as de seu grupo.
Procedimento a adotar se um erro for cometido em alguma atividade sob
sua responsabilidade:
I) Assuma-o;

I) Trate de corrigi-lo o mais rápido possível;

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II) Dê conhecimento imediato a seu superior;

IV) Conforme o caso e as circunstâncias, informe diretamente a seu comandante; e

V) Evite que o assunto chegue ao conhecimento dele por outras vias, e com matizes que
não sejam os da verdade.

3.1.2 - Autoridade

Autoridade legal ou organizacional é o direito legal de se fazer obedecer, é o poder de


mandar, de obrigar alguém a fazer alguma coisa.
Autoridade moral ou de liderança é valor pessoal; competência em determinado assunto;
prestígio, influência, domínio.
Segundo a Ordenança Geral para o Serviço da Armada (OGSA), “a autoridade de cada um
promana do ato de designação para o cargo que tiver que desempenhar, ou da ordem superior
que tiver recebido”.
Cumpre ao superior:

a) Manter a disciplina em todas as circunstâncias;


b) Exigir o respeito e a obediência que lhe são devidos por seus subordinados; e
c) Conduzir seus subordinados, estimulando-os, reconhecendo-lhes os méritos, instruindo-
os
.
Autoridade é fundamental. Sem ela não haveria disciplina, e a hierarquia perderia
significado.
Autoridade é um direito e, ao mesmo tempo, um poder. Saber exercê-la apropriadamente é,
sem dúvida, a mais importante qualidade da liderança.
O exercício da autoridade exige equilíbrio, probidade, justiça, energia, integridade. Para o
bom uso da autoridade, é necessário um pouco de todos os valores da liderança, abordados
anteriormente.
A autoridade de um militar sobre seus subordinados deve apoiar-se não só na legitimidade
da posição que ocupa como também nas suas elevadas e reconhecidas qualidades morais, força
de caráter e capacidade de liderança.
3.1.3 - Delegação de autoridade

Define-se delegação de autoridade como sendo a designação para o cumprimento de


tarefas, atribuindo-se ao designado, com as responsabilidades, a autoridade para a tomada de
decisões.

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Existem duas características fundamentais da delegação:

a) A cada responsabilidade correspondem poderes, estabelecidos pelo superior; e


b) A delegação de autoridade não exclui a responsabilidade do superior.

3.1.4 - Responsabilidade
Responsabilidade é obrigação – dever de fazer.
A responsabilidade está inseparavelmente ligada à autoridade. Por isso, assim como a
autoridade, a responsabilidade deriva de ato de designação para o cargo, exercendo-se com
a plena autoridade estabelecida legalmente para o mesmo e de ordem superior, exercendo-
se com a autoridade estabelecida pelo superior, para o cumprimento da atividade.
O que distingue um líder de um não-líder, entre outros fatores, é a propensão do
primeiro para procurar responsabilidades e as assumir se necessário.
A função militar gera responsabilidades que, por sua vez, implicam autoridade e acarretam
prestação de contas.

a) Delegação de responsabilidade
É comum dizer-se que autoridade pode ser delegada, mas responsabilidade não.
Tal afirmativa pode dar margem a uma interpretação dúbia. A responsabilidade imposta
pelo superior ao subordinado não exime o superior da plena responsabilidade sobre tudo o
que se passa na organização, porquanto ela é inerente ao seu cargo.
Assim, de acordo com a OGSA, ambos são responsáveis. O superior é responsável:

I) pelo acerto, oportunidade e consequências das ordens que der; e


II) pelas consequências da omissão de ordens, nos casos em que for de seu dever
providenciar.
O subordinado é responsável:

I) pela execução das ordens que receber; e


II) pelas consequências da omissão em participar ao superior, em tempo hábil, qualquer
ocorrência que reclame providência, ou que o impeça de cumprir a ordem recebida.
b) Nova ordem prejudicando o cumprimento de ordem recebida
O subordinado deixa de ser responsável pelo não cumprimento de uma ordem recebida
de superior quando outro superior lhe der outra ordem que prejudique o cumprimento da
primeira e nela insistir, apesar de cientificado pelo subordinado da existência da ordem
anterior. Deve, porém, participar a ocorrência ao primeiro, logo que possível.

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3.2 – IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA E DA AUTODISCIPLINA

3.2.1 – Disciplina

Um dos alicerces básicos de toda e


qualquer organização militar, em todas as
nações do mundo, é a disciplina.
Disciplina significa a sujeição de cada
um, e de todos, a regras estabelecidas para
o bem geral. Essas regras são estabelecidas
em códigos, leis, estatutos, regulamentos e
ordens do comando.
A disciplina propicia condições favoráveis para o desenvolvimento de atividades,
mormente as que exigem uma ação ordenada, organizada e sincronizada. Cada parte do
processo age na certeza de que as demais agirão corretamente, conforme planejado. Isso é
fundamental para o cumprimento de qualquer missão.
“Não há progresso sem ordem, não há ordem sem disciplina e não há disciplina sem
obediência, responsabilidade, noção de dever e lealdade.”
a) Como obter disciplina
Para obter disciplina é necessário:

I) Determinar cuidadosamente deveres específicos ou bem definidos, responsabilidades


daí decorrentes e direitos paralelos;
II) Fazer com que os subordinados conheçam o sistema de prêmio ou
recompensa e de punições;
III) Assegurar a prática constante do comportamento e da conduta desejáveis, a fim de
desenvolver hábitos de pronta obediência às ordens;
IV) Supervisionar os subordinados, usando recompensas e punições quando
necessário ou razoável;
V) Certificar-se de que os subordinados saibam o que se espera de sua conduta e de
seu trabalho;
VI) Não exigir mais do que o seu treinamento permite que façam;

VII) Dobrar e amoldar lenta e progressivamente o pessoal, exigindo e mantendo uma


disciplina consciente, sólida, inabalável;

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VIII) Saber distinguir as faltas involuntárias e de menor importância, das faltas graves,
premeditadas e intencionais; e
IX) Elogiar e louvar sempre que possível, e em público; censurar, punir ou reprimir
quando necessário, e em particular.
3.2.2 – Autodisciplina

Autodisciplina ou disciplina consciente é a capacidade de disciplinar a si mesmo


adquirida pelo militar firme, que cumpre corretamente suas responsabilidades, em quaisquer
circunstâncias, mesmo sem supervisão.
Obtém-se a disciplina consciente quando se deseja fazer o que é certo, por
compreensão, convicção, participação, cooperação, sentido de missão, senso de dever, lealda
de orgulho e amor à Marinha.
a) Manifestações da disciplina consciente
A disciplina consciente manifesta-se como uma
atitude, identificada pelos seguintes comportamentos:
I) Escolher fazer o que é correto, ainda que
mais difícil, em vez de fazer o que é menos
trabalhoso;
II) Aceitar as regras consagradas, estabelecidas
pela Instituição; e
III) Agir em função do grupo a que pertence, e
não de forma egoísta, num individualismo nada
construtivo.
O toque de licença, ou volta às faxinas, só toca, na cabeça do autodisciplinado,
quando seus compromissos e responsabilidades já foram absolutamente cumpridos.
b) Como desenvolver a autodisciplina

A autodisciplina é obtida pela conscientização, através dos seguintes passos:

I) Estabelecimento de padrões de conduta – determinar o que é certo fazer;


II) Formação de hábitos – fazer sistematicamente o que é certo, mesmo que difícil; e
III) Criação de código de conduta pessoal – incorporar os hábitos
formados. Para conhecer a si mesmo é recomendável:
I) Ouvir seus chefes, companheiros, amigos e subordinados mais experientes;

II) Ouvir e não repelir abruptamente; mas sim, ouvir, filtrar, maturar e, se aprovado, assimilar;
III) Pensar antes no que vai falar;

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IV) Se já falou, refletir sobre o que disse;

V) Lembrar o que já falou e procurar determinar os motivos que o levaram a


falar; VII)Identificar seus erros;
VIII) Ser cauteloso em suas ações e observar as consequências delas;

IX) Buscar outro caminho, se os resultados não correspondem ao que planejou.

3.2.3 – Decálogo de Liderança


Há dez regras básicas que podem ser usadas, pelo militar, no desenvolvimento de sua
capacidade de liderança:
1) Lembre-se que liderar é muito mais do que chefiar e vai muito além de apenas
expedir ordens e aguardar que elas sejam cumpridas.
2) Cultive a ética militar, em todos os momentos e em quaisquer circunstâncias.

3) Preserve a sua saúde:

I) Esteja atento para a fadiga, incapacidade de concentração, irritabilidade, insônia;


II) Dose o emprego de suas energias; e

III) Trabalhe, mas se distraia e repouse, tanto quanto possível.


4) Saiba falar, calar e, especialmente, ouvir;
5) Evite:

I) alimentar sentimentos de superioridade;

II) cercar-se de pessoas que não expressam opinião própria;

III) embriagar-se pelo poder e a vaidade; e

IV) deixar-se enganar pelo preconceito.


6) Dê o exemplo.

7) Ponha o grupo a serviço do cumprimento da missão e em permanente sintonia com


os objetivos estabelecidos para a OM.
8) Mantenha com os subordinados uma relação sadia, calcada em confiança mútua,

15
desejo de progredir e de ser feliz.
9) Incuta nos subordinados a disciplina consciente e fique atento ao moral deles.
10) Faça com que o grupo, aprimorando-se, vise a excelência no trabalho.

CAPÍTULO 4

PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE VALORES – PFV

RESUMO DOS VALORES TRABALHADOS NO CORPO DE CADETES

1. AMOR À PROFISSÃO:
Dedicar-se ao trabalho, voltando-se para a missão da FAB, de forma intensa e completa, vivenciando
cada passo, buscando uma melhoria constante e assumindo o sucesso da organização como sendo
parte integrante e fundamental de seu próprio sucesso pessoal. Toda pessoa que realize o serviço à
Pátria deveria fazê-lo com amor, com uma disciplina que caracterize o sentido humano da vida. Por
definição, o militar é aquele que ama sua pátria ao ponto extremo de sacrificar seu bem mais precioso
(sua própria vida) em prol das ideias em que acredita. Nem sempre fazemos o que amamos ou
gostamos, mas devemos amar o que fazemos.

2. HIERARQUIA:
Hierarquia é a ordenação progressiva da autoridade em diferentes níveis. Juntamente com a disciplina,
forma a base institucional das Forças Armadas. É um fenômeno natural e inseparável do conceito de
sociedade. A hierarquia é a atribuição do mando e da obediência aos membros de uma sociedade. É
uma virtude cívica, pois o homem disciplinado sabe, por instinto, a quem obedecer a quem comandar, o
que concorre para a ordem e a harmonia no convívio de uma sociedade. A escala hierárquica é
associada a uma escala de responsabilidade, que é tão maior quanto for a autoridade/grau hierárquico.
Por ser o militar o homem disciplinado típico, o sentimento da hierarquia tem de se transformar para ele
em sua segunda natureza, pois a máquina militar de uma nação só atinge seus fins quando o sentido
da hierarquia reina, INTOCÁVEL, no espírito de TODOS os seus componentes.

3. DISCIPLINA:
É a rigorosa observância e o acatamento integral e voluntário das leis, regulamentos, normas e ordens
emanadas das autoridades hierárquicas competentes. A origem da palavra disciplina remonta ao termo
latino usado para pupilo, que denota uma disposição dos discípulos em seguir ensinamentos e regras
de comportamento. Disciplinar-se, então, é aplicar rigorosa e continuadamente aqueles princípios em
que acreditamos, para alcançar um objetivo definido. Complementa a hierarquia consolidando, desta
forma, as bases em que se assentam os princípios do militarismo. A disciplina sustenta a solidariedade
e a autoridade durante as situações críticas e, assim como a hierarquia, é fundamento para que uma
Força Armada alcance seus objetivos. Quando um superior emite uma ordem, o mesmo está
obedecendo, antes de tudo, às determinações superiores recebidas. A obediência é, assim, o segredo
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14. ZELO

O Zelo é atributo que não depende, em alto grau, de preparo profissional, de predicados
especiais de inteligência e de saber. É, por isso mesmo, virtude que deve ser comum a todos os
que servem à Marinha. Essa qualidade é consequência direta do “amor próprio”, do amor à
Marinha e à Nação. É o sentimento que leva a não poupar esforços para o bom desempenho das
funções que lhes são atribuídas. É o sentimento que conduz à dedicação ao serviço, como
autêntica expressão do Dever. No Zelo, está implícita a aceitação de que se serve à Nação e não
a pessoas. Ninguém tem o direito de deixar de zelar por suas obrigações, por motivos
circunstanciais, alheios ou não à sua vontade. O Zelo está intimamente ligado à probidade, vista
como a capacidade de bem administrar os bens, fundos e recursos que nos foram confiados.
Faz-se presente, assim, no exato cumprimento de orçamentos e planos financeiros e no atento
cuidado com o patrimônio do Exército.

ATRIBUTOS DA ÁREA AFETIVA

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1-1. DOS DIREITOS E DEVERES DO CIDADÃO ROMANO
a. o direito do pai sobre os filhos (pátria potestas);
b. o direito do marido sobre a esposa (manus);
c. o direito do senhor sobre os escravos (potestas dominica);
d. o direito de um homem livre sobre o outro que a lei lhe dava por contrato ou por condenação
judiciária (manus capere);
e. o direito sobre a propriedade (dominium).
Os tais direitos correspondiam os deveres. E para cumprir seus deveres o cidadão romano precisava
possuir uma série de aptidões e virtudes. Desenvolver tais aptidões era o papel da educação. E
quais eram essas aptidões e virtudes? As principais eram as seguintes:
1) a piedade ou a obediência, que incluía tanto a idéia religiosa de reverência como a noção de
respeito à autoridade paterna;
2) a varonilidade ou firmeza, que atualmente chamamos de caráter (constantia); era uma virtude
muito valorizada entre os romanos;
3) a bravura ou a coragem, que impelia o romano a nunca abandonar
voluntariamente uma luta antes de ter vencido;
4) a prudência, que devia ser utilizada principalmente na direção dos negócios particulares;
5) a honestidade, que consistia principalmente na perfeita conduta em todas as relações
econômicas;
6) a seriedade (gravitas), que incluía a sobriedade na conduta, a compostura; e

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7) para o indivíduo, todas essas virtudes estavam reunidas no ideal do dever; para o Estado, no
ideal de justiça.
1-2. O LADO AFETIVO DO ATIRADOR
Os Atributos da Área Afetiva (AAA) explora o lado afetivo do atirador e tem por finalidade a
valorização das qualidades morais do homem (militar) e o estímulo ao auto conhecimento. É
puramente Relações Humanas! É um campo vastíssimo, talvez até ilimitado, pela grandiosidade a
que se propõe.
Trabalhar com a mente humana e explorar o humanismo que existe dentro de cada ser, não é fácil,
porque o comportamento do homem é por excelência, complexo.
Explorar o subjetivo de suas emoções é uma luta grandiosa! Muitas vezes temos que dar toda a
atenção a alguns atiradores, separadamente.

O nível dos Atiradores é bem elevado e assim deve ser, pois, estes jovens foram selecionados
dentre aqueles que demonstram potencial para se tornarem representantes do povo e levando dentro
de si valores que cabem ao Chefe da Instrução e o Instrutor incutir. Representantes do povo que se
lembrem do sargento um dia e que tenham aprendido conosco o que é
honra, honestidade, probidade, palavra, justiça, solidariedade, enfim todos os AAA
que você conseguir que eles evidenciem .
Para atingirmos o objetivo dos AAA, primeiramente devemos observá-los em nós mesmos, vamos lá?
CAPÍTULO 2
DESENVOLVIMENTO
2-1. ATRIBUTOS QUE DEVEM SER EVIDENCIADOS PELO INSTRUTOR
a. Há uma gama de atributos que o instrutor deve possuir e evidenciar:
1) entusiasmo pela profissão militar;
2) conhecimento do assunto;
3) perícia na execução das tarefas;
4) boa apresentação individual;
5) seriedade;
6) disposição para prestar ajuda aos instruendos; e
7) maneira adequada de condução da sessão, entre outras.
b. A liderança é fator preponderante para despertar nos instruendos a necessária
motivação que contribuirá para o aprendizado.
c. O instrutor é o responsável pelas condições favoráveis ao aumento do nível de
conhecimento e habilidades no seu instruendo, que deverá:
1) ter vontade de aprender;
2) saber o porquê deve aprender;
3) entender o que se espera obter com o seu aprendizado;
4) praticar o que aprendeu;
5) apresentar progresso no aprendizado, dentro de um planejamento prévio; e
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6) entender a correlação entre os assuntos que estão sendo aprendidos e a sua
aplicação nos cargos para os quais está sendo preparado.
d. Por fim, é imprescindível que os instrutores de todos os níveis tenham perfeita
consciência do tríplice papel a desempenhar: educador, modelo e exemplo.
2-2. ATRIBUTOS QUE DEVEM SER EVIDENCIADOS PELO INSTRUENDO
Atributos da Área Afetiva
a. Definidos por meio de Coletivos de Instrução Individual relacionados à área de atitudes. Os
Oll da Área Afetiva correspondem aos atributos a serem exibidos pelos instrutores,
independentemente da matéria ou assunto ministrado. Cada Oll da Área Afetiva compreende três
elementos:
a) o nome do atributo a ser exibido e sua definição;
b) um conjunto de condições dentro das quais o atributo poderá ser observado; e
c) o padrão - evidência do atributo
b. O instrutor apreciará o comportamento do instruendo em relação ao atributo considerado, ao
longo de toda a instrução. O padrão terá sido atingido se, durante as atividades, o instrutor julgar que
o instruendo evidenciou o atributo em questão.
c. A seguir, você encontrará a série de Objetivos de Instrução Individual que estão,
especificamente, relacionados a atributos da área afetiva.

O fato de haverem sido destinadas 20 (vinte) horas para os OII dessa área não significa,
absolutamente, que esse seja o único tempo disponível para o desenvolvimento de atitudes
desejáveis. Além da carga horária básica, é imprescindível a atitude do(s) Instrutor(es) do TG,
observando, orientando, estimulando o instruendo, em todas as oportunidades, ao longo de seu
Serviço Militar Inicial.

B/5-001(FC): Atitude contrária a vícios (toxicomania, alcoolismo, jogos de azar, tabagismo):


Capacidade de resistir a vícios.
Condição: Na vida diária da OM. Obs. Sem a preocupação de obter-se o abandono do fumo, o
instruendo deverá ser conscientizado dos malefícios do fumo para a saúde e para os esforços físicos
prolongados ou intensos. Deve ser provocada uma emulação em busca do menor consumo possível
de cigarros. Considerar as seguintes faixas: Fumar pouco (até 10 cigarros diários). Fumar
moderadamente (até 20 cigarros diários.) Fumar muito (mais de 20 cigarros diários).
B/5-002(FC): Camaradagem: Capacidade de compreender e auxiliar os companheiros em
qualquer situação.
Condição: No relacionamento com os companheiros.
CAMARADAGEM - capacidade de estabelecer relações amistosas com superiores, pares e
subordinados.
B/5-003(FC): Espírito de corpo: Capacidade de integrar-se no caráter coletivo do grupo.

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Condição: Na vida diária da OM, no relacionamento com os companheiros quando estiver atuando
numa equipe ou participando de competições.
ESPÍRITO DE CORPO - sentimento de identificação com os valores e tradições da organização e/ou
do grupo, gerando interações positivas de apoio mútuo, que se prolongam no tempo.
B/5-004FC): Lealdade: Capacidade de demonstrar fidelidade a pessoas, grupos ou instituições em
função dos valores que defendem ou representam.
Condição: No relacionamento com os companheiros e com os superiores.
LEALDADE - atitude de fidelidade a pessoas, grupos e instituições, em função dos ideais e valores
que defendem e representam.
B/5-005(FC): Responsabilidade: Capacidade de desenvolver todas as atividades sob sua
incumbência.
Condição: Durante o cumprimento das missões que lhes forem atribuídas.
RESPONSABILIDADE - capacidade de cumprir suas atribuições assumindo e enfrentando as
conseqüências de suas atitudes e decisões.
B/5-006(FC): Valorização do Serviço Militar: Reconhecimento da importância do serviço
militar inicial na realização do reservista, no plano individual.
Condição: Durante a observação de AV, participação de grupos de debate, palestras e no
desenvolvimento de matérias que favoreçam discussões sobre o tema.
B/5-007(FC): Valorização do Serviço Militar: Reconhecimento da formação do Exército
Brasileiro e sua importância para a integração nacional e defesa do nosso país.
Condição: Durante a observação de AV, participação de grupos de debate, palestras e no
desenvolvimento de matérias que favoreçam discussões sobre o tema.
B/5-008(FC): Valorização do Serviço Militar: Reconhecimento da importância do serviço
militar no desenvolvimento brasileiro.
Condição: Durante a observação de AV, participação de grupos de debate, palestras e no
desenvolvimento de matérias que favoreçam discussões sobre o tema.
2-2. CONCEITUAÇÃO DOS ATRIBUTOS DA ÁREA AFETIVA
a. FINALIDADE
Padronizar a linguagem técnica utilizada na área afetiva em todos os Tiros-de- Guerra, em
especial os atributos que poderão vir a ser selecionados, desenvolvidos, avaliados, ou citados,
dependendo do propósito do usuário.
b. OBJETIVO
Unificar em um documento as várias definições referentes aos atributos, valores e requisitos
da área afetiva, possibilitando a sua correta utilização.
c. CONSIDERAÇÕES
A constatação da existência de diversos documentos em uso no âmbito do Exército, com
diferentes definições para os atributos, valores e requisitos da área afetiva, indicou a necessidade de
elaboração de um único deles que padronizasse a linguagem e os conceitos

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d. ATRIBUTOS, VALORES E REQUISITOS DA ÁREA AFETIVA
1) Os seguintes valores devem ter sido desenvolvidos no indivíduo desde a infância e
reforçados ao longo da vida militar. Devem servir, também, para uma ação imediata do docente que
identifique sua ausência, visando as providências que possibilitem o afastamento do instruendo, pelos
meios regulamentares, disciplinares e / ou judiciais, em especial na formação do militar de carreira.
HONESTIDADE - conduta que se caracteriza pelo respeito ao direito alheio,
especialmente no que se refere à fraude e à mentira.

INTEGRIDADE - conduta orientada pelos valores morais e éticos próprios, da instituição e


da sociedade em que vive
LEALDADE - atitude de fidelidade a pessoas, grupos e instituições, em função dos
ideais e valores que defendem e representam.
2) Apresenta-se a seguir os requisitos básicos essenciais que devem ser desenvolvidos e
aprimorados em todos os militares da Força Terrestre, particularmente os que se destinam à profissão
das armas. São qualidades que envolvem, cada uma, comportamentos, atitudes e valores, que devem
dar o embasamento e a direção para o desenvolvimento, aprimoramento e avaliação dos atributos da
área afetiva.
AUTO-APERFEIÇOAMENTO (atitude para aprendizagem) - disposição ativa para
mobilizar seus recursos internos, visando aprimorar e atualizar seus conhecimentos.
CIVISMO - capacidade de fazer valer os direitos e cumprir com os deveres de
cidadão.
ESPÍRITO DE CORPO - sentimento de identificação com os valores e tradições
da organização e/ou do grupo, gerando interações positivas de apoio mútuo, que se prolongam no
tempo.
IDEALISMO - representação dos sentimentos mais nobre em uma linha de conduta voltada
para as causas em que acredita e para os princípios que adota.
PATRIOTISMO - atitude de amor à pátria e respeito aos símbolos e às instituições
nacionais.

3) Complementarmente aos valores e requisitos já mencionados, os atributos a seguir


referem-se àqueles identificados como os mais representativos para o desenvolvimento,
aprimoramento e avaliação, em particular nos militares de carreira.
ABNEGAÇÃO - capacidade de renunciar aos interesses pessoais em favor da instituição, grupos e / ou
pessoas.
ADAPTABILIDADE - capacidade de se ajustar apropriadamente às mudanças de situações.
APRESENTAÇÃO - capacidade de demonstrar atitudes e porte condizentes com os padrões militares.
AUTOCONFIANÇA - capacidade de demonstrar segurança e convicção em suas atitudes, nas
diferentes circunstâncias.
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AUTOCRÍTICA - capacidade de avaliar as próprias potencialidades e limitações frente à idéias,
sentimentos e / ou ações.
CAMARADAGEM - capacidade de estabelecer relações amistosas com
superiores, pares e subordinados.
CIVILIDADE - capacidade de agir de acordo com as normas que regem as relações interpessoais.
COERÊNCIA - capacidade de agir em conformidade com as próprias idéias e valores, em qualquer
situação.
COMBATIVIDADE - capacidade de lutar, sem esmorecer, pelas idéias e causas em que acredita ou por
aquelas sob sua responsabilidade.
COMPETITIVIDADE - capacidade de disputar, simultaneamente, com outrem, visando um objetivo.
COMUNICABILIDADE - capacidade de relacionar-se com outros por meio de idéias e ações.
COOPERAÇÃO - capacidade de contribuir espontaneamente para o trabalho de alguém e/ou de uma
equipe.
CORAGEM - capacidade para agir de forma firme e destemida, diante de situações difíceis e perigosas,
seguindo as normas de segurança.
CRIATIVIDADE - capacidade de produzir novos dados, idéias e/ou realizar combinações originais, na
busca de uma solução eficiente e eficaz.
DECISÃO - capacidade de optar pela alternativa mais adequada, em tempo útil e com convicção.
DEDICAÇÃO - capacidade de realizar, espontaneamente, atividades com empenho e entusiasmo.
DINAMISMO - capacidade de atuar ativamente com intenção determinada.
DIREÇÃO - capacidade de conduzir e coordenar grupos e/ou pessoas, na consecução de determinado
objetivo.
DISCIPLINA - capacidade de proceder conforme normas, leis e regulamentos que regem a instituição.
DISCIPLINA INTELECTUAL - capacidade de adotar e defender a decisão superior e/ou do grupo
mesmo tendo opinado em contrário.
DISCRIÇÃO - capacidade de manter reserva sobre fatos de seu conhecimento que não devam ser
divulgados.
EQUILÍBRIO EMOCIONAL - capacidade de controlar as próprias reações para continuar a agir,
apropriadamente, nas diferentes situações.
FLEXIBILIDADE capacidade de reformular planejamentos e
comportamentos, com prontidão, diante de novas exigências.
IMPARCIALIDADE - capacidade de julgar, com isenção, sem se envolver emocionalmente.
INICIATIVA - capacidade para agir, de forma adequada e oportuna, sem depender de ordem ou decisão
superior.
LIDERANÇA - capacidade de dirigir, orientar e propiciar modificações nas atitudes dos membros de um
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grupo, visando atingir os propósitos da instituição.
METICULOSIDADE - capacidade de agir atendo-se a detalhes significativos.
OBJETIVIDADE - capacidade de destacar o fundamental do supérfluo para a realização de uma tarefa
ou solução de um problema.
ORGANIZAÇÃO - capacidade de desenvolver atividades de forma sistemática e
eficiente.
PERSISTÊNCIA - capacidade de manter-se em ação continuadamente, a fim
de executar uma tarefa vencendo as dificuldades encontradas.
PERSPICÁCIA - capacidade de perceber, pronta e integralmente, os detalhes de uma situação ou
problema, seus significados práticos e implicações.
PERSUASÃO - capacidade de convencer pessoas a adotarem idéias ou atitudes que sugere.
PREVISÃO - capacidade de antecipar-se a fatos e situações, antevendo alternativas viáveis, de modo a
evitar e/ou eliminar possíveis falhas na execução de uma tarefa.
RESPONSABILIDADE - capacidade de cumprir suas atribuições assumindo e enfrentando as
conseqüências de suas atitudes e decisões.
RESISTÊNCIA - capacidade de suportar, pelo maior tempo possível, a fadiga resultante de esforços
físicos e/ou mentais, mantendo a eficiência.
RUSTICIDADE - capacidade de adaptar-se a situações de restrição e/ou privação, mantendo a
eficiência.

SENSIBILIDADE - capacidade de perceber e compreender o ambiente, as características e


sentimentos de pessoas e/ou grupos, buscando atender aos seus interesses e necessidades.
SOBRIEDADE - capacidade de agir com austeridade em relação a hábitos, costumes e procedimentos
na vida particular e profissional.
SOCIABILIDADE - capacidade de estabelecer interação com as pessoas propiciando um ambiente
cordial.
TATO - capacidade de lidar com as pessoas sem ferir suscetibilidades.
TOLERÂNCIA - capacidade de respeitar e conviver com idéias, atitudes e comportamentos diferentes
dos seus.ZELO - capacidade de cuidar dos bens móveis e imóveis que estão ou não sob sua
responsabilidade.
2-3. ALGUMAS VIRTUDES MILITARES
“A VIRTUDE é a qualidade do que se conforma com o considerado correto e desejável, seja
do ponto de vista da moral, da religião, do comportamento social ou do dever.”
"As virtudes perdem-se no interesse como as águas do rio se perdem no mar."
La Rochefoucauld
"A virtude é difícil de se manifestar, precisa de alguém para orientá-la e dirigi-la. Mas os vícios
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são aprendidos sem mestre." Sêneca
"A virtude é mais perseguida pelos maus do que amada pelos bons." Miguel de Cervantes
A ética da virtude é preocupação do ser Humano desde há muito tempo. Centra-se no agente moral
que é a pessoa responsável pela decisão de como aplicar os princípios morais gerais às situações
específicas para alcançar os resultados desejados afetados, por isso, pela integridade e competência
do mesmo.
Segundo Aristóteles existem dois tipos de virtudes: as virtudes do Pensamento e as do Carácter. Das
primeiras, Dianéticas, porque se ensinam pela instrução, fazem parte a Sophia (saber) e a Phronesis
(sabedoria). Estas virtudes são também conhecidas como competências intelectuais e incluem o
conhecimento científico relevante; aptidões técnicas e experiência adequadas; a inteligência; a
capacidade de discernimento e bom senso prático. Por outro lado, as virtudes do Carácter são as
virtudes éticas ou competências morais, ou seja, desenvolvem-se através do hábito, da educação e da
prática. Entre elas encontram-se a honestidade, a moderação, a coragem, a justiça, o amor, a
fidelidade, o humor…
Em São Tomás de Aquino, o hábito é uma qualidade auto-adquirida e livremente desenvolvida que
facilita e aperfeiçoa a ação e, consequentemente, o próprio Homem.
Mas, o que são, então, virtudes? A noção grega de virtude estava relacionada com força moral,
enquanto o vício se relacionava com fraqueza moral. Pelo que, as virtudes estão relacionadas com a
procura da excelência e a aquisição do conhecimento do ser. Assim, o modelo de virtude de Platão e
Aristóteles era constituído pela excelência do desenvolvimento físico, a mestria nas aptidões e no
equilíbrio e a obtenção de um desempenho excepcional.
“A virtude significa uma fortaleza moral da vontade” (Immanuel Kant (1724-1804)). Esta definição de
virtude de Kant vem de encontro à definição que Platão e Aristóteles defendiam. Ao concordar com esta
definição de virtude, estou a considerar que a virtude depende de nós e nos torna fortes pela procura
que nos obriga a fazer desse ideal.
Davia Hume (1711-1776) considera que os costumes são o grande guia da vida humana. Tendo como
base que as virtudes se podem desenvolver pela prática, sendo, por isso, costumes ou hábitos, posso,
então, inferir que a vida humana tem como suporte as virtudes. Assim, estas têm uma importância
extrema no relacionamento entre os seres humanos, ou seja, em sociedade. “Depois da morte, as
virtudes e boas ações têm a sua recompensa e as más ações o seu castigo.".
Em “Utopia”, de Thomas More, na descrição da forma de vida dos utopianos, é enunciada uma
definição de virtude: “Viver conforme a Natureza, e para isso Deus nos destinou.” Ora, o Homem que
vive conforme a Natureza é aquele que se orienta pela razão que, tanto nos leva ao amor e à adoração
de um ser superior, como nos ensina e incita a viver alegremente, evitando as tristezas. Isto leva-nos à
ajuda ao outro e ao desenvolvimento de relações interpessoais baseadas no que é correto ou não
numa sociedade. Assim, viver conforme a Natureza leva ao seguimento de certas normas sociais que
se podem converter em virtudes pessoais.
Poder-se-á, assim, concluir que a virtude se trata de um hábito do gênero “qualidade” que se pode
aperfeiçoar e que consolida as potências do homem conferindo capacidade e facilidade de bem agir.
Não se trata de extremismo, tanto por excesso, como por defeito, mas de um meio-termo que provém
da vontade própria e implica o exercício da liberdade. Apesar de se dizer que a virtude está no meio,
não se pode considerá-la como uma simples média, mas sim um pico de qualidade entre dois abismos
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de erro.
Existem numerosas virtudes que se relacionam entre si tornando virtuosa a própria vida. Entre as
virtudes morais são constantemente destacadas as virtudes cardeais: a prudência, considerada a
virtude-mãe por ser instrumental e a base de todas as outras; a justiça; a fortaleza ou coragem e a
temperança ou moderação que pode ser descrita como sendo a prudência aplicada aos prazeres. Estas
quatro virtudes são consideradas as principais por serem os apoios à volta dos quais giram as demais
virtudes.
Segue abaixo, algumas Virtudes Militares. Virtudes e deveres são inseparáveis.
CORAGEM : É a virtude que faz com que o soldado despreze o perigo, face a imposição de bem cumprir
o dever militar custe o que custar.
BRAVURA: É a que caracteriza o soldado valente, intrépido, impetuoso, arrojado e que se distingue da
coagem por ser fruto de temperamento pessoal.
CAMARADAGEM: É a que caracteriza o elevado sentimento da fraternidade e de afeição que cada
soldado deve cultivar em relação aos demais soldados.
SOLIDARIEDADE: Ë a que impele os soldados a se auxiliarem mutuamente.
ABNEGAÇÃO: Ë a que sustenta o soldado no cumprimento do dever militar, a despeito das
aversidades, sacrifícios e privações a que for submetido.
HONRA MILITAR: Ë a que leva o soldado a cumprir conscientemente o dever militar que lhe foi
imposto. Ë a religião da Disciplina Consciente.
INICIATIVA: É a que impele o soldado, numa emergência, a agir com consciência e reflexão para dar
com a maior presteza e, sobretudo com oportunidade, a solução adequada exigida para o caso. Ela é
importante em campanha!
DEVOTAMENTO: É a que impele o soldado a fazer sacrifícios e a padecer privações em benefício da
segurança de sua pátria e de seus compatriotas e camaradas.
MORALIDADE: É a que impõe ao soldado, não só o cumprimento das leis e regulamentos e normas,
como ir além, cumprindo os ditames da moral social.
AMOR E ORDEM: É a que impõe ao soldado apresentar-se bem em todas as atividades profissionais e
sociais. Por exemplo, bem fardar-se!
PONTUALIDADE: É a que impõe ao soldado o cumprimento fiel a tempo e a hora das ordens
recebidas e das obrigações decorrentes.
PRESTEZA: É a que impõe ao soldado consciente que ele cumpre no menor espaço de tempo e na
melhor forma possível as ordens recebidas, dando ciência a quem as deu de que foram cumpridas.
DECORO MILITAR: É a que impõe ao soldado boa conduta e educação civil e militar.
2-4. A PROFISSÃO SOLDADO – VIRTUDES INERENTES
Como as demais funções sociais, a profissão militar possui sua escala de valores ou axiológica
específica, traduzida por virtudes militares.
Como qualidades morais, elas impelem o soldado a cumprir seus deveres para com a sua pátria,
com o mais elevado grau de obediência e respeito à Hierarquia e à Disciplina, vigas mestras de
todas as instituições militares, os sustentáculos dos ordenamentos jurídicos a que servem .
Elas desenvolvem o espírito militar do soldado, ao ponto dele encontrar forças em seu íntimo, para
dar a sua vida, se preciso, em defesa do Brasil.
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As virtudes militares são predicados morais indispensáveis ao eficiente exercício da profissão
soldado, fazem parte da instrução moral do soldado e devem ser ministradas como por meio do
exemplo dos superiores hierárquicos (Chefes da Instrução e Instrutores) .
Estudiosos do assunto mencionam de como a insistência do ensino e cobrança destas virtudes em
todos os níveis, numa instituição militar, bem como a sistemática emulação e destaque aos soldados
que as praticam, resultam em grande eficiência operacional de uma tropa militar considerada.
Outros consideram as virtudes militares como a base da infra-estrutura educacional
militar.
Convém pois a chefe militar em todos os níveis verificar como estas virtudes são conhecidas entre
seus comandadas ou se estes cederam a prática e culto de valores estranhos ao da profissão
soldado.
Considerar, que a assimilação de valores como sentimento do dever, autoconfiança, auto-estima,
persistência, espírito de sacrifício e o culto à verdade, lealdade, probidade e responsabilidade,
suprirão as possíveis deficiências do ensino nas áreas cognitiva e psicomotora.
Daí, a necessidade de incutir nos Monitores e Atiradores os valores éticos, morais e profissionais,
buscando técnicas efetivas no processo ensino-aprendizagem, que não fiquem restritas a palestras.
O sentimento do dever assim incutido fará o Monitor e o Atirador refletir sobre o assunto,
recordando os assuntos dos Atributos da área Afetiva, ministrados por você no Tiro-de-Guerra,
sempre que se fizer necessário.
Por outro lado, você participará do molde do seu futuro caráter com valores imprescindíveis ao
futuro cidadão, sabendo-se que o caráter é uma disposição interna particular, um "ânimo", uma
"alavanca" (força) capaz de remover todos os obstáculos que se opõem à evolução como cidadão.
Mas como iniciar a formação do caráter militar (FC)?
A composição do caráter militar inclui fatores inatos e fatores adquiridos que se apresentam como
atitudes de aceitação de valores julgados importantes para o Exército Brasileiro; esses fatores,
portanto, devem ser consolidados ou desenvolvidos sob a influência do ambiente do Tiro-de-Guerra,
bem como do correto relacionamento entre companheiros e entre superiores e subordinados.
Os instrutores devem ter presente que a instrução, o exemplo, o permanente acompanhamento e a
preocupação de convencer, persuadir, motivar, devem obter a conscientização necessária para iniciar
a formação e o desenvolvimento do caráter militar do atirador, de vital importância para a eficiência da
própria Organização. Os OII da área afetiva (atributos) estão diretamente relacionados com este
objetivo.
CAMARADAGEM
A camaradagem, como a entendemos e praticamos na vida militar, é, de fato, mais do que a
"convivência agradável" ou o "procedimento de amigo" dos dicionários.
É a virtude que nos permite fazer: do quartel, um segundo lar; dos superiores, pares e subordinados,
uma verdadeira família; das ligações profissionais, os laços fortes da união; da convivência diária, a
fraternidade.
O lar bem formado e a família unida e fraterna são o berço e a escola da camaradagem. O filho que
respeita e estima seus pais estimará e respeitará, naturalmente, seus superiores hierárquicos quando
deles receber atenção, conselho, apoio, estímulo e até reprimenda verdadeiramente paternais.
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Aquele que vive no lar em harmonia com seus irmãos, feliz por promover a concórdia e por desfrutar
dessa convivência fraterna, desejará e conseguirá, facilmente, ter, em cada um de seus pares, um
verdadeiro irmão.
O chefe que se imbuir da responsabilidade paternal no trato com seus
subordinados, orientando, incentivando e corrigindo com severidade justa e bem intencionada –
que não exclui a afabilidade, a compreensão e o bom humor – estará tornando o lar e a família
paradigmas da camaradagem e cumprirá mais fácil e prazerosamente seu dever e suas missões.
O conforto espiritual que encontramos na casa de nossos pais e o apoio moral que a família sempre
nos empresta estão, também, no quartel, ao nosso alcance. A solidariedade, a compreensão, a
generosidade, a franqueza e a estima dos verdadeiros amigos são bens preciosos e bastante
acessíveis.
Para alcançar tudo isso, para ter acesso a esses benefícios, a chave é uma só: a camaradagem,
que é atitude de reflexos positivos para o indivíduo, para a família militar e para a Instituição.
Todos devem praticá-la sem inibições.
2-5. A UNIÃO - ESPÍRITO DE CORPO
Como um forte sentimento coletivo, a união foi uma seqüela dessa aproximação afetiva espontânea
e harmônica entre Soldados. Os integrantes de uma mesma organização militar, em qualquer nível
que fosse considerada, se sentiam congregados por seus pesados sofrimentos, por suas intensas
angústias, por seus constantes riscos, por seus sucessos retumbantes ou trágicos fracassos, por
suas atividades singulares e, em suma, por seus destinos marcados por essas exagerações no
decorrer de suas vidas dominadas por intensas emoções.
Além disso, sentiam o valor coletivo que obtinham com a força de suas armas e com a capacidade
de combater com elas.
Seus líderes ficavam, igualmente, contagiados por essa união e porfiavam em merecer a confiança
de seus Soldados - e estes estimulados a os seguirem. A união os incitava a esse comportamento.
Desenvolviam-se, desse modo, fortes laços psicológicos entre todos os combatentes de
determinado agrupamento cuja debilitação, mesmo em caso de insucesso militar, se tornava tão
mais difícil quanto mais denso fossem esses liames centrípetos.
Transformava-se, na prática, num vigoroso espírito coletivo de difícil reversão capaz de sustentar a
organização militar e desenvolver outros sentimentos importantes dentro dela - o espírito de corpo,
na designação universal de hoje.
Muitas vezes referido pela expressão francesa "ésprit de corps" - que lhe dá um certo ar de coisa
importada, afetada, estranha, suspeita, antipática -, o espírito de corpo é de ordinário interpretado,
aqui e alhures, como uma manifestação do corporativismo exacerbado de cada uma das forças
singulares - força terrestre, força naval e força aérea.
Algo ruim, voltado para privilégios e vantagens, além de uma atitude de defesa imediata, proteção
reflexa, de militares dessas corporações que estejam envolvidos com acusações, em quaisquer
situações e independente das circunstâncias.
Essa generalização, em cujo bojo há um precipitado juízo de intenções, coloca sob desconfiança, a
priori, a administração da justiça militar e as investigações internas que a precedem.
Um importante jornal brasileiro de circulação nacional publicou em sua principal nota editorial de
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quatro de janeiro de 2000, sob o título "Um momento grave", um texto que alertava seus leitores
para o que definia como um perigoso surto de autoritarismo - do espírito de autoritarismo, como
definiu o editorialista.
Como indícios que respaldavam a preocupação do título, reportava-se, entre outros fatos, à
truculência de militares da Polícia do Exército contra dois jornalistas na noite de 31 para primeiro de
janeiro de 2000, em festa oficial no Forte de Copacabana, Rio. Ao final do comentário referente a
essa agressão, concluía "(...) Até agora o major que comandava o grupo (de agressores) da PE em
serviço no local não deu uma palavra, parece protegido por uma cortina de
"ésprit de corps", o mesmo espírito que costuma impregnar esses IPMs e toda a Justiça
Militar.".
A crítica maliciosa e, ela sim, corporativa na defesa intransigente de seus jornalistas, expressa bem
a opinião e a mensagem da mídia brasileira sobre o assunto.
É, contudo, possível distinguir o sentimento coletivo de espírito de corpo, legítimo como um
distintivo militar, da atitude coletiva corporativa, espúria, eventualmente identificada entre Soldados.
Os comandantes-líderes empenhados na formação do caráter profissional de seus homens precisam
atentar para o desenvolvimento e consolidação desse sentimento, sem desvirtuações, nas unidade
militares de combate terrestre, em todos os níveis.
Deve ser um suporte psicológico coletivo que sintetize os valores que justificam a guerra e se
transfaça em orgulho do agrupamento de combate considerado e certeza de sua qualidade
guerreira.
O espírito de corpo é, por isso, o sentimento mais forte e psicologicamente mais objetivo para que
o combatente supere as tensões, os medos e as incertezas do combate.
É, também, a chave para que a conexão de liderança militar funcione,
Para desenvolvê-lo fora de uma situação de guerra ou de sua expectativa, no entanto, é
imprescindível que esse traumático evento continue sendo a grande inspiração. Nas rotinas normais
da instrução militar cujo desafio é a capacidade para imitar o combate - qualificação individual e
adestramento dos diversos agrupamentos operacionais
- o espírito de corpo precisa ficar vinculado à organização de guerra, da pequena fração de combate
à grande unidade, ao orgulho de integrá-la e, particularmente, à certeza de superar com ela, com seus
camaradas, quaisquer dificuldades como força militar aplicada.
Algo ligado ao sacrifício e ao empenho do combatente dentro do agrupamento que as circunstâncias
de emprego o fizerem considerar.
Pode ser seu Tiro-de-Guerra com seu Chefe-líder, sua subunidade com seu capitão, seu batalhão,
sua brigada ou sua divisão.
Até esse nível é possível, segundo a qualidade do comandante-líder, desenvolver o espírito de corpo
com relativa facilidade ligando-o à tradição militar e, como força galvanizadora imediata - justamente o
sentido prático desse sentimento - ao esforço que será iniciado, que está sendo feito ou que poderá
sê-lo.
A falha na instrução militar, mais comum do que seria desejável, deixa de desenvolvê-lo com esse
sentido de distintivo, de suporte para a ação, permitindo que se transmude para uma atitude
corporativa.
O impulso centrípeto de união entre homens uniformizados, sujeitos a esforços e rotinas
semelhantes, sem o combate ou a alusão permanente desse evento trágico, falto de foco e deixado
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ao azar, resulta efetivamente em corporativismo.
O corporativismo entre Soldados, dessa forma, é o resultado do poderoso e espontâneo impulso de
união liberado para produzir um fenômeno anímico grupal que não interessa à instituição de guerra
Fora da estrutura de combate propriamente dita, como Soldados do Exército Brasileiro, por exemplo,
ou, mais genericamente, como integrantes das Forças Armadas, sem a energia concentrada pelo
enquadramento nos agrupamento de emprego e sem o envolvimento direto de seus comandantes-
líderes, há, também, o perigo dos Soldados desenvolveram essa atitude corporativa tão execrada
pela imprensa mundial.
O poeta inglês Robert Graves afirmou em suas memórias da Primeira Guerra Mundial que "nas
trincheiras, o patriotismo era um sentimento por demais remoto".
A camaradagem (a abordaremos em seguida) e o espírito de corpo podem, como fortes
sentimentos envolventes e dominantes, criar algo "que o combatente valorize mais do que a
própria vida: sua reputação como homem, entre outros homens".
Perdidos seus suportes externos; não reconhecidos nos seus sacrifícios; abandonados face a um
destino trágico; assaltados por dúvidas relacionadas com a guerra na qual estejam envolvidos, mesmo
assim, encontrarão forças dentro de seu agrupamento de combate: "Por que?" – uma indagação que o
Soldado nessas circunstâncias faria a si mesmo – "porque estou aqui e isso é o que devo fazer junto
com meus camaradas! Todos esperam isso de mim!".
O espírito de corpo prevalecente é um suporte capaz de reanimar o espírito combatente ou manter
sua chama dentro de uma força armada. É uma consciência que, também, não esmorece.
Tomamos conhecimento, ao longo dos anos, de reuniões de veteranos de guerra no mundo inteiro.
Encontros assim genéricos podem ser manifestações simplesmente corporativas.
Reuniões de velhos Soldados, cheios de lembranças das agruras de campanha, exintegrantes de
unidades com passado de glórias e de lutas são, certamente, manifestações do imorredouro espírito
de corpo.
Como afirmamos, é preciso cuidado durante a formação do caráter dos Soldados. O sentimento de
união e orgulho que nutrirem pelo seu agrupamento de combate, como um suporte psicológico
coletivo, não se confunde com a eventual atitude meramente corporativa de militares considerados
fora desse enquadramento profissional.
É fácil distingui-los. Os desatentos para a sociologia militar ou, mais comum, desinteressados e mal
intencionados, os confundem.
2-6. LEALDADE
A lealdade é uma das mais belas virtudes, consiste em proceder com franqueza e sinceridade,
mantendo fidelidade aos compromissos assumidos.
Essa virtude que representa a capacidade de fidelidade às pessoas, grupos ou instituições, em
função dos valores que defendem e representam, deve ser horizontal e vertical, e demonstrada por
atitudes para com seus iguais, superiores e subordinados.
Custe o que custar, os militares devem ser sempre sinceros nas suas afirmações e leais no seu
modo de proceder.

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A Organização Militar sobrevive com base no respeito a seus compromissos. Na franqueza. Na
lealdade. É preciso cultivar a lealdade que aproxima os homens: OS SOLDADOS.
2-7. RESPONSABILIDADE
A conduta humana é consciente, o que significa que o homem, em estado mental perfeito, age de
acordo com a sua própria vontade, é dono de seus atos e tem o livre arbítrio de dirigir a sua ação em
determinado sentido e não em outro.
Na liberdade da ação humana, cujo antecedente é a vontade autônoma do ser pensante, funda-se a
Teoria da Responsabilidade. O homem faz o que quer e sabe o que faz. Encontramos, de saída, a
responsabilidade como um estado direto da ação consciente do ser humano. Como num processo, a
ação desencadeia estados e um desses estados é o da responsabilidade.
O ato de criar é também um ato de responsabilidade. Criar é tornar real algo que não existe. Pode
ser uma idéia, pode ser uma coisa, pode ser uma pessoa. Ao criar, o criador torna-se autor. Torna-
se também responsável por aquilo que criou. E, assim, encontramos diversos estados de
responsabilidades imputáveis ao ser humano. Essa é uma característica própria do ser humano. É
também uma característica própria de determinados seres humanos.
Mais que um estado, a responsabilidade também transcende ao tempo. A sabedoria que se adquire
a partir da evolução do conhecimento, nos ensina e nos faz enxergar além do horizonte do tempo.
Ainda como desdobramento da Teoria da Responsabilidade, o homem adota atitudes preventivas
como se tivesse absoluta certeza das conseqüências de certos atos ou das conseqüências de
determinadas omissões.
Assim age o autor de ideais, o autor de livros, o autor de livros didáticos. Eles procuram delinear a
trajetória entre a ignorância e o saber. Assim age também o pai. Procura apresentar, oferecer, dar as
melhores alternativas para que a sua cria seja dotada de todas as qualificações que o tornam
absolutamente preparados para enfrentar todos os desafios que a vida prepara, meticulosamente,
para cada um de nós.
Da mesma maneira, as enfermeiras aplicam as vacinas. Não que a criança já tenha alguma
enfermidade. Não que a criança venha a ter alguma enfermidade. Talvez nunca as tenha. É um ato
preventivo. Uma ação positiva, um recado, um sinal. É como se desejássemos “Boa Sorte”. Numa
longa jornada, nunca saberemos, a priori, quais serão as verdadeiras conquistas, quais serão os
verdadeiros obstáculos. Nem teremos também o privilégio de conhecermos, antes, o real objetivo da
viagem.
Devemos estar preparados. Devemos, talvez, até provocar o imponderável para que as virtudes e os
defeitos de nossa caminhada se apresentem com maior clareza, límpida e nítida. Em todos esses
momentos e também em todos esses instantes dessa nossa longa e também curta jornada, uma
coisa é constante: A nossa responsabilidade.
Por fim, lembremo-nos da frase dita por Antoine de Sait-Exupéry: “Você é responsável pelo que
cativa”.

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2-8. VOCAÇÃO

A primeira das virtudes que se espera encontrar em um soldado profissional é a vocação. Ela é a
inspiradora, guia e guardiã das demais virtudes militares, tão caras quão necessárias aos que se
dedicam a uma carreira que, longe de ser um mero emprego ou ocupação, representa um ofício
absorvedor, sempre a exigir integral devotamento.
A palavra vocação tem sua origem no vocábulo latino "vocatione", com acepção de chamamento e
predestinação. A vocação, evidentemente, não pode ser considerada uma qualidade
especificamente militar. Ela é comum a toda atividade humana e surge como um pendor, uma
aptidão inata, um chamamento – como sugere sua etmologia – para o exercício de determinada
profissão.
A vocação é, para o homem, tão antiga quanto a própria história de sua organização social. Com
efeito, desde a primeira necessidade de divisão do trabalho, nascida nas sociedades mais primitivas,
cada grupo foi levado a assumir as tarefas para as quais possuísse pendor, ditado por suas
inclinações físicas ou psicológicas.
Toda profissão, não importa qual seja sua natureza, encerra desafios e dificuldades que jamais
serão transpostos sem algum custo. É a vocação que determinará a possibilidade de se chegar, com
tranqüilidade, além dessas barreiras.
O militar, mais do que outro, necessita de vocação para resistir não apenas às dificuldades casuais
como, também, para enfrentar, com espírito forte, as durezas próprias de seu ofício. E isso ocorre
desde os primórdios da humanidade.
O primeiro chamamento, a primeira aptidão e, portanto, a vocação pioneira do homem foi a luta pela
sobrevivência.
Foram lições de vida, foram milênios de evolução em que o homem teve a vocação militar como
fonte inspiradora de seu aprendizado.
Ainda hoje, o militar vigia, guarda, defende e ataca. Ainda hoje, empunha armas, entra em combate
e arrisca a vida. Para assumir estas responsabilidades e desencadear estas ações é imprescindível
estar seguro de sua vocação.
O militar não faz quaisquer votos de privação, mas sabe, desde o primeiro dia, que muitas vezes
estará longe da família e jamais conhecerá a riqueza.
A dureza dos exercícios, as guarnições longínquas, as noites de serviço, o desconforto dos
acampamentos e o rigor disciplinar são bem assimilados, mas provocam, em outras pessoas, a
sincera pergunta "como é possível que alguém suporte tais dificuldades da vida militar ?"

São dúvidas de quem não conhece o autêntico soldado, fortalecido e impelido pela poderosa
energia vocacional.
2-9. BOM SENSO
É a qualidade de quem sabe evitar a ação inconveniente, a decisão inoportuna, o risco
desnecessário, o desperdício condenável, a tentativa cega, o "passo maior que a perna".
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A sabedoria popular nos ensina: "Mais vale um pássaro na mão do que dois voando"; "Vem mais
apressado o perigo desprezado"; "A carga bem se leva, a sobrecarga
causa a queda"; "Dois proveitos não cabem num saco só"; "Ao morder, veja com atenção se é pedra
ou pão"; e "Neste mundo, quem facilita vai para o fundo".
Desperdícios, riscos e acidentes — males especialmente indesejáveis para o Exército
— são causados, quase sempre, por decisões impensadas. A sensatez ajuda a evitá-los.
Água, combustível, munição e ração constituem suprimentos preciosos e, freqüentemente, críticos
para qualquer força, notadamente em campanha. São incontáveis os momentos, as situações e
tarefas em que é indispensável agir com atenção, cuidado e responsabilidade para evitar a perda ou o
desperdício. É impossível prever cada caso e especificar os cuidados necessários. Com bom senso,
cada um encontra a solução satisfatória.
Os riscos também podem ser minimizados com o uso desta virtude. Ela não só afasta a imprudência e
a afoiteza, como também indica a hora certa para agir, a conveniência de revelar-se ou não ao
inimigo, a técnica adequada, o caminho mais seguro. Em suma, a linha de ação mais viável.
Não há reservatório ou aparelho produtor de bom senso a que se possa recorrer em caso de
necessidade. Esse atributo é como o condicionamento físico: tem de ser adquirido dia-a-dia. Para
isso, uma providência recomendável é acercar-se dos que são reconhecidos como mais sensatos e
experientes.
É de bom senso que cada um conheça bem os aparelhos, equipamentos, as ferramentas, máquinas
e os veículos com que trabalha. Um soldado de bom senso buscará conhecer bem esses materiais e
nunca deixará de seguir as normas ou de tomar as precauções recomendadas na instrução.
Um superior de bom senso fará com que seus subordinados observem esses procedimentos e não
conferirá autonomia a homens que ainda não estejam nessas condições.
2-10. A EDUCAÇÃO MILITAR E A FORMAÇÃO DO VERDADEIRO SOLDADO- CIDADÃO
Os jovens de hoje são, sem sombra de dúvida, bem diferentes daqueles de há algumas décadas. O
contraste inicia-se pela família, continuando pelos conceitos morais, hábitos de vida,
desenvolvimento tecnológico, a mídia, dentre outros.
O estudante das décadas de 40, 50, 60 e 70, pobres, remediados ou ricos, em sua grande maioria,
possuía uma família coesa, com intensa convivência e de hábitos e conceitos morais sólidos.
A união e o apoio mútuo selavam a vida familiar. A EDUCAÇÃO apoiava-se no LAR e na ESCOLA,
cada qual exercendo, com responsabilidade e adequadamente, seus deveres e funções.
O quadro não se repete com a juventude de hoje. Qualquer que seja sua condição social, os
rapazes e as moças não têm a segurança dos jovens de antanho.
Em nossos dias, as condições de vida estão muito modificadas. Os encontros familiares são
raros e fugazes, não havendo coesão nem intensidade na convivência. Os conceitos morais e
hábitos de vida tornaram-se muito elásticos, permissivos e excessivamente indulgentes. Nessas
condições, o jovem fica solto, entregue às fantasias de sua mente
inquieta, estimulada por toda sorte de divertimentos, atrações e outras atividades nem sempre
recomendáveis.

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Em conseqüência, ele rejeita e não se submete ao pouco e escasso convívio familiar que lhe resta. E
é desse modo que ele chega ao novo habitat – o Tiro-de-Guerra, onde a grande maioria passa a ter
mais um lar – O LAR VERDE-OLIVA.
Por que novo lar? Ainda que pareça incrível, o novo soldado encontrará no Tiro-de- Guerra um
ambiente familiar que para muitos melhor que em sua própria casa.
Considerando que ele adentrará num mundo completamente diferente daquele em que vivia,
imaginem o que passará por sua mente! As contradições são evidentes. Sua escala de valores está
rigorosamente “virada de cabeça para baixo”; hábitos e condutas que para ele não existiam passam a
ter importância fundamental:
obediência a horários, cuidados com a higiene, com os uniformes, com a apresentação,
com a obrigação de manter limpo e arrumado o ambiente em que vive; respeito aos
companheiros, acatamento às diferentes normas que regem a Instituição, assunção de
responsabilidades perante si mesmo, seus colegas e seus superiores hierárquicos.
Esse agora é o seu NOVO MUNDO!
Grande batalha desenvolve-se no íntimo dos Monitores e Atiradores. Cabe ao Chefe da Instrução e
aos instrutores ajudá-los a absorver os novos conhecimentos e condutas e a incorporar a nova
hierarquia de valores, condutas e procedimentos.
Os jovens são perspicazes e muito sensíveis. Eles sentem quando há alguém que se preocupa com
eles e os faz alvos de sua atenção.
As atividades no Tiro-de-Guerra leva, naturalmente, à conquista de novas amizades, à participação no
grupo, iniciando-se, assim, a formação do espírito de corpo.
O respeito e a amizade despertados pelos superiores, decorrentes de procedimentos justos e
imparciais, não nivelando por baixo, premiando os bons e punindo os maus, calam profundamente no
espírito dos discentes.
Eles passam a crer em alguma coisa mais consistente, em algo que não conheceram em sua vida
escolar anterior e, muitas vezes, nem em sua própria casa.
As primeiras semanas do Atirador são primordiais no prosseguimento do aprendizado, o caráter do
futuro CIDADÃO é forjado, tendo a disciplina, a lealdade, a dedicação e a renúncia como algumas das
qualidades que deverão merecer atenção especial.
- A DISCIPLINA: é a virtude que ensina a obedecer às ordens. Ela traduz uma escala de
valores, na qual subordinados e superiores hierárquicos são submetidos aos mesmos preceitos
regulamentares.
- SUPERIORES HIERÁRQUICOS: são aqueles que ordenam, por estarem acima na escala de
postos, mas que também obedecem. Trabalhando em conjunto, superiores e subordinados constroem
e servem, visando ao cumprimento do dever.
- LEALDADE: é a sinceridade da alma amiga, que não esconde nos subterfúgios da mentira as
traições aos ideais.
- DEDICAÇÃO: é o afinco no cumprimento do dever, é o zelo na execução da tarefa, é o amor
ao trabalho.

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- RENÚNCIA: é a abdicação de facilidades no cumprimento do dever. Ela exige do atirador grande
abnegação. Esse sacrifício leva ao heroísmo, desprendimento manifestado ao colocar-se, decididamente,
ao lado da satisfação do dever cumprido.
Quando o chefe e o instrutor conseguem fazer com que os conceitos enunciados sejam devidamente
assimilados, absorvidos e incorporados à mente e ao caráter do atirador, terão atingido plenamente o
grande objetivo:
 a formação do verdadeiro SOLDADO-CIDADÃO, pois estarão formando HOMENS, que
porão a vontade, a lei e a razão como paradigma de sua conduta, conseguindo, pelo exemplo, cultivar
a disciplina, a lealdade, a dedicação e a renúncia.
 Só então a missão de educar terá atingido seu objetivo.
"SE": E só então será teu todo este vasto mundo
Com tudo que ele encerra,
E o que é mais, muito mais, um Homem Tu, meu
filho, um Homem tu serás!
Kipling,
2-11. CRENÇAS E VALORES
A ética militar é o conjunto de regras ou padrões que leva o profissional militar a agir de acordo com o
sentimento do dever, dignidade militar e decoro da classe.
As crenças, são, suposições ou convicções julgados verdadeiras a respeito de pessoas, conceitos ou
fatos.
Os valores representam o grau de importância atribuída, subjetivamente, a pessoas, conceito ou fato.
Não são inatos e, sm, aprendidos, variando de acordo com a sociedade, a cultura ou a época. Não
podem ser vistos nem ouvidos mas, apesar disto, são reais, influencias de modo consciente ou
inconsciente de comportamento e guiam o indivíduo ou grupo.
Cooperação: No relacionamento com pares e superiores.
É a capacidade para contribuir espontaneamente para o trabalho de alguém ou de uma equipe.
Autoconfiança: No relacionamento com pares e superiores e , sobretudo, nos comportamentos
individuais que vão evidenciar atitudes positivas em diferentes circunstâncias. Capacidade de demonstra
segurança e convicção nas próprias reações diante de dificuldades. É a certeza de ser bem sucedido, a
autoconfiança e demonstrada pela aparência pela voz, pelo entusiasmo.
Persistência: Durante o cumprimento das missões que lhes forem atribuídas constante no seu
processo de aprendizado individual e coletivo.
Capacidade de manter-se em ação continuamente, a fim de executar uma tarefa, vencendo as
dificuldades encontradas até concluí-las. É a perseverança para alcançar um objetivo, apesar de
obstáculos aparentemente insuperáveis. Depende uma grande determinação e força de vontade.
Iniciativa: Durante o cumprimento das missões que lhes forem atribuídas e em outras ocasiões que
porventura ocorram.
Capacidade de agir face a situações inesperadas, sem depender de ordem ou decisão superior. É a
habilidade para, rapidamente, mobilizar-se ao grupo, no sentido atingir as metas estabelecidas, sem
aguardar deliberação ou determinação dos chefes.
Coragem: Durante os exercícios nos campos, nas realizações de pistas de combate e em outras
situações.
Capacidade para controlar o medo e continuar a desempenhar com eficiência a missão, para agir de
forma firme e destemida, diante de situações difíceis e perigosas. A coragem se apresenta sob duas
formas.
1- Coragem física: Superação do medo ao dano físico no cumprimento do dever.
2- Coragem moral: Defesa dos próprios valores, princípios morais e convicções.
Responsabilidade: Durante o cumprimento das missões que lhes forem atribuídas e na realização de
qualquer outra atribuição.
Capacidade de cumprir suas atribuições, assumindo e enfrentando as conseqüências de suas atitudes e
decisões, é a característica que leva a procurar superar os obstáculos e tomar decisões baseadas na
razão e em princípios morais, com total honestidade, onde baseia-se, integralmente, em um conjunto de
crenças e valores profissionais, que quando determinado, faz cumprir e assume as conseqüências de
todos os seus atos.
Disciplina: Na realização de pistas de combate ou de exercícios no campo.No cumprimento de missões
complexas e difíceis ou em outras situações.
Capacidade de proceder conforme, as leis e normas e padrões regulamentares. Em uma unidade
disciplinada, cada um faz o deve no momento oportuno, refletindo o trabalho de líderes disciplinados que
transmitem aos seus subordinados estas noções através dos exemplos, dos seus próprios padrões e da
instrução.
Equilíbrio emocional: Na rotina diária da OM, e no relacionamento com pares e superiores, quando
estiver atuando numa equipe ou participando de competições.
Capacidade de controlar as próprias reações, para continuar a agir, apropriadamente, nas diferentes
situações, tomando atitudes adequadas e decidir com acerto e oportunidade. É a habilidade para avaliar,
com calma, não deixar se dominar pelas emoções.
Entusiasmo profissional: Capacidade para evidenciar disposição ao desempenho de atividades
profissionais.
Lealdade: é a sinceridade da alma amiga, que não esconde nos subterfúgios da mentira as traições aos
ideais.
Dedicação: é o afinco no cumprimento do dever, é o zelo na execução da tarefa, é o amor ao trabalho.
Renúncia: é a abdicação de facilidades no cumprimento do dever. Ela exige do soldado grande
abnegação. Esse sacrifício leva ao heroísmo, desprendimento manifestado ao colocar-se,
decididamente, ao lado da satisfação do dever cumprido.

2-12. VIRTUDES DE CIDADÃO


Como eu já lhes disse desde o dia 01 de março quando entraram neste Tiro-de- Guerra para
cumprirem um dever constitucional de todo cidadão, as VIRTUDES DE CIDADÃO, são sentimentos
que deve possuir todo homem para ser digno de ser chamado de CIDADÃO.
A nossa vida por si só é muito trabalhosa, cheia de sacrifícios, exigindo muitas vezes bastante esforço
para desempenharmos alguma função. È verdade que esta vida também pode proporcionar um salutar
conforto moral àqueles que dedicam o melhor de seus esforços e toda e qualquer atividade que for
desempenhar. Por isso tudo, o homem investido de dignidade, de honra, de integridade, deve possuir
em seu caminhar as seguintes virtudes de cidadão (militar ou civil):
2-13. SENTIMENTO DO DEVER
O homem deve, mais do que qualquer outro ser vivo, cumprir escrupulosamente os seus deveres, tanto
pela natureza do que lhe é confiado como pela obrigação moral a que não pode fugir como indivíduo
honesto.
Assim tanto no trabalho como de folga, na presença ou longe das vistas de seus chefes ou superiores, o
homem deve zelosamente satisfazer de ser um cidadão, por mais difícil que seja sua tarefa.
Que o temor às penas da Lei, nunca seja o instigador dos seus esforços no cumprimento do dever. Se
por acaso o homem cometer uma falta, com toda fraqueza ou coragem deve assumir os seus atos. Este
decisão de assumir uma falta concorrerá positivamente a seu favor quando for penalizado. O HOMEM
DEVE, EM QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA, MESMO CONTRA SI PRÓPRIO, DIZER A VERDADE.
2-14. FORÇA DE VONTADE
É qualidade poderosa num bom militar, e para que possamos avaliar o valor dessa expressão basta
lembrarmos que QUERER É PODER. Ter força de vontade é possuir uma energia de caráter, ser
perseverante na busca de seus objetivos, saber dominar-se.
2-15. AMOR A ORDEM
Pela sua própria origem, o homem deve ser ordeiro, não provocar ou tomar parte de rixas ou conflitos.
Evitar indivíduos viciados que sejam contra os bons princípios ou costumes; ser contra as casas de
jogos de azar; bares desaconselhados; bocas de fumo, etc.
O homem também deve ter amor e respeito ao grupo a que pertence, respeitando os direitos individuais
considerando as características de cada um.
2-16. MORALIDADE
O homem como parte integrante da sociedade, deve proceder sempre de acordo com os preceitos da
mais rigorosa moral. A honra do homem não está só em sua condição financeira, mas no modo geral
pelo qual se comporta, porque o mau comportamento compromete a própria honra. Assim, desde os
mais íntimos dos pensamentos até o ato mais público e notório, o homem deve se inspirar no mais puro
dos princípios da moralidade. Não deve mentir, não fazer negócios ilícitos, não fazer intrigas, não furtar
ou roubar, não prejudicar ao seu semelhante.
2-17. ABNEGAÇÃO
É o desprendimento de si próprio, em proveito do outro. O homem tem o dever de ser abnegado, pois
além de cuidar-se precisa estar sempre pronto de auxiliar ao seu
semelhante. Ser abnegado em um grupo consiste em estar sempre pronto a sacrificar- se em proveito
da coletividade.
2-18. CORAGEM E BRAVURA
CORAGEM é a força moral que sustenta o homem nas adversidades e privações da
vida.
BRAVURA consiste no predomínio da vontade sobre o instinto de conservação. È a
qualidade irreparável do homem. Naturalmente, o homem é fraco diante do sofrimento e por isso deve
habituar-se a vencer as dificuldades e a desprezar o perigo, reagindo com vontade firme, para não se
deixar arrastar pelo terror. Para ser um verdadeiro CIDADÃO, é preciso antes de tudo, que o homem
possua moral necessária, para resistir as fadigas, privações e perigos impostos pelo dia a dia. O medo, dá
força a covardia, a característica mais feia para a honra de um homem.
2-19. PONTUALIDADE E PRESTEZA
Na nossa vida não há moleza. Hoje em dia tudo deve ser feito rapidamente e no momento marcado. A
rapidez na execução de uma tarefa, facilita a ascensão de qualquer homem a uma carreira vitoriosa. Evite
embromações, faça o que precisa ser feito independente de ordem superior.
É preciso que os compromissos de hora marcada, sejam executados na ocasião certa, sem atraso, nem
adiamento de acordo com o seguinte dilema:
“ANTES DA HORA NÃO É HORA, DEPOIS DA HORA NÃO É HORA, A HORA É NA HORA”
Por isso você mesmo não admita seu atraso de forma alguma, enquanto você dorme na pobreza, o seu
vizinho fica rico estudando e trabalhando.
2-20. DECORO DE CIDADÃO
É o modo digno do homem apresentar-se em público, procurando andar sempre bem apresentado, seja
com seu uniforme de Atirador, com traje civil ou uniforme da firma onde trabalha. Além de se preocupar
com o que veste, deve respeitar as autoridades civis, militares e eclesiásticas, nossos pais, irmãos,
parentes e amigos, às crianças, os idosos, os professores, às Instituições constituídas, os SÍMBOLOS
NACIONAIS ,nossa rua, nosso bairro, nossa cidade, nosso estado e nossa Pátria, não se esquecendo do
grupo a que pertencemos: O TIRO-DE-GUERRA.
2-21. CAMARADAGEM
O EXÉRCITO BRASILEIRO, é uma verdadeira família, em que os superiores podem ser considerados
nossos irmãos mais velhos. O TIRO-DE-GUERRA faz parte desta família e o Chefe de Instrução, pode ser
considerado como pai, conselheiro e orientador do jovem ATIRADOR. Tenha certeza que o Chefe de
Instrução em momento algum pensa em prejudicar qualquer que seja o Atirador, mas sim ajuda-lo a ser
um vencedor.
Ora, numa família deve reinar sempre a disciplina e expontânea subordinação entre seus membros, a
afeição característica da confiança e respeito mútuo, a camaradagem. Tudo isto deve haver no Tiro-de-
Guerra, o bom entendimento entre os funcionários, Atiradores e Chefe de Instrução, praticando a
verdadeira camaradagem no auxílio de um colega necessitado.

2-22. DISCIPLINA
A disciplina é necessária, pois é a base da ordem e do progresso em qualquer fase da vida. O
importância da disciplina está fixada no dístico de nossa BANDEIRA NACIONAL “ORDEM E
PROGRESSO”
A disciplina de um verdadeiro cidadão deve manifestar-se pela observância às prescrições
constitucionais, obediência às Leis do país onde estiver, fidelidade aos seus Chefes e superiores,
consideração e respeito ao seu semelhante.
2-23. RESPEITO AOS SUPERIORES E AO SEU SEMELHANTE.
O cidadão manifesta respeito pelo seus superiores através de:
 Correção de Atitudes
 Respeito
 Fidelidade
 Camaradagem
 Discrição
 Cumprimento de Ordem
 Falar Sempre a Verdade
O militar manifesta respeito ao superior hierárquico através de:
 Pela continência
 Pela precedência
 Pela maneira e atitude e que se apresenta
 Pelo cumprimento exato e imediato de suas ordens

O Superior, se faz respeitar principalmente pelo seu correto procedimento em sua vida profissional e
particular.
Entre os homens, sejam eles militares ou civis deve haver sempre respeito, podendo ser camaradas
entre si, quando brincar, que sejam brincadeiras sadias, evitando porém ofensas e brincadeiras de mau
gosto que figure atitudes discriminatórias de qualquer espécie.
2-24. DIREITOS E DEVERES DO ATIRADOR (CIDADÃO)
a. Direito ao uniforme durante o ano letivo.
b. Contagem de tempo de serviço para aposentadoria no final do ano letivo.
c. O exercício da função correspondente à sua graduação.
d. Exercer a função de graduado se for mobilizado e tiver realizado o Curso de Formação de Cabos
com aproveitamento.
e. A reforma com proventos correspondentes, na forma da Lei.
f. Julgamento em foro especial nos delitos militares.
g. Só em caso de flagrante poderá ser preso por autoridade policial militar ou civil.
h. Se for preso por autoridade policial militar ou civil, deverá ser entregue imediatamente à
autoridade militar do Exército, Marinha ou Aeronáutica, sem prejuízos de outras penalidades legais.
i. É vedado à autoridade policial militar ou civil que efetuar a prisão de um militar de uma Força
Armada, conservá-lo em seu poder, maltratando-o de deixando maltratá-lo.
j. Assistência médica hospitalar quando sofrer acidentes em atividades de serviço.
k. Estudar e trabalhar nos horários fora das instruções no TG.
l. Aos benefícios oferecidos pelo Poder Executivo constantes do Termo de Convênio assinado em o
Estado-Maior do Exército e a Prefeitura Municipal, para o funcionamento do TG naquela cidade.
2-25. DEVERES DE TODO CIDADÃO
a. Cumpre a todo cidadão, obedecer às Leis e aos Regulamentos em vigor, bem como as ordens e
instruções de seus superiores e autoridades civis e militares.
b. Praticar as virtudes e deveres cívicos inerentes a todo cidadão.
c. Cumprir e fazer cumprir as disposições legislativas do país onde estiver.
d. Dedicar-se ao exercício de sua profissão.
e. Demonstrar coragem, caráter, firmeza e decisão em todos os atos e situações.
f. Tomar iniciativa, logo e sempre que as circunstâncias exigirem.
g. Aperfeiçoar suas qualidades morais e elevar o nível de seus conhecimentos e de sua
competência profissional.
h. Respeitar o credo religioso de seu semelhante.
i. Revelar sentimento e desterros de responsabilidade.
j. Ser leal em todas as circunstâncias.
k. Ter profundo sentimento e espírito de camaradagem.
l. Demonstrar máximo zelo na conservação e preservação do material que lhe for
confiado.
m. Ter especial cuidado em dar ou transmitir ordens para que estas sejam oportunas, claras,
certificando-se de seu fiel cumprimento.
n. Ser altivo dentro da disciplina e da boa educação.
o. Respeitar os idosos, crianças e gestantes em todas as situações.
p. Não se eximir de suas responsabilidades.
q. Zelar pela honra e reputação do local que freqüenta.
r. Deve ser prudente, moderado e reservado em seus atos.
s. Cultuar os Símbolos Nacionais e às Instituições constituídas.
t. Não contrair dívidas acima de suas possibilidades e assumir seus compromissos na data
estipulada.
u. Não praticar atos de discriminação e racismo
2-26. SERVIÇO MILITAR
“SERVIÇO MILITAR: A SEGURANÇA DO BRASIL EM NOSSAS MÃOS.” "ONDE ESTIVER
UM CIDADÃO BRASILEIRO, LÁ ESTARÁ O SERVIÇO MILITAR”.
Seu patrono é o poeta OLAVO BRAZ MARTINS DOS GUIMARÃES BILAC, escolhido, justamente, por
ter pregado a necessidade do Serviço Militar como preito de amor à Pátria e ter destacado o quartel
como uma escola de civismo, em vibrantes campanhas nos idos de 1915 e 1916. Em sua homenagem,
a data de seu natalício – 16 de dezembro – foi escolhida como o DIA DO RESERVISTA.
“O Serviço Militar consiste no exercício de atividades específicas desempenhadas nas Forças Armadas,
Marinha, Exército e Aeronáutica e tem por finalidade a formação de reservas destinadas a atender às
necessidades de pessoal das Forças Armadas, no que se refere aos encargos relacionados com a
Defesa Nacional em caso de mobilização, de acordo com a Lei do Serviço Militar.” (Lei Nr 4.375, de 17
de agosto de 1964)”
 sistema do serviço militar não é um processo que deva seguir modelos importados.
 Ele é peculiar a cada nação, em função de suas necessidades de defesa, das
condicionantes econômicas e psicossociais e da sua estatura geopolítica.
 serviço militar é uma obrigação de cada cidadão, pois quem se beneficia em viver numa
sociedade, tem o dever de defendê-la.
 Brasil na pratica já adota o Serviço Militar Misto (mais da metade do efetivo do Exército é
composta por profissionais voluntários).
 Brasil é um país continente, com enormes diferenças regionais, milhares de quilômetros
de fronteira e vazios demográficos extensos.
 efetivo militar do Brasil é um dos menores do mundo (proporcionalmente à sua
população).
A constituição de 1988 consagrou o Serviço Militar Obrigatório.
 Atualmente a grande maioria dos conscritos alistados é voluntária.
 Serviço Militar Obrigatório torna as Forças Armadas uma representação mais fiel da
sociedade brasileira, não havendo qualquer distinção de classe social, raça ou religião. Possibilita que um
grande número de brasileiros passe por suas fileiras exercitando cidadania e civismo.
 Evita o distanciamento entre o Exército e a sociedade, reforçando seus vínculos. Processo
seletivo rigoroso (universo de escolha mais amplo).
 Reforça o caráter nacional da Instituição (brasileiros de todas as origens prestando serviço
em regiões mais distantes e vazias demograficamente).
 Permite manter os efetivos das Organizações Militares completos e renovados ano a ano.
Permite menor custo de manutenção de efetivos (o custo de um efetivo totalmente profissional é
extremamente elevado, o que poderia onerar tremendamente toda a sociedade).
 Cada país adota o sistema de Serviço Militar próprio, o Brasil como a maioria dos países do
mundo adotou a obrigatoriedade, levando em conta suas necessidades de defesa, sua situação
econômica e sua conjuntura social.
 Mesmo aqueles que inicialmente não são voluntários passam, na sua maioria a gostar a
sentir falta do tempo do quartel.
 É comum os não voluntários se transformarem nos melhores soldados incorporados.
 Complementa o processo de amadurecimento e socialização iniciado nos lares e nas
escolas, buscando desenvolver valores morais e éticos.
 Além da Defesa Nacional, o grande objetivo do Serviço Militar é transmitir o sentimento de
respeito às leis e às instituições.
 Toda a instrução militar transmitida busca reforçar a disciplina e o aprimoramento pessoal,
devolvendo à sociedade um jovem mais preparado e maduro.

O Serviço Militar, objetiva basicamente:


 formar o Reservista para emprego na Garantia da Lei e da Ordem e na Defesa
Territorial;
 contribuir na formação da Cidadania Nacional;
 contribuir com a Defesa Civil e Ações Comunitárias; e
 ampliar a presença do Exército Brasileiro no Território Nacional.
O mundo globalizado de hoje, revestido por imensas e aceleradas transformações culturais e
tecnológicas, em todas as áreas do conhecimento, rompe as fronteiras físicas até então estabelecidas e
conhecidas, fazendo do dinamismo, da criatividade e da oportunidade as principais ferramentas na
busca do acompanhamento da modernidade.
Vantagens:
1) Diminui as despesas com o pagamento de pessoal;
2) Diminui os gastos com o pagamento de serviços de saúde e assistência social aos
dependentes;
3) Reduz a formação da chamada “cauda previdenciária”, que tanto onera a folha de
pagamento do Exército Brasileiro;
4) Proporciona a oportunidade de aprendizado de uma profissão (mecânico, motorista,
telefonista, serviços de cozinha, etc) para um maior número de jovens;
5) Universaliza uma função cívico-social, dificultando a formação de quistos, fruto de uma
classe militar elitizada;
6) Proporciona ao país uma adequada reserva mobilizável, que poderá aumentar a
capacidade de dissuasão do poder nacional;
7) Proporciona o fortalecimento das instituições nacionais, pela difusão da educação moral e
cívica, não só ao grande efetivo que passa anualmente pelos quartéis, mas também, de modo indireto,
aos seus familiares e círculos de amigos;
8) Facilita a integração nacional, em face da característica de universalidade do sistema;
9) Permite uma melhor observação quanto à representatividade nacional, regional, religiosa,
econômica, étnica e social;
10) Proporciona um maior contato entre o povo e as Forças Armadas;
11) Pela longa tradição de obrigatoriedade, facilita a divulgação da conscrição;
12) Não necessita alterar a lei do serviço militar, seu regulamento e toda a legislação
pertinente que se encontram em vigor atualmente;
13) Proporciona uma oportunidade para completar a educação de boa parcela da juventude e
melhorar a sua higidez;
14) Favorece a integração nacional, ao promover e cultuar o espírito de solidariedade, de
camaradagem e de coesão entre elementos integrantes das organizações militares, oriundos das mais
diversas raças, credos, classes sociais e níveis culturais;
15) Proporciona o desenvolvimento de atitudes contrárias aos vícios e uso de drogas a uma
parcela maior da juventude nacional;
16) Proporciona o desenvolvimento dos sentimentos de patriotismo, civismo e valores morais a
um maior número de jovens;
17) Proporciona um amplo universo de conscritos disponíveis para a seleçãodos melhores e
de acordo com os interesses das Forças Armadas;
18) Garante o completamento de 100% dos efetivos das Forças Armadas;
19) Favorece a estratégia da presença em todos os pontos do território nacional;
20) Permite um processo de seleção mais rigoroso;
21) Permite auxiliar outros órgãos governamentais no levantamento de dados estatísticos,
mais amplos, necessários a cada um deles;
22) É adotado por mais de dois terços dos países que possuem Forças Armadas
organizadas.
DESVANTAGENS:
1) Maior desgaste do material bélico (redução da sua vida útil), pela sujeição anual ao uso por
parte de militares com baixo nível de preparação;
2) Aumenta a necessidade de recursos financeiros para a manutenção do material, pelo
mesmo motivo acima mencionado;
3) Existência de grandes efetivos com reduzida eficiência operacional;
4) Pode contrariar interesses pessoais de ordens diversas;
5) Retira, em alguns casos, o homem do campo, colaborando para o aumento do êxodo rural e
para o inchaço das periferias dos núcleos urbanos;
6) Dificulta, retarda ou interrompe os estudos dos jovens que buscam outra formação;
7) Pode criar dificuldades para os que se vêem prejudicados na busca de seus empregos,
enquanto não forem cumpridas as suas obrigações para com o serviço
8) militar;
9) Retarda a entrada do jovem no mercado de trabalho;
10) Retira o jovem de uma função ou atividade civil produtiva, influindo no processo
econômico do país;
11) Reduz a operacionalidade das Forças Armadas durante o período compreendido entre o
licenciamento do contingente anterior e a qualificação do pessoal do novo contigente.
A circunscrição obrigatória prevista pelo atual Sistema de Serviço Militar permite ao País e às Forças
Armadas adotarem uma estrutura militar composta de um núcleo de forças permanentes, capaz de
expandir-se pela mobilização de reservas, conciliando a existência de efetivos oriundos do recrutamento
anual com os quadros profissionais.
A atual circunscrição obrigatória possibilita manter reservas mobilizáveis em curto prazo, o que não
acontece com os países que adotaram o voluntariado, alguns dos quais vêm dispensando consideráveis
recursos na formação de reservas provisórias.
Convém ressaltar que a disponibilidade de reservas constitui um expressivo fator de dissuasão.
Facilita a presença de efetivos militares em todo o País, agindo como vetor principal de coesão e
unidades nacionais, realizando a defesa territorial, mantendo e estreitando o relacionamento com o povo
brasileiro.
Permite um recrutamento mais abrangente, pois o universo de seleção é maior e de caráter nacional,
impedindo a indesejável regionalização; o sistema de voluntariado é dependente do mercado de
trabalho, e como tal, traz o risco de possuir quadros oriundos só de determinadas regiões; o atual
sistema evita esse grande inconveniente.
Permite maior interação das Forças Armadas com a sociedade da qual faz parte, por meio da renovação
anual de seu contingente.
2-27. RESERVISTA ENALTECE SERVIÇO MILITAR
Ribeirão Preto (SP) - O NE transcreve a seguir trechos de carta endereçada à Biblioteca do Exército
(BIBLIEx) pelo Sr Marcio Henrique Javarani de Oliveira. Na correspondência, esse reservista, ao
manifestar interesse em adquirir publicações editadas pela BIBLIEx, enaltece o papel do Serviço Militar:
"Assim como milhares de outros jovens em todas as épocas, ao ser convocado para prestar o Serviço
Militar, no ano de 1995, senti um misto de raiva por existirem as "tais" Forças Armadas, e achei-me o cara
mais azarado do mundo, pois como ter sido convocado se apenas 5%, ou menos, dos alistados são
convocados?
Mas o tempo foi se passando, e, se o primeiro contato com a caserna não foi dos melhores possíveis, logo
depois vieram o segundo, o terceiro, as semanas, os meses...
E pude então compreender o valor que somente quem serviu em uma unidade militar pode dar ao
Serviço Militar, uma verdadeira "escola de vida", onde existe companheirismo, inexistente em igual
intensidade em qualquer outra instituição, e, infelizmente, em nenhuma sociedade, e o lugar onde mais
se aprende a amar e defender nosso País.
Por isso hoje, além de agradecer por ter tido a honra de prestar o Serviço Militar – não me considero
mais um "azarado" e sim um privilegiado -, se vier a ter um filho homem faço questão de que ele venha a
servir, ou, quem sabe, seguir a carreira militar.
Com saudades, recordei meus melhores companheiros das horas de folga nas escalas de serviço, as
publicações da BIBLIEx, livros que além de me proporcionarem horas de descanso, ainda aumentaram
consideravelmente minha cultura civil, e por que não, militar.
Pois, além de serem obras de excelente qualidade gráfica, são principalmente obras que só vêm
auxiliar na difusão de nossa história e cultura."
2-28. APROVEITE OS TEXTOS ABAIXO, PARA TRABALHAR OS ATRIBUTOS DA ÁREA AFETIVA:
CAMARADAGEM
Boletim Interno nº 131, de 11 de maio de 1945, da Força Aérea Brasileira.
“ Na tarde deste dia, uma patrulha da 5ª Companhia deixou as nossas linhas em direção às regiões de
Plano de Farnia e Cibonucio.
No caminho, é recebida por densas concentrações de fogo de artilharia, morteiros e armas automáticas.
Oito praças estão feridos, entre eles o soldado Marinho Rodrigues, e gravemente, o soldado Antônio
Vigna. Para não deixar no abandono o seu companheiro Vigna, o soldado Marinho começa a transportá-
lo de regresso às nossas posições.
A certa altura é novamente atingido por estilhaços de granada, e desta vez, no braço. Entretanto não
desiste de seu elevado propósito.
Prossegue na obra de salvamento de seu camarada, continua o seu caminho e, após percorrer cerca de
800 metros sob bombardeiro, pois este não cessara, entrega aos cuidados da Subunidade, o soldado
Vigna.
A beleza e a elevação do gesto do soldado Marinho dignificam a tropa brasileira. (Assinado)
General Mascarenhas de Moraes
ESPÍRITO DE CORPO
Assembléia na Carpintaria
Contam que na carpintaria houve uma vez uma estranha assembléia. Foi uma reunião das ferramentas
para acertarem as diferenças. O martelo exerceu a presidência, mas os participantes lhe notificaram
que teria que renunciar. A causa? Fazia demasiado barulho e, além do mais, passava todo o tempo
golpeando.
O martelo aceitou sua culpa, mas pediu também que fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava
muitas voltas para conseguir algo. Diante do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez pediu a
expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera com o tratamento aos demais, entrando sempre em
atritos.
A lixa acatou, com a condição de que fosse expulso o metro, que sempre media os outros segundo sua
medida, como se fora o único perfeito. Nesse momento, entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o
trabalho.
Utilizou o metro, a lixa, o martelo e o parafuso. Finalmente, a rústica madeira se transformou num fino
móvel. Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia reativou a discussão. Foi então que o
serrote tomou a palavra e disse:
- Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalhou com nossos
pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos e concentremo- nos em nossos pontos
fortes.
A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para
limar as asperezas, o metro era preciso e exato. Sentiram-se, então, como uma equipe capaz de
produzir móveis de qualidade.
Sentiram alegria pela oportunidade de trabalhar juntos. Ocorre o mesmo com os seres humanos, basta
observar e comprovar. Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e
negativa. Ao contrário, quando se busca com sinceridade o ponto forte dos outros, florescem as
melhores conquistas.
É fácil encontrar defeitos.
Qualquer um pode fazê-lo.
Mas encontrar qualidade, isto é para os sábios.
“A União Faz a Força”, e para que haja união é preciso haver um grupo de pessoas. Não é possível a
união de uma única pessoa. Cada um de nós temos a responsabilidade de se agregar ao Tiro-de-
Guerra para que se possa pensar em união e para que se possa pensar em força.
“Você é responsável pelo que cativa”.

CARTA DE UM SOLDADO BRASILEIRO


Faço justiça ao teu caráter e ao teu coração ao pensar que não são necessários, nesta hora grave e
solene, os conselhos de tua mãe.
Até há dias, tu eras um brasileiro apenas. Hoje és um “soldado brasileiro”. Perante Deus, que lê na
minha alma e conhece as minhas ações, posso erguer minha humilde cabeça, convicta de que cumpri o
meu dever de brasileira, criando-te em condições de fazer de ti um patriota.
Esse amor que deves a tua Pátria, meu filho, deve ser, tem de ser semelhante, na capacidade de
sacrifício e abnegação , ao amor que tenho por ti.
O amor patriótico só é comparável ao amor maternal. Cada fraca mulher está pronta a dar a vida por
seu filho; cada homem deve estar sempre preparado para dar a vida pela sua Pátria. A nenhum outro
amor ele pode comparar-se porque todos os amores estão na dependência da inconstância, do capricho,
do prazer, do ciúme.
Porém, o amor da Pátria não conhece restrições, não admite fadiga e se sobrepõe a todas as
considerações do egoísmo e dos baixos instintos humanos.
Ama tua Pátria sobre todas as coisas, pois que nada serias mais do que um pária, se a Pátria não fizesse
de ti um cidadão, se ela não te houvesse concedido, na comunidade humana, o nobre direito de ser
alguém sobre a terra e se não tivesse te dado a família imensa e poderosa dos teus concidadãos.
Ser, meu filho, é ter apenas uma pequena família, limitada pelos laços de sangue. Ser brasileiro é ter uma
família de milhões de irmãos, solidários no mesmo dever imprescritível, beneficiários das mesmas glórias
associadas ao mesmo destino.
A tua mocidade e o teu nascimento fizeram de ti um soldado brasileiro. Eu que sou tua mãe, que te criei e
te defendi, coloco-me hoje sob a tua proteção, ao abrigo de tua força e considero-me, assim, sob tua
defesa.
A honra de nossa pátria é também a honra de tua mãe; não hesito crer que tu saberás, em qualquer
campo, defendê-la de qualquer ameaça e vingá-la de qualquer ofensa.
Olho para ti com outros olhos.
Esqueço que te vi, pequeno e frágil, no meu regaço, que te embalei nos meus braços e que te protegi com
o meu amor.
Vejo em ti, apenas, um homem, uma força ativa e consciente, uma energia absoluta, um soldado!
O quartel é, hoje, o teu lar. A tua mãe é, hoje, a tua Pátria.
Para ser um digno soldado, não basta, porém, que a tua coragem e a tua dedicação estejam
incondicionalmente ao serviço do nosso querido Brasil, que foi o nosso berço e que, espero de Deus,
abrigará os nossos restos mortais, para serem dissolvidos e integrados na beleza da terra brasileira.
Não, meu filho; não basta coragem, não basta o amor. É preciso, também, que, sendo tu um soldado,
tenhas o culto apaixonado da honra, a consciência imaculada e que professes a religião varonil do
cavalheirismo.
É necessário que te estimes a ti próprio, que a tua alma limpa tenha a beleza da alma dos paladinos.
Quanto mais honrada for a mão que empunhe a espada, tanto mais forte e invencível ela será. Sê leal e
generoso, embora enérgico e inflexível.
Não abuse da tua força contra os fracos. Não desampares nunca a inocência. Assim serás o digno
soldado de uma pátria magnânima, que nunca fez guerra senão para desafrontar sua dignidade.
Uma pátria honrada precisa que a honra de seus soldados seja intocável. Antes eu quisera ver-te morto do
que ver manchares, com uma ação indigna de que tivesses que corar, a tua farda de soldado. Ela deve
revestir a tua honra imaculada, como o vestido de noiva de tua mãe revestia a honra de sua mocidade.
A mão que te abençôo não treme ao indicar-te o caminho do dever e da honra. O meu orgulho de patriota
serve de bálsamo a minha dor de mãe.
O quartel é hoje o teu lar. O Exército é hoje tua família.
Praza a Deus que possas regressar brevemente aos meus braços, mas seja qual for o prazo que o destino
marque para minha saudade, eu a sofrerei sem lastimar-me, confiante em que não voltarás para perto de
mim sem haveres desafrontado a tua Pátria.
Durante vinte anos, tu te curvaste reverente diante de mim, beijando a mão que te acariciou e te guiou.
Hoje sou eu que me inclino, respeitosamente diante de ti, porque tu és um SOLDADO BRASILEIRO,
porque tu representas uma partícula da Pátria, da sua coragem, da sua honra e da sua força.
ÚLTIMO TRABALHO
Um velho carpinteiro estava pronto para se aposentar.
Ele informou ao chefe seu desejo de sair da indústria de construção e passar mais tempo com sua
família. Ele ainda disse que sentiria falta do salário, mas realmente queria se aposentar. A empresa não
seria muito afetada pela saída, do carpinteiro, mas o chefe estava triste em ver um bom funcionário
partindo e ele pediu ao carpinteiro para trabalhar em mais um projeto como um favor.
O carpinteiro concordou, mas era fácil ver que ele não estava entusiasmado com a idéia. Ele prosseguiu
fazendo um trabalho de segunda qualidade e usando materiais inadequados. Foi uma maneira negativa
dele terminar sua carreira.
Quando o carpinteiro acabou, o chefe veio fazer a inspeção da casa. E depois ele deu a chave da casa
para o carpinteiro e disse:
“ Essa casa é sua. Ela é um presente meu para você.”
O carpinteiro ficou muito surpreso. Que pena! Se ele soubesse que ele estava construindo sua própria
casa, ele teria feito tudo diferente.
O mesmo acontece conosco. Nós construímos nossa vida, um dia de cada vez e muitas vezes fazendo
menos que o melhor possível na construção. Depois com surpresa nós descobrimos que nós precisamos
viver na casa que nós construímos. Se nós pudéssemos fazer tudo de novo, faríamos tudo diferente.
Mas não podemos voltar atrás. Você é o carpinteiro. Todo dia você martela pregos ajusta tábuas e
constrói paredes.
Alguém disse que: ‘A vida é um projeto que você mesmo constrói.’
Suas atitudes e escolhas hoje estão construindo a “casa” que você vai morar amanhã. Construa com
sabedoria! E lembre-se do pensamento de Charlie Chaplin:
"A VIDA É UMA PEÇA DE TEATRO QUE NÃO PERMITE ENSAIOS. POR ISSO, CANTE, CHORE,
DANCE, RIA E VIVA INTENSAMENTE, ANTES QUE A CORTINA SE FECHE E A PEÇA TERMINE SEM
APLAUSOS."
O AMIGO
Quando te sentires só, triste e desolado, com o coração apertado e sem palavras para te expressares,
saiba que tens um amigo sempre ao teu lado.
Com ele, no silêncio, conseguirás dialogar. Nos momentos em que precisas de alguém, percebes que
todos estão ocupados e sem tempo; mas a este amigo podes chamar que ele vem e, na certa, ele te
auxiliará em qualquer contratempo.
Ele olha para ti com respeito e admiração, levando a sério tudo que tu falas e fazes; se tu sofres, ele
sente aflição, se estás alegre, ele sempre se compraz.
Este amigo é sábio e age com prudência, e está sempre perto para te ajudar.
Não temas em revelar-lhe a tua carência, pois na verdade, este amigo só sabe te amar.
Mas não sejas egoísta com este amigo teu, pois ele pode ser amigo dos outros também; porque todo
aquele que um dia o conheceu sabe com certeza que ele só faz o bem.
Mas se alguém te perguntar quem é este teu amigo, olha para o alto com o semblante cheio de luz e
disse que este que caminha sempre contigo é conhecido por todos como JESUS CRISTO.
SOMOS LIVRES PARA ESCOLHER
Monitores e Atiradores, demonstre o seu valor com atos e não com palavras.
Faça a vida mais fácil para você e para as pessoas com quem se relaciona, não trazendo á tona
detalhes, mas realizando o que está ao seu alcance.
Somos livres pra escolher, porém somos aprendizes em fazer escolhas, nossas escolhas podem nos
libertar da ignorância ou nos prender a ela. Saibamos ou não, sempre somos responsáveis
(RESPONSABILIDADE) por nossas ações e antes de agirmos ou mesmo antes de pensarmos, já
fizemos escolhas dentre as opções que conhecemos de como iremos agir, pensar, falar.
As melhores escolhas são feitas quando nós entendemos “como” o outro, ou seja, quando nos
colocamos em seu lugar, afinal, não podemos saber se no dia de amanhã não precisaremos da mesma
situação para aprendizado.
É sempre bom aproveitar para aprender também com a experiência do outro e, a menos que você se
coloque no lugar do outro, não poderá aprender.
As opções que conhecemos não são as únicas, é por isso que precisamos de amigos, pois os amigos
(CAMARADAGEM) são aqueles que nos trazem mais opções de atuação para nosso desenvolvimento.
A característica principal da amizade é que este enlace facilita o desenvolvimento dos seres por ele
reunidos.
Somos livres, porém responsáveis (RESPONSABILIDADE), e não importa o quanto nos sentimos
irresponsáveis nem mesmo o quanto atribuímos nossas ações a outras pessoas, a escolha foi nossa, se
houve influência é porque permitimos que ela existisse da maneira que ela existiu e da fonte de onde ela
partiu, nossa sintonia é uma escolha e basta uma vontade para muda-la, porém, para vencer um hábito, é
necessário uma vontade constante e a percepção do motivo pelo qual estamos mudando o hábito.
Da mesma forma, os preconceitos também dependem de nossas próprias escolhas.
Podemos ou não achar que conhecemos algo a partir da experiência de outra pessoa, mas devemos nos
lembrar que somos livres para experimentar e examinar através da experiência; toda vez que nos
negamos o direito de experimentar, nos tornamos seres cativos, e vale também lembrar que o direito à
liberdade é dado pela força criadora a todos os seres, o seu companheiro é livre para examinar e para
chegar às conclusões, mesmo que estas sejam diferentes das suas próprias (TOLERÂNCIA), e isto não
distancia a pessoa de você, somente agrega novas opções que você pode usar se souber respeita-las.
PALCO DA VIDA
Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não se esqueça de que sua
vida é a maior empresa do mundo. E você pode evitar que ela vá a falência. Há muitas pessoas que
precisam, admiram e torcem por você.
Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos
sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões.
Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos
desencontros.
Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o
sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar
alegria no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos
de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar
desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus
a cada manha pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir
um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples, que mora dentro de cada um de nós. É ter
maturidade para falar "eu errei". É ter ousadia para dizer "me perdoe". É ter sensibilidade para expressar
"eu preciso de você". É ter capacidade de dizer "eu te amo". É ter humildade da receptividade.
Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz... E, quando você errar o
caminho, recomece, pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas usar as
lágrimas para irrigar a tolerância.
Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para
abrir as janelas da inteligência.
Jamais desista de si mesmo. Jamais desista das pessoas que você ama. Jamais desista de ser feliz,
pois a vida é um obstáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o
contrário.Fernando Pessoa
A influência é a verdadeira essência da liderança. A pessoa que influencia as outras
pessoas no grupo é o seu líder. Essa influência pode manifestar-se sob diversas formas, desde o
simples comando – o ato de mandar para que os outros obedeçam – até a complexa inspiração –
impulso que leva os homens a fazer ou deixar de fazer alguma coisa que, eles sabem, se o líder
gostaria que fizessem ou deixassem de fazer (8:2). Concluindo, o líder é aquele que se destaca
no grupo, influenciando-o de alguma forma.

5.1.1 – Teorias e abordagens

Diversas teorias e abordagens têm sido escritas sobre


liderança:
a) A liderança é um dom natural;

b) Para ser líder basta conhecer um conjunto de


princípios e adotá-lo;
c) A liderança é um processo de conduta, de
formação de caráter, de desenvolvimento moral;
d) O líder se faz pelo estudo e imitação da vida dos grandes líderes; e

e) A liderança é a arte de influenciar o comportamento humano.

"O verdadeiro líder age como facilitador para que a equipe possa atuar de forma confortável
no dia a dia e, consequentemente, consiga se desenvolver e desempenhar ao máximo o seu
potencial."
O assunto é controverso, face à multiplicidade de situações e ambientes em que a liderança
pode surgir.
5.1.2 – Definições

“Liderança é a influência interpessoal, exercida na


situação e dirigida, através do processo da comunicação
humana, à consecução de um ou diversos objetivos
específicos”. (Tannenbaum, Weschler e Massarik).
“Liderança é a habilidade de exercer influência
interpessoal, por meio de comunicação, para a consecução
de um objetivo”. (Koontz e O’Donnell).
“Liderança é o processo que consiste em influenciar
pessoas no sentido de que ajam, voluntariamente, em prol dos objetivos da instituição”. (Manual
de Liderança – DEnsM).

“Liderança é o processo de influenciar pessoas para motivá-las e obter seu


comprometimento na realização de empreendimentos e na consecução dos objetivos da
organização” (Doutrina de Liderança da Marinha).
Em outras palavras, a Liderança também pode ser definida como o processo que permite a
alguém dirigir os pensamentos, planos e ações de outros, de forma a obter sua obediência,
confiança, respeito e leal cooperação.
Liderança Naval é um processo de influenciação utilizado por todos os escalões, no trato
com os subordinados, em busca da harmonia entre os objetivos da Instituição e os interesses
pessoais. Essa liderança está fundamentada em leis e tradições navais.
Fica evidente, pelas definições, que a liderança inclui não só a capacidade de fazer um
grupo realizar uma tarefa específica, mas, sobretudo, executá-la de forma voluntária, atendendo
ao desejo do líder como se fosse o seu próprio.

Nas definições de liderança estão contidos os seus agentes, ou seja, o líder e os liderados,
as relações entre eles e os princípios filosóficos, psicológicos e sociológicos que regem o
comportamento humano.

5.2 – IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA COMO ATRIBUTO ESSENCIAL AO MILITAR


5.2.1 – Importância da Liderança

“Os homens e não os navios é que ganham as batalhas”

Toda organização humana depende primordialmente da liderança. Sem liderança, por parte
dos que dirigem as organizações, sejam elas sociais, políticas, econômicas, militares, etc., estas
estarão certamente em crise.
Principalmente, no caso de uma organização militar, todo aquele que dá ordens deve
também liderar. Deve desenvolver em si próprio as qualidades e os atributos necessários e
essenciais ao líder.
Não se pode conceber um navio sem liderança organizada. É condição essencial a uma
organização militar a existência de um sistema para controlar pessoas. A Marinha nos dá esse
sistema, por meio de uma engrenagem de leis, regulamentos e costumes.
A Marinha caracteriza-se por ser uma Instituição em que há predominância de ações
envolvendo o relacionamento humano, visando ao cumprimento das mais diferentes missões.
Portanto, a importância do exercício da liderança é fundamental para que se possa alcançar altos
índices de operacionalidade, coesão e lealdade entre os seus integrantes.
O exercício de liderança pode significar a diferença entre a vitória e a derrota, mesmo em
um cenário onde as operações militares se valerão de complexa e avançada tecnologia bélica.
5.2.1.1 – A importância de uma liderança transformadora

“Nos últimos anos, temos nos deparado com


inúmeros questionamentos sobre quais seriam as
características importantes e imprescindíveis que um
líder deve possuir tanto no âmbito das competências
quanto no das habilidades e atitudes. Observamos
que
a resposta esperada, na maioria das vezes, é a de um gestor que deve beirar quase à perfeição.
Entretanto, as expectativas nele depositadas muitas vezes não condizem com a realidade
encontrada no dia a dia das organizações. Não é preciso ser um super-herói, tampouco um líder
absoluto e inatingível. Pelo contrário, para alcançar os objetivos, gerar resultados e inspirar as
pessoas, a pessoa à frente do grupo precisa atuar de forma transformadora”.
5.2.2 – Rendimento do elemento humano

O pessoal mal conduzido tem sua eficiência reduzida pelo baixo rendimento, tornando
praticamente inoperante e inútil o material que lhe é confiado.
O material, de grande valor técnico, mas mal conduzido, não terá a eficiência e o rendimento
desejados.
Além disso, a má conduta do pessoal faz brotar um estado depressivo, cria tal disposição
negativa de ânimo, que sua influência, desfavorável e destrutiva sobre o conjunto da organização,
é para esta um permanente fator antieconômico, de baixo rendimento, ou de dissolução.
A eficiência e a qualidade de qualquer Marinha dependem grandemente do nível de
instrução, de adestramento, e da capacidade técnica dos militares que irão combater em tempo
de guerra, ou em tempo de paz estarão mantendo esta vasta organização em constante estado de
preparação.
A lealdade, a cooperação, o esforço e a obediência de cada homem só podem ser obtidos
de maneira completa através da liderança.
O chefe sem liderança não obtém de cada seu comandado uma cooperação uma lealdade e
um esforço completos. O bom chefe, o líder, conduzirá o mesmo homem, na execução de uma
mesma tarefa, de tal modo, que este se esforçará, voluntariamente, para fazer o seu serviço da
maneira mais perfeita e mais eficiente possível.
5.2.3 – Desenvolvimento da Liderança

Os melhores resultados no tocante à liderança ocorrem quando ela é desenvolvida, não


sendo impositiva.
Desta forma, o contínuo desenvolvimento das qualidades dos militares da Marinha, como
líderes, deverá ser objeto de permanente atenção e tal meta deverá ser trabalhada,
conjuntamente, pela Instituição e, prioritariamente, por cada militar.

5.3 – A TEORIA DOS GRUPOS HUMANOS

5.3.1 – Introdução

“Ninguém consegue estar satisfeito consigo mesmo ao ponto de prescindir da aprovação


de, pelo menos, outra pessoa.” (W.S.H. Sprott)
No estudo da liderança, três componentes coexistem e interagem:

a) O líder – com seus atributos psicológicos;


b) Os liderados – com seus problemas, atitudes e necessidades; e

c) A situação – que determina o ambiente, onde líder e liderados atuam. (2:34)

5.3.2 – Definição de grupo

“Reunião de duas ou mais pessoas entre as quais


existe um sistema estabelecido de interação psicológica,
sendo reconhecida como entidade pelos próprios membros e
igualmente pelos demais indivíduos”. (Sanderson)
“É um conjunto de diversas pessoas que partilham de
padrões organizados de interação recorrente, ou seja, indivíduos que interagem repetidamente e
não circunstancialmente, de acordo com determinados padrões de relacionamento”. (Manual de
Liderança da Marinha)
A primeira conclusão a que nos levam as definições apresentadas é de que o grupo é uma
entidade coletiva.
Por outro lado, o grupo não é um simples aglomerado de pessoas, pois seus membros
precisam estar em permanente interação; por exemplo, os transeuntes em uma rua, ou os
passageiros do metrô não constituem um grupo, já que não atendem às condições acima.
Podemos concluir que a simples proximidade física das pessoas não caracteriza o grupo
social e, sim, a consciência de interação conjunta.
5.3.3 – O indivíduo e o grupo

Em geral, nosso individualismo impede a percepção clara da influência do grupo sobre


nosso comportamento. Mas ela é exercida de forma poderosa.
Um homem isolado de quaisquer grupos em geral se fragiliza até a morte. Por outro lado,
sua resistência aumenta de forma impressionante, caso seja integrado à lealdade de um grupo.
Pesquisas americanas, realizadas após as experiências da Segunda Guerra Mundial, da
Coréia e Vietnã, mostraram que os prisioneiros norte-americanos resistiam a toda sorte de
m ud an ça s ou va r i a ç õ e s , caso mantivessem vínculos com seus grupos. O contrário
acontecia com prisioneiros isolados de seus companheiros, que se tornavam presas fáceis da
guerra psicológica desencadeada por seus inimigos.
A Psicologia Social aceita que, não só em situações de guerra, o indivíduo se fortalece
quando pertence a um grupo. O grupo é uma realidade social vital, com profundo efeito sobre o
comportamento dos indivíduos, em quaisquer situações sociais.
5.3.4 – Classificação do grupos
Não há na sociologia um critério uniforme para a caracterização e classificação dos grupos
sociais. Veremos, a seguir, dois exemplos de classificação de grupos.
a) Classificação de René Maurier

I) Grupos biológicos – todos os membros têm um traço físico em comum,


pelo qual se unem mutuamente. Ex.: a família.
II) Grupos geográficos – fundam-se na comunidade de habitações. Ex.:
tribos, aldeias, cidades.
III) Grupos sociológicos – baseiam-se na comunidade de ação,
operação, ocupa- ção ou preocupação. Ex.: ordens religiosas, sindicatos
profissionais.
b) Classificação de Bogardus:
I) Grupos delegados – são aqueles onde os membros são eleitos ou designados (Ex:
convenção ou congresso).
II) Grupos grandes ou pequenos – pelo tamanho, os grupos sociais podem partir,
do mínimo de duas pessoas até chegar ao máximo de englobar, no grupo, toda a espécie
humana.
III) Grupos temporários ou permanentes – de acordo com a sua duração no tempo, desde
os temporários (Ex: pessoas que se encontram calmamente na rua) até os permanentes (Ex:
estados e igrejas).
IV) Grupos genéticos – considera-se genético o grupo onde o indivíduo nasce.
V) Grupos insociáveis - é aquele que vive para si mesmo, isolado de todos os outros.

VI) Grupo pseudo-social - é o que vive às custas de um grupo social mais extenso, do qual
depende como verdadeiro parasita.
VII) Grupo anti-social - é o que trabalha contra o bem-estar da sociedade (Ex: quadrilha de
bandidos).
VIII) G rupo pró-social – é o que caracteriza-se por trabalhar em benefício da
comunidade humana.
IX) Grupos primários são aqueles em que as pessoas se conhecem intimamente, como
personalidades individuais; os contatos são íntimos, pessoais e integrais. Seus membros se
interessam uns pelos outros como pessoas (Ex: a família, grupo de infância ou adolescência,
circulo de amigos íntimos).
X) G rupos secundários se caracterizam por contatos impessoais, eventuais e utilitários. As
pessoas têm interesse umas pelas outras, não em termos pessoais e, sim funcionais (Ex:
sindicatos profissionais, associações de moradores, condomínios residenciais). As sociedades
modernas tendem, cada vez mais, a impor grupos secundários a seus membros.
5.3.5 – Características de uma participação eficiente no grupo

É usual e enganoso pensar nos membros do grupo desempenhando apenas duas


funções distintas: liderança e participação simplesmente (7:125).
A própria liderança não pode ser assim tão marcada e continuamente desempenhada por
apenas um membro do grupo. Outros membros assumem liderança informal, de acordo com as
diferentes situações por que passa o grupo em seus processos de interação (7:125).
O complexo processo de interação humana exige de cada participante um determinado
desempenho, o qual variará em função da dinâmica de sua personalidade e da dinâmica grupal na
situação.
5.3.6 – Comunicação no grupo

É fundamental o processo de comunicação no interior do grupo. Importante ressaltar que


comunicação não é simplesmente uma questão de linguagem falada, de formas impressas ou
audiovisuais capazes de transmitir mensagens.
Comunicação, no caso, relaciona-se intimamente com a estrutura do grupo.
Estamos sempre comunicando algo, seja por meio de palavras ou outros meios não verbais,
tais como gestos, postura corporal, posição e distância em relação aos outros, etc.
Quando alguém, em presença de outros, fica silencioso, afasta-se, vira-se de costas etc., na
verdade está interagindo e comunicando algo aos demais, como, por exemplo: indisposição para
dialogar, constrangimento, ressentimento, agressão ou qualquer outro sentimento.
A comunicação facilita o funcionamento do grupo. Onde os canais de comunicação estão
abertos, existe menos ambiente para hostilidades e atritos, mais compreensão mútua,
cordialidade, maior coesão e maior potencial para a produção.
a) Comunicação centralizada: o líder fala e os outros ouvem, como ocorre nas paradas
diárias de nossas OM; tal processo é eficaz nas produções de rotina, possibilitando maior atenção
de todos a tópicos específicos, como também a concentração de esforços;
b) Comunicação descentralizada: todos podem falar em igualdade de condições. Tende a
oferecer menor produtividade em tarefas rotineiras, embora estimule a criatividade e a
participação, trazendo muitas vezes soluções novas para os problemas; o grupo tende a se
mostrar mais flexível, adaptando-se mais rapidamente a situações novas; e
c) A situação: o líder deve sempre considerar a situação ao definir a forma mais eficaz de
passar informações a seus liderados.
5.3.7 – Formação da personalidade do grupo

Existem duas correntes de pensamento em relação à formação da personalidade dos


grupos humanos:
a) A mais antiga considera a personalidade do grupo o somatório das personalidades dos
indivíduos que o compõem;
b) A mais recente defende que a personalidade do grupo é a combinação das
personalidades dos membros, ou seja, a personalidade do grupo é algo novo, o grupo tem “cara”
própria.
5.3.8 – Dinâmica de grupo

Consiste no estudo das forças que atuam nos relacionamentos internos do grupo.

a) Características da dinâmica dos grupos


À semelhança das pessoas, os grupos não se estruturam segundo um padrão único. O
grupo pode apresentar características marcantes, em função de sua dinâmica passada e
presente.
Para o líder é indispensável estar atento e ser capaz de perceber, logo que possível, as
características do grupo subordinado, diagnosticando-as e buscando suas causas.
Tal preocupação possibilitará tomar medidas no sentido de preservar as características
positivas e anular ou minimizar aquelas consideradas indesejáveis. Assim como se pode
caracterizar um indivíduo pelo seu traço dominante,
Auren Uris classifica uma série de grupos típicos pelo critério do traço dominante:

I) Grupo Hostil
Hostilidade é um sentimento que o ser humano ou um grupo de seres humanos tem que
representa um tipo de violência emocional e rivalidade contra outras pessoas ou grupos.
II) Grupo Lerdo

Caracteriza-se pela lentidão e falta de iniciativa.

III) Grupo de Probidade Duvidosa


A raiz da palavra probidade é a mesma da palavra prova. É probo aquele que sempre está
pronto a provar a retidão dos seus atos. É evidente que esta definição pode causar calafrios em
alguns políticos, mas quem cuida do que é dos outros, tem de ser capaz de provar que agiu bem.
IV) Grupo Vadio

Um grupo de indivíduos entrega-se à ociosidade, abstendo-se voluntariamente de procurar


trabalho honesto para prover subsistência, o que consegue recorrendo a expedientes ilícitos.
V) Grupo Apático
É o grupo que tem “falta de motivação e desinteresse” o que gera uma redução ou ausência
de iniciativa para a manifestação de comportamentos direcionados a um objetivo qualquer, além
de uma atitude de aparente indiferença emocional.
VI) Grupo Entusiasta.

É o grupo que por ter tanta paixão por algo, se dedica e vai lá e faz. É a ação motivada
pelo entusiasmo interno de cada membro do grupo.
b) Diferenças individuais e o grupo
As pessoas diferem na maneira de perceber, pensar, sentir e agir. As diferenças individuais
são, portanto, inevitáveis com suas conseqüentes influências na dinâmica interpessoal.
Vistas por um prisma mais abrangente, as diferenças individuais podem ser consideradas
intrinsecamente desejáveis e valiosas, pois propiciam riqueza de possibilidades, de opções.
Num grupo de trabalho, as diferenças individuais trazem, naturalmente, diferenças de
opinião, expressas em discordâncias quanto a aspectos de percepção da tarefa, metas, meios ou
procedimentos. Essas discordâncias podem conduzir a discussões, tensões, insatisfações e
conflito aberto, ativando sentimentos e emoções mais ou menos intensos, que afetam a
objetividade, reduzindo-a a um mínimo, e transformam o clima emocional do grupo.
c) Papéis não construtivos

Em todos os grupos em funcionamento, seus membros podem desempenhar, eventualmente,


alguns papéis não-construtivos, dificultando a tarefa do grupo, criando obstáculos e canalizando
energias para atividades e comportamentos não conducentes aos objetivos comuns do grupo .
Esses papéis correspondem a necessidades individualistas, motivações de cunho pessoal
ou, muitas vezes, decorrem de falhas de estruturação ou da dinâmica do próprio grupo:
I) O dominador – procura afirmar sua autoridade ou superioridade, dando ordens incisivas,
interrompendo os demais, manipulando o grupo ou alguns membros, sob forma de adulação,
afirmação de status superior e etc.
II) O dependente – busca ajuda, sob forma de simpatia dos outros membros do grupo,
mostrando insegurança, autodepreciação, carência de apoio.
III) O criador de obstáculos – discorda e opõe-se sem razões, mantendo-se teimosamente
negativo até a radicalização, obstruindo o progresso do grupo após uma decisão ou solução já
atingida.
IV) O agressivo – ataca o grupo ou o assunto tratado, fazendo ironia ou brincadeiras
agressivas, mostra desaprovação dos valores, atos e sentimentos dos outros.
V) O vaidoso – procura chamar a atenção sobre sua pessoa de várias maneiras, contando
realizações pessoais e agindo de forma diferente para afirmar sua superioridade e vantagens em
relação aos outros.
VI) O reivindicador – manifesta-se como porta-voz de outros, de subgrupos ou classes,
revelando seus verdadeiros interesses pessoais, preconceitos ou dificuldades.
VII) O confessante – usa o grupo como platéia ou assistência para extravasar seus
sentimentos, suas preocupações pessoais ou sua filosofia, que nada têm a ver com a disposição
ou orientação do grupo na situação-momento.
VIII) O gozador – aparentemente agradável, evidencia, entretanto, seu completo
afastamento do grupo, podendo exibir atitudes cínicas, desagradáveis, indife- rente à preocupação
e ao trabalho do grupo através de poses estudadas de espectador, que se diverte com as
dificuldades e os esforços dos outros.
5.4 – BASES DA LIDERANÇA
5.4.1 – Bases Filosóficas da
Liderança a) Conceituação de
filosofia
Entende-se como Filosofia o conjunto de concepções, práticas ou teóricas, acerca do
homem e de seu papel no universo.
Cada ciência experimental possui seu domínio, no entanto, há questões que nenhuma ciência
enfrenta: o valor da vida, a liberdade, as leis morais, os valores em geral, o dilema corpo x
espírito e etc. Somente a filosofia se ocupa de tais aspectos.
Pitágoras, o célebre filósofo e matemático grego, foi quem usou, pela primeira vez, a palavra
filosofia (philos-sophia), que significa amor à sabedoria.

O que a filosofia tem buscado – até nossos dias – são respostas a indagações fundamentais
do homem:
“Quem somos?”
“Para onde vamos?” “Qual o sentido da vida?”
Obviamente, não foram encontradas respostas definitivas para dúvidas de tal magnitude, o
que não invalida a pesquisa filosófica, inclusive porque a filosofia pretende fomentar uma atitude
de permanente questionamento, de não aceitação plena de verdades acabadas.
b) Os grandes temas filosóficos

I) A axiologia - estuda os valores filosóficos, especialmente os valores morais, e sua


hierarquização;
II) A ética - trata da moral e de sua prática;

III) A cultura - estudo do homem inserido em seu grupo social abrangendo, entre outras, as
estruturas sociais e religiosas e as manifestações intelectuais e artísticas que caracterizam uma
sociedade.
c) Relação entre filosofia e liderança

A relação entre filosofia e liderança é profunda, especialmente entre os temas filosóficos ética
e axiologia (ou teoria dos valores).
O processo de influenciação de um grupo, que é a essência da liderança, está
profundamente ligado aos valores éticos e morais que devem ser transmitidos e praticados pelo
líder.
d) A Ética

A ética, ou filosofia moral, é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito
dos fundamentos da vida moral.
Podemos definir moral como: um conjunto de regras que determinam o comportamento de
indivíduos em uma dada sociedade.
Dois aspectos devem ser enfatizados:

I) tais regras são dinâmicas, ou seja, variam no tempo e no espaço; por exemplo, a moral do
século XIX, que aceitava a escravidão, não vale mais para os dias de hoje nos países civilizados;
além disso, o que é moralmente aceito em uma determinada sociedade, como a poligamia
praticada pelos muçulmanos, não o é em outros grupos sociais;
II) a moral tem caráter coletivo, mas só tem valor real se for aceita, em termos pessoais, por
cada membro do grupo social; portanto, quando educamos jovens não basta citarmos um elenco
de regras de convívio social, sendo indis- pensável que acreditemos efetivamente nelas e as
pratiquemos, para que os jovens acreditem em tais normas e possam praticá-las, sinceramente,
com pleno convencimento.
Ao líder cabe transmitir, permanentemente, a ética e a moral da instituição a que pertence,
ou do seu grupo social.
Em todos os níveis, desde o grupo familiar, célula da vida social, até a condução de um
povo, há que haver uma ética norteando qualquer ato dos indivíduos em sociedade.
III) Elevação do moral

O moral é o estado de espírito de alguém, gerado pelas circunstâncias que afetam sua
participação como membro de um grupo.
É a atitude mental do militar em relação ao dever a ser cumprido e a tudo mais que com ele
se relacione, manifestando-se pela força de vontade, superioridade e segurança.
O moral influi de maneira decisiva no modo pelo qual os trabalhos são feitos e as ordens
executadas.
Há uma relação direta e recíproca entre a disciplina e o moral, já que o fortalecimento de um
se reflete imediatamente sobre o outro.
O moral elevado só existe em grupos em que a disciplina consciente predomina,
constituindo- se no melhor indicativo de uma liderança efetiva.
Assumir um erro exige, em muitas situações, coragem moral. Covardia moral pode levar à
desonestidade e aí, em vez de um, cometem-se dois erros, sendo o segundo bem pior do que o
primeiro. Agrava-se a situação, em vez de resolvê-la.

Regras para construção, elevação e consolidação do moral dos subordinados:

a) Conquistar-lhes a confiança, pela imparcialidade, serenidade, acerto e firmeza de suas


decisões;
b) Manter-se em contato com seus problemas e aspirações pessoais;
c) Garantir-lhes a melhor condição de vida, nas circunstâncias;
d) Mantê-los permanentemente orientados e informados;
e) Tratá-los como seres humanos, na plenitude de seus direitos;
f) Proporcionar-lhes momentos de lazer e descanso;
g) Evitar o ócio e a monotonia, a todo o custo;
h) Interessar-se por suas carreiras;
i) Promover o seu desenvolvimento pessoal;
j) Cuidar do seu bem-estar, na medida certa para as circunstâncias;
k) Discipliná-los e incentivar a disciplina;
l) Fazer com que sintam a importância do seu trabalho e do papel que desempenham no
grupo;Incentivar o espírito de equipe;
m) Fazer com que sintam a presença e o pulso da liderança; e o) Doutriná-los nos momentos
adequados.
e) Axiologia (ou teoria dos valores)

A axiologia, também conhecida como a teoria dos valores, é considerada a parte mais nobre
da filosofia.
O valor indica a qualidade pela qual um objeto (material ou não) possui dignidade portanto
merece estima e respeito por parte de um sujeito.
Uma característica essencial do valor é a sua polaridade, ou seja, o valor tem de ser
positivo ou negativo. A indiferença significa ausência de valor.
Outra é o seu caráter ao mesmo tempo objetivo e subjetivo. O objeto tem qualidades que o
fazem desejável ou não desejável. Por outro lado, o sujeito precisa reconhecer tais qualidades no
objeto, atribuindo-lhe valor positivo ou negativo.
O ser humano precisa receber uma educação adequada para ser capaz de valorizar um
objeto (a vida humana, a pátria, a família, a natureza, uma doutrina religiosa). Sem essa
educação, perde-se a capacidade de perceber esses valores, especialmente quando se trata
daqueles universais, tais como: honra, dignidade e honestidade.
A característica fundamental da axiologia consiste na hierarquização desses valores, que são
transmitidos pela educação familiar, pela sociedade, pelo grupo.

Assim é que, geralmente (embora não sempre), o homem tem como valor primor- dial a
própria vida e a luta permanente por sua preservação.
Essa hierarquização de valores varia de um país para outro, de uma sociedade organizada
para outra, de um grupo social para outro. Por exemplo, na Segunda Guerra Mundial, os
“kamikaze”, pilotos-suicidas japoneses e, atualmente, os fundamentalistas islâmicos, que se
sacrificam em atentados nos EUA e Oriente Médio, priorizam a causa da pátria à frente de sua
própria vida, contrariando o instinto de preservação, valor primordial do ser humano.
Exemplo mais próximo é o juramento proferido solenemente pelos militares da Marinha,
assegurando defender a honra, integridade e instituições da Pátria, com o sacrifício da própria
vida.
Nas Forças Armadas, valores como a honra, a dignidade, a honestidade, a lealdade e o
amor à pátria, assim como todos os outros considerados vitais, devem ser praticados e
transmitidos, permanentemente, pelo Líder aos seus liderados, como tarefa de doutrinamento.
Este procedimento visa transmitir a correta hierarquização e prioriza-os em relação aos valores
materiais, como dinheiro, o poder e a satisfação pessoal.
Este é o maior desafio a ser enfrentado por aquele que pretende exercer a liderança de um
grupo.
O momento é oportuno para transcrevermos o conceito de honra, externado pelo Almirante
Tamandaré, patrono da Marinha do Brasil:
“Honra é a força que nos impele a prestigiar nossa personalidade. É o sentimento avançado
do nosso patrimônio moral, um misto de brio e valor. Ela exige a posse da perfeita
compreensão do que é justo, nobre e respeitável, para elevação da nossa dignidade; a bravura
para desafrontar perigos de toda ordem, na defesa da verdade, do direito e da justiça.
Este sentimento está acima da vida e de tudo quanto existe no mundo, porque a vida se
acaba na sepultura e os bens são transitórios, enquanto que a honra a tudo sobrevive”.
5.4.2 – Bases Psicológicas da Liderança
a) Conceituação de psicologia
A matéria-prima da psicologia é a vida humana em seus múltiplos aspectos: mentais,
corporais e de interação com o mundo externo. Seu objeto de estudo são os fenômenos
psicológicos.
Fenômenos psicológicos são processos que ocorrem no mundo interno dos indivíduos,
construídos ao longo de suas vidas; são contínuos, e nos permitem sentir o mundo de forma
própria.

b) Relação entre Psicologia e Liderança


A Liderança consiste em uma relação de interação envolvendo pessoas (líder e liderados); a
maneira como se processa essa interação depende, em muito, dos fenômenos psicológicos que
ocorrem na mente dos indivíduos envolvidos.
O processo de liderança deve ser constantemente submetido a uma reavaliação, pelo fato
de envolver pessoas interagindo, de forma estrita, durante um determinado período.
A psicologia permite compreender o modo como os seres humanos são condicionados pelos
estímulos, que se refletem no comportamento, e pelo ambiente que os envolve. As atitudes
formam um conjunto de fatores pelos quais as pessoas podem ser observadas, tais como: gestos,
participação e apresentação.
O líder, em todos os níveis, deve ser capaz de compreender o processo psicológico do
“estímulo – comportamento – atitude”, que permite moldar e avaliar os liderados para tarefas que
envolvam até risco de vida, como em situações de combate.
A seguir abordaremos os três aspectos da psicologia que mais interessam, objetivamente,
processo da Liderança São eles: percepção, motivação e atitude.
c) Percepção

O homem é sempre capaz de receber estímulos do mundo externo e responder a eles, após
os haver interpretado. Tais estímulos incluem coisas, pessoas e situações.
O psiquismo do próprio observador, sua subjetividade, vai interferir decisivamente em seu
processo de percepção. Quanto mais complexo for este estímulo, maiores são as
possibilidades de ocorrerem percepções distintas, por parte de diferentes observadores.
Quando o objeto percebido é concreto, por exemplo, um automóvel pequeno com a pintura
em bom estado, a maioria dos observadores perceberá claramente tais características.
Quando o objeto percebido é uma pessoa, surgem maiores dificuldades. Quando
conhecemos alguém, tendemos a formar impressões imediatas sobre a pessoa. Podemos achá-la
simpática e inteligente, por exemplo. Um outro observador, ao conhecer a mesma pessoa, pode
considerá-la simpática, mas não muito inteligente. Já um terceiro poderá dizer que nem se
aproximou muito, por considerá-la bastante antipática. Isso acontece porque a subjetividade de
quem percebe interfere poderosamente no processo de formação de juízos.

Outro fator complicador em nosso processo de avaliação dos outros é a tendência que as
pessoas tem, principalmente em um primeiro contato, de revelar apenas alguns traços de sua
personalidade, normalmente os que consideram favoráveis. Tais constatações nos levam a uma
conclusão: nossa percepção é falha, quando estamos observando pessoas (ou grupos delas); isto
porque os seres humanos têm emoções muitas vezes secretas.
Assim, qual deve ser o procedimento para evitar a forte tendência de estabelecermos
percepções equivocadas sobre terceiros? Reconhecer que as pessoas não são formulações
matemáticas que apresentam solução-padrão e ter suficiente humildade para não confiar
cegamente na própria percepção, tendo capacidade para reformulá-la, após observação mais
duradoura e acurada.
A seguir, são apresentados alguns dos processos, mais comumente postos em prática pelos
observadores em geral, e que conduzem a graves equívocos na formação de juízos sobre
terceiros:
I) Efeito de halo

É muito comum categorizarmos o objeto de nossa percepção em termos de bom e mau,


deduzindo, a partir desta primeira classificação, os demais traços do indivíduo observado; esta
tendência é chamada de efeito de halo, porque a pessoa rotulada de boa passa a ser cercada por
uma aura positiva, sendo a ela atribuídas todas as qualidades consideradas favoráveis; ao
contrário, se o indivíduo é rotulado de mau, passa a possuir um halo negativo, sendo a ele
atribuídas todas as más qualidades.
II) Similaridade suposta

É a tendência da maioria das pessoas para supor que as outras são semelhantes a elas
mesmas, se o indivíduo gosta de futebol, tende a acreditar que os outros também gostam isto é,
grande parte dos indivíduos atribui suas próprias características aos outros.
III) Preconceito

É a tentativa de avaliar alguém, a priori, pelo fato de pertencer a um grupo étnico, religioso,
político, etc. Isto pode nos conduzir a graves equívocos.

d) Motivação

Todo comportamento humano é motivado, ou seja,


nossos atos, mesmo os mais rotineiros, têm, por trás de si,
motivos que os norteiam.
I) Motivo: é a condição interna que leva o indivíduo a agir
e persistir em um dado comportamento, visando um
determinado objetivo.
II) Motivação consciente: está associada a comportamentos em que o sujeito sabe
claramente qual o motivo que o impeliu à ação, como por exemplo, o ato de beber água quando
sente sede, escolher um transporte, uma roupa, etc..
III) Motivação inconsciente: em outras situações, o motivo pode não ser claro – o que não
impede a manifestação do comportamento; neste caso o sujeito crê em um motivo aparente, que
não é o verdadeiro, como por exemplo, uma pessoa que lava compulsivamente as mãos poderá
explicar seu comportamento, alegando que age assim porque as mãos estão sujas (motivo
aparente), quando na verdade se comporta daquela forma porque tem pensamentos
pecaminosos, que considera sujos (motivo latente).
Atos inconscientes de coçar a cabeça ou balançar as pernas também são formas de
transparecer preocupação, nervosismo, ansiedade ou tensão.
IV) Origem dos motivos: para a maioria dos psicólogos sociais, os motivos têm origem nas
necessidades, ou seja, o motivo é uma condição interna que conduz à ação, desde que haja uma
necessidade; caso o indivíduo não tenha necessidades de qualquer natureza, ele simplesmente
não age.
V) Gráfico de Maslow:

O conhecido psicólogo social Maslow formulou uma interessante teoria sobre a motivação
humana a partir de cinco categorias de necessidades, as quais ele hierarquiza partindo das mais
genéricas e elementares (base da pirâmide) às mais sutis (topo da pirâmide).

A interpretação do gráfico é feita a partir da base do triângulo; uma vez atendidas as


necessidades de um determinado nível o indivíduo passará a sentir necessidades em um grau
imediatamente acima.
• Necessidades fisiológicas - são aquelas mais prementes, as quais afetam todos os indivíduos
da espécie, tais como fome, sede, repouso, sexo, etc.

• Necessidades de segurança – são aquelas relativas à preservação de sua integridade física.


• Necessidades de amor e afeto - neste nível de necessidade está incluído tanto o dar
como receber amor; consideram os psicólogos, em sua maioria, que a frustração no atendimento
destas necessidades é a origem mais comum da falta de adaptação e da psicopatologia grave.
• Necessidades de auto-estima - correspondem ao desejo de avaliação estável e elevada,
além do respeito das outras pessoas.
• Necessidades de auto-realização - são definidas como a tendência do indivíduo para
realizar plenamente seu próprio potencial, ou seja, ser efetiva mente o que pode ser.
VI) Incentivos
São objetos ou condições que despertam motivos e, portanto, tornam-se finalidades para as
quais se dirigem os comportamentos; só serão eficazes, porém, em função das necessidades do
indivíduo, por exemplo: o alimento só funciona como incentivo para alguém que esteja faminto.
Como incentivos, podemos citar: recompensas e punições, elogio, censura e competição.
Os psicólogos, em geral, consideram que a recompensa se mostra mais eficaz do que o
castigo, principalmente em processos de aprendizagem. Pesquisas também mostraram que o
elogio é superior à censura, e esta, por sua vez, superior à indiferença.
A curto prazo, elogio e censura apresentam resultados idênticos como incentivos; no
entanto, a longo prazo, o elogio se mostra mais eficaz.
A competição também é bastante utilizada em grupos de indivíduos, com o propósito de
estimular melhor desempenho entre seus membros. Deve ser empregada com bastante critério,
uma vez que apresenta uma grave limitação: apenas um indivíduo vence, enquanto os demais
membros do grupo podem sentir-se perdedores, gerando frustração e desestímulo.
Os psicólogos consideram que deve ser estimulada a competição do indivíduo consigo
mesmo, na busca de melhores resultados, e não contra os demais componentes do grupo.
e) Atitude

“É um sistema relativamente estável de organização de experiências e comporta- mentos


relativos a um objeto ou evento particular”. (McDavid e Harari)
Atitude é um conceito hipotético, isto é, não pode ser diretamente observável, o que não
impede que seu efeito possa ser inferido a partir do comportamento decorrente.
Comportamento á a expressão de uma atitude ou a manifestação aparente de uma vontade.
Por exemplo, nada assegura a um professor que o fato de um aluno estar em silêncio, olhando
para o quadro, com postura ideal, signifique que tal aluno esteja efetivamente atento ao conteúdo
da aula, aprendendo o que está sendo ministrado. Seu comportamento parece indicar uma atitude
neste sentido, mas não há garantias disso.
De início, afirma-se que atitude é um sistema; portanto, compõe-se de
partes. Que partes são estas?
Uma delas, de caráter racional, é chamada de elemento cognitivo; é conceitual, ligado,
portanto, à consciência do indivíduo. Outra parte componente do sistema de atitudes de uma
pessoa é elemento afetivo, relacionado a sentimentos e emoções do sujeito; este elemento trata
do gostar (ou não) de um determinado objeto, independentemente de argumentos racionais. Um
terceiro elemento, chamado comportamental, trata das tendências ou predisposições do indivíduo
para agir de maneira própria.
É importante ressaltar que os elementos citados não atuam isoladamente, mas se
interpenetram, imbricam-se, apresentando uma resultante final, que se manifestará através do
comportamento por ela gerado.
Convém chamar atenção para outra parte da definição que afirma que as atitudes são relativas
a um dado objeto. Os objetos podem ser pessoas (o pai, o vizinho, o patrão, etc.), grupos sociais
idéias ou crenças.
É possível concluir que as atitudes têm fortes propriedades motivadoras, isto é, orientam o
comportamento dos indivíduos.
O sistema de atitudes de um indivíduo vai sendo estruturado ao longo de sua existência, por
meio de experiências vividas, desde a primeira infância; é um processo dinâmico, que acompanha
o desenvolvimento psicosocial do sujeito. Ou seja, mesmo um adulto pode rever seus conceitos,
reformular suas crenças, reconsiderar suas relações afetivas, em suma, reorganizar seu sistema
de atitudes.
A possibilidade de atuação sobre os sistemas de atitudes de adultos é a grande arma da
propaganda em geral, quer tenha como finalidade vender um produto comercial, quer pretenda
disseminar uma crença, quer apoie um candidato político. Liderança, sendo um processo de
influenciação e persuasão, consiste precisamente em atuar no complexo sistema de atitude de
indivíduos adultos.
5.4.3 – Bases Sociológicas da Liderança
a) Conceituação de sociologia
A sociologia é a ciência humana que tem como objeto a descrição sistemática de
comportamentos sociais e, também, o estudo dos fenômenos sociais;
Podemos nos referir as sociedades compostas por muitos milhões de seres humanos (a
sociedade brasileira, por exemplo) ou a sociedades de dimensões muito mais modestas (a
associação de moradores de um bairro).
O que caracteriza uma sociedade é o grau de complexibilidade das relações internas desta
coletividade, suficientemente amplo para ser analisado do ponto de vista sociológico.
A sociologia tem como meta mostrar o lado interno das sociedades, com o propósito de
refletir, com profundidade, sobre a dinâmica de forças atuantes em dada coletividade.
b) Relação entre Sociologia e Liderança

Como já vimos, a liderança envolve líder e liderados em um processo ímpar de interação


social. Tal processo ocorre sempre no interior de grupos humanos, razão pela qual existe uma
relação muito próxima entre sociologia e liderança.
Em um agrupamento humano, o indivíduo que melhor conseguir personificar anseios e
objetivos de sobrevivência, coletivamente comungados em uma determinada situação, passa a
ser candidato em potencial para assumir a liderança.
Naturalmente, para que alguém possa ser considerado como a personificação da vontade
coletiva de um grupo, é necessário possuir atributos pessoais que o qualifiquem como Líder, tais
como: credibilidade e persuasão.
A seguir trataremos de alguns aspectos da sociologia que têm relação estreita com a liderança.

c) A cultura

Podemos definir cultura como tudo que é socialmente aprendido e partilhado pelos
membros de dada sociedade.
O homem é fundamentalmente um ser cultural; nascemos dentro de determinado contexto
cultural, do qual recebemos uma herança social; podemos introduzir modificações nesta última e
transformá-la, contribuindo para o legado de futuras gerações.
I) Elementos que compõem as culturas: os elementos fundamentais, relativos a uma dada
sociedade, que compõem as culturas em geral são:
• a língua;

• os costumes (vestuário, alimentação, música, religião, etc.);

• as técnicas (meios de trabalho e produção de bens);


• os valores (normas, critérios e ideias, relacionados com formação de atitudes).
II) Subcultura: dentro de uma determinada cultura, podemos notar grupos de pessoas que
desenvolvem comportamentos próprios, não compartilhados por todos os membros desta cultura;
é o que se define como subcultura; as Subculturas se distinguem umas das outras por traços
específicos, entre os quais podemos citar a religião, a ocupação, a faixa etária, a classe social e
outros; por exemplo, os militares constituem uma subcultura dentro da sociedade brasileira e a
Marinha é uma subcultura dentro das Forças Armadas.
III) Cultura ideal: consideramos como cultura ideal aquela que inclui os comportamentos
aprovados em determinada sociedade, os quais se espera que serão praticados por seus
membros (são as normas culturais).
IV) Cultura real: inclui os comportamentos efetivamente postos em prática pelos membros
da sociedade; na maioria das sociedades existem padrões de comportamento que, embora
condenados, são amplamente praticados, por exemplo, o jogo do bicho no Brasil.

d) Etnocentrismo

Diretamente decorrente do conceito de cultura, a noção de etnocentrismo é de capital


importância, uma vez que sua prática é muito frequente no interior de grupos humanos.
Tal prática consiste em considerar a cultura do próprio grupo como superior às demais; ou
seja, é usada como padrão de referência em relação às outras; por exemplo, afirmações do tipo:
povo eleito, raça superior, verdadeiros fiéis, etc..
I) Aspecto positivo: fortalecimento da auto-estima do grupo, sua lealdade interna e,
consequentemente, sua autopreservação; é fator de estímulo do patriotismo, do nacionalismo, do
espírito de corpo e do “espírito de navio”.
II) Aspecto negativo: proteção contra eventuais mudanças e a não-aceitação de elementos
externos àquela cultura, podendo conduzir ao isolamento, à cristalização e à falta de autocrítica
no seio do grupo.
e) Papel e Status

São aspectos de um mesmo fenômeno; status é um conjunto de privilégios e deveres; papel


é o comportamento derivado de tal conjunto de privilégios e deveres.
Podemos dizer que papel é o comportamento esperado de um indivíduo que detém
determinado status.
As normas da cultura são retidas através da aprendizagem de papéis; todos nós, ao longo
da existência, devemos aprender a desempenhar vários papéis, como os de cidadão, pai, filho,
marido, profissional de determinada área, membro de determinada classe social ou de uma
religião.
É possível a ocorrência de conflitos entre os diferentes papéis que o indivíduo desempenha
na vida; também podem ocorrer choques entre o status e o desempenho real do papel.
I) Papéis atribuídos: são aqueles que independem de escolha do indivíduo, e se referem a
atribuições por sexo, idade, raça, nacionalidade, classe social etc.; por exemplo, ser homem,
brasileiro e jovem, forma um conjunto de papéis atribuídos a determinado indivíduo.
II) Papéis adquiridos: se referem a escolhas do indivíduo, e são obtidos através de sua
capacidade e desempenho; por exemplo, o status de marido e o de militar são adquiridos.
III) O papel do líder: como a liderança tem caráter situacional, o papel do líder se modifica
em função de eventuais mudanças contextuais; por exemplo, liderar em função de paz requer
atributos distintos daqueles da liderança em situação de combate. O papel de chefe militar é um
papel atribuído, cuja complexidade é crescente, à medida que o indivíduo vai galgando postos

hierárquicos na carreira. Mas, ao mesmo tempo, o militar deve exercer o papel adquirido de líder
militar, que deve ser conquistado, permanentemente, por iniciativa própria.
f) Processos Sociais
São definidos como a interação repetitiva de padrões de comportamento comumente
encontrados na vida social (Horton e Hunt).
Os de maior incidência nas sociedades e grupos humanos são: cooperação, competição e
conflito.

Como sua ocorrência é frequente no interior dos grupos humanos, compete ao líder
identificar a existência de tais processos, estimulando-os ou não, em função das especificidades
da situação corrente e da natureza da missão a ser levada a termo.

I) Cooperação
Significa trabalhar em conjunto, implicando em uma opção pelo coletivo em detrimento do
individual; sob muitos aspectos e de um ponto de vista humanista, é a forma ideal de atuação de
grupos; exemplos: no mundo animal, abelhas e formigas; nas sociedades humanas as
cooperativas, os processos de cooperação científica e cultural, a ONU, etc..
II) Competição

É definida como a luta pela posse de recompensas cuja oferta é limitada; ou a tentativa de
obter uma recompensa superando todos os rivais; tais recompensas incluem dinheiro, poder,
status, amor e muitos outros.
A competição, sob o ponto de vista psicológico, tem o mérito de estimular a atividade dos
indivíduos e dos grupos, aumentando-lhes a produtividade. Tem, porém, o grave inconveniente de
desencorajar os esforços daqueles que se habituaram a fracassar. Vencedor há um só; todos os
demais são perdedores.
Outro sério inconveniente decorrente do estímulo à competição consiste na forte
possibilidade de desenvolvimento de hostilidades e desavenças no interior do grupo, contribuindo
para sua desagregação.
Os especialistas concordam que os processos de competição e de cooperação coexistem e,
até mesmo, sobrepõem-se na maioria das sociedades. O que varia, em função de diferenças
culturais, é a intensidade com que cada um é experimentado.
A instabilidade inerente ao processo competitivo faz com que este, com frequência, se
transforme em conflito.
III) Conflito

É a exacerbação da competição; consiste em obter recompensas pela eliminação ou


enfraquecimento dos competidores (e não pela superação destes, como ocorre no processo de
competição); é uma forma de competição em que a violência tende a se instalar e vai-se
intensificando, à medida que aumenta a duração do processo, já que este tem caráter cumulativo
(a cada ato hostil surge uma represália cada vez mais agressiva).
A partir de divergências de percepção e ideias, as pessoas se colocam em posições
antagônicas, caracterizando uma situação conflitiva. Desde as mais leves até as mais profundas,
as situações de conflito são componentes inevitáveis e necessárias da vida grupal.
O conflito, em si, não é patológico nem destrutivo, podendo ter conseqüências funcionais
ou disfuncionais, a depender de:
• sua intensidade;

• estágio de evolução;
• contexto; e
• forma como é tratado.
O aspecto negativo do conflito é a sua tendência a destruir a unidade social e da mesma forma
desagregar grupos menores.
Por outro lado, doses regulares de conflito de posições podem ter efeito integrador dentro
do grupo, levando a uma revitalização dos valores autênticos próprios daquele grupo.
De um ponto de vista amplo, o conflito tem muitas funções positivas:

• Previne a estagnação decorrente do equilíbrio constante da concordância;


• Estimula o interesse e a curiosidade pelo desafio da oposição;
• Descobre os problemas e demanda sua resolução;
• Funciona como a raiz de mudanças pessoais, grupais e sociais.
Uma vez instalado e manifesto o conflito no seio de um grupo, seu respectivo líder terá de
buscar soluções alternativas para manter o controle da situação. Não é fácil ou agradável para os
líderes atuar em situações de conflito, o que não justifica sua pura e simples negação; é
indispensável que o líder seja capaz de diagnosticar as situações de conflito, mesmo quando
ainda latentes, de modo a buscar alternativas para o mesmo.

g) Alternativas para os conflitos

Nem sempre há como evitar, em uma sociedade ou grupo humano, o surgimento de


situações de conflito; existem, porém, as seguintes possibilidades:
• Acomodação - consiste de um acordo temporário entre as partes (indivíduos ou grupos)
conflitantes, desde que tais partes considerem prioritário agir em conjunto, a despeito de
hostilidades e diferenças; a acomodação não resolve o conflito, mas funciona como uma
suspensão temporária do mesmo; exemplo: casais que adiam uma separação legal, aguardando a
emancipação dos filhos.
• Deslocamento – trata-se de suspender determinado conflito, substituindo-o por outro;
exemplo: guerra, ou ameaça de guerra, contra um inimigo externo, com o propósito de promover a
unidade nacional.
• Institucionalização da liberação da hostilidade – consiste na canalização da energia
agressiva inerente aos conflitos, para formas socialmente aceitas, como festas e rituais religiosos,
ou práticas esportivas; exemplo: carnaval e futebol.
• Arbitramento – uma terceira pessoa aceita de comum acordo pelos oponentes decide por
uma solução própria para o conflito, a qual será respeitada por ambos; exemplo: nas relações
internacionais muitas vezes os países recorrem ao arbitramento como solução para conflitos de
fronteiras, evitando a confrontação e o uso da violência.
h) Processo psicossocial de mudança

São as seguintes as fases do processo psicosocial de mudança:

I) Descongelamento - Para que ocorra mudança nas pessoas, faz-se necessário que haja
algum desequilíbrio ou crise interna que propicie alteração de percepções e introdução de novas
ideias, sentimentos, atitudes, comportamentos. Pode se alcançar este estágio através de
comunicação, questionamento, introdução de novas informações e ideias, levando à
sensibilização e à conscientização de problemas e da necessidade de algumas mudanças para
resolvê-los;
II) Incorporação – Consiste na decisão pela mudança e sua implementação, pela
aprendizagem de novos padrões de percepção, conhecimentos, atitudes e ações; e
III) Congelamento – Se estabelece o equilíbrio após a transição da mudança. Esta última
fase precisa de reforço externo para que as atitudes e comportamentos antigos não se
manifestem novamente.
i) Resistência à mudança
Toda mudança provoca resistência.
Em geral as pessoas sentem medo do novo, do desconhecido, do que não lhes é familiar. A
percepção vem acompanhada de um sentimento de ameaça à situação já organizada e segura da
pessoa.
Do ponto de vista psicológico, a resistência à mudança é uma reação normal, natural e
sadia, desde que represente um período transitório de tentativas de adaptação, em que a pessoa
busca recursos para enfrentar e lidar com o desafio de uma situação diferente.
A resistência à mudança é, portanto, uma fase inicial prevista em qualquer programa de
mudança planejada.
5.5 – TIPOS DE LIDERANÇA E SUAS CARACTERÍSTICAS

5.5.1 – Estilos de liderança

Muitas teorias descrevem e preconizam estilos de liderança baseados no conhecimento


técnico-profissional, nas características pessoais, no relacionamento entre líderes e liderados e,
ainda, segundo as circunstâncias em que se encontra o grupo.
a) Liderança Autoritária ou Autocrática
É baseada na autoridade formal,
aceita como correta e legítima pela
estrutura do grupo. Essa autoridade
formal, que é conferida ao líder, dá-lhe
autonomia para motivar os seus
subordinados por intermédio de
recompensas e punições.
O Líder autocrático baseia a sua
atuação numa disciplina rígida, impondo
obediência e mantendo-se afastado de relacionamentos menos formais com os seus subordinados.

Controla o grupo por meio de inspeções de verificação do cumprimento de normas e


padrões de eficiência, exercendo pressão contínua.
Este tipo de liderança pode ser útil e, até mesmo, recomendável em situações especiais –
em combate, por exemplo, sendo a forma de liderança mais conhecida e de mais fácil adoção.
A principal restrição a esse tipo de liderança é o desinteresse pelos problemas e idéias,
im pedind o a iniciativa e, por conseguinte, a participação e a criatividade dos subordinados.
O uso desse estilo de liderança pode gerar resistência passiva dentro da equipe e inibir a

iniciativa do subordinado, além de não considerar os aspectos humanos, entre eles o


relacionamento líder liderados.
b) Liderança Participativa ou Democrática

Nesse estilo de liderança, abre-se mão de parte


da autoridade formal em prol de uma esperada
participação dos subordinados e aproveitamento de
suas ideias.
Os componentes do grupo são incentivados a
opinarem sobre as formas como uma tarefa poderá ser
realizada, cabendo a decisão final do líder (exemplo
típico é o Estado-Maior).
O êxito desse estilo é condicionado pelas características pessoais, pelo conhecimento
técnico- profissional e pelo engajamento e motivação dos componentes do grupo como um todo.
Em se obtendo sucesso, a satisfação pessoal e o sentimento de contribuição, por parte dos
subordinados, são fatores que permitem uma realimentação positiva do processo.
Na ausência do líder, uma boa equipe terá condições de continuar agindo, de acordo com o
planejamento previamente estabelecido, para cumprir a missão.
O líder deve estabelecer um ambiente de respeito, confiança e entendimento recíprocos,
devendo possuir, para tanto, ascendência técnico-profissional sobre seus subordinados e conduta
ética e moral compatíveis com o cargo que exerce. Um líder que adota estilo democrático
encoraja a participação e delega com sabedoria, mas nunca perde de vista sua autoridade e
responsabilidade.
c) Liderança Delegativa ou Liberal

Esse estilo é indicado para assuntos de natureza técnica,


nas quais o líder atribui a assessores a tomada de decisões
especializadas, deixando-os agir por si só. Desse modo, ele tem
mais tempo para dar atenção a todos os problemas, sem se
deter especificamente a uma determinada área.
É eficaz quando exercido sobre pessoas altamente
qualificadas e motivadas. O ponto crucial do sucesso desse tipo
de liderança é saber delegar atribuições sem perder o controle
da situação e, por essa razão, o líder também deverá ser
altamente qualificado e motivado.

O controle das atividades dos elementos subordinados é pequeno, competindo ao chefe às


tarefas de orientar e motivar o grupo para atingir as metas estabelecidas.
d) Liderança Situacional

Também conhecida como teoria do ciclo vital da liderança, define que, para diferentes
situações, o estilo de liderança a ser exercido deve ser distinto. O êxito do processo está pautado
na percepção do ambiente (grau de maturidade/prontidão do grupo) e na capacidade de
adaptação do comportamento do líder para atender às necessidades dos seus liderados.
Os estilos de liderança efetivos seguem uma relação curvilínea entre tarefa, relacionamento
e maturidade dos subordinados.
Os aspectos mais importantes a serem considerados no ciclo vital da liderança são os
seguintes:

I) Muitos grupos não atingem a parte madura do ciclo, embora haja evidências de que, com
aumento do nível de educação e experiência, isso possa se alcançado;
II) A maturidade depende, também, das ferramentas disponíveis; um grupo maduro em
determinado trabalho, com suas ferramentas clássicas, torna-se imaturo se tiver que utilizar novas
ferramentas cuja operação não domine;
III) O estilo de liderança de uma pessoa reflete sua estrutura básica motivacional e de
necessidades, sendo de fato, difícil fazer mudanças bruscas no seu estilo; e
IV) As pessoas que ocupam cargos de nível mais elevado tendem a ser mais “maduras” e,
portanto, precisam de menos supervisão do que as pessoas que ocupam posições de nível mais
baixo.
Os melhores líderes utilizam estilos diferentes, em diferentes situações. Na prática, em um
dia de trabalho, o líder pode empregar os três processos de liderança, de acordo com a situação e
com os liderados.
Manda cumprir uma ordem, consulta o grupo antes de tomar uma decisão e sugere a um
subordinado realizar determinada tarefa.
Ao mandar, é líder autocrático; consultando, é líder democrático; e sugerindo é líder
delegativo.

A esse estilo de liderança que assume, de acordo com as circunstâncias, características


autocráticas, democráticas ou delegativas, denomina-se liderança situacional.

5.5.2 – Níveis de liderança

A Doutrina de Liderança da Marinha adotou três


níveis que definem, com precisão, toda a abrangência da
liderança:
• Liderança direta ou pessoal

• Liderança organizacional; e

• Liderança estratégica.

a) Liderança Direta ou Pessoal


A liderança direta é obtida por meio do relacionamento face a face entre o líder e seus
liderados e é mais presente nos escalões inferiores, quando o contato pessoal é constante.
Conquanto seja mais intensa no comando pequenas frações ou unidades, será sempre exercida
na carreira de um militar, tendo em vista que a estrutura organizacional da Força exige o trato com
assessores e subordinados diretos.
b) Liderança Organizacional ou de Organização
Normalmente é exercida nos grandes grupos. Ao contrário do que acontece no nível de
liderança direta, a influência dos líderes organizacionais é basicamente indireta: eles expedem
suas políticas e diretivas e motivam seus liderados por meio de seu “staff” e comandantes
subordinados.
Devido ao fato de sua liderança ser distante, os resultados de suas ações são
frequentemente menos visíveis e mais demorados.
Sempre que possível, o líder organizacional deve mostrar sua presença junto aos escalões
subordinados, seja por intermédio de visitas e mostras, seja por meio de reuniões funcionais com
os comandantes subordinados.
c) Liderança Estratégica
Líderes estratégicos exercem sua liderança no âmbito dos níveis mais elevados da
Instituição. Sua influência é ainda mais indireta e distante do que a dos líderes organizacionais.
Os líderes estratégicos trabalham para deixar, hoje, a instituição pronta para o ama- nhã, ou
seja, para enfrentar os desafios do futuro.
A visão dos líderes estratégicos é especialmente crucial na identificação do que é
importante com relação ao pessoal, material e tecnologia, a fim de subsidiar decisões críticas que
irão determinar a estrutura e a capacidade futura da organização.
Para obter o suporte necessário, os líderes estratégicos procuram obter o consenso não só
no âmbito interno da organização, como também trabalhando, junto ao Congresso e a outros
órgãos, nos assuntos relativos a orçamento, estrutura da Força e questões estratégicas, além de
estabelecer contatos com outros países e Forças em assuntos de interesse mútuo.
A maneira como eles comunicam as suas políticas e diretivas aos militares e civis
subordinados, e apresentam aquelas de interesse aos demais cidadãos, vai determinar o nível de
compreensão alcançado e o possível apoio para as novas idéias.
Esses líderes preparam a Instituição para o futuro por meio de sua liderança. Isso significa
influenciar pessoas – integrantes da própria organização, membros de outros setores do governo,
elites políticas – por meio de propósitos significativos, direções claras e motivação consistente.
d) Utilização dos atributos de cada nível de liderança

O líder organizacional deve ser também um líder direto, assim como o líder estratégico deve
acumular os atributos dos líderes direto e organizacional.
5.5.3 – Manifestações patológicas da liderança
a) Liderança Carismática
Em consequência da conjunção de fatores intelectuais e emocionais, presentes em grau
sumamente elevado, em circunstâncias altamente favoráveis, o líder atinge o clímax de sua
ascendência; passa a ser amado, com freqüência de modo doentio, com as seguintes
consequências:
I) A razão se enfraquece;

II) O convencimento por parte do líder chega a ser desnecessário; e


III) Estabelece-se a obediência cega inconsequente.
A liderança militar deve repelir qualquer manifestação dessa natureza).

b) Liderança que atenta contra a ética

Consiste no emprego da liderança para atingir objetivos que estão em desacordo as regras
que determinam o comportamento de indivíduos em uma dada sociedade. Enquadra-se neste
caso, por exemplo, a liderança exercida por certos chefes de organizações criminosas.
5.6 – FORMAS DO LÍDER TRABALHAR COM OS PROBLEMAS COMUNS NA DI-
NÂMICA DE UM GRUPO
5.6.1 – Formas de exercer influência no grupo Aspectos psicológicos a considerar
O chefe que desejar tornar-se um líder, influenciando seus subordinados, deverá utilizar as
contribuições que a psicologia coloca a serviço da liderança, considerando, principalmente, os
seguintes aspectos:
I) A habilidade de impelir os indivíduos a agirem depende e se baseia num conhecimento
das possíveis e prováveis reações desses mesmos indivíduos;
II) Quem deseja influenciar alguém não deve levar em conta apenas o lado intelectual da
sua personalidade, mas, igualmente, o seu lado sentimental – não basta se dirigir à razão, sendo
também necessário falar ao sentimento do indivíduo;
III) Deve-se ter em vista que a reação do indivíduo, em conjunto, é diferente da sua reação
isolada ou individual – os homens se transformam quando em coletividade, perdendo suas
características individuais e incorporando a si, como individualidade própria, as características do
grupo;
IV) As qualidades e habilidades necessárias aos líderes bem sucedidos são determinadas,
em grande parte, pelas exigências específicas da situação em que o líder se encontra – o líder
tem de se conduzir de acordo com a situação, em que se incluem as características de cada
membro e do aspecto coletivo do grupo;
V) A liderança eficiente não é um comportamento único, um modo de proceder invariável,
mas um conjunto harmonioso e adequado às diversas situações de:
• qualidades postas em evidência;

• processos de influenciação; e
• métodos de condução e de direção;
VI) O líder, ao procurar obter ação e resultados, deve sempre procurar fazer os
subordinados sentirem que a atividade a realizar satisfaz aos seus próprios propósitos, desejos e
necessidades; e
VII)Às vezes, a justificação doutrinária de uma ideia não basta para fazer com que os
homens a aceitem e ajam com eficiência, sendo necessário ir além, influenciar toda a estrutura
mental, abrangendo a razão, o sentimento, a inteligência e, até mesmo, o subconsciente.
5.6.2 - Processos de influenciação

Influenciar implica em descobrir as molas do comportamento humano, em cada situação; as


forças psicológicas em jogo; os motivos, que nem sempre estão claros nas ocorrências diárias.
Porém, um pouco de cuidado, observação atenta e oportunidade para poder percebê-los,
são suficientes para descobrir esses motivos e utilizá-los convenientemente, dentro dos princípios
preconizados pelo estudo da liderança.
São os seguintes, os principais processos de influenciar pessoas:
I) Motivação - apelo às necessidades, interesses, valores e aspirações.
A motivação nada mais é do que um processo qualquer de impulsionar as pessoas a
agirem. O ideal é que elas ajam conscientemente, espontaneamente, voluntariamente, que
tenham vontade, queiram e até mesmo gostem de realizar a ação proposta.
Sem motivação não existe atividade espontânea. A qualidade da ação depende do interesse
do homem. A motivação é exatamente um meio de despertar esse interesse, de canalizar a
vontade dos indivíduos.
Compete ao líder perceber as necessidades e os interesses de seus liderados.

II) Afirmação e repetição - apelo à memória, ao hábito.

São elementos que têm uma poderosa influência sobre as opiniões e as convicções; sobre a
maneira de pensar e de julgar. A educação é em parte baseada neles.
As empresas propagam os seus produtos pela publicidade, pois conhecem o valor da
afirmação.
A afirmação só adquire influência real sob a condição de ser constantemente repetida e,
sempre que possível, nos mesmos termos. Pela repetição, a coisa afirmada implanta-se nos
espíritos, a ponto de ser aceita como uma verdade demonstrada.
Suficientemente repetida, uma afirmação acaba por criar primeiramente uma opinião e,
mais tarde, uma crença. Assim se explica a espantosa força da publicidade.
III) Exortação – apelo ao sentimento e às emoções.

Tem como propósito transmitir entusiasmo e fervor, não servindo para transmitir
informações ou argumentos racionais.
Por isso ela se aplica melhor onde os valores emotivos estão profundamente enraizados na
pessoa a ser influenciada: o homem emotivo ou emocionado é quase inacessível e indiferente à
argumentação racional, mas não aos apelos sentimentais.
Ao utilizá-la, o líder deve lembrar-se de que a exortação é um apelo emocional, e que as
emoções produzidas por tal apelo não são capazes de subsistir prolongadamente. Por isso, o seu
uso deve ser criterioso e sempre acompanhado de ações concretas, úteis e práticas.
IV) Argumentação – apelo à razão e ao raciocínio lógico.

A argumentação tem como objetivo influenciar o ouvinte ou leitor no sentido de não


escolher, não decidir ou não opinar antes de conhecer os fatos, as evidências, as verdades e a
lógica envolvidas na consideração de determinado problema ou situação.

V)Publicidade, Propaganda e Informação – apelo à atenção.

São técnicas que servem de apoio aos demais processos.


São ações conscientes, destinadas a transmitir informações ou ideias, com o fim de
levarmos pessoas a pensar ou agir de determinada forma.
A escolha dos meios e métodos para a publicidade e para a propaganda depende do
tamanho, espécie, natureza e nível do grupo de pessoas dirigido ou comandado.
A informação, sob a forma de impressos diversos, relatórios, gráficos, estudos
comparativos, mostra aos homens os seus progressos pessoais e os progressos de seu grupo.
VI) Prestígio – apelo à afeição

De todos os processos este é talvez o que mais predispõe os subordinados a se deixarem


influenciar.
Quando um líder de prestígio, possuindo determinadas qualidades pessoais, faz uso das
mesmas, não será difícil se observar a reação dos subordinados, no sentido de enfrentar tarefas
difíceis e fazer o que for preciso para seguir suas de- terminações.
VII) Efeito de atmosfera ou de ambiente – apelo à sugestibilidade

O ambiente que cerca as palavras, atos e gestos, através do qual o líder pretende
influenciar seus comandados, é de particular importância para que estes últimos se tornem
sugestionáveis.
Tudo o que no ambiente, no local e no cenário for capaz de estimular, de influir sobre o
ânimo, o estado de espírito, o humor e os sentimentos dos comandados, deve merecer todo o
cuidado e atenção do líder.
5.7 – COMPORTAMENTO DOS ELEMENTOS DE UM GRUPO DIANTE DOS ESTILOS DE
LIDERANÇA
5.7.1 - Introdução

Em 1939, na Universidade de Iowa, os cientistas Kurt Lewin, Ronald Lippitt e Ralph White
realizaram uma experiência, que ficou conhecida como a experiência de Iowa, visando
estabelecer relações entre estilos de liderança e comportamento de grupos.
Foram selecionados quatro grupos de meninos de 10 anos de idade, pelo método de
apresentação voluntária, os quais foram submetidos a diversos tipos de controle e entregues as
atividades tais como pinturas murais, escultura em massa e construção de aeromodelos.
De seis em seis semanas, assumiam a direção de cada grupo líderes diferentes, os quais
empregavam estilos alternados de liderança autocrática, democrática e delegativa. Os resultados da
experiência foram os seguintes:
5.7.2 – Comportamento diante da liderança autocrática ou autoritária

Neste tipo de liderança, o líder exige apenas obediência, a ele competindo, exclusivamente,
traçar as normas de ação e tomar decisões; o líder manda.
Foram feitas as seguintes constatações:

a) A liderança autocrática originou muita tensão e frustração;


b) Verificaram-se atos agressivos e danos na sala;
c) Insistência em fazer coisas proibidas;
d) Saídas da sala fora de hora;
e) Alunos fingindo não ouvir o líder;
f) Alguns caíram num conformismo apático, com total submissão ao líder;
g) O grupo não ria, não brincava, não conversava e o movimento e a iniciativa estavam
ausentes;
h) Seus membros pareciam gostar das tarefas, mas se percebia não estarem satisfeitos
com a situação;
i) A presença do líder era indispensável para que o trabalho se desenvolvesse;
j) Quando o líder saía, tudo parava, e o grupo dava expansão a todos os sentimentos
reprimidos;
k) Houve casos de agressão entre membros do grupo, na ausência do líder.

5.7.3 – Comportamento diante da liderança democrática ou participativa

Neste tipo de liderança, o líder extrai idéias e sugestões do grupo através de debates livres,
sendo os subordinados encorajados a participar das decisões e traçar objetivos comuns; o líder
consulta.
Foram feitas as seguintes constatações:

a) As relações entre os membros do grupo e o líder foram cordiais e amistosas;


b) Líder e subordinados comunicavam-se com franqueza e espontaneidade;
c) O trabalho progrediu em ritmo suave, seguro, sem interrupções na ausência do líder;
d) Desenvolveu-se um sentido de responsabilidade entre todos; e
e) Tornou-se evidente a integração do grupo.
5.7.4 – Comportamento diante da liderança delegativa ou liberal
Neste tipo de liderança, o líder é quase exclusivamente um centro de informações,
manifestando-se quando solicitado, e os subordinados dispõem da mais ampla liberdade de
movimentos, decidindo normas e objetivos. o líder sugere.
Foram feitas as seguintes constatações:

a) O trabalho progrediu ao acaso, repleto de altos e baixos;


b) Embora a atividade fosse aparentemente intensa, a produção jamais chegou a ser
satisfatória;
c) Perdeu-se tempo considerável em discussões e querelas causadas sempre por motivos
pessoais, sem qualquer ligação com o grupo;
d) Desenvolveu-se o individualismo agressivo; e
e) Embora os líderes despertassem a simpatia da maior parte dos membros do grupo,
nenhum sentimento maior de respeito por sua autoridade surgiu.
5.7.5 – Repercussões da experiência e Iowa

No mundo empresarial, a experiência de Iowa foi recebida como demonstração de


superioridade dos processos democráticos de Liderança, os quais foram adotados pela maioria
dos administradores.
Até o sistema disciplinar das Forças Armadas Norte-americanas foi influenciado pelos
processos democráticos de liderança. O autoritarismo transformou-se em tabu, enquanto o estilo
delegativo confundia-se com negligência e irresponsabilidade.
A experiência teve o mérito de despertar, nos homens de empresa, a atenção para a
complexidade e a delicadeza dos problemas de como conduzir as pessoas.
Toda problemática da Liderança está em quando empregar qual processo com quem.

5.8 – ATRIBUTOS E CARACTERÍSTICAS PESSOAIS DO LÍDER

5.8.1 - Introdução

Certos traços de personalidade encontram-se acentuados nos líderes militares, porém, não
existem fórmulas que indiquem quais os mais necessários ou como são utilizados no exercício da
liderança.
Os atributos de um líder não devem ser considerados isoladamente, e sim, em conjunto
(6:5). A liderança militar comporta uma variada gama de fatores que compõem o perfil do
líder;
o domínio de alguns deles não assegura êxito, assim como a inexistência de outros não indica
falta de condições para ser líder.
5.8.2 – Principais atributos de um líder
a) Atributos de Higidez
Higidez é o estado de saúde do indivíduo. Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS), saúde é um estado de bem-estar físico, mental e social. Nesse estado, o homem se
encontra na plenitude de suas potencialidades somáticas.
É imperativo criar condições físicas e mentais favoráveis ao bem-estar do pessoal. Os
homens não são máquinas. O tempo deve ser utilizado considerando suas necessidades de:
trabalho, lazer e descanso, tudo dentro das circunstâncias e objetivando o cumprimento da missão
(2:46).
O líder deve estar sempre preocupado em renovar suas próprias energias, evitando entrar
em estado de fadiga física ou mental, tendo igual preocupação em relação ao seu pessoal (2:46).
b) Atributos de Caráter
Constituem um conjunto de valores éticos que apresentam como componente comum a
verdade.

I) Caráter: é a soma total dos traços de personalidade que dão consistência ao


comportamento e tem por base a ética, a integridade, a honestidade, o respeito e a confiança,
sendo fator preponderante nas decisões e no modo de agir de qual- quer pessoa; e
II) Coerência/Integridade: capacidade de agir de acordo com as próprias ideias e pontos de
vista, em qualquer situação; significa firmeza, franqueza, sinceridade e honestidade para si
mesmo e em relação a superiores, pares e subordinados.
c) Atributos de Cavalheirismo
É uma das mais cultuadas tradições da Marinha. Compõem o cavalheirismo:

I) Bondade: demonstração de preocupação com o bem estar pessoal e profissional dos


liderados;
II) Comportamento social (postura): correção de atitudes e cortesia em todos os círculos
sociais que frequenta; cumprimento dos deveres de cidadão; procedimento exemplar na vida
particular, educação civil, cavalheirismo, civilidade e boas maneiras;
III) Compostura (autocontrole, equilíbrio emocional): manifestação coerente de reações
emocionais apropriadas, sobretudo em situações difíceis ou críticas;
IV) Consideração individual: é desejável que se relacione com cada pessoa individualmente;
V) Discrição: capacidade de se manifestar comedidamente em atitudes, maneiras e
linguagem. Saber relatar e comentar fatos ou situações, ou mesmo ficar calado, levando em conta
os interesses do serviço e da convivência social;

VI) Espírito de cooperação: capacidade de auxiliar eficiente e desinteressada- mente, de


esforçar-se em benefício das necessidades e prioridades da organização a que pertence, sem
ater-se aos problemas peculiares e limitados de sua função;
VII) Expressão escrita: capacidade de apresentar, por escrito, idéias, pensamentos, fatos e
situações com correção, clareza, precisão, objetividade, concisão e estilo apurado;
VIII) Expressão oral: capacidade de apresentar, oralmente, ideias, pensamentos, fatos e
situações com correção, clareza, precisão, objetividade e propriedade de linguagem;
IX) Ligação (relação): quanto mais fortes a relação e a ligação entre as pessoas, maior será
a probabilidade de o subordinado querer ajudar o Líder. Deve-se utilizar a emoção como fator de
estímulo à ação;
X) Respeito: é um atributo do relacionamento superior-subordinado que deve co- existir nos
dois sentidos desta relação, tanto do mais antigo para com o mais moderno como vice-versa.
Implica em observar as normas da moralidade e da urbanidade; e
XI) Tato: faculdade de tratar e resolver habilmente questões com outrem, de ser oportuno
nas palavras, nos gestos, nas ordens, nas soluções, nos elogios e nas críticas.
d) Atributos Essenciais

São atributos que, vindo do íntimo, referem-se à essência de cada um:

I) Autoconfiança: fé em si mesmo e na própria capacidade; demonstração de segurança e


convicção de ser bem sucedido diante de dificuldades. É demonstrada pela aparência, pelo olhar,
pela voz, pelo entusiasmo no modo de falar e de agir;
II) Confiança: capacidade de inspirar a crença de ser capaz de executar com êxito a missão
que lhe foi atribuída, de agir conforme com o que fala, de ser coe- rente, responsável e justo;
III) Motivação: força interna que sustenta todas as ações humanas; e
IV) Persistência/tenacidade: capacidade para executar uma tarefa vencendo as
dificuldades encontradas até concluí-la; é a perseverança para alcançar um objetivo, apesar de
obstáculos aparentemente insuperáveis.
e) Atributos do Julgamento
São demonstrados pela capacidade de analisar os problemas ou situações, pesar os fatores
e chegar a uma decisão judiciosa.
I) Capacidade de decisão: capacidade de tomar posição diante de várias opções; é a
habilidade para tomar medidas seguras e corretas no momento adequado; a percepção e a
sensibilidade são elementos críticos para a tomada de decisões;

II) Flexibilidade: capacidade de adaptação, de decidir, agir ou reagir corretamente, de modo


diferente em situações diferentes; e
III) Imparcialidade (senso de justiça): capacidade de julgar, baseando-se em da- dos
objetivos, sem se envolver, de acordo com o mérito e o desempenho de cada um, sem se deixar
influenciar pelas características pessoais e relacionamentos.
f) Atributos de Liderança

São valores que apresentam como componente comum a influenciação:

I) Apresentação pessoal: aprumo militar, conjugado com o apuro dos trajes civis e militares
e os cuidados com a aparência física requeridos ao militar;
II) Competência: proficiência em habilidades tangíveis, como técnicas funcionais e os
conhecimentos específicos; e habilidades intangíveis, como inter- pessoais, de comunicação, de
trabalho em equipe e administrativas; o militar com reconhecida capacidade profissional em seu
ambiente de trabalho, torna-se referência para seus superiores, pares ou subalternos e desponta
como líder;
III) Conhecimento profissional: conhecimento teórico e prático de sua profissão e
especialidade; domínio de campos de conhecimento correlatos e afins com sua profissão.
Habilidade no emprego de seus conhecimentos em prol do serviço;
IV) Coragem: a coragem apresenta-se sob duas formas: coragem física – superação do
medo ao dano físico no cumprimento do dever – e coragem moral – disposição para defender
crenças e desafiar os outros, baseado em valores e princípios morais, admitir erros e mudar o
próprio comportamento quando preciso, mesmo que esse ato contrarie os próprios interesses;
V) Dedicação: realizar as atividades com empenho, esforçar-se por concluí-las
corretamente, dentro dos prazos estabelecidos;
VI) Desprendimento (desinteresse, abnegação): é o esquecimento voluntário do que há de
egoístico nos desejos e tendências naturais do homem, em proveito de uma pessoa, causa ou
ideia;
VII)Disciplina consciente: capacidade de se conduzir dentro das normas e regu- lamentos,
mesmo quando não estiver sendo observado ou quando suas ideias e concepções pessoais
forem contrárias; possuir auto-liderança;
VIII) Entusiasmo: executar as tarefas com ânimo elevado, vibração e vigor; mostrar-se feliz
e orgulhoso do cargo que exerce;
IX) Exemplo: o exemplo aos subordinados se materializa pelo comportamento do líder, pleno
de valores inerentes à ética militar, aceitos e respeitados pelo grupo; esse comportamento deve
ser firme, permanente e coerente; o líder jamais deve dizer: “faça o que eu digo, mas não faça o
que eu faço”;
X) Iniciativa: capacidade de agir face a situações inesperadas, sem depender de ordem ou
decisão superior;
XI) Persuasão: capacidade de utilizar argumentos convincentes, para influenciar ações e
opiniões dos outros; e
XII) Responsabilidade moral (senso de responsabilidade): capacidade de cumprir suas
atribuições e as que sejam requeridas pela administração e de assumir e enfrentar as
consequências de seus atos e omissões, de suas atitudes e decisões.
5.8.3 – Procedimentos para se tornar um líder
Em resumo, pode-se dizer que, para se aperfeiçoar como líder, todos devem buscar se
tornar ponto de referência, adotando os seguintes procedimentos:
a) Ser sempre sincero com seus superiores, pares e subordinados;

b) Obedecer e assegurar-se que as normas disciplinares são obedecidas;

c) Estimular em seus subordinados o sentimento de sempre dizer a verdade;


d) Ser justo e criterioso na aplicação de recompensas, elogios e punições;
e) Desenvolver o gosto por atividades esportivas e intelectuais;

f) Respeitar a dignidade humana dos seus subordinados, evitando o uso de expressões


depreciativas, preconceituosas ou grosseiras;
g) Desenvolver a coesão e a disciplina; e

h) Ser criativo.

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