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Coordenador da Disciplina
3ª Edição
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Realização
Autor
Colaborador(es)
Joelma Remigio de Araújo
Natália Almeida
Francisco Sérvulo Gomes Lima
João Batista Filho
Germana Maria Araújo de Lima
Mariana Farias Lima
Sumário
Aula 01: A Pessoa... Surda Ou Surda?: As Diferentes Concepções E As Mudanças
De Paradigmas .......................................................................................................................................... 01
Tópico 01: Os surdos desde a Antiguidade ............................................................................................ 01
Tópico 02: Da deficiência à diferença: contrapontos entre os olhares clínico, antropológico e cultural
da Surdez ..................................................................................................................................................... 07
Tópico 03: A Surdez no olhar dos surdos .............................................................................................. 10
Tópico 04: A Cultura e Identidade Surdas: um rompimento com as concepções “naturalizadas” ........ 13
Aula 04: Um olhar sobre o português como segunda língua para surdos. .......................................... 73
Tópico 01: O processo de aquisição da língua(gem) pelos surdos. ....................................................... 73
Tópico 02: Um olhar sobre o texto do surdo .......................................................................................... 77
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 01: A PESSOA... SURDA OU SURDA?: AS DIFERENTE CONCEPÇÕES E AS MUDANÇAS DE PARADIGMAS
VERSÃO TEXTUAL
VERSÃO TEXTUAL
1
escolhido por surdos em relação a você e será sua marca dentro da
comunidade. O sinal é também uma característica que compõe a
Cultura Surda. Para Libras, a cultura Surda tem papel fundamental.
As pessoas pensam: O que é a Cultura Surda? Será que ela existe
mesmo? Será mais um assunto abordado durante a disciplina, vocês
irão aprender sobre a Cultura, a Libras e o Percurso Histórico desse
grupo. Por isso, é importante que vocês participem ativamente,
estudem e façam as atividades. Ao estudar a trajetória por esse
povo, vocês irão se deparar com mitos e assim entender e
reformular novas concepções. Antes de mais nada, quero agradecer
aqueles que ajudaram na construção da disciplina. A professora da
Universidade Federal de Amazonas –UFAM, Joelma Remígio. Ela
contribuiu com os textos sobre o Intérprete Educacional. Quero
agradecer a intérprete Natália que também contribuiu e a todos os
envolvidos, os tutores, vocês irão conhecê-los, todos são surdos.
Será importante esse contato direto, pois assim será possível vocês
verem de perto a língua de sinais em uso. Juntamente aos tutores
estarão presente os Intérpretes de Libras. Quero também agradecer
a eles, os intérpretes são alunos do Bacharelado em Letras Libras e
lês vão proporcionar a medição entre vocês e os tutores surdos.
Vocês também vão encontra no texto base da disciplina conteúdo
referente ao ensino da Língua Portuguesa para Surdos. Quero
ressaltar a importância da realização das atividades, pois ao final
haverá uma prova. Essa avaliação será dividida em duas partes: na
primeira, vocês escreverão, ao assistir de um vídeo sinalizado, a
compreensão do mesmo. Na segunda parte vocês irão se expressar
em Libras. Na segunda parte vocês irão se expressar em Libras, mas
não se preocupem será um diálogo, desde já vocês terão acesso a
vários diálogos sinalizados, algo simples. Os dois atores presentes
no diálogo são surdos, a Germana Lima e o João Filho que também
são alunos de Licenciatura em Letras Libras. Os dois são monitores
da disciplina presencial de Libras que eu ministro na FACED.
Aproveito o ensejo e desejo a todos vocês um bom proveito e que o
aprendizado não se resuma só durante a disciplina, continuem os
estudos. Vocês poderão receber alunos surdos em sala de aula, por
isso vocês devem sempre continuar essa temática. Agradeço a todos
vocês e espero que tudo transcorra bem. Bons estudos!
2
voz de minha mãe, era completamente diferente. Diziam-me:
"Fale, fale, que compreendemos", mas sabia bem que aquilo era
válido, pelo menos naquele momento, apenas em família. Na
escola primária, a garotada zombava de mim e ria de meus
esforços para falar (...) Certamente, não me compreendiam. Mas
era eu que me esforçava para imitá-los (...) Que esforço faziam
além de me ridicularizar? (...) Mas a ordem que se fez em minha
cabeça, na época em que entrei na quinta série, me fazia, já então,
recusar violentamente o rótulo de deficiente. (...) Para mim, a
língua de sinais corresponde à minha voz, meus olhos são meus
ouvidos. Sinceramente nada me falta. É a sociedade que me torna
excepcional, que me torna dependente dos ouvintes. (...) Os
ouvintes têm tudo a aprender com aqueles que falam com o
corpo. A riqueza de sua língua gestual é um dos tesouros da
humanidade. (...) Eu (...) Queria saber onde estava neste mundo,
quem era eu, e por quê. E me encontrei. Chamava-me
Emmanuelle Laborit.
3
Numa das nações da África Central, as mães afirmam que ao
descobrirem que os seus filhos eram surdos, o seu primeiro
pensamento era verificar se os seus antepassados tinham sido
enterrados devidamente. Em muitas sociedades, as mães acham
que a causa da surdez dos seus filhos é devida a agressões dos
espíritos.
OLHANDO DE PERTO
Por consequência de fantasias ou crenças como essas, a igreja, por
muito tempo e após o Renascimento, tornou-se a responsável por instruir
os filhos da nobreza, para garantia de seus direitos, por intermédio dos
monges e padres (professores-preceptores). Paralela a essa iniciativa,
encontrava-se, ainda, a preocupação em “extirpar” o pecado a partir da
educação.
4
luz”. ) era despendido com treinamentos intensos da fala e uso de recursos
para aproveitamento dos resquícios auditivos.
OBSERVAÇÃO
Nesses procedimentos, se priorizava o emprego de aparelhos
auditivos e materiais concretos (objetos ou figuras usados para o ensino
das palavras que lhes eram apresentadas). Estes eram os procedimentos
mais brandos – usados ainda hoje em diversos lugares –, pois em tempos
idos, essas pessoas serviram de cobaias em experiências ditas científicas
em consequência de pensamentos como o do Abade Sicard (Sicard foi
reitor na escola de Paris, em 1800, sucessor de l’Epée e autor do primeiro
manual para a educação de crianças surdas (PESSOTI, 1984; LANE,
1992). ) (apud LANE 1992, p. 77) que escreveu:
Na mesma perspectiva de
Sicard, Jean-Marc Itard (1775-
1838), fundador da otologia e autor
do primeiro livro sobre as doenças
do ouvido e deficiências da audição,
encontrou nas crianças surdas seu
rico laboratório, executando
extravagantes procedimentos
médicos. Em alguns estudantes
aplicou eletricidade nos ouvidos,
baseando-se no experimento de um
cirurgião italiano que descobriu
que ao tocar a perna de uma rã com
um metal com carga elétrica, a
Jean-Marc Itard (1775-1838) [1] mesma contraia tal membro. Itard
deduziu que havia alguma relação
entre a paralisia do ouvido e a
paralisia de membros. Depois
introduziu
5
excremento linfático”. Este também com resultados nulos, fez com que o
referido médico passasse a administrar, por duas semanas, uma infusão
secreta nos ouvidos de outros discentes; em outro grupo experimentou o
uso de laxativos diariamente, como também a outros tentou cobrir-lhes o
ouvido com uma ligadura embebida com um componente químico
borbulhante. Nesta, após poucos dias, as crianças sentiam dores
insuportáveis e seus ouvidos já sem pele expeliam pus. (LANE, 1992).
OLHANDO DE PERTO
Na atualidade, seguindo a perspectiva de cura da surdez, encontra-se
um procedimento cirúrgico extremamente polêmico, o implante coclear.
Mais detalhes a respeito dos procedimentos, repercussões e pontos de
vista nas áreas clínica, educacional e na comunidade surda americana ver
Lane (1992).
6
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 01: A PESSOA... SURDA OU SURDA?: AS DIFERENTE CONCEPÇÕES E AS MUDANÇAS DE PARADIGMAS
TÓPICO 02: DA DEFICIÊNCIA À DIFERENÇA: CONTRAPONTOS ENTRE OS OLHARES CLÍNICO, ANTROPOLÓGICO E CULTURAL
DA SURDEZ
VERSÃO TEXTUAL
CONTRIBUIÇÃO
7
necessária, mas indispensável. No entanto, mesmo nessa perspectiva, o tema
surdez parece ser bastante abrangente por apresentar grupos diversos devido
aos diferentes graus, tipos e/ou período de ocorrência. Nesse sentido, é
sabido que os graus de surdez são medidos em decibéis, conforme a
captação dos sons e dividem-se basicamente em:
8
tivesse nascido surdo ou perdido a audição mais cedo
(SACKS, Ibid, p. 18).
PARADA OBRIGATÓRIA
Numa pesquisa que realizamos em 1998, um surdo assim declarou:
“Estudar é bom, mas como os professores não sabem sinais se torna uma
confusão”. Outro exprimiu:"Quero chegar até o 2o grau. Mas, nessas
passadas que estamos, levando em conta o aprendizado, poderemos
chegar lá talvez na velhice, caso persistir". Outro, em conversa na
Associação dos Surdos do Ceará (ASCE), disse: Tenho uma língua, uma
identidade surda. Eu sou diferente! Note-se que os depoimentos citados
trazem uma consciência que se opõe à visão orgânico-funcional. Aliás, os
surdos de fato não têm o sentimento de perda (auditiva) e, somente são
levados a pensar na surdez, como tal, através do olhar do ouvinte. Sobre
esse aspecto esclarece Favorito (2006, p. 55) esclarece que: "As práticas
discursivas dominantes construídas nas representações hegemônicas do
outro se sustentam, pois são naturalizadas, legitimadas como um regime
de verdade".
9
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 01: A PESSOA... SURDA OU SURDA?: AS DIFERENTE CONCEPÇÕES E AS MUDANÇAS DE PARADIGMAS
Como vimos até aqui, nas Ciências da “Saúde” a surdez é tida como uma
patologia a ser curada, uma deficiência a ser normalizada. Nas Ciências
Humanas, a surdez é tida como diferença (linguística). No entanto, qualquer
visão decorre da tomada de dois pontos que se contrapõem; o que, no caso
dos surdos, não ocorre tal categorização, principalmente, se os mesmos
estiverem imersos num ambiente em que a língua compartilhada seja a sua.
Nessa perspectiva, uma situação inusitada vivenciada por Sam Supalla – um
surdo pré-linguístico – é ilustrada por Lane (1992), Padden & Humphries
(1999) e Salles et al (2004), poderá ser lida clicando na revista abaixo:
VERSÃO TEXTUAL
10
presente. E, sobretudo, acreditava-me única, sem igual no
mundo. Emannuelle é surda, ninguém mais é como ela (...) Tinha
medo. Sei agora por quê: nunca tinha visto adultos surdos.
OLHANDO DE PERTO
Com base no exposto, poderíamos todos da comunidade ouvinte,
principalmente educadores, quebrar o paradigma da ausência, da falta, da
deficiência, questionando as regras e “certezas” da medicina, e substituí-
las pela curiosidade da etnografia, como já o fazem pessoas engajadas nos
estudos pelo reconhecimento dessa minoria linguística. Uma
representante desse grupo é Loureiro (1997, p. 17) que diz:
CONTRIBUIÇÃO
11
crianças ouvintes, em virtude do ambiente linguístico favorável. Sobre esse
assunto, linguagem e cognição, tratarei mais adiante.
A educação dos surdos deve ter um A educação dos surdos deve ter
caráter clínico-terapêutico e de respeito pela diferença linguística
reabilitação cultural
VERSÃO TEXTUAL
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Pesquisar sobre as abordagens educacionais – oralismo, comunicação
total, bilinguismo e inclusão. Escreva as principais características de cada
uma, tecendo suas considerações pessoais.
12
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 01: A PESSOA... SURDA OU SURDA?: AS DIFERENTE CONCEPÇÕES E AS MUDANÇAS DE PARADIGMAS
VERSÃO TEXTUAL
CONTRIBUIÇÃO
13
auditiva; os “Surdos” com s maiúsculo, portanto, são aqueles formadores de
uma entidade linguística e cultural. Sacks (1998, p. 16) revela como
descobriu esse aspecto:
OLHANDO DE PERTO
Entretanto, falar de Cultura Surda é, no mínimo, polêmico, pois a
surdez não é tida pela maioria como uma diferença linguística, tampouco a
Comunidade Surda, como um “povo”. Na verdade, trata-se de um grupo
organizado politicamente, mas sem território próprio. Uma cidadania sem
uma origem geográfica (WRIGLEY, 1996) numa sociedade que tem visão
de uma cultura monopolítica, monolíngue. Ademais, o fato de as pessoas
surdas, imersas no mesmo espaço físico com ouvintes, partilhando dos
traços culturais destes, os torna seres multiculturais com identidades
multifacetadas (PERLIN, 2001), sobre as quais há estudos baseados no
conceito de T.T. Silva (1998, p. 58), que ensina:
PARADA OBRIGATÓRIA
Um fator central da/na cultura surda é a Língua de Sinais que
diferentemente das línguas orais é articulada no espaço tridimensional e
seus componentes (parâmetros) ocorrem simultaneamente. Esse assunto,
pelo seu grau de importância (e complexidade) será abordado na Aula
seguinte. Vale realçar por ora, que a Língua de Sinais é a base da referida
“Cultura”.
CAMPAINHA LUMINOSA
A campainha luminosa, substituindo o sinal sonoro de residências e
sirenes de escolas em que se encontram surdos.
O BRINDE
O brinde, em que se tocam as mãos, ao invés do “tim-tim” do toque de
taças;
OS APLAUSOS
Os aplausos com as mãos acenando no alto das cabeças;
15
JOGOS E BRINCADEIRAS
Jogos e brincadeiras como “escravos de Jó”, no qual se privilegia o
movimento ritmado das pedrinhas que passam de mão em mão, em
detrimento do ritmo sonoro;
A Literatura Surda conta, cria e recria histórias que lhes são próprias.
Nestas produções, como todo povo que busca legitimar sua cultura, o
surdo é o personagem central. No Brasil, há a publicação de adaptações da
literatura infantil tradicional, como A Cinderela Surda (2003), Rapunzel
Surda (2003), ou a história de Adão e Eva Surdos (2005), cujos autores
Fabiano Rosa (surdo), Carolina Silveira (surda) e Lodenir Karnopp
(intérprete) passaram a compor o grupo de Estudos Surdos no sul do País.
OBSERVAÇÃO
Nessa cultura, portanto, há regras bastante distintas para chamar
atenção, para mudança de emissor/receptor num diálogo, para um
16
discurso cuidadoso, um “cochicho”,atribuição de nomes, entre as diversas
atitudes que demandem o uso da língua(gem). Sobre a atribuição de
“nomes” (ou apelidos) Laborit (1994, p. 74) explica:
17
comunidade dos surdos vê o nascimento de cada criança surda como uma
dádiva preciosa.” (apud LANE, 1992, p. 34).
Sign Writing
Stumpf (Ibid) conta que Sutton após criar um sistema para escrever os
movimentos das danças, o Dance Writing, conseguiu despertar o interesse
de dinamarqueses da Universidade de Copenhague, uma vez que parecia
possível utilizá-lo para escrever os sinais. Assim surgiram as notações
gráficas da Língua de Sinais aplicáveis a qualquer língua visual, as quais, é
Stumpf (Ibid, p. 62) quem aconselha:
“Para usar o Sign Writing, é preciso saber bem uma língua de sinais.
Cada língua de sinais vai adaptá-lo à sua ortografia”.
18
Vale ressaltar, que essas adaptações devem levar em consideração as
variações regionais (os dialetos) que as Línguas de Sinais como qualquer
outra língua possui. É no sentido de abranger esses sinais regionais que
grupos surdos de todo o País (Estudantes do curso de Letras Libras ou da
Pós-Graduação da UFSC também fazem parte desse grande grupo de
estudos. ) se empenham para elaboração de um dicionário que servirá para
consulta de pessoas surdas ou ouvintes, principalmente em âmbito escolar,
sobre o qual Stumpf (Ibid, p. 65) adverte:
Língua visual
• a babá eletrônica;
• os bips de mensagens;
19
• telefones celulares;
Comunidade
20
◾ Gastão de Orleans – o Conde D’Eu – genro de D. Pedro II, marido da Princesa
Isabel;
◾ Lou Ferrigno, fisiculturista e ator, conhecido por “O incrível Hulk”.
OBSERVAÇÃO
Thomas Edison, durante a infância, teve uma série de infecções de
ouvido que não foram propriamente tratadas, além de artrite e escarlatina,
chegando a afirmar que não ouvia o canto dos pássaros desde que tinha
treze anos de idade. A surdez do Conde D’Eu é mencionada em um livro
biográfico da vida de Princesa Isabel; e o caso de Lou Ferrigno, uma grave
infecção foi a causa de perda de 85% da audição e descoberto somente aos
três anos de idade. As fontes citadas pela autora são:
Lou_Ferrigno [4]
Todos estes eram surdos, porém tal identidade fora “mascarada. Strobel
(Idem) questiona ainda a ausência de menção na maioria das fontes
bibliográficas: “Será que, para a sociedade, é difícil conceber que um sujeito
surdo possa ser um gênio a ponto de inventar [por exemplo] a luz elétrica?”
21
É também nesse sentido, que a comunidade surda espera da maioria
ouvinte o reconhecimento e respeito pela sua dignidade, sua língua(gem),
sua história, seus costumes, sua organização social, enfim, o seu modo de
ser.
VERSÃO TEXTUAL
AUTOAPRESENTAÇÃO
VERSÃO TEXTUAL
Meu nome é Camila, meu sinal é esse. Tenho vinte anos. Moro
na Taíba. Estudo na UFC, MEU CURSO É Letra Português. Sou
professora há algum tempo. Estou noiva, eu gosto de assistir filmes,
gosto de passear, estudar. Eu não gosto de gatos, filme de terror,
drogas.
DIÁLOGO 1 – “O ENCONTRO”
VERSÃO TEXTUAL
22
Germana: O meu sinal é esse. E o seu?
Germana: De nada.
23
TELEFONE BAIRRO/LUGAR
CONTRIBUIÇÃO
Para saber mais faça uma pesquisa sobre os itens: (a)ALFABETO
DATILOLÓGICO/MANUAL; (b)NUMERAIS E DO (c)GLOSSÁRIO – na
internet e no site [6]:
FÓRUM
Discuta com seus colegas sobre as diferentes concepções sobre a
Surdez e os Surdos, abordando questões relacionadas à Língua de Sinais, à
Cultura Surda e propostas educacionais oferecidas aos escolares surdos.
REFERÊNCIAS
CARMEL, S. J. Deaf folklore In J. H. Bruvard (ed.), AMERICAN
FOLKLORE: An encyclopedia. New York & London: Garland
Publishing, 1996.
24
LANE, Harlan. A MÁSCARA DA BENEVOLÊNCIA: a comunidade surda
amordaçada. Tradução de Cristina Reis. Lisboa: Instituto Piaget, 1992.
vPADDEN, CAROL. The deaf community and the culture of deaf people. In:
WILCOX, S. (Ed.) AMERICAN DEAF CULTURE: NA ANTHOLOGY. Burtonsville,
MD: Lindtok Press, 1989.
25
PESSOTTI, Isaías. DEFICIÊNCIA MENTAL: da superstição à ciência.
São Paulo: USP, 1984.
SACKS, Oliver. VENDO VOZES: uma jornada pelo mundo dos surdos.
Tradução Alfredo B.P. de Lemos. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
26
______. Da deficiência à diferença: caminhos que marcam a
educação de pessoas surdas. In: VASCONCELOS, J. G. (Org.). ENTRE
TANTOS: diversidade na pesquisa educacional. Fortaleza, Editora
UFC, 2006.
27
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 02: LÍNGUA DE SINAIS - UM IDIOMA VISUOESPACIAL
A LÍNGUA
A LINGUAGEM
FALA ORAL
28
Veja a seguir o que diz Ferdinand Saussure (1971) sobre a linguagem :
29
Nesse sentido, Quadros e Schmiedt (2006), extrapolando os conceitos
essencialmente linguísticos e atentando para “a riqueza das interações
sociais que transformam e determinam a expressão linguística” (p. 15),
justificam a concepção das Línguas de Sinais como línguas naturais:
30
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 02: LÍNGUA DE SINAIS - UM IDIOMA VISUOESPACIAL
VERSÃO TEXTUAL
CONTRIBUIÇÃO
Em surdos lesionados foi detectado que as Línguas de Sinais, como as
línguas orais nos ouvintes, são processadas no hemisfério esquerdo; isto é,
os resultados de estudos norte-americanos com surdos sinalizadores
mostraram que um dano diferencial no hemisfério esquerdo produz
prejuízo na produção da Língua de Sinais que não são uniformes, mas que
rompem linhas de componentes linguisticamente relevantes, e que a
ocorrência da lesão no hemisfério direito não produz afasia de sinais.
Neste último, a sinalização permanece fluente, virtualmente livre de erros
gramaticais e com boa gama de complexidade (KLIMA, BELLUGI e
HICKOK, 1998).
HEMISFÉRIO ESQUERDO
31
lateralidade cerebral dos falantes das línguas orais, embora sua modalidade
linguística se realize numa dimensão visuoespacial que, como tal, “se poderia
pensar que fosse processada no hemisfério direito” (p. 106). O autor conclui
então que:
CONTRIBUIÇÃO
Em se tratando da origem das línguas de sinais, outras investigações
(Klima e Bellugi, 1979; Supalla apud Sacks, 1998) apontam hipóteses de
que a Língua de Sinais surgiu da capacidade dos surdos de
substituirdispositivos gramaticais da língua oralpor outros puramente
espaciais. Essa atitude de “sobrevivência linguística” serve para vencer as
limitações da linguagem num meio visual, como também das limitações
fisiológicas da memória de curto prazo e do processamento cognitivo.
Nesse sentido, Sacks (Ibid, p. 126) reitera: (...) isso encontra sólidas
confirmações circunstanciais no fato de que todas as línguas de sinais
nativas – e existem várias centenas, no mundo todo, que evoluíram
separada e independentemente onde quer que haja grupos de pessoas
surdas –, todas as línguas de sinais nativas possuem uma estrutura
espacial muito semelhante [parâmetros]. Nenhuma delas tem a mínima
semelhança com o inglês em sinais ou com a fala em sinais.
32
mudos, esforçar-nos para transmitir o que desejássemos dizer com as mãos,
a cabeça e outras partes do corpo?” SUPALLA, Samuel J.
OBSERVAÇÃO
É importante considerar que era notória a maneira diferente do surdo
“se comunicar” desde os tempos antes de Cristo, mas a aquisição de seu
status linguístico só ocorreu em meados do século XX, precisamente na
década de 1960, quando William Stokoe publicou a primeira descrição
estrutural da Língua de Sinais Americana – ASL, que, fazendo analogia
com as línguas orais, propôs uma análise em unidades mínimas
(queremas/quiremas),além de comprovar sua formação morfossintática.
(QUEREMAS/QUIREMAS),
33
Apesar da comprovação do seu status linguístico, existem, no entanto,
alguns mitos a respeito da Língua de Sinais que povoam as mentes humanas,
como por exemplo:
MITO 02: Outro mito é que ela representa uma maneira de expressar a
língua oral através das mãos – “português sinalizado”, no caso do Brasil.
LÍNGUAS
FÓRUM
Discuta com seus colegas sobre as diferentes concepções sobre a
Surdez e os Surdos, abordando questões relacionadas à Língua de Sinais, à
Cultura Surda e propostas educacionais oferecidas aos escolares surdos.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Elaboração de um pequeno vídeo, contendo uma autoapresentação
em Libras, como se você estivesse recebendo um discente surdo em sua
sala de aula.
SAULO
CAS,
EXCERTO Nº 01
35
Vale aqui realçar, que a maneira de se expressar em sinais é particular,
como a voz e entonação são próprias a cada situação ou pessoa ouvinte. A
maneira de Saulo sinalizar, o seu estilo é – para os “Surdos” e ouvintes da
“Comunidade Surda” – muito apropriada para expressar poesias, contar
histórias, anedotas devido à riqueza de expressões que utiliza. Os discentes,
naquele ambiente, mantinham-se atentos as suas narrativas e, em muitos
momentos, riam pela ênfase que o pedagogo dava a certos eventos ou
características particulares de pessoas. A esse respeito Laborit (1994, p. 120)
também ilustra:
OBSERVAÇÃO
No seio da comunidade surda, encontra-se uma convenção; uma
distinção entre o sujeito surdo (com s minúsculo) e Surdo (com S
maiúsculo). Os “Surdos” com s maiúsculo são aqueles formadores de uma
entidade linguística e cultural, conforme reportamos na Aula 5. Aqui,
destacamos Surdos e Comunidade Surda com S maiúsculo para
diferenciar esse grupo do estigma de cidadãos de segunda classe mesmo
nos dias atuais.
VERSÃO TEXTUAL
37
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 02: LÍNGUA DE SINAIS - UM IDIOMA VISUOESPACIAL
GALERIA 1
38
Tal classificação fora descrita através de dados coletados nas
comunidades surdas de capitais brasileiras que compreendem grandes
centros urbanos. Esse parâmetro é fundamental, pois as mãos são os
articuladores primários das Línguas de Sinais e, na articulação do sinal,
conforme muda a CM, a mensagem ou palavra também mudará ou, ainda,
ficar desprovida de sentido. Abaixo, o quadro de configurações de mão
baseados na lista de Ferreira-Brito (Ibid) e extraídas do Dicionário Digital da
Libras (2007):
GALERIA 2
39
que ou perto do qual o sinal é articulado". As autoras salientam que na
Libras o espaço de enunciação é a área que contém todos os pontos dentro do
raio de alcance das mãos, na qual os sinais são articulados. O vídeo seguinte,
baseada em Quadros e Karnopp 2004) apresenta a delimitação do espaço de
enunciação, destacando os três parâmetros básicos:
VERSÃO TEXTUAL
FORTALEZA
(MUNICIPIO)
OBSERVAÇÃO
Os Sinais CEARÁ e FORTALEZA, enquanto lugares, apresentam-se
como pares mínimos, apresentando pequena diferença apenas na
expressão facial. Quanto aos Sinais dos times são completamente
diferentes.
VERSÃO TEXTUAL
FESTA
AMIGO SÁBADO
ESPAÇO NEUTRO
40
Um parâmetro bem complexo são os Movimentos (M), pois, conforme
Klima e Bellugi (1979), pode envolver um gama de formas e direções, desde
movimentos internos de mão, movimentos de pulso, movimentos direcionais
no espaço e até um conjunto de movimentos no mesmo sinal. Nessa
perspectiva, o objeto e o espaço propiciam a formação do movimento de um
sinal, no qual a(s) mão(s) do enunciador representa(m) o objeto, enquanto o
espaço (de enunciação), onde o movimento se realiza, é a área em torno do
enunciador (cf. FERREIRA-BRITO E LANGEVIN, 1995). Na execução dos
sinais, observa-se que a grande maioria possui esse parâmetro. Entretanto,
sinais como SENTAR, AJOELHAR, EM PÉ, SILENCIAR dentre outros, são
estáticos. Os exemplos no vídeo a seguir demonstram essa diferença.
VERSÃO TEXTUAL
SENTAR CADEIRA
SEM MOVIMENTO COM MOVIMENTO
VERSÃO TEXTUAL
41
ESTUDAR IMPORTANTE ( ESTUDAR É
IMPORTANTE)
VERSÃO TEXTUAL
VERSÃO TEXTUAL
42
As frases negativas apresentam-se de três formas, conforme explica o
vídeo abaixo, com acréscimo do sinal NÃO (a); com um aceno de cabeça
simultâneo à ação negativa (b), ou com a incorporação de um movimento
contrário à ação negada (c).
VERSÃO TEXTUAL
o sinal pode ser feito apenas pela mão dominante ou pelas duas, sendo
que nesta última a combinação de ambas determina o sinal ou apenas a
mão dominante, servindo a outra como P.A. da primeira;
43
(C) REGIÃO DE CONTATO:
seria a parte da mão que entra em contato com o corpo, podendo ser
através de um toque, um risco, um deslizamento, ou outros.
44
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 02: LÍNGUA DE SINAIS - UM IDIOMA VISUOESPACIAL
EXEMPLO (1)
VERSÃO TEXTUAL
EXEMPLO (2)
VERSÃO TEXTUAL
45
MUITO
NERVOSO
OBSERVAÇÃO
O exemplo (1) representa o processo de incorporação do numeral,
muito comum na Libras, no qual a CM foi alterada, aumentando-se o
número dos dedos estendidos para demonstrar uma quantidade maior. No
exemplo (2) a expressão facial é associada; o movimento fica intenso,
curto e mais rápido, e a CM inalterada.
VERSÃO TEXTUAL
VERSÃO TEXTUAL
LEGAL
LEGAL (NORDESTE)
(SUDESTE/SUL)
OBSERVAÇÃO
Idioletos - Diferenças individuais de uso de uma língua, ou seja, é o
modo peculiar que cada indivíduo tem de falar/sinalizar (KARNOPP,
2007).
OLHANDO DE PERTO
Quadros e Karnopp (2004) dão exemplos também de “dialetos” de
surdos de São Paulo e de Porto Alegre. Em São Paulo grupos de surdos
oralizados digitalizam somente a primeira letra e oralizam toda a palavra,
necessitando que o outro surdo faça leitura labial. (Essa característica
também é comum a surdos oralizados de outras regiões.) Já em Porto
Alegre, se utiliza muito o alfabeto manual e toda a palavra é datilologizada.
Segundo as autoras, há muitos sinais que utilizam como CM a primeira
letra da palavra do português, como “P” para pessoa, “T” para tio ou tia,
somente para citar alguns. Pode-se ainda conferir outros exemplos com os
sinais utilizados em nosso estado (Ceará) com os de outros, conferindo
com as ilustrações no Dicionário Trilíngue publicado por Capovilla (2001)
e em suas diversas edições.
47
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 02: LÍNGUA DE SINAIS - UM IDIOMA VISUOESPACIAL
VERSÃO TEXTUAL
EL@
VOCÊ ENTENDER
APRENDER JÁ
AULA ONTEM
LIBRAS
48
Para assistir o Para assistir o Para assistir o
vídeo acesse o vídeo acesse o vídeo acesse o
https://www.youtube. https://www.youtube. https://www.youtube.
com/watch? com/watch? com/watch?
v=FKx62n7Gs90 v=D6qHk9vbxc0 v=S0BMjXvBNt4
VERSÃO TEXTUAL
VOCÊ
VERSÃO TEXTUAL
c) Verbos Espaciais: são verbos que têm afixos locativos, pois sempre
estão relacionados à existência de um lugar no discurso.
• 1. [Objeto presente]:
VOCÊCOPO-COLOCAR-ESTANTE.
segurando algo.
Exemplos:
49
• LAVAR - CARRO • VARRER- VASSOURA
• PASSAR- RODO
Eu CORTAR - CABELO
Eu CORTAR - BIGODE
Eu CORTAR - UNHAS
EL@ SENTAR - MURO
ELA SUBIR - ÁRVORE
Assim, com uma visão geral a respeito desse idioma espaço visual,
poderemos conhecer nas próximas Aulas sobre o profissional que trabalha
diretamente com essa língua na transposição desta para a língua da maioria
ouvinte e vice versa, bem como termos um olhar sobre pequenos textos
produzidos pelos nativos dessa língua, os Surdos.
50
PRÁTICA II
PEQUENO DIÁLOGO NO CONTEXTO ESCOLAR
João Filho: Entendi, mas eu não vou buscar porque eu vou para
a aula de Edu. Física.
Germana: Tchau!
51
2. MONTE SEU GLOSSÁRIO: clique aqui (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.).
EXERCITANDO
Para aprender mais, faça uma pesquisa sobre os sinais do contexto
apresentado na internet e no site: Acesso Brasil [1] e monte o próprio
glossário.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail (Volochinov). MARXISMO E FILOSOFIA DA
LINGUAGEM. Tradução de Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. São
Paulo: Hucitec, 1997.
52
Sinais de M a Z. São Paulo: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae, FENEIS,
Brasil Telecom, 2001.
53
Brasileira de Sinais II. Florianópolis: UFSC, 2007. ISBN: 978-85-
60522-11-8.
RODRIGUES, Norberto. Organização neural da linguagem. In:
MOURA, M. C.; LODI, A. C. D.; PEREIRA, M. C. C. (Orgs.) LÍNGUA
DE SINAIS E EDUCAÇÃO DO SURDO. São Paulo: Tec Art, 1993.
SACKS, Oliver. VENDO VOZES: uma jornada pelo mundo dos surdos.
Tradução Alfredo B.P. de Lemos. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
54
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 03: O PROFISSIONAL TRADUTOR E INTÉRPRETE DA LÍNGUA DE SINAIS (TILS)
TÓPICO 01: COMO OU QUANDO SURGIRAM OS PRIMEIROS TRABALHOS DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUA DE SINAIS
55
chamados professores preceptores, os quais tinham a “missão” de ensiná-los
a língua pátria – seja na modalidade escrita ou oral –, bem como aproximá-
los da vida cristã e de Deus, conforme Souza (2008, p. 33) esclarece:
VERSÃO TEXTUAL
56
- Portaria 1679/1999 – Acessibilidade à Educação Superior.
57
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 03: O PROFISSIONAL TRADUTOR E INTÉRPRETE DA LÍNGUA DE SINAIS (TILS)
VERSÃO TEXTUAL
58
Há ainda quem confunda o professor de surdos com o intérprete da
Língua de Sinais.
- Acompanhar os alunos;
- Disciplinar os alunos;
59
compreensão destes aspectos desmitifica as ideias equivocadas difundidas
pelo senso comum, quais sejam:
(MITO 1)
(MITO 2)
(MITO 3)
60
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 03: O PROFISSIONAL TRADUTOR E INTÉRPRETE DA LÍNGUA DE SINAIS (TILS)
TÓPICO 03: O PROFISSIONAL INTÉRPRETE DA LÍNGUA DE SINAIS (ILS) E SUA ATUAÇÃO NA ESCOLARIZAÇÃO DE SURDOS
OBSERVAÇÃO
Dos espaços de atuação dos intérpretes de Língua de Sinais, como
apresentado anteriormente nesta pesquisa, existe um que tem suscitado
grandes discussões e polêmicas: o espaço educacional.
61
o intérprete estará diante de crianças. Há uma série
de implicações geradas a partir disso. Crianças têm
dificuldades em compreender a função do intérprete
puramente como uma pessoa mediadora da relação
entre o professor e o aluno. A criança surda tende a
estabelecer o vínculo com quem lhe dirige o olhar. No
caso, o intérprete é aquele que estabelece essa relação.
Além disso, o intérprete deve ter afinidade para
trabalhar com crianças. Por outro lado, o adolescente
e o adulto lidam melhor com a presença do intérprete.
Nos níveis posteriores, o intérprete passa a necessitar
de conhecimentos cada vez mais específicos e mais
aprofundados para poder realizar a interpretação
compatíveis com o grau de exigência dos níveis cada
vez mais adiantados da escolarização.
OLHANDO DE PERTO
Desde 2002, quando a Lei 10.436 foi sancionada, reconhecendo a
Língua de Sinais, como língua utilizada pela comunidade surda, o
aumento na contratação de intérpretes para atuar no ambiente
educacional é visível. As escolas estaduais também precisaram contratar
ILS para os alunos surdos que a elas chegavam. Um fato interessante é
que, no ano de 2009, houve uma denúncia ao Ministério Publico de João
Pessoa, sobre uma escola estadual que tinha alunos surdos em sala, mas
que não oferecia intérprete. Esse fato levou o Ministério Publico a realizar
visitas em todas as escolas que tinham alunos surdos para verificar se
faltava mesmo esse profissional. Um dos motivos da ausência de alguns
ILS era o atraso de três meses do pagamento de seus salários, fato que
impossibilitava sua ida ao trabalho. Depois das visitas do Ministério
Publico e da exigência de se resolver esse problema, o Estado providenciou
o pagamento e logo a situação foi regularizada. Percebemos que
atualmente tem ocorrido uma maior cobrança dos surdos por seus
direitos, dentre estes, o da presença deste profissional intermediando a
comunicação entre professores e alunos surdos e entre alunos ouvintes e
surdos nas escolas.
Existe esse profissional que está inserido nas escolas, que agora tem sua
profissão reconhecida, porém, para que possa efetivamente desenvolver suas
funções adequadamente, urge uma maior mobilização em termos de lutas e
62
reivindicações para que o que está assegurado na lei seja realmente realizado
na prática. Assim, acreditamos ser fundamental a organização da categoria e
a articulação com as associações que tem surgido em vários estados do
Brasil, bem como com as associações dos surdos, com a comunidade surda,
entre outros segmentos sociais, para suscitar e promover as mudanças
necessárias e urgentes nesse momento histórico.
63
conflitos que ocorrem e as formas de relações que se estabelecem no
ambiente escolar inclusivo precisam ser percebidos, compreendidos e
refletidos. Apenas a inserção do profissional no espaço que se diz inclusivo
não resolve as questões que o processo educacional produz. Sua atuação em
muitos momentos é confusa e complexa. Dentre muitas questões levantadas
por Quadros (2004) estão:
64
“inclusão” que tem se estabelecido nas escolas brasileiras e advogam todo
mérito aos espaços que desenvolvem a “inclusão”, como sendo muito bem
sucedida.
PARADA OBRIGATÓRIA
O profissional intérprete é necessário no ambiente escolar sim, mas
existem outras formas de desenvolver suas atividades e outros momentos
em que ele é necessário, sem ser especificamente a sala de aula. Em
relação aos surdos, especificamente, quando se afirma que o intérprete
resolve a questão da acessibilidade e que assim os alunos surdos estão
sendo incluídos, essa é uma forma de análise simplista, que pode acentuar
a exclusão e negar as diferenças e peculiaridades dos alunos surdos. A
atuação do intérprete é benéfica quando, no cotidiano, os sujeitos surdos
são considerados em suas especificidades linguísticas e cultural. Fato que
não ocorre no interior das escolas que se intitulam inclusivas e que contam
com o intérprete intermediando as relações existentes nesse espaço tão
complexo e repleto de contradições.
Fonte [1]
OLHANDO DE PERTO
Nessa perspectiva, com esses conhecimentos a respeito da atuação do
TILS no contexto escolar, apresentamos o próximo tópico que traz
considerações a respeito de um outro profissional existente no interior
dessas atividades de interpretação e tradução das línguas de sinais, o
Guia-Intérprete. Tais considerações são fruto das reflexões de Natália
Almeida que vem atuando nessa área.
65
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 03: O PROFISSIONAL TRADUTOR E INTÉRPRETE DA LÍNGUA DE SINAIS (TILS)
BREVE HISTÓRICO
Breve histórico - Antes de falar sobre essa especificidade, faz-se
necessário esclarecer quem é a pessoa surda cega. Surdocego é o individuo
que apresenta perda visual e auditiva combinadas; por isso é tratada como
deficiência única. A perda destes sentidos leva a pessoa a ter necessidades
específicas para ter acesso à comunicação, às informações e orientações,
bem como à mobilidade.
Dias atuais - Nos dias atuais, temos uma outra realidade, na qual
muitas iniciativas têm sido tomadas no sentido de promover o
desenvolvimento dos sujeitos surdocegos, quais sejam:
(a) os avanços alcançados em saúde e educação;
(b) O envolvimento da família e da sociedade colaborando com os
profissionais;
(c) A reflexão constante em busca dos objetivos que ainda faltam ser
atingidos. (Cf. Entidades)
66
surdos – por meio do tato, um método hoje conhecido porTADOMA.Tempos
depois, Anne Sullivan passaria a ser sua guia-intérprete. Hellen Keller
formou-se em Filosofia em 1904, conquistando o mundo com sua
inteligência e sensibilidade.
TADOMA
CONTRIBUIÇÃO
Vale ressaltar um fator importante no sentido de buscar estabelecer a
comunicação com os referidos sujeitos. A priori é fundamental conhecer
os tipos de surdocegueira, quais sejam: pré-linguística ou pós-linguística.
O primeiro é aquele individuo que nasceu ou perdeu a visão e audição
antes da aquisição da linguagem. Esses são casos sui generes. É comum
encontrar o surdocego pós-linguístico, ou seja, aquela pessoa cuja
surdocegueira ocorreu após a aquisição de uma língua, seja oral ou
sinalizada. No próximo item temos mais informações sobre o acesso à
comunicação/interação que pode ser proporcionada aos sujeitos em
questão.
67
Como qualquer pessoa, o surdocego anseia por participar da vida social,
o que torna o guia-intérprete um profissional de suma importância. Nesse
contexto, há diferentes formas de interação/comunicação, as quais variam de
acordo com a língua ou especificidade adquiridas, ou seja, variam conforme
o conhecimento que os mesmos têm do sistema Braille – aquele que
inicialmente cego, adquiriu a surdez –, ou da Libras e do Português – aquele
sujeito com surdez e tornou-se também cego.
Daniel Alvarez
PARADA OBRIGATÓRIA
Uma função também muito importante na atuação do guia-intérprete,
é a contextualização das situações, a qual informa à pessoa surdocega as
condições do ambiente, as pessoas presentes, descrição de objetos, entre
outros.
68
Vale ressaltar que a contextualização deve respeitar o tempo, a
importância e a finalidade a que isto será empregada. Nesse sentido, deve-se
informar inicialmente o geral e depois o mais específico. Isto é, se for
preciso, por exemplo, descrever um auditório, primeiro explicar o ambiente e
localização que deverá ocupar e só depois descrever quem está presente. É
indispensável, ainda, ao guia-intérprete responder às perguntas da pessoa
surdocega, pois isso denota seu interesse e quais informações ela está
necessitando. O guia-intérprete também informa as expressões e reações das
pessoas, porém, sem com isto fazer juízo de valor, pois, na descrição das
pessoas e situações, deve-se ter o cuidado de não comentar opiniões
próprias, buscando ser o mais fiel e discreto possível. No caso da descrição
de objetos, deve-se colocar primeiramente o objeto na mão da pessoa
surdocega e, então, depois descrevê-lo se ela necessitar.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
PREENCHA O QUADRO A SEGUIR:
69
O MITO 2 AQUI APRESENTADO É UM EQUÍVOCO
PORQUE...
O MITO 3 AQUI APRESENTADO É UM EQUÍVOCO
PORQUE...
VERSÃO TEXTUAL
Germana: De nada.
Germana: Há vagas.
Germana: Você tem que entregar a ficha sem rasuras para não
ter trabalho depois.
70
Germana: Você tem que colocar seus dados como CPF, RG,
comprovante de residência e trazer a ficha preenchida amanhã. Não
esqueça, ok?
Germana: De nada.
CONTRIBUIÇÃO
Para aprender mais, faça uma pesquisa sobre os sinais do contexto
apresentado na internet e no site: Acesso Brasil [1] e monte o próprio
glossário.
REFERÊNCIAS
GIACOMINI, Lilian. MAIA, Shirley R. SURDOCEGO PÓS-
LINGUISTICO. São Paulo: Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego, 2005.
71
em Educação Brasileira). Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação.
Fortaleza: UFC, 2008.
72
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 04: UM OLHAR SOBRE O PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA SURDOS
Estágio Características
PERÍODO PRÉ-LINGUÍSTICO
ESTÁGIO DE UM SINAL
ESTÁGIO DAS PRIMEIRAS COMBINAÇÕES
ESTÁGIO DAS MÚLTIPLAS COMBINAÇÕES
PERÍODO PRÉ-LINGUÍSTICO
INPUT
73
ESTÁGIO DE UM SINAL
Inicia por volta dos 12 meses e pode se estender até os dois anos. Aqui a
criança se refere aos objetos apontando, segurando, olhando e tocando-os.
Suas primeiras produções incluem as formas chamadas congeladas da
produção adulta, ou seja, a criança usa uma palavra com um significado mais
amplo. Por exemplo, o sinal de PASSEAR é usado sistematicamente para
significar “Eu quero passear”, “papai (alguém) saiu” ou ainda “eu quero sair”.
(QUADROS 2010)
Inicia-se por volta dos dois anos de idade. Nessa fase, a criança
comunica muito mais do que é capaz de produzir explicitamente. As crianças
já sinalizam privilegiando a ordenação participante-verbo ou verbo-objeto,
como por exemplo: < EU QUERER > ou < QUERER ÁGUA >. Isso significa
que é fundamental a criança estar diante de sinalizantes da língua de sinais
brasileira que sejam fluentes, pois, nessa fase, ela já está constituindo a sua
língua observando as regras de forma implícita. Esse processo caracteriza a
interiorização da língua de nofalantenativo (o surdo), ou seja, a criança está
adquirindo a sua língua (ou línguas) de forma natural e espontânea,
interiorizando suas regras sem ter consciência desse processo. Ele
simplesmente acontece.
FALANTE
74
PALAVRAS
PERÍODO CRÍTICO
Conforme o contexto em que o surdo está inserido, caso não lhe seja
propiciado um ambiente linguístico favorável, haverá implicações em seu
desenvolvimento como alerta Lenneberg (1967) citado por Quadros e Cruz
(Idem, p. 33/34):
75
desde a infância até a senectude (velhice). No mesmo momento
em que a lateralidade cerebral se estabelece solidamente (por
volta da puberdade), os sintomas da afasia adquirida tendem a
ser irreversíveis depois de cerca de três anos e seis meses de seu
início. Os prognósticos de recuperação completa rapidamente se
deterioram com o avanço da idade depois da adolescência. Em
acréscimo, os limites de aquisição da primeira língua por volta da
puberdade são demonstrados em pessoas com retardo mental,
que frequentemente conseguem fazer progressos lentos e
modestos na aquisição da linguagem até o início da adolescência,
período em que status de sua fala e linguagem tornam-se
permanentemente consolidados.
76
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
AULA 04: UM OLHAR SOBRE O PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA SURDOS
INTRODUÇÃO
VERSÃO TEXTUAL
77
De fato, as especificidades do canal perceptual levam a dificuldades
semelhantes, de qualquer ponto de vista: seja a aquisição da língua oral por
surdos, seja a aquisição de língua de sinais por ouvintes.
EXEMPLO 1
Falante tailandês com segunda língua em inglês:
TEXTO A
TEXTO B
TEXTO C
78
Exemplo 2
Falante holandês com segunda língua em inglês:
TEXTO A
TEXTO B
Exemplo 3
Falante holandês com segunda língua em francês e
inglês:
OBSERVAÇÃO
Entre os aspectos divergentes do português, evidencia-se, em (la-c),
uso de frases curtas, omissão de artigos, inadequação lexical, inadequação
no uso de preposição. Nos exemplos em (2a-b), nota-se falha na colocação
do advérbio de negação, na concordância nominal, 'excesso' de itens
lexicais. Em (3), ocorre uso inadequado de preposição, de pronome,
omissão do verbo ser. Como é de se esperar, os aprendizes de segunda
língua se utilizam de várias estratégias para 'descobrir' a gramática da
língua-alvo. Essas estratégias permitem a produção de frases convergentes
da língua portuguesa e ge-ram também sequências divergentes. Por
exemplo, para cada aprendiz, ocorre uso adequado e inadequado da
preposição.
Cada conjunto de dados em (1), (2) e (3) foi produzido por um indivíduo
que possui uma língua materna diferente, além de experiências com outras
línguas não-maternas. Em vista de suas experiências linguísticas anteriores,
sua produção textual apresenta características próprias. Além disso, certos
aspectos da língua portuguesa são objeto de dificuldades recorrentes, como o
uso do artigo, da preposição, do pretérito perfeito e imperfeito, da oposição
ser/estar, além de propriedades como o gênero das palavras, a codificação
gramatical de propriedades semânticas dos nomes (contáveis, não-contáveis,
plurais, coletivos). Na aquisição da segunda língua, a articulação das
propriedades da língua nativa e da língua-alvo dá origem à chamada
interlíngua. A expectativa é que o aprendiz faça generalizações e 'crie' regras,
recorrendo a sua capacidade inata e criativa para a aquisição da linguagem.
79
Cabe então indagar se há semelhanças no texto escrito por ouvintes e
por surdos na aquisição de segunda língua.
OBSERVAÇÃO
Como se pode observar nos exemplos citados, os textos de ouvintes
que adquirem português como segunda língua apresentam níveis diversos.
Por exemplo, no primeiro caso, tem-se o uso de enunciados curtos. Essa
característica é evidente nos textos escritos por surdos, que costumam
apresentar vocabulário reduzido, ausência de artigos, preposições,
concordância nominal e verbal, uso reduzido de diferentes tempos verbais,
falta de elementos formadores de palavras (afixos), verbos de ligação (ser,
estar, ficar etc.), ausência de conectivos, tais como conjunções, pronomes
relativos etc., além de uma colocação aparente-mente aleatória de
elementos na oração. À medida que o conhecimento da língua se
desenvolve, os enunciados se tornam mais complexos, os processos
gramaticais antes ausentes passam a ocorrer com mais frequência. Como
os estudos de L2 têm constatado, um maior número de comportamentos
não-convergentes tende a ocorrer nos estágios intermediários do processo
de aquisição.
80
Além de lidar com aspectos que são específicos da língua portuguesa,
sabemos ainda que os surdos devem lidar com aspectos da língua de sinais,
que são específicos em função de seu caráter vísuoespacial. Em meio a tantas
circunstâncias adversas, não surpreende que a produção escrita por surdos
tenha características que dificultem sua interpretação. Segundo Góes
(1996:7)
Exemplo 4
ELEMENTO INTERROGATIVO
81
Exemplo 5
Exemplo 6
Exemplo 7
Ainda estou longe do banco.
Exemplo 8
Nenhum carro veloz é veloz.
Exemplo 9
Os textos a seguir são redações escritas por dois jovens surdos (A e B),
após assistirem a um vídeo, no qual um surdo conta uma piada em
LIBRAS.Os textos demonstram que eles entenderam a piada, embora haja
vários aspectos divergentes em relação à língua-alvo.
LIBRAS
82
LÍNGUA-ALVO
TEXTO JOVEM A
PIADA
- motorista pergunta:
Você tem carteira de motorista.
- Eu tenho carteira.
motorista dirigir demora longe, começa etá sono e cansado.
Motorista ideia pergunta, você quer motorista surdo aceita troca homem
dormir.
Surdo vai faz motorista, ele vontade caminhão rápido e ve-locidade.
O homem surpresa não pode rápido tempo polícia vai preso.
Surdo não acredito.
Polícia [?] caminhão rápido, ele (?) vai parar caminhão.
Polícia falou, ele não ouvinte.
Polícia falou gesto, você não rápido caminhão. Surdo ta bom!
Surdo dirigir começa sono esta cansado, troca motorista ele dormir.
Motorista pensa como surdo.
Motorista faz rápido caminhão.
Polícia viu moto ir com caminhão.
Motorista viu com polícia esta caminhão parar.
Polícia falar, motorista não ouvinte. Polícia saber sinais, motorista não
saber sinais.
Motorista chamar surdo. Motorista perdeu
(A)
TEXTO JOVEM B
83
O homem surdo andando na rua de pista, ele está carona que carro foi
embora aí ele fica zangado e droga! ele viu carona outro caminhão homem
está parar p/ surdo, ele disse que ele pode entrar na senta de seu caminhão
Posso! eles dirigir passeam na pista e alegres mesmo! homem falando com
surdo, mas desculpe eu sou surdo sabia.
Começar homem ouvinte dirigir continua mais longe, ele está sono,
chamar o surdo, quer trocar comigo, ele quer, surdo dirigir continuar mais
longe, mas ideia velocidade, ouvinte disse Calma! não precisar velocidade
na pista, você é doido! polícia viu fazer anotar p/ ele, polícia está falando
mas ele sou surdo mesmo! Polícia compreende, você não fazer mais
velocidade ok! Continuar dirigir aí ouvinte queria trocar dirigir ideia fazer
igual surdo fingir, dirigir mais velocidade, polícia viu anotar caminhão está
parar na pista, ele está falando. Com ele, mas ele sou surdo fingir, polícia
deduzir fazer intérprete aí ele está espantado! vinha surdo.
(B)
Exemplo 12
Exemplo 13
- motorista disse
- motorista o entender.
- motorista pergunta:
- Eu tenho carteira.
84
Embora o procedimento de evitar a ligação entre orações simples seja
predominante, identifica-se uma estrutura de subordinação no texto de B:
(...) ele disse que ele pode entrar na senta de seu caminhão, além de
tentativas de encadear enunciados e idéias contrastantes, como ilustrado a
seguir:
Exemplo 14
O homem surdo andando na rua de pista, ele está carona que carro
foi embora aí ele fica zangado e droga! (B)
Exemplo 15
...homem falando com surdo, mas desculpe eu sou surdo sabia. (B)
Exemplo 16
...surdo dirigir continuar mais longe, mas idéia velocidade, ouvinte disse
Calma! não precisar velocidade na pista... (B)
Exemplo 17
PRIMEIRO FATO
SEGUNDO FATO
85
Com o expediente do discurso direto, muito usado nas narrativas, o
enunciador do discurso prescinde da subordinação que seria necessária
para estruturar o discurso indireto.
TERCEIRO FATO
QUARTO FATO
OLHANDO DE PERTO
Conforme Fernandes (2002), a posposição da partícula negativa à
forma verbal é uma característica da língua de sinais, e esta ordenação é
encontrada em muitos exemplos de textos escritos por surdos. Entretanto,
os autores dos textos examinados, utilizaram o advérbio de negação
sempre em posição anterior ao verbo.
CATEGORIAS LEXICAIS
Possuem informações sobre a categoria sintática à qual pertencem
(nome, verbo, adjetivo), suas propriedades inerentes (gênero, número,
pessoa), suas propriedades semânticas e sintáticas.
86
CATEGORIAS FUNCIONAIS
São os demais elementos do léxico e, podem, ou não, ser expressos por
uma palavra.
Quando um item lexical novo é adotado, pode ser que ele não tenha
sido percebido ainda com todas as suas propriedades, Nesse caso, há duas
possibilidades: não utilizá-lo ou utilizá-lo precariamente.
Se isso for verdade, pode-se dizer que A e B optaram por utilizar uma
palavra nova, 'carona', embora não tenham ainda o domínio de suas
propriedades morfossintáticas.
Exemplo 18
Exemplo 19
87
Exemplo 20
(...) ele disse que ele pode entrar na senta de seu caminhão
Exemplo 21
Exemplo 22
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As questões apontadas na aquisição de português escrito por surdos vêm
expor uma situação que requer ações específicas e especializadas. Se por um
lado, têm-se os fenômenos típicos da aquisição de segunda língua, o que
desmistifica visões alarmistas, por outro lado, são inegáveis as
especificidades da situação de aquisição da (modalidade escrita da) língua
oral pelo surdo, o que torna imprescindível o oferecimento de condições
adequadas ao seu desenvolvimento acadêmico e intelectual.
88
dos aspectos biológicos da aquisição, destaca-se o fato de que cada indivíduo
percebe e agrega elementos linguísticos a seu modo particular e em seu
tempo, o que remete à observação de que a motivação e a aceitação da
língua-alvo são fatores cruciais, que podem acelerar o processo de aquisição.
LEITURA COMPLEMENTAR
Você pode saber mais sobre o ensino de português para surdos lendo
a obra de Salles (et. all), bem como pesquisando outras publicações na
internet, além de conhecer a obra de Quadros e Schmiedt (2006) que
apresentam “Ideias para ensinar português para alunos surdos”
FÓRUM
Recolha um pequeno texto de uma pessoa surda (pode ser de alguém
de sua comunidade) e analise-o enquanto um profissional que,
provavelmente, encontrará tal educando em sua sala de aula. Em seguida,
discuta com seu tutor e colegas as seguintes questões: (a) Qual sua opinião
sobre as aulas gramatiqueiras, seja para surdos seja para ouvintes?; (b) De
posse da análise do texto de uma pessoa surda que você fez, como você
pensa ser uma aula de português como segunda língua para os aprendizes
surdos? (Você pode pensar em um tema de aula).
CONTRIBUIÇÃO
Que tal vocês estudantes treinarem com o tutor a distância o sinal de
seu pólo e montarem um glossário com citados na tabela, bem como
estados e capitais brasileiras, pesquisando na internet e no site: Acesso
Brasil [1].
89
João Filho:temos que lanchar rápido, pois preciso ir cedo para
casa organizar minha bagagem. Viajo amanhã.
João Filho: Nossa eu não sabia! O que você irá fazer lá?
João Filho: vou enviar uma mensagem para meu amigo e ele vai
nos encontrar no restaurante tudo bem?
2. GLOSSÁRIO
REFERÊNCIAS
FARIA, S. PANORAMA DO ENSINO DE LP PARA SURDOS AO LONGO
DOS ANOS. 2002. (no prelo)
90
FERNANDES, E. LINGUAGEM E SURDEZ. Porto Alegre: Artmed,
2002.
>SACKS, Oliver. VENDO VOZES: uma jornada pelo mundo dos surdos.
Tradução Alfredo B.P. de Lemos. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
91