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FACULDADE PROJEÇÃO

UNIDADE DO GUARÁ

REVISÃO ACUMULAÇÃO CAPITALISTA E DESIGUALDADE SOCIAL

BORON, Atílio. A coruja de minerva: mercado contra democracia no capitalismo


Contemporâneo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

INTRODUÇÃO: PORQUE VOLTAR AO MANIFESTO


 O muro de Berlim já foi demolido; a União Soviética voou pelos ares como resultado de
uma gigantesca implosão e hoje é apenas uma confusa recordação; o capitalismo e a
democracia liberal parecem triunfar em todos os lugares, conforme garante Fukuyama;
 No entanto o socialismo continua vigente já que seus ideais e a utopia socialista se nutre
diariamente das promessas não cumpridas do capitalismo e de sua impossibilidade
estrutural para garantir o bem - estar das maiorias;
 Houveram progressos sociais e políticos muito significativos durante a luminosa
expansão keynesiana do pós guerra - em que o capitalismo ofereceu tudo o que pode
oferecer em termos de direitos de cidadania e de bem estar coletivo, devido ao
movimento operário, dos partidos de esquerda e do campo socialista depois da derrota
do fascismo. Uma vez que estes fatores se debilitaram ou desapareceram, o suposto
impulso progressista e democratizador do capitalismo se esfumaçou e no seu lugar
apareceram os partidos neoconservadores com sua obstinação por reverter, até onde
fosse possível, os avanços conseguidos nos anos do pós guerra;
 A consolidação dos monopólios, o aumento da polarização social (não apenas nos
capitalismos da periferia, mas também nos centros metropolitanos), a universalização do
fenômeno da pobreza, da degradação do trabalho humano e do meio ambiente, o
ressurgimento do racismo e a crescente desigualdade internacional são outras tantas
provas, inquestionáveis e contundentes, que atestam a vigência dos diagnósticos e
prognósticos fundamentais formulados por Marx e Engels nos longínquos dias de
fevereiro de 1848;
 O Manifesto, apresenta uma tese radicalmente avançada e que afinal resultou errada,
como Marx e Engels reconheceram anos depois: que a dominação da burguesia havia
chegado a seu limite histórico no Ocidente e que, por isso, a revolução proletária já estava
na ordem do dia;
 O Manifesto é assim, a certidão de nascimento do proletariado industrial moderno. Neles
se sintetizam pela primeira vez, uma linguagem simples e acessível aos trabalhadores,
as linhas gerais da concepção materialista da história;
 Proletários de todos os países uni-vos! O comunismo deixa de ser uma doutrina
abstrusamente filosófica e se converte em um programa teórico prático de governo; e a
luta do proletariado passa a se inscrever em um contexto ideológico que lhe permite
transcender os particularismos e as especificidades locais até adquirir uma projeção
universal;
 A expectativa que os fundadores do liberalismo clássico tinham era a divisão
internacional do trabalho e a mão invisível dos mercados iriam lenta mas firmemente
elevar o nível de bem - estar de toda a população. Mesmo que nem Smith nem Ricardo
jamais tenham pensado que as desigualdades sociais desapareceriam, acreditavam,
entretanto, que: a) as mesmas flutuariam dentro de limites razoáveis, impedindo a
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cristalização de extremos de riqueza e pobreza; b) que o movimento tendencial da vida


econômica iria atenuar tais desigualdades. Além disso, no esquema teórico de Smith
era inconcebível a presença de gigantescas empresas impessoais, capazes de
mobilizar vultuosos recursos financeiros, empregar dezenas de milhares de
trabalhadores e gozar de uma posição monopólica ou dominante no mercado. Sua visão
de firma era profundamente lockeana: uma empresa familiar, na qual o empresário
trabalhava com suas mãos quase como seus trabalhadores em um mundo de pequenos
proprietários independentes. Em sua teorização, Smith sustentava erroneamente que os
monopólios, aos quais combateu com todas as suas forças, eram produto dos
favoritismos e da corrupção da coroa e não da dinâmica interna dos mercados;

1. ABORDAGEM PEDAGÓGICA
a. Marxismo
 A origem da questão social, em uma análise marxista, concentra-se na lógica de
acumulação e reprodução capitalista, que produz esta população subsidiária.
Através da apropriação privada da atividade humana, que é o trabalho, e do
estabelecimento desigual de relação, entre este e o capital, temos um descompasso
que impede a inclusão de todos no sistema produtivo. Com a exclusão de maiorias,
identificamos um movimento violento, que reorganiza, à todo momento, privilégios
sociais (DEMO, 1998:23).
 Para Marx, a noção de bem-estar, deve estar calcada em valores como solidariedade
e cooperação, na direção das necessidades humanas identificadas, implicando a
distribuição do produto social. Neste sentido, o capitalismo representa, para o
mesmo, uma antítese do bem-estar, já que, move-se pela propriedade privada e
herança, produção para lucro e exploração servil, coerção e competição (MISHRA,
1975).
 Categorias principais: modo de produção, formação social, alienação, trabalho,
totalidade, dentre outros;
 Não é a consciência que determina a vida, mas a vida determina a consciência;
 Homens como sujeitos históricos e revolucionários;
 Teoria da mais-valia (fonte dos lucros), concorrência inter-capitalista, crises cíclicas
do capitalismo;
 As principais controvérsias acerca do pensamento de Marx sobre as crises do capital
estão reunidas em três núcleos de problematização: a) os limites à rentabilidade do
capital; b) as dimensões restritas do consumo; c) a superprodução de capital e de
mercadorias;
 Compreensão da realidade na sua compreensão histórica (dinamicidade,
provisioridade e transformação);
 A dialética exprime o movimento contraditório da realidade e sua tendência de
negatividade e transformação;
 Realidade como uma totalidade de fenômenos econômicos, políticos e sociais inter-
relacionados (modo de produção);
 Totalidade é uma unidade de contrários;
 Homens enquanto classe podem promover mudanças nas condições de produção e
na superestrutura;
 Triunfo final do proletariado/ revolução radical;
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 Ditadura do proletariado/socialismo;
 Fim das alienações e do Estado/comunismo;
 Propriedade coletiva dos meios de produção;
 A exploração se expressa tanto nas condições de saúde, de habitação, como na
degradação moral e intelectual do trabalhador; o tempo livre do trabalhador é cada
vez menor, sendo absorvido pelo capital nas horas extras de trabalho, no trabalho
noturno que desorganiza a vida familiar. O período da infância se reduz pelo ingresso
precoce de menores na atividade produtiva. As mulheres tornam-se trabalhadoras
produtivas. Crescem, junto com a expansão dos equipamentos e máquinas
modernas, os acidentes de trabalho, as vítimas da indústria. O processo de
industrialização, ao atingir todo o cotidiano do operário, transforma-o num cotidiano
de sofrimento, de luta pela sobrevivência. Esta luta pela sobrevivência se expressa
também em confrontos como capital, na busca de reduzir o processo de exploração,
com vitórias parciais mais significativas da classe trabalhadora, como a jornada de
oito horas de trabalho, a legislação trabalhista, o sindicalismo livre, etc.
 Os indivíduos que constituem a classe dominante possuem, entre outras coisas,
também consciência e, por isto, pensam; na medida em que dominam como classe
e determinam todo o âmbito de um época histórica, é evidente que o façam em toda
a sua extensão e, consequentemente, entre outras coisas, dominem também como
pensadores, como produtores de ideias; que regulem a produção e distribuição de
ideias de seu tempo e que suas ideias seja, por mesmo, as ideias dominantes da
época;
 Acentuamos a tensão entre a aparência de relações igualitárias, indispensável à
troca de mercadorias equivalentes, expressa na órbita da circulação, e a
desigualdade inerente a esse modo de produção e de vida, em que o caráter cada
vez mais social do trabalho contrapõe-se à apropriação privada das condições e
produtos dos mesmos;

b. Mundialização do Capital, Conservadorismo e Ofensiva Neoliberal


 Segue três aspectos fundamentais: a) as mudanças na ordem econômica mundial e
seus impactos nos países centrais e periféricos; b) as mudanças no mundo do
trabalho, como expressão das necessidades de reestruturação produtiva no leito de
uma nova conjuntura política crítica; c) as bases econômicas, políticas e culturais
que marcam a rearticulação das burguesia internacional, na reestruturação da sua
hegemonia;
 Os países periféricos não apenas ficaram com a montanha de dívidas, como também
perderam qualquer esperança de ultrapassar a fronteira da periferia;
 O processo de desterritorialização e flexibilização do capital industrial e financeiro
termina por determinar a perda de autonomia dos poderes locais, na medida em que
retira dos governos nacionais a possibilidade de administração autônoma das
tensões internas, fazendo surgir um terreno fértil para o crescimento de disputas
corporativas e conflitos regionais ou setoriais;
 A globalização é um processo que gera, contraditoriamente, a fragmentação interna
dos diversos países que procuram acatar as propostas do Consenso de Washington,
ao mesmo tempo em que evidencia a unidade contraditória entre globalização e
fragmentação;
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 O capitalismo avançou em sua vocação de internacionalizar a produção e os


mercados, aprofundando o desenvolvimento desigual e combinado entre as nações
e, no seu interior, entre classes e grupos sociais no âmago das relações dialéticas
entre imperialismo e dependência.
 Nesses tempos orquestrados pelo grande capital financeiro, a generalização de seus
fetichismos alastra-se em todos os poros da vida social: impregna a sociabilidade e
impulsiona um profundo desmonte das conquistas civilizatórias dos trabalhadores.
 Esse processo envolve a mercantilização universal e sua indissociável
descartabilidade, superficialidade e banalização da vida. Ela afeta a cultura, gera
tremores e cismas nas esferas dos valores e da ética orientada por valores
radicalmente humanos.
 Pensar a “questão social” nas particularidades brasileiras supõe reconhecer que a
transição do capitalismo competitivo ao monopolista no Brasil não foi presidida por
uma burguesia com forte orientação democrática e nacionalista voltada à construção
de um desenvolvimento capitalista interno autônomo. Ao contrário, essa transição foi
e é marcada por uma forma de dominação burguesa que Fernandes qualifica de
“democracia restrita” – da “democracia dos oligarcas” à “democracia do grande
capital”, com clara dissociação entre desenvolvimento capitalista e regime político
democrático (FERNANDES,1975). Foi decisivo o papel do Estado nos caminhos
trilhados pela modernização “pelo alto”, em que as classes dominantes se antecipam
às pressões populares, realizando mudanças para preservar a ordem. Evita-se
qualquer ruptura radical com o passado, conservando traços essenciais das relações
sociais e a dependência ampliada do capital internacional, que assume novas
características na América Latina. Os traços elitistas e antipopulares da
transformação política e da modernização econômica no país se expressam na
conciliação entre as frações das classes dominantes com a exclusão das forças
populares, no recurso frequente aos aparelhos repressivos e à intervenção
econômica do Estado a favor dos interesses dominantes (COUTINHO, 1989, p. 122).
Elas hoje se atualizam na criminalização da “questão social” e das lutas dos
trabalhadores (IANNI, 1992), na assistencialização das políticas sociais e o reforço
do Estado Penal (WACQUANT, 2001).
 A hipótese central é de que, no leito da crise brasileira dos anos 80, vem sendo
gestada uma cultura política da crise que recicla as bases da constituição da
hegemonia do grande capital: a) defesa do processo de privatização, como forma de
reduzir a intervenção estatal; b) constituição do cidadão-consumidor, que é o sujeito
político nuclear da sociedade regulada pelo mercado;

c. Rebatimentos no Trabalho
 Segundo Ricardo Antunes (2006, p.55) nos dias de hoje observa-se um retorno à
precariedade do trabalho somente vista anteriormente na época da 1ª Revolução
Industrial: “(...) cada vez menos homens e mulheres trabalham muito, em ritmo e
intensidade que se assemelham à fase pretérita do capitalismo, na gênese da
Revolução Industrial...”. Trata-se de uma regressão impetrada pelo sistema
capitalista do último quartel do século passado. Os trabalhadores são impelidos a
voltar às condições de superexploração de outrora e todas as conquistas das
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políticas trabalhistas e do Welfare State dissolvem-se sob a espada dos ditames


neoliberais e do Consenso de Washington. Essa precarização intensiva do trabalho
humano foi uma resposta do sistema produtor de mercadorias tanto ao aumento do
poder do proletariado quanto aos anseios de manutenção das taxas de rentabilidade
das empresas nos níveis mais elevados possíveis. Externamente, forçou a
desregulamentação da legislação de proteção social dos trabalhadores e passou a
contar com cada vez mais funcionários terceirizados.
 O trabalho que cada vez mais as empresas buscam não é mais aquele
fundamentado na especialização taylorista e fordista, mas o que se gestou na fase
de ‘desespecialização multifuncional’, do ‘trabalho multifuncional’, que em verdade
expressa a enorme intensificação dos ritmos, tempos e processos de trabalho. E isso
ocorre tanto no mundo industrial quanto no de serviços, para não falar dos
agronegócios. (ANTUNES, 2006, p.59)
 “O mal é que milhões apenas através de trabalho fatigante, corporalmente ruinoso,
atrofiante moral e espiritualmente, podem ganhar escassos meios de subsistência;
que até esta infelicidade de ter encontrado um tal trabalho eles tenham de considerar
como uma felicidade.” Wilhem Schulz

d. Rebatimentos na Política Social


 O Estado retorna à suas funções mínimas, entre elas a administração da justiça,
segurança externa e manutenção da ordem interna, e as demais funções públicas
seriam deslocadas para a área privada, incluindo as políticas de proteção social,
devido à severa crítica de desenvolvimento de ações paternalistas e o desestímulo
ao trabalho. As ações do Estado foram intensamente desqualificadas e
desmanteladas, com pressupostos ideológicos de crise, ineficácia.
 A família, também é atingida, já que, espera-se que a mesma dê conta de gerir e
manter questões sociais. E dentro desta ótica, não há dúvidas, que a provisão social
cairá, exaustivamente, sobre as mulheres, que, tradicionalmente, arcam com
situações desfavoráveis de seus membros familiares. Segundo JOHNSON
(1990:122) “os filhos seguem sendo, todavia, uma responsabilidade basicamente
feminina. A provisão dos cuidados diurnos aos filhos é, portanto, um elemento crucial,
em qualquer política de igualdade de oportunidades”.
 As conquistas sociais acumuladas têm sido transformadas em causa de “gastos
sociais excedentes” que se encontrariam na raiz da crise fiscal dos Estados. A
contrapartida tem sido a difusão da idéia liberal de que o “bem-estar social” pertence
ao foro privado dos indivíduos, famílias e comunidades. A intervenção do Estado no
atendimento às necessidades sociais é pouco recomendada, transferida ao mercado
e à filantropia, como alternativas aos direitos sociais que só existem na comunidade
política. Como lembra Yazbek (2001), o pensamento neoliberal estimula um vasto
empreendimento de “refilantropização do social” com seus chamamentos à
“sociedade civil” e opera uma profunda despolitização da “questão social”, ao
desqualificá-la em suas dimensões de questão pública, questão política e questão
nacional.
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LUKACS, Georg. História e consciência de classe: estudos sobre a dialética marxista.


São Paulo: Martins Fontes, 2009. (Pág. 93-108).

 COMO CONHECER A SOCIEDADE E TRANSFORMAR


 “retomemos a premissa do materialismo: “não é a consciência dos homens que determina seu ser, mas,
ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência”... “pois é somente depois que o núcleo do
ser se revela como devir social que o ser pode aparecer como um produto até então inconsciente da
atividade humana, e essa atividade, por sua vez, como elemento decisivo da transformação do ser”.
 “A exigência de Marx, segundo a qual se deve captar a sensibilidade, o objeto, a realidade como atividade
humana sensível, implica que o homem toma consciência de si mesmo como ser social, como
simultaneamente sujeito e objeto do devir histórico e social. O homem da sociedade feudal não podia
tomar consciência de si mesmo como ser social, porque suas relações sociais ainda tinham, sob muitos
aspectos, um caráter natural, porque a sociedade em seu conjunto ainda estava desorganizada e tinha
pouquíssimo controle sobre a totalidade das relações entre os homens, para aparecer à consciência como
a realidade do homem”.

O PROLETARIADO
 “Isso só foi possível porque, para o proletariado, conhecer com a máxima clareza sua situação de classe
é uma necessidade vital, uma questão de vida ou morte; porque sua situação de classe só é
compreensível quando toda a sociedade pode ser compreendida; porque seus atos têm essa
compreensão como condição prévia, inelutável”.
 “Quando os escritores socialistas atribuem ao proletariado esse papel na história mundial, não é de modo
algum porque consideram os proletários como deuses. Pelo contrário. O proletariado pode e deve se
libertar porque, depois de formado, a abstração de toda a humanidade e até da aparência de humanidade
se realiza nele quase por completo; porque, nas condições de vida do proletariado, todas as condições
da vida da sociedade atual encontram-se resumidas em seu paroxismo mais inumano; porque nele o
homem perdeu-se a si mesmo, mas, ao mesmo tempo, adquiriu a consciência teórica dessa perda e foi
imediatamente obrigado pela miséria, que não pôde mais ser rejeitada e embelezada e que se tornou
absolutamente imperiosa – expressão prática da necessidade – à revolta contra essa inumanidade. No
entanto, ele não pode se libertar sem suprimir suas próprias condições de vida. Não pode, todavia,
suprimir suas condições de vida sem suprimir todas as condições da vida inumanas da sociedade atual,
que se resumem em sua situação”.

BUSCA DA CONSCIÊNCIA
 “O caminho da consciência no processo histórico não se aplana, pelo contrário, torna-se sempre mais
árduo e apela a uma responsabilidade sempre maior. A função do marxismo ortodoxo – a superação do
revisionismo e do utopismo – não é, portanto, uma liquidação definitiva de falsas tendências, mas uma
luta incessantemente renovada contra a influência perversora das formas de pensamento burguês sobre
o pensamento do proletariado”.
 A TOTALIDADE
 “Quanto mais os fatos são escrupulosamente examinados em seu isolamento (isto é, em suas relações
diretas), menos podem indicar, sem ambiguidade, uma direção determinada”.
 “A categoria da totalidade, o domínio universal e determinante do todo sobre as partes constituem a
essência do método que Marx recebeu de Hegel e transformou de maneira original no fundamento de
uma ciência inteiramente nova”.
 “A ciência proletária é revolucionária não somente pelo fato de contrapor à sociedade burguesa conteúdos
revolucionários, mas, em primeiro lugar, devido à essência revolucionária de seu método. O domínio da
categoria da totalidade é o portador do princípio revolucionário na ciência”.
 “Totalidade, a consideração de todos os fenômenos parciais como elementos do todo, do processo
dialético, que é apreendido como unidade do pensamento e da história, foi salvaguardado. O método
dialético em Marx visa ao reconhecimento da sociedade como totalidade. Enquanto a ciência burguesa
confere uma “realidade” com realismo ingênuo, ou certa autonomia com espírito crítico, àquelas
abstrações que, para uma ciência não pertence ao âmbito da filosofia, são necessárias e úteis do ponto
de vista metodológico e resultam, de um lado, da separação prática dos objetos da investigação e, de
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outro, da divisão do trabalho e da especialização científicas, o marxismo supera essas separações


elevando-as e rebaixando-as à categoria de aspectos dialéticos”.
 “O ponto de vista da totalidade não determina, todavia, somente o objeto, determina também o sujeito do
conhecimento. A ciência burguesa – de maneira consciente e inconsciente, ingênua ou sublimada –
considera os fenômenos sociais sempre do ponto de vista do indivíduo. E o ponto de vista do indivíduo
não pode levar a nenhuma totalidade, quando muito pode levar a aspectos de um domínio parcial, mas
na maioria das vezes somente a algo fragmentário: a fatos desconexos ou a leis parciais abstratas. A
totalidade só pode ser determinada se o sujeito que a determina é ele mesmo uma totalidade; e se o
sujeito deseja compreender a si mesmo, ele tem de pensar o objeto como totalidade. Somente as classes
representam esse ponto de vista da totalidade como sujeito na sociedade moderna”.

 SOBRE A TEORIA
 Quanto à teoria, também seria preciso fazer uma escolha: ou considerar toda a evolução da sociedade
de um ponto de vista marxista e então dominar o fenômeno do imperialismo de modo teórico e prático,
ou furtar-se a esse encontro, limitando-se ao estudo de aspectos isolados de alguma ciência específica;
 TOTALIDADE E CLASSE
 Somente a classe, por sua ação, pode penetrar a realidade social e transformá-la em sua totalidade;
 O proletariado, como sujeito do pensamento da sociedade, rompe de um só golpe o dilema da impotência,
isto é, o dilema do fatalismo das leis puras e da ética das intenções puras;
 O proletariado é, ao mesmo tempo, o produto da crise permanente do capitalismo e o executor das
tendências que impelem o capitalismo para a crise;
 No entanto, a consciência de classe do proletariado, a verdade do processo como sujeito, está longe de
ser estável, ou de progredir segundo leis mecânicas. Ela é a consciência do próprio processo dialético;
ela é igualmente um conceito dialético. Pois o aspecto prático e ativo da consciência de classe, sua
essência verdadeira, só pode se tornar visível em sua forma autêntica quando o processo histórico exige
imperiosamente sua entrada em vigor, quando uma crise aguda da economia a leva à ação. Do contrário,
correspondendo à crise permanente e latente, ela permanece teórica e latente: confronta as questões e
os conflitos individuais da atualidade com suas exigências como mera consciência, como soma ideal,
segundo as palavras de Rosa Luxemburgo;
 O nível do processo histórico que imprime à consciência de classe do proletariado um caráter de exigência,
um caráter latente e teórico, deve se transformar em realidade correspondente e, enquanto tal, intervir de
maneira ativa na totalidade do processo. Essa forma de consciência de classe operária é o partido.
 Para os vulgarizadores mecanicistas, o partido era uma simples forma de organização, e o movimento de
massa, bem como a revolução, não passavam de um problema de organização. Rosa Luxemburgo
reconheceu cedo que a organização é, antes, uma consequência do que uma condição prévia do
processo revolucionário, do mesmo modo como o proletariado só pode se constituir em classe no
processo e por ele. Nesse processo, que o partido não pode nem provocar, nem evitar, cabe, portanto,
ao partido o papel elevado de ser o portador da consciência de classe do proletariado, a consciência de
sua missão histórica;
 Se o partido tiver a preocupação de realizar em cada fase e em cada momento da luta, a soma total do
poder existente, já exercido e ativo, do proletariado, exprimindo-a na sua posição de combate; de nunca
deixar que a tática da social-democracia, em termos de decisão e rigor, fique abaixo do nível efetivo da
relação de forças, mas de fazer com que caminhe à frente dessa relação, no momento agudo da revolução,
o partido transformará seu caráter de exigência em realidade ativa, pois fará penetrar no movimento de
massa espontâneo a verdade que lhe é imanente, elevar-se-á da necessidade econômica de sua origem
à liberdade da ação consciente. E essa passagem da exigência à realidade acaba se tornando a alavanca
da organização verdadeiramente revolucionária e conforme à classe do proletariado. O conhecimento
torna-se ação, a teoria torna-se palavra de ordem, a massa ativa, seguindo as palavras de ordem,
incorpora-se de forma cada vez mais forte, consciente e estável no nível da vanguarda organizada. As
palavras de ordem corretas dão origem organicamente às condições e às possibilidades da organização
técnica do proletariado em luta;
 Uma vez reconhecido o partido como forma histórica e portador ativo da consciência de classe, ele se
torna, ao mesmo tempo, o portador da ética do proletariado em luta;
 Pois a força do partido é uma força moral: ela é alimentada pela confiança das massas espontaneamente
revolucionárias, coagidas pela evolução econômica a sublevar-se, pelo sentimento das massas de que o
partido é a objetivação de sua vontade mais íntima, ainda que não inteiramente clara, para si mesmas, a
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forma visível e organizada de sua consciência de classe. Somente depois que o partido lutar por esta
confiança e merecê-la poderá tornar-se um líder da revolução. Pois somente então o impulso espontâneo
das massas tenderá, com toda a sua energia e cada vez mais instintivamente, na direção do partido e de
sua própria tomada de consciência;
 Livres-pensadores pequenos burgueses – também falam ironicamente da “crença religiosa” que estaria
na base do bolchevismo, do marxismo revolucionário. O que eles chamam de crença e procuram rebaixar,
qualificando de “religião” é somente a certeza do declínio do capitalismo, a certeza da vitória final da
revolução proletária;
 CONSCIÊNCIA DE CLASSE
 A ciência histórica burguesa também visa, é verdade, a estudos concretos. Censura o materialismo por
violar a unicidade concreta dos eventos históricos. Seu erro reside em acreditar que é possível encontrar
o concreto no indivíduo empírico e histórico (quer se trate de uma pessoa, de uma classe ou de um povo)
e em sua consciência dada empiricamente (isto é, psicológica ou psicológica de massas). Mas é
justamente quando acreditar ter encontrado o que há de mais concreto que ela está mais longe do
concreto: a sociedade como totalidade concreta, a organização da produção num determinado nível do
desenvolvimento social e a divisão de classes que opera na sociedade. Ao passar ao largo disso, ela
apreende como concreto algo de complemento abstrato. Essas relações, diz Marx, não são relações entre
indivíduos, mas entre o operário e o capitalista, entre o agricultor e o proprietário fundiário, etc. Apaguem
estas relações e terão aniquilado toda a sociedade; seu Prometeu será um fantasma sem braços nem
pernas;
 Ao se relacionar a consciência com a totalidade da sociedade, torna-se possível reconhecer os
pensamentos e os sentimentos que os homens teriam tido numa determinada situação da sua vida, se
tivessem sido capazes de compreender perfeitamente essa situação e os interesses dela decorrentes,
tanto em relação à ação imediata, quanto em relação à estrutura de toda a sociedade conforme esses
interesses;
 Ora, a reação racional adequada que deve ser adjucada a cada situação típica determinada no processo
de produção é a consciência de classe. Essa consciência não é, portanto, nem a soma, nem a média do
que cada um dos indivíduos que formam a classe pensam, sentem, etc. E, no entanto, a ação
historicamente decisiva da classe como totalidade é determinada, em última análise, por essa consciência
e não pelo pensamento do indivíduo; essa ação só pode ser conhecida da partir dessa consciência;
 Pois é preciso perguntar-se, antes de tudo, em que medida a totalidade da economia de uma sociedade
pode, em quaisquer circunstâncias, ser percebida dentro de uma determinada posição no processo de
produção;
 Ora, a tarefa de uma análise histórica muito meticulosa é mostrar claramente, mediante a categoria da
possibilidade objetiva, em que condições se torna possível desmascarar realmente a ilusão e estabelecer
uma conexão real com a totalidade. Pois, se a sociedade atual não pode ser percebida de modo algum
na sua totalidade a partir de uma situação de classe determinada, se a própria reflexão consciente, levada
até o extremo e incidindo sobre os interesses da classe, reflexão essa que se pode atribuir a uma classe,
não disser respeito à totalidade da sociedade, então essa classe só poderá desempenhar um papel
subordinado e nunca poderá intervir na marcha da história como fator de conservação ou de progresso.
Tais classes estão, em geral, predestinadas à passividade, a uma oscilação inconsequente entre as
classes dominantes e aquelas revolucionárias, e suas explosões eventuais revestem-se necessariamente
de um caráter elementar, vazio e sem finalidade e, mesmo em caso de vitória acidental, estão condenadas
a uma derrota final;

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