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1970/951
Wilson Cano
Introdução
(3) Duas questões mui to importantes encontram-se ainda na fase dos "primeiros passos ": a
biotecnologia e as novas fontes de energia.
(4) Sobre a crise financei ra ver Braga ( 1991); para o processo de trabal ho Mattoso (1995).
(5) Sobre os efeitos do neoliberalismo e da globalização nos países subdesenvolvidos, ver Cano ( l 995a;
1996); Cardoso de Mello (1992) e Tavares & Fiori ( 1993).
(6) Sobre a Terceira Revolução Ind ustrial ver: Coutinho ( 1992); para seus efeitos sobre os desequilíbrios
regionais ver Cano ( I 990a).
(7) Para as regiões da Europa ver CEE ( 1991); para os dados mundiais Medeiros ( 1996).
(8) Entre os que falam hoje em fragmentação, ver Gu imarães ( 1996) e Pacheco ( 1996).
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Economia e Sociedade, Campi nas, (8): 1O1 -41 , ju n.
1997.
institucional, política, financeira e de seus recursos humanos, não só atrasando a
elaboração do ú ltimo Censo Demográfico como, também o que é muito grave,
não realizando nenhum Censo Econômico após 1985. Isto, obviamente,
repercute diretamente sobre as Contas Nacionais, tomando mais precários os
dados regionalizados e as estimativas de Contas Regionais após aquela data.
Para suprir essa lacuna estrutural os pesquisadores têm utilizado outras
informações, como as séries anuais regionalizadas de produção física; estas,
contudo, padecem de maior complexidade metodológica, tanto na cobertura de
produtos como na de ramos e de regiões.
Além disso, as altíssimas taxas de inflação verificadas nestes anos
certamente alteraram profundamente a estrutura nacional e regional de preços
relativos. Por outro lado, a desconcentração regional que ocorre no período não
se dá à "imagem e semelhança" da estrutura dominante (São Pau lo),
apresentando, na verdade, grandes diferenças de processos produtivos e de
produtos, o que também significa o surgimento de grandes diferenças entre as
novas estruturas produtivas regionais, dificultando muito a passagem de
estimati vas de produção física para estimativas no conceito de valor (produto
ou renda).
Essas dificuldades são maiores quando se tenta trabal har com
indicadores do "Produto Terciário", cujas fontes são ainda mais precárias.
Entre outros, os problemas decorrentes da "imputação dos serviços de
intermediação financeira" e das dificuldades de estimar o segmento de "outros
serviços", que representam a metade da produção de serviços e cerca de 25% a
30% do PIB, reforçam nossos receios. Por exemplo, "outros serviços", que
perfaziam cerca de 13% do PIB entre 1980 e 1990, passam a 18% em 1993:
nada sabemos sobre se isto se deve ao avanço da terceirização (o que "reduz"
a produção industrial), à informalização crescente do mercado de trabalho ou a
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outros fatores desconhecidos.
Se isto ocorre em relação às contas do país, o que dizer das contas de
cada região? Por exemplo, as séries de contas regionais de São Pau lo,
elaboradas pela Fundação SEADE (bem como de outras regiões), apresentam
resultados diferentes em relação às da FIBGE. Nesse sentido, é digno de nota
o recen te e grande esforço realizado pelo IPEA para estimar os principais
agregados regionais (anuais, entre 1985 e 1995), que procura contornar essa
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lacuna. Neste trabal ho utilizo essas novas estimativas dos produtos setoriais
(salvo para indústria de transfonnação ).
Este artigo, além desta introdução, está dividido em três partes. A
primeira discute a concentração e desconcentração econômica no período
1970/95, detendo-se mais detalhadamente no exame da indústria de
transfonnação. Na segunda, tento analisar as principais modificações recentes
nos fluxos migratórios inter-regionais decorrentes tanto das grandes
transformações
(9) Para uma discussão teórica e metodológica sobre o setor serviços no Brasil , ver Cano ( 1992, v.5).
(10) Versão resumida desse trabalho está em Oliveira e Silva et ai. (l996).
Economia e Sociedade, Campinas, (8): 101-41, jun. 1997. 105
setoriais-regionais da economia, quanto do agravamento da crise social do país.
Na terceira, apresen to as resumidas "conclusões".
( 1 1 ) O conhecido dito popular "A locomotiva (SP) que carrega os vagões (demais estados) vazios"
não espelha a verdade, dada a intensidade crescente nas relações econômicas inter-regionais pós-1929. Na
verdade, tanto os vagões foram sendo cada vez mais carregados, quanto a locomotiva teve que aumentar sua
potência ...
( 14) Em áreas mais subdesenvolvida s ele tem alto peso, tanto por causa da menor presença da ind ústria
quanto pela alta existência de subemprego em serviços ; nas mais ind ustrializadas, pelo menor peso da agricultura
e pelo desenvol vi mento da urbanização , que exige a ampliação e diversificação da prod ução de serviços.