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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA

BAHIA

PROCESSO Nº 0109672-37.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: BANCO DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JONAS FERREIRA SILVA
JUIZ PROLATOR: PAULO CESAR ALMEIDA RIBEIRO
JUIZ RELATOR: TAMARA LIBORIO DIAS TEIXEIRA DE FREITAS SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL.


BLOQUEIO DE CARTÃO DE CRÉDITO SEM PRÉVIA
NOTIFICAÇÃO, FRUSTRANDO TRANSAÇÃO COMERCIAL.
PRESTAÇÃO DEFEITUOSA DE SERVIÇO. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. ARBITRAMENTO EM VALOR MODERADO.
MANUTENÇÃO INTEGRAL DO JULGADO. NÃO PROVIMENTO
DO RECURSO.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e as discussões recursais para efeito de registro,


saliento que o Recorrente, BANCO DO BRASIL S.A., pretende a reforma da sentença
lançada nos autos que condenou ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de
R$ 1.000,00 (hum mil reais), considerando o bloqueio do cartão de crédito do Recorrido,
JONAS FERREIRA SILVA, na forma apurada.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.

VOTO

Não assiste razão ao Recorrente.

Como norma de ordem pública constitucional (arts. 5º, XXXII, e 170, V, da


CF), o Código de Defesa do Consumidor foi promulgado com o objetivo precípuo de
garantir o equilíbrio de direitos e deveres entre o consumidor e o fornecedor nas relações de
consumo, pautado nos princípios da boa-fé e lealdade, consagrando como direito básico do
consumidor “a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem” (art. 6º, III).

Sabendo-se da importância que adquiriu o cartão de crédito e débito para a


vida moderna, qualquer bloqueio, qualquer que seja o motivo, mesmo em havendo razões
jurídicas, para que se harmonize com o sistema de proteção ao consumidor deve ser
precedido de prévia comunicação, especialmente para preveni-lo de situações vexatórias,
sobretudo perante terceiro, respeitando, assim, a garantia constitucional de preservação da
dignidade, honra e imagem.

1
Na situação em julgamento, além de ser realizado sem prévio aviso, tendo
ele tomado conhecimento apenas quando buscou utilizá-lo, o bloqueio do cartão de crédito
do consumidor decorreu de razões inaceitáveis, não se duvidando que as faturas estivessem
pagas regularmente e havia limite disponível para realizar a transação comercial que restou
frustrada pelo impedimento apresentado.

Assim, sob todos os ângulos a conduta da empresa Recorrida se mostra


ilícita, apta a ensejar danos morais1.

Encontrando previsão no sistema geral de proteção ao consumidor inserto


no art. 6º, inciso VI, do CDC, com recepção no art. 5º, inciso X, da Constituição Federal, e
repercussão no art. 186, do Código Civil, o dano eminentemente moral, sem consequência
patrimonial, não há como ser provado, nem se investiga a respeito do animus do ofensor.
Consistindo em lesão de bem personalíssimo, de caráter subjetivo, satisfaz-se a ordem
jurídica com a demonstração do fato que o ensejou. Ele existe simplesmente pela conduta
ofensiva, sendo dela presumido, tornando prescindível a demonstração do prejuízo concreto.

Com isso, uma vez constatada a conduta lesiva e definida objetivamente


pelo julgador, pela experiência comum, a repercussão negativa na esfera do lesado, surge a
obrigação de reparar o dano moral.

Na situação em análise, o Recorrido não precisava fazer prova da


ocorrência efetiva dos danos morais informados. Os danos dessa natureza são presumidos
pelos próprios fatos apurados, os quais, inegavelmente, vulneram sua intangibilidade
pessoal, sujeitando-o ao constrangimento, aborrecimento, transtorno e incômodo,
decorrentes da atividade ilícita da parte recorrida.

Não se tratou, assim, de um aborrecimento tolerável pelo homem médio


que vive em sociedade e que deve se acostumar com seus acasos. Não se pode considerar
como razoavelmente cabível que uma empresa do porte do Recorrente trate o consumidor
com o descaso apresentado. Seu dever é primar pela prestação de serviço ágil, mas eficiente,
sendo inaceitável qualquer espécie de atividade que venha causar prejuízo. O consumidor
não pode ser obrigado a suportar as consequências da má organização e ineficiência daqueles
que devem um comportamento sem reparos, mostrando-se, portanto, absolutamente
escorreita a condenação do Recorrente ao pagamento de indenização por danos morais.

Quanto ao valor da indenização, entendo que, não se distanciando muito


das lições jurisprudenciais, deve ser prestigiado o arbitramento do juiz de primeiro grau que,
próximo dos fatos, pautado pelo bom senso e atentando para o binômio razoabilidade e
proporcionalidade, respeita o caráter reparatório e inibitório-punitivo da indenização, que
dever trazer compensação indireta ao sofrimento do ofendido e incutir temor no ofensor para
que não dê mais causa a eventos semelhantes.

- CÍVEL - DANOS MORAIS - BLOQUEIO INDEVIDO DO CARTÃO DE CRÉDITO - RESTRIÇÃO DE CRÉDITO


CONFIGURADA - PASSÍVEL DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - RECURSO CONHECIDO - SENTENÇA
REFORMADA - UNÂNIME - 1- A decisão monocrática merece reparo no que tange ao entendimento de que não houve dano
moral. Ao contrário do foi sustentado na sentença, os danos morais não decorrem do mero aborrecimento, mas sim da restrição
indevida ao crédito do autor, que se seu no seu próprio cartão de crédito, o que por si só é passível de indenização por danos
morais. 2- Recurso conhecido. Sentença reformada. Unânime. (TJDFT - Proc. 20090110253485 - (396390) - Rel. Juiz Flávio
Fernando Almeida da Fonseca - DJe 11.12.2009 - p. 113)
- DANO MORAL - INDEVIDO BLOQUEIO DE CARTÃO DE CRÉDITO - QUANTUM - O indevido bloqueio de
cartão de crédito, por isso recusado em estabelecimento comercial, causa dano moral, a ser compensado com base no princípio da
proporcionalidade. (TJDFT - EIC 19990110359924 - 1ª C.Cív. - Rel. Des. Fernando Habibe - DJU 26.07.2007 - p. 85)

2
In casu, entendo que o MM. Juiz a quo respeitou as balizas assinaladas,
tendo fixado indenização em valor adequado aos fatos, não caracterizando, assim,
enriquecimento sem causa da parte recorrida, nem ocasionando abalo financeiro ao
Recorrente face ao potencial econômico do grupo que integra.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e


NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelo Recorrente, BANCO DO BRASIL
S.A., confirmando, consequentemente, todos os termos da sentença hostilizada, condenando-
o ao pagamento das custas processuais, deixando de fazê-lo relativamente aos honorários
advocatícios em razão de não ter sido a parte autora assistida por advogado em qualquer ato
do processo.

Salvador, Sala das Sessões, 26 de maio de 2015.

Tâmara Libório Dias Teixeira de Freitas Silva


Juiz Relator

COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS


TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSO Nº 0109672-37.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: BANCO DO BRASIL S.A.
RECORRIDO: JONAS FERREIRA SILVA
JUIZ PROLATOR: PAULO CESAR ALMEIDA RIBEIRO
JUIZ RELATOR: TAMARA LIBORIO DIAS TEIXEIRA DE FREITAS SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL.


BLOQUEIO DE CARTÃO DE CRÉDITO SEM PRÉVIA
NOTIFICAÇÃO, FRUSTRANDO TRANSAÇÃO COMERCIAL.
PRESTAÇÃO DEFEITUOSA DE SERVIÇO. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. ARBITRAMENTO EM VALOR MODERADO.
MANUTENÇÃO INTEGRAL DO JULGADO. NÃO PROVIMENTO
DO RECURSO.

ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, WALTER AMÉRICO CALDAS,
EDSON PEREIRA FILHO e TAMARA LIBORIO DIAS TEIXEIRA DE FREITAS SILVA
decidiu, à unanimidade de votos, CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso
interposto pelo Recorrente, BANCO DO BRASIL S.A., confirmando,
consequentemente, todos os termos da sentença hostilizada, condenando-o ao
pagamento das custas processuais, deixando de fazê-lo relativamente aos honorários
advocatícios em razão de não ter sido a parte autora assistida por advogado em
qualquer ato do processo.

Salvador, Sala das Sessões, 26 de maio de 2015.


3
JUIZ WALTER AMÉRICO CALDAS
Presidente

JUIZ TAMARA LIBORIO DIAS TEIXEIRA DE FREITAS SILVA


Relator

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