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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE PORECATU
COMPETÊNCIA DELEGADA DE PORECATU - PROJUDI
Rua Iguaçu, 65 - Centro - Porecatu/PR - Fone: (43) 3623-1016

Autos nº. 0002935-47.2015.8.16.0137

Processo: 0002935-47.2015.8.16.0137
Classe Processual: Procedimento Comum
Assunto Principal: Aposentadoria Especial (Art. 57/8)
Valor da Causa: R$1.000,00
Autor(s): JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA
Réu(s): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

SENTENÇA

1. RELATÓRIO.

JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA, devidamente qualificado nos autos, ajuizou a presente AÇÃO DE APOSENTADORIA
ESPECIAL E, OU APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, em face do INSS – INSTITUTO NACIONAL
DA SEGURIDADE SOCIAL, igualmente qualificado, alegando, em síntese, que: (i) na esfera administrativa, formulou
pedido de aposentadoria por tempo de contribuição, com reconhecimento de atividade especial e conversão de seu tempo para
atividade comum, utilizando para tanto o fator 1,40, o qual foi indeferido por “Falta de tempo de contribuição até 16/1/1998
ou até a data de entrada do requerimento”; (ii) trabalhou por vários períodos em atividades sob a exposição de agentes
nocivos, devendo os períodos serem averbados como especiais; e (iii) requereu a concessão do benefício de Aposentadoria
Especial e, ou Aposentadoria por Tempo de Contribuição, com as parcelas corrigidas monetariamente e acrescidas de juros
(seq. 1.1).

A inicial foi recebida (05/11/2015) deferida assistência judiciária gratuita e determinada citação do réu (seq. 15.1).

Devidamente citado (seq. 19), o requerido apresentou contestação (seq. 22.1), onde asseverou, em suma que: (i) a parte autora
não comprovou a exposição a agentes nocivos, deixando de apresentar formulários idôneos extraídos das avaliações dos
ambientes de trabalho; (ii) com a vigência da lei 9.032/1995 de 29/05/1995, não é mais possível o reconhecimento de atividade
especial pela atividade profissional, ou seja, por categoria, devendo portanto, ser comprovada a efetiva exposição aos agentes
agressivos, o que não se comprovou, motivo pelo qual não deve prosperar o pedido autoral.

A parte autora apresentou impugnação à contestação na seq. 27.1.

Instadas as partes a especificarem provas (seq. 29.1) a parte autora postulou pela produção de prova pericial (seq. 34.1),
enquanto o INSS requereu o depoimento pessoal do autor (seq. 42.1).

Os autos foram devidamente saneados e deferida produção de prova pericial (seq. 47.1).

A perícia realizou-se em 22/05/2018, cujo laudo pericial foi acostado na seq. 66.1.
É o que importa relatar.

Decido.

2. FUNDAMENTAÇÃO.

Partes legítimas. Há interesse e o pedido é juridicamente possível. O juiz é competente para a causa. As partes possuem
capacidade civil e estão devidamente representadas. A forma processual foi observada. O instrumento de mandato foi juntado
aos autos. Não há litispendência, nem coisa julgada. Não há nulidades.

No mérito, trata-se de pedido de aposentadoria especial e, ou aposentadoria por tempo de contribuição c/c atividade especial.

O autor pede que o reconhecimento da especialidade nos seguintes períodos: 01/06/1987 a 11/05/1990; 25/03/1991 a
14/10/1991; 06/03/1997 a 03/10/2008 e 06/10/2008 a 31/03/2014.

Desde já, pontuo que a necessidade de eventual compensação financeira não obsta a procedência do pedido, pois, para que o
INSS cobre eventual contribuição adicional, basta que ajuíze execução fiscal (argumento que se presta para arrostar a defesa no
que concerne ao julgamento da ADI 1.664 pelo STF).

A jurisprudência consolidou o entendimento no sentido de que, para fins de obtenção de aposentadoria previdenciária, deve o
trabalhador provar sua atividade por meio de, pelo menos, início razoável de prova documental, não sendo admissível a
concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição com base em prova exclusivamente testemunhal.

Nesse contexto, o tempo de serviço deve ser comprovado mediante a produção de prova material suficiente, ainda que inicial,
podendo ser complementada por prova testemunhal idônea, quando necessária ao preenchimento de eventuais lacunas.

ATIVIDADES ESPECIAIS.

O exercício de atividade especial caracteriza-se pelo desenvolvimento de atividade laboral submetida a condições especiais,
consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física do trabalhador, segundo os dizeres ditados pelas regras insertas nos
artigos 57 e seguintes, da Lei nº 8.213/91. O tempo de serviço respectivo é disciplinado pela lei em vigor na época em que foi
efetivamente exercido, passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador. Assim, uma vez
prestado o serviço sob a vigência de lei que o considere como “atividade especial”, o trabalhador adquire o direito à contagem
como tal, bem como adquire o direito à comprovação das condições de trabalho na forma então exigida, não se aplicando uma
lei nova que venha estabelecer restrições à admissão do tempo de serviço de atividade especial.

No período de trabalho a partir de 1960 até 28 de abril de 1995 (quando vigente a Lei nº 3.807/60 – Lei Orgânica da
Previdência Social e, posteriormente, a Lei nº 8.213/91 – Lei de Benefícios – redação original dos artigos 57 e 58 ), é possível
o reconhecimento da especialidade do trabalho quando houver a comprovação do exercício de atividade classificada como “
especial” nos decretos regulamentadores, ou na legislação especial. É possível ainda o reconhecimento quando restar
demonstrada a sujeição do trabalhador a agentes nocivos, por qualquer meio de prova, com exceção para o ruído, em que se
torna necessária a aferição por meio de perícia técnica, que deve ser carreada aos autos, ou ser noticiada em formulário emitido
pela empresa respectiva, a fim de se verificar a respectiva nocividade.
Nesse período, portanto, para a caracterização do tempo de serviço especial por categoria profissional, é necessário que as
atividades tidas por especiais estejam incluídas nos anexos dos Decretos nºs 53.831/64 e 83.079/79, ou que sejam verificadas
através de laudo técnico emitido pela empresa respectiva, comprovando a sujeição do trabalhador aos agentes nocivos de
forma efetiva e habitual.

A partir de 29 de abril de 1995 o enquadramento por categoria profissional foi extinto e, desde então, até a data de 05 de
março de 1997 (período de vigência das alterações introduzidas pela Lei nº 9.032/95 no art. 57, da Lei de Benefícios ),
torna-se necessária a demonstração efetiva de exposição, de forma permanente, não ocasional nem intermitente, a agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física, por qualquer meio de prova, considerando-se suficiente, para tanto, os formulários
expedidos pela empresa respectiva (SB-40 e DSS-8030), não se exigindo o laudo técnico.

Portanto, a partir de 29.04.95 não é mais possível a caracterização da atividade especial por “categoria profissional”.

No período compreendido entre 06 de março de 1997 (data da entrada em vigor do Decreto nº 2.172/97, que regulamentou as
disposições introduzidas no art. 58 da Lei de Benefícios pela Medida Provisória nº 1.523/96 – convertida na Lei nº 9.528/97 ) e
28 de maio de 1998 (data imediatamente anterior à vigência da Medida Provisória nº 1.663/98 – convertida na Lei nº
9.711/98, que vedou a conversão do tempo especial em comum), passou-se a exigir para fins de reconhecimento de tempo de
serviço especial, a comprovação da efetiva sujeição aos agentes agressivos, por meio da apresentação de formulário-padrão
com base em laudo técnico emitido pela empresa, ou por meio de perícia técnica.

Depois de 28 de maio de 1998, até recentemente vinha decidindo no sentido de não ser mais possível a conversão de tempo
especial para tempo comum, nos termos do art. 28, da Medida Provisória nº 1.663/98, convertida na Lei nº 9.711/98. Neste
sentido, o Superior Tribunal de Justiça possuía o entendimento de que somente era possível a conversão em relação à atividade
exercida até 28 de maio de 1998. No entanto, o STJ passou a entender que o § 5.º do art. 57 da Lei n. 8.213/91 está em plena
vigência, possibilitando a conversão de todo o tempo trabalhado em condições especiais, ainda que posteriormente a maio de
1998, em razão do direito adquirido à conversão do tempo de serviço, de forma majorada, para fins de aposentadoria comum
[EREsp n. 1.067.972/MG, Sexta Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJ de 15-03-2010; REsp n. 956.110/SP, Quinta Turma, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJ de 22-10-2007; REsp n. 1.010.028/RN, Quinta Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ de
07-04-2008; AgRgREsp n. 739.107/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJe de 14-12-2009] .

A propósito, transcrevo as ementas de alguns desses julgados:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO


DE SERVIÇO. LABOR PRESTADO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS. CONVERSÃO EM
TEMPO COMUM APÓS 1988. POSSIBILIDADE. 1. O § 5º do art. 57 da Lei 8.213/91
está em plena vigência, possibilitando a conversão de todo tempo trabalhado em
condições especiais, ao trabalhador que tenha exercido atividades em condições
especiais, mesmo que posteriores a maio de 1998, em razão do direito adquirido,
protegido constitucionalmente, à conversão do tempo de serviço, de forma majorada,
para fins de aposentadoria comum. 2. Agravo regimental a que se dá parcial provimento.
(AgRg no REsp n. 739.107 - SP, Sexta Turma, Rel. Min. Og Fernandez, DJe de
14-12-2009).

***
PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO
ESPECIAL EM COMUM. AUSÊNCIA DE LIMITAÇÃO AO PERÍODO TRABALHADO.
1. Com as modificações legislativas acerca da possibilidade de conversão do tempo
exercido em atividades insalubres, perigosas ou penosas, em atividade comum, infere-se
que não há mais qualquer tipo de limitação quanto ao período laborado, ou seja, as
regras aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período, inclusive após 28/05/1998.
Precedente desta 5.ª Turma. 2. Recurso especial desprovido. (REsp n. 1.010.028/RN,
Quinta Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ de 07-04-2008).

***

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. JULGAMENTO


EXTRA PETITA E REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CONFIGURADOS.
APOSENTADORIA PROPORCIONAL. SERVIÇO PRESTADO EM CONDIÇÕES
ESPECIAIS. CONVERSÃO EM TEMPO COMUM. POSSIBILIDADE. 1. Os pleitos
previdenciários possuem relevante valor social de proteção ao Trabalhador Segurado da
Previdência Social, sendo, portanto, julgados sob tal orientação exegética. 2. Omissis; 3.
Omissis; 4. O Trabalhador que tenha exercido atividades em condições especiais, mesmo
que posteriores a maio de 1998, tem direito adquirido, protegido constitucionalmente, à
conversão do tempo de serviço, de forma majorada, para fins de aposentadoria comum.
5. Recurso Especial improvido. (REsp n. 956.110/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, DJ de 22-10-2007).

Com o julgamento do Recurso Especial Repetitivo n. 1151363, em 23-03-2011, pela Terceira Seção do Superior Tribunal de
Justiça, do qual foi Relator o MINISTRO JORGE MUSSI, a questão restou pacificada nos seguintes termos:

PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL APÓS 1998.


MP N. 1.663-14, CONVERTIDA NA LEI N. 9.711/1998 SEM REVOGAÇÃO DA REGRA
DE CONVERSÃO. 1. Permanece a possibilidade de conversão do tempo de serviço
exercido em atividades especiais para comum após 1998, pois a partir da última
reedição da MP n. 1.663, parcialmente convertida na Lei 9.711/1998, a norma tornou-se
definitiva sem a parte do texto que revogava o referido § 5º do art. 57 da Lei n. 8.213/91.
2. Precedentes do STF e do STJ.

Importante salientar que já no julgamento do REsp n. 956.110SP, a egrégia Quinta Turma, em alteração de posicionamento,
assentara a compreensão de que permanece a possibilidade de conversão do tempo de serviço exercido em atividades especiais
para comum após 1998, pois a partir da última reedição da MP n. 1.663, parcialmente convertida na Lei n. 9.7111998, a norma
tornou-se definitiva sem a parte do texto que revogava o referido § 5º do art. 57 da Lei n. 8.2131991.

A ementa do aludido julgado foi assim lavrada:

I. E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. JULGAMENTO EXTRA PETITA E REFORMATIO IN


PEJUS. NÃO CONFIGURADOS. APOSENTADORIA PROPORCIONAL. SERVIÇO PRESTADO EM
CONDIÇÕES ESPECIAIS. CONVERSÃO EM TEMPO COMUM. POSSIBILIDADE. 1. Os pleitos
previdenciários possuem relevante valor social de proteção ao Trabalhador Segurado da Previdência Social,
sendo, portanto, julgados sob tal orientação exegética. 2. Tratando-se de correção de mero erro material do
autor e não tendo sido alterada a natureza do pedido, resta afastada a configuração do julgamento extra
petita. 3. Tendo o Tribunal a quo apenas adequado os cálculos do tempo de serviço laborado pelo autor aos
termos da sentença, não há que se falar em reformatio in pejus, a ensejar a nulidade do julgado. 4. O
Trabalhador que tenha exercido atividades em condições especiais, mesmo que posteriores a maio de 1998,
tem direito adquirido, protegido constitucionalmente, à conversão do tempo de serviço, de forma majorada,
para fins de aposentadoria comum. 5. Recurso Especial improvido (REsp 956110SP, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 29.8.2007, DJ 22.10.2007 p. 367). (grifei).

A corroborar essa afirmação, cita-se o excerto do acórdão oriundo do STF, que julgou prejudicada a ADIn em relação ao § 5º
do art. 57 da Lei de Benefícios, contida no art. 31 da MP n. 1.663-141998:

EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade de dispositivos e expressões contidas na


Medida Provisória 1.663-13, de 26 de agosto de 1998. Pedido de liminar. - Ação que
está prejudicada quanto à expressão "§ 5º do art. 57 da Lei n. 8.213, de 24 de julho de
1991" contida no artigo 28 da Medida Provisória n. 1.663-14, de 1998, porque não foi
ele reproduzido na Lei 9.711, de 20.11.98, em que se converteu a citada Medida
Provisória. [...]. (ADI n. 1.891-6DF, Relator o Min. Moreira Alves, DJ de 08112002).

Além disso, verifica-se que, embora haja expressa vedação no art. 28 da Lei 9.71198 à cumulação de tempo de atividades sob
condições especiais em tempo de atividade comum após 28.05.1998, o INSS, após decisões judiciais que consideravam sem
aplicação o citado dispositivo, editou a IN INSSPRES 1106, que dispõe, in verbis:

Art. 166 - O direito à aposentadoria especial não fica prejudicado na hipótese de


exercício de atividade em mais de um vínculo, com tempo de trabalho concomitante
(comum e especial), desde que constatada a nocividade do agente e a permanência em,
pelo menos, um dos vínculos nos termos do art. 160 desta IN.

Assim, considerando que o parágrafo 5.º do art. 57 da Lei n. 8.213/91 não foi revogado nem expressa, nem tacitamente pela
Lei n. 9.711/98 e que, por disposição constitucional (art. 15 da Emenda Constitucional n. 20, de 15-12-1998), permanecem em
vigor os artigos 57 e 58 da Lei de Benefícios até que a lei complementar a que se refere o art. 201, § 1.º, da Constituição
Federal, seja publicada, é possível a conversão de tempo de serviço especial em comum inclusive após 28.05.1998.

Para fins de enquadramento das categorias profissionais, devem ser considerados os Decretos nºs 53.831/64 (Quadro Anexo –
2ª parte) e 83.080/79 (Anexo II) até a data de 28.04.95, data em que foi extinto o reconhecimento da atividade especial por
presunção legal.

Para fins de enquadramento dos agentes nocivos, devem ser considerados os Decretos nºs 53.831/64 (Quadro Anexo – 1ª parte)
e 83.080/79 (Anexo I), até 05.03.97 e o Decreto nº 2.172/97 (Anexo IV) no período compreendido entre 06-03-97 e 28-05-98.

Além dessas hipóteses de enquadramento, torna-se possível a verificação da especialidade da atividade no caso concreto,
através de realização de perícia técnica, nos termos da Súmula nº 198, do extinto Tribunal Federal de Recursos (STJ, AGRESP
nº 228832/SC, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJU de 30.06.2003).
AGENTE NOCIVO RUÍDO

No caso específico do agente nocivo “ruído”, o Quadro Anexo do Decreto nº 53.831, de 25-03-1964, o Anexo I do Decreto nº
83.080, de 24-01-1979, o Anexo IV do Decreto nº 2.172, de 05-03-1997, e o Anexo IV do Decreto nº 3.048, de 06-05-1999,
alterado pelo Decreto nº 4.882, de 18-11-2003, consideram insalubres as atividades que expõem o segurado a níveis de pressão
sonora superiores a 80, 85 e 90 decibéis, de acordo com os Códigos 1.1.6, 1.1.5, 2.0.1 e 2.0.1.

Quanto ao período anterior a 05-03-97, já foi pacificado na Seção Previdenciária do Tribunal Regional federal da 4ª Região
(EIAC 2000.04.01.134834-3/RS, Rel. Desembargador Federal Paulo Afonso Brum Vaz, DJU, Seção 2, de 19-02-2003) e
também pelo INSS na esfera administrativa (Instrução Normativa nº 57/2001 e posteriores) , que são aplicáveis
concomitantemente, para fins de enquadramento, os Decretos nºs 53.831/64 e 83.080/79 até 05-03-97, data imediatamente
anterior à publicação do Decreto nº 2.172/97. Deste modo, até então, é considerada nociva à saúde a atividade sujeita a ruídos
superiores a 80 decibéis, conforme previsão mais benéfica do Decreto nº 53.831/64.

No que tange ao período posterior, caso aplicados literalmente os Decretos vigentes, ter-se-ia a exigência de ruídos superiores
a 90 decibéis até 18-11-2003 (Anexo IV dos Decretos nºs 2.172/97 e 3.048/99, este na redação original) e, somente então, de
ruídos superiores a 85 decibéis, conforme a alteração trazida pelo Decreto nº 4.882/2003 ao Decreto nº 3.048/99, que unificou
a legislação trabalhista e previdenciária no tocante.

Considerando que esse novo critério de enquadramento da atividade especial veio beneficiar os segurados expostos a ruídos no
ambiente de trabalho, bem como tendo em vista o caráter social do direito previdenciário, é cabível a aplicação retroativa da
disposição regulamentar mais benéfica, considerando-se especial a atividade quando sujeita a ruídos superiores a 85 decibéis
desde 06-03-97, data da vigência do Decreto nº 2.172/97.

Em síntese, é admitida como especial a atividade em que o segurado ficou exposto a ruídos superiores a 80 decibéis até
05-03-97 e, a partir de então, acima de 90 decibéis e a partir de 19/11/2003 acima de 85 decibéis, desde que aferidos esses
níveis de pressão sonora por meio de perícia técnica, trazida aos autos ou noticiada no preenchimento de formulário expedido
pelo empregador.

Em período posterior a junho de 1998, a desconfiguração da natureza especial da atividade em decorrência de EPI's é
admissível, desde que haja laudo técnico afirmando inequivocamente que a sua utilização pelo trabalhador reduziu
efetivamente os efeitos nocivos do agente agressivo a níveis toleráveis, ou os neutralizou (STJ, REsp 720.082/MG, Rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, DJ 10/04/2006, p. 279; TRF4, EINF 2001.72.06.002406-8, Terceira Seção, Relator
Fernando Quadros da Silva, D.E. 08/01/2010).

Contudo, no que tange ao uso de equipamentos de proteção, também é pacífico o entendimento do Colendo Superior Tribunal
de Justiça (REsp nº 462.858/RS, Relator Ministro Paulo Medina, Sexta Turma, DJU de 08-05-2003) no sentido de que esses
dispositivos não são suficientes para descaracterizar a especialidade da atividade, a não ser que devidamente demonstrados o
uso permanente pelo empregado durante a jornada de trabalho e sua real efetividade, por meio de perícia técnica especializada,
o que não se verificou no caso dos autos.

Ademais, cumpre registrar que a exposição habitual e permanente a níveis de ruído acima dos limites de tolerância
estabelecidos na legislação pertinente à matéria sempre caracteriza a atividade como especial, independentemente da utilização
ou não de EPI ou de menção, em laudo pericial, à neutralização de seus efeitos nocivos.

Sobre o tema, transcreve-se excerto do voto da lavra do eminente Des. Federal Celso Kipper, do TRF da Quarta Região (AC nº
2003.04.01.047346-5/RS, 5ª T, DJU de 04-05-05:

“Isso se dá porque os EPIs, mesmo que consigam reduzir o ruído a níveis inferiores ao
estabelecido em decreto, não têm o condão de eliminar os efeitos nocivos, como ensina abalizada
doutrina: Lesões auditivas induzidas pelo ruído fazem surgir o zumbido, sintoma que permanece
durante o resto da vida do segurado e, que, inevitavelmente, determinará alterações na esfera
neurovegetativa e distúrbios do sono. Daí a fadiga que dificulta a sua produtividade. Os
equipamentos contra ruído não são suficientes para evitar e deter a progressão dessas lesões
auditivas originárias do ruído, porque somente protegem o ouvido dos sons que percorrem a via
aérea. O ruído origina-se das vibrações transmitidas para o esqueleto craniano e através dessa
via óssea atingem o ouvido interno, a cóclea e o órgão de Corti." (Irineu Antônio Pedrotti,
Doenças Profissionais ou do Trabalho, LEUD, 2ª ed., São Paulo, 1998, p. 538).

DO CASO CONCRETO

Feitas tais considerações, insta analisar as provas produzidas nos autos pelo autor, sobre o desempenho de atividade especial
pelos períodos 01/06/1987 a 11/05/1990; 25/03/1991 a 14/10/1991; 06/03/1997 a 03/10/2008 e 06/10/2008 a
31/03/2014.

A título de prova da sujeição aos agentes insalubres juntou PPP, referente a função de eletricista, pelos períodos 07/16/1990 a
17/10/1990; 13/02/1992 a 08/07/1992; 21/07/1992 a 07/11/1992; 11/03/1993 a 05/03/1997, desenvolvida sob exposição a
agentes agressivos discriminados como ruído de 86,30 a 88 dB (A) (seq. 1.10/1.11).

Analisando os autos, bem como o laudo pericial, é de se concluir que os períodos passíveis de reconhecimento de trabalho
desempenhado sob condições especiais, corresponde ao tempo laborado entre 19/11/2003 a 03/10/2008, desempenhados na
vigência da Lei 3.807/60 (LOPS), posto que, à época, era possível o reconhecimento da especialidade do trabalho quando
houvesse a comprovação do exercício de atividade que enquadrava como especial nos decretos regulamentadores e/ou na
legislação especial, por qualquer meio de prova, de modo que a comprovação pela anotação em CTPS e laudo PPP, bastam
para demonstrar as alegações do autor.

Os demais períodos não são enquadrados nos termos da fundamentação antes adotada, pois, seriam especiais se constatassem
ruídos superiores a 80 decibéis até 05-03-97e, acima de 90 decibéis até 18/11/2003, e a partir de entãoacima de 85
decibéis.

Destarte, dirimida a questão acerca da comprovação do tempo de serviço controvertido, passo a análise do direito à
aposentadoria pretendida.

DA APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO OU DE CONTRIBUIÇÃO

Com a promulgação da EC n.º 20/98, em 16/12/1998, ocorreram profundas modificações no que concerne à aposentadoria por
tempo de serviço, a qual passou a se denominar aposentadoria por tempo de contribuição, permitida tão somente, pelas novas
regras, na forma integral (RMI 100%), aos 30 anos de contribuição para a mulher, e aos 35 anos para o homem, sem exigência
de idade mínima.

Contudo, foi assegurada a concessão de aposentadoria por tempo de serviço/contribuição, a qualquer tempo, aos segurados do
RGPS que, até a data da publicação da Emenda Constitucional n.º 20/98 (16/12/1998), tivessem implementado todos os
requisitos para a obtenção desse benefício com base nos critérios estabelecidos pela legislação então vigente, bem como a
aplicação de regras de transição, caso o segurado opte pela aposentadoria proporcional.

Consigna-se ainda, que após a Lei n.º 9.876/99, de 29/11/1999, o período básico de cálculo (PBC) passou a abranger todos os
salários de contribuição (desde 07/1994), e não mais apenas os últimos 36 (o que foi garantido ao segurado até a data anterior a
essa lei – art. 6º), sendo, também, introduzido o fator previdenciário no cálculo do valor do benefício em questão.

Antes da entrada em vigor da Reforma Previdenciária introduzida pela Emenda Constitucional (EC) nº 20, de 15-12-1998,
tinha direito à aposentadoria por tempo de serviço o segurado que tivesse cumprido os requisitos correspondentes, conforme o
artigo 202 da Constituição (redação original) e o texto da Lei nº 8.213, de 1991 (LBPS) vigente até 16-12-1998, data em que
publicada a aludida Emenda Constitucional. A renda mensal inicial do benefício seria integral ou proporcional, conforme o
tempo de serviço. Foi garantido expressamente pela Emenda Constitucional (art. 3º) o direito dos segurados à aposentadoria
pelas regras antigas, constantes dos artigos 52 a 53 da Lei nº 8.213, de 1991, os quais assim dispunham:

“Art. 52. A aposentadoria por tempo de serviço será devida, cumprida a carência exigida nesta
lei, ao segurado que completar 25 (vinte e cinco) anos de serviço, se do sexo feminino, ou 30
(trinta) anos, se do masculino.

Art. 53. A aposentadoria por tempo de serviço, observado o disposto na Seção III deste Capítulo,
especialmente no art. 33, consistirá numa renda mensal de:

I - para a mulher: 70% do salário-de-benefício aos 25 anos de serviço, mais 6% deste, para cada
novo ano completo de atividade, até o máximo de 100% do salário-de-benefício aos 30 anos de
serviço;

II - para o homem: 70% do salário-de-benefício aos 30 anos de serviço, mais 6% deste, para cada
novo ano completo de atividade, até o máximo de 100% do salário-de-benefício aos 35 anos de
serviço. (...)”

Em conclusão, para obtenção de aposentadoria por tempo de serviço pelas regras vigentes até a data da publicação da EC nº
20, de 1998, o segurado tem de comprovar, no mínimo, 25 anos de tempo de serviço, se mulher, e 30 anos, se homem, com
uma renda mensal inicial de 70% do salário de benefício, acrescido de 6% por ano adicional, até o limite de 100%.

A partir da data da publicação da EC nº 20, de 1998 (D.O.U. de 16-12-1998), a aposentadoria por tempo de serviço foi
substituída pela aposentadoria por tempo de contribuição, aplicando-se, para os segurados que se filiaram à Previdência Social
até 16-12-1998 e que não tinham atingido o tempo de serviço exigido pelo regime anterior, as regras de transição previstas no
art. 9º da referida Emenda, in verbis:

“Art. 9º. Observado o disposto no art. 4º da Emenda e ressalvado o direito de opção à


aposentadoria pelas normas por ela estabelecidas para o regime geral de previdência social, é
assegurado o direito à aposentadoria ao segurado que se tenha filiado ao regime geral de
previdência social, até a data de publicação desta Emenda, quando, cumulativamente, atender aos
seguintes requisitos:

I - contar com cinqüenta e três anos de idade, se homem, e quarenta e oito anos de idade, se
mulher; e

II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:

a) trinta e cinco anos, se homem, e trinta anos, se mulher; e

b) um período adicional de contribuição equivalente a vinte por cento do tempo que, na data da
publicação desta Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo constante da alínea anterior.

§ 1º. O segurado de que trata este artigo, desde que atendido o disposto no inciso I do caput, e
observado o disposto no art. 4º desta Emenda, pode aposentar-se com valores proporcionais ao
tempo de contribuição, quando atendidas as seguintes condições:

I - contar tempo de contribuição, quando atendidas as seguintes condições:

a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e

b) um período adicional de contribuição equivalente a quarenta por cento do tempo que, na data
da publicação desta Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo constante da alínea anterior;

II - o valor da aposentadoria proporcional será equivalente a setenta por cento do valor da


aposentadoria a que se refere o caput, acrescido de cinco por cento por ano de contribuição que
supere a soma a que se refere o inciso anterior, até o limite de cem por cento.”

Portanto, deve ser comprovado o requisito do tempo mínimo de serviço, acrescido de um período adicional (popularmente
chamado de "pedágio") e a idade mínima (53 anos, se homem; 48, se mulher). Se o segurado completar 35 anos de serviço
(homem) ou 30 (mulher), mais o período adicional, a aposentadoria será integral (100% do salário de benefício); se menos,
será proporcional, com base em 70% do salário de benefício, mais 5% por ano além do tempo mínimo (30 anos para o homem
e de 25 para a mulher), acrescido do "pedágio".

A renda mensal inicial do benefício será calculada de acordo com as regras da legislação infraconstitucional vigente na data em
que o segurado completar todos os requisitos do benefício.

Sendo assim, o segurado que não completa os requisitos da aposentadoria pelas regras vigentes até 16-12-1998 (regramento
antigo) nem pelas regras constitucionais transitórias (art. 9º da EC nº 20, de 1998), obterá aposentadoria conforme o § 7º do art.
201 da Constituição Federal, na redação da EC nº 20/1998. Deverá comprovar 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos,
se mulher, não havendo, aqui, exigência de idade mínima, mas sim que o tempo seja de contribuição, e não simplesmente de
serviço, como nas hipóteses anteriores (regramentos antigo e transitório).

Assim, somado o período de atividade urbana, com a atividade rural judicialmente reconhecida, com as devidas conversões dos
períodos trabalhados em condições especiais, o tempo de contribuição do segurado fica assim definido, conforme consta do
cálculo da planilha que segue anexa e que desta fica fazendo parte integrante:

Conforme cálculo anexo, até 16/12/1998 (Emenda Constitucional nº. 20/98): Cumprida a carência exigida e somando-se o
período rural averbado e período já reconhecidos administrativa 11 anos, 06 meses e 03 dias, não lhe assegurando o direito à
aposentadoria proporcional de acordo com a legislação vigente anteriormente à E. C. n. 20/98.

Até 29/11/1999 (anterior à Lei n. º 9.876/99), chega-se ao total de 12 anos, 05 meses e 21 dias, também não lhe assegura o
direito à aposentadoria proporcional de acordo com a legislação vigente nessa data.

Até 17/04/2014 (Data do Último Requerimento Administrativo), a parte autora computava 28 anos, 09 meses e 19 dias, tempo
que não lhe assegura, nesta hipótese, o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição proporcional de acordo com a
legislação vigente na DER (17/04/2014).

3. DISPOSITIVO.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido inicial, extinguindo o processo com resolução de mérito, nos
termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil, nos termos da fundamentação antes adotada para tão somente: (i)
reconhecer e converter o tempo de serviço em atividades especiais conforme fundamentação antes adotada 19/11/2003 a
03/10/2008, que o requerido promova a averbação no acervo do autor, acrescentando-os ao tempo comum; e (ii) homologar o
tempo de serviço já reconhecido administrativamente pelo INSS, inclusive o período especial.

Considerando a sucumbência recíproca mínima em desfavor do réu, condeno a parte autora a pagar custas processuais e
honorários advocatícios, os quais arbitro em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa atualizado, arbitramento realizado em
conformidade com o art. 85, § 2º, CPC, suspensa a exigibilidade de tais verbas, por ser a parte autora beneficiária da justiça
gratuita (Lei nº 1.060/50).

Cumpram-se as determinações do Código de Normas da Corregedoria Geral de Justiça, no que forem aplicáveis.

Ficam as partes intimadas de que, na remessa para o TRF4, os autos passarão a tramitar no sistema e-Proc, por força do
disposto na Resolução n. 49/2010 (TRF4), sendo obrigatório o cadastramento dos advogados na forma do art. 5º da Lei n.
11.419/2006.

Cumpram-se as determinações do Código de Normas da Corregedoria Geral de Justiça, no que forem aplicáveis.

Publique-se. Registrada neste ato. Intimem-se.

Porecatu, data da assinatura digital.

Amanda Cristina Lam

Juíza Substituta

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