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SANTOS, Milton.

Por uma Geografia Nova: da crítica da Geografia


a uma Geografia Crítica. 3ª edição. São Paulo: HUCITEC, 1986. CAPÍTULO III
A RENOVAçÃO PO APÕS.GUERRA:
A "NEW GEOGRAPÉ[Y''(1)

A Geografia não podia. escapar-_às enorrnes transformações


ocorndas em todos os domí''ies ciäntíficos, apOs-ã
mundial. No oue toca às ciências h"du.i;; trãti""-." *gr;ã; gueffa
mais de uma reiolggþ q.r" ,o"r-o d" ,-" gVdUção. paramuiro
co'tribuíram 16l¿Ëõõ Ërr"""iá¡r i- isso,
p¡-"Ëå-l iãäi' oå iroprio,
suportes do trabarho cienrífico p-rogr"åiru- "- ilülLJ iegu'ao
Iugar, as necessidades dos utilizád-o;Ës mudaram;
objeto da atividade científica se moãifi"ou.(zi -' e finarmente, o
os instrumentos de trabalho postos nas mãos dos pesquisa-
dores, os mérodos de aproximaçao'aa ;""üã"ã;;rããä¿ã,
disposição conheceram um desänvolvimento notáver,
à sua
o"ø" toã
(1) Entre outras obras qge dáo conta das novas teudências da
geografia: David Harvey, Eæptanøtìon ín eeoil"eii,-i""ãä]'ìo"ao",
1969; Jacquelùre BealjewGarnier, Lø Geograph,ie, méthoil,es et pers_
p::!::l__Mryson, paris, le?l; perer am¡rose -<ea.í, ¡nøtltiõat
lteogr.ïpny, r¡ongman, Londres, 1920, Z! ediçáo; Ft, Chorley, p. Hurnøn
Haggett
!ed'),-Frgntieîs ín geog-rd,phãcøi teøciLíng, io-nares, ur"tnuãí,'rõós-p. sro;
B-. J. L.._Berr¡2, D. Marble @d..), spøtî,aí"enøus¿si reiaei'¿i--sTaust¿cør,
Geograph'!, New yorþ prentice rräu, rso8 p. 512, "c. Beard,
P' .Eaggeùt, D. sùoddarü _ (ed.), prósress n. iñã"iãy;
7n cáosrapiv,-iniàñat¡onøt
teoì.eu¡ öl current resee.rch,, r.oia¡es,- aawaro eni"ro,
French e J. B. Iùactne, euøntítatioe anil euøtitøt¿o'" ,iå.-i,-rõog;
Càoiì"iñr, *u-
rr.
cessí.té itr'un Diølogae, (ôttawa, 1921).
(2) Euhn recusa o_ponto de vista segundo o qual a ciência
.

avançado por r¡nra cuidadosa acrrmulaçãi de aaaoï,- telia.


aproximaçáo cada dia
po*üi"do
"-"
_lqais estreita das'rearidad"". xirrirr--"t i¡ü essen-
cial im'ortâncla, na nistória
possam
Aas
-øencìas, ao fato de que novos para_
-""îilo"¿"îähavés
{iemrs aparecer e, força de definir
de novos esquemas' -comvez qu"' um- novo probrema""
¡ se apresenta,
E -irÃiå*ati",
_cada
novas problem¡íticas devem aparecer pararerame-ntæ.-
que permite tratar sistematicamente a
os paradigmas se sucedem u"" aõs- oit"ã", ¡ìa[dade s"ã;" "
'r¿rntes
mudaaças se verificam r" ;ht"-";
na medida "tJ-ä'îJriug-r.
em que imtror-
de as apreender. (Tlromas S. KuÏur, f96ãi. - das coisas ou na rranerra

39
um grande númefo de elementos novos tofnaram-se disponíveis. imperioso lembrar que estes últimos acabaram utilizando uma
Refeãmo-nos, particularmente, aos progressos da aìrtPm3ção Isso Iinluagem diferente. Esta, aliás, é uma primeira e indisfarçável
dotou a pesquiia de meios que, ao- ménos em afarência-, deviam
-
difèrença em relação à geografia tradicional. Esta buscava comu-'
permitir uma ¿eriniçao mais èxata das realidades, e_nsejando chegar nicar-sè através de uma linguagem acessível a toda a gente, mesmq
ässim à postulaçãõ de leis cuja pertinência pode, todavia, ser se alguns autores se esmerassem na apresentação de fatos e idéias
discutida. sob uma forma elegante.
Por outro lado, se a geografia "tradicional" se fazia, sob a'
Um tal conjunto dè.circunstâncias levou a atividade cien- influência das chamadás 'ãscõlãS nacionais", a partir dos anos
tífica a buscar direções aliernativas e a geografiq--não escapgu -à 50 e sobretudo a partir dos anos 60, encontramo-nos diante de
tendência. Quandoïe lêpm as publieações geográficas que, desde .,[; o"A" merodólógic4 .qu9__te_¡rl_a;rg sobrepg:-;g_ aos _exclusirtis-
r" ti".iu- em todo o ñundo, é praticamente irnpossível mos locais,
-
se manifesta através de organ,izações e publrcaçÕes --
""ta",
desconhecer a variedade de certos 'temas e a novidade do seu 'bus"ava
difundir-se por- Teio de congressos, colóquios,
próprias e
tratamento. A própria apresentação
-leitores de alguns desses e'studos Ceve professores etc., cobrindo uma área geográfica_ que
intdrcâmbio de
ter parecido insðtitä aos habituados à leitura de trabalhos
desconhecia os li-ites nacionais. Se o centro de dispersão dessa
publicados nas revistas especializadas antes de 1950.
tendência se confundia com o mundo anglo-saxão, os poderosos
Porisso se ouvia falar freqüentemente em uma "nova geo- meios de difusão de que dispôs fez com que se tornasse inter-
grafia" (New Geography) "que se queri.a catactetizar por ser não
-mäs -também em opo¡ição. e atê- me-smo em nacional. sob esse aspècto, a geografia reproduzia a tendência da
ãp"rru, àif"t"ot", economia e da política, que se mundializavam a uma escala que
cðntradição com a geografia "tradicional". A escolha da deno- antes não era mesmo possível imaginar.
minação não foi inocente. os defensores dessa nova linha buscavam A expressão "New Geography" supõe, sem nenhuma dúvida'
deixai clara sua distância em relação a uma geografia que' para ,rma preoårpação de afirmar como novo o gle aos seus defensores
muitos deles, não seria somente uma geografia ultrapassada' tnas p*tdu igriälmente ser único: daí, sua posição d9 luta' Porisso
sobretudo uma "não geografia".(a) ä vocábu-lo e o que ele contém terem provocado, segundoque as
Os caminhos assim abertos tiveram mais ou menos seguidores condições próprias-de cada país (inclusive políticas), reações
segundo os países. Desse modo, ao lado daqueles que,. aqui e iam ãesde- a indiferença ou a perplexidade a uma espécie de
àti] -u, coä freqüência diferente, prenderam-se , a princípios, combatividade que opunha os extremistas dos dois pólos, divididos
*étodo, e formas de trabalho herdadoi de um passado longínquo ;;tt" ;t' lo" atïmai'am a necessidade da nova tèndência (e rla
ou recente, fórmulas que alguns buscavam aperfeiçoar, - outros, nova denôminação) e os que mantinh-am a posição contrária.
também aqui e ali, bus-cavam alinhar-se naquilo que se chamava Entre os extremos encontramos um número de posições inter-
å;;';ovå; paradiþas" apoiando-se sobre métodos novos' Ê mediárias.(a)
(3) A respeito da "new geogtaphy", ler, em francês, optrllosopfrie
¡'rt'igo de A mesma batalha que a geografia havia conhecido durante
sylvie IÙimberi "Aperçu sur rã geog¡aphie théorique: une p'. a grande crise histórica dä qual11J emergiu- com pretensões cientí-
áäs t"crtoiques", L;esploce Geographique, vol, 1, ne 2, 1972 101-106:
ficãs no final do século XD( t¡avou-se de novo, guardadas as
.áS t"ntu,tioas dos fiovadores - se- orientaram então, para, quatro prin-
cilais ã¡j"tioo., busca de obJetividade de onde, por exemplo' o proporções, naturalmente. A tendência quantitativa, fria j Prâg-
-fatorial para
- desenterrar
faïor encäntrado pela análise
-iu-pq os fatores ex- itafi"u, teve como contrapeso uma vocação mais-especulativa e
plitãtivor; ãã"rto ã" na compilaõáo, na análise,. nal -cor-relações' mais social. As preocupações de um Maurice Le Lannou encon-
ãaf o
"e"r.ú"o
a intormãtica; simutaçâo de
difersrtemente
prováveis evoluções em
ponderadas, daf a impor- travam na Franôa e fora dela um eco apreciável. O enornre
i"r'a" ãã oã"i* bipóteses,
esforço de sistemãtizaçáo empreendido pol Maximilien Sorre teve
iñ-¿i; Aáàa as probdbilidades; apelo a outras disciplinas experientes no
tratamento de mrlltiplas variáveis. igualäente influência, emboia esse grãnde geógrafo não tivesse
---Ê;* ,ltti*o oU¡etivo de interdisciplinaridade ia além disso, buscando (4) IIma boa apresentaçáo dos objeüivos e métodos da chamada
trazer um corretivõ à tendência dos analistas de se especializate¡1 de ma- .,rru*-euog";prrv,, ¿ a-aaa poi Antônio christofoletti, no seu artigo "As
nèùã estreita¡ é sobre as "fronteitas", sobre as margens de diferentes Características da nova geôgrafia", publicado ern GeograÍiø 1
(1) p. 3-33,
äã"rf"i"r cientificos, que os teóricos pensalrlo ver se abrir o rnaior nrlmero abrit
de novos caminhos". (Sylvie trÙimbert, 19?2 p. 102) ' 1976.

4l
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discþulos em torno dele, faltando-lhe uma escola para os modelos, a teoria dos sistemas (ecossistemas incluídos), a tese
apoiá-lo
g,g-"igï seu pensamenro. Esse apoio t¿ioü,-.io¿"øu, u da difusão de inovações, as noções de percepção e de comporta-
(ieorge_
Trerre cujo trabalho, murtiplicado "a"
e diversifióado através mento e, da mesma maneira, as múltiplas formas de valorização
cos seus estudantes, hoje frutifica. o mesmo se pode dizer do empírico e do ideológico. Buscaremos dar, nos capítulos
de outros geógrafos linda
franceseJ e de outras nacionaridddes, assim seguintes, um quadro sucinto das suas tendências principais, antes
como sauer e Hartshorne nos Estados unidos. uma de tentar uma crítica do "coisismo" e do ideologismo que as
tendência
neomamista tentou igualmente se impor entre o final
dos anos 40 caracterizam-
e o final dos anos 50. O qle essä tendênciu ,"pr"r"-o:torr, bem
como as dificuldades qu€ a -levaram a um quasó aborto fo¡am
obiglo de um nosjg ùtg." publicadà em 19-75 na revisra geo_
gráfica norte-amerieana Ã.ntíþode. tã¿avia as
velhas tendências
(como, e sobretudo na Frånça, a- vocação regionalista)
eram
e, no confronio'"o- a .ñew cã"grapíy,, pare_
:*1"f^"_t"-sas
9t_1m ganhar um vigor que a própria luta costuma- emprestar as
idéias aracadas. Assim, ^ as te¡i¿eåãiã, ^-ãi--".ïüäJ¿äTäri*,"ru-
a terrível vitória de impedir que pontos ¿"
pudessem chegar às úrtimas c'onseqtiências. "iitu-mais- lúcidos
prisioneiros da esrreireza ecorógica rãaãr*t"årinaram
ou
-i9"- tr";ããäip;;ö! eit"eita¡, e
acabaram rrabarhando com uma-rotariàaàe ""ãrãeiã
g valorizar o "não_feal'r. :-:r':Y:. _assim

Aliás este últim6 é, e_xatamente, o lugar comum em que


se
encontravam as velhas tendências, seus sucJdâneos
e as tã¿ências
gue se chamavam "revolucionárias". pensando ..New
"o-tateiã ma_
Geoeraphy", a geografia tradicional termino* põiãl"A¿_ìa,
tando ovg possibilidades
gena. lo -as de uma renovaçãõ de origem endó-
sem falar nos que, de maneira mais o"u ñ;", ;b"rta, ou
mais ou menos tímid¿,-"""Oaram por,"iã"¿ã, täáili;
adver_
sária cuja difusão, de uma forma ó,, d; outra, tornou-se
mais fácil.
Todavia, o debate não se interromFeu. Vozes isoladas já
discutiam sobre o d_e_stino oa geogrutiu mesmo antes
dos últimos
anos da década dos 60, que maicaã os primeiror d;;;;";;lamenros
com o quantitativismo, dentro do seu- próprio
"u-lo.---
Diante de um debate. tão-grave, porque solidário
e do futuro de nossa discþdía, óJL"_oor, do presente
constatar a exisrência da chamada "Nelry
em primeiro lugar,
ceógtalnf';,
está completamente qort?, e em seguida, conhecer îãirhu "ao
siste, quais as suas finalidades, .rru" otiãä ;;"*'-äãä,
em que con_
qour
g ¡3¡-oþíeto (ou mefhgr se's objetivos) antes ã"-ãpl-.liä ,"o,
debilidades fundamentais.
A chamada "no_va geografia" se manifestou sobretudo através
da quantificação. Mas èra utilizou iguarmente ;"-;;ilrtuàentos
42 43
I

, CAPíTULO rV
. A GEOGRAFIA QUANTITATIVA

fan Burton escrevia em 1963 que a revolução quantitativa


havia feito de nossa disciplina uma ciência respeitávef.
A_ procura de uma linguagem matemática em geografia era
o resultado de uma procura de cientifismo que a -geõgrafia já
hayia tentado, sob outras roupagens e em outros momentos. Os
métodos matemáticos são coniidèrados como os mais precisos,(1)
os mais gerais e os mais dotados de um valor de previsãõ.(z) Tudo
isso seria obtido por uma combinação onde aJ análises de sis-

_ Acontece que a possibilidade de separar as variáveis é a


base de um trabalho quantitativo. Uma vèz que este deveria não
apenas permitir apreender as diferenciações mas também conta-
þiliz{-l¿s, as possibilidades de explicação encontrar-se-iam refor-
(1) "O uso de técnicas estatísúicas, se corretamente utilizadas, Þêr:
Trte uma rnaior precisãþ (...) os problemas práticos e metodológicos
da geografia sáo de tal natureza que a utilizaçã,o das técnicas estãtÍs-
tl9as é adequada para exercer uma forte atraçáo',, t, A, '\trrigley,
1965 p. 17.
<2, "Ainda que as d.escrições verbais freqüentemente se constituam
nos prineiros passos pa,ra o desenvolvimento de uma teoria, elas sáo
meqo_s precisas, menos gerais e de um valor preditivo ürenor que os
mod.elos matemåticos. Logo, não deve ser surlrresa que os pes-quisa-
dores tenlram tentado utilizar tais métod.os para, os à¡udar na com-
preensão e na predição da difusã,o de inovaçáó.' (Karlel e ßar¡el, 19?2,
p. 46).

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çadas e. se estaria, pois, capacitado para construir modelos que Línearidade, colinearìdade, etcoetera
não seriam só descritivo*
-äs tambéilr prospectivos. A previsão
assim obtida não seria inruiriva ou ,ã"tiÀ"ät¿;-riä; ,irtãlrr¿ti.u. A procuia de uma causaridade assimilada à linearidacre é
uma vez mais nas ciências exatas as ìnatogias uma preocupação daqueles que utilizam os métodos quantitativos
,-r,-Il9:,_l-l:curar
Inflspensâveis a uma aplicação, sem maiores escolhos, dos métoãos em geografia. Bem no começo de seu artigo sobre bs modelos
quantitativos, a utilizaçao ãos- números responde
pação permanente de m_edida. É justamente para u'rr-u p.ro"o_ migratórios, Barry Ridelt nota que os modelõs de regressão o'esri-
chegar à veram entre os instrumentos mais utilizados na procura da com-
apreensão e à definição de multivariáveis que sË preensão dos processos espaciais complexos e multidimensionais.
apficariam ao
estudo do espaço métodos como a análiËe de .i.i.*u,
construção de modelos. De.fato, pode_se dizer que ea Para ele "as hipóteses da linearidade, da normalidade e da multi-
. . lot
da análise de sistemas e de modelór!- g"ogruria pËnaè-se ]
ôa,rçao colinearidade do modelo são condições de base pata a estimativa
dos parâmetros. Ora, a própria hiFótese de bãse é falha. Um
causa e como efeito à famosa ..ievõlução^ quantitativa,,.
"orno processo multidimensional não pode estar contido em um modelo
- se-apoiou tru q,rutiiii"ää;-;;;ióprio
teoria difusionisra também A
linear porque lAg qe trata.aqui de procurar relaçôes de causa
Hagerstrand (1976) palece häver loirr""roo os argumenfes.(s) e efeito mas de estabelecer a rede de causalidades em difeientes
Ûü9ir, o que seria melhòr chamar de'¿contexto". Não procedendo,
àssim, trabalha-se com variáveis "independentes', comð o próprió
B. Ridell teve que fazer para poder apiesentar o exemplo airjcãno
que serve de base à sua tese. No estudo sobre a Serra Leoa,
., ac.rd.
.P" em ::::: raîzesda quan,i_ ele parte de hipóteses a pùorì emvez de partir da própria realidede.
ficação ":^::::::::,;
geografia não residem nas estatísticas modernas rnas Seu ponto de chegada é, como seria de esperar, um novo exercício
na arte e na ciência da cartografia. Sem iratáua-r" ¿" de empirismo abstrato cujo valor para o conhecimento concreto de
uma forma diferenre a9 q¡aãlticação, dúvida, ,"tuiao ããro uma uma realidade concreta é pequeno.
geografia detenninacla e "uti-Iizada paia "_ "J".*iðäo Amadeo e Golledge (p. 82) indicam "a possibilidade de
ãut", *ui,
exata e não como na era moderfa da quantifi"ucaã,-ã¡"ntada
"r"u ocorrência de relações não lineares" através 6s s¡emFlos que
para objetivos de explicação em um quadrï p..UãU=iil*ii*,,. incluem correspondências descritas sob o nome de relaçõès "øxþo-
.. As diferentemente.
plicadas
vantagens do método quantitativo também foram
ex_
ne.ncíaíf'. "Suponhamos", dizem, "que temos dois grupos de
números. Associado a cada número do primeiro grupo-existe um
Não re ä"¡r" a da comodidade,
sendo este termo aqui empregado como "rquecer
sinônimo de facilidade. outro nrimero no segundo grupo e as relações que toffram especí-
I9.! ptouuvelmenre.iem irbniã, que o geogtatã- ingrer- Áu" ficas a natureza da correspondência entre os números exatos em
wilson (1,969 p. 23o) escreveü øqe ..,o giodato t"ãf;* c. cada grupo,chama-se relação funcíonal. O primeiro grupo cons-
dizer quanriratiïo) não rem ii" qo",
ä" í"i-õ¡gi"*iãoìãot" ,r* titui o domínio da função. o segundo grupo constitui o-nível da
matemático ou um estatístico". """"riiáua"
E t m outro, neste ãaso ¿eritiåãu- função,etc.". I{as, de fato, este alinhamento de correspondência,
mente sardônico, diz que "na rearidade é iomp"ruü"uÃ*ì longe de suprimir a linearidade, somente a multþlica. -
em Geografia descrever padrões bastante co-þexos e c,âeir
tar-o. Este mesmo fato é expresso de forma ligeiramente diferente
matemáticos.sem mesmo-compreender os-
inteiêm',. Euiot de"-base que em um relatório feito por Sylvie Rimbert (1972 p. 103) sobre
+:r alfr:-; f) dá-procêssos
"a simulação da difusão à-e ino'iações'através d.-
*".*õ-oã ãiempro:
sern a
os métodos de análise de variáveis múltiplas em Geografia: ,.afir-
mou-se gue a geografia era uma ciência de relações entre muitas
þessoas aceitam"rp"ó;
compreensão de porque algumas variáveis observadas na paisagem. Estas relaçõei podem ser pre-
a^ iioíaçao e
outros não". cisadas através de métodos estatísticos indutivos que associam as
varídveîs numeradas inicíalmente duas a duøs, deþois em grande
- (3). ".A.
chocante
ordem esplcjarl na adoçã,o das inovações é muitas
que ela constitui vezes tão número".
delos tæóricos que simurern "-a
teåiãCeõ-para que tentemos criar mo_
o" processõs
certas precisões", T. Hagerstrarìd, rsoì p."'t"çam com que se obtenï¡am "A ligação que pode existi¡ entre a série de valores de uma
i_ez. variável e a série de uma outra variável é expressa por um certo
46
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grau de correlação que é geralmente calculado sob duas formas:
o coelíciente de nível de spearman (1905) para os pares de as estatísticas alinhadas pero simFles prazer de manipurar
variáveis, o coetíciente de correlação de pearion para meros' as classificações com as quãis si pretende ,¡ririõ"u, nú-
þares de a realidade". t"ou
variáveis mensuráveis. Estes dois Coeficientes tomrri valo?es com-
preendidos entre * 1 e - 1. (Jma vez calculados os coeficientes Criticando a utilização da qu_antificação na Biologia, Bergson,
de corr-elaç|g um grande número de pares de variáveis po-
-p_uru
de-se classificá-los em um quadro chamadó mafiíz de correracão :11{. em D'Arcy Thomp-so1 çistt p. izt)aiz nu;-;?J cálcuto
annge ao menos certos fenômenos de destruição-orgânica,,,
que, em alguns casos, pode tornar-se a matríz de dados para a ao
passo que "os fenômenos de, que cõnstituõn propria_
aruálíse fatoríal. Esta írltima operação consiste em substituir o -evolução
mente a vida, não podem ser objeto
quadro dos coeficientes por outro, muito de um tratamento matemátîco,'.
-¿is simFles, onde só
apar€ce um número limitado de tatores índependenrelque explicam E whitehead (1938 p. L27) condena as formas de
as ligações existentes entre diversas variáveis." eno" (modes of erlor) qu9 a matemática pode"novas ocasiõnaa princi_
Em seu comentário do método de Tinbergen, Keynes (tg3lg porque ela intioduz ..a dourriou'du f;r-t d;piovida
p. 558-56,8) perguntou: "Estarei correto pensindo quê o método filT:J"
de vrda e de movimento". Dai a afirmação de E. r. Bitsakis
das ,correlações múltiplas (quer dize4 o método esîatístico) de- (1'934 p. 31), segundo a qual a matemát-i"a ,*ria-,,,im'reflexo
pende essencialmente de que o economista elabore não meramente abstrato e mediatuado do rèal..."
uma lista de causas significativas, o que pode ser correto, mas
uma lista -s6mpleta?" (. . . ) "o método só ét apreæiâvel quando Entre os economistas a utilização de métodos quantitativos
o economista ê, capaz de fornecer, antes de tudo, uma -aoálise foi freqüentemente combatida. o mexicano Alonso^ Águi*
correta e completa dos fatores signifiç¿giyes". Aí se encontra fez em seu livro Economía polítíca y Lucha sociar e A. 'pinto "e
toda a dificuldade (e toda a rraquez-a) da análise de fatores, O. Sunkel (1966 p. 83) escreveram que .,o uso de métodos
matemáticos não é o único caminho para atingir o rigoi cientí-
,apesar do entusiasmg qte o métodõ suscitou durante um tempo fico".(4) Bauer (L957 p. 11) é menäs perem'ptório.-"para
bastante considerável. David Harvey (1969 p. 943) forneie
uma lista de geógrafos interessados néste assuntõ e dos trabalhos "pode ocorrer -que a quantificação de uma ritouçá" oão se¡a "le,
gue eles realizaram. Michael Mc Nulty (1969 p. 164) lembra representativa de seus aspectos mais importantes".
que entre os primeiros estudos que utilizaram èstavam os que o abuso das estatísticas foi também objeto de crítica. A.
-
tomaram_ como objeto as cidades inglesas cujo objetivo era ..cole?ar Cuvillier (1.951 p.- 165), rrm sociólogo, nos tembra q.rË llamais
e classificar o material obtido, indicando- as iemelhanças e os uma acumulação de d19o: brutos, jg-3i¡. umsimples'registro
contrastes para, em seguida, classificar as cidades sob õ critério de
fatos particulares, constituiu uma'.íêrr"ra..r_--
de suas características sociais, econômicas e demográficas".
- F.ste _procedimento, após ter sido largamente seguido, foi .I/m tutu1ologisra, Andrew Shonfield (tg6g p. 26) considera
que "as
aband-onado por aqueles mesmos que o haviam utfizado no estatísticas só tê.m.significação qùuoao;; üár-ãpt"u
u
passado. Brian Betry praticamente ô repudiou, no capítulo que imaginação social especulativa"-
para o liwo Dírections ín -Geogrâphy,
",iituao iói
.ele _escrweu De uma maneira geral, a quantificação é o obieto de crí_,
P. Hagett.
principarmenie de tilósofosÌ Je
*".-,H.":lo:s e,,goderíamos atinhar muitas mais."itu-ãr-"ã
àpinião
Medír para relletir ou retletir pnys medir? 9"^-yg-!:_o"1! Bachelarå (Za
Íormat¿on d.e I'Esprit ..É preciso
-Scientífique p. 213) dina:
refletir para medir e não
Entrg _os geógrafos, e antes mesmo da querela atualmeute medir-para refletir',.
vigorosa, Max. Sorre (L952; 1974, tomo II) diäia que a geografia G) Para, A. pinto e O. Sunkel (1966- p. gB), nem todos os pro_
era *rrrna meditação sobre a vida e não sobre a- mofié", reto- blemas econômicos podem ser tratados em te'rmãi-
mando uma frase de spinoza. E ele acresqentava que "a morte gue podem ser analisados matematicamente não äü"tilùiã;; äquetes
3ão ¡o"cà.1*""tu
era dada pelas aparências, pelas descrições meramênte formais, impoJtantes, e a utilização dos métodos mt""t¿tiËõ"-ãão e o,
lrlis
uruco caminllo para atingir o rigor científico. o

48
49
Os problemas da abordagem quøntitatíva
grâfica mais simples". A novidade ê a utilização das matemáticas
ran Burton 1963 p. lsL-162 classífica os adversários cla modernas não apenas para o tratamento dos ãados tu-ue-
geografia quantitativa em cinco grupos: O primeiro é o dos para sua coleta e como forma de expressão dos "o-ã-
resultados.
geogratos ..revolução quantitativa', A segunda_questão é saber se o novo paradigma só pode reali-
-que logo de saída recusam a
e a consideram zar.-se através da geografia- quantitativa. -A
como capaz de levar a geografia por maus quanti_
caminhos. O segundo grupo é constituído þelõs geógiafos que tativa ou simplesmentJestatísfica se_rá pouco útil "oãtriboiçäo
;, il;;;, nociva,
consideram a carta suficiente, para e4primir as correlações que sem o conhecimento sistemático dos-mecanismoi.
caracterizam-.a o4gantlação- d9 espaço. Um terceiro grupo ^de Mas a contemporaneidade do aparecimento destas duas abor-
opositores afirma que "as técnicas èstatísticas são adequadas para dage-ns,. paradigma e inétodo, assim iomo seu paralelismo, podem
alguns temas geográficos, mas não para toda a geogräfia',. ù-u conduzt, pela lei do menor esforço, à melhoiìa dos mét-oâos de
outra ordel de- trabalho, sem melhoria paralela das concepções e da teoria. E
-obiesões é mais abrandada: as- téðnicas quanti-
tativas são desejáveis, mas os númerosos erros de aplicação- deve- isto é- _preciso evitar, em nome mesmo do- þrogresso da ciência
riam desaconselhar o seu uso. um último grupo piefere levantar geográfica. E. Llllman (1973 p. 272) notou bem este problema,
críticas de natureza mais pessoal: para estes- a^quäntificação seria quando escreveu que era um equívoco pensar que o método
uma boa coisa mas os geógrafos quantitativoj não seåam tão quantitativo constitui um sinônimo de anáiise espacial. ..Os mé-
bons... todos quantitativos", diz ele, ..podem ser utiliãados na maior
Mas existem críticas ainda mais sérias a fazer à geografia parte das abordagens em geografia, mas eles mesmos não cons-
Quantitativa'(s) tituelr a geografia; eles seriam uma condição desejável, mas não
suficiente."
paradígma ou método?
A obsessão com a qu,antificação e a medida encorajou geó-
grafos como D. Timms (1965 p. 239) a afirmar que na'faltã de
Seria a geografia quantitativa um paradigma ou um método? medida- e de- exposição precisa e objetiva, uma comparação e
A geografia "teórica" ou ..teorética" ãtribui-se um novô
paradigma, o estudo "locacional" e se envaidece de utilizar novas Ipl abstração(1966) _precisas tornam-se impossíveis. Comb eiplica
abordagen-s teóricas como a análise de sistemas, e seu coûespon- lhilip ltone "o grau a partir do qual um instrumento
de medida é; 9apaz de_atingir osbb¡etivos para os quais ele foi
dente, a elaboração de-modelos; mas também a, preo",rpaçõe-s de l
construído define a validez do conteúdo", lver D. W. Moodie,
prospecção e previsão, fruto de seu engajamento coñ a plánificação. l97L p. _!+gl. Termina-se por tomar nosso ponto de partidá
A geografia quantitativa seria ãpenas uma metõdðlogia'oo- no aparelho de medida e não na situação a Jer medida. Este
um.pro-cesso empregado para a rcahzação do paradigma com o privilégio dado aos métodos e às técnicas é uma das fraquezas
apoio de uma ou de várias abordagens teórièas. ñerse mais graves da geografia chamad¿ fs6¡sfis¿.(o) Não é ãricil
cabe-nos então perguntar se existe tfua indissociabilidadã "uso, entre cair na crítica de Norton Ginsburg (1,973 p. 2) para quem, nestas
paradigma e método. Essa questão talvez deva ser analisada sob condições, "o inquérito teórico torna-se primariamente iuboidinado
dois ânqulos: a preocupação de quantificar tena existido antes àqueles assuntos susceptíveis de aplicação mais conveniente das
mesn'o da geografia
-qua¡titativa? Þode-se responder afirmativa-
mente porque os geógrafos (6) Em .'Marxismo e Sciènze della Natura,', Crítíca, Møræîsta,
sempre procuraram apoiar suas afir_
mações em estatísticas_e em inquéritos que eles niesmos freqüen- ?lo 10, ne t, 1.972 p. 222, G. p. lembra ..a contraposiçào entre a formaçd,o
temente realizavam. De fato, -H. groõkfield afirma (L96a p.
diacrônica e a materlítica (inclusive a cibernética, em um cérto sen-
tido) , como ciência .estrutural, do sistema sincrônico, . . ,,
300) que "inúmeros dentre os melhores trabalhos deriìados da Bertrand Russel (1924 p. 804), ¡eferind.o-se a Bergson, escreve que
aplicação das matemáticas à análise das distribuiçoes naãà mais "a -verdadeira mudança somente pode ser expricada p-.rr -ä""àião o""-
são que um refinamento e uma sofisticação da -descrição geo- dadeira; e isto compreende uma interpenetração ¿o pässàao -õ-Ë"userrte,
não uma sucessáo matemática de estãdos esiatÍsticoi.,,
(5) P:ara a, crÍtica da geografia quantitativa, ler também c. De- -ortega
y Gasset já escrevia em 1986 (1969 p. 292) que a ciência da
mattels, 1970. qod? é crreia de problemas que são deixados intactos piro iaiã-ã" que
sáo lncbmpatÍveis com os métõdos.
50
51
-ll
técnicas disponíveis".(7) O grande equívoco da chamada ..geo- zina a se cair nos
.erros do passado. B- p"r.y (1965) reconhece
I
grafia quantitativa" foi o de considerai como um domínio teóiico a imprescindibilidade dos co-nceitos quando .Ë tì;í."ää ïùtiruçao
o que era apenas um método e, além do mais, um método discutível. dos mérodos quanrirativos. Mas umä-coisa ã piiñ
_De fato, a expressão "geografia quantitativa', utilizada para elaborados a partir da realidade concreta e ä äänceitos
exprimir a existência de uma geografia nova, introduziu um certo aplicação de uma epistemorogiu
outra coisa é a
mal-estar e confusão. A expressão "geografia matemática,' ou parâmetros "st"r"otipàou,l¿J"råä"ã]ir¿" o,
"quantitativa" pode, na realidade, aplicar-se a qualquer dos para- .procuram sua tegitimidade em outros parâmetros e
não nas coisas e aeontecimeñtos comb,r"*r,.-""íåäTà
digmas da geografia, novos ou antigos, mesmos aos que -hoje sentam objetivamenl".. A abordagem quantitítiva upr"-
não são mais válidos para nenhuma escola. A quantificação à construção de modelo,
r;;;ii" iämocm
representa apenas um instrumento ou, no máximo, o instrumento. p"rigo assioata¿o pã,l.'O. U.
'i¡¿
Broek (1967 o. 50 e- 1!{..u19J,
105).tsl
-utir,"u mesma ordem de idéias,
Seria melhor chamar a atenção sobre os aspectos mais teóricos Eliot Hurst (1973 y. 4g
ou conceituais, quer dizer¡ sobre os próprios paradigmas. O que qu"-ou paisagem u _ãio, p"rt"
daquilo que g objeto de nossa e"þ.ãiê""iã;;-ä
continua fundamental é a construção teórica.- análise quantitativa. irr*"friiu"r a"
Não existe oposição real entre quantitativo e qualitativo.
Alguns desejam fazer disto um assunto de discussãõ, .mas a
realidade dificilmente autorizaria esta disputa. Tudo o que é
apresentado sob uma forma quantitativa é a transcrição numé- O pecado tnaíor
rica de um fato ou de uma previsão baseada em uma seqüência. Omaior pecado, entretanto, da intitulada geografia quanti-
Se não se consegue separar certas variáveis já se trata de uma tativa é _

outra questão e refere-se mais ao nível dos progressos já reali- -que,ela desconhece tota'lmente a existêñcia-ãã1.-po
suas qualidades essenciaig, A apricação corrente das matemáticas"
zados em matéria de teoria do domínio científico em questão. ¡ à geografia pelmite trabarbar
É aqui que o problema se torna mais agudo. É da maior r""".riuo, au*!är,.rcao
"ro "riãgior
espacial mas é incapaz de dizer alguäa sobre
--o-
que se
ou menor capacidade de separar as variáveis de uma dada situação encontra entre um estágio e outro. Temos, "oisa
que depende o sucesso da análise qualitativa e das tentativas de assim, o_u ,"pro_
uma análise quantitativa. Isto nos leva a uma guestão bem mais {usão de estágios em sucessão, mas nunca a proiriaìucessão.
Em ourras- patavras, trabatha_se'"o^ ,"rult ãri ilãí
geral. A aniálise das realidades geográficas não pode ser válida
sem a possessão de um armamento teórico susceptível de reconhecer
são omitido!, o qu9 equivale a dtzer que os resultados "i ]ior"rro,
poden
ser objeto não propriaménte de interpretåção,
em cada variável seu valor respectivo. -* ¿.-ãirãficaçao.
Desde que é preciso separar as variáveis significativas, trata-se Pode-se conhecer uma coisa desconhecendo sua gênese?
espaço que a geografia matemática pretende reproduzii O
de as definir bem. Esta definição não é feita fora do quadro não é o
de um julgamento de valor nem de uma posição teórica que espaço das sociedades em movimentd e sim a rotogratia
dã-alguns
imFlique uma escolha. Mas principalmente em função da reali- de seus momentos. Ora, as fotografias permite,ä apenas uma
dade concreta e seu movimento. É neste sentido que se pode descrição e.a simple_s deicrição nãã pode -jr-"ir;r-'";;;ndida
falar de precedência do qualitativo. Quando esta escolha é feita, cgm- a, e4plicação. sorgnte esta podã preiender
ser elerrada ao
pode-se então passar à etapa seguinte, à procura dos modos de nível do trabalho científico.
contabitizar os fenômenos. Esta etapa torna-se indispensável se
se deseja apresentar resultados com um mínimo de rigor mas
também para refinar a elaboração de teorias.
Trabalhar em outra direção equivale à supressão do esforço (8) ... "o interesse que existe aüuarmente nas análises matemá_
de considerar explicações e porisso mesmo eliminá-la. Isto condu- tico-estatÍsticas d.e sistemas ãu a¡'t"t¡u¡ìao à_ ae açáo
aumenta e refina nossos conceitos_ ae ietaçoes recíproca no espaço,
(7) Para V. A. Anuchin (1963 p. 53) "a, introdução de um método tanlo, o perigo d,e dar. excessiva impoitaricia a".i.¡p"ããã"i- s;Jã, e,,tr"-
novo náo resulta automaticamente na criaçã,o de um novo tema de rest¡ingf¡ia os rrorizontes da geogråfi" ã- u reduziriaes-tes ïoi, ur"
abstrata de relações espaciais.', J. ô M. Éroek, rS6Z p- a unra ciênciô
pesquisa". "Ãp.øõã,
fiS.-
52 t 53
'n

CAPÍTULO V
MODELOS E SISTEMAS: OS ECOSSISTEMAS

A análíse de sîstemas
A análise dos_sistemas(1) prestou grandes serviços às disci_
plinas exatas para g progresso äur q*ií"Ëil;úï:
menos vinte anos é tãmrém uririz¿.f, peus ir,e puo
geografia é dentre eras tarvez, a rúrtima ciencia;î;;;"r. A
¿ ufirizar-ss desse método.tzr
(1) "A prÍ:raeira concepção de um sistema gerar
por Ludlsig von Bertala"tti fol t rhoduzida
Aãpo¡" da segunda guetra mundial.
Mais tarde' tornaram-se conhecid.as
-poq"-J
ai àoncepcães ae -JùËõs
enúre as quais'IV'. nose Asbhy. -O"-"rtoao" autores,
Pesquisa dos sistemas da Sosteáade para a
.$erg,Is iËð"iuw ö _ceueral svstems rùesearch)
foram de srande rmoortância pr"ã
siste'as". Jiri Krir. "nt" cãã-ui"iõ-ã"rõivolø-ãito ãäî.îËu'äurar d,os
Ë'õ""* as a Methodotogfõal TooI,
General Sgstens, voi. x, lg66 p. Zg.
Entre outros a co-nsultar, veJam_se: p. Ifall eü FÙ. t. Fagen
"Defini'on of system',, e"rrínà|"Çsüms,á,.yot. r, rsso,-R..i.
s. ß. Gupra, J. s. ttrøas, måînoai-oehieríålc
-;;"rär"h
Ackoff,
císíon, New york, rso_2. r.uowiá
-saenttÍiå- Ðe_
ceorse Btazvilte'- New york, vdi-d"ã;i)ant_rn
réoe.
-ãr"i, eenerií sîJíå. Theory,
Fra,mauortcs, Macluiuan, r.";ã";;ïbzo,-Ë; li:_*;; sÃíiri;- ¿notyr¿"
blicasã,o), sssterns rn¡itc¿ns, tu;b-tã*éïî" cra pu_
pãã'd;'äoãk",e.1969:
Q) ¡{. resneito da análise de sistemas em geogïafi&, ver entre
outros: M. D.-r. cHsnofm,-c9"ã""r"ËT"äms_
Trans. rnst. Br. Geoqr. a ír. Ea-li.- A. ê: Theory and. Geograph¡
of spaúial distributioi mode,is", T'ro, ;ã *uti"aìãi theory
"Gemorphologv and
Tãñ. ü. 1n zbg-26g. R. J. chorre¡
ivst"*.-iniã"yú, pror.
suîo. ã00-8, Brian J.-gelerar n9nü ;Gtiãs-á" sv.tem" paper tI. s. Geot.
within systems of
cities", pøp. Res. scã. á_ss,
-r,.
rf Ë.'r¿i_ää äç* o. Mabojunge, .,systems
ù nuraíjur¡ã" -ol'i"äuon'
fåf i:ål f:r åi?sÏ c e o i r-åÑiä¿ Ànøts si s,
¡. Segundo curu¡ar O.llsgq (196? p. 18) ..a "
relactonada, t *rèorì-ãód'a-"íeorta noçã,o de sistema espacial
coeo lL
9:tuu-
fol proposto Dor v.orl eé*ala"ffy -ir'6sf, gerar dos sistemas assim
-Bõ"IäiË-
a "anáIise de sistãmas" u rsOzl ; (1956).
uma rloda com a escola de "-11t"ãñ-"g"ä dos sistemas,, torãaram_se
aorustãJ exem_
"õäri" "up"uãuîä¿";ä
1' 55
O espaço, objeto essencial dos estudos geogriáficos, sendo mática porque simplesmente podemos agrupar elementos segundo
considerado como um sistema, todo espaço, independente de sua uma hierarquia de classes em que cala classe superior representa
dimensão, seria assim susceptível de uma análise correspondente. um elemento em um sistema de'ordem ainda mais elevada".
Haveria assim entre os diferentes espaços e os sistemas correlatos, Na opinião de Fred Luckermann, "o geígraÍo deve conceber
uma espécie de hierarquia; e isto contribuiria para explicar as os pontos da terra como partes de um sistema relacionado uns
localizações e as polarizações. com os outros, segundo diferentes níveis de interação (î.n Abler,
Para Chishotm (1967) os geógrafos já estudavam o espaço Adams, Gould, \97L p. 54). Todavia, na análise de'sistemas,
em termos de sistema, apesÍrr de fazê-lo sob diferentes denomi- o fato geográfico está contido na definição de "elementoo' outrora
nações. Ele menciona, por exemplo, os ciclos de erosão e as utilizada por David Harvey (1969 p. 452), isto é, uma "unidade
regiões funcionais. E outro geógrafo, B. B. Rodoman (1972 de base do sistema que de um ponto de vista matemático não
p. 114-118; L973 p. 100-105) mostra como esta forma de tem definição". Assim, diz o mesmo autor, "a análise matemática
proceder jâ era conhecida na União Soviética apesar de a ex- dos sistemas pode ser feita sem que se precise leva¡ em consi-
pressão "sistema territorial" ser recente.(s) deração a, r'afiJreza dos elementos". Isto levaria, sem dificuldade,
As cidades e as redes urbanas, são também consideradas em a umâ tautologia: "a utilização matemática {a teoria de sistemas,
termos de sistema. Para Brian Berry (J964 p. 148) "a teoria para avocar problemas substantivos depende intensamente de nossa
capacidade ds os conceitualizar de forma a tratá-los como elementos
urbana pode ser encarada como um aspecto da teoria geral dos
sistemas". Richard L. Meyer (1.965 p. L) tem a mesma opinião; em um sistema matemático", (D. Harvey, 1969 p. 45).
para ele "a cidade é um sistema vivo, complexo e podemos É um beco sem saída.
'Um
estudar e analisar sua anatomia e sua composição da mesma sistema se define por um nódulo,, uma periferia e a
forma que em qualquer outro sistema vivo". energia mediante a qual as características pioneiras elaboradas e
No seu artlgo clássico "Cit5l as Systems 'With;n Systems of f localizadas no. centro, conseguem proietar-se na pedferia a qual
cities", Brian Berry escreveu: "os resultados precedentes apontam será então mobificada por elas.
para uma direção: as cidades e grupos de cidades são sístemas É somente a partir deste esquema que seremos capazes de
susceptíveis do mesmo tipo de análise que outros sistemas e apreender sistematicamente as articulações do espaço e reconhecer
caracterizados pelas mesmas generalizações, construções e mo- a sua própria natureza. Isto deveria possibilitar a definição, de
delos (p. 158). manei¡a exata e particular, de cada pedaço da terra. Cada sistema
A este respeito David Harvey (1969 p. 453) observa com espacial e as localizações correspondentes aparecem, então, como
uma certa ironia: " . . . a noção de sistemas contidos em sistemas o resultado de um jogo de relações; a análise será tanto mais
no interior de outros sistemas continuando assim até o infinito. . . rigorosa quanto sejamos capazes de escapar às confrontações entre
é uma idéia atrativa. Ela não tem dificuldades de ordem mate- variáveis simples que na maioria das vezes levam a anáIises
causais ou a relações de causa e efeito que isolam artificialmente
plo, por Chorley (1962, 1964), AJo (1962), Ackermann (1963) e Curry
(1964). Fïeqüentemente, porém, os autores diferem quanto å¡ - com- certas variáveis e impedem de abranger a totalidade das interações.
preensão dessas noções. $smFre um sistema substitui um outro porque o sistema espa-
A' respeito da "teoria dos sistemas" ler também, A. Christofoletti, cial é sempre a conseqüência da projeção de um ou vários sistemas
19?6 p. 43-60. históricos. Como o espaço contém características das diferentes ida-
(3) .{s quantidades, a escala, as relações entre estas quantidades e des das variáveis correspondentes, tal enfoque deveria permitir
as proprÍedades que determinam estas relações sã,o os traços fi¡nda-
mentais de todo sistema, independentemente 4.- ¿isciplina científica do uma interpretação mais cuidadosa e mais sistemática das sobre-
ponto de vista da qual o sistema é definido. (Jiri KIir, 1966 p. 30). vivências e.das filiações.
Construir modelos é estimulante pelo fato de que, através de suas Os problemas das relações entre o que é atual e o passado,
ultrageneralizações, tornam-se claras as áreas em que um aperfeiçoa-
mento é necessário (. . . ) Em resurno, o papel dos modetos em geografia encontrariam então uma solução bem mais fácil já que eles
é codificar o que existia anteriormente e incitar a tealizaçã,a de novas são estudados fora do quadro limitado das histórias particulares
enquetes; Peter Hagett, 1965 p. 22-23. de cada variável. Com efeito, a evolução do espaço não é o

56 57
ì
resultado da soma das histórias de cada
da sucessão de sistemas
dado, mas o
resurtado I
t que é transformada pelo homem; isto é, à medida em que a
A partir- desta ótica, o problema dà escala do estudo ganha história se desenrola, os grupos humanos sucessivos se relacionam
nova dimensão. a um quadro natural já modificado.(s)
Se, por necèssidade._ d; ;;flñ,-ioa"_rã ,;_pr; Se o espaço não pode ser definido pelas relações bilaterais
limi¿¿¡ a. ãrfãç", não_ se deve põrisso, imaginar
"*u ":I1,1-1Ig
que a análise entre o homem e os dados naturais, tampouco ele é resultado
se circunscreva a essá escara g";gád""; ao contrário,
a escala do estudo ultrapassa essa escara :"."u[oãi'i'"aoa exclusivo da ação de fluxos econômicos, como se a superfície da
as variáveis consideradai forem definidãs veztoË terra fosse o campo de ação de forgas de modelamento que não
de um nível superior. a sistemas levam em conta as rugosidades. A vantagem oferecida por esta
"-1.r"åai tentativa, é de ser susceptível de ultrapassar a objeção que
.poderia ser levantada em um enfoque geográfico baseado unica-
Os ecossistemas mente no princípio de localização, isto é, da maneira como ele é
Entre estas novas tendências considera-se freqüentemente compreendido pelos economistas.
espaço em termos de ecossistsm¿-(a) -- -- o A grande dificuldade da tentativa regional do tipo ecológico,
vem exatamente da impossibilidade de limitar a uma determinaíJa
. À qrimeira vista, poder_se_ia imaginar uma volta a uma
antiga orientação, maii ou ârea a totalidade de fenômenos econômicos, sociais ou políticos
Estados unidõs.áe -"oo, ".qo""îau,-q* f"i thamada nos que a concernem mas cuja escala de ação ultrapassa a do lugar
"""t"i¡lã"-ño*"* e que pode
- ser assim'ada de sua manifss¿¿ç5o aparente ou física. Toda vez que não houver
à. escola-européia de geógrafia regional. '- '
semelhança entre estes dois dados, a geografia regional corre o
)t- .P". fato, são muito pióxi-as éntre si, pela
tendências. A geografia- regional se interässa definição de suas risco de tornar-se mero esfudo de aspectos, uma pobre descrição.
pärJ
diferenciações espaciais por ñt"i-éãi" ã;-;;ä._iiö0"* das Ora, na maioria dos casos é exatamente isto que acontece.
"rru¿o
enrre
dados da natureza e as sociedaaes ñ;uäî. 'A*icoroga os
mana ocupa-se de fo¡mas de adaptação do hu-
homem aãs diferentes e quantíficaçã.o
{ui daí deòonem- --
meios e às realizações materiais Sisternas

/z postos científicos, mas os A definição de Reino Ajo mostra as ligações entre o enfoque
i rentes, começando pero fatofundamentos metodbrógicos são dife-
de ultrafãsr*'" ;;ruã do estudo
sistemático e a utilização dos modelos matemáticos. No seu
; dos dados naturais tais quais artigo "An approach to Demographical Systems Analysis" publi-
noção de ecossisrema apîicado"t"s
râo. sen d,nvi¿u u cado em Economíc Geography, vol. 38, n.o 1, ele diz que apenas
à eipligúil
\'/ parte, fundamentada. nos'progrãr*r previamented;';;uço "Igo-",
ê, em através do conhecimento matemático das equações que governam
disciprinas da ecorogia nat,irarl-se tã,î;;é-, realizados peras um sistema, pode-se chegar à especificidade do seu comportamento.
lôgiea, o conteúdo- é mais ;-o1". åüäao merodo_ De acordo com V. Vaggagini e G. Dematteis (1976 p. 126),
"ää uma'das grandes fraquezas da análise de sistemas vem do fato
A noção de ecossistema deha permitir a incorporação
miranre à análise espaciar aor-."tiiít"-îiniiräiJå5i"oos conco- ile que este passo, ao serviço do "método analítico quantitativo"
temas naturais, isto ìa medida em subsis_
(5) Os estudos ecológicos só têm sentido integral se integrados à
_que, de um la¿o, ã, condições
naturais são urilizadas de formas dtrú;r", análise geral das repartições Trumanas: estas dependem de fatores so-
manas em cada período histórico e, do outro, Ërir*"rtä"¿udes hu_ ciais mas sofrem constrangimentos ligados ao domínio imperfeito do
pèi.i piãpil a natureza meio, olhando por este ângr¡lo é possivel ir além das velhås inter-
(4) ver prin-cig¿rmente D. -,. stoddart, *organrsm pretações possibilistas: o conjunto das relações com o meio e das
as Geographical Models,,, 196?. and. Ecosystem relações sociais constitui um sistema, de encadeamentos recíprocos. En-
Para M' castets <rézr p. 57) *a tentativa quanto nã,o é apreendido em sua totalidade, a explicaçáo só pode ser
vidades territoriais-a partiiaõ de explicaçã,o d.as coreti- contingente. E sáo as forças sociais que, regra geral, sáo as mais
esforço tentad,o até agora, pr"" "i.tã-ä ecotógico constitui o mais sério susceptíveis de criar regr¡laridades: por muito tempo elas foram negli-
î",,¿" _
autonomia teórica,, nJ oticä ã-náioeiã" até u¡t certo ponto _ uma genciadas por uma geografia de inspiração darwinista para a qual
d.o funcionarismor,. Este autor
aconselha ler, a este respeito, G. A,-lt"otdonson, o problema essencial era o estudo das relações de grupos e do meio
(1961). natural. P. Claval, 1970 p. 111.

58
59
t
não está a altura para autoriz¿rr que se revem em consideração
e que se analisem as relagões retroativas da forma -que .t
que 'oa estrutura econômica (é) o conjunto de relações de
eles produção" (e) "o sistema economico (é) o processo econômico
chamam "estrutura territoriäl,, sobre os processos. -
- global: produção, distribuição, repartição, consumação".
Para ir atê aî, o método devia levar em conta a natu¡eza
próprias variáveis, e-.a_propensão que das Ora, a estrutura econômica é a unidade do modo de produção
iã- p*l'ät-- u. e da superestrutura. E segundo J. L. Cecena (1970 p. 168) "o
combinação sob condições precisas de tempo "ru. "*
" "rúfo. modo de produção é, por sua vez, a unidade de forças produtivas
É neste sentid-o_-que a análise de sistemas de um lado e e de relações de produção, o conjunto das quais cham¿-ss ¿s
a-aproximação moderística e quantitativa ¿o
não exclua a outra) aparecem- com certa fragiljdadet ""i- l"åîoru
--' *r-u base econômica ou infraestrutura". Como diz Chisholm (1966
p.221,) todas as partes do sistema econômico são interdependentes
o uso de moderos matemáticos associado à análise de sistemas €, em conseqüência, seja qual for o ponto do sistema onde há
tem provocado certo número de observações. mudança, é provável que se obtenham efeitos de grande porte.
parte de Gunnar oilson (r,gg7) para- quem uma deras vem da
máticas similares-podem ser àpr"aãai'sem "fórmulas mate- Quando K. Boulding (1966 p. 108) escreve que a geografia,
completamente diferentes,'. þroblemu, ãf"oô-"oo, de todas as disciplinas é aquela "que interpretou a visão do
estudo da terra como um sistema global," devemos receber esse
I.m 1974 (p.273.) escrevíamos que .,considerar o espaço como elogio muito mais como um voto. De fato, a compreensão do
um, sistema,-o gug ainda era,. qou." geralnente, espaço como espaço global não é suficiente se não se considera
à""iiãiìao
suficiente- É, preciso saber ainãa coño definir'o*-riit*u. é o
se a sociedade como uma sociedade total. Pode-se considerar o
nos contentamos qom a clássica segundo a qual um espaço como um sistema e apenas levar em conta as relações
-definição
sistema é um conjunto de ereåentor -;å"çä entre.os objetos espaciais, sem considerar paralelamente as relações
elementos.e entre seus respectivos atributos
¿"
" (Ha['Ài r.æeo, îoä"
".t"s socrals.
p' 18), dificilms¡¿s chegaremos a uma definição opera.ciooatrgso oo Sem dúvida nenhuma, a análise de sistemas parece servir ao
e-spaço. De fato, como diz Maurice Godelier (tnz'p.-ãss¡ .rr_
conhecimento da realidade já que ela se interessa pelas partes e
de esrruturas intertieã¿ìr' ï;- pelas modalidades de sua interação. Aí está a armadilha fatal.
::.:"T: estruturas
^:.:_:-q"noque se definem por um grupo de "ãiãr"
resras,
:.u".ar obietos iãter_ Consideram-se as partes em relação umas com as outras, como
xgados por certas regras"'. (ver também M. santos,- Economia
se esse movimento não interessasse à totalidade das partes mas
Espacial: Crítíca e Alternativ,ar, Hucitec, S. pauio, Igfïj. somente àquelas que estão em relação. Se quisermos transcrever
. ..9 uso-da palavra e,da noção de sistema como sinônimo de o que foi dito acima em termos de espaço, é como se pudéssemos
totalidade, imptícita na obra de -MontesquieuJã¡ ;ã;åïïamente admitir que relações mantidas entre a Nova Inglatena e o Texas,
na obra de outros. pa¡a Marx, a definição de sisteda iao está não tivessem repercussões sobre os Estados Unidos como um
longe da de estrutura e de toúlidade. De acordo *;; todo ou não estivessem condicionadas por todo o país. É aí que
expli-
cação de M. Godelier (nov.- 1966 p. g29),.."-,irt"-u está a armadilha fatal pois, considerando assim, reforma-se a
uma.combinação determinada de modos ðspecíÊicos ae pàauiao, i...1 C
realidade que se supõe analisar, em vez de reproduzi-la. Ter-se-ia,
de circ'lação, de distribuição e de consumo ainda, muito a discutir sobre o que se chamam as "relações"
A totalidade social é definida a partir de umderiri"Ãã,îri.t"-u
bens materiais,,.
entre pedaços de espaço. O conhecimento real de um espaço
econômico e de uma estrutura, ä estrutura econômicá. não é dado pelas relações ê, sim, pelos processos. A análise de
Martha lfarnecker (1973, 19.a ed. p. g4) não procura in- sistemas negligencia isto, e uma das razões vem do fato de que
dicar uma distinção entre estes dois coäceitoé, q*"ã;-àr"r"u" tal'método foi criado, e na maioria das vezes ê aplicado, para
l'
abrir-se sobre modelos matemáticos. Ora, os modelos matemá-
(6) as leis (...) têm retações recfprocas (...) Examinarei ticos, sobretudo quando se referem ao espaço, sofrem da fraqueza
estas relações: elas formam um con5unio o qr" cr¡anamos todas
o fundamental que vem da incapacidade de apreender o tempo no
l"t t!:. Montesquieu, L'Espri,t aes loli,- na¡tittr aã r* piãiuãu, rr"i",
espt¡ì,to
seu movimento. Ora, quando se fala de processo, também se
tom. If p. 238.
está falando de tempo.
60
F(rEt 6l
InLþTECA Ct¡fÏ¡Ì.LL
I

ti
Os modelos em geografía I
Os modelos não são obrigatoriamente interpretativos e podem
I
ser puramente descritivos. fsto não supdme a necessidaãe de
A diferença entre um sistema e um modelo seria bem mais I
I
inscrevê-los em um quadro teórico, pois deste depende, em sua
que uma simples questão de terminologia.(zl Em cada situação maior parte, o bom resultado de qualquer que seja-a pesquisa.
de lugar, o modelo seria definido de duas maneiras. De um i
l
Assim, quando se fala de influência das cidades sobre uma
lado, ele é considerado como o conjunto de sistemas locais tomado região e guando se afirma que nos países subdesenvolvidos as
em um mesmo momento histórico e em lugares diferentes no grandes aglomerações urbanas "sugam" seu espaço imediato, as
interior de um mesmo espaço. (a). Do outro lado, o modelo interpretações divergem: alguns vêem na cidade, a causa desta
pode ser construído a partir da simulação da evolução no tempo sucção muitas vezes considerada como um desequilíbrio maléfico;
dos sistemas locais, cada um dando como resultado um outro outros vêem apenas na cidade um traço de união já que um outro
sistema loca\. O primeiro seria o modelo descritivo, o segundo o pólo externo, situado a um nível superior e dotado de um real
modelo evolutivo enquanto que os modelos com caráter de pre- poder de comando, impõe-se tanto à cidade como à sua região.
visão levarão em conta os modelos evolutivo e descritivo afim de Acoritece o mesmo no que diz respeito ao aumento de popu-
permitir a compreensão dos dinamismos verticais e horizontais, lação global de um país e suas repercussões do tipo espacial; ê o
isto é, a totalidade dos mecanismos e das tendências sem os quais que se châmava antigamente de pressão demográfica. Pode-se
nenhum modelo de previsão é possível. simplesmente considerar que a pressão demográfica é uma cors€-
(?) "Na linguagem cotidiana o termo ..modelo', tem ao menos três qüência direta do crescimento demográfico ou pode-se preferir
usos diferentes. Como um substantivo, o modelo iñplica uma represen- levar em consideração o sistema de distribuiçãó de renãas na.
tação: como adjetivo, implica um ideal; como verbo, modelar sígrrifica sociedade global que faz com que os ganhos de uma parte da
demonstrar (. . . ) 'No uso científico Ackoff (Ackoff Gupta and Minas, população, que acontece ser a mais numerosa, tornem-se insu-
1962) sugeriu ue devemos incorporar parte dc todos os três significados; ficientes para prover suas necessidades.
na construçã,o de modelos criamos uma representação idealizada da
realidade s fim de demonstrar algumas de suas propriedades (...) ,.Os Outro exemplo que pode vir lado a lado com o acima citado
modelos sáo necessariamente feitos pela complexidade da (natu¡eza) rea,- é o das favelas. A existência deste tipo de habitações na maior
lidade. Eles são uma prova conceitual de nossa compreensã,o e como tal parte das cidades dos países subdesenvolvidos, é comumente
fornecem ao professor um quadro aparentemente racional e simplificâd.o considerada o resultado, de um lado da expansão demográfica, do
pala. a, classe e para o pesquisador uma fonte de hipóteses de trabalho a
testar contra a realidade. Os modelos nã,o contêm toda a verdad.e mas outro da falta de dinamismo das cidades, incapazes de fornecer
uma partæ útil e compreensiva (Society for Experimentat Biology, 1960). o número de empregos necessários. Todavia, para interpretar o
Peter Hagett, 1965. fenômeno das favelas pode-se partir de uma ótica diferente. Se-
(B) "No seu Notsum Orgo,nunl, Ilacon descreve a teoria cientÍfica riam, principalmente o resultado da atração irresistível das massas
como consisüindo em "anteci,pações iÛeÍleticld,s e pretnøturøs,,. Certamente implantadas na cidade pelas novas.formas de consumo. De fato,
devemos concordar que muitos dos modelos utilizados na primeira me-
tade deste livro casam admhavelmente coJn essa descriçáo:todos são
nls condições atuais de higiene coletiva, os novos produtos
crus, todos cheios de exceções, todos maij fáceis de reiutar que de adquiridos com dinheiro ou com crédito disponível oferecãm cefo
defender. Por que, entã,o, deveremos perguntar, damo-nos ao träbalho número de condições de conforto ou de prestígio, produtos estes,
de criar modelos, de preferência a estudar diretamente os ,,Ío,tos" da considerados indispensáveis e que têm preferência mesmo sobre a
geografia lr.umana? as respostas repousam na inevitabilidade, economia procura de uma habitação decente.
e no estímulo da, corrstrução de modelos: O problema do emprego, que é a base da explicação de
,. , ù divisória
linha
A consürução de modelos é imaginåvel porque não hâ, nenTruma
tantos fenômenos próprios à cidade é ao mesmo tempd do âmbito
fixa entre fatos e crenças; noJ teimos de Shilling,'...
uma crença no universo de coisas reais é meramente uüu, crença... da economia ulbana e da morfologia urbana. Para nuitos, esse
uma crença certamente com alta probabllidade mas nada mais que problema de emprego encontraria sua origem no desequilíbrio entre
uma crença". Gf. Shilling, -..4n opetational View, dÌnefi,co,rl Sci,enti,st, o número de lugares oferecidos e a massa incontrolável de postu-.
52, 3884-3964). Modelos são teorrias, leis, equações ou sltspeitas que
materializam nossas crenças a respeito do univeiso que pensamos ver. lantes, inclusive es migrantes. Contudo, pode-se interpretá-lo de
uma outra maneira; seria o resultado de uma adaptação da eco-.
-b)_ A co,nstruçáo
_ informaçã,a
da
de modelos é econômica porque nos permite passar
generalizada a uma forma maii aliauente-condensãda. nomia urbana ¿6s imperativos de uma tecnologia imFortada, sem,

62 63,
I

que o Estado tenha os meios de assegurar uma política econômica 'i püca- um enfoque indutivo. Seu enriquecims¡1i provém de :um
(para a cidade e para o campo), que enseje a criação de maior
I
aperfeiçoamento do raciocínio. Como é o métõdo, ou ainda
I melhof, lo instrumental, que constituem o exercício principal, po-
número de empregos permanentes. de-se acabar por estar nlais preocupado com os dados extehorás à
Como ê a parttr de premissas dessa natureza que se desen- I

I realidade que se analisa.


volve a interpretação de realidades concretas, dar-se-á conta, muito
facilmente, da importância que tomam as posições teóricas. Os , No segundo caso, o aperfeiçoamento do modelo geral é possí-
vel, com o auxflio de uma contribuição dedutiva. Assim -é do
métodos destinados a enfocar a realidade e a colocá-la em esquemas,
são apenas instrumentos subordinados. þróprio interior da realidade que se parte para enriquecer ou
recusar o modelo geral. Seja como.for, todavia, a utiliz.açãó de
um modelo geral de evolução, conduzindo a casos teóricos atuais,
ôu seja, a modelos descriJivos atuais, deve ser condicionado para
Construção e eÍicácia dos modelos levar em eonsideração particularidades de cada p-aís. fsto se im-
põe, em primeiro lugar, para levar em conta diferenças hiitóricas,
Para construir eficazmente nossos modelos duas hipóteses se o que, _de um lado, nos obrþa a adaptar as periodizações ou
imPõem. (s) os subsistemas cronológicos adotados pelo modelo geral, e, por
A primeira seria a de complicar o modelo até o infinito. Seria oufro lado, a introduzir os dados locais de toda ordèm: natuial,
o resultado da utilização de um grande número de variáveis para cultural, econômica, política, etc. . ., assim como os resultados dé
levar em conta nuances ou originalidades do tipo regional ou uma ação externa a ser, porém, considerada como dotada de eerta
local. Mas, a complicação do modelo, com a multiplicação de autonomia. Em segundo lugar, para levar em conta situações
seus termos, pode, neste caso, levar mesmo a que ele perca suas atuais, uma tentativa a aconselhar seria a de analisar no interior
características próprias, como a simplicidade e a maneabilidade. do espaço estudado os diversos subsistemas: local, de exportação,
Dessa forma, nos arriscaríamos a construir sobretudo um anti- governamental etc. . .
modelo.(m) Em realidade, os comportamentos de cada um desses sub-
A segunda hipótese de base é a que se propõe a recriar sistemas, suas ligações de dependência ou não, suas repercussões
modelos locais ou regionais a partir de modelos gerais simples, no espaço, suas relações com uma situação de emprego etc. . .
ao mesmo tempo que se lhes acrescentam variáveis ou parâmetros não são as mesmas.
local ou regionalmente válidos.
Se se rafiza esta ou aquela hipótese de base, os resultados
não são os mesmos. No primeiro caso, melhorar o modelo im-
O interesse dessas duas linhas de pesquisa vem do fato de que
(9) Na geografla econômlca a construção de modelos procedeu atra- esse método de análise permite reconstituir o todo, se se tenta
vés de dois caminhos dist'intos e complementares. No primeiro o cons- coTpreender a situação atual por intermédio da evolução das
trutor "deslizou" rrum problema por começar com postulados muito variáveis, do seu funcionamento e dos resultados sucessivós, para
simples e introduziu gradativamente maior complexidade, cada vez se
aproximando indiscutivelmente mais da vida real. Esta foi a contribuiçáo cada subsistema, do ponto de vista espacial.
de T'lrnnem (1875) um seu modelo do uso da ter¡a em Del Isolierte Os maiores equívocos sugeridos pela aplicação da modelística
Støø,t <...) O segundo método é mover-se a parüir da realidade fazendo na geografia vem das práticas mecânicas
uma série de generalizações simplificadas. É a contribuição de Taaffe que o uso e o
(Taaffe, Moûill e Gould, "Í?ansporf Expansion in Ifnderdevelopped Coun- abuso da geografia quantitativa vieram agravar- quais trans-
tries: a comparative analysis". Geogrøphicat Reuíeu, 27 p. 240-25Ð. -pelas - pâra-se a
forma-se um conceito em uma categoria metafísica,
(10) "O modelo só permite a complexidade porque a simplifica. história para poder adotar um esquema congelado. Um modelo
A imagem global da complexidade reproduz a complexidade e assim -t é, sem dúvida, uma representação da realidade, cuja aplicação,
náo é tltil. É dando desüaque a um caráter particular selecionado pela
sua importncia que vemos o modelo progredir. Ee é, por natureza, ou uso, só se justifica para chegar a conhecê-la, isto é, como
parcial e simplificador". Reflexões anfecedentes à pesquisa de um método hipótese de trabalho sujeita a verificação. Da mesma maneira
de aproximação dos estudos de planificagão feita a um grupo de en- que dos fatos empiricamente apreendidos se chega à teoria por
genlreiros do Génie Rural, des Eaux et des F'oreß, F¡ança, nov. 196?.

65
64
intermédio de conceitos e de categorias historicizadas, volta-se da
teoria à coisa empírica através dos modelos. Dessa forma e com
ou sem intuito de reformulá-la, submete-se a teoria a um teste
pois a realidade não é imutável. Assim, o modelo se encontra no
mesmo nível do conceito neste caminho incessante de vai-e-vem,
do fato cru a teoria e desta, de novo, ao empírico.
Este movimento permite que os fatos sejam mais bem conhe-
cidos (peta utilização da teoria) e que a teoria seja melhorada
(pela prova dos fatos). CAPITULO VI
Assim, os dois conceito e modelo deys6 permanente- A GEOGRAFIA DA PERCEPÇÃO E DO
-
mente ser revistos e refeitos; e isto só pode -ser obtido levando em COMPORTAMENTO
conta que tanto a teoria como a realidade se encontram em
processo de permanente evolução.
A .partir do momento em que se esquece tudo isto e se A geografia da percepção e do comportamento é uma das
aplica modelo congelado, para explicar uma realidade em movi-
merto, trata-se de uma violência metodológica pura e simples, ûovas tendências de nossa disciplina. Elá deve muito à contri-
cuja aplicação não pode conduzir a reatdãde ðientífica e sim buição da psicologia e da psicologia social.
ao efÏo. O fundamento desta abordagem vem do fato de que cada
indivíduo tem uma maqgira específica de apreend.r o mas
também de o avaliar. Não se trata apenai de definir,"rpäço, cada
þaia
indivíduo, ug gpg de espaço social nã cidade e fora'däla, como
fez r,edrut (1973). Este espaço socíal seria definido pelos i rgar"s
que lhe sfls f¿miliar'es,-e as parcelas de território que ete ãeve
percorrer entre estes diferentes lugares.
A geografia do comportalnento. vai ainda mais longe, por-
que se fundamenta no prineípio mesmo da existência ãe uma
g:"alu espagal própria a cada indivíduo e também de um signi-
l"u¿9 particular para cada homem, de porções do espaço que
lhe dado freqüentar, não apenas- em sïa -vida cotidiuou
-é durante lapsos de temFo
arnda -us
mais inportantes.
tem implicações no que..se refere à interpretação do
runclonsmento
^_--,1:19 do espaço e, conseqüentemende, da própria -organi-
zaç-ão do espaço. ge o espaço nãõ significa á meima p*u
todos, ttatâ-lo como se elê fosse dotado de uma representâção
"oiru
comum, significaria um espécie de violência contra o iidivíduo e,
conseqüentemente, as--soluções fundamentadas nessa ótica segura-
mente não seriam aplicáveis.
Esta tendência representa, de certa maneira, uma rutura com
o economicismo e uma forma de restituição dos vâIores i"¿ivi¿uais.
Parece entretanto difícil adotar esta abordagem excluindo
gfalque¡ outra, a começar pela eonsideração das väriávei, e"ono-
micas cgm.nortamento do indivíduo, iunção ar ,"u-rii"uçao
{o sócio-econômica
na escala ---
e de sua poiição ïo
66
"rp"iõ.
67

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