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SÉRIE MONOGRAFIAS, 5
ISBN: 85-89128-05-9
Cinco mil anos nos separam dos primeiros faraós, mas o Egito ainda
nos fascina. Esse nome, mais que um país, é uma evocação ao sonho: as
grandes pirâmides, a esfinge de Giza, a máscara de ouro de Tutankhamon e
o busto da rainha Nefertiti são, hoje, ícones da arte.
No passado a arte egípcia era considerada de menor qualidade,
inferior à arte clássica grega e romana, taxada como monótona e sem
criatividade. Contudo, atualmente o seu valor vem sendo reconhecido como
uma das mais ricas e complexas manifestações da arte universal, embora os
egípcios antigos não tivessem uma concepção de arte como a entendemos
hoje e nem tampouco as necessidades estéticas de hoje. Para eles as formas
plásticas estavam ligadas, antes de tudo, à conceitos religiosos.
Arte e fé estão unidas para garantir uma vida eterna e uma
manutenção da Ordem Divina deixando a beleza estética e o prazer visual
como uma conseqüência secundária. Para tanto desenvolveram princípios
imutáveis como forma de expor o mundo de uma maneira ordenada, criando
uma arte intelectual que exige um olhar racional e reflexivo das formas para
compreender os seus significados.
A proposta deste manual é fornecer os subsídios necessários para a
compreensão da função, dos objetivos e dos princípios que regeram a arte
figurativa egípcia (desenho, pintura e escultura), desde as suas origens Pré-
históricas e por todo o Período Faraônico, apresentando a arte de cada
período com seus estilos particulares, reflexo das mudanças políticas e
sociais de cada época, além do papel do faraó como promotor das artes e a
importância dos artistas na sociedade egípcia. Devido à especificidade da
arquitetura egípcia ela será tema de um próximo manual consagrado à
arquitetura sagrada e funerária e à religião egípcia.
Os temas aqui tratados foram elaborados a partir das questões e
dúvidas mais recorrentes a respeito da arte e da cultura dos egípcios antigos
ao longo dos cinco anos lecionando História da Arte Egípcia na Escola do
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand/MASP, bem como os
meus trabalhos na preparação das exposições do Depto. Egípcio do Louvre
no Brasil: "Arte Egípcia nos Tempos dos Faraós", na Fundação Armando
Álvares Penteado/FAAP como Consultor Científico e "Egito Faraônico Terra
dos Deuses", no MASP e Fundação Casa França Brasil como Curador
Associado.
1 INTRODUÇÃO 1
2 A ARTE EGÍPCIA 2
3 ASPECTOS GERAIS 3
4 UMA ARTE INTELECTUAL 4
5 A FUNÇÃO MÁGICA DA ARTE 5
6 A ARTE EGÍPCIA ENTRE O ACADEMISMO E A INVENTIVIDADE 8
7 O ESTILO EGÍPCIO 10
8 A ESCULTURA EGÍPCIA 18
8.1 Poses e formas 25
8.2 Contexto e Função 33
8.3 Inscrições e Decorações 40
9 O DESENHO EGÍPCIO 43
9.1 Princípios de Associação de Pontos de Vista 45
9.2 Princípio da Supressão das Máscaras 47
9.3 Princípio da Variação de Tamanho 51
9.4 Os Registros 52
9.5 A Proporção do Desenho Egípcio 53
10 O RELEVO 55
10.1 Relevo escultórico ou destacado 55
10.2 Baixo relevo ou relevo escavado 56
10.3 Alto relevo ou relevo entalhado ou relevo ressaltado 56
11 AS CORES E O SEU SIGNIFICADO 57
12 OS MATERIAIS 61
13 O FARAÓ E A NATUREZA DO PODER 64
13.1 Os Títulos e os Nomes do Rei 65
13.2 Cartucho 67
13.3 Post-Nomen 68
13.4 Outros Títulos 69
13.5 Outras Inscrições Ligadas aos Nomes Reais 71
13.6 A Imagem do Rei 72
14 OS ARTISTAS E OS ARTESÃOS 75
15 A ARTE E A ESCRITA HIEROGLÍFICA 78
16 PROBLEMAS NA HISTÓRIA DA ARTE EGÍPCIA 79
17 A VISÃO ESTÉTICA 80
18 O EGITO FARAÔNICO: TRÊS MIL ANOS DE ARTE 81
18.1 As Origens: A Civilização de Naqada 83
18.2 Os Primeiros Faraós: O Período Arcaico ou Thinita 85
18.3 A Era das Primeiras Pirâmides: O Antigo Império 86
18.4 O Retorno ao Classicismo: O Médio Império 91
18.5 O Apogeu dos Faraós: O Novo Império 94
18.6 O Crepúsculo do Egito: A Baixa Época 100
18.7 O Egito depois dos Faraós: O Período Ptolomaico 103
19 GLOSSÁRIO GERAL 106
20 GLOSSÁRIO TOPOGRÁFICO 126
21 CRONOLOGIA COMENTADA 132
22 CRONOLOGIA 145
23 SUGESTÕES: Livros, Vídeos, Internet 148
24 BIBLIOGRAFIA 156
25 MAPA 157
ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
1. INTRODUÇÃO
O Egito pode ser definido como um grande oásis, onde a parte
setentrional do deserto do Saara é cortado pelo Nilo. Essas duas forças
naturais influenciaram profundamente a vida dos egípcios antigos.
Com 6671Km, o Nilo, um dos maiores rios do mundo, é o responsável
pela existência do Egito. Antes de ser regulado pelas barragens do Século
XIX e depois pela grande barragem de Assuã, a inundação, provocada pelas
chuvas de primavera e verão nas terras altas do leste africano e da Etiópia,
iniciava-se no começo de junho atingindo o ponto máximo na metade de
setembro.
A inundação trazia sedimentos ricos em substâncias minerais que se
depositavam nas margens fertilizando a terra e permitindo a agricultura,
que ocupava aproximadamente 3% do espaço disponível o restante ocupado
pelos desertos. A economia faraônica era basicamente agrícola e o atraso e
as cheias insuficientes traziam a fome a uma população dependente
diretamente do Nilo e que chegou a ter 5 milhões de indivíduos durante o
Novo Império, o Nilo era ainda a via natural de circulação e transporte desde
os tempos Pré-históricos.
O fenômeno das cheias anuais do Nilo promoveu não só a riqueza do
Egito mas o desenvolvimento de um calendário baseado na sua
periodicidade e o controle da irrigação das terras contribuiu para a
elaboração do poder político. Este ritmo natural teve conseqüências
decisivas sobre o pensamento religioso, cuja arte era uma de suas
manifestações onde os ciclos e a renovação da vida natural e o contraste
entre a vida do vale fértil e o deserto árido, que além de ser uma barreira
natural foi o local escolhido pelos egípcios antigos para erigir os seus
monumentos funerários e para o descanso de seus mortos preservando
assim a sua cultura material, combinaram-se na crença egípcia formando
uma das mais duradouras civilizações do mundo.
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2. A ARTE EGÍPCIA
Para o observador contemporâneo, numa primeira abordagem, a arte
egípcia se apresenta como um pequeno catálogo bastante limitado de formas
ao mesmo tempo exóticas e familiares que se repetem desde os manuais
escolares até o mundo dos prospectos turísticos. Certos “clichês” são
exaustivamente utilizados na publicidade e no cinema: a pirâmide, a
múmia, os deuses com cabeça de animal, os corpos torcidos com os ombros
vistos de frente.
A pessoa dotada de espírito curioso que decide ir além e abre alguns
livros de arte, ou então cujos passos a levam às salas de um museu sente,
com freqüência, para além desses elementos facilmente reconhecíveis uma
impressão de profusão e de estranheza capaz de seduzir num primeiro
momento, mas que em longo prazo pode cansar. Mal conduzida e não bem
informada a pessoa corre o risco de se sentir confusa, sem estímulo para
superar um desagradável sentimento de impotência que surge da sensação
de se encontrar no meio de um universo incompreensível onde ela não seria
bem vinda.
É difícil, na verdade, apreciar aquilo que é completamente
desconhecido, a menos que alguma mão amiga nos guie nesse novo
universo. Um enorme obstáculo se ergue entre essa pessoa e as obras que
ela tenta “ver”: o desconhecimento da civilização que está por trás das obras
e que ditou os gestos dos artistas.
Falar de arte implica tomar tempo e concentrar a própria visão.
Implica em abandonar todo preconceito e abrir os olhos e a sensibilidade
para um mundo de formas diferentes daquelas às quais estamos
acostumados. Isso exige não permanecer enclausurado em clichês
grandiosos e brilhantes, mas ao contrário, deixar-se impressionar por
experiências não habituais, interrogar-se sobre a visão dos egípcios -
cultural, coletiva e até mesmo individual. É descobrir as tendências
contraditórias da sua arte: o seu gosto alternadamente pela policromia
matizada ou pela monocromia, pela elegância, mas também pela rudeza
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
poderosa, pelo sentido hierático, mas às vezes pelo realismo mais vivo. É
reconhecer que o seu amor pela convenção pode ser sacudido, que a emoção
pode transgredir a serenidade, que obras feitas às pressas ladeiam
realizações admiráveis, que no meio de mil vultos idealizados um retrato
pode surgir. É descobrir uma inventividade que não nos aparece num
primeiro momento por que ela se exprime por aspectos aos quais não
estamos acostumados.
Assim, se alguns se sentirão satisfeitos na contemplação do mistério,
outros extrairão impressões ainda mais saborosas ao verem se alçar os véus
do desconhecido. Nosso voto mais fervoroso é que uns e outros se tornem
admiradores sinceros da arte dos antigos egípcios e que, para além dos
milênios, possam se aproximar deles pelo coração e pelo espírito.
3. ASPECTOS GERAIS
O papel mágico substitutivo da arte
egípcia, que serve para representar os deuses
e os homens, fez dela uma arte obcecada pela
figura humana. Os próprios símbolos podem
ser animados pelo acréscimo de membros
humanos.
A figura humana é o tema primordial Os hieróglifos ankh, was e djed
tanto em duas quanto em três dimensões, no com membros humanos, XIX
dinastia, Ábidos
desenho, no relevo e na escultura
tridimensional.
O ambiente natural - a “paisagem” da arte ocidental - é pouco tratado;
ele serve às vezes de pano de fundo para a ação dos personagens, nas cenas
de caça ou no recinto de uma residência. Nesse contexto os egípcios
manifestam um real amor pela natureza, na figuração de plantas e,
sobretudo, de animais. As coisas são figuradas na medida em que elas
contribuem para o equipamento do deus ou do morto, tais como fileiras de
objetos e oferendas, bem arrumadas ou não; elas se aproximam então de
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feita para agradar a nós, pessoas de hoje em dia. Compete aos arqueólogos
tentar reconstituir a perspectiva cultural na qual viviam os mais cultivados
contemporâneos daquela obra.
Temos, no entanto, de buscar constantemente as chaves de sua
restituição ao contexto de origem, sem o qual o sentido atribuído pelos
criadores nos escapará totalmente. A isso é preciso acrescentar um esforço
intelectual a fim de compreender as razões de ser do estado atual do objeto,
de modo a reconstituir os acidentes de sua existência e lhe restituir
mentalmente o seu brilho original. O simples prazer sentimental da visão de
uma ruína não basta a quem hoje se sente realmente interessado pelas
civilizações desaparecidas.
estátuas foram muradas para sempre nas capelas das tumbas, alguns
relevos foram selados no interior das paredes; portanto, a recriação é a
função primeira, e não a contemplação pelos vivos. Um grande número de
estelas aos mortos, no entanto, contem um “apelo aos vivos”. Trata-se de
uma prece na qual o morto representado na estela se dirige aos passantes
presentes e àqueles que virão no futuro para lhes suplicar que recitem uma
oração a seu favor, a qual fará surgir magicamente o alimento, bem como
pronunciar o nome do morto a fim de fazê-lo reviver. A arte não apenas
completa a realidade, ela é igualmente um meio de fazê-la perdurar e de
comunicar uma mensagem ao presente e para as gerações que virão. Trata-
se de uma arte que com certeza se dirige a um visitante, mas feita para
desempenhar uma função que é certamente bem diversa daquela de nossas
modernas exposições.
Embora ligada à religião, a arte egípcia não se baseia num único
dogma escrito num livro sagrado fundamental. Diferente da arte cristã, que
se refere exclusivamente aos textos da Bíblia, a arte egípcia goza de uma
certa autonomia artística; a expressão formal é um modo de expressão do
divino que basta a si mesmo. Nos templos, a função substitutiva da
figuração parece primar sobre todas as demais preocupações, sejam elas
comemorativas ou pedagógicas. Por exemplo, seria inútil buscar entre as
milhares de representações de Osíris e de Ísis, um quadro do drama desse
casal divino, do mesmo modo que não houve versão escrita desse mito tão
fundamental para as crenças escatológicas desse povo.
Se a arte egípcia parece mais autônoma que a arte cristã no que
concerne o verbo, é verdade que ela é quase sempre completada com o
acréscimo de inscrições, às vezes longas, cobrindo boa parte da superfície da
obra, participando da sua decoração e, ao mesmo tempo, reforçando e
completando o seu sentido. Os egípcios não eram comedidos em matéria de
escrita executadas sobre suas produções artísticas. Pelo fato de que sua
escrita é composta de pequenas representações – mesmo se elas devem ser
lidas de modo fonético como a maior parte de nossas letras - em geral não é
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7. O ESTILO EGÍPCIO
O que nos faz identificar imediatamente um desenho egípcio?
Qualquer um pode responder sem hesitar: a silhueta dos personagens, a
sua gesticulação, a composição em registros (ou faixas horizontais), a
presença de textos hieroglíficos. Vamos superar essa primeira abordagem
intuitiva fazendo um balanço dos componentes desse “estilo egípcio”.
Nunca se deve analisar um desenho egípcio em nossos termos de
realismo visual. Os egípcios certamente não teriam apreciado e talvez sequer
compreendido as nossas figuras em três quartos. Elas são imagens
elaboradas por nossa cultura, das quais deciframos sem grandes esforços
todas as regras. Estamos habituados a essas imagens, tão habituados a
ponto de considerá-las como as melhores representações possíveis no plano
visual. Os egípcios antigos sem dúvida teriam considerado esses aspectos
como figuras bizarras. No desenho egípcio nada deve ser fugaz, tudo deve
ser “decomposto” sobre um espaço estritamente organizado a partir de duas
dimensões; convém, portanto, escolher para cada elemento o ponto de vista
mais interessante. Apoiados sobre uma linha horizontal, os personagens
apenas podem se mover segundo um eixo, nas duas direções: da direita
para a esquerda ou inversamente. A escolha dessa direção não é deixada ao
acaso, ela é ligada à arquitetura. Ela é retomada pela direção da legenda das
figuras: nome, título, parentesco e discurso ou comentário da sua ação.
Rupturas de escalas entre os personagens no interior de uma mesma cena
são comumente empregadas para traduzir a importância relativa desse ou
daquele indivíduo ou para proporcionar um distanciamento de perspectiva.
O relevo utiliza as mesmas escolhas do desenho. O volume serve
apenas para sugerir, de um modo ilusionista, a espessura dos corpos, mas
jamais a profundidade de campo de uma cena complexa. A acumulação de
personagens agrupados é restituída pela superposição deslocada: um corpo
passando à frente do outro (tropa de animais, personagens sentados lado a
lado). Para compensar, os outros elementos da composição são quase
sempre separados dos personagens: uma árvore ou móveis serão figurados
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
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série de escolhas que limita o seu campo de expressão e que cria o seu
estilo, o estilo egípcio, fundamentado sobre uma certa idéia de ordem e de
harmonia. É notável constatar como a dinâmica e o movimento são
refreados, contidos dentro dos limites julgados convenientes, salvo em
algumas grandes cenas de atos reais.
Na tridimensionalidade dois eixos são privilegiados. Eles
correspondem a dois pontos de vista maiores: de frente e de perfil. Nós
sabemos que o escultor diante do seu bloco de pedra procedia abaixando os
níveis e seguindo um desenho.
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
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8. A ESCULTURA EGÍPCIA
As estátuas não eram feitas buscando a beleza e o prazer visual ou
como objetos isolados, como hoje são admiradas em museus e livros, eram
destinadas a um local específico, um templo ou uma tumba, onde eram
vitais para os cultos, constituindo o ponto focal nas cerimônias dos templos
e nos rituais funerários nas tumbas.
Para os egípcios antigos as estátuas possuíam três funções: tornava
visível o invisível, fazendo com que as forças divinas se incorporassem nas
imagens dos deuses. Tornava os ausentes presente, possibilitando ao faraó
estar em todo o Egito ao mesmo tempo por meio de suas estátuas. Dava vida
aos mortos, incorporando o espírito do morto (ká) à sua imagem
possibilitando-lhe receber as oferendas e os rituais.
Desta forma possibilitando que entidades não físicas se
materializassem nesse mundo e como estas, não estavam limitadas pelo
tempo ou espaço, poderiam habitar simultaneamente em todas as suas
imagens onde quer que se localizassem.
Sendo representações atemporais, diferentemente dos corpos vivos
que são todos transitórios, as estátuas não apresentam os sinais do tempo e
nem os estigmas da idade.
Esculpir uma imagem era dar àquele que era representado um corpo
substituto e tal ato era considerado de tamanha importância que fazia com
que os escultores fossem chamados como “aqueles que davam a vida”
t
(sanx) ej B ! Essa mesma denominação era dada ao deus criador “o
escultor que esculpiu a si mesmo”.
A funcionalidade religiosa das representações é expressa pela crença
na animação das imagens por meio de rituais que eram executados sobre as
estátuas e sobre as múmias. Acreditava-se que ele é capaz de “abrir a boca e
os olhos”, a fim de fazê-los viver.
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“Posição de marcha”:
Esq. figura masculina, IV
dinastia; Dir. escultura de
Tutankhamon, XVIII dinastia
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Estátuas de Divindades
Os deuses em pé são representados com o pé esquerdo à frente, na
tradicional "posição de marcha". As deusas são representadas com o pé
esquerdo ligeiramente à frente, avançando até mais ou menos a altura do
dedão do pé direito, isto é avança aproximadamente a metade do
comprimento do pé esquerdo em relação ao direito. Esta limitação do
movimento de marcha é devido ao comprimento longo e justo dos vestidos.
Na posição mumiforme são representados com os pés juntos, o corpo
envolto pela mortalha, os deuses mais freqüentemente representados são -
Osíris, Ptah, Min e Khonsu. São raras as divindades femininas
representadas nessa forma. Uma Ísis mumiforme, datada do reinado de
Amenhotep III foi encontrada em Sheikh Abada.
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
Estátuas Reais
Representações de reis em pé são conhecidas desde a I e II dinastias,
na tradicional pose de marcha, com o pé esquerdo à
frente, ou com os pés juntos na pose “mumiforme”
ou “osiríaca”.
A posição de marcha representa o rei em
atividade, como o executante dos ritos e
representante ativo das forças da Ordem (Maat)
enfrentando o Caos.
Quando feitas em pedra, estas imagens
normalmente o mostram com os braços esticados ao
longo do corpo, com os punhos cerrados, segurando
um pequeno cilindro, um rolo de papiro, que
simboliza o “testamento dos deuses” ou mekes.
Uma variação desta posição, surgida a partir
da XII dinastia, mostra o faraó com os braços
estendidos com as mãos abertas sobre o saiote
triangular , um gesto de respeito diante de uma Amenhotep III sobre um trenó,
XVIII dinastia, Museu de Luxor
divindade.
Figuras “mumiformes” do faraó representam-no como um Osíris
(osiriforme) é considerada uma postura passiva por ele ser uma divindade
inativa.
A pose com os pés juntos, pode estar relacionada com representação
do rei durante a realização do festival-sed ou “jubileu”, neste caso ele usa
um traje justo que termina na altura dos joelhos.
Ambas as posições – a osiriforme e a “jubilar” – foram, a partir do
reinado de Amenemhat, usadas na arquitetura. Imagens em tamanho
colossal eram colocadas entre as colunas ou formavam os pilares que
sustentavam os tetos nos pátios dos templos.
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Estátuas da Elite
Tanto os homens como as mulheres da elite, em todos os períodos,
aparecem em pé ou sentados, em estátuas individuais, casais ou grupos.
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
masculinas da elite.
O modelagem e os detalhes do corpo, da cabeça e do toucado variam
conforme o período. Em alguns casos somente a cabeça se destaca do corpo
cúbico, em outras também as mãos os pés são representados. Em algumas
os braços são representados cruzados no topo do bloco - sobre os joelhos –
com as mãos fechadas segurando amuletos ou cetros.
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
Estátuas Divinas
As estátuas de culto são o elemento mais importante dos templos,
pelas quais as divindades manifestam-se e são o ponto focal dos rituais.
Eram colocadas no tabernáculo que ficava no interior do santuário, a parte
mais sagrada e protegida dos templos.
Todos os dias as portas do tabernáculo eram abertas e diante da
imagem eram realizados os rituais que animavam a estátua fazendo com
que o espírito de uma divindade incorporasse nessa imagem.
Poucas dessas estátuas de culto sobreviveram até os nossos dias.
Eram feitas em ouro e prata com detalhes em pedras preciosas, como o
lápis-lazúli, a turquesa e a cornalina. Quase todas foram derretidas e as
pedras reutilizadas.
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Estátuas Reais
Encontradas em sua maioria nos complexos funerários, nos templos
de culto, nas tumbas reais e, muito raramente, em tumbas não reais.
As primeiras tumbas reais encontradas em Ábidos datadas da I
dinastia possuem câmaras que poderiam, originariamente, conter uma
estátua do rei. Entretanto, a primeira prova da existência de uma estátua
real num complexo funerário é datada da III dinastia, em Saqqara, naquele
do faraó Djoser, onde um grande número de estátuas do faraó foi
encontrado, a melhor preservada estava no interior do serdab. Durante o
Antigo e Médio Impérios estátuas reais eram colocadas nos templos anexos
às pirâmides, onde realizavam-se os cultos em memória ao faraó, tanto
durante a sua vida como após a morte. Diante dessas imagens eram feitas
as oferendas e os rituais que eternizavam o caráter divino do rei.
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Nas tumbas reais do Vale dos Reis foram encontradas imagens que
representavam os faraós, em sua maioria, em madeira folheada a ouro. Na
tumba de Tutankhamon as imagens do rei estavam, em maior parte,
envoltas em linho e no interior de relicários selados. Duas estátuas em
tamanho natural representando o faraó, feitas em madeira cobertas com
resina negra e detalhes folheados a ouro, foram colocadas guardando a
entrada da câmara funerária. Outras, menos preservadas, foram
encontradas em outras tumbas no Vale dos Reis.
Estátuas de faraó feitas em pedra e de vários tamanhos e formas eram
colocadas em todos os templos do Egito, as mais antigas representam o rei
Khasekhemwy, da II dinastia, encontradas no Templo de Hórus, em Nekhen.
Segundo os anais reais do Antigo Império estátuas representando o faraó
feitas em cobre foram dedicadas nos templos.
Do final do Antigo Império até a XI dinastia imagens dos faraós eram
colocadas em capelas especiais no interior dos templos de divindades, como
Bastet, em Bubástis, e Khentiamentiu, em Ábidos, onde o espírito do rei (ká)
era cultuado.
A associação do faraó com os deuses dava-se por intermédio da forma,
por exemplo a mumiforme associando-o a Osíris, por meio da matéria prima
das estátuas, como o granito vermelho e o quartzito, associados ao deus sol
ou mostrando o faraó junto com as divindades formando díades, tríades e
grupos.
Durante o Período Amarniano pequenas estátuas de Akhenaton,
algumas acompanhadas pela rainha Nefertiti, eram colocadas nos altares
domésticos, em relicários no interior das casas ou nos jardins da nova
capital, Amarna (Akhetaton). O mesmo culto doméstico aconteceu, também,
com as imagens de seus pais, Amenhotep III e a rainha Tyi.
Durante a XIX dinastia imagens, em sua maioria feitas em madeira,
do faraó Amenhotep I e sua mãe, a rainha Ahmés Nefertari, eram cultuadas
em santuários e pequenas capelas em Tebas ocidental, principalmente,
pelos artistas e artesãos da vila dos trabalhadores em Deir el-Medina.
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
Estátuas da Elite
No início do Período Dinástico e durante o Antigo Império as estátuas
dos membros da elite eram exclusivamente ligadas a contextos funerários e
nunca colocadas nos templos onde, somente, as estátuas das divindades e
dos faraós eram depositadas. Essas estátuas eram o receptáculo para o
espírito (ká) do morto e recebiam as preces, as oferendas e incenso dos
vivos.
As tumbas da elite do Antigo Império possuíam uma câmara funerária
subterrânea onde era colocado o corpo do morto. Esta era conectada a um
poço que, após os funerais, era selado. Logo acima deste poço, construída
acima do solo, estava a mastaba e em seu interior ficava a capela acessível
aos familiares e sacerdotes e onde eram realizados os rituais e as oferendas
ao morto.
O ritual estava focado em uma porta falsa colocada na parede oeste da
capela, por onde era feito o contato com o Mundo dos Mortos. Atrás desta
porta falsa, muitas vezes, havia uma sala selada que continha uma ou mais
estátuas do morto e de seus familiares (serdab). Em capelas de tumbas
escavadas na rocha do final do Antigo e Médio Impérios as estátuas eram,
muitas vezes, esculpidas na própria parede do fundo da capela e não ocultas
em um serdab.
A partir do Médio Império o ponto focal do ritual funerário deixou de
ser a porta falsa passando a ser a estátua do morto esculpida na parede ou
livre colocada em um tabernáculo ou nicho. Estátuas de outros membros da
família, principalmente, a esposa do morto poderiam ser incluídas nas
capelas.
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
estátuas dos faraós simbolizavam-no como o rei Smatawi, XVIII dinastia, tumba de
das Duas Terras e o unificador do Egito. Tutankhamon
Em alguns casos, nos tronos reais, este motivo pode ser mais
elaborado estando, junto com o smatawi, dois deuses representando as
Duas Terras. Podem ser o deus Seth, para o Alto Egito, e Hórus, para o
Baixo Egito. Em alguns casos como Seth era uma divindade com aspectos
perigosos a sua imagem era substituída pela do deus Thoth, como
representação do Alto Egito. Mais freqüente é o aparecimento, junto com o
smatawi, dos deuses da fecundidade, ou como são chamados "Os Dois Nilo".
São personificações da riqueza do Egito. Um deles usa o lírio do Alto Egito
em sua cabeça e o outro o papiro do Baixo Egito. Tais decorações eram
orientadas de forma que a figura do Alto Egito estivesse voltada para o sul e
a do Baixo Egito para o norte.
41
ANTONIO BRANCAGLION JUNIOR
>
acompanhada pela frase “todas as terras estrangeiras estão sob os seus pés
j
ou (sandálias)" (xAswt nbt nstTbwty-k) 5 ! i Ui?
!
Nas estátuas da elite era comum incluir imagens em relevo de
membros da família, especialmente, os filhos.
Durante o Antigo Império as estátuas dos oficiais da corte eram,
normalmente, inscritas com os títulos e os nomes da pessoa representada.
Do final da IV dinastia e durante as V e VI dinastias as estátuas funerárias
da elite possuíam, frequentemente, junto ao nome do morto a designação
imakhu "venerado" (imAx) 1 iB ou imakhu kher netjer aa "venerado diante
M B ! tB !
designadas, nas inscrições, como "dada como um favor do rei"
(rdim Hsitwn xrt nsw)
]1 <X K 5 ! M6 t o que destaca
o status do representado.
Era freqüente, também, usar a superfície das estátuas como espaço
para textos autobiográficos listando a carreira administrativa, os cargos e
obrigações realizados pelo representado.
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
9. O DESENHO EGÍPCIO
Quer tratemos da expressão gráfica sobre um fundo plano (pintura),
relevo (desenho e escrita) ou da expressão plástica no espaço (escultura e
arquitetura) a arte egípcia é uma arte intelectual motivada por um sistema
de pensamento muito elaborado.
Para o artista egípcio a verdadeira realidade é aquela do conceito
intelectual. Para exprimir o que são os seres vivos e as coisas em sua
essência mais profunda a expressão artística deve resistir às “ilusões”
ópticas limitantes; a busca do artista é a de mostrar a totalidade da figura
retratada, tornando-a inteligível, ao invés de reproduzi-la ou recopiá-la em
um momento fixo.
O desenho egípcio desconhece improvisações, ao invés, usa uma
reflexão sobre a visão que lhe é transmitida. Esta convenção figurativa parte
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
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Deslocamento Lateral
Quando os vários personagens ou objetos encontram-se no mesmo
plano e na mesma linha de visão (os primeiros encobrindo o restante), o
desenhista desloca horizontalmente as silhuetas de cada um, de forma que
todos tornem-se discerníveis. Este deslocamento traduz na verdade a
profundidade da realidade óptica.
Este processo é empregado nas cenas do banquete funerário onde os
convidados, os serviçais e os músicos estão cuidadosamente alinhados
horizontalmente, lado a lado em um mesmo plano, embora, na realidade, a
distribuição dos participantes não fosse organizada desta maneira racional.
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Deslocamento Vertical
Este terceiro processo de supressão de máscaras é de utilização mais
ampla e freqüentemente uma variante das outras modalidades já
mencionadas.
A forma mais simples de sua utilização é a representação de oferendas
alimentares. Para que uma não encubra as outras o desenhista eleva-as,
colocando umas sobre as outras, de tal forma que todas possam ser
visualizadas.
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9.4. Os Registros
São a base de toda a representação gráfica egípcia em todas as épocas
e são, em princípio, iguais em tamanho e comportam figuras de dimensões
iguais.
Os registros, as faixas horizontais onde as figuras estão inseridas, não
são uma simples comodidade, mas um elemento orgânico do sistema do
desenho egípcio; ele não é uma simples divisão é uma linha contínua que
situa as figuras no tempo e no espaço.
Traçando uma linha horizontal contínua sob os pés das figuras,
chamada de “linha de terra”, o desenhista lembra ao observador que todos
estão inseridos no mesmo espaço, sobre o mesmo solo.
A justaposição de registros indica muitas vezes uma ordem
cronológica dos eventos representados, os anteriores, isto é os primeiros,
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10. O RELEVO
O espaço no qual vivemos possui três dimensões
(altura, largura e profundidade). A escultura ocupa estas
três dimensões, enquanto a pintura, uma superfície
plana, em duas dimensões, ocupa somente a altura e a
largura; a profundidade é criada por meio de uma ilusão
visual graças a artifícios na composição.
O relevo, entretanto, é uma obra entre a escultura e
a pintura. Ele restitui uma espessura às imagens, sem
alcançar todo o seu volume. Obtém o seu efeito pela
modelagem da luz e da sombra, enquanto a pintura o
obtêm pelo traço e pela cor, mas as técnicas de
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A. 1-4: Alto relevo; 5: Alto relevo com duas camadas; 6: Alto relevo inciso
B. 1-2: Baixo relevo com incisão vertical; 2-4: Baixo relevo com incisões chanfradas
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12. OS MATERIAIS
Além dos aspectos externos ligados à forma e dimensões, a arte
egípcia também está relacionada com a natureza dos materiais utilizados na
confecção das obras. Por sua vez os materiais estão diretamente
relacionados com as cores. Para os egípcios a aparência externa não era
mais importante que a substância interna.
Embora o conceito de uma substância simbólica, isto é, de um valor
inerente a um material possa nos parecer estranho ainda hoje fazemos uso
de expressões que revelam este valor em nossa cultura quando falamos em
“coração de ouro” ou “cara de pau”. Estes exemplos mostram como
comumente usamos metáforas ligadas às qualidades dos materiais.
Para os egípcios as qualidades físicas dos materiais eram portadoras
de qualidades mágicas. É relativamente fácil compreender os significados
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1º Nome de Hórus
Escrito no interior de um retângulo terminado na sua parte
inferior por uma decoração arquitetônica. Representa a fachada
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13.2. Cartucho
Os dois nomes mais importantes e fáceis de reconhecer, o de
Rei do Alto e do Baixo Egito e o de nascimento, são envolvidos
por um cordão chamado “cartucho” ou “cártula”, cuja origem é
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1. Nome de Hórus (H8r): “Touro possante amado de Maat”
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2. Nome das Duas Senhoras (Nbty): “Protetor do Egito que submete as terras
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estrangeiras”
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3. Nome de Hórus de Ouro (H8r nbw): “Rico em Anos, Grande em Vitória”
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4. Nome de trono, Rei do Alto e do Baixo Egito (nsw-bity), Senhor das Duas
Terras (nb tAwy): Usi-maat-rê. Setep-en-rê “A Justiça de Rê é Forte”. “Eleito de
Rê”
FV .
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1u
5. Nome de nascimento, Filho do Sol (sA Ra): Ramesses. Mery-amon “Gerado
pelo Sol”. “Amado de Amon”
13.3. Post-Nomen
Outros elementos incluídos nos cartuchos como parte dos nomes
reais, a partir do Novo Império:
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.
t
1u
“Amado de Amon” mery-Amen (mri-Imn). Epíteto de Ramessés II,
entre outros, principalmente das XXI, XXII e XXIII dinastias.
4
jh “Sua Majestade” hemef (Hm.f)
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que significam “deus” (um tecido amarrado em uma haste) e “perfeito, bom,
belo” (uma imagem estilizada do pulmão e da traquéia) que acompanham o
seu nome de trono.
>
a >
b “Senhor das Duas Terras” neb tawy (nb tAwy), título real
a ou
ff representado pelos hieróglifos que significam “senhor”
(o cesto) e “Duas Terras” (o Alto e o Baixo Egito - as duas linhas paralelas)
algumas vezes com grãos de areia ou dois bancos de areia. Acompanha o
nome de trono substituindo ou seguindo o título “Rei do Alto e do Baixo
Egito”, segue também o título de “Deus Perfeito”.
><
!!B “Senhor do Ritual” ou “Senhor das Ações” (nb ir(t) xt) título
surgido durante o Médio Império que designa o soberano
como o único responsável pelos rituais e obras em favor dos deuses. Segue o
título de “Rei do Alto e do Baixo Egito”.
>
m ou
>
m “Senhor das Aparições” ou “Senhor das Coroas” (nb xai(w)).
5 mm Escrito usando o sinal que representa uma colina por onde
surgem os raios do sol nascente. Associando o faraó ao deus-sol quando
este “Aparece em Glória” (xai). Precede o “Nome de Filho do Sol”.
t
b
!
h
“do seu corpo” (nXt.f) segue o título “Filho do Sol”. Uma referência
a essência divina do soberano, filho divino.
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“(Aquele) que faz o que é benéfico para o seu pai” (ir Ax n-it.f).
Designa o faraó como benfeitor, em obras e ações, a seu pai
divino, isto é, a sua divindade escolhida em seguida vem o
nome do deus.
t
eq “Saúde” (snb). As vezes abreviada para . e
!d
j “Alegria” (Awt-ib). Literalmente “aumentar o coração”.
V] “Como Rê” (mi Ra). É um epíteto que associa o faraó ao deus sol.
4
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<V <
“Eternidade” (nHH). Refere-se a uma eterna regeneração cíclica,
como a do sol.
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Saiote real com painel triangular frontal usado pelo faraó nas
cerimônias dos templos diante das divindades. Surge na XII
dinastia.
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(xrp-kAwt-nbwt-nt-sw).
r T )6 5 ! 7 tJ
Eles ocupam uma alta posição na corte e seu renome chegou até nós,
como Amenhotep, filho de Hapu, que trabalhou para o faraó Amenhotep III.
A arte é coletiva e, da mesma forma que a religião, ela é uma ramificação da
administração real. As grandes obras que constituirão os templos e as mais
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egípcia que ela é delicada e elegante, ou que é poderosa e colossal: essas são
as características que provocam impacto e que nos seduzem. Encontramos,
no entanto, muitas outras tendências que não devemos ignorar por falta de
curiosidade. Se a humildade incita a nos submetermos à realidade dos fatos
arqueológicos, trata-se para nós de compreender o que os criadores
buscavam; aquilo que parecia desejável a eles, e não a nós. Já comentamos
a função que eles atribuíam à arte. Será possível nos aproximarmos também
da sua sensibilidade estética?
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capital do Império, concentra uma parte da fortuna do país nas mãos do seu
sumo sacerdote. A tentativa de Amenhotep IV-Akhenaton não terá futuro
nos domínios da religião: cerca de 1350 a.C., esse faraó herético instaura
uma religião rival, a do disco solar Aton. Sua memória é proscrita por seus
sucessores que retornam aos cultos tradicionais e continuam a embelezar e
ampliar o maior complexo religioso de todos os tempos, Karnak e Luxor.
Embora, sob o reinado dos Ramessés, Tebas sofra a concorrência de outras
capitais como Mênfis e Pi-Ramessés, sua região abrigará as sepulturas reais
até o final do período.
Muito mais numerosas que nas épocas precedentes as esculturas,
baixos-relevos, pinturas e artes aplicadas testemunham um gosto novo que,
por sua elegância, sua amabilidade e sua preocupação decorativa contrasta
com o aspecto maciço e a severidade do Médio Império. Observa-se uma
evolução que vai da sobriedade dos tempos de Hatshepsut ao “barroco” dos
Ramessés passando pela ruptura de Amarna. Essa abundância chega
acompanhada de uma maior rapidez na execução.
A rainha Hatshepsut e seu sucessor Thutmés III inauguram a era das
grandes construções que fazem da região tebana um dos pontos altos da
arquitetura egípcia. As mais famosas são o santuário de Amon em Karnak,
continuamente modificado e embelezado, bem como os templos da margem
esquerda, como o de Hatshepsut em Deir el-Bahari e o de Amenhotep III do
qual restam apenas os dois “Colossos de Memnon”.
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Akhenaton, Nefertiti e suas filhas adorando Aton, o disco solar, XVIII dinastia
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Ramessés II atacando a cidade Hitita de Dapur, XIX din., Ramesseum, Tebas Ocidental
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Este glossário geral foi concebido como um instrumento de uso mais amplo
que a simples explicação das noções abordadas neste manual.
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Djet (Corpo Físico) - o corpo físico era o mais corruptível dos elementos que
compunham o homem e por isso era mumificado.
Dromos - via de acesso, em eixo, à entrada de um templo, ou entre dois
templos, ladeada por esfinges ou calçada.
Electro - designa um ouro branco ou uma liga de ouro e prata.
Encáustica - um método de pintura popular no Período Greco-Romano.
Consiste na aplicação de pigmentos fixados com cera de abelhas.
Aplicado sobre madeira e/ou tecido.
Enéade - grupo ideal de três vezes três divindades tendo sempre um deus
principal. O nove, para os egípcios, representava um plural indefinido
fazendo com que a enéade egípcia não tenha, necessariamente, nove
deuses. As mais conhecidas são a de Heliópolis, Mênfis, Ábidos e
Tebas, esta última com quinze deuses.
Epagômeno - cinco dias suplementares dedicados a Osíris, Hórus, Seth, Ísis
e Néftis. Acrescentados ao calendário solar para obter o ano de 365
dias.
Escaravelho - coleóptero sagrado que simboliza o sol levante e a idéia de
nascimento. Reproduzido em grande número como amuletos e jóias.
Escriba - função essencial da administração egípcia que possuía a tarefa de
ler e escrever.
Esfinge - do egípcio shespankh “Imagem Viva”. Designa um ser híbrido,
mais frequentemente, um corpo de leão com cabeça humana real
usando um nemés e representa a encarnação do poder real e divino.
Numerosas variantes existem: o nemés pode ser substituído pela juba
do leão; a cabeça pode ser a de um carneiro ou falcão; algumas vezes a
esfinge pode ter o corpo de carneiro ou de crocodilo. A partir do Médio
Império podem ter a cabeça da rainha.
Estátua cubo ou bloco - categoria de estátua que aparece no início do
Médio Império e que permaneceu em uso até o Período Romano. O
morto sentado com os joelhos junto ao peito, frequentemente envolto
em um manto dando o formato de cubo ao corpo, onde somente a
cabeça se ergue, talvez, como uma referência ao sol nascente e à
ressurreição. A sua origem provável estaria na representação do
guardião que se sentava na porta do templo.
Esteatita - aglomerado compacto de cristais de talco de coloração do branco
ao cinza. Sobre ela era aplicada uma camada vitrificada de coloração
verde azulada para a confecção de amuletos e ushabtis, principalmente
na Baixa Época. As suas jazidas ocorrem no Deserto Arábico.
Estela - placa em pedra, madeira ou faiança egípcia destinada a conter
inscrições, relevos ou pinturas com aplicações funerárias ou de
propaganda política. É atestada desde os tempos mais antigos como
uma pedra comemorativa ou demarcatória do túmulo. Traz o nome e os
títulos do proprietário da tumba e de seus familiares. Pode ser
independente da tumba ou integrar a sua arquitetura.
Estratigrafia - superposição de diferentes camadas arqueológicas fixando
sua sucessão cronológica e, portanto, suas datas relativas.
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com o topo plano nos pés do qual foi construído um grande templo a
Ámon, na XVIII dinastia.
Gebel Silsilah - pedreiras de grés situadas ao norte de Kom Ombo.
Gebelein - ver Crocodilópolis.
Gerf Hussein - localizado na Núbia onde Ramessés II construiu um templo
em honra a Ptah.
Giza - parte da necrópole de Mênfis atualmente um bairro a oeste do Cairo.
Caracterizada pelas grandes pirâmides da IV dinastia e a grande
esfinge.
Gurna - designação geral dada à necrópole tebana, às tumbas e sepulturas
datadas do final do Antigo Império até a Época Romana.
Gurnet Murai - nome da colina que se encontra ao sul da necrópole tebana,
situada acima de Deir el-Medina, contendo um pequeno número de
tumbas decoradas do Novo Império.
Hawara - sítio a sudoeste do Fayum onde se encontra a pirâmide de
Amenemhat III e uma necrópole do Médio Império, da Baixa Época e do
Período Greco-Romano.
Heliópolis (On, Iunu) - a nordeste do Cairo era a capital do 13º Nomo do
Baixo Egito e um dos grandes centros espirituais do país.
Heracleópolis Magna (Ahnas el-Medina) - capital do 20º Nomo do Alto
Egito a 15km a oeste de Beni Husef.
Hermontis - a 20km ao sul de Luxor na margem esquerda do Nilo capital do
4º Nomo do Alto Egito até a XVIII dinastia. Era o local de culto do deus
Montu.
Hermópolis Magna (El-Ashmuneim) - capital do 15º Nomo do Alto Egito
cuja principal divindade era o deus Thoth.
Hermópolis Parva - capital do 15º Nomo do Baixo Egito no Delta do Nilo
com vestígios de um templo de Thoth da Baixa Época.
Hieracômpolis (Nekhen, Kom el-Hamar) - a 20km ao norte de Edfu na
margem oeste do Nilo de frente para El-Kab. Foi uma das mais antigas
capitais do Egito (Nekhem).
Illahun (El-Lahun, Khaun) - cidade da margem oeste do Nilo no mesmo
nível que o Fayum, onde se destacam as pirâmides de Senusret II e
Senusret III.
Kalabsh (Talmis) - um dos centros mais importantes da Baixa Núbia.
Possuía um templo dedicado ao deus Mandulis, construído pelo
imperador Augusto.
Karnak - sítio localizado a 2km ao norte de Luxor. Famoso pelo maior
complexo de templos de todo o Egito dedicado a Ámon, Amut, Khonsu e
Montu.
Kharga - oásis do deserto ocidental aproximadamente na mesma altura que
Luxor cujo principal monumento é o templo oracular de Ámon.
Kom-Ombo - sítio na margem direita do Nilo a 45km ao norte de Assuã.
Célebre pelo templo duplo do Período Ptolomaico e Romano consagrado
a Sobek e Hórus.
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PRÉ-DINÁSTICO MÉDIO
Naqada I (Amratense) - cerca de 4200-3700 a.C.
Vilas crescem ao longo do Vale do Nilo e cemitérios e assentamentos
aparecem em inúmeros locais no Delta. Nenhum dos sítios conhecidos é
muito grande, entretanto, Hieracômpolis (Nekhen), ao sul, é o maior centro
populacional conhecido. O tamanho e a distribuição dos assentamentos são
estimados, a partir dos cemitérios bem conhecidos desse período, incluindo
aquele perto da moderna cidade de Naqada, no Alto Egito, que deu o nome
ao sítio. O programa de sepultamento formal começou no Período
Badariense e continuou, com o número crescente de vasos em cerâmica de
coloração vermelha - alguns dos quais exibem figuras geométricas e cenas
de caça pintadas em branco - colocados nos túmulos junto com alguns
vasos em rocha e paletas para cosmético de formas romboidal e de animais.
Como no Período Badariense, figuras e jóias são ocasionalmente colocadas
nos túmulos, especialmente no final do período e no início do Naqada II. A
economia das vilas são baseadas na agricultura e pecuária, embora
pássaros selvagens e peixe complementem a dieta.
PRÉ-DINÁSTICO TARDIO
Naqada II (Gerzense Primitivo) - cerca de 3700-3250 a.C.
Ocorrem importantes mudanças na organização social nesse período,
identificada pelo tamanho e distribuição dos assentamentos e cemitérios
assim como o conteúdo dos túmulos. Os bens funerários são semelhantes
àqueles de Naqada I, embora existam mudanças nos estilos dos vasos e
paletas. A “faiança”, um material cerâmico vitrificado, aparece pela primeira
vez em grande parte na forma de contas. Alguns membros da sociedade de
Naqada II parecem ter tido acesso à grande riqueza, permitindo-lhes
construir túmulos mais elaborados com conteúdo mais rico. Itens que
demonstram uma alta classe social começam a aparecer, novamente
indicando diferenças sociais entre a população. Um novo tipo de cerâmica é
feita em uma argila amarelada do deserto e decorada com tinta vermelha
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
PROTO-DINÁSTICO
Naqada III (Gerzense Tardio) - cerca de 3150-3100 a.C.
As mudanças culturais mais importantes associadas a esse período são
refletidas nas representações nos objetos. As cenas em grandes paletas
cerimoniais referem-se a um personagem de grande poder. Esse indivíduo é
representado com numerosos símbolos relacionados à realeza egípcia da
época faraônica. As cenas são esculpidas em alguns dos primeiros relevos
conhecidos, e paletas assim como pequenas etiquetas em marfim ou rótulos,
exibem os primeiros estágios da escrita hieroglífica. Símbolos de várias
divindades faraônicas ocorrem em paletas, rótulos e novos objetos
tridimensionais. Hieracômpolis é a maior vila Pré-dinástica e poderia ser o
centro político, mas os sítios de Naqada e Ábidos também são significativos.
Ábidos era o local de sepultamento dos últimos chefes Pré-dinásticos,
atestando a importância dessa região.
PERÍODO THINITA
(DINÁSTICO INICIAL ou ARCAICO) - cerca de 2920-2575 a.C.
I-II dinastia - cerca de 2920-2649 a.C.
Nessa época foram estabelecidos a maior parte dos elementos característicos
da civilização egípcia. É o período da expansão de um estado organizado por
todo o Vale do Nilo até o Delta. This (Thinis) tornou-se a primeira capital do
Egito dinástico e próximo a ela, no cemitério de Ábidos, foram enterrados os
primeiros reis em tumbas gigantescas. Os nomes desses reis também
aparecem em objetos encontrados nas tumbas em Saqqara (necrópole de
Mênfis), possivelmente, onde foram sepultados os seus familiares e os altos
funcionários. Esses reis, os primeiros “Hórus”, governaram um Egito
unificado estabelecendo uma ideologia da realeza onde esses primeiros
faraós eram o centro do estado auxiliados por um corpo de funcionários
encarregados da cobrança dos impostos das vilas e da produção e da
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I PERÍODO INTERMEDIÁRIO
VII dinastia - início da XI dinastia - cerca de 2150-2040 a.C.
No final da VI dinastia o poder centralizado enfraqueceu-se dando origem ao
separatismo com o surgimento de chefes locais (nomarcas) que se opunham
ao poder central do faraó, essa crise política foi agravada por mudanças
climáticas que provocaram um período de seca e fome no norte da África.
Durante o I Período Intermediário, o Egito foi governado por duas dinastias
competidoras havendo uma polarização entre uma monarquia baseada em
Heracleópolis inspirada no modelo menfita e que controlava o Delta e uma
parte do Médio Egito com o apoio dos nomarcas de Assiut, e a outra em
Tebas que com a ajuda de Coptos controlava o Alto Egito. É um período que
marcou ideológica e intelectualmente a civilização egípcia dando uma visão
pessimista do mundo e originando uma “democratização” das crenças
funerárias, fazendo com que o destino solar e o conjunto de textos
funerários não fossem mais um privilégio exclusivo do faraó.
II PERÍODO INTERMEDIÁRIO
XIV-XVII dinastias - cerca de 1640-1550 a.C.
Durante o II Período Intermediário o Egito passa por uma série de agitações
políticas e sociais sendo governado, mais uma vez, por dinastias
competidoras e paralelas. O norte é controlado pelos hicsos “príncipes
pastores”, uma população asiática em sua maioria semitas e hurritas, que
tomaram Mênfis, coroando os seus reis como faraós (egipcianização), e
estabeleceram-se em Avaris, no Delta oriental do Nilo. Os hicsos formaram
uma aliança com os governantes de Kerma, na Núbia, contra a dinastia
egípcia baseada em Tebas; e interceptavam os tributos palestinos. Há um
evidente declínio dos monumentos e dos textos. É um período onde se
desenvolveram novas técnicas trazidas pelos asiáticos, além da introdução
do cavalo e de outros animais, e uma militarização da sociedade com o
recrutamento de núbios como mercenários (Medjay). Algumas vilas tiveram
uma autonomia com guarnições militares particulares, como Edfu e el-Kab.
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PERÍODO RAMESSIDA
XIX-XX dinastias - cerca de 1307-1070 a.C.
A XIX dinastia é fundada por Ramessés I, um alto oficial militar do Delta
oriental. Nesse período há um crescimento no número de dignitários e
soldados de origem estrangeira, caracterizada pelo desenvolvimento do
Delta, onde são criadas grandes cidades (Pi-Ramessés), a estruturação de
uma economia subordinada aos templos e o desenvolvimento do culto às
“tríades ramessidas” (Amon, Rê e Ptah). Ramessés II, o mais famoso dos
faraós ramessidas, reafirma a hegemonia egípcia no Levante, a leste, e na
Núbia, ao sul e o seu longo reinado estabelece um estilo que dá forma à arte
e à cultura desse período. O Período Ramessida é melhor conhecido pelo
gigantismo arquitetônico - o templo de Osíris construído por Séthi I em
Ábidos; a grande sala hipostila no templo de Amon-Rê em Karnak; o templo
esculpido na rocha de Ramessés II em Abu Simbel, na Baixa Núbia; e
Medinet Habu, o templo funerário de Ramessés III em Tebas ocidental; além
de um vasto programa epigráfico e uma grande produção literária que utiliza
uma variante da língua egípcia, o neo-egípcio. Após o reinado de Ramessés
III o poder egípcio declinou gradualmente levando ao III Período
Intermediário.
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Século II
O hieróglifo e o demótico são utilizados em templos e por grupos de
sacerdotes; o grego é a língua da administração. Na última parte do século,
os problemas no grande império romano estão refletidos nas políticas
irregulares e persistentes problemas econômicos e sociais no Egito
continuam pelo século III.
Século III
Mudanças econômicas são estimuladas pelo crescimento da agricultura
locatária e pela crescente concentração de riqueza e cultura nas cidades,
não somente Alexandria, mas centros metropolitanos como Antinópolis. A
arte funerária continua a utilizar elementos da antiga tradição faraônica nos
envoltórios dos mortos.
Século IV
Teodósio proíbe o uso e ensino da escrita hieroglífica sendo a última
inscrição conhecida datada de 394, no templo de Philae. Como parte do
Império Bizantino o cristianismo torna-se a religião oficial. Alexandria, é um
dos centros intelectuais da igreja cristã.
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22. CRONOLOGIA
Todas as datas anteriores a XXVI dinastia são incertas
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RECONQUISTA PERSA
(II Período Persa) - 343-332 a.C.
PERÍODO GRECO-ROMANO
332 a.C.- 395 A.D.
REIS MACEDÔNIOS - 332-305 a.C.
PERÍODO PTOLOMAICO - 305-31 a.C.
PERÍODO ROMANO - 30 a.C.-395
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ARTE E ARQUITETURA
DONADONI, S. Museu Egípcio do Cairo. São Paulo: Melhoramentos, 1969.
(Col. Enciclopédia dos Museus)
EDWARDS, I. E. S. As Pirâmides do Egito. Rio de Janeiro: Record, 1985.
LISE, G. Como Reconhecer a Arte Egípcia. São Paulo: Martins Fontes,
1985. (Col. Como Reconhecer a Arte)
MACAULAY, D. Construção de uma Pirâmide. São Paulo: Martins Fontes,
1988.
PEINADO, F. L. O melhor da Arte Egípcia, vol. 1 e 2. Lisboa: Edições LDA,
1997.
SMITH, W. S. Arte e Arquitetura do Egito Antigo. São Paulo: Cosac & Naif,
[s.d.].
TIRADRITTI, F. et alii. Tesouros do Egito do Museu Egípcio do Cairo. São
Paulo: ed. Manole, 2000.
WIESNER, J. Egipto. Lisboa: Verbo, 1971. (Col. Ars Mundi)
WILDUNG, D. O Egipto da Pré-história aos Romanos. Köln: Taschen,
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RELIGIÃO
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O Cotidiano da História)
149
ANTONIO BRANCAGLION JUNIOR
VIDEOS
150
ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
INTERNET
Devido à extraordinária mobilidade da internet, é difícil afirmar com
segurança que as indicações abaixo já não estarão obsoletas no mesmo
instante que esta lista for concluída.
A classificação aqui presente é puramente subjetiva, já que muitos
dos endereços possuem “links” que os interligam.
Museus
152
ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
Universidades
154
ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO
Miscelânia
http://www.ancientegypt.co.uk/
http://www.fnspo.cz/mmm/egypt/hiero/
http://www.egiptologia.com/
http://www.newton.cam.ac.uk/egypt/
http://www.guardians.net/egypt/
http://www.egyptology.com/reeder/
http://www.bubastis.be/
http://www.egypt.edu/
http://www.egyptologica.be/
http://perso.wanadoo.fr/thotweb/
http://www.uk.sis.gov.eg/
http://hieroglyphs.net/
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ANTONIO BRANCAGLION JUNIOR
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