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Tribunal de Justiça do Paraná

Funrejus
ESTADO DO PARANÁ

PODER JUDICIÁRIO

MANUAL DA DIVISÃO JURÍDICA DO FUNREJUS

HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DA TAXA DO FUNREJUS no foro extrajudicial – A


Taxa do Funrejus incide sobre a prática de atos notariais e de registro, sendo que,
quando tratar de ato com expressão econômica, será calculada sobre o valor do título
do imóvel ou da obrigação, tendo como base a alíquota de 0,2% (zero vírgula dois por
cento), quando tratar de ato sem expressão econômica, haverá a incidência da
alíquota de 25%, desta feita sobre o valor de emolumentos cobrados pela Serventia.
Com o advento da Lei 17.833/2013, as receitas 8 (atos do Tribunal), 20 (custas dos
Juizados Especiais), passaram à alçada do FUNJUS, remanescendo à esse Fundo as
despesas relativas ao porte de remessa e retorno, códigos de receita 91 e 92. O
sujeito passivo do tributo é qualquer do povo que necessite praticar ato notarial ou de
registro descrito na hipótese de incidência da Taxa. O CTN define Taxa em seus
artigos 77 e 78 e tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a
utilização efetiva ou potencial de serviço público, específico e divisível, prestado ou
colocado à disposição do contribuinte.

ATOS CONCOMITANTES – a isenção prevista no art. 3º, inc. VII, item 11 da Lei
12.216/98, relativa aos atos concomitantes diz respeitos exclusivamente aos atos
acessórios (ex: compra e venda com alienação fiduciária em garantia). Portanto, não
se aplica quando os atos realizados não guardarem relação de acessoriedade (ex:
compra e venda com constituição de usufruto).

A decisão proferida pelo STJ, abaixo transcrita, refere-se apenas aos emolumentos,
não abrangendo a taxa FUNREJUS:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


SERVENTIA EXTRAJUDICIAL. EMOLUMENTOS. COMPRA E VENDA DE BEM
IMÓVEL E CONSTITUIÇÃO DE USUFRUTO NA MESMA ESCRITURA PÚBLICA.
IMPOSSIBILIDADE DE COBRANÇA PELOS DOIS ATOS PRATICADOS. AUSÊNCIA
DE EXPRESSA PREVISÃO LEGAL PARA TANTO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.

1. O art. 37 da Constituição Federal de 1988, ao incluir a legalidade como princípio


norteador da Administração Pública, fê-lo no afã de tutelar os direitos e as garantias
individuais dos cidadãos. Por isso, é de rigor que a atuação da Administração
Pública seja com estrita observância à lei, ou, em outras palavras, sem previsão
legal, a conduta é ilícita.

2. A Lei Estadual paranaense n. 6.149/70 e suas disposições complementares não


preveem expressamente a cobrança de emolumentos pela constituição de usufruto
na mesma escritura de compra e venda de bem imóvel, nem autorizam ou proíbem a
indigitada cobrança.

3. Desta sorte, o princípio da legalidade estrita, que deve informar aos atos da
Administração Pública, evidencia que o silêncio da lei impõe não haja cumulação de
emolumentos para a lavratura de uma única escritura, ainda que dois atos sejam
praticados por conta da celebração de dois negócios jurídicos distintos (compra e
venda de bem imóvel e usufruto), a fim de evitar, dessa forma, a onerosidade
excessiva, sem olvidar, por outro lado, a necessária remuneração dos atos
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praticados pelas serventias extrajudiciais.

4. Recurso ordinário em mandado de segurança não provido.

(RMS 28.259/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA,


julgado em 15/09/2009, DJe 23/09/2009)

APURAÇÃO DO VALOR DO IMÓVEL PELOS AGENTES DELEGADOS - Como é


cediço a taxa não pode ter a mesma base de cálculo do imposto face o impeditivo
constitucional contido no artigo 145, §2º, inviabilizando a utilização pura e simples do
valor venal indicado no IPTU, ITBI ou ITCMD, em face disso, a douta Corregedoria da
Justiça emitiu o posicionamento a ser observado em relação a obtenção do valor do
imóvel, nos Autos nº 2012.0430729-6/000, pontificando: “Para se apurar a
razoabilidade do valor do imóvel, deverá o Agente Delegado, à guisa de exemplo,
fazer um breve entre o valor venal, valor atribuído e o valor dos imóveis localizados na
mesma região, ou, utilizar qualquer outro elemento que julgue conveniente e efetivo,
evitando assim, a apresentação desnecessária de impugnações ao Poder Judiciário”.

AVERBAÇÃO DE CONTRATO DE LOCAÇÃO – Para fins de Direito de Preferência e


cláusula de vigência, calculado o valor correspondente a 0,2%, sobre o valor de 12
meses do aluguel em vigor (Código de Normas artigo 525, § 2º).

CAUÇÃO LOCATÍCIA: a caução locatícia em contrato de locação por prazo


determinado deve ter uma análise particular. Se estivermos diante de hipótese de
caução fidejussória, esta poderá ser efetivada por instrumento particular, público ou
judicial. Desta forma, referido ato está sujeito a registro, conforme preleciona o artigo
178, VII da Lei nº 6.015/1973 e artigo 31, II e III da Lei 6.649/79. Registra-se o contrato
de locação no livro 2, bem como, a caução fidejussória. Sob tais argumentos fica claro
a incidência da taxa do FUNREJUS (0,2%). A base de cálculo deverá incidir sobre o
valor total dos alugueres do período de vigência do contrato. Em contratos por prazo
indeterminado a base de cálculo será o valor correspondente a 12 (doze) meses do
aluguel em vigor, em analogia ao artigo 525, § 2º do Código de Normas da
Corregedoria-Geral da Justiça.

DIREITO DE SUPERFÍCIE - O direito de superfície foi regulamentado em 2001,


através do Estatuto das Cidades, podendo ser estabelecido, sob o enfoque dos
doutrinadores a título oneroso e gratuito. Se assemelha a contratos de locação e
também com os arrendamentos, podendo ser estabelecido prazo determinado ou
indeterminado. Se estabelece com o competente registro da escritura perante o RI,
estando sujeito ao recolhimento dos 2% a título de ITBI. Visando não onerar
substancialmente o superficiário, entendemos que se o contrato for estabelecido por
prazo determinado, deverá o RI, por analogia, aplicar o contido no artigo 525, §2º do
Código de Normas da douta Corregedoria Geral da Justiça, e no caso de prazo
indeterminado, ser utilizado o valor de mercado do imóvel, destacando-se os 0,2% a
título de FUNREJUS.

PENHORA – Nos casos de penhora que recaiam sobre vários imóveis, mesmo que
em circunscrições diversas, faz-se necessário um único recolhimento, calculado sobre
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o valor do imóvel ou da ação, o que for menor (Ofício Circular nº 146/2014 e item 11
da instrução Normativa nº 01/1999), na qual deverá ser apresentado a guia
inicialmente recolhida, fotocopiada e autenticada para posterior averbação nos
diversos Cartórios de Registro de Imóveis envolvidos, acostando-se tal fotocópia junto
a matrícula (entendimento da Divisão Jurídica do FUNREJUS, visando o excesso de
exação). De relevo mencionar, que quando da existência de vários imóveis em
circunscrições diversas, deverão todas as matrículas dos imóveis envolvidos constar
na guia expedida pelo cartório de origem, sob pena de necessidade de novo
recolhimento por aquele imóvel sonegado na guia.

INSTITUIÇÃO DE BEM DE FAMÍLIA - Nas hipóteses de instituição de bem de família,


tratando-se de ato volitivo, onde com o advento da Lei nº 6.742 de 05/12/79 revogou o
limite de valor do bem, anteriormente fixado em até 500 salários mínimos (Decreto-Lei
nº 3.200/1941 e Lei nº 5.653 de 27/04/71), o ato possui expressão econômica e desta
forma, subsume-se a cobrança da taxa do FUNREJUS, tendo como base de cálculo o
valor do imóvel, e sobre tal valor incidindo a alíquota de 0,2%.

AVERBAÇÃO PREMONITÓRIA – a averbação de que trata o artigo 799, IX do Novo


Código de Processo Civil requer o prévio recolhimento da Taxa do FUNREJUS, na
alíquota de 0,2%. Se o imóvel objeto da averbação for posteriormente convertido em
penhora, em razão do registro da constrição, não se exigirá novo recolhimento (ex vi
do artigo 491, §3º do Código de Normas).

CONVERSÃO DE ARRESTO EM PENHORA – Se a penhora for realizada nos


mesmos autos, mesmas partes e mesmo valor da dívida não haverá necessidade de
novo recolhimento.

BAIXA DE PENHORA ORDENADA PELO JUIZ DA FALÊNCIA – Quando o juiz que


decretou a falência de uma empresa determina a baixa de penhora que recaiu sobre
imóvel de propriedade da falida, caso o valor de 0,2% já tenha sido recolhido no
momento do registro da constrição, não haverá novo recolhimento em virtude do
contido no item 4, alínea “b”, inciso VII, artigo 3º da Lei Estadual nº 12.216/1998. Caso
não tenha sido recolhido naquela ocasião e considerando tratar de processo
falimentar, deverá ser encaminhado ofício ao juízo da falência com a guia de
recolhimento da taxa do FUNREJUS para oportuna quitação. Referida taxa será
incluída como crédito extraconcursal, nos termos do artigo 84 da Lei Federal nº
11.101/2005, precedendo os demais créditos.

TRANSITO EM JULGADO DE DECISÃO JUDICIAL LEVADA A PROTESTO – ARTIGO


517 DO CPC - Pelo Novo Código de Processo Civil, art. 517, é possível que a decisão
judicial transitada em julgado seja levada a protesto, depois de transcorrido o prazo
para pagamento voluntário (15 dias). Nesta hipótese, será necessário o recolhimento
da taxa FUNREJUS de 0,2%, sobre o valor que foi decidido na sentença.

MULTA APLICADA A JURADO AUSENTE – Com base no disposto no item 6.1.9 do


Código de Normas, deve ser recolhida ao FUNREJUS, a título de receita eventual.

INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL – O artigo 156, §2º, I da Constituição Federal, prevê


a imunidade de ITBI, nos casos de transmissão de bens para integralização de capital
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social, salvo se a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses


bens, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil. Antes de conceder a
isenção prevista na Lei de Regência do FUNREJUS, deve ser analisado o contrato
social da empresa para verificação da atividade fim da empresa, devendo ser
solicitado também, certidão da Prefeitura local dando conta da isenção do ITBI com
base constitucional, ou do Estado, quando isento de ITCMD. Em sendo necessário o
recolhimento, se for formalizado através de escritura pública lavrada em tabelionato,
mesmo sendo vários imóveis, permite-se um único recolhimento, contudo, se o
interessado comparecer diretamente perante a Junta Comercial para a mencionada
integralização, realizando cada imóvel de forma individual, e depois comparecendo
diretamente perante o Registro de Imóveis, o recolhimento se dará de forma individual
perfazendo-se uma guia para cada um dos imóveis envolvidos, calculada sobre o valor
do imóvel, tendo em vista que o pedido se dará de forma individual em cada um dos
imóveis envolvidos.

PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO (LEI Nº 10.931/04) – O Patrimônio de Afetação é a


segregação patrimonial de bens do incorporador para uma atividade específica, com
intuito de assegurar a continuidade das obras e entrega das unidades em construção
aos futuros adquirentes, mesmo em caso de falência ou insolvência do incorporador,
possuindo caráter opcional e irretratável, enquanto perdurarem direitos de crédito ou
obrigações do incorporador junto aos adquirentes dos imóveis que compõe a
incorporação. A averbação da afetação junto ao Registro Imobiliário é ato sem
expressão econômica e ficará sujeita a incidência da cobrança da alíquota de 25%,
tanto na afetação quanto na desafetação (Lei 18.415/2014).

TAXA E IMPOSTO IMPOSSIBILIDADE DA MESMA BASE DE CÁLCULO – artigo 145,


§2º da Constituição Federal. Entendimento diverso foi adotado nos autos nº
2012.0430729-6/000 que tramitaram junto a douta Corregedoria-Geral da Justiça, no
qual admite a utilização da mesma base de cálculo, posicionamento este revisto pelo
Ofício-Circular 81/2014. O valor venal do imóvel é apenas um parâmetro para
verificação se o valor entabulado pelas partes é o de mercado, se o Tabelião ou
Registrador entender que o valor entabulado pelas partes não é o de mercado, deverá
apresentar a impugnação ao valor do imóvel. Em manifestação proferida nos autos nº
2012.0430729-6/000, o Exmo Desembargador Corregedor entendeu “cabível a
impugnação ao valor do imóvel naquelas hipóteses em que se tenha atribuído valor
demasiadamente discrepante da realidade do imóvel que constitui o objeto da
escritura. Para se apurar a razoabilidade do valor, deverá o agente delegado, fazer um
breve cotejo entre o valor venal, valor atribuído e o valor dos imóveis localizados na
mesma região, ou, utilizar qualquer outro elemento que julgue conveniente e efetivo,
evitando assim, a apresentação desnecessária se impugnações ao Poder Judiciário”.

IMUNIDADE DE TEMPLOS DE QUALQUER CULTO – previsto no artigo 150, VI, “b”


da C.F., e atendendo o Princípio da vedação da Exoneração Heterônoma, o estatuído
na Constituição não se aplica a Taxa do FUNREJUS. Poderá, entretanto, ocorrer a
isenção se no município onde for lavrada a escritura pública, os templos religiosos
estiverem isentos do ITBI, ou se for o caso, do ITCMD estadual, aplicando-se nestes
casos o item 17 do artigo 3º, b, da Lei nº 12.216/98, devendo nos pedidos de
restituição ser acostado cópia do parecer jurídico que entendeu pela concessão da
isenção ou imunidade conforme for o caso. O mesmo não ocorre se um templo
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religioso for efetuar o protesto de um título, estando sujeito ao recolhimento do valor


devido ao FUNREJUS.

AVERBAÇÃO DE DEMOLIÇÃO – art. 570, §4º do Código de Normas. (Parecer


266/2012). A base de cálculo do valor devido ao FUNREJUS na averbação de
demolição, quando não houver valor indicado, será de 10% do valor do CUB
encontrado, referente à área demolida.

AVERBAÇÃO DE CONSTRUÇÃO – nos termos do art. 570 do Código de Normas a


base de cálculo será o da edificação fornecida pelo Município ou pelo INSS. Na
hipótese de não serem apresentadas avaliações desses órgãos, o registrador exigirá o
recolhimento do FUNREJUS com base no valor do CUB (Custo Unitário Básico) do
metro quadrado da construção, divulgado pelo SINDUSCON - Sindicato da Indústria
da Construção Civil do Paraná. De acordo com a manifestação da Corregedoria, no
protocolo SEI nº 0056324-12.2015.8.16.6000, não poderá ser utilizada como base de
cálculo o ISS, por não refletir o valor da edificação. Esta Divisão formulou consulta à
Corregedoria (SEI nº 0040801-23.2016.8.16.6000) acerca da cobrança de galpão
industrial e para a construção de aviários.

PORTE DE REMESSA E RETORNO – Nas varas estatizadas a verba pertence ao


FUNREJUS, nas privadas ao escrivão.

Processos Eletrônicos:

Das Varas de Origem para o Tribunal de Justiça – Código de Normas Judicial:

2.21.3.10 – Os processos eletrônicos, que necessitem ser encaminhados à instância


recursal, que não disponha de sistema de processo eletrônico compatível e, cuja
remessa não ocorra diretamente pelo sistema, após serem integralmente exportados,
poderão ser:

I – impressos e remetidos por via postal;

II – salvos em CD-Rom, que será remetido por via postal ou por meio eletrônico de
comunicação oficial do Tribunal de Justiça do Paraná.

- Ver artigo 20 da Resolução 10/2007 do OE TJPR.

2.21.3.10.1 – Retornando os autos à unidade de origem, todos os atos praticados em


meio físico, em sede recursal, serão digitalizados e inseridos no respectivo processo
eletrônico, na forma dos itens 2.21.3.4 e 2.21.3.5.

Do Tribunal de Justiça para as instâncias superiores – Decreto Judiciário nº 345/2013


determinou a inexigibilidade das taxas de remessa e retorno nos recursos enviados às
instâncias superiores de forma digitalizada.

Nos termos do novo Código Processo Civil, art. 1007, § 3o: É dispensado o
recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos.
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Ainda, o novo Código Processo Civil determina que a Fazenda Pública está isenta de
porte de remessa e retorno, senão vejamos: Art. 1007 - § 1o São dispensados de
preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo
Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios,
e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.

USUFRUTO E USO SOBRE IMÓVEIS E HABITAÇÃO - Exegese do item 7 do artigo


3º, b, VII, da Lei nº 12.216/98 – Não estão sujeitos a pagamento “os atos referentes ao
usufruto e ao uso sobre imóveis e sobre habitação, quando não resultarem de direito
de família, desde que não ultrapassem o valor de R$40.000,00 (quarenta mil reais) – A
expressão “quando não resultarem de direito de família” diz respeito a natureza do
usufruto em relação a sua constituição que pode ser Legal e por Contrato. A Legal,
provém do direito de família, tal como o direito do marido sobre os bens da mulher,
segundo o regime estabelecido (art.1652 do CC), e o proveniente do exercício do
pátrio poder sobre o bem dos filhos menores (art.1689, I do CC); já o usufruto
instituído por contrato, também denominado convencional é normalmente constituído
por ato jurídico unilateral ou bilateral, inter vivos ou causa mortis, incluindo-se nessa
categoria o adquirido mediante usucapião, verificados os pressupostos legais. Desta
forma, por tratarem-se de atos distintos de vontade, embora podendo ser realizado
concomitantemente, impõe-se o recolhimento. Exemplificando, numa compra e venda
com instituição ou reserva de usufruto deverão ser procedidos dois recolhimentos ao
FUNREJUS um pela compra e venda e outro pelo usufruto.

No caso da extinção do usufruto pela renúncia do usufrutuário, verifica-se tratar de ato


da vontade das partes, alheio ao ato de constituição, devendo ser, inclusive, lavrada
nova escritura pública. Veja-se: “A renúncia, que é também causa de extinção do
usufruto, pode ser definida como ato voluntário, personalíssimo e inquestionável, de
desistir, alguém, de alguma coisa, ou de algum direito. Assim, se o usufrutuário
manifesta expressamente sua vontade de renunciar ao usufruto, este se extingue,
consolidando-se a propriedade plena na pessoa do nu-proprietário. Deve ela constar
de escritura pública, se o direito se refere a bens imóveis” (Monteiro, Washington de
Barros. Curso de direito civil: Direito das Coisas. 37 ed. rev. atual. Saraiva. 2003. p.
312).

Desta forma, considerando que a renúncia por parte do usufrutuário é ato


autônomo em relação à constituição do usufruto, devendo inclusive ser lavrada nova
escritura, realizando-se novo ato cartorial, entendemos que, quando da extinção do
usufruto por renúncia, ou seja, pela vontade das partes, deve ser cobrada a taxa do
FUNREJUS de 0,2%, por tratar de ato com expressão econômica.

Situação diversa ocorre quando a extinção do usufruto se dá pela morte do


usufrutuário. Isto porque neste caso não se realiza novo ato diverso da instituição do
usufruto, ocorrendo a consolidação da propriedade em nome do nú proprietário (CC
art. 1410, I), razão pela qual há incidência da taxa do FUNREJUS na alíquota de 25%
sobre o valor dos emolumentos, por tratar de ato sem expressão econômica.

No caso de morte do nú-proprietário o bem deverá ser levado a inventário pois não se
trata de causa de extinção do instituto.
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INVENTÁRIO - Nas hipóteses de inventário pela via judicial, não se configura hipótese
de incidência do FUNREJUS, sendo recolhido no momento da interposição da ação a
Taxa Judiciária da alçada do FUNJUS. Após o recolhimento do ITCMD, o Formal de
Partilha é expedido, e em seguida, os bens, que até então estavam sendo
representados pelo espólio, são levados a registro (LRP art.167, I, 25), na Serventia
de localização dos bens inventariados, para efeito de disponibilidade de quinhões,
imparcialmente partilhados, tendo a sentença judicial caráter constitutivo, sendo
realizado um único ato no Registro de Imóveis. Para o registro do formal de partilha,
que vem a ser o ato translativo da propriedade, dos bens partilhados a cada um dos
herdeiros, também não haverá cobrança da taxa de 0,2% em virtude do item 8, alínea
b, inciso VII, artigo 3º da Lei do FUNREJUS. Excetua-se a hipótese de sobrepartilha
realizada pela via extrajudicial, com fundamento na Resolução nº 35 do CNJ, quando
retifica ou altera o ato judicial, estando desta forma sujeito ao recolhimento do 0,2%
sobre o valor da universalidade. Oportuno ressaltar que a mera correção de erro
material não enseja a cobrança da Taxa do FUNREJUS.

QUANTO AO INVENTÁRIO REALIZADO NO TABELIONATO (Lei 11.441/07), após as


deliberações e com a concordância expressa de todos os herdeiros, expede-se a
escritura pública, gerando efeitos imediatos com a transferência dos quinhões a quem
de direito, sendo também registrado na Serventia de Registro de Imóveis, estando
sujeito ao recolhimento da Taxa do FUNREJUS, tendo como base de cálculo o valor
da universalidade dos bens, com fundamento no inciso VII do artigo 3º da Lei nº
12.216/98, mesmo tendo como único herdeiro a viúva meeira, pois o fato gerador da
taxa é o ato que será lavrado em virtude da instauração do inventário, que tem como
base de cálculo o valor do monte-mor. Com o advento do novo Código de Normas
(art.515, §2º), os cessionários de direitos hereditários ou adquirentes de meação
estarão também sujeitos ao recolhimento do FUNREJUS. Os cessionários nada mais
são os adquirentes dos direitos hereditários dos herdeiros, que assim, por título
oneroso, transferem os respectivos direitos reais sobre a herança no processo de
inventário, através de um contrato denominado cessão de direitos hereditários,
celebrado por instrumento público, podem antecipar o recebimento do valor de um ou
mais imóveis, conferindo ao cessionário após a celebração da escritura pública e do
pagamento do preço ajustado, passar a exercer todos os direito que cabia ao herdeiro,
inclusive com direito a imissão de posse, para uso ou exploração imediata do bem.
Ocorrendo excesso de meação em qualquer das modalidades, não ocorrerá a
necessidade de complementação do FUNREJUS pelo herdeiro beneficiário.

Outro aspecto bastante relevante com relação a base de cálculo do tributo, é que
sempre deve ser considerado a forma pré-existente da propriedade do imóvel a ser
inventariado. Se o imóvel pertencia exclusivamente ao de cujus (na escritura consta
somente o nome do falecido), a base de cálculo será 100% sobre o valor do imóvel,
contudo, se quando da aquisição os cônjuges consignaram que o imóvel foi adquirido
na proporção de 50% para cada um, configurando a copropriedade, quando da morte
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de um deles, a Taxa do FUNREJUS incidirá somente sobre 50% do imóvel, justamente


porque o cônjuge sobrevivente já era proprietário de parte do bem. O mesmo ocorre
se um imóvel pertence em copropriedade, por exemplo, a cinco pessoas, falecendo
uma delas, somente a parte que lhe pertencia entrará em inventário, e somente sobre
o valor daquela quota parte incidirá o FUNREJUS.

ESCRITURAS PÚBLICAS DE DIVÓRCIO – só deve ser cobrado o FUNREJUS (0,2%)


se houver bens a partilhar, em não havendo, mesmo que seja estipulada pensão há
cobrança do FUNREJUS incidirá apenas a taxa de 25% sobre o valor dos
emolumentos com base no disposto na Lei nº 18.415/2014. Na hipótese de
sobrepartilha realizada pela via extrajudicial, com fundamento na Resolução nº 35 do
CNJ, quando retifica ou altera o ato judicial, estando desta forma sujeito ao
recolhimento do 0,2% sobre o valor da universalidade. Oportuno ressaltar que a mera
correção de erro material não enseja a cobrança da Taxa do FUNREJUS.

DISTRATO/ REVOGAÇÃO – Escritura de Distrato sem valor declarado – Parecer da


Divisão Jurídica.
Quanto ao tema, há que se colocar que o distrato constitui acordo de vontades entre
as partes contratantes, a fim de extinguir o vínculo contratual anteriormente
estabelecido1. De outro, “a revogação é modo de extinção que se verifica nos
contratos unilaterais, sempre, todavia, assentado sobre dois pressupostos: vontade
unilateral da parte que quer extinguir (revogar) o contrato, e autorização expressa da
lei para fazê-lo”.2

Assim, verifica-se que as partes pretendiam distratar o anteriormente avençado, tendo


em vista o acordo de vontades expresso nas escrituras. Na presente hipótese, o
contrato se resolveu pela cláusula resolutiva expressa diante da obrigação não
adimplida de acordo com o modo determinado (art.474 do Código Civil de 2002). Com
efeito, a cláusula expressa promove a rescisão de pleno direito do contrato em face do
inadimplemento. Na hipótese deve ser aplicado o princípio dies interpellat pro homine.

Trata-se, pois, de novo contrato, e tendo sido elaborado este por escritura pública, só
por escritura pública se há de distratar.

É o caso ora em apreço, haja vista ter sido elaborado um contrato, por escritura
pública de Compra e Venda com Condição Resolutiva Expressa, e posteriormente,
face o inadimplemento foi lavrada nova escritura pública, agora de revogação/distrato.
Disso, conclui-se que a forma procedimental adotada pela serventia foi correta.

1
Monteiro, Washington de Barros. Curso de Direito Civil – Direito das Obrigações. 2. ed. Saraiva. 2003. p.
76 e seguintes.
2
Trevisan, Marco Antônio. Extinção dos contratos. In: intervox.nce.ufrj.br/~ballin/ext.doc. Acesso em :
14/12/12.
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Quanto a necessidade de recolhimento da Taxa do Funrejus, por este novo ato, face a
fundamentação lógica acima declinada, em se tratando de uma nova escritura, de uma
nova disposição de vontade, impõe-se a cobrança. No que tange a base de cálculo,
muito embora na hipótese em análise na escritura de distrato não constem valores,
sendo esta escritura posterior, a consolidação de cláusula resolutiva expressa
avençada na compra e venda, deve o tributo utilizar-se do valor declarado nesse
contrato.

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - A cobrança da taxa do FUNREJUS depende de como o


registro foi realizado. Se for feito o registro somente na matrícula do imóvel para
publicidade da alienação fiduciária não haverá cobrança da taxa do FUNREJUS. Se
houver o registro do contrato que a alienação fiduciária garante (ex: compra e venda,
mútuo, cédula de crédito imobiliário, cédula de crédito bancário, etc.) em outro “R” da
matrícula ou em livro auxiliar, haverá a cobrança por este outro registro, mas não pela
alienação. Se for registrada a alienação fiduciária e mais a cédula de crédito
imobiliário, deverá ser cobrada a taxa do FUNREJUS sobre o valor da cédula.

Exemplos hipotéticos:

- Compra e venda de terreno com mútuo para construção e alienação fiduciária para
garantir tudo: Se for realizado um registro individualizado para a compra e venda do
terreno e depois for registrado o mútuo com a alienação fiduciária, no primeiro registro
cobra-se sobre o valor do terreno e no segundo registro não há cobrança por ser
somente alienação fiduciária e porque é acessório à compra e venda.

Se for feito um único registro da compra e venda pelo valor total do contrato (terreno,
mútuo para construção com alienação fiduciária), cobra-se sobre o valor total do
contrato, considerando o contrato principal que é a compra e venda.

- Cédula de crédito bancário e imobiliário: Se for feito um único registro da alienação


na matrícula do imóvel, não haverá cobrança da taxa do FUNREJUS. Se houver
registro da cédula em livro auxiliar, haverá a cobrança por este registro sobre o valor
da cédula.

- Compra e venda com alienação fiduciária e outra cédula de crédito imobiliário para
garantir a mesma operação (duas alienações fiduciárias para garantir o mesmo
contrato): Haverá a cobrança pela compra e venda (operação principal) ex vi do artigo
167, 9 da Lei nº 6.015/73, e não haverá a cobrança nem pelo registro da alienação
fiduciária nem da alienação dada na cédula de crédito imobiliário se for feito o registro
somente na matrícula. Se for feito o registro da cédula em livro auxiliar (hipótese de
exceção) há a cobrança por esse registro.

- Confissão de dívida e alienação fiduciária: Se for feito um único registro da alienação


na matrícula do imóvel, não haverá cobrança da taxa do FUNREJUS. Se houver
registro da confissão em livro auxiliar, haverá a cobrança por este registro sobre o
valor da confissão.
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PORTABILIDADE FINANCEIRA: Nas hipóteses de portabilidade financeira, de


contrato que não esteja sujeito a registro (artigo 167 da Lei nº 6.015) por ex. mútuo
sem compra e venda mas com alienação fiduciária em garantia, nos casos onde não
houver a transferência da titularidade do bem imóvel, a Taxa do FUNREJUS não
necessitará ser recolhida (item 13 da Instrução Normativa nº 02/99 e item 11.9.2 do
Código de Normas da Corregedoria) impondo-se, contudo, o recolhimento da taxa de
25% sobre o valor dos emolumentos por se tratar de ato sem expressão econômica
(Lei nº 18.415/2014) . Contudo, se a portabilidade se der em contratos sujeitos a
registro, ex. hipoteca, com aumento de valor da dívida, deve ser recolhida a taxa de
0,2%, pela diferença tomada a maior.

CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE – Quando o devedor não efetua o pagamento


da dívida, o credor terá a propriedade consolidada em seu favor e procederá o leilão
do imóvel para pagamento da dívida, entretanto, da exegese do § 8º, artigo 26 da Lei
9.514/1997 verifica-se que é perfeitamente possível o fiduciante realizar o pagamento
de sua dívida com o fiduciário mediante dação em pagamento, caso em que se
transmitirá ao credor seu direito eventual, consolidando-se a propriedade
definitivamente no patrimônio deste, dispensada a realização do leilão do imóvel. Em
tratando-se de dação em pagamento realizada por devedor inadimplente em favor de
entidade financiadora integrante do SFH, o instrumento de dação em pagamento
deverá ser realizado pela forma pública, como acima mencionado. Tratando-se de
dação em pagamento de dívida de negócio fiduciário (dívida oriunda de alienação
fiduciária), ou seja, o negócio jurídico (dação em pagamento) está relacionado à
alienação fiduciária, nos termos dos artigos 26, §8º e 38 da Lei 9.514/97 a dação em
pagamento poderá ser celebrada por instrumento particular com efeitos de escritura
pública. Uma vez registrado o instrumento que consolida a propriedade do imóvel em
favor do credor, haverá cobrança do valor do FUNREJUS sobre o valor do imóvel, e
não da dívida, uma vez que esta não mais existe. Caso o valor do imóvel seja maior
que o valor da dívida, o credor devolverá ao devedor o valor que sobejar. Se as partes
optarem por lavrar uma escritura pública a fim de documentar este novo negócio
jurídico (o “troco” dado pelo credor ao devedor) deverá ser cobrada a taxa do
FUNREJUS, desta feita sobre o valor que sobejar à dívida, vez que se trata de novo
negócio jurídico.

CÉDULAS DE CRÉDITO EM GERAL: A isenção ou não, dependerá do tipo de cédula


que se trata. A Lei Estadual nº 12.216/1998, em seu artigo 3º, inciso VII, alínea b, itens
1 e 2 determinou que não estão sujeitos ao pagamento da taxa devida ao FUNREJUS,
os atos relativos às cédulas de crédito rural, comercial, industrial e de exportação.
Para que seja enquadrado na isenção, o negócio jurídico deverá satisfazer os
requisitos constantes da legislação federal de cada tipo de cédula. A cédula de crédito
rural foi disciplinada pelo Decreto-Lei Federal nº 167/1967; a cédula de crédito
comercial foi regulamentada pela Lei Federal nº 6.840/1980, a industrial pelo Decreto-
Lei Federal nº 413/1969 e a de exportação pela Lei Federal nº 6.313/1975. Desta
forma, se emitidas na forma da legislação regulamentadora, estas cédulas serão
beneficiadas pela isenção da taxa do FUNREJUS. Em relação à cédula de crédito
bancário e imobiliário, a cobrança dependerá da forma como o cartório de registro de
imóveis procederá o registro, bem como qual a forma de garantia prestada à cédula.
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Se tratar de hipoteca, e a serventia registrar apenas a hipoteca na matrícula do imóvel


(não realizar o registro da cédula), haverá a cobrança apenas pela hipoteca. Se for
feito o registro da hipoteca na matrícula do imóvel e também o registro da cédula no
livro auxiliar, haverá a cobrança pela hipoteca e pela cédula. Se tratar de alienação
fiduciária, considerando a determinação constante do item 13 da Instrução Normativa
nº 02/1999, se houver apenas o registro da alienação fiduciária na matrícula do imóvel
não haverá recolhimento. Se houver o registro da alienação na matrícula e também da
cédula no livro auxiliar, haverá a cobrança apenas pela cédula.

CÉDULAS DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO – CCI


Conteúdo extraído do link http://acruxcapital.com.br/pdf/cci.pdf
A CCI é o documento representativo do crédito originado pela existência de direitos de
crédito imobiliário com pagamento parcelado. A cédula é emitida pelo credor, com o
objetivo de facilitar e simplificar a cessão do crédito. Desse modo a cédula atende o
mercado da securitização, agilizando a negociação de créditos uma vez que a cessão
pode ser feita mediante o endosso no próprio título, sem necessidade de uma
formalização com um contrato de cessão.
A principal virtude das CCIs de um modo geral é que sua negociação se faz
independentemente de autorização do devedor, uma característica indispensável para
adequar o crédito imobiliário às condições de negociação no mercado financeiro e de
capitais.
Além da tradicional forma cartular (em papel), a lei admite a emissão de CCI escritural,
compatível com a evolução tecnológica de uso de meios eletrônicos para realização
de negócios. Trata-se de título emitido por escritura pública ou particular, que
permanece custodiada em instituição financeira, sendo registrada por meio de
sistemas de registro e liquidação financeira de títulos privados, autorizados pelo Banco
Central do Brasil. A movimentação das CCIs escriturais é feita por sistemas eletrônicos
de negociação.
O registro escritural da titularidade de ativos financeiros, bem como a liquidação das
respectivas operações, é feito por meio de redes eletrônicas, que disponibilizam para
as instituições participantes os mecanismos de negociação. É dessa forma que os
interessados realizam a compra e a venda dos títulos de crédito ali registrados, bem
como a respectiva liquidação financeira. A CETIP –Câmara de Custódia e Liquidação –
é um dos sistemas utilizados para o registro e a negociação de créditos imobiliários
representados por CCI. O acesso ao sistema só é permitido às instituições financeiras,
desse modo, caso o emitente (credor) da CCI não seja instituição financeira ele deverá
atribuir a uma delas a função de registradora (custodiante). Esse é o caso de uma
empresa incorporadora que, como titular de um direito de crédito imobiliário parcelado
emite uma CCI e a registra no sistema por meio de alguma instituição financeira
(custodiante).
Nos termos do § 4° do art. 18 da Lei n° 10.931/04, a escritura de emissão de CCI
escritural deve permanecer custodiada em instituição financeira. Ao receber a escritura
de emissão de CCI para custódia, cabe à instituição financeira custodiante verificar se,
ao emitir a cédula, o emitente observou os requisitos formais exigidos para a emissão,
inclusive em relação aos aspectos de registro.
Uma CCI pode ser cedida a uma Companhia Securitizadora Imobiliária para lastrear
uma emissão de Certificados de Recebíveis imobiliários conforme ilustra o diagrama
abaixo.
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1 A empresa Credora possui direitos de crédito imobiliário parcelados


contra o
Devedor, que gera um fluxo financeiro futuro.
2 A credora emite CCIs lastreadas nos direitos de crédito e cede as CCIs
para a
Securitizadora.
3 A Securitizadora emite CRIs lastreados nas CCIs e os coloca no
mercado.
4 A colocação dos CRIs capta recursos dos investidores para a
Securitizadora.
5 A Securitizadora utiliza os recursos captados para pagar à empresa
credora pela cessão dos CCIs
6 Ao longo da operação o fluxo financeiro do pagamento das parcelas
dos direitos de crédito vai diretamente para a Securitizadora, que utiliza
os recursos para remunerar os investidores de acordo com o
estabelecido no Termo de Securitização.

**“Securitização é um processo através do qual uma variedade de ativos


financeiros e não-financeiros (vamos chamá-los de ativos-base) são
“empacotados” na forma de Títulos (títulos financeiros negociáveis) e então
vendidos a investidores. Os fluxos de caixa gerados pelos ativos-base são
usados para pagar o principal e os encargos das securities além das
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despesas da operação. As securities, por seu lado, são lastreadas pelos


ativos e são conhecidas por “Asset Backed Securities” (“ABS”, expressão em
inglês que significa Securities Lastreadas por Ativos)”.
As transações de CCIs conforme acima descrito, estão sujeitas à
cobrança da Taxa do FUNREJUS no percentual de 0,2%, tendo em
vista que o ato possui expressão econômica.

ESCRITURAS DE PERMUTA – A base de cálculo da Taxa do FUNREJUS, será o valor


total dos bens envolvidos no ato. (item 24 da Instrução Normativa nº 01/1999), não
podendo haver torna ou qualquer ato envolvendo dinheiro sob pena de
descaracterização do instituto.

FUNCIONÁRIO PÚBLICO – Para obtenção do benefício fiscal previsto na Lei de


Regência do FUNREJUS, a hermenêutica da mens legis do legislador, nos leva
inexoravelmente a considerar que se trata de funcionário da administração pública
direta, nos três âmbitos de poder. Entende-se por Administração Direta o conjunto de
órgãos que integram as pessoas federativas, aos quais foi atribuída a competência
para o exercício, de forma centralizada das atividades administrativas do Estado. Já a
Administração Pública Indireta é o conjunto de pessoas administrativas que,
vinculadas à respectiva Administração Direta, tem o objetivo de desempenhar as
atividades administrativas de forma descentralizada. De relevo mencionar que a
administração indireta é formada por pessoas jurídicas, também denominadas por
alguns e pelo Decreto-lei nº 200/67 de entidades (artigo 4º, II). Ficam automaticamente
excluídos servidores de autarquias e fundações, empresas de economia mista,
empresas públicas, pensionistas, órgãos representativos de classe (ex. CRC, CRM,
CREA, etc), Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal e demais Bancos Estatais,
bem como, funcionários de universidades estaduais e federais. Subsumindo-se o
beneficiário as exigências da Lei, seus efeitos serão também estendidos ao cônjuge,
incluindo-se uniões de fato, bem como, as homoafetivas. De relevo mencionar, que se
apenas um dos adquirentes for funcionário público, o benefício se estenderá ao outro
cônjuge, bem como no caso de servidor aposentado ou comissionado. Conciliador e
juiz leigo não se beneficiam da isenção da taxa do FUNREJUS, em virtude do disposto
no artigo 1º, parágrafo único da Resolução nº 04/2013: Art.1º - Os conciliadores e
juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros, preferencialmente
entre os bacharéis em direito, e os últimos, entre advogados com mais de 2 (dois)
anos de experiência jurídica. Parágrafo único. O exercício das funções de conciliador e
de juiz leigo é considerado de relevante caráter público e sem vínculo empregatício ou
estatutário com o Tribunal de Justiça. Pontue-se, ainda, que a aquisição de terreno,
fração ideal de solo ou qualquer outro sinônimo, não permite a isenção acima, pelo
simples fato de que a isenção trata de moradia devidamente edificada..

RESPONSABILIDADE PELA EMISSÃO E FISCALIZAÇÃO DAS GUIAS FUNREJUS –


A responsabilidade pela fiscalização da base de cálculo da Taxa do FUNREJUS é dos
notários e oficiais de registro, ex vi, do artigo 30, XI da Lei nº 8.935/94, art.192 do
CODJ e também, o item 10.1.10 do Código de Normas da Corregedoria Geral da
Justiça. Em se mostrando discrepante o valor atribuído à imóvel apontado pela parte e
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o valor de mercado, entendemos ser obrigação, e não mera liberalidade dos Srs.
Agentes Delegados, a impugnação do valor, a fim de que se proceda a correta exação,
de modo a evitar a evasão fiscal (item 10.5.1 do CN da CGJ), pois conforme dispõe o
item 11.1.6 do citado diploma legal “O notário, como autor do instrumento público, não
estará vinculado as minutas que lhe forem submetidas, podendo revisá-las ou negar-
lhes acolhimento, se entender que o ato a ser lavrado não preenche os requisitos
legais”. A mera diferença entre o valor declarado pelas partes e o valor venal para fins
de ITBI não é suficiente para que se diga que não está sendo negociado pelo valor de
mercado, o valor venal é apenas um dos parâmetro.

POTENCIAL CONSTRUTIVO – É a compensação dada pelo Poder Público, a


proprietário de imóvel sobre o qual a municipalidade manifesta interesse em
desapropriar (para por ex. construção de uma rua), declarar como de interesse
histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural; para implementação de
equipamentos urbanos e comunitários, destinado a prestação de serviços necessários
ao funcionamento da cidade, ou ainda, servir a programas de regularização de
loteamentos ainda não registrados e urbanizados de área utilizada por população de
baixa renda.

Este potencial construtivo no momento de seu nascedouro não é revestido de valor


econômico, nos casos em que envolva escritura pública entabulada entre o Poder
Público Municipal e um particular, tendo em vista que ao proprietário do imóvel sob o
qual recai o gravame (dever de manutenção), é oferecido uma metragem quadrada
que este poderá utilizar ou onerar a terceiros, podendo ser utilizada a título de solo
criado em pré-determinadas regiões do município. Justamente por este motivo é que
não se atribui valor a metragem recebida, pois esta área de solo criado quando for
utilizada ou transferida, poderá ser manejada em diferentes áreas da cidade, a qual
apresenta substancial diferença de preço do m², ou seja, o valor do metro quadrado no
Batel é muito mais valorizada que em outros bairros periféricos.

No que tange a decretos, onde é definido determinado imóvel ou área como de


interesse de preservação, é estabelecido de pronto o número de cotas, sua metragem
quadrada respectiva, após isso é definido o valor de cada cota. Neste caso, o
interessado em adquiri determinado nº de cotas ou metragem quadrada de solo
criado, dirige-se a setor específico da administração municipal manifestando interesse
em adquirir as cotas.

A transferência deste potencial construtivo (ou do direito de construir) de um imóvel


nada mais é que possibilidade do proprietário utilizar, total ou parcialmente a área que
ele poderia construir em outro imóvel de sua propriedade, ou alternativamente, alienar
(vender, doar ou ceder), total ou parcialmente, o direito que ele tem de construir em
seu terreno, para ser utilizado em outro imóvel, no mesmo município.

Faz-se necessário a realização de duas averbações, uma em cada matrícula dos


imóveis envolvidos, sendo calculada tomando por base o preço ou o valor econômico
da transação declarado pelas partes na escritura pública ou pelo valor tributário da
operação, prevalecendo o maior. O valor tributário é obtido pelo valor venal ou de
referência no metro quadrado construível original do terreno estabelecido para cada
imóvel, tendo em vista sua área de terreno multiplicada pelo seu potencial construtivo
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padrão. Ou seja, um terreno de 1.000m² que tenha potencial construtivo 2 e valor


venal de R$200.000,00, tem como valor venal do metro quadrado construível
R$200,00.

Este valor venal do metro quadrado construível (VVC) deverá ser multiplicado pelo
número de metros quadrados efetivamente transferido. Base de cálculo = VVC x m²
transferidos. Vale mais uma vez ressaltar que o valor do negócio deverá estar
explicitado na escritura, a qual deverá ser registrada na circunscrição correspondente.

Nesta linha de raciocínio, mesmo que num primeiro momento o potencial construtivo
não seja passível de valoração econômica, justamente pela variável do bairro o qual
será utilizado, quando do efetivo aproveitamento do solo criado ou pelo beneficiário
original ou por um terceiro adquirente, sempre duas averbações deverão ser
realizadas para aperfeiçoar o ato, uma no imóvel doador e outra no recebedor da
metragem quadrada criada, calculando-se não só os emolumentos pelo valor do ato,
bem como a Taxa devida ao FUNREJUS.

Pode o Juiz em sentença que extingue uma execução fiscal, com fundamento nos
artigos 26 e 39 da Lei 6.830/80, declarar a inexistência de ônus de sucumbência,
dispensar também do pagamento valores relativos a Taxas em geral e especificamente
a Taxa do Funrejus? Com base na reiterada jurisprudência do TJPR, Tribunais de 2º
Grau de outros Estados e Tribunais Superiores, fixou-se o entendimento de que os
juízes quando da extinção de processos de execução fiscal, antes da decisão de
primeira instância, a inscrição de Dívida Ativa for a qualquer título, cancelada, a
execução fiscal será extinta, sem qualquer ônus para as partes. Contudo, esta
exclusão dos ônus para as partes deve ser vista com parcimônia. O entendimento
sufragado pela jurisprudência tem se posicionado no sentido de que a competência
tributária é rígida e estanque, e é exercida por cada ente da Federação. No que tange
às taxas cada ente federado pode instituir e cobrar sobre seus serviços e sobre seu
poder de polícia (CF. art.145,II). As custas e emolumentos, além das Taxas Judiciária e
do FUNREJUS, geridas pelo Poder Judiciário, a primeira para ingresso de ações e
fazer frente aos custos do processo, e a segunda, com a finalidade de reequipamento
da máquina Judiciária, são tributos da espécie Taxa, segundo precedentes do Pretório
Excelso e interpretação sistemática da norma tributária. Além da discriminação e
limitação positiva da competência tributária na Constituição, há também a delimitação
negativa da competência da União em relação aos demais entes federados e vice-
versa (CF, art.151, III) sendo vedada a chamada exoneração heterônoma,
significando que a União não pode conceder isenção de tributos estaduais e os
Estados e Municípios não pode conceder isenções fora de seu âmbito de poder.
Trocando em miúdos, somente o próprio ente tributante é que pode conceder a
exoneração tributária, pois quem é o competente para tributar é da mesma forma para
exonerar, princípio que decorre da discriminação constitucional das competências
tributárias, e constituindo-se em cláusula pétrea da Constituição Federal visando o
equilíbrio Federativo. Nessa linha de raciocínio, os artigos 26 e 39 da Lei de
Execuções Fiscais, não tem efeito em relação aos tributos estaduais, leia-se custas,
taxas judiciária e FUNREJUS. Assim, a Fazenda Municipal não está dispensada dos
pagamento das referidas taxas, o mesmo ocorrendo com a União e a Fazenda
Estadual. (precedentes: Processo 1019233-9, TJPR, 2ª C.Cível, publicado em
07/06/2013; ERSP 889.558/PR, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 23/11/2009; EREsp
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891.763/PR, rel. Min. Denise Arruda, 1ª Seção j. 28/10/2009; AgRg no REsp 1180324,
Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, j. 22/06/2010). Pontue-se, ainda, por pertinente, que a
matéria já encontra-se sumulada, consolidando-se o entendimento de que “a
desistência da execução fiscal, após o oferecimento de embargos, não exime o
exeqüente dos encargos de sucumbência” (Súmula 153 do STJ). Por fim, não se
vislumbra a possibilidade da invocação da imunidade recíproca, pois é cediço que esta
é dirigida exclusivamente aos impostos, não às taxas, conforme iterativa jurisprudência
das Cortes Superiores.

Alcance da isenção concedida à órgãos públicos federais, estaduais e municipais


prevista no item 19 da Lei de Regência e COHAPAR – Na mesma linha de raciocínio
da isenção prevista aos funcionários públicos, serão isentos somente os órgãos da
Administração Pública Direta nos três âmbitos de Poder (nos valores referentes a Taxa
Judiciária e Custas Processuais (item 21 da Instrução Normativa nº 01/99. Há que se
destacar a exceção concedida à COHAPAR, através da decisão proferida nos Autos nº
2010.0410.301-8/000, em 18/09/2012, e subscrita pelo Excelentíssimo
Desembargador Corregedor-Geral da Justiça, Lauro Augusto Fabrício de Melo.

A decisão Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, no RO 00339-2007-010-10-00-3,


Relator o Juiz Pedro Luiz Vicentin Foltram, se encaixa perfeitamente à matéria ora
analisada, que assim ficou ementada:

EMPRESA PÚBLICA. IMPOSSIBILIDADE DE


EXTENSÃO DOS PRIVILÉGIOS DA
FAZENDA PÚBLICA EM SEU FAVOR.

As empresas públicas são pessoas jurídicas


de direito privado, razão pela qual não fazem
jus à isenção de recolhimento de custas
processuais e depósito recursal, nem à
aplicação do índice de 0,5% ao mês no
cômputo dos juros, e muito menos que a
execução contra si se processe por
precatório. Inteligência do art. 173, § 1º, II, da
Constituição Federal.

Da citada decisão vale transcrever o seguinte trecho:

“É sabido que integram a Administração


Pública Indireta as autarquias, fundações
públicas, sociedades de economia mista e
empresas públicas. Destas, as duas primeiras
têm natureza de direito público e as duas
últimas têm natureza de direito privado (art.
173, § 1º, II, da Constituição Federal). O que
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justifica a classificação das empresas


públicas e sociedades de economia mista
como pessoas jurídicas de direito privado é o
fato de que, ao contrário do que ocorre com
as autarquias e as fundações
verdadeiramente públicas (já que também
existem fundações privadas), as empresas
públicas e sociedades de economia mista
atuam diretamente no mercado, concorrendo
com as instituições empresariais particulares
similares, como é o caso, por exemplo, da
Caixa Econômica Federal e do Banco do
Brasil, que disputam clientes com bancos
como Itaú, Bradesco, Santander, entre outros,
apesar de desempenharem outras funções
que os bancos privados não exercem. Desta
forma, a fim de impedir que as empresas
públicas e sociedades de economia mista
tenham vantagens desleais sobre os
concorrentes particulares, interferindo
prejudicialmente no equilíbrio do mercado, é
que a lei conferiu-lhes natureza de direito
privado, o que impossibilita a extensão dos
privilégios próprios da Fazenda Pública em
seu favor. (grifos nossos)

Por fim, compete lembrar que as empresas públicas - exploradoras de atividade


econômica em sentido estrito – não se enquadram como órgão público. Isto porque,
dentre outras diferenças, as empresas públicas possuem personalidade jurídica de
Direito Privado, enquanto que os órgãos públicos não possuem personalidade jurídica.

Nesse sentido Hely Lopes Meirelles assevera que:

“ ... órgãos não têm personalidade jurídica


nem vontade própria ...”

Diante do exposto, resta demonstrado que a Caixa Econômica não está isenta da taxa do
Funrejus, porquanto não se enquadra nas hipóteses previstas no artigo 3º, VII, “b”, 19, da
Lei i 12.216/98.

O FAR – FUNDO DE ARRENDAMENTO RESIDENCIAL E AS CONSTRUTORAS POR


ELE CONTRATADAS SÃO ISENTOS DE PAGAMENTO DA TAXA DO FUNREJUS? -
Analisando o contido na Portaria nº 368 de 16/07/2010 do Ministério das Cidades,
observa-se que os recursos do FAR são viabilizados através da Caixa Econômica
Federal, que é um Banco comercial, não fazendo jus a isenção prevista na lei de
regência do FUNREJUS. Com o fim meramente ilustrativo colaciono o dispositivo da
mencionada Portaria: "§ 3º No uso da faculdade que lhe confere o § 2º deste artigo, a
Caixa Econômica Federal formalizará instrumento com o ente federado, que preveja o
término do processo de desapropriação dos imóveis, objetivando sua aquisição, pelo
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Fundo de Arrendamento Residencial – FAR, e posterior alienação, aos beneficiários


finais, na forma prevista pelo art. 1º, § 3º, da Lei nº 10.188, de 12 de fevereiro de 2001,
e pelo art. 14 do Decreto nº 6.962, de 17 de setembro de 2009". Assim, somente os
beneficiários finais terão direito a isenção do FUNREJUS.

PRENOTAÇÃO – No caso de escritura pública, cujo prazo para ser formalizada é de


30 (trinta) dias (artigo 536 do Código de Normas), o recolhimento da Taxa do
FUNREJUS, poderá ser feito ao final deste prazo, quando o ato se tornar perfeito (item
23 da Instrução Normativa nº 01/99), sendo referido prazo de natureza peremptória
(não sendo admitido prorrogação). É vedado a realização de qualquer ato de registro
ou averbação sem o recolhimento do FUNREJUS (ARTIGO 491 DO CÓDIGO DE
NORMAS).

USUCAPIÃO – Segundo entendimento desta Divisão Jurídica, por tratar-se de ato sem
valor declarado, não está sujeito ao recolhimento da Taxa de 0,2% devida ao
FUNREJUS (item 9, do artigo 3º letra, “b” da Lei nº 12.216/98), mas somente à taxa de
25% sobre o valor dos emolumentos, conforme informação nº 026/2012:

Nos casos de registro de sentenças de usucapião, não há cobrança da taxa de 0,2%


devida ao FUNREJUS, por tratar de ato sem valor declarado. Não obstante o valor
normalmente incluído nas iniciais de tal causa, o que se faz apenas para efeitos
fiscais, o documento registrável é a sentença declaratória de usucapião, nos termos do
art. 167, item 28 da Lei 6.015/73, mediante a expedição de mandado de usucapião
(art. 945 do Código de Processo Civil).

A sentença que declara o domínio da área usucapienda tem natureza declaratória,


razão pela qual não possui valor. Na ação de usucapião, não há qualquer obrigação a
ser adimplida, visto que a usucapião é forma originária de aquisição da propriedade,
não havendo qualquer transmissão ou vínculo entre o antigo proprietário e a parte
vencedora da ação. Senão, vejamos o ensinamento de Nelson Nery Junior:
“Declaração judicial da usucapião. O exercício da posse ad usucapionem durante o
prazo prescricional do CC 1238 é um fato jurídico. Consumado o prazo, há a aquisião
da propriedade, que é relação jurídica. Pode o novo proprietário exercer em juízo a
pretensão de usucapião, para que seja declarada a existência dessa relação
jurídica (CC 1241 par. ún.), sem que incida imposto de transmissão, exigível
apenas nas aquisições derivadas. Nessa sentença de procedência predomina a
carga declaratória, porque declara relação jurídica preexistente, pois o
possuidor adquiriu a propriedade pelo só exercício da posse ad usucapionem.
Pode-se vislumbrar, também, carga constitutiva, porque somente com o ingresso da
sentença no registro imobiliário (CC 1245 § 1º) é que o novo proprietário poderá dizer-
se com propriedade de direito (...)”3 (negritamos).

Neste sentido também decidiu o Superior Tribunal de Justiça: “A declaração de


usucapião é forma de aquisição originária da propriedade ou de outros direitos reais,
modo que se opõe à aquisição derivada, a qual se opera mediante a sucessão da
propriedade, seja de forma singular, seja de forma universal. Vale dizer que, na
usucapião, a propriedade não é adquirida do anterior proprietário, mas, em boa
verdade, contra ele. A propriedade é absolutamente nova e não nasce da antiga.
3
Nery Junior, Nelson. Nery, Rosa Maria de Andrade. Código Civil Anotado e Legislação Extravagante. 2ª Ed. 2004.
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É adquirida a partir da objetiva situação de fato consubstanciada na posse ad


usucapionem pelo interregno temporal exigido por lei. Aliás, é até mesmo
desimportante que existisse antigo proprietário4 (negritamos).

Conforme trechos acima colacionados, a ação de usucapião apenas declara uma


situação já pré-existente, a aquisição originária da propriedade, razão pela qual não
possui valor, vez que inexiste qualquer obrigação a ser adimplida pelo antigo
proprietário. Na realidade, sequer importa quem era ou mesmo se existia antigo
proprietário.

Pela mesma razão, não há incidência de ITBI sobre a aquisição, vez que tal imposto
somente é cobrado nos casos de transmissão da propriedade. Ora, não havendo
qualquer obrigação a ser adimplida, tampouco transmissão da titularidade do imóvel,
não há que se falar em cobrança da taxa de 0,2% devida ao FUNREJUS nestes
casos.

O NCPC, em seu artigo 1071, alterou o disposto no artigo 216-A da Lei de Registros
Públicos, possibilitando “usucapião extrajudicial”, que que será processado
diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver
situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por
advogado. Neste caso, haverá a cobrança de 25% sobre o valor do ato, decisão
ainda por confirmar com a Corregedoria da Justiça.

COMPRA E VENDA DE VÁRIOS IMÓVEIS EM UM ÚNICO NEGÓCIO MEDIANTE


LAVRATURA DE UMA ÚNICA ESCRITURA NO TABELIONATO – Nesta hipótese faz-
se um único recolhimento da Taxa FUNREJUS, tendo como base de cálculo a soma
do valor de todos os imóveis.

SERVIDÃO DE PASSAGEM – É o direito de obter passagem através de prédio alheio


(previsão legal no artigo 1378 e seguintes do Código Civil), e constitui-se mediante
declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no
Cartório de Registro de Imóveis. O imóvel que recebe o direito de utilização da
servidão por ser encravado é denominado prédio dominante e o que cede a passagem
é o serviente. São direitos a título oneroso, com o propósito de ressarcir os prejuízos,
incômodos e limitações aos direitos dos proprietários, tendo o condão compensatório.
Tais fatos subsumem-se a norma de incidência da Lei de Regência do FUNREJUS,
tendo por base o artigo 167, I, 6 da Lei 6.015/76.

SERVIDÃO ADMINISTRATIVA – A servidão administrativa é hoje reconhecida como


um instituto próprio de direito público, dotado de autonomia, e não mais apenas um
instituto de direito civil aplicado com algumas derrogações. Sua principal previsão legal
encontra-se no art. 40 do decreto-lei 3.365/41.
Segundo Rafael Bielsa, a diferença das servidões administrativas comparativamente
à generalidade das limitações administrativas impostas pelo Estado sobre a
propriedade privada reside e que, nas servidões, ocorre um desdobramento do direito
de propriedade, ao passo que, nas limitações, ocorrem meras restrições, fundadas no

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STJ. REsp 941464 / SC. Relator Ministro Luis Felipe Salomão. Julg. 24/04/2012. Pub. DJe 29/06/2012
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poder de polícia do Estado e cuja justificativa reside nos princípios da solidariedade de


interesses e no conceito de função social da propriedade.
No caso das limitações administrativas, está-se diante de direitos e obrigações de
natureza pessoal e que, a princípio, pelo seu caráter de abstração, generalidade e
amplitude, não são indenizáveis. Assim, o elemento a distinguir as servidões das
meras limitações administrativas consiste em que as primeiras afetam o atributo da
exclusividade da propriedade, uma vez que impõem ao proprietário um
desmembramento do seu direito.
É nesse sentido que Celso Antônio Bandeira de Mello destaca como característica
central das servidões administrativas o dever de suportar ou “pati”, ausente das meras
limitações administrativas, que decorrem do poder de polícia da Administração. Assim
segundo o autor, enquanto as limitações conformam o direito de propriedade, nas
servidões administrativas, o “bem é colocado sob parcial senhoria de coletividade”, ou
seja, “na servidão, o bem é contemplado como já sendo portador de uma utilidade que
o Poder Público deseja captar em proveito da coletividade”. Ainda segundo o autor,
distinguem-se as servidões administrativas das meras limitações pelo fato de que, nas
primeiras, ou o gravame deriva de um ato específico ou a utilidade oferecida por um
bem gravado fica em condição de ser singularmente fruível pela coletividade.
A Professora Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua a servidão administrativa como:
direito real, de natureza pública, instituído sobre imóvel de propriedade alheia, com
base em lei, por entidade pública, ou por seus delegados, em favor de coisa afetada a
fins de utilidade pública”.
De acordo com o conceito acima exposto, as principais características da servidão
administrativa traduzem-se em ser um (I) direito real; (II) público; (III) incidente sobre
imóvel de terceiros; (IV) imposto em razão da lei; (V) por entidade pública ou seus
delegados; (VI) para que se cumpra uma finalidade de interesse público.
Cumpre esclarecer que, contrariamente ao direito civil, na servidão administrativa a
coisa dominante não necessita ser um prédio, sendo, em certas ocasiões, um serviço
público.
Um dos elementos essenciais à caracterização de uma servidão como sendo de
natureza administrativa reside na finalidade para qual é instituída. De fato, não existe
óbice a que a Administração Pública contrate uma servidão de natureza civil, como,
por exemplo, se por razões de comodidade um ente público pretender instituir sobre
prédio contíguo uma servidão de passagem. Nesse caso, estar-se-á diante de uma
servidão civil, apenas de titularidade de pessoa jurídica de direito público, pois, para
que haja servidão administrativa faz-se necessário eu a coisa serviente seja afetada a
fins de utilidade pública, conforme se depreende da doutrina de Marcelo Caetano:
As servidões administrativas são de utilidade pública. As servidões civis aumentam o
valor econômico do prédio dominante. As servidões administrativas tendem,
unicamente, a facilitar a produção da utilidade pública dos bens do domínio que,
estando fora do comércio privado, não têm valor venal, ou de coisas particulares
afetadas a um fim público de grande interesse social e que porventura por virtude
dessa afetação ficam com o seu valor econômico diminuído.
A instituição de uma servidão administrativa é indenizável, dependendo referida
reparação, todavia, da comprovação da ocorrência de dano ao cidadão. Essa
característica auxilia na diferenciação entre esse instituto e a desapropriação: nessa,
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indeniza-se a perda do domínio; naquela, indenizam-se somente os prejuízos sofridos


pelas delimitações impostas no exercício de alguns dos atributos inerentes à
propriedade e, assim mesmo, somente na medida em que forem comprovados, tendo-
se em vista que a propriedade permanece de titularidade privada, donde o poder
púbico somente ter de ressarcir os efetivos danos dela decorrentes.
A servidão administrativa, em regra, é permanente. Entretanto, pode vir a ser extinta
em caso de desaparecimento da coisa gravada, incorporação do bem gravado ao
patrimônio público ou desinteresse da Administração Pública na sua utilização.
Nas servidões administrativas a cobrança do FUNREJUS levará em consideração a
personalidade jurídica do ente expropriante. Se estivermos diante de expropriação
determinada por ente da administração pública direta, não incidirá o FUNREJUS, de
acordo com o que determina o item 19, do artigo 3º, b, VII da Lei nº 12.216/98.
Entretanto, se o ente expropriante for uma empresa pública ou uma autarquia (ex.
Copel, DER, DNIT, etc), incidirá a taxa do FUNREJUS, sendo que a base de cálculo
dependerá, se no caso o imóvel foi expropriado integralmente, será cobrado pelo valor
de mercado do imóvel, ou se foi expropriado parcialmente, poderá ser utilizado como
base de cálculo o valor da indenização.

RECOLHIMENTO DO FUNREJUS NO MOMENTO DA COMPRA E VENDA, TORNA


DESNECESSÁRIO NOVO RECOLHIMENTO OU ATUALIZAÇÃO DE VALORES NA
AVERBAÇÃO MESMO QUE PASSADO LONGO LAPSO TEMPORAL – Nas hipóteses
de compra e venda ou outra forma de aquisição de propriedade, onde de pronto é
recolhido a taxa do FUNREJUS no tabelionato pelo valor do negócio entabulado entre
as partes, é desnecessário novo recolhimento ou mesmo a atualização do valor do
imóvel no momento da averbação, salvo se decorrido o prazo de 3 meses, conforme
item 9 da Instrução Normativa nº 01/99.

COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA O compromisso de compra e venda é


registrado na matrícula do imóvel para dar preferência ao promitente comprador no
caso de venda do imóvel. O imóvel não será vendido sem a anuência do promitente
comprador. Deverá haver cobrança da taxa do FUNREJUS no momento da averbação
do contrato de compromisso. Posteriormente, quando for efetivada a compra e venda,
seja por meio de escritura pública, seja por instrumento particular de compra e venda
com força de escritura pública, deverá haver nova cobrança da taxa do FUNREJUS.

GEORREFERENCIAMENTO - O georreferenciamento é o mapeamento de um imóvel


rural referenciando os vértices de seu perímetro ao Sistema Geodésico Brasileiro,
definindo sua área e sua posição geográfica. Serve para a regularização registral dos
imóveis rurais, segundo a nova legislação (Lei 10.267/01 e Decretos 4.492/02 e
5.570/05). O trabalho deve ser entregue ao INCRA, que verificará o enquadramento na
norma técnica e a não existência de sobreposição poligonal mapeada com outra já
existente em seu cadastro, para conceder a Certificação daquele imóvel rural. Uma
vez certificado, o proprietário deve encaminhar os documentos ao Registro de Imóveis,
para que seja procedida a averbação da nova descrição do perímetro e da retificação
da área na matrícula. Sobre essa averbação não haverá incidência da Taxa de 0,2%
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do FUNREJUS, pelo fato de estar havendo apenas uma adequação das divisas de
áreas rurais adquiridas ad corpus. Somente num segundo momento, em havendo
aumento considerável da área, com o consequente aumento do valor do imóvel,
necessitará do recolhimento da taxa de 0,2% do Funrejus, ex vi da Lei nº 6.015/73,
artigos 212 e 213, item 6 da Instrução Normativa nº 01/99 e Código de Normas item
16.20.1. De relevo mencionar que o tema ora em apreço, está encartado no novel
Código de Normas nos artigos 651 e seguintes. Voltando a frisar que a simples
averbação do georreferenciamento não está sujeita a incidência da Taxa de 0,2% do
FUNREJUS, mas somente da taxa de 25% sobre o valor dos emolumentos, por tratar
de ato sem expressão econômica.

RETIFICAÇÕES ADMINISTRATIVAS: Somente estão sujeitas ao recolhimento da taxa


de 0,2% sobre o ato, quando importarem em aumento substancial do VALOR do
imóvel (Lei 6015/73, arts. 212 e 213, art. 645 e seguintes do Código de Normas e item
6 da Instrução Normativa 01/99), decorrente do aumento significativo da área, por
exemplo a área constante da matrícula é X e a levantada na medição é X acrescido de
trinta por cento (30%) ou mais, sendo cobrado a Taxa do FUNREJUS única e
exclusivamente sobre a diferença do valor original para o novo valor obtido com o
acréscimo da área (conforme JTJ – volume 177 – página 122). Se não importar em
aumento substancial da área, deverá ser cobrada a taxa de 25% sobre os
emolumentos por tratar de ato sem expressão econômica.

TESTAMENTO – O artigo 14 do Decreto Judiciário nº 153/1999 dispõe em seu inciso


III que estão sujeitos ao recolhimento da taxa devida ao FUNREJUS, os atos previstos
nos incisos II e III, do artigo 7º, da Lei Federal nº. 8.935/94. O inciso II do referido
dispositivo legal, por sua vez, determina ser competência exclusiva dos tabeliães de
notas a lavratura de testamentos públicos e aprovação dos cerrados. Por tal razão,
verifica-se que no caso de lavratura de testamentos, ou sua revogação (que nada mais
é do que novo ato lavrado por vontade das partes), a alíquota do 0,2% incidirá sobre a
totalidade dos bens testados.

VALOR MÍNIMO E TETO FUNREJUS – Não existe valor mínimo, ainda que a taxa de
FUNREJUS resulte em R$ 0,01, deve ser recolhido.

Evolução legislativa:

11.960/1997 – R$ 435,00

13.611/2002 – R$ 609,00

16.741/2010 – R$ 817,80

Decreto Judiciário nº 48/2011 aumentou para R$ 887,40. Decreto Judiciário nº


233/2011 revogou o 48/2011 e voltou para R$ 817,80.

17.835/2013 e 17.833/2013 – R$ 1.821,20

18.414/2014 – R$ 1.937,20
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18.415/2014 – Extinguiu o teto – a partir de 30/03/2015

18.921/2016 – Voltou a vigorar o teto, sendo o triplo do valor máximo do Regime de


Custas (R$ 4.927,05) – publicada em 14/12/2016

Com a atualização da Tabela de Custas à partir de 01/01/2017 o teto passou a ter o


valor de 5.344,68.

A Lei Estadual nº 12.216/1998 não fez qualquer menção ao valor máximo de


recolhimento ao FUNREJUS. Em julho de 1999 foi editada a Lei Estadual nº
12.604/1999, que trouxe no artigo 2º a determinação de que o recolhimento ao
FUNREJUS não poderia exceder o valor máximo das custas fixadas no Regimento de
Custas. Tal determinação foi reiterada na Instrução Normativa 02/1999, no seu item
11.

Posteriormente, a Lei Estadual nº 17.835/2013 revogou o artigo 2º da Lei Estadual nº


12.604/1999, bem como alterou o artigo 3º, inciso VII da Lei Estadual nº 12.216/1998
para fazer constar que a taxa de 0,2% sobre o valor do imóvel seria limitada ao dobro
do valor máximo das custas fixadas no Regimento de Custas.

Por fim, a Lei Estadual nº 18.415/2014 alterou novamente o inciso VII do artigo 3º da
Lei Estadual nº 12.216/1998, suprimindo a parte relativa à limitação de valor referente
à taxa de 0,2% devida ao FUNREJUS.

A lei 18.415/2014 teve que respeitar a noventena para entrar em vigor, sendo que
passou a vigorar a partir de 30/03/2015. Os protocolos realizados anteriormente a esta
data, em relação à qual já foi quitada a guia FUNREJUS, não há que se falar em
necessidade de novo recolhimento.

Os atos que foram protocolados antes do dia 30/03, em relação aos quais não havia
sido quitada a guia, respeitarão o teto máximo, a não ser que fique caracterizado que
o protocolo deu-se sem os documentos necessários, unicamente para que a guia
fosse paga sobre o teto máximo.

IMÓVEL INFERIOR A 70m²: Para os fins da isenção do item 14, inciso VII, artigo 3º, da
Lei Estadual nº 12.216/1998, deve ser considerada sempre a área total e não útil
(incluindo áreas comuns). Se a garagem constar da mesma matrícula do apartamento,
será considerada como parte do imóvel, ainda que for vaga de pátio. Se constar de
matrícula diversa, será considerada como um imóvel diverso do apartamento, não se
soma à área do apartamento, entretanto, deverá ser pago o FUNREJUS (0,2%)
relativo à garagem.

RECEITA 25 – ATOS SEM EXPRESSÃO ECONÔMICA

a) Nos atos em que se cobra 0,2%, não há cobrança da taxa de 25% sobre os
emolumentos. As duas taxas incidem sobre atos distintos. A taxa de 0,2% sobre o ato
incide nos atos que possuem expressão econômica e a taxa de 25% sobre os
emolumentos incide nos atos sem expressão econômica. Se incidir um, não incide o
outro.
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Em relação às isenções, tem-se que as mesmas se aplicam única e exclusivamente à


taxa de 0,2% sobre o valor do ato, haja vista que o rol está inserto na alínea b, do
inciso VII, do artigo 3º da Lei 12.216/1998, que trata especificamente da taxa de 0,2%
sobre o ato. Já a taxa de 25% sobre o valor dos emolumentos, foi incluída pela lei
14.815/2014, no inciso XXV, do artigo 3º, o qual não possui rol de isenções. As
isenções que cabem para a taxa de 0,2%, não cabem para a taxa de 25%.

b) Se no protocolo for pago 0,2% sobre o ato, esse pagamento engloba qualquer taxa
de 25% dos emolumentos que puder haver. Ainda que os 0,2% forem pagos no
Tabelionato e a escritura encaminhada para registro, no Registro de Imóveis não
haverá cobrança dos 25% dos emolumentos.

c) A Corregedoria-Geral da Justiça revendo seu posicionamento quanto ao tema de


isenção de órgãos públicos sobre a receita 25% (Protocolo SEI nº 0066911-
59.2016.8.16.6000), entendeu que não é devido o recolhimento da taxa FUNREJUS,
por entender vigente o Decreto-Lei nº 1.537/77 que veda a cobrança de emolumentos
aos entes da administração pública direta e indireta da União, nos termos dos artigos
1º a 3º daquele diploma. .Inclusive, foi encaminhado Ofício Circular nº 133/2016 aos
Notários e Registradores do Estado. Vale ressaltar, que a COHAPAR deve recolher a
taxa de 25%.

A vedação constitucional inserta no artigo 150, VI, a, da Constituição Federal dispõe


expressamente que não poderão ser instituídos impostos sobre o patrimônio, renda ou
serviços dos órgãos públicos.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

Conforme entendimento já pacificado, o valor cobrado pelo FUNREJUS trata de taxa


pelo poder de polícia exercido pelo Tribunal de Justiça em relação aos cartórios que
possuem uma delegação do serviço público. Assim, o dispositivo constitucional não se
aplica no presente caso.

Além disso, o item 19 da Lei 12.216/98 diz respeito única e exclusivamente à taxa de
0,2% cobrada sobre o valor do ato, não sendo aplicável, da mesma forma aos 25%
criados pela Lei nº 18.415/14.

Art. 3º. Constituem-se receitas do Fundo de Reequipamento do Poder Judiciário:

VII - 0,2% (zero vírgula dois por cento) sobre o valor do título do imóvel ou da
obrigação nos atos praticados pelos cartórios de protesto de títulos, registros de
imóveis e tabelionatos, observando-se ainda que:

b) não estão sujeitos ao pagamento:


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19. os órgãos públicos federais, estaduais e municipais.

Por fim, cumpre ressaltar o disposto no art. 130 da Constituição do Estado do Paraná
que preceitua:

Art. 130. Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de


crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições,
só poderá ser concedido mediante lei específica estadual ou municipal que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou
contribuição, sem prejuízo do disposto no artigo 155, § 2º, XII, da Constituição
Federal.

Desta forma, considerando que a Administração Pública está adstrita ao princípio da


legalidade, segundo o qual não se pode fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude
de lei, não há possibilidade de deferimento da isenção sem lei que o autorize.

d) O percentual de 25% sobre os emolumentos incide no momento do protocolo, desta


forma, se o pedido foi protocolado antes de 30/03/15 não haverá incidência.

e) Nos casos de hipoteca, há que se diferenciar a liberação parcial da liberação total


da garantia. A liberação parcial é um ato que não possui expressão econômica, haja
vista que o imóvel continuará gravado, razão pela qual haverá a incidência da taxa de
25% sobre os emolumentos, neste caso, podendo até ter uma liberação total em
relação a um dos credores hipotecários, na ocorrência de hipotecas de 1º grau, 2º
grau etc. Já a liberação total da garantia é um ato com expressão econômica, pois o
imóvel estará livre de gravame, razão pela qual a taxa que poderia incidir seria a de
0,2% sobre o ato, a qual não é cobrada por haver a isenção da lei (item 4) que impede
a cobrança.

f) Nos casos de incorporação imobiliária, em que pese ser ato com expressão
econômica, não haverá a incidência de 0,2% sobre o ato, devido a isenção conferida
pela Lei nº 12.216/98, art. 3º, alínea b, item 5. Já, nos casos de instituição, convenção
(registrada no livro 3) e extinção de condomínio, por serem atos sem expressão
econômica, incidirá a taxa FUNREJUS no percentual de 25%.

g) No tocante ao protesto do título extrajudicial, caberá ao credor, no momento de sua


inscrição, o recolhimento de taxa FUNREJUS, na alíquota de 0,2% (zero vírgula dois
por cento) sobre o valor da dívida. Vale ressaltar que após a edição da Lei Estadual nº
18.415/2014 e o transcurso da noventa constitucional, não há mais teto de cobrança
da taxa FUNREJUS.

Já, na hipótese de cancelamento do título, incumbirá ao devedor, o recolhimento da


taxa do FUNREJUS. Nesse sentido, inclusive é o entendimento pacificado do Superior
Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CIVIL E


PROCESSUAL CIVIL.

RESPONSABILIDADE CIVIL. PROTESTO REGULAR.


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PAGAMENTO POSTERIOR DO TÍTULO. OBRIGAÇÃO DE


CANCELAMENTO DO PROTESTO DO DEVEDOR. ART. 26
DA LEI Nº 9.492/97.

1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no


sentido de que cabe ao devedor promover o cancelamento do
protesto regularmente lavrado quando de posse do título
protestado ou da carta de anuência do credor nos termos do
que artigo 26 da Lei n.º 9.492/97.

2. Não apresentação pelas partes agravantes de argumentos


novos capazes de infirmar os fundamentos que alicerçaram a
decisão agravada.

3. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

(AgRg no REsp 1414249/SC, Rel. Ministro PAULO DE TARSO


SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/03/2015,
DJe 10/03/2015)

Portanto, incumbirá ao devedor, o pagamento da taxa FUNREJUS no momento do


cancelamento do protesto, incidindo a alíquota de 25% sobre o valor do emolumento
cobrado em razão do ato praticado. Será devido o respectivo pagamento tendo em
vista a não expressão econômica do ato de cancelamento de título.

Ressalte-se que, no caso de cancelamento de protesto pelo credor, hipótese que não
se coaduna com o entendimento jurisprudencial vigente, não haverá a incidência de
qualquer alíquota do FUNREJUS, tendo em vista que aquele já terá recolhido a
importância de 0,2% no momento da inscrição do título.

Finalmente, consigna-se que por se tratarem de atos diferentes, isto é, a inscrição do


protesto (pelo credor) e o seu cancelamento (pelo devedor), deverá sempre ser
exigida a taxa FUNREJUS, não sendo caso de bitributação.

Pelo Novo Código de Processo Civil, art. 517, é possível que a decisão judicial
transitada em julgado seja levada a protesto, depois de transcorrido o prazo para
pagamento voluntário (15 dias). Nesta hipótese, será necessário o recolhimento da
taxa FUNREJUS de 0,2%.

h) Em virtude do disposto no artigo 73 da Lei Complementar nº 123/2006, não haverá


cobrança da taxa de 25% sobre os emolumentos nos casos em que o devedor for
microempresa ou empresa de pequeno porte.

Art. 73. O protesto de título, quando o devedor for


microempresário ou empresa de pequeno porte, é sujeito às
seguintes condições:

I - sobre os emolumentos do tabelião não incidirão quaisquer


acréscimos a título de taxas, custas e contribuições para o
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Estado ou Distrito Federal, carteira de previdência, fundo de


custeio de atos gratuitos, fundos especiais do Tribunal de
Justiça, bem como de associação de classe, criados ou que
venham a ser criados sob qualquer título ou denominação,
ressalvada a cobrança do devedor das despesas de correio,
condução e publicação de edital para realização da intimação;

i) Nos atos praticados em relação a processos judiciais, a taxa de 25% sobre os


emolumentos deverá ser cobrada da parte interessada na realização do ato. Se o juiz
realizar o pedido diretamente para o cartório, para seu convencimento próprio, o valor
deverá ser incluído na conta final do processo para ser arcado pelo sucumbente.

j) Em relação à Escritura de Pacto Antenupcial, o ato realizado no Tabelionato é


diverso do ato realizado no Registro de Imóveis, desta forma, deverá ser paga a taxa
de 25% no Tabelionato de Notas pela lavratura de escritura pública sem expressão
econômica, bem como deverá ser paga a taxa de 25% no Registro de Imóveis pelo
registro/averbação de ato sem expressão econômica.

k) Procuração em causa própria para venda, comércio, tem expressão econômica, por
essa razão, incidirá a taxa de 0,2% sobre o ato. Ex: para venda de imóvel, quotas de
fundo de investimento, etc. Qualquer outra procuração não tem expressão econômica
e deverá incidir a taxa de 25% sobre os emolumentos.

l) No que tange aos atos praticados no Cartório de Registro Civil, por enquanto não
haverá a incidência da taxa de 25% sobre os emolumentos pois estão sendo feitos
estudos acerca da possibilidade de cobrança sobre referidos atos.

m) Divisão amigável – é ato sem expressão econômica e, portanto, sujeito à incidência


da taxa de 25% sobre os emolumentos. Por vezes é informado o valor do imóvel para
efeitos fiscais. Isso não faz com que o ato venha a ter expressão econômica pois não
é realizada qualquer transferência de titularidade do imóvel apenas a subdivisão das
matrículas. Importante destacar, que para a caracterização da divisão amigável é
necessário um único imóvel que pertença a mais de uma pessoa, caso contrário,
passa a ser permuta sobre a qual incide o 0,2%.

n) Cédulas de crédito rural e industrial e penhor rural, segundo o artigo 178 da Lei de
Registros Públicos (6.015/73), podem ser registradas no Livro 3 (Registro Auxiliar).
Será registrada sua existência e seu cancelamento. No registro da cédula, trata-se de
ato com expressão econômica, sujeito, portanto, à taxa de 0,2% sobre o valor da
cédula, o que não é cobrado em virtude da existência da isenção na lei 12.216/98. O
cancelamento, por sua vez, trata de ato sem expressão econômica, razão pela qual
deverá ser cobrada a taxa de 25% sobre o valor dos emolumentos quando do registro
do cancelamento das cédulas no livro 3 (Registro Auxiliar).

o) Convenção da Apostila de Haia (Resolução nº 228, CNJ) - legalização de


documentos nacionais, via cartórios extrajudiciais, que passarão a ter efeito nos 111
países signatários da Convenção de Haia. Nos termos do art. 18 do diploma
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supramencionado, os emolumentos corresponderão ao custo de procuração sem valor


declarado, e sendo a legalização mera autenticação (art. 1º, parágrafo único da
Resolução), logo, ato sem expressão econômica, incidirá a taxa FUNREJUS de 25%.

p) Como verificar se sobre o ato incide a taxa de 0,2% do valor do ato ou a taxa de
25% do valor dos emolumentos:

Primeiramente deve-se verificar se o ato é hipótese de incidência do 0,2% ou do 25%.


Para isso, deve-se observar se o ato possui ou não expressão econômica. Atos que
possuem expressão econômica são aqueles que pressupõe uma obrigação para uma
ou ambas as partes (transferência de dinheiro ou garantia, por exemplo) – o fato de
haver um valor expresso no ato não necessariamente faz com que o mesmo possua
expressão econômica, é preciso analisar o ato em si.

Não havendo expressão econômica, haverá a incidência da taxa de 25% do valor dos
emolumentos. Em relação à esta taxa não há isenção disposta em lei, salvo nos casos
em que a pessoa se declarar pobre ou o juiz deferir a gratuidade da justiça no
processo em relação ao qual está sendo solicitado um ato.

Havendo expressão econômica, haverá a incidência da taxa de 0,2% sobre o valor do


ato ou do imóvel. Neste caso, deve, então, ser analisado se há isenção disposta na lei
para o ato em questão. Se não houver isenção será cobrado 0,2% sobre o ato. Se
houver isenção, não será cobrado.

Uma vez verificada qual taxa incidirá, devemos esquecer que a outra existe, quando
incidir uma taxa não há que se falar na incidência da outra.
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Quando houver retificação (seja averbação de retificação no Registro de Imóveis, seja


Escritura Pública de Rerratificação), se a retificação tratar sobre o valor do ato
retificado, será cobrado 0,2%, em virtude de ter expressão econômica. Se a retificação
não tratar sobre valor, será cobrado 25% sobre os emolumentos, por não houver
expressão econômica no ato. O ato de retificação é um ato autônomo em relação ao
ato retificado. Ex: retificação de arresto que não trate sobre o valor da dívida, cobra-se
25% sobre os emolumentos. Essa lógica vale também para os aditivos, se aumentar o
valor do ato aditivado, cobra-se 0,2%; se não aumentar o valor, cobra-se 25% sobre os
emolumentos.

QUITAÇÃO PARCIAL DE DÍVIDA - Quando a escritura pública a ser lavrada importar


em quitação parcial de dívida (ex: dação parcial em pagamento), o recolhimento da
alíquota de 0,2% do FUNREJUS (por ser ato com expressão econômica) se dará
sobre o valor que será abatido da dívida total. Desta forma, quando for feito o
pagamento da outra parte da dívida, o FUNREJUS será recolhido sobre o valor total
que sobejar.

ITEM 17 – ATOS COMPROVADAMENTE ISENTOS DO ITBI E ITCMD – Para que seja


concedida a isenção da taxa do FUNREJUS com fundamento no item 17 da alínea “b”,
do inciso VII, do artigo 3º, da Lei Estadual nº 12.216/1998, deve haver uma isenção
propriamente dita em relação ao ITCMD ou ao ITBI. A isenção, no dizer de Roque
Antônio Carrazza, “tem a virtude de (a exemplo de uma metafórica tesoura) poder
‘cortar’ o nexo normal entre a hipótese como causa e o mandamento como
conseqüência”, ou seja, ocorre antes mesmo de o tributo se tornar exigível. A situação
analisada deve ser hipótese de incidência do imposto e existir uma lei específica que a
isente do mesmo. Desta forma, nos casos de não incidência ou dispensa do tributo,
por exemplo, não há que se falar em isenção do ITCMD ou do ITBI, tampouco do
FUNREJUS. No caso da não incidência, o ato sequer figura como hipótese de
incidência do tributo, assim, não é possível que lei isente uma situação de um tributo
que sequer incide sobre ela. No caso da dispensa, há a incidência do imposto, gera-se
o crédito tributário, entretanto, o ente tributante decide por bem não efetuar a
cobrança. Esse é o caso do artigo 6º da Lei Estadual nº 16.017/2008, não afetando de
nenhuma forma a cobrança da Taxa do FUNREJUS.

ESCRITURA DE EMISSÃO DE DEBÊNTURES – Em definição obtida junto ao site da


BM&F – BOVESPA, a debênture é um título de dívida, de médio e longo prazo, que
confere a seu detentor um direito de crédito contra a companhia emissora. Quem
investe em debêntures se torna credor dessas companhias. No Brasil, as debêntures
constituem uma das formas mais antigas de captação de recursos por meio de títulos.
Todas as características desse investimento, como prazo, remuneração, etc., são
definidas na escritura de emissão. Sob tal enfoque verifica-se tratar-se de ato com
expressão econômica, tendo em vista que a emissão de cada uma possui valor
próprio, sendo devido o recolhimento de 0,2%. O ato deverá ser registrado no Livro 04
– Registros Diversos.

CARTA DE ADJUDICAÇÃO EM ARREMATAÇÃO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL – A


arrematação judicial, também entendida como leilão ou praça, é o ato de transferência
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de bens penhorados os quais o leiloeiro apregoa a um licitante pelo maior lance. Trata-
se de verdadeira expropriação judicial involuntária, consubstanciando-se em execução
forçada, onde ocorre a conversão dos bens penhorados em dinheiro, para satisfação
de um crédito prevista nos artigos 686 e seguintes do CPC de 1973. O registro de
Carta de Arrematação é ônus do arrematante, que após seu registro advém o direito a
imissão da posse do imóvel arrematado. O procedimento da arrematação extrajudicial
guarda certa similitude com a judicial, sendo que esta é regida pelo Decreto-Lei nº
70/1966, que preceitua a realização de leilão pelo agente financeiro credor, que sendo
frustrada a primeira tentativa, por leilão negativo ou outro motivo qualquer, no segundo
leilão poderá adjudicar para si o imóvel objeto do leilão, consolidando-se a propriedade
em nome do credor fiduciário. Como se observa nas duas modalidades a carta de
arrematação tem o condão de transferir a titularidade do imóvel e imitir na posse o
adquirente, e em não ocorrendo qualquer das intercorrências descritas nos artigos 695
do CPC e artigo 34 e seguintes do Decreto-Lei nº 70/1966, ocorrerá a transferência da
titularidade do imóvel, impondo-se em ambos os casos o recolhimento da Taxa do
FUNREJUS no percentual de 0,2%, tendo como base de cálculo o valor do bem
arrematado.

CENTRAL NACIONAL DE
INDISPONIBILIDADE DE BENS - CNIB

A Central Nacional de Indisponibilidade de Bens - CNIB é um sistema de alta


disponibilidade, criado e regulamentado pelo Provimento Nº 39/2014, da Corregedoria
Nacional de Justiça e se destina a integrar todas as indisponibilidades de bens decretadas
por Magistrados e por Autoridades Administrativas.

Os principais objetivos da CNIB são: Dar eficácia e efetividade às decisões judiciais e


administrativas de indisponibilidades de bens, divulgando-as para os Tabeliães de Notas e
Oficiais de Registro de Imóveis de todo o território nacional e para outros usuários do
sistema. E proporcionar segurança aos negócios imobiliários de compra e venda e de
financiamento de imóveis e de outros bens.

A anulação de um negócio imobiliário ou de outra natureza acarreta prejuízos que atingem


os vendedores, compradores e financiadores além de comprometer a segurança e
confiabilidade do Mercado, e de gerar alto custo social com ações judiciais, problemas de
saúde, de família e outras consequências tais.

O decreto de indisponibilidade de bens atinge a alienação e a oneração de todos os bens


do indivíduo, sejam eles imóveis, veículos, barcos, aeronaves, quadros, joias, ações,
animais etc. Além disso, a partir do momento em que alguém está com seus bens
indisponíveis, quem adquiri-los ou financiá-los não poderá invocar o benefício jurídico de
ser contratante de boa-fé.

Na prática, a CNIB realiza verdadeiro rastreamento de todos os bens que o atingido pela
indisponibilidade possui em território nacional, evitando a dilapidação do patrimônio,
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constituindo-se, ademais, em importante ferramenta no combate ao crime organizado e na


recuperação de ativos de origem ilícita.

A CNIB foi idealizada a partir de constatações feitas pela Corregedoria Nacional de


Justiça, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que as Ordens de Indisponibilidades de
Bens não chegavam ao conhecimento de todos os cartórios do país. Por isso, imóveis de
propriedade de pessoas físicas e jurídicas que foram atingidas por indisponibilidades
permaneciam como patrimônio absolutamente livre e desembaraçado. E assim, esses
bens eram vendidos ou financiados, envolvendo contratantes de boa-fé, que teriam de
peregrinar por Juízos e Tribunais a fim comprovar que os gravames lhes eram ocultos.

A CNIB foi desenvolvida a partir do Termo de Acordo de Cooperação Técnica Nº 084/2010,


firmado em 14 de junho de 2010, e funciona como módulo da Central de Serviços
Eletrônicos Compartilhados dos Registradores de Imóveis, com capacidade para atender
todos os Tribunais do país, órgãos públicos, Tabeliães de Notas, Oficiais de Registros de
Imóveis e demais interessados, em todo o território nacional.

O sistema conta com tecnologias e infraestrutura que atendem aos requisitos da


Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) e à arquitetura e-PING (Padrões
de Interoperabilidade de Governo Eletrônico) e é operado pela Associação dos
Registradores Imobiliários de São Paulo (ARISP), com o apoio institucional do Instituto de
Registro Imobiliário do Brasil (IRIB), tendo sua sede administrativa localizada na Rua Maria
Paula, 123, Bela Vista, em São Paulo, Capital,

Os servidores da CNIB estão locados em dois Data Centers situados em território


nacional, que cumprem requisitos de alta disponibilidade e de segurança física e lógica,
divididos em clusters. O site de contingência é hot stand-by, no qual todas as informações
do site principal são instantaneamente replicadas e está apto a assumir o desempenho de
todas as funções, caso haja indisponibilidade do principal, será mantido o mesmo
endereço. Todo esse processo conta com a proteção de salas de controle que monitoram
o sistema, em tempo real, para que não haja paralização das operações.
Conforme decisão da Corregedoria no expediente SEI 0023558-66.2016.8.16.6000,
sobre o ato de averbação de indisponibilidade do bem incidirá a taxa do FUNREJUS,
na alíquota de 25% sobre o valor dos emolumentos. Se a indisponibilidade for
requerida através do CNIB ou por ofício do juiz, a serventia deverá encaminhar ofício
ao juiz com o valor para ser incluído na conta final do processo. Se a parte vier
requerer o levantamento da averbação, deverá arcar com o valor da taxa.

EQUÍVOCO NA EMISSÃO DA GUIA – Caso haja equívoco na emissão da guia,


deverá ser emitida nova guia corretamente e solicitada restituição da guia equivocada.
Não podem ser alterados dados essenciais, como nome do sacado, data, preço,
objeto, forma de pagamento ou descrição do imóvel. Caso o equívoco não seja nestes
dados, poderá ser certificado no verso a informação correta.

Art. 43. Os livros, os traslados e as certidões não podem ter rasuras, nem entrelinhas
preenchidas ou emendadas. Nos livros, emendas inevitáveis que não afetem a
fidelidade do ato serão ressalvadas e, aos enganos cometidos, seguir-se-á a palavra
"digo", prosseguindo-se corretamente após repetir a última frase correta.

§ 1º - As emendas, entrelinhas, rasuras, borrões e outras circunstâncias que possam


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causar dúvidas se ressalvam ao final da escrituração do ato e antes da subscrição e


das assinaturas dos intervenientes.

§ 2º - Aplica-se o dispositivo supra para as emendas, rasuras, borrões e outras


circunstâncias que possam causar dúvidas nas guias emitidas pelos notários e
registradores, para recolhimento da receita do Fundo de Reequipamento do Poder
Judiciário - FUNREJUS, devendo ser utilizado o verso da guia para certificar o
ocorrido.

§ 3º - Mesmo que ressalvadas, não se admitem entrelinhas que afetem partes


essenciais do ato, tais como data, preço, objeto, forma de pagamento e aquelas que
se refiram à descrição do imóvel.

DIFERENCIAÇÃO ENTRE DIVISÃO AMIGÁVEL, PERMUTA e EXTINÇÃO DE


CONDOMÍNIO – A divisão amigável pressupõe que um único imóvel seja de
propriedade de mais de uma pessoa. É requisito que dito imóvel admita a cômoda
divisão, respeitando as áreas e metragens mínimas do município de situação do bem,
não sendo hipótese de incidência do ITBI, por tratar-se de ato com cunho meramente
declaratório. Referido imóvel deve ter o mesmo tamanho e valor sob pena de se
descaracterizar o instituto da divisão amigável (Parecer da Divisão Jurídica do
FUNREJUS no protocolo de nº 54.205/2013). Quanto a permuta, vários proprietários
são senhores, em comum, de vários imóveis distintos. Desejando que cada
proprietário seja dono exclusivo de um determinado imóvel, outrora em comunhão,
permutam, entre si, as diferentes frações ideais. Assim, por exemplo, A,B,C,e D são
proprietários em comum (25% cada um) dos imóveis 1,2,3 e 4. Pela permuta, A se
tornará proprietário exclusivo do imóvel 1, B, do imóvel 2, e assim por diante, não
ocorrendo desdobramento de qualquer imóvel, bem como, ocorrendo quatro
transferências entre os comunheiros, incidindo ITBI em relação a cada transmissão de
fração ideal, não podendo haver torna ou qualquer pagamento em dinheiro sob pena
de descaracterização do instituto. Na extinção de condomínio, que nada mais é que
um direito potestativo do condômino, ou seja, um direito que não tem como conteúdo
uma obrigação alheia, podendo exercê-lo a qualquer tempo e independente da
vontade do consorte, desde que se trate de bem comum e indivisível (Informações
extraídas do site Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal). De relevo destacar,
que com o advento da Lei nº 18.415/2015 a qual instituiu a Receita XXV,
entendemos que restaram derrogados os itens 5 e 9 das Leis nº 12.216/98 e
12.604/99, que tratavam de ato sem expressão econômica que eram isentos do
0,2% e agora passaram a ser cobrados os 25% sobre o valor dos emolumentos.

3 Objeto do Contrato de Permuta


Prima evidenciar, no que tange ao objeto da avença
estatuída, que tudo o que pode ser considerado como objeto de um
contrato de compra e venda, também o será em uma relação pautada
na permuta, excetuando-se, com efeito, o dinheiro. Averbe-se, por
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oportuno, que a presença do valor pecuniário e seu destaque na


relação contratual é responsável por trazer a campo os elementos que
traçam as distinções entre a permuta e a compra e venda.
Ora, há que se aditar, ainda, que os bens frutos de
propriedade intelectual ou mesmo de propriedade industrial podem ser
elemento de troca, inclusive, há que se trazer à colação o art. 221 do
revogado Código Comercial, que assim diccionava: “Art. 221 - […]
Tudo o que pode ser vendido pode ser trocado”[10]. Ao lado disso,
calha também negritar que “são passíveis de troca coisa fungíveis por
infungíveis. Bens incorpóreos também podem ser objeto de permuta,
assimilada a cessão de direitos à compra e venda”[11].
Cuida salientar que, devido aos seus aspectos
caracterizadores, o contrato de permuta exige para a sua ocorrência a
presença de dois bens. Logo, à guisa de exemplificação, não há que
se falar em escambo ou troca se um permutante entregar um objeto e
o outro prestação de serviço. Como bem assinala Silva, “tudo que
pode ser vendido, pode ser trocado, não sendo necessários que os
bens permutados sejam de igual espécie ou valor, sendo lícito,
portanto, permutar um imóvel por uma coisa móvel,ou ainda um bem
imóvel ou móvel por um direito”[12].

4 Permuta de Valores Desiguais


Tendo por sedimento as ponderações aduzidas até o
presente momento, afigura-se como algo corriqueiro que, tão
somente, de forma excepcional os bens objetos da troca serão de
mesmo valor econômico. Nesta trilha, comumente um dos
permutantes compõe a prestação com pecúnia, o que, por óbvio, é
decorrente do ajuste da vontade das partes. Vale apenas salientar que
o elemento subjetivo dos pactuantes afigura-se como elemento
preponderante nas relações contratuais privadas[13]. Neste passo,
revela-se imprescindível ter em mente que haverá uma
preponderância dos valores, a fim de se distinguir a permuta da
compra e venda.
Vale salientar que, em se tratando de escambo, não há
propriamente preço, porquanto os permutantes avençam entregar, de
maneira recíproca, bens, que não seja dinheiro. Obviamente, a troca
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que tiver presença de pecúnia, a título de complementação, não


restará desvirtuada, porquanto o objeto detém maior relevância na
relação estruturada entre os pactuantes. Entrementes, salientar se faz
imperioso que a coisa afigure-se como objeto principal da avença e
não o quantum entregue.
De outro turno, ao examinar a situação concreta, restando
consolidado que o valor em dinheiro goza de maior relevância no
contrato estruturado, alocando a coisa permutada a um patamar de
inferioridade, não há que se falar em contrato de troca. Ao revés, trata-
se de relação negocial pautada na compra e venda, já que a pecúnia é
detentora de maior destaque. Considera-se desnaturado o contrato de
permuta, quando resta materializado que o valor em dinheiro pago é
superior a metade do pagamento. “A distinção a ser feita no caso
concreto pode ter importância, em virtude de diversas consequências
jurídicas que advêm de um ou outro negócio”[14].

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