Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
UNIDADE DO GUARÁ
1. ABORDAGEM PEDAGÓGICA
a. Marxismo
A origem da questão social, em uma análise marxista, concentra-se na lógica de
acumulação e reprodução capitalista, que produz esta população subsidiária.
Através da apropriação privada da atividade humana, que é o trabalho, e do
estabelecimento desigual de relação, entre este e o capital, temos um descompasso
que impede a inclusão de todos no sistema produtivo. Com a exclusão de maiorias,
identificamos um movimento violento, que reorganiza, à todo momento, privilégios
sociais (DEMO, 1998:23).
Para Marx, a noção de bem-estar, deve estar calcada em valores como solidariedade
e cooperação, na direção das necessidades humanas identificadas, implicando a
distribuição do produto social. Neste sentido, o capitalismo representa, para o
mesmo, uma antítese do bem-estar, já que, move-se pela propriedade privada e
herança, produção para lucro e exploração servil, coerção e competição (MISHRA,
1975).
Categorias principais: modo de produção, formação social, alienação, trabalho,
totalidade, dentre outros;
Não é a consciência que determina a vida, mas a vida determina a consciência;
Homens como sujeitos históricos e revolucionários;
Teoria da mais-valia (fonte dos lucros), concorrência inter-capitalista, crises cíclicas
do capitalismo;
As principais controvérsias acerca do pensamento de Marx sobre as crises do capital
estão reunidas em três núcleos de problematização: a) os limites à rentabilidade do
capital; b) as dimensões restritas do consumo; c) a superprodução de capital e de
mercadorias;
Compreensão da realidade na sua compreensão histórica (dinamicidade,
provisioridade e transformação);
A dialética exprime o movimento contraditório da realidade e sua tendência de
negatividade e transformação;
Realidade como uma totalidade de fenômenos econômicos, políticos e sociais inter-
relacionados (modo de produção);
Totalidade é uma unidade de contrários;
Homens enquanto classe podem promover mudanças nas condições de produção e
na superestrutura;
Triunfo final do proletariado/ revolução radical;
FACULDADE PROJEÇÃO
UNIDADE DO GUARÁ
Ditadura do proletariado/socialismo;
Fim das alienações e do Estado/comunismo;
Propriedade coletiva dos meios de produção;
A exploração se expressa tanto nas condições de saúde, de habitação, como na
degradação moral e intelectual do trabalhador; o tempo livre do trabalhador é cada
vez menor, sendo absorvido pelo capital nas horas extras de trabalho, no trabalho
noturno que desorganiza a vida familiar. O período da infância se reduz pelo ingresso
precoce de menores na atividade produtiva. As mulheres tornam-se trabalhadoras
produtivas. Crescem, junto com a expansão dos equipamentos e máquinas
modernas, os acidentes de trabalho, as vítimas da indústria. O processo de
industrialização, ao atingir todo o cotidiano do operário, transforma-o num cotidiano
de sofrimento, de luta pela sobrevivência. Esta luta pela sobrevivência se expressa
também em confrontos como capital, na busca de reduzir o processo de exploração,
com vitórias parciais mais significativas da classe trabalhadora, como a jornada de
oito horas de trabalho, a legislação trabalhista, o sindicalismo livre, etc.
Os indivíduos que constituem a classe dominante possuem, entre outras coisas,
também consciência e, por isto, pensam; na medida em que dominam como classe
e determinam todo o âmbito de um época histórica, é evidente que o façam em toda
a sua extensão e, consequentemente, entre outras coisas, dominem também como
pensadores, como produtores de ideias; que regulem a produção e distribuição de
ideias de seu tempo e que suas ideias seja, por mesmo, as ideias dominantes da
época;
Acentuamos a tensão entre a aparência de relações igualitárias, indispensável à
troca de mercadorias equivalentes, expressa na órbita da circulação, e a
desigualdade inerente a esse modo de produção e de vida, em que o caráter cada
vez mais social do trabalho contrapõe-se à apropriação privada das condições e
produtos dos mesmos;
c. Rebatimentos no Trabalho
Segundo Ricardo Antunes (2006, p.55) nos dias de hoje observa-se um retorno à
precariedade do trabalho somente vista anteriormente na época da 1ª Revolução
Industrial: “(...) cada vez menos homens e mulheres trabalham muito, em ritmo e
intensidade que se assemelham à fase pretérita do capitalismo, na gênese da
Revolução Industrial...”. Trata-se de uma regressão impetrada pelo sistema
capitalista do último quartel do século passado. Os trabalhadores são impelidos a
voltar às condições de superexploração de outrora e todas as conquistas das
FACULDADE PROJEÇÃO
UNIDADE DO GUARÁ
O PROLETARIADO
“Isso só foi possível porque, para o proletariado, conhecer com a máxima clareza sua situação de classe
é uma necessidade vital, uma questão de vida ou morte; porque sua situação de classe só é
compreensível quando toda a sociedade pode ser compreendida; porque seus atos têm essa
compreensão como condição prévia, inelutável”.
“Quando os escritores socialistas atribuem ao proletariado esse papel na história mundial, não é de modo
algum porque consideram os proletários como deuses. Pelo contrário. O proletariado pode e deve se
libertar porque, depois de formado, a abstração de toda a humanidade e até da aparência de humanidade
se realiza nele quase por completo; porque, nas condições de vida do proletariado, todas as condições
da vida da sociedade atual encontram-se resumidas em seu paroxismo mais inumano; porque nele o
homem perdeu-se a si mesmo, mas, ao mesmo tempo, adquiriu a consciência teórica dessa perda e foi
imediatamente obrigado pela miséria, que não pôde mais ser rejeitada e embelezada e que se tornou
absolutamente imperiosa – expressão prática da necessidade – à revolta contra essa inumanidade. No
entanto, ele não pode se libertar sem suprimir suas próprias condições de vida. Não pode, todavia,
suprimir suas condições de vida sem suprimir todas as condições da vida inumanas da sociedade atual,
que se resumem em sua situação”.
BUSCA DA CONSCIÊNCIA
“O caminho da consciência no processo histórico não se aplana, pelo contrário, torna-se sempre mais
árduo e apela a uma responsabilidade sempre maior. A função do marxismo ortodoxo – a superação do
revisionismo e do utopismo – não é, portanto, uma liquidação definitiva de falsas tendências, mas uma
luta incessantemente renovada contra a influência perversora das formas de pensamento burguês sobre
o pensamento do proletariado”.
A TOTALIDADE
“Quanto mais os fatos são escrupulosamente examinados em seu isolamento (isto é, em suas relações
diretas), menos podem indicar, sem ambiguidade, uma direção determinada”.
“A categoria da totalidade, o domínio universal e determinante do todo sobre as partes constituem a
essência do método que Marx recebeu de Hegel e transformou de maneira original no fundamento de
uma ciência inteiramente nova”.
“A ciência proletária é revolucionária não somente pelo fato de contrapor à sociedade burguesa conteúdos
revolucionários, mas, em primeiro lugar, devido à essência revolucionária de seu método. O domínio da
categoria da totalidade é o portador do princípio revolucionário na ciência”.
“Totalidade, a consideração de todos os fenômenos parciais como elementos do todo, do processo
dialético, que é apreendido como unidade do pensamento e da história, foi salvaguardado. O método
dialético em Marx visa ao reconhecimento da sociedade como totalidade. Enquanto a ciência burguesa
confere uma “realidade” com realismo ingênuo, ou certa autonomia com espírito crítico, àquelas
abstrações que, para uma ciência não pertence ao âmbito da filosofia, são necessárias e úteis do ponto
de vista metodológico e resultam, de um lado, da separação prática dos objetos da investigação e, de
FACULDADE PROJEÇÃO
UNIDADE DO GUARÁ
SOBRE A TEORIA
Quanto à teoria, também seria preciso fazer uma escolha: ou considerar toda a evolução da sociedade
de um ponto de vista marxista e então dominar o fenômeno do imperialismo de modo teórico e prático,
ou furtar-se a esse encontro, limitando-se ao estudo de aspectos isolados de alguma ciência específica;
TOTALIDADE E CLASSE
Somente a classe, por sua ação, pode penetrar a realidade social e transformá-la em sua totalidade;
O proletariado, como sujeito do pensamento da sociedade, rompe de um só golpe o dilema da impotência,
isto é, o dilema do fatalismo das leis puras e da ética das intenções puras;
O proletariado é, ao mesmo tempo, o produto da crise permanente do capitalismo e o executor das
tendências que impelem o capitalismo para a crise;
No entanto, a consciência de classe do proletariado, a verdade do processo como sujeito, está longe de
ser estável, ou de progredir segundo leis mecânicas. Ela é a consciência do próprio processo dialético;
ela é igualmente um conceito dialético. Pois o aspecto prático e ativo da consciência de classe, sua
essência verdadeira, só pode se tornar visível em sua forma autêntica quando o processo histórico exige
imperiosamente sua entrada em vigor, quando uma crise aguda da economia a leva à ação. Do contrário,
correspondendo à crise permanente e latente, ela permanece teórica e latente: confronta as questões e
os conflitos individuais da atualidade com suas exigências como mera consciência, como soma ideal,
segundo as palavras de Rosa Luxemburgo;
O nível do processo histórico que imprime à consciência de classe do proletariado um caráter de exigência,
um caráter latente e teórico, deve se transformar em realidade correspondente e, enquanto tal, intervir de
maneira ativa na totalidade do processo. Essa forma de consciência de classe operária é o partido.
Para os vulgarizadores mecanicistas, o partido era uma simples forma de organização, e o movimento de
massa, bem como a revolução, não passavam de um problema de organização. Rosa Luxemburgo
reconheceu cedo que a organização é, antes, uma consequência do que uma condição prévia do
processo revolucionário, do mesmo modo como o proletariado só pode se constituir em classe no
processo e por ele. Nesse processo, que o partido não pode nem provocar, nem evitar, cabe, portanto,
ao partido o papel elevado de ser o portador da consciência de classe do proletariado, a consciência de
sua missão histórica;
Se o partido tiver a preocupação de realizar em cada fase e em cada momento da luta, a soma total do
poder existente, já exercido e ativo, do proletariado, exprimindo-a na sua posição de combate; de nunca
deixar que a tática da social-democracia, em termos de decisão e rigor, fique abaixo do nível efetivo da
relação de forças, mas de fazer com que caminhe à frente dessa relação, no momento agudo da revolução,
o partido transformará seu caráter de exigência em realidade ativa, pois fará penetrar no movimento de
massa espontâneo a verdade que lhe é imanente, elevar-se-á da necessidade econômica de sua origem
à liberdade da ação consciente. E essa passagem da exigência à realidade acaba se tornando a alavanca
da organização verdadeiramente revolucionária e conforme à classe do proletariado. O conhecimento
torna-se ação, a teoria torna-se palavra de ordem, a massa ativa, seguindo as palavras de ordem,
incorpora-se de forma cada vez mais forte, consciente e estável no nível da vanguarda organizada. As
palavras de ordem corretas dão origem organicamente às condições e às possibilidades da organização
técnica do proletariado em luta;
Uma vez reconhecido o partido como forma histórica e portador ativo da consciência de classe, ele se
torna, ao mesmo tempo, o portador da ética do proletariado em luta;
Pois a força do partido é uma força moral: ela é alimentada pela confiança das massas espontaneamente
revolucionárias, coagidas pela evolução econômica a sublevar-se, pelo sentimento das massas de que o
partido é a objetivação de sua vontade mais íntima, ainda que não inteiramente clara, para si mesmas, a
FACULDADE PROJEÇÃO
UNIDADE DO GUARÁ
forma visível e organizada de sua consciência de classe. Somente depois que o partido lutar por esta
confiança e merecê-la poderá tornar-se um líder da revolução. Pois somente então o impulso espontâneo
das massas tenderá, com toda a sua energia e cada vez mais instintivamente, na direção do partido e de
sua própria tomada de consciência;
Livres-pensadores pequenos burgueses – também falam ironicamente da “crença religiosa” que estaria
na base do bolchevismo, do marxismo revolucionário. O que eles chamam de crença e procuram rebaixar,
qualificando de “religião” é somente a certeza do declínio do capitalismo, a certeza da vitória final da
revolução proletária;
CONSCIÊNCIA DE CLASSE
A ciência histórica burguesa também visa, é verdade, a estudos concretos. Censura o materialismo por
violar a unicidade concreta dos eventos históricos. Seu erro reside em acreditar que é possível encontrar
o concreto no indivíduo empírico e histórico (quer se trate de uma pessoa, de uma classe ou de um povo)
e em sua consciência dada empiricamente (isto é, psicológica ou psicológica de massas). Mas é
justamente quando acreditar ter encontrado o que há de mais concreto que ela está mais longe do
concreto: a sociedade como totalidade concreta, a organização da produção num determinado nível do
desenvolvimento social e a divisão de classes que opera na sociedade. Ao passar ao largo disso, ela
apreende como concreto algo de complemento abstrato. Essas relações, diz Marx, não são relações entre
indivíduos, mas entre o operário e o capitalista, entre o agricultor e o proprietário fundiário, etc. Apaguem
estas relações e terão aniquilado toda a sociedade; seu Prometeu será um fantasma sem braços nem
pernas;
Ao se relacionar a consciência com a totalidade da sociedade, torna-se possível reconhecer os
pensamentos e os sentimentos que os homens teriam tido numa determinada situação da sua vida, se
tivessem sido capazes de compreender perfeitamente essa situação e os interesses dela decorrentes,
tanto em relação à ação imediata, quanto em relação à estrutura de toda a sociedade conforme esses
interesses;
Ora, a reação racional adequada que deve ser adjucada a cada situação típica determinada no processo
de produção é a consciência de classe. Essa consciência não é, portanto, nem a soma, nem a média do
que cada um dos indivíduos que formam a classe pensam, sentem, etc. E, no entanto, a ação
historicamente decisiva da classe como totalidade é determinada, em última análise, por essa consciência
e não pelo pensamento do indivíduo; essa ação só pode ser conhecida da partir dessa consciência;
Pois é preciso perguntar-se, antes de tudo, em que medida a totalidade da economia de uma sociedade
pode, em quaisquer circunstâncias, ser percebida dentro de uma determinada posição no processo de
produção;
Ora, a tarefa de uma análise histórica muito meticulosa é mostrar claramente, mediante a categoria da
possibilidade objetiva, em que condições se torna possível desmascarar realmente a ilusão e estabelecer
uma conexão real com a totalidade. Pois, se a sociedade atual não pode ser percebida de modo algum
na sua totalidade a partir de uma situação de classe determinada, se a própria reflexão consciente, levada
até o extremo e incidindo sobre os interesses da classe, reflexão essa que se pode atribuir a uma classe,
não disser respeito à totalidade da sociedade, então essa classe só poderá desempenhar um papel
subordinado e nunca poderá intervir na marcha da história como fator de conservação ou de progresso.
Tais classes estão, em geral, predestinadas à passividade, a uma oscilação inconsequente entre as
classes dominantes e aquelas revolucionárias, e suas explosões eventuais revestem-se necessariamente
de um caráter elementar, vazio e sem finalidade e, mesmo em caso de vitória acidental, estão condenadas
a uma derrota final;