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BIBLIOTECA REFERENTE AO CURSO DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Selecionamos para você uma série de artigos, livros e endereços na Internet


onde poderão ser realizadas consultas e encontradas as referências necessárias
para a realização de seus trabalhos científicos, bem como, uma lista de sugestões
de temas para futuras pesquisas na área.
Primeiramente, relacionamos sites de primeira ordem, como:
www.scielo.br
www.anped.org.br
www.dominiopublico.gov.br

SUGESTÕES DE TEMAS

1. SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL


2. EVOLUÇÃO E CONCEITOS ÚTEIS PARA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL;
3. UNIDADE DE AQUISIÇÃO DE DADOS (UAD);
4. INTERFACES COM O PROCESSO;
5. INTERFACE HOMEM-MÁQUINA;
6. INTERFACE COM O PROCESSO;
7. PROGRAMAS E PROTOCOLOS;
8. AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÃO DE POTÊNCIA;
9. FUNÇÃO DO SISTEMA DE AUTOMAÇÃO;
10. ARQUITETURAS DOS SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO;
11. CAMPOS DE USO DA AUTOMAÇÃO;
12. PROCESSOS INDUSTRIAIS;
13. GERENCIAMENTO DE ENERGIA;
14. FUNÇÕES DE UM SISTEMA DE GERÊNCIA DE ENERGIA (SGE).
15. CONTROLADORES PROGRAMÁVEIS
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16. SISTEMAS E COMANDOS ANALÓGICOS X DIGITAIS;
17. ENTENDENDO O QUE É UM SISTEMA;
18. SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO;
19. MÁQUINAS COM CONTROLE NUMÉRICO;
20. CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL;
21. SISTEMA AUTOMÁTICO DE ARMAZENAGEM E RECUPERAÇÃO;
22. ROBÓTICA;
23. SISTEMAS FLEXÍVEIS DE MANUFATURA;
24. DE AQUISIÇÃO DE DADOS (UAD);
25. INTERFACES COM O PROCESSO;
26. INTERFACE HOMEM-MÁQUINA (IHM);
27. INTERFACE COM O PROCESSO;
28. PROGRAMAS E PROTOCOLOS;
29. CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL (CLP);
30. CONCEITOS E DEFINIÇÕES;
31. EVOLUÇÃO E HISTÓRIA;
32. BENEFÍCIOS E CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS E CLASSIFICAÇÃO DOS
CLPS;
33. ESCOLHA DO CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL;
34. COMPOSIÇÃO DOS CLPS;
35. UNIDADE CENTRAL DE PROCESSAMENTO (UCP);
36. MEMÓRIAS;
37. MÓDULOS DE ENTRADA E SAÍDA;
38. PERIFÉRICOS DE INTERFACE COM O USUÁRIO;
39. TERMINAL DE PROGRAMAÇÃO;
40. INSTALAÇÃO DO CLP;
41. CABLAGEM;
42. CONDIÇÕES AMBIENTAIS, LIGAÇÃO A TERRA E OUTRAS
ORIENTAÇÕES;
43. INTERFACE COM A REDE ELÉTRICA E COM OS DISPOSITIVOS DE I/O;
44. APLICAÇÕES PRÁTICAS UTILIZANDO CONTROLADOR PROGRAMÁVEL.
45. INTRODUÇÃO À MECATRÔNICA, PNEUMÁTICA E HIDRÁULICA

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46. MECATRÔNICA;
47. EVOLUÇÃO E DEFINIÇÃO;
48. COMPONENTES DE UM SISTEMA MECATRÔNICO;
49. SISTEMAS DE MEDIDAS;
50. SISTEMA DE CONTROLE;
51. SISTEMAS DE CONTROLE ANALÓGICO E DIGITAL;
52. AUTOMAÇÃO PNEUMÁTICA;
53. EVOLUÇÃO DO USO DO AR COMPRIMIDO;
54. CONCEITOS BÁSICOS;
55. PROPRIEDADES DO AR, OS GASES E O AR COMPRIMIDO;
56. CARACTERÍSTICAS DA PNEUMÁTICA;
57. PRODUÇÃO DE AR COMPRIMIDO;
58. DISTRIBUIÇÃO DE AR COMPRIMIDO;
59. ATUADORES PNEUMÁTICOS;
60. VÁLVULAS DE COMANDO;
61. HIDRÁULICA;
62. ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS;
63. BOMBAS HIDRÁULICAS;
64. RESUMO EXPANDIDO.
65. MERCADOS DE ENERGIA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
66. DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL;
67. OS RECURSOS HÍDRICOS E A GESTÃO DAS ÁGUAS;
68. ENERGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – BREVES
REFLEXÕES;
69. MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE;
70. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL;
71. IMPACTOS DO SETOR ENERGÉTICO NO MEIO AMBIENTE;
72. MERCADOS DE ENERGIA ELÉTRICA;
73. CONTRATOS DE CONCESSÃO E PERMISSÃO;
74. DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA;
75. MATRIZ DE ENERGIA ELÉTRICA BRASILEIRA;
76. SERVIÇOS ANCILARES;

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77. BANDEIRAS TARIFÁRIAS;
78. TARIFAÇÃO DO CONSUMIDOR FINAL;
79. A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA;
80. CÁLCULO ECONÔMICO PARA EFICIÊNCIA OPERACIONAL;
81. AÇÕES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.
82. ELETRÔNICA
83. AMPLIFICADORES OPERACIONAIS;
84. SEMICONDUTORES E DIODOS;
85. DEFININDO SEMICONDUTORES E DINÂMICA DE SUAS LIGAÇÕES;
86. A JUNÇÃO PN E O DIODO SEMICONDUTOR;
87. TIRISTORES;
88. TRANSISTORES;
89. TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO (TBJ);
90. TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET);
91. CIRCUITOS LÓGICOS DIGITAIS;
92. AS PORTAS LÓGICAS;
93. SISTEMAS DIGITAIS;
94. O USO DO CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL (CLP);
95. COMPOSIÇÃO DOS CLPS;
96. UNIDADES TERMINAIS REMOTAS (UTR);
97. UNIDADES DEDICADAS;
98. RECURSOS DO CLP;
99. INSTALAÇÃO DO CLP;
100. NORMAS PARA A INSTALAÇÃO DOS CLPS NOS QUADROS
ELÉTRICOS;
101. CABLAGEM DOS CONDUTORES NOS QUADROS ELÉTRICOS
PARA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL;
102. COMPORTAMENTO DO CONTROLADOR EM CASO DE FALTA DE
ENERGIA ELÉTRICA;
103. SEGURANÇA NA FASE DE INSTALAÇÃO;
104. INTERFACE COM A REDE ELÉTRICA E COM OS DISPOSITIVOS
DE I/O;

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105. MANUTENÇÃO E PESQUISA DOS DEFEITOS.
106. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS
107. PROJETO ELÉTRICO EM INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS;
108. SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE SUPRIMENTO;
109. O MEIO AMBIENTE;
110. O PROJETO LUMINOTÉCNICO;
111. ILUMINAÇÃO INDUSTRIAL;
112. LÂMPADAS E LUMINÁRIAS;
113. ILUMINAÇÃO DE INTERIORES;
114. ILUMINAÇÃO DE EXTERIORES;
115. ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA;
116. DISPOSITIVOS DE CONTROLE;
117. OS CONDUTORES ELÉTRICOS;
118. DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES ELÉTRICOS;
119. FORNOS ELÉTRICOS;
120. FORNOS A RESISTÊNCIA ELÉTRICA;
121. FORNOS DE INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA;
122. FORNOS A ARCO;
123. SISTEMA DE PROTEÇÃO E DE ATERRAMENTO;
124. PROTEÇÃO DE SISTEMAS DE BAIXA TENSÃO E MOTORES
ELÉTRICOS;
125. PROTEÇÃO DE SISTEMAS PRIMÁRIOS;
126. SISTEMAS DE ATERRAMENTO;
127. PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS;
128. PROTEÇÃO CONTRA RISCOS DE INCÊNDIO E EXPLOSÃO.
129. TÓPICOS ESPECIAIS EM ENGENHARIA ELÉTRICA
130. RECURSOS HÍDRICOS X GERAÇÃO DE ENERGIA;
131. ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL;
132. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL;
133. MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E DEFINIÇÕES;
134. PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE;
135. SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL;

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136. MERCADOS DE ENERGIA ELÉTRICA;
137. CONTRATOS DE CONCESSÃO E PERMISSÃO;
138. DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA;
139. MATRIZ DE ENERGIA ELÉTRICA BRASILEIRA;
140. SERVIÇOS ANCILARES;
141. BANDEIRAS TARIFÁRIAS;
142. TARIFAÇÃO DO CONSUMIDOR FINAL;
143. A BUSCA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA;
144. CÁLCULO ECONÔMICO PARA EFICIÊNCIA OPERACIONAL;
145. AÇÕES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.
146. PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCOS EM MÁQUINAS,
EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
147. A ORGANIZAÇÃO DA MANUTENÇÃO;
148. PREVENÇÃO E CONTROLE EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E
INSTALAÇÕES – MECÂNICAS;
149. PREVENÇÃO E CONTROLE EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E
INSTALAÇÕES – ELÉTRICAS;
150. PREVENÇÃO E CONTROLE EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E
INSTALAÇÕES – NA CONSTRUÇÃO CIVIL;
151. PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCOS EM CALDEIRAS, VASOS
DE PRESSÃO, FORNOS;
152. MANUTENÇÃO PREVENTIVA E ENGENHARIA DE SEGURANÇA.
153. QUALIDADE, RH E COMUNICAÇÃO NO GERENCIAMENTO DE
PROJETOS
154. GERENCIAMENTO DA QUALIDADE EM PROJETOS;
155. DEFININDO QUALIDADE;
156. PLANEJANDO A QUALIDADE;
157. GARANTINDO A QUALIDADE;
158. CONTROLANDO A QUALIDADE;
159. GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HUMANOS;
160. O PLANEJAMENTO DE RECURSOS HUMANOS;
161. MONTAGEM E MOBILIZAÇÃO DA EQUIPE;

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162. DESENVOLVIMENTO DA EQUIPE;
163. GERENCIANDO A EQUIPE;
164. GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO;
165. AS PARTES INTERESSADAS;
166. PLANEJAMENTO DAS COMUNICAÇÕES;
167. DISTRIBUIÇÃO DAS INFORMAÇÕES;
168. AS EXPECTATIVAS DAS PARTES INTERESSADAS;
169. O DESEMPENHO.
170. CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ORGANIZAÇÕES: UMA
NECESSIDADE PERMANENTE;
171. IMPLEMENTAÇÃO DE AÇÃO ESTRATÉGICA NA EMPRESA: UMA
EXPERIÊNCIA SIGNIFICATIVA QUE DEU CERTO;

172. PMO®: CONCEITO E HISTÓRIA;

173. O PMO® NAS ORGANIZAÇÕES – UMA ESTRATÉGIA;

174. TIPOS DE PMO®;

175. IMPLANTANDO UM PMO®;

176. OS STAKEHOLDERS E OS PROFISSIONAIS DO PMO®;

177. PMBOK®: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS;

178. PMI® E PMP®;

179. PMI;

180. CERTIFICAÇÃO PMP E OUTRAS;

181. PORTFÓLIO: CONCEITO E DEFINIÇÕES;

182. O SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DE PROJETOS;

183. OS “IMPERATIVOS ESTRATÉGICOS”;

184. FATORES AMBIENTAIS DA EMPRESA;


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185. PROGRAMAS;

186. OBJETIVOS DOS PROJETOS EM PROGRAMAS;

187. CICLO DE VIDA E GRUPOS DE PROCESSOS;

188. DOS PROJETOS;

189. CICLO DE VIDA;

190. CICLO DE VIDA DE PROJETO X CICLO DE VIDA DE PRODUTO;

191. OS GRUPOS DE PROCESSOS;

192. INICIAÇÃO; PLANEJAMENTO; EXECUÇÃO; MONITORAMENTO E


CONTROLE;

193. ENCERRAMENTO;

194. RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL E SOCIAL.

195. MÉTODOS DE CUSTEIO E TOMADAS DE DECISÃO;

196. PRODUÇÃO POR ORDEM

197. SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

198. GESTÃO ESTRATÉGICA DE OPERAÇÕES E SUPRIMENTOS

199. INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS;

200. SERVIÇOS E RELAÇÃO DE SERVIÇO;

201. CLUSTERS E REDES DE COOPERAÇÃO;

202. INOVAÇÃO E ORGANIZAÇÕES INOVADORAS;

203. GOVERNANÇA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO;

204. ESTRATÉGIAS PARA MANUFATURA;

205. ANÁLISE E PROJETO ORGANIZACIONAL; FINANCEIRIZAÇÃO;

206. CADEIAS DE SUPRIMENTO;

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207. MODELAGEM MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA APLICADA

208. PRICING E FINANÇAS;

209. LOGÍSTICA E SUPRIMENTOS;

210. PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DA PRODUÇÃO


E SUPRIMENTOS;

211. QUALIDADE;

212. DESENVOLVIMENTO, PROJETO E DESIGN DE PRODUTOS E


SUPRIMENTOS

213. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE;

214. MODULARIDADE;

215. ERGONOMIA APLICADA.

216. TERMOPLÁSTICOS E COMPOSTOS DE ALTO DESEMPENHO: estado da


arte e aplicações práticas.

217. GERENCIAMENTO DE PROJETOS.

218. COMO GERENCIAR UM PROJETO DE PRODUÇÃO MECÂNICA.

219. A ORIGEM DA GEOMETRIA E A SUA APLICAÇÃO NA ENGENHARIA.

220. CONTROLANDO AS MATÉRIAS NA EMPRESA.

221. COMO CONTROLAR AS MATÉRIAS PRIMAS E ADMINISTRAR OS


GASTOS.

222. ADMINISTRAÇÃO DO SETOR DE PRODUÇÃO E SUPRIMENTOS .

223. COMO ADMINISTRAR, OS PONTOS PRINCIPAIS E SUA APLICAÇÃO.

224. AUMENTANDO A PRODUTIVIDADE.

225. COMO AUMENTAR A PRODUTIVIDADE, BUSCANDO NOVOS RECURSOS


E MOTIVAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS.

226. COMO SURGIU, A IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA E A BAIXA NO


CAMPO DE EMPREGO.

227. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE: como essas três ferramentas


colaboram para a produção e como podem se ajudar.

228. MELHORIA NO SETOR DE PRODUÇÃO E SUPRIMENTOS.

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229. COMO MELHORAR O SETOR DE PRODUÇÃO E SUPRIMENTOS DE
UMA INDÚSTRIA.

230. ADMINISTRAÇÃO DAS FINANÇAS DO SETOR DE PRODUÇÃO E


SUPRIMENTOS .

231. COMO ADMINISTRAR, INVESTIR E BUSCAR NOVOS RECURSOS.

232. PRODUZINDO MAQUINAS ATRAVÉS DE MAQUINAS.

233. TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO APLICADA A LOGÍSTICA;

234. SISTEMAS DE GESTÃO EMPRESARIAL;

235. SOFTWARES DE APOIO À DECISÃO;

236. SOFTWARES PARA A INTEGRAÇÃO DA CADEIA DE

237. SEGURANÇA DE SISTEMAS.

238. SISTEMAS E SUBSISTEMAS.

239. A EMPRESA COMO SISTEMA;

240. RESPONSABILIDADE PELO PRODUTO;

241. IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS:

242. INSPEÇÃO DE SEGURANÇA,

243. INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DE ACIDENTES;

244. TÉCNICA DE INCIDENTES CRÍTICOS;

245. FUNDAMENTOS MATEMÁTICOS:

246. CONFIABILIDADE E ÁLGEBRA BOOLEANA;

247. GESTÃO DE SUPRIMENTOS, LOGÍSTICA E TRANSPORTE

248. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS;


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249. ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES;

250. ADMINISTRAÇÃO DE SUPRIMENTOS (SCM);

251. SISTEMAS LOGÍSTICOS;

252. GESTÃO DO TRANSPORTE;

253. MODAIS DE TRANSPORTE;

254. CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO AVANÇADO (CDA).

255. GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS

ARTIGOS PARA LEITURA, ANÁLISE E UTILIZAÇÃO COMO


FONTE OU REFERÊNCIA

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Gestão & Produção
versão impressa ISSN 0104-530X

Gest. Prod. v.9 n.3 São Carlos dez. 2002

http://dx.doi.org/10.1590/S0104-530X2002000300008

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL E SISTEMAS INFORMATIZADOS


DE GESTÃO DA PRODUÇÃO EM FUNDIÇÕES DE MERCADO

Flavio Cesar F. Fernandes; Reinaldo Batista Leite

Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal de São Carlos, Via


Washington Luís, km 235, CEP 13565-905, São Carlos, SP

Endereço para correspondência

RESUMO

Fundição é um processo de fabricação que vem crescendo em importância. O principal


objetivo deste artigo é analisar, em termos de automação e sistemas informatizados de
gestão da produção (SIGP), as fundições de mercado (fundições que produzem sob
encomenda um grande número de pedidos vindos, em geral, de um grande número de
clientes) no interior do Estado de São Paulo pertencentes aos 5 principais pólos
(Piracicaba, Indaiatuba, Limeira, São Carlos e Itu) com 10 a 250 trabalhadores. Das 61
empresas do interior de São Paulo, 35 situam-se nesses 5 pólos (ou em suas
imediações); entrevistamos pessoalmente os diretores industriais e visitamos o chão de
fábrica de 30 fundições dentre essas 35. Analisamos quase 200 tabelas de freqüência e
de contingência e extraímos várias conclusões, por exemplo: (i) entre os três principais
problemas e necessidades relativos à produção, dois deles estão diretamente
relacionados com a automação industrial e com os SIGP; (ii) são coincidentes os
interesses em automação e SIGP.

Palavras-chave: fundição, produção sob encomenda, automação industrial, sistemas


informatizados de gestão da produção.

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ABSTRACT

Foundry is a manufacturing process with a growing importance. The main objective of


this paper is to analyze, in terms of automation and of computerized production
management systems (CPMS), the make-to-order foundry in the interior of the state of
São Paulo belonging to 5 main foundry industrial districts (Piracicaba, Indaiatuba,
Limeira, São Carlos and Itu) with 10 to 250 workers. From the 61 enterprises in the
interior of São Paulo State, 35 are situated in these 5 industrial districts (or in their
neighborhood); we interviewed personally the industrial executive officer and visited the
shop-floor of 30 among this 35 foundries. We have analyzed almost 200 frequency and
contingency tables and draw several conclusions, for example: (i) among the three main
problems and necessities related with production, two of them are directly related with
automation and CPMS; (ii) automation and CPMS generate coincident interests on the
make-to-order foundries.

Key words: foundry, make-to-order, automation, computerized production management


systems.

1. Introdução

A fundição é um processo de fabricação que vem crescendo em importância econômica e


tecnológica (Prophet, 1990). Este artigo tem por objetivo principal analisar, em termos
de automação e de sistemas informatizados de gestão da produção, as fundições de
mercado com 10 a 250 funcionários. Fundições de mercado são aquelas que produzem
sob encomenda um grande número de pedidos vindos, em geral, de um grande número
de clientes. Algumas das questões aqui focadas são: (i) Até que ponto a automação pode
ser importante para o segmento que estamos pesquisando? (ii) Até que ponto processos
de decisão mais racionais, baseados em sistemas informatizados de gestão da produção,
podem ser importantes para esse segmento?

Além das fundições de mercado, há ainda as fundições cativas que só produzem para a
própria empresa (geralmente grandes empresas) ou que são fornecedoras cativas de um
ou poucos grandes clientes. As fundições cativas não são objeto de nosso estudo. Havia
no interior do Estado de São Paulo 101 fundições (entre cativas e de mercado)
catalogadas no Guia ABIFA (Associação Brasileira de Fundição) de fundição 1999 (ABIFA,
1999) e conseguimos identificar 61 fundições de mercado existentes no ano 2000 no
interior do Estado. Dessas 61 empresas, 26 pertencem aos 5 principais pólos de fundição
de mercado do Estado de São Paulo (Piracicaba, Indaiatuba, Limeira, São Carlos e Itu) e
9 pertencem à vizinhança desses 5 pólos. Por limitação de tempo e recursos financeiros
envolvidos, abordamos pessoalmente (por meio de entrevistas e visitas ao chão de
fábrica) 30 dessas 35 empresas. Veja Tabela 1.

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Definidas as cidades a serem visitadas, as empresas foram escolhidas aleatoriamente,
sem levar em conta os processos, os equipamentos disponíveis ou as ligas dos produtos.
As empresas utilizam processos diferentes (algumas utilizam moldagem em areia verde
ou areia SHELL, outras utilizam moldagem por processo de cera perdida, por exemplo).
Também dispõem de equipamentos diferentes, como na fusão (forno cubilô, forno a óleo,
forno a indução) e na moldagem (algumas realizam moldagem manual enquanto outras
utilizam máquinas para a moldagem de peças). Algumas possuem gruas para facilitar o
transporte de peças maiores e/ou o transporte do metal líquido. Outras possuem
equipamentos para a recuperação da areia utilizada no processo. Também há empresas
com certificados de qualidade da série ISO 9000. Portanto, a diversidade de materiais,
equipamentos e produtos é uma característica marcante do segmento estudado. O artigo
apresenta os resultados de uma pesquisa realizada sobre as condições de automação
industrial e sistemas informatizados de gestão da produção em fundições de mercado.

As informações aqui contidas poderão subsidiar projetos que visem tornar o segmento
mais produtivo, o que, por sua vez, poderá contribuir para a criação de um ambiente de
trabalho menos agressivo (péssimas condições de trabalho e baixos salários). Além
disso, o estudo apresenta, de forma crítica, diversos indicadores que podem ser
utilizados visando a ações estratégicas governamentais e não governamentais para esse
setor produtivo.

Dada a finalidade da pesquisa, o método científico utilizado é o método indutivo. No


método indutivo não partimos de uma hipótese que pretendemos comprovar, como no
caso do método hipotético-dedutivo. Por isso, é na etapa da pesquisa de campo que
serão formados os conceitos e hipóteses a serem detalhados.

Quanto aos meios de investigação, Vergara (2000) classifica as pesquisas em pesquisa


de campo, pesquisa de laboratório, documental, bibliográfica, experimental, ex post
facto, participante, pesquisa-ação ou estudo de caso. Nesse aspecto, os meios de
investigação não são mutuamente excludentes. Isso pode ser atribuído a este estudo,
que se trata de pesquisa de campo, por ser realizada no local (ou locais) onde ocorre o
fenômeno que se deseja estudar. Além disso, envolve o estudo bibliográfico, fornecendo
referencial para qualquer outra base de estudo, inclusive à pesquisa de campo.

Na etapa referente à pesquisa de campo, o procedimento de coleta dos dados escolhido


foi a aplicação de um questionário, na forma de entrevista, em que a pessoa da empresa
selecionada para o preenchimento do questionário foi alguém com condições de
responder às perguntas que extrapolavam o horizonte de planejamento de curto prazo,
chegando a um horizonte de planejamento de médio prazo (até três anos).
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Por isso, as pessoas selecionadas foram as que ocupam cargo de diretor (preferivelmente
o diretor responsável pela área de produção) ou cargo de gerência. O procedimento de
coleta dos dados, como descrito anteriormente, se enquadra em pesquisas do
tipo survey (pesquisa de avaliação), que consiste em questionários ou entrevistas
estruturados com o objetivo de examinar padrões e relacionamentos entre variáveis
(Bryman, 1989).

Naturalmente, para subsidiar o projeto também foi feita revisão bibliográfica a respeito
de fundições. Encontramos vários problemas, direta ou indiretamente relacionados com
este artigo, tratados cada um deles por diversas referências (mas aqui citamos apenas
uma para cada um deles), a saber: problemas de flexibilidade do processo produtivo
(Mills, 1997); problemas de rapidez de atendimento do cliente (speed) (Drake et al.,
1994); sistema de coleta de medidas de acompanhamento do desempenho (Ulusoy et
al., 1992); programação da produção para maximizar o volume de produção sujeito a
restrições de espaço disponível (Henshell, 1996); sistema de programação da produção
visando a melhor utilização dos equipamentos para o aumento da produção (Luther,
1995); qualidade/redução de defeitos (Ransing et al., 1995); implantação do sistema
CAD (Courtois et al., 1998); e implantação de equipamentos automatizados controlados
por computador (Isermann et al., 1997).

Por outro lado não encontramos (até o ano 2000) referências bibliográficas focando o
problema de confiança no cumprimento de prazos de entrega (dependability), sistemas
de programação da produção visando a melhor cumprimento de prazos e sistemas de
programação da produção visando à redução de consumo de energia. A análise dos
resultados foi feita a partir das tabelas de freqüência (tabelas para uma única variável) e
das tabelas de contingência (cruzamento de duas variáveis) construídas utilizando
o software Excel.

2. Caracterização do segmento estudado

Esta seção caracteriza o segmento estudado por meio de quatro subseções: visão geral
da indústria de fundição (Seção 2.1), identificação do porte das empresas estudadas e
tipos de ligas (Seção 2.2), análise do tamanho médio de lotes e o nível de automação
(Seção 2.3) e análise do interesse em automação e em sistemas informatizados de
gestão (Seção 2.4).

2.1 Visão geral da indústria de fundição

No Brasil, a indústria de fundição de peças em ferro, aço e ligas não ferrosas é um


segmento da economia que emprega cerca de 38.000 trabalhadores, fatura 2,5 bilhões
de dólares por ano e conta com cerca de 1.000 empresas (base 1998). A maioria dessas
empresas é de pequeno e médio porte, predominando o capital nacional. Outras
características são: o uso intensivo de mão-de-obra e o uso de matérias-primas (ferro
gusa, ferroligas, alumínio, etc.) de origem nacional. O Brasil posicionou-se em 1997,
segundo a revista Modern Casting de dezembro de 1998, como o 9o produtor mundial de
fundidos. Esta posição pode ser significativamente melhorada.

Há forte tendência de oferecer o produto fundido mais elaborado, ou seja, no mínimo


usinado, podendo ser oferecido na forma de um componente ou subconjunto final,
montado e até com pintura. Fazem parte desse processo a formação de mão-de-obra
mais especializada e o uso de tecnologias mais avançadas.
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A base de todos os processos de fundição consiste em alimentar o metal líquido, na
cavidade de um molde com o formato requerido, seguindo-se um resfriamento, a fim de
produzir um objeto sólido resultante de solidificação (Campos Filho & Davies, 1978). Os
vários processos diferem, principalmente, na maneira de formar o molde. Em alguns
casos, como no da moldagem em areia, constrói-se um molde para cada peça a ser
fundida, molde este que é rompido para a retirada do fundido, ou seja, para desmoldá-lo.
Em outros casos, como, por exemplo, na fundição sob pressão, usa-se um molde
permanente, repetidas vezes, para uma sucessão de fundições, removendo-se o fundido
após cada fundição, sem danificar o molde. Em ambos os casos, entretanto, é necessária
provisão de metal líquido que preencha todas as partes do sistema e permaneça no local
até que a solidificação termine.

2.2 Número de trabalhadores, faturamento e tipos de ligas

A partir dos dados das tabelas de freqüência (absoluta e/ou relativa), aqui omitidas por
limitação de espaço, constatou-se que 90% são empresas limitadas e 10% são
sociedades anônimas; 96,7% são de capital nacional; e apenas 6,7% exportam seus
produtos, mas nenhuma das empresas que exportam tem no mercado externo seu
principal mercado. O Quadro 1 apresenta alguns resultados gerais da pesquisa realizada.

Em 100% das empresas da amostra, a produção é própria, não havendo terceirização de


serviços nas atividades de fabricação, exceto na parte de acabamento, em apenas uma
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empresa, que terceiriza a usinagem de seus produtos. A maioria das empresas do
segmento em estudo possui de 10 a 50 trabalhadores (73,34% das empresas
estudadas, Tabela 2). Quanto ao faturamento, 53,33% das empresas possuem
faturamento anual menor que R$ 1 milhão (Tabela 3).

Fusão em ferro representa 39,22% das linhas fundidas, enquanto o aço representa
25,49%, o alumínio, 13,73% e o aço inox, 11,76% (Tabela 4). Cabe aqui ressaltar que
muitas empresas possuem apenas uma linha de produtos (50% das empresas
estudadas), enquanto outras possuem as linhas A e B (30%) ou linhas A, B e C (20% das
empresas estudadas).

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Para as cidades de Indaiatuba, Itu, Piracicaba e São Carlos, que são aquelas com o maior
número de empresas visitadas, construímos um gráfico com o porcentual do faturamento
correspondente a cada uma das ligas (cada empresa apontava o porcentual da produção
que era correspondente a cada uma das linhas de produtos). Isso é mostrado nas Figuras
1 a 4. A predominância das ligas de ferro ficou bem evidente nas cidades de Itu (Figura
2) e de Piracicaba (Figura 3), mas uma participação considerável dessa liga também é
verificada nas cidades de Indaiatuba e São Carlos (Figuras 1 e 4, respectivamente). Em
segundo lugar em participação aparecem as ligas de aço e em terceiro lugar, as ligas de
alumínio. A exceção ocorre na cidade de Itu, onde as ligas de ferro têm maior
participação, seguidas por ligas de alumínio. Somente uma empresa produz aços
especiais e ela se encontra na cidade de São Carlos. Vale destacar que maior
conhecimento técnico é necessário para produzir fundidos de ligas de aço, em particular
para produzir ligas de aço especiais.

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Há relação entre o número de trabalhadores na produção e o tipo de liga (Tabela 5): das
indústrias com até 20 trabalhadores na produção, 78% produzem as ligas 1 (ferro) e 2
(alumínio); das com 20 a 50 trabalhadores, para a amostra, nenhuma produz a liga 6
(aço especial) e 69% produzem as ligas 1 (ferro) e 4 (aço); e as indústrias com mais de
50 trabalhadores, para a amostra, não produzem as ligas 3 (cobre) e 7 (cobalto) e 64%
delas produzem as ligas 1 (ferro) e 4 (aço).

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As ligas 6 (aço especial) e 7 (cobalto) são utilizadas, na amostra, em apenas uma
empresa para cada liga, sendo uma com mais de 100 trabalhadores (no caso da liga 6) e
uma entre 20 e 50 trabalhadores (no caso da liga 7).

Com relação às ligas, faturamento e mercados [nacional e regional (raio de 100 km)],
observamos que 100% das linhas de produtos que apresentam o maior faturamento
anual (entre R$ 5 e 20 milhões) têm o mercado nacional como principal mercado (Tabela
6). O mercado nacional também é predominante na maioria das linhas de produtos que
trabalha com ligas de cobalto, aço, aço inox e aço especial (100%, 69,2%, 66,7% e
100%, respectivamente, têm o mercado nacional como principal mercado – Tabela 7).
Isso pode ser justificado pela maior complexidade dos processos utilizados na fabricação
de produtos a partir dessas ligas, o que deve restringir o mercado a empresas que
estejam mais preparadas para produzir os produtos respeitando os níveis de qualidade
exigidos. Tais exigências são menores nos processos de fabricação utilizando ligas de
ferro, cobre e alumínio.

Os clientes das fundições com faturamento mais alto (entre R$ 5 e 20 milhões) são dos
ramos automobilístico e metal-mecânico; as de faturamento médio (entre R$ 1 e 5
milhões) atendem a clientes dos ramos automobilístico, metal-mecânico e químico; as de
baixo faturamento atendem a clientes dos ramos (em ordem de importância): metal-
mecânico, automobilístico, químico, alimentos e construção civil (Tabela 8).

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Além disso, apenas o ramo químico demanda aço especial; o de alimentos demanda ligas
de alumínio e aço inox; o metal-mecânico só não utiliza os aços especiais; e a indústria
automobilística demanda (em ordem de importância) ferro fundido, aço fundido e
alumínio fundido (Tabela 9).

2.3 Tamanho médio de lotes e nível de automação

Foi constatado (Tabela 10) que a maioria das linhas de produtos trabalha em média com
lotes pequenos, de 2 a 100 peças (68,33% das linhas). Isso é decorrência do segmento
estudado, ou seja, fundições de mercado, que trabalham por encomenda, aliado à
confirmação da seguinte premissa: possuem grande diversidade de produtos e trabalham
com diversos clientes.

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A surpresa na Tabela 10 é que apenas 5,88% das linhas de produtos são produzidas em
lotes unitários; esperávamos uma porcentagem significativamente maior.

Independentemente do número de trabalhadores, a predominância é dos lotes pequenos


(Tabela 11). Das empresas com menos de 20 trabalhadores, 78% trabalham com lotes
pequenos; para as empresas entre 20 e 50 trabalhadores, esse valor passa para 69%,
mudando para 50% e 60% para as empresas entre 50 e 100 trabalhadores e para as
empresas com mais de 100 trabalhadores, respectivamente. Os dois casos de lotes
grandes correspondem a empresas com menos de 20 trabalhadores; na realidade, são
empresas que, embora produzam sob encomenda, produzem para poucos clientes e
praticamente são cativas desses clientes.

Independentemente do tipo de liga, inclusive para o alumínio, que apresenta um caso de


lote unitário e um de lote grande, além de cinco com lotes pequenos, a moda estatística
é lote pequeno (Tabela 12). A única exceção ocorre com ligas de cobalto, que na amostra
aparece em apenas uma linha de produtos, que opera com lotes médios. Todos os casos
das ligas de cobre e aço especial acontecem com lotes pequenos. Não há nenhum caso
de lote grande para o ferro fundido nem de lote unitário para o aço.

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O nível de automação encontrado nas empresas de fundição de mercado dos 5 pólos
estudados é bastante baixo. O que há de mais automatizado nas empresas é a presença
de equipamentos mecânicos para a moldagem, porém nem todos os produtos podem ser
moldados nesses equipamentos. Outros equipamentos automatizados encontrados não
são implantados com o objetivo de reduzir o número de trabalhadores. Sistemas para a
recuperação da areia de fundição são exemplos típicos em que o objetivo não é a
redução do número de trabalhadores na produção, mas, antes, preocupação ambiental
[depois de utilizada em moldes na indústria de fundição, a areia fica contaminada por
metais pesados, principalmente cobre e chumbo, e por fenóis originados das resinas
empregadas na sua compactação (San Martin & Campanili, 2002)] ou mesmo
preocupação em reduzir os custos com a redução das compras de areia para fundição.

Alguns dos equipamentos utilizados nas 4 empresas com menor razão entre faturamento
anual (valor médio da faixa de faturamento, visto que muitas empresas se recusam a
fornecer os valores precisos de faturamento) e total de trabalhadores na produção são
mostrados na Tabela 13 e alguns equipamentos utilizados nas 4 empresas com maior
razão entre faturamento anual e total de trabalhadores na produção são mostrados
naTabela 14.

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Analisando as Tabelas 13 e 14, notamos que as empresas E27 e E01 possuem forno de
indução e misturador de areia convencional (mecânico) e não possuem sistema CAD. As
diferenças se devem ao fato de que a E27 não tem recuperação de areia e a E01 possui.
Mas isso não explica a grande diferença de faturamento/trabalhador. O que difere e
explica a diferença é o know-how da E01 em operar com materiais mais caros e que
demandam alta tecnologia. Ou seja, o faturamento/trabalhador é muito mais função da
tecnologia do produto (no caso da fundição corresponde ao know-how requerido para
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operar com determinados aços especiais) do que da tecnologia do processo de
fabricação.

As empresas com alto faturamento/trabalhador em geral possuem mais recursos


financeiros e investem em sistema para recuperação de areia. O comportamento das
faixas de faturamento (faixas 1, 2 e 3) relacionadas com o número de trabalhadores está
apresentado na Figura 5.

Em geral, quanto maior o faturamento, maior o número de trabalhadores, mas há


algumas exceções.

Uma empresa (trabalhando com ligas de ferro) com mais de 40 funcionários pertence à
faixa de faturamento 1; duas empresas (uma delas trabalhando com ligas de alumínio e
a outra, com ligas de aço inox e aço carbono) com menos de 40 trabalhadores
apresentam faturamento na faixa 2; e uma empresa (trabalhando com ligas de ferro, aço
carbono e alumínio) com menos de 100 trabalhadores apresenta faturamento na faixa 3.
Novamente, essas exceções são explicadas mais pela tecnologia dos materiais envolvidos
na fundição do que pelas diferenças na tecnologia dos processos de fabricação.

Na grande maioria das empresas com lotes pequenos, os clientes pertencem ao ramo
metal-mecânico (68,6%,Tabela 15), já as empresas com lotes médios estão
concentradas nos ramos metal-mecânico (45,4%) e automobilístico (27,2%). Vale a pena
ressaltar ainda: os ramos metal-mecânico e automobilístico são os ramos predominantes
e, para o ramo da indústria química, 80% dos lotes são pequenos.

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2.4 Interesse em automação e em sistemas informatizados de gestão

Das empresas pertencentes à amostra, 73,3% apresentaram interesse em automação


industrial e 80% apresentaram interesse em sistemas informatizados para gestão da
produção (ver Quadro 1).

Quanto à automação/informatização, as empresas têm interesse, mas há empecilhos.


Dos fatores mais importantes para que haja investimentos em automação industrial e em
sistemas informatizados de gestão da produção, 76,7% das empresas assinalaram a
disponibilidade de recursos financeiros; 43,3% assinalaram a perspectiva de crescimento
da economia; 46,7%, o volume de produção; 23,3%, o nível tecnológico do mercado
concorrencial; 23,3%, a qualidade da mão-de-obra; 10%, a necessidade de mais
informações sobre automação industrial; e 10%, a necessidade de mais informações
sobre sistemas informatizados de gestão da produção (ver Quadro 1). É importante
ressaltar que cada empresa destacava dentre as opções as três consideradas mais
importantes.

O interesse em automação/sistemas informatizados de gestão é alto, porém, a


automatização atual é baixa. O que se tem de mais automatizado em muitas delas são
fornos que controlam com maior rigor a temperatura do metal. Em um número menor de
empresas pudemos encontrar máquinas para fabricação de moldes (com alimentação
automática ou não) e sistemas para a recuperação da areia de fundição.

Verificamos que tanto para as empresas com faturamento pequeno quanto para as
empresas de faturamento médio o interesse em automação é bastante elevado (75% e
82%, respectivamente – Tabela 16), enquanto para as empresas de faturamento grande
esse percentual de interesse cai para 33%.

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Pela Tabela 17 observa-se que empresas com baixo ou médio nível de automação
apresentam grande interesse em automação (80% e 77%, respectivamente). Por outro
lado, somente 33% das empresas com alto nível de automação apresentam interesse em
automação.

Nossa atenção foi despertada para o fato de uma alta porcentagem de empresas que
produzem em pequenos lotes apresentarem interesse em automação (Tabela 18).
Porém, esse interesse é limitado a certos aspectos específicos do processo, por exemplo,
forno com controles mais automatizados, melhor controle da temperatura ou, ainda,
aparelhos mais automatizados para seus laboratórios de análise.

As empresas que consideram o mercado pouco concorrido apresentaram menos interesse


em automação do que empresas que consideram o mercado muito concorrido (20% e
84%, respectivamente – Tabela 19).

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Embora a Tabela 40 mostre que o projeto de implantação de equipamentos
automatizados tenha importância consideravelmente alta para as empresas que se
consideram em um mercado pouco concorrido, se comparada com as demais empresas
(mercado muito concorrido), a situação de pouca concorrência não estimula essas
empresas a investir (ou a ter interesse em investir) em equipamentos automatizados
(Tabela 19). Em empresas cujos principais clientes são dos ramos automobilístico e
metal-mecânico, o interesse em automação é bastante elevado (67% e 81%,
respectivamente – Tabela 20).

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A maioria das fundições aponta que seus principais clientes pertencem a esses dois
ramos. Para o ramo automobilístico, as quantidades de produtos envolvidos é bastante
alta, o que viabiliza a automação dos processos produtivos, por isso possivelmente essas
empresas declararam interesse em automação. A justificativa para o grande interesse em
automação pode estar no nível elevado de concorrência apontado por 87% das empresas
entrevistadas cujo principal ramo de atividade dos clientes é o metal-mecânico. Porém,
como grande parte (80%) das empresas cujo principal ramo dos clientes é o metal-
mecânico trabalha em média com lotes pequenos, a automatização de partes do
processo pode ser melhor para elas (como aquisição de fornos mais automatizados ou
equipamentos que automatizem moldagem, por exemplo).

Empresas cujos negócios estão em declínio não demonstram interesse em automação


(Tabela 21). Tanto para empresas estáveis como para empresas em crescimento há
grande porcentual de interesse em automação (77% e 78%, respectivamente). Essas
empresas desejam aumentar sua competitividade por meio da automação e por isso
apontaram interesse nela.

Para as empresas com faturamento anual de até R$ 5 milhões, o interesse em sistema


informatizado de gestão apresenta proporção muito alta (85% – Tabela 22). Apenas para
empresas com faturamento anual acima de R$ 5 milhões o interesse em sistema
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informatizado de gestão não apresentou proporção elevada (33%). Isso se deve ao fato
de que empresas com esse faturamento (acima de R$ 5 milhões anuais) já possuem tais
sistemas. Todas as 3 empresas com faturamento acima de R$ 5 milhões possuem versão
informatizada implantada para emissão de ordens de compras, emissão de ordens de
produção e codificação de materiais. Já a programação fina da produção é informatizada
em apenas uma delas.

Para todos os níveis de automação (desde baixo até alto) há um porcentual elevado de
interesse em sistema informatizado de gestão (Tabela 23), o que reflete a importância
dada pelas empresas a esse tipo de sistema de gestão, que agiliza a troca de
informações na empresa, facilitando e acelerando seu gerenciamento.

As empresas que consideram elevado o nível de concorrência do mercado apresentam


porcentual elevado de interesse em sistema informatizado de gestão (Tabela 24) e
também interesse em automação, ao passo que empresas que consideram baixa a
concorrência apresentam porcentual bastante inferior (40%, muito abaixo dos 88% das
empresas que consideram alta a concorrência).

Como ocorreu com interesse em automação, fundições cujos clientes pertencem aos
ramos automobilístico e metal-mecânico apresentam proporção bastante elevada de
interesse em sistema informatizado de gestão (67% e 88%, respectivamente – Tabela
25).

Independentemente de o faturamento ser pequeno ou médio, os fatores que mais afetam


a decisão de investir em automação e/ou sistemas informatizados de gestão são
disponibilidade de recursos financeiros da empresa, perspectiva de crescimento da
economia e volume de produção (Tabela 26). O mesmo ocorre para a produção em lotes
pequenos e médios (Tabela 27). Verificamos que em apenas duas empresas o nível
médio de instrução é apenas leitura ("saber ler", Tabela 28). Ambas pertencem à cidade
de São Carlos. Curiosamente, apesar de São Carlos ser considerado um centro de alta
tecnologia, em 40% de suas fundições é elevado o porcentual de mão-de-obra que sabe
apenas ler (Tabela 28).

Para a determinação do nível de informatização relativa seguimos os passos descritos por


Fernandes & Mulato (1998), levando em consideração a quantidade e o tipo de
computadores, a existência ou não de Workstation e a quantidade de trabalhadores na
empresa.

O índice de informatização foi classificado entre 1 e 5, sendo atribuído 1 ao nível de


informatização mais baixo e 5 ao mais elevado. À medida que o faturamento anual
aumenta, cresce o nível de informatização relativa (Tabela 29).

Das empresas com faturamento anual de até R$ 1 milhão, 87,5% situam-se nos níveis
mais baixos de informatização relativa (1 e 2), enquanto para as demais faixas de
faturamento anual esse porcentual passa para 81,8% (faturamento entre R$ 1 e 5
milhões) e para 33,3% (faturamento entre R$ 5 e 20 milhões).

Quando observamos os níveis mais elevados de informatização relativa (4 e 5) vemos


que 6,2% das empresas com faturamento anual de até R$ 1 milhão situam-se nesse
nível, enquanto para as demais faixas de faturamento anual esse porcentual passa para
18,2% (faturamento entre R$ 1 e 5 milhões) e para 33,3% (faturamento entre R$ 5 e 20
milhões). Porém, no geral, o nível de informatização é baixo: 80% das empresas
possuem nível 1 ou 2 de informatização relativa, o que pode, nesses casos, dificultar a

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implantação de um sistema informatizado de gestão. Por meio da Tabela 30 constata-se
tendência de empresas com um nível mais alto de automação também apresentarem um
nível mais alto de informatização. Quanto maior o faturamento (Tabela 31), maior o nível
de automação (Tabela 32); ou quanto melhor a tendência dos negócios (Tabela 33),
maior o uso de redes locais no escritório. Outro aspecto que pode ser comparado para
verificar o emprego dos recursos de informática pela empresa é a utilização desses
equipamentos no chão de fábrica, o que exigiria menos tempo para acessar as
informações necessárias para o processo e também para atualizá-las quando necessário.

Para tanto é indispensável o uso de redes locais interligando o escritório ao chão de


fábrica ou ainda interligando internamente as diferentes máquinas instaladas no chão de
fábrica. Construímos tabelas para verificar como varia a utilização de rede local no chão
de fábrica para diferentes fatores, como faturamento da empresa, nível de automação,
etc. Pudemos observar o seguinte:

• Quanto maior o faturamento, maior o uso de rede local no chão de fábrica (Tabela 34).

• As empresas com baixo nível de automação não utilizam rede local no chão de fábrica
(Tabela 35) e das com nível alto de automação apenas 33% possuem rede local no chão
de fábrica. Das empresas com nível intermediário de automação 18% possuem rede local
no chão de fábrica.

• Para as empresas com tendência de declínio nos negócios não foi constatada presença
de rede local no chão de fábrica (Tabela 36). Para as estáveis, 8% possuem rede local no
chão de fábrica. Para as empresas em crescimento, 21%, e para as em crescimento
rápido, 50%.

Pudemos constatar, a partir das considerações feitas a respeito da utilização dos recursos
de informática da empresa, que, salvo exceções, é bastante baixo o emprego dos
recursos de informática existentes na melhoria das condições do trabalho, tanto no
escritório quanto, principalmente, no chão de fábrica, onde tudo é feito de forma muito
manual: ordens de produção e ordens de compra ainda são manuscritas.

A parte contábil dessas empresas é, muitas vezes, terceirizada, portanto, muitos


recursos de informática que podem não estar sendo devidamente aproveitados dentro
das empresas são compensados (nessa área contábil) por serviços terceirizados. Tabelas
foram construídas para tentar identificar os tipos e características das empresas que
possuem uma linha de contato entre fornecedores e/ou clientes por meio de rede
(Internet, por exemplo). A partir dessas tabelas, aqui omitidas por questão de espaço,
verificamos:

Empresas com maior faturamento anual utilizam mais a rede para comunicação entre
fornecedores e também entre clientes do que empresas com faturamento mais baixo.
Esse porcentual vai decrescendo à medida que a faixa de faturamento anual diminui.

Para o nível de automação em empresas cujos níveis são intermediários, é maior o


porcentual delas com ligação por rede entre fornecedores e também entre clientes do
que nas empresas com nível baixo e alto. É interessante observar que as empresas com
nível alto não possuem ligação por rede entre fornecedores nem entre clientes. Isso nos
mostra que internamente elas são mais automatizadas, porém para contatos externos
(entre clientes ou fornecedores) ainda utilizam exclusivamente contato direto, ou ainda
telefone ou fax, em vez de agilizá-lo com o uso de rede entre seus clientes e entre seus
fornecedores.

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Por tendência dos negócios, 50% das empresas em crescimento ou em crescimento
rápido utilizam ligação de rede para comunicação entre clientes e/ou fornecedores. Entre
empresas em declínio nenhuma utiliza rede para comunicação entre clientes e/ou
fornecedores. Já para as empresas em situação estável, 8% utilizam tais recursos.

3. Projetos de melhoria e síntese dos problemas e necessidades na


área produtiva

Depois de caracterizar o segmento estudado (visão geral, porte, tipos de ligas, tamanho
de lotes, nível de automação e interesse em automação e em sistemas informatizados de
gestão), nesta seção analisamos os projetos de melhoria na área produtiva do segmento
focalizado e apresentamos uma síntese dos problemas e necessidades na área produtiva
que os entrevistados apontaram como críticos.

3.1 Projetos de melhoria

Nas Tabelas 37, 38, 39 e 40 estão apresentadas informações sobre projetos de melhoria.
A importância dos projetos corresponde à importância dada pela empresa ao projeto
correspondente, e sua escala varia de 1 (sem importância) a 5 (muito importante). Os
projetos foram agrupados em duas partes: em uma parte há distinção entre implantação
em versão manual e versão informatizada (Tabelas 37 e 39) e em outra não há tal
distinção (Tabelas 38 e 40). Três índices foram utilizados para a ordenação dos projetos
de melhoria, a saber:

I1 = Valor mínimo =

I2 = Índice de importância = (quanto maior a média e menor o S, maior é o índice)

I3 = Variabilidade relativa , em que a média ( ) corresponde à importância


média do projeto de melhoria; S é o desvio-padrão da importância; e I1, I2 e I3 são os
índices utilizados para a classificação dos projetos.

I1 é o primeiro índice utilizado para a classificação. Em caso de valores iguais, I2 é


utilizado como critério de desempate. Esses dois índices são classificados do maior para o
menor valor. Paralelamente a isso, o índice I3indica a variabilidade relativa das medidas,
e é classificado do menor para o maior valor, ou seja, da menor variabilidade relativa
para a maior. Portanto, para um projeto ser mais consistentemente importante, ele deve
apresentar os maiores valores para os dois primeiros índices e o menor valor para o
terceiro índice.

Um exemplo de como esses índices serão utilizados na ordenação dos projetos de


melhoria pode ser visto ao considerar dois projetos quaisquer com importância média 4,6
e 4,0 e desvio-padrão de 0,4 e de 0,3, respectivamente. Calculando os dois índices (I1 e
I2), temos que para o primeiro projeto (importância média de 4,6 e desvio-padrão de
0,4) o valor dos índices é 3,4 (I1) e 11,5 (I2), enquanto para o segundo projeto o valor
dos índices é 3,1 e 13,33, respectivamente. Se apenas o segundo índice fosse utilizado, o
segundo projeto ocuparia posição relativa superior à do primeiro, embora consideremos o
primeiro projeto mais importante, pois uma diferença da média bem mais significativa
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que a diferença do desvio foi verificada. Logo, é preferível que o primeiro projeto ocupe
posição mais elevada que o segundo.

Há outro exemplo da utilização desses índices, mas agora considerando o critério de


desempate entre dois projetos, um com média 4,6 e desvio 0,4 e outro com média 4,3 e
desvio 0,3. O valor dos índices para o primeiro projeto é 3,4 e 11,5 (I1 e I2,
respectivamente) e para o segundo projeto é 3,4 e 14,33 (I1 e I2, respectivamente).
Dessa forma, ambos os projetos estão empatados, considerando o índice (I1), mas, se
considerarmos o índice (I2) como critério para desempate, o segundo projeto (média 4,3
e desvio 0,3) ocupará posição mais elevada que o segundo.

Em caso de dois ou mais projetos apresentarem os mesmos valores para os 3 índices


utilizados na classificação dos projetos de melhoria, empregaremos o posto médio. Por
exemplo, se 3 projetos, apresentando os mesmos valores para os 3 índices de
classificação, classificarem-se em 6o, 7o e 8o lugares, o posto médio a ser adotado é (6 +
7 + 8)/3 = 7. Ou seja, os 3 projetos aparecerão com a classificação 7.

De forma geral, podemos afirmar que mais ajuda externa (Universidade, SENAI,
consultoria) é desejada para os projetos com maior importância e que, devido a essa
importância, já estão implantados ou estão para ser implantados nos próximos 3 anos na
maioria das empresas (Tabelas 37 e 38).

Os projetos de melhoria identificados como de importância A (importância mais alta) são


os relacionados com a melhoria da qualidade, melhoria da manufatura e do projeto do
fundido e com a programação da produção. Ou seja, são projetos que têm relação direta
ou indireta com a automação industrial ou com a informatização de processos de gestão.
Porém, apenas 3,33% das empresas (1 em 30) implantaram equipamentos
automatizados controlados por computador e 30% pretendem implantar tais
equipamentos automatizados num horizonte de 3 anos.

De todos os projetos de melhoria mostrados nas Tabelas 37 e 38, vale a pena ressaltar
neste artigo: os projetos de programação da produção no geral apresentaram porcentual
de implantação acima de 60% (considerando versões manual e informatizada) e
importância média em torno de 4 (numa escala de 1 a 5), ou seja, importante.

Os projetos ligados à programação se dividem em dois grupos:

Os muito importantes: "Programação da produção visando à redução de refugos"


(4o lugar entre 32 projetos); "Programação da produção visando a melhor cumprimento
de prazos" (6o lugar); "Programação da produção visando fechar os pedidos para faturar
($) o quanto antes" (7o lugar).

Os significativamente importantes: "Programação da produção para maximizar o volume


de produção sujeito a restrições de espaço disponível" (15o lugar); "Programação da
produção visando a melhor utilização dos equipamentos para aumentar a produção"
(16o lugar); "Programação da produção visando à redução de consumo de energia"
(19o lugar).

Essas informações são extremamente úteis para o desenvolvimento de um sistema de


programação da produção adequado ao segmento em estudo. O 16o lugar ("Programação
da produção visando a melhor utilização dos equipamentos para aumentar a produção")
mostra que tais empresas não acreditam que equipamento parado represente prejuízo
certo, idéia que predominou até os anos 70. As empresas estão preocupadas
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principalmente com a redução de refugos (que impacta os custos e pode impactar a
qualidade dos produtos recebidos pelos clientes), com o atendimento dos prazos e em
faturar o quanto antes (4o, 6o e 7olugar em importância entre 32 projetos,
respectivamente). Outros projetos, como "prototipagem rápida" e "uso de sistema CAD
para modelação", por exemplo, não têm grande importância para as empresas do
segmento de fundições de mercado, pois o modelo geralmente é fornecido pelo próprio
cliente.

É pequena a porcentagem de empresas que já adquiriram "software para a simulação de


solidificação" e "equipamentos automatizados controlados por computador". Isso se deve
ao elevado capital necessário para tais implantações. Vale ressaltar que, de maneira
geral, não compensa realizar a simulação da solidificação para peças pequenas feitas em
pequenas quantidades; já para peças pequenas feitas em grandes quantidades o que se
faz é um experimento real com uma pequena amostra. No caso de fundição de peças
grandes, é bem conveniente realizar a simulação, já que, por exemplo, para fundir uma
única peça de 5 toneladas, o tempo de resfriamento da peça real é muito grande e, se
ela for refugada, haverá um impacto negativo considerável nos custos e no prazo de
entrega.

Dos projetos das Tabelas 39 e 40, vale a pena ressaltar neste artigo: para as empresas
com o mais baixo nível de automação (P na Tabela 39), o planejamento da capacidade,
juntamente com projetos de programação da produção, são os mais significativamente
importantes. As condições precárias que essas empresas enfrentam (algumas delas
utilizam fornos inadequados para a produção de determinados tipos de liga, com pouco
ou nenhum controle de temperatura, resultando em sérios problemas com índices de
refugo) contribuem para que esse quadro se estabeleça. Melhoria na manufatura e
melhoria no projeto do fundido, que para as demais ocupam posições relativas mais
elevadas, acabam recebendo menor importância em decorrência de limitações que as
empresas com níveis mais baixos de automação apresentam e que contribuem para que
outros projetos recebam maior importância. A implantação de equipamentos
automatizados é um exemplo de projeto que ocupa posição relativa mais elevada nas
empresas com baixo nível de automação do que nas demais empresas (Tabela 40),
recebendo a mesma importância que a melhoria da manufatura do fundido. Por outro
lado, as empresas com nível de automação mais alto (G na Tabela 39) dão grande
importância à programação da produção visando à redução do consumo de energia
(entre os dois projetos mais significativamente importantes na Tabela 39), enquanto o
planejamento da capacidade de produção de curto prazo ocupa uma das últimas posições
[situação bem diferente da que ocorre nas empresas com baixo nível de automação ou
com nível intermediário (M na Tabela 39) de automação, em que a programação da
produção visando à redução do consumo de energia ocupa o 11o e o 14o lugar,
respectivamente].

Para as empresas com o mais alto nível de automação, os projetos com importância
média mais elevada são novamente projetos relacionados à programação da produção (4
dos 8 mais importantes da Tabela 39: visando a melhor cumprimento dos prazos,
visando fechar pedidos o quanto antes, visando à redução de refugos e visando à
redução do consumo de energia). Os demais projetos são melhoria na manufatura do
fundido e implantação de codificação de materiais, melhoria da qualidade dos produtos
entregues e implantação da ISO 9000. Esses resultados são compatíveis com um
postulado de Sipper & Bulfin (1997) de que, quando temos um sistema de produção mais
avançado, também devemos ter um sistema de PCP (Planejamento e Controle da
Produção) mais avançado. Ainda, para as empresas com o mais alto nível de automação,
o projeto redução de estoques de produtos finais ocupa posição relativa mais elevada

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que para as empresas dos demais níveis (4olugar para empresas com nível alto e
13o lugar para as demais – Tabela 40).

Programação da produção para as empresas que trabalham com lotes unitários (tamanho
1 na Tabela 39) tem menos importância do que para os demais tamanhos de lote,
quando a programação visa à redução de refugos ou à maximização da utilização do
espaço. Porém, com exceção de programações visando a melhor cumprimento dos
prazos e fechamento de pedidos para faturar o quanto antes, os projetos de
programação da produção ganham a mesma importância que os projetos de implantação
de sistemas de emissão de ordens, planejamento de capacidade de produção de curto
prazo e previsão de vendas (de longo e de curto prazo), além de melhoria no projeto e
na manufatura do fundido. Para as empresas que trabalham com lotes médios, os
projetos de programação da produção são prioritários (os 3 mais significativamente
importantes são projetos de programação da produção – Tabela 39).

Empresas que se consideram em um mercado com pouca concorrência apontam,


diferentemente das demais, o projeto de programação da produção visando a melhor
utilização de equipamentos entre os 2 projetos mais significativamente importantes.
Previsão de vendas de curto prazo é outro projeto que se situa entre os mais importantes
para as empresas que se consideram em um mercado com pouca concorrência
(5o na Tabela 39) e que para as demais empresas ocupa posição intermediária (9o lugar).
Enquanto para as empresas que se consideram em um mercado com muita concorrência
o projeto de melhoria da manufatura do fundido foi classificado como o mais
significativamente importante, nas empresas que não se consideram em um mercado tão
concorrido esse projeto ocupou posição intermediária (8o lugar), dando mais importância
a outros projetos, como previsão de vendas de curto prazo, por exemplo. Podemos
observar que as empresas com pouca concorrência têm condições de realizar e dar maior
importância à previsão de vendas de curto prazo do que as empresas com muita
concorrência, visto que a oscilação das vendas tende a ser maior nessas empresas do
que nas empresas com pouca concorrência.

Para as empresas que trabalham com lotes unitários (1 na Tabela 40), o projeto de
implantação de softwarepara a definição das quantidades de matérias-primas para que a
composição da liga seja atingida a um custo mínimo ocupa o 3o lugar em importância, o
que é coerente, já que o lote a ser produzido é de apenas uma peça e a quantidade do
material importa mais nesse caso do que no caso de se trabalhar com lotes maiores (em
que esse projeto ocupa as posições 7, 6 e 8,5 para as empresas que trabalham com lotes
pequenos (2), médios (3) e grandes (4), respectivamente).

Pelas análises relativas aos projetos de melhoria, vemos que, em geral, quanto mais
importante o projeto para as diferentes categorias de empresas, menor é a variância da
importância. Isso nos mostra que, no geral, projetos importantes para uma categoria de
empresas são importantes para a categoria toda. Uma das poucas exceções é a relativa a
projetos como implantação de ISO 9000 e Gestão da Qualidade Total que, embora
tenham alta importância, sua variância é, em geral, maior que a dos demais de
importância também alta. Isso mostra a diferente importância que algumas empresas
dão a esse tipo de projeto de qualidade. Para muitas empresas, esses projetos significam
o mesmo que o projeto melhoria da qualidade dos produtos entregues aos clientes,
porém este último muitas vezes é realizado de forma subjetiva, devido à não utilização
de procedimentos e sistemas de qualidade, como no caso da certificação ISO 9000, por
exemplo. Além disso, a alta variância de tais projetos pode estar relacionada à avaliação
subjetiva e variável de empresa para empresa da relação custos/benefícios.

3.2 Problemas e necessidades da área produtiva


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Para concluir, mostrando de forma definitiva a relevância dos trabalhos que levem à
melhoria dos equipamentos e dos processos de fabricação e de gestão, o que envolve
diretamente a automação industrial e os sistemas informatizados de PCP, apresentamos
a Tabela 41, na qual os principais problemas e necessidades relativos à produção foram
agrupados em 6 categorias, segundo classificação contida em Zaccarelli (1990). É
importante destacar que até 3 problemas e necessidades relativos à produção poderiam
ser apontados pelas empresas.

Os problemas com equipamentos e com processos de fabricação aparecem como os mais


relevantes, visto o elevado porcentual de empresas que apontaram essa categoria como
problema/necessidade da área produtiva (66,67% na Tabela 41). Mão-de-obra
(treinamento e produtividade) foi a segunda categoria mais apontada pelas empresas da
amostra como problema/necessidade da área produtiva (36,67% na Tabela 41). Essas
duas categorias refletem as condições de trabalho encontradas nas fundições de
mercado: baixa qualificação da mão-de-obra e deficiências em equipamentos.

4. Conclusões

Os principais objetivos deste trabalho são verificar até que ponto a automação pode ser
importante para o segmento de fundições de mercado do interior do Estado de São Paulo
pertencentes aos (ou à vizinhança dos) 5 principais pólos (Piracicaba, Indaiatuba,
Limeira, São Carlos e Itu); ou e até que ponto processos de decisão mais racionais,
baseados em sistemas informatizados de gestão da produção, podem ser importantes
para esse segmento.

Com este trabalho, esperamos que um conjunto de informações úteis seja fornecido para
que pesquisas aplicadas às necessidades do segmento sejam conduzidas, proporcionando
contribuições para o avanço de pesquisas acadêmicas mais focadas nos aspectos que
despertem mais o interesse das empresas. Dessa forma, os resultados de pesquisas
acadêmicas poderão ser mais facilmente disseminados para as empresas.

Embora 73,3% das empresas da amostra tenham interesse em automação industrial


(Quadro 1), o nível de automação que o segmento (fundições de mercado do interior do
Estado de São Paulo, pertencentes aos 5 principais pólos e suas imediações) apresenta,
em termos de equipamentos automatizados, é bastante baixo. O sistema de produção
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operando sob encomenda e produzindo um grande número de pedidos vindos, em geral,
de um grande número de clientes desfavorece a implantação de certos tipos de
equipamentos para a automatização da produção, se comparado com fundições cativas
(que produzem grandes quantidades de produtos para um único cliente) ou com
fundições que produzem produtos mais padronizados.

A não realização de projetos de modelos para as peças que serão fundidas (o que
normalmente fica a cargo dos clientes, cabendo às fundições apenas projetos de canais e
massalotes, ou ainda pequenos reparos em modelos danificados) acaba refletindo em
baixa porcentagem de empresas que implantaram (10%) ou que irão
implantar/aperfeiçoar sistemas CAD em um período de três anos (23,33%) – ver Tabela
38.

Quando o assunto é sistema informatizado, o interesse também é elevado (80%,


ver Quadro 1). Porém, situação análoga à dos equipamentos automatizados ocorre:
baixa porcentagem de empresas que implantaram em versão informatizada os projetos
relativos a sistemas de emissão de ordens de compra (30%), ordens de produção (30%),
roteiro de produção (6,67%) e os projetos para programação da produção (13,33%,
maior porcentual entre os projetos de programação da produção). Isso pode ser
verificado na Tabela 37. Por meio desses projetos, pode-se concluir que é baixa a
utilização de sistemas informatizados para a gestão.

Portanto, verificamos, por meio de análises feitas nas Seções 2 e 3, que o segmento é
carente tanto em equipamentos automatizados quanto em sistemas informatizados de
gestão. Essas questões são problemas potenciais a serem explorados. As empresas
reconhecem a importância e a necessidade de tais equipamentos ou sistemas. Dos
problemas e necessidades apontados pelas empresas da amostra (Tabela 41),
equipamentos e processos de fabricação são os mais citados (66,67%), refletindo a
precariedade dos equipamentos e o baixo nível de automação dos equipamentos. Além
disso são carências para as empresas (em ordem de importância): treinamento e
produtividade da mão-de-obra (crítico para 37% das empresas), PCP (30%), qualidade
(30%), suprimentos (17%) e instalações industriais (13%). Os problemas relacionados à
mão-de-obra (treinamento e produtividade), que são a segunda categoria mais apontada
pelas empresas como problemas ou necessidades da área produtiva (36,67% na Tabela
41), refletem, juntamente com equipamentos, as condições de trabalho encontradas nas
fundições de mercado: baixa qualificação da mão-de-obra e deficiências em
equipamentos.

Outras conclusões são sumarizadas a seguir:

• As empresas que se situam entre as com mais baixo nível de automação (tanto de
equipamentos quanto de processos) reconhecem a necessidade de equipamentos
automatizados (a Tabela 17apresenta o interesse em automação para as empresas com
diferentes níveis de automação e aTabela 40 mostra a posição relativa do projeto
implantação de equipamentos automatizados para as empresas com diferentes níveis de
automação), mas a escassez de recursos financeiros, limitações de volume de produção e
a perspectiva de crescimento da economia são os fatores que mais restringem os
investimentos, tanto em automação quanto em implantação de sistemas informatizados
de gestão. Isso é apontado independentemente da faixa de faturamento anual das
empresas (Tabela 26).

• O nível de informatização é muito baixo. A comunicação com os clientes, recebimento


de pedidos, etc. é feito por meio de telefone/ fax, quando não por contato direto com o
cliente. A não utilização de recursos de informática nas empresas atualmente representa
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desvantagem competitiva para elas, pois as informações circulam muito mais lentamente
e as análises de desempenho e o tempo de resposta das empresas são muito demorados.

• Interesse em automação e em sistemas informatizados de gestão são coincidentes.


Empresas que estão melhor posicionadas nesses aspectos também estão melhor
posicionadas quanto à tendência dos negócios. Porém, como foi mostrado anteriormente,
a automação das fundições é baixa no que se refere a equipamentos. O que se tem de
mais automatizado são fornos com melhor controle de temperatura, ou ainda máquinas
para a moldagem.

• Algumas empresas implantaram sistemas para a recuperação da areia de fundição.


Esses sistemas não são implantados com o objetivo de reduzir o número de
trabalhadores na produção, mas, antes, como uma preocupação ambiental ou como um
instrumento para diminuir custos com a redução das compras de areia para fundição.

• As empresas se restringem ao mercado nacional e enfrentam os custos mais baixos


(tanto de matéria-prima quanto de mão-de-obra) das empresas do Estado de Minas
Gerais. Provavelmente, esse foi um fator que contribuiu para que tantas empresas que
eram cadastradas na ABIFA em maio de 1999 (ABIFA, 1999) estivessem fechadas no
primeiro semestre de 2000, pois além dessa concorrência, as fundições de mercado
enfrentam vários problemas apresentados na Seção 3 ("Projetos de melhoria e síntese
dos problemas e necessidades na área produtiva").

• No interior do Estado de São Paulo não existem fundições de mercado com mais de 250
funcionários. As grandes fundições são cativas de si mesmas ou são fornecedoras cativas
de algum (alguns) grande(s) cliente(s).

• O faturamento/trabalhador é muito mais função da tecnologia do produto (no caso de


fundição corresponde ao know-how requerido para operar com determinados aços
especiais) do que da tecnologia do processo de fabricação.

• Nossa atenção foi despertada para o fato de alta porcentagem de empresas que
produzem em pequenos lotes apresentarem interesse em automação (Tabela 18).
Porém, esse interesse é limitado a certos aspectos específicos do processo, por exemplo,
forno com controles mais automatizados, melhor controle da temperatura ou, ainda,
aparelhos mais automatizados para seus laboratórios de análise.

• Curiosamente, apesar de São Carlos ser considerado um centro de alta tecnologia, em


40% de suas fundições é elevado o porcentual de mão-de-obra que sabe apenas ler
(Tabela 28).

• Em empresas cujos negócios estão em declínio não foi constatada presença de rede
local no chão de fábrica (Tabela 36). Entre as estáveis, 8% possuem rede local no chão
de fábrica. Para as empresas em crescimento, 21%, e para as em crescimento rápido,
50%. Além disso, 50% das empresas em crescimento ou em crescimento rápido utilizam
ligação de rede para comunicação entre clientes e/ou fornecedores, enquanto nenhuma
das empresas em declínio emprega rede para comunicação entre clientes e/ou
fornecedores e 8% das empresas em situação estável utilizam tais recursos.

• Os projetos de melhoria identificados como de importância A (importância mais alta)


são os relacionados com a melhoria da qualidade, melhoria da manufatura e do projeto
do fundido e com a programação da produção. Ou seja, são projetos que têm relação

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direta ou indireta com a automação industrial ou com a informatização de processos de
gestão da produção.

• A importância da programação da produção vai de alta para os critérios "Programação


da produção visando à redução de refugos" (4o lugar entre 32 projetos), "Programação
da produção visando a melhor cumprimento de prazos" (6o lugar) e "Programação da
produção visando fechar os pedidos para faturar ($) o quanto antes" (7o lugar) até
significativamente importante para os critérios "Programação da produção para
maximizar o volume de produção sujeito a restrições de espaço disponível" (15o lugar),
"Programação da produção visando a melhor utilização dos equipamentos para aumentar
a produção" (16o lugar) e "Programação da produção visando à redução de consumo de
energia" (19o lugar). Essas informações são extremamente úteis para o desenvolvimento
de um sistema de programação da produção adequado ao segmento em estudo. O
primeiro autor deste artigo é orientador de uma tese de doutorado que leva em conta
essas informações.

• Pelas análises relativas aos projetos de melhoria, vemos que, em geral, quanto mais
importante o projeto para as diferentes categorias de empresas, menor é a variância da
importância. Isso nos mostra que, no geral, projetos importantes para uma categoria de
empresas são importantes para a categoria toda.

Agradecimentos

Sem a grande atenção que as 30 empresas nos dispensaram, o suporte da FAPESP em


termos de bolsa e o aporte de recursos do RECOPE/FINEP este projeto não poderia ter
sido realizado. A estas instituições, nossos agradecimentos. Agradecemos também os
3 referees anônimos que muito contribuíram, com suas críticas e sugestões, para o
aprimoramento do texto originalmente submetido.

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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
Prod. vol.9 no.2 São Paulo July/Dec. 1999
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65131999000200005

A PRODUÇÃO CIENTÍFICA NOS ANAIS DO ENCONTRO NACIONAL DE


ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SUPRIMENTOS : um levantamento de métodos e
tipos de pesquisa

Rosa Maria Villares. S. BertoI; Davi Noboru NakanoII

I
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - Departamento de Engenharia de Produção.
Av. Prof. Almeida Prado, 128, trav. 2 - CEP 05508-900 - São Paulo - SP, rosamvsb@usp.br
II
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - Departamento de Engenharia de
Produção. Av. Prof. Almeida Prado, 128, trav. 2 - CEP 05508-900 - São Paulo -
SP, dnnakano@usp.br

RESUMO

Otrabalho analisa os métodos c técnicas de pesquisa descritos nos relatos publicados nos
Anais do ENEGEP - de 1996 a 1998. Utilizando a tipologia proposta por Filippini (1997), os
trabalhos foram classificados de acordo com o tipo de pesquisa utilizado e os resultados foram
comparados aos encontrados por Filippini nos anais do congresso do DSI. As principais
conclusões são: incentivo a um maior número de trabalhos com pesquisa de campo e a
necessidade de aprofundamento e maior rigor metodológico no planejamento e na condução
das pesquisas.

Palavras Chaves: Engenharia de Produção, Metodologia Científica, Métodos de Pesquisa.

ABSTRACT

Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 47
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
This paper analyses the research approaches and methods used in the papers of the
proceedings of the 1996, 1997 and 1998 ENEGEP's. Starting from a typology developed by
Filippini (1997), the research methods used were classified and compared with the results
found by Filippini in the proceedings of the DSI conference. The main conclusions point
toward the need of deeper methodological concern and better use of research methodos and to
more empirical-based research.

Keywords: Operations management, research methods, cientific methodology.

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7. Referência Bibliográfica

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COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA MELHORIA
CONTÍNUA DA PRODUÇÃO: estudo de caso em empresas da
indústria de autopeças

Melissa Mesquita
Arvin Meritor, LVS Wheels Division,
Av. Major José Levy Sobrinho, 2700, CEP 13486-925,
Limeira, SP, e-mail: melissa.mesquita@arvinmeritor.com
Dário Henrique Alliprandini
Departamento de Engenharia de Produção,
Universidade Federal de São Carlos,
Via Washington Luís, km 235,
CEP 13565-905, São Carlos, SP,
e-mail: dha@power.ufscar.br

Resumo
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa descritiva e exploratória realizada em três
empresas da indústria de autopeças, certificadas com ISO 9000 e QS 9000, a fim de
identificar competências essenciais para melhoria contínua da produção. As principais
observações encontradas foram: as empresas há muito vêm estruturando uma sistemática e
desenvolvendo o treinamento em técnicas e ferramentas necessárias, considerando-se, assim,
habilitadas a executar atividades de melhoria. Entretanto, elas não estão conduzindo
atividades de melhoria contínua visando ao aumento de seu nível de maturidade, com foco no
desenvolvimento de competências. Este artigo apresenta uma discussão sobre a importância
da condução da gestão da melhoria contínua com base na gestão de competências, visando
garantir o amadurecimento contínuo das atividades de melhoria contínua na organização.
Palavras-chave: melhoria contínua, gestão da produção, gestão do conhecimento, gestão
da qualidade, gestão de competências.

1. Introdução
Ocuidado com as competências existentes na organização pode garantir que elas sejam

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vistas em sua totalidade e, se utilizadas na prática da melhoria contínua, levem ao
aperfeiçoamento auto-sustentado e continuado dos processos da produção.
A melhoria da produção deve ser tratada de forma completa, o que requer balanceamento e
integração dos sistemas técnicos e sociais. Isso conduz à necessidade de atuação em diferentes
áreas e à consideração de aspectos como habilidades e motivação (Harrison, 2000); o que
também pode ser confirmado nos trabalhos de Brannen et al. (1998) e Harrison & Storey
(1996).
É possível verificar, em várias empresas ou organizações, atividades de melhoria que muitas
vezes são chamadas de “melhoria contínua”, como, por exemplo, nas empresas com sistema
de qualidade com base nos requisitos da QS 9000.
Entretanto, não se pode afirmar que essas atividades são realmente de melhoria contínua.
Uma possível explicação seria o fato de elas ressaltarem a aplicação de técnicas e ferramentas
sem entendimento básico dos comportamentos relacionados à cultura da empresa, os quais
afetam o desempenho da atividade (Rodrigues, 1998).
Atualmente, é razoável admitir haver carência nas empresas quanto à coordenação das
atividades de melhoria dentro de uma visão sistêmica dos processos existentes. As atividades
normalmente focam a solução necessária para se adequar a um ou outro indicador de
desempenho, e não estendem a análise para implicações em outros processos.
Pode-se, então, esperar, como contribuição importante deste trabalho, o reconhecimento de
alguns tipos de comportamentos que já são praticados nas empresas e que serviram de base ou
alavanca para iniciar a estruturação de uma sistemática de melhoria contínua.
Assim, este artigo contribui para ampliar o escopo da coordenação das atividades de melhoria,
que passa a ter consciência da importância de aspectos associados ao desenvolvimento de
competências para a melhoria da produção.
Afinal, o objetivo principal do estudo realizado foi identificar tais competências, sendo que o
termo competência não foi relacionado ao indivíduo em si, mas abordado segundo o aspecto
organizacional e de gestão das atividades de melhoria contínua da produção. Para isso, foram
desenvolvidos os seguintes objetivos suplementares: caracterizar a sistemática de melhoria
das empresas, incluindo técnicas, metodologias, abordagens utilizadas e capacitação; e
identificar comportamentos relacionados às competências para melhoria contínua em
empresas da indústria de autopeças.

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Em razão de o trabalho ter seu foco nas atividades de melhoria, foram selecionadas empresas
que já passaram pelo processo de implementação dos requisitos da QS 9000, pois
estruturaram uma sistemática mínima para condução e coordenação das atividades de
melhoria.
Além disso, teve-se o cuidado de escolher as que já tinham prática em desenvolver atividades
de melhoria da produção, principalmente para não limitar o escopo da pesquisa ao que a
empresa realizou para atender ao requisito da norma em questão.
Além desta introdução, contextualizando o objetivo do estudo realizado, o artigo expõe
alguns conceitos sobre melhoria contínua, seguidos de discussão sobre aspectos abstratos da
melhoria contínua da produção, nesse caso, habilidades para melhoria contínua. A próxima
seção trata de competência, de conhecimento e de sua relação com a melhoria contínua da
produção. Em outra seção, é mostrado o método de pesquisa utilizado e, em seguida, a
descrição e a discussão dos casos estudados. Por fim, são apresentados aspectos como a
importância da melhoria contínua, a razão de melhorar continuamente, a importância da
gestão das atividades de melhoria contínua, a identificação de uma nova habilidade básica e,
em seguida, algumas considerações finais.

2. Compreendendo os conceitos e abordagens para melhoria contínua


Primeiramente, é importante apresentar um conceito para melhoria contínua; para isso foi
escolhida a definição utilizada por Caffyn & Bessant (1996), por ser simples e ao mesmo
tempo representar todo o seu escopo: “Melhoria contínua é um processo, em toda a empresa,
focado na inovação incremental e contínua”.
A obra de Slack et al. (1997) traz abordagem mais genérica, importante para contextualizar a
melhoria contínua da produção em termos pragmáticos. Eles estabelecem passos a serem
seguidos para chegar à melhoria. Na realidade, é o que acontece nas organizações: o
desempenho é medido e acompanhado (com diferentes níveis de estruturação), e chega-se,
então, aos pontos que merecem especial atenção e que precisam ser melhorados. Assim,
escolhe-se melhoria contínua ou revolucionária (ou inovação), ou uma combinação das duas
(nesse ponto já não há grande clareza por parte das organizações). Melhoria contínua e
inovação são dois conceitos que, apesar de opostos, caminham juntos, pois são formas
diferentes de tratar a melhoria de um padrão, não deixando de ser melhorias e, portanto, de
haver a necessidade de serem analisadas conjuntamente.

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Davenport (1994) trata especificamente da diferenciação entre melhoria contínua e inovação,
aconselhando, assim como Juran (1969), a combinação das duas. Merli (1993) contextualiza a
melhoria contínua na história do Japão, importante para enxergá-la como parte da cultura de
uma organização, ou seja, a melhoria contínua não é eficaz se tratada isoladamente ou apenas
como informação, precisa ser vivida.
Upton (1996) trata o tema melhoria contínua com enfoque mais prático para as organizações e
apresenta passos que devem ser seguidos para efetivar essa melhoria, sendo menos genérico
que Slack et al. (1997). Isso é importante para saber mais claramente onde a melhoria se
aplica, como proceder e que recursos organizacionais usar, ajudando, assim, na
contextualização das competências nas práticas das organizações, ou seja, é uma forma de
identificar e desenvolver comportamentos para chegar às competências essenciais. Afinal, é
na prática das atividades de melhoria contínua que se formam os comportamentos para
adquirir algum tipo de competência essencial visando à melhoria contínua da produção.
Já Imai (1997) aborda especificamente a melhoria contínua, mostrando conceitos e sistemas
associados a ela, o que facilita bastante sua identificação e desenvolvimento. Também
estabelece uma comparação entre melhoria contínua e inovação.
Davenport (1994) também afirma que a participação nos programas de melhoria contínua da
qualidade ocorre de baixo para cima no organograma organizacional, em que os funcionários
são estimulados a examinar e recomendar mudanças nos processos de trabalho dos quais
participam. Por outro lado, a reengenharia de processos, cuja abordagem é baseada na revisão
e no reprojeto amplos dos processos de negócios de uma empresa, se dá muito mais de cima
para baixo, pois exige administração forte da alta gerência, afinal, apenas os que estão em
posições que controlam funções múltiplas podem ser capazes de reconhecer oportunidades de
inovação. Obviamente, para que níveis organizacionais e operacionais tomem iniciativas para
melhorar processos, a alta administração precisa estar comprometida com essa prática. Ou
seja, Davenport não deixa de ter razão, afinal, todos na organização estão aptos a participarem
de programas de melhoria contínua. Porém, assim como para a inovação, a melhoria contínua
precisa do comprometimento da alta administração; sua alavanca não pode ficar apenas no
nível operacional, também precisa estar alinhada estrategicamente e, assim, desdobrada de
cima para baixo, caso contrário, tende a tornar-se um evento isolado. Isso pode ser
evidenciado pelo estudo de caso realizado.

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Shiba et al. (1997) também comparam rapidamente melhoria contínua e inovação, voltando-se
para o operacional. Enfatizam bastante a gestão por processos, já citada por outros autores
(“... os gerentes devem ser capazes de ver o processo de melhoria como um processo, com o
propósito de proporcionar direção e apoio aos subordinados engajados nas atividades de
melhoria”). Isso significa enxergar a melhoria como um processo. É esse processo que
diferenciará uma empresa da outra, o como fazer, o como chegar às competências essenciais
para melhoria contínua e os comportamentos particulares de cada uma visando chegar a um
resultado comum: a competência essencial para melhoria contínua.
Os autores consideram a melhoria um processo de resolução de problemas e, a partir daí,
propõem um modelo para essa resolução, definindo três tipos de melhoria: controle de
processos, melhoria reativa e melhoria proativa. O uso dessa terminologia auxilia bastante na
identificação do nível de prática para melhoria contínua em que as organizações se
encontram.
Outras abordagens também são importantes, como, por exemplo, os sistemas da qualidade
ISO 9000 e QS 9000 – ambiente escolhido para a realização da pesquisa de campo –, o
CEDAC (Cause and effect diagram with the addition of cards), o PDCA (o já conhecido
ciclo Plan-do-check-action), as sete ferramentas da qualidade, o TQM (Total quality
management), o CCQ (Círculos de controle da qualidade), o Seis Sigma e a metodologia Triz
(Teoria da solução inventiva de problemas), pois dependendo de seu nível de prática, pode-se
definir o grau de maturidade de uma empresa em relação à melhoria contínua.
Também é relevante o fato de já haver uma nova norma para o setor automotivo, a ISO/TS
16949, que aborda a melhoria contínua dentro do requisito “Responsabilidade da
Administração”, uma evidência de que a melhoria contínua da produção tem de estar
alinhada estrategicamente.
Finalmente, Bessant et al. (1994) apresentam a importância do gerenciamento das atividades
de melhoria contínua, explicitando aspectos do gerenciamento, como objetivos, planejamento,
comprometimento da alta gerência, etc., sendo de fundamental importância na investigação da
sistemática de melhoria contínua nas empresas.

3. Habilidades para melhoria contínua

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Neste item a melhoria contínua é voltada para aspectos mais abstratos das organizações, ou
seja, são apresentadas apenas ferramentas para ampliar o foco, vislumbrando
comportamentos, habilidades, competências, aprendizagem e conhecimento.
A Tabela 1 apresenta as habilidades e as normas comportamentais propostas por Caffin &
Bessant (1996). A primeira coluna mostra as habilidades básicas que uma organização deve
apresentar para ser capaz de promover a boa prática da melhoria contínua. Relacionadas a
cada uma das habilidades básicas, as normas comportamentais estão listadas na segunda
coluna. Elas representam os padrões de comportamento que devem estar presentes na
organização, a fim de que a empresa tenha a habilidade básica associada à norma
comportamental. Mais adiante essa tabela é adaptada para os objetivos da pesquisa realizada
(Tabela 2).
Caffin & Bessant (1996), assim como os autores deste estudo, se depararam com a falta de
clareza quando se tratava do tema melhoria contínua. Isso pode levar as empresas a se
equivocarem no que diz respeito a sua implementação. Assim, nas análises que fizeram das
várias implementações de melhoria contínua, conseguiram identificar as habilidades básicas e
as normas comportamentais, constatando que nem todas as empresas que dizem praticar
melhoria contínua realizam uma gestão que considera aspectos relacionados ao
desenvolvimento de habilidades, ou seja, não somente aspectos técnicos e metodológicos.
Portanto, é importante analisar e gerir a prática da melhoria contínua da produção a partir de
um ponto de vista diferente e mais abrangente do que o considerado “usual” (prática de uma
sistemática preestabelecida para melhoria e solução de problemas, bem como para
capacitação e uso de ferramentas apropriadas). Vale destacar que a melhoria contínua não
deve ser desconectada das técnicas, afinal são elas que capacitam as empresas a desenvolver
habilidades e comportamentos.
Assim, são estabelecidas fases de desenvolvimento ou maturidade para melhoria contínua
(Caffin & Bessant, 1996), o que contribui para a realização do estudo de caso; afinal, o que
pode diferenciar uma empresa de outra é seu nível de prática – como desenvolve a melhoria
contínua –, que não pode ser copiado. Tais níveis de maturidade também são importantes para
guiar as empresas. Por meio deles é possível saber o patamar atual e onde se pode e se quer
chegar, pelo levantamento de habilidades e comportamentos existentes e dos que se deseja
obter. No desenvolvimento da melhoria contínua e do foco nas competências essenciais o
importante é agir conscientemente em relação a cada passo dado e a ser dado. Dessa forma, a

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melhoria contínua, normalmente, vai se enraizando na rotina da empresa, passando a fazer
parte de sua cultura. E é nesse ponto que se encontra a maior dificuldade das empresas; afinal,
o rompimento de paradigmas culturais pode demorar bastante tempo.
As fases da estrutura de maturidade em melhoria contínua são (Caffin et al., 1997):
• Nível 1 (melhoria contínua natural): a organização não tem nenhuma das habilidades
essenciais e nenhum dos comportamentos-chave está presente. Mas pode ter alguma atividade
de melhoria, como a solução de problema que ocorre ao acaso.

Tabela 1 – Habilidades básicas e normas comportamentais (Caffin & Bessant, 1996).


Habilidades básicas
Normas comportamentais
(A) Ligar as atividades de melhoria contínua em todos os níveis de estratégia da empresa.
1. Indivíduos e grupos usam metas e objetivos estratégicos da organização para focar e
priorizar suas atividades de melhoria.
2. Sistema de melhoria contínua é constantemente monitorado e desenvolvido.
(B) Gerenciar estrategicamente o desenvolvimento do sistema de melhoria contínua nas
estruturas da organização.
3. A avaliação progressiva assegura que a estrutura e a infra-estrutura da organização, bem
como o sistema de melhoria contínua, consistentemente, reforcem e apóiem um ao outro.
4. Gerentes de todos os níveis mostram compromisso ativo e liderança em relação à melhoria
contínua.
(C) Gerar envolvimento sustentado em inovação incremental.
5. Participação pró-ativa em melhoria incremental.
(D) Trabalhar efetivamente por meio das divisões internas e externas.
6. Trabalho efetivo de indivíduos e grupos por todos os níveis das divisões internas e
externas.
7. Aprendizagem por intermédio de experiências próprias e de outros, tanto positivas como
negativas.
(E) Garantir que a aprendizagem ocorra e seja capturada e compartilhada em todos os níveis.
8. A organização articula e desdobra a aprendizagem de indivíduos e grupos.
(F) Articular, demonstrar e comunicar os valores da melhoria contínua.
9. As pessoas “vivem” os valores da melhoria contínua.

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• Nível 2 (melhoria contínua formal): há mecanismos capacitadores alocados e evidência de
que alguns aspectos dos comportamentos-chave estão começando a ser desempenhados
conscientemente.
Características comuns deste nível são: solução sistemática do problema, treinamento no uso
de ferramentas simples de melhoria contínua e introdução de veículos apropriados para
estimular o envolvimento.
• Nível 3 (melhoria contínua dirigida para a meta): a organização está segura de suas
habilidades e os comportamentos que as suportam se tornam norma. A solução de problema é
direcionada para ajudar a empresa a atingir suas metas e objetivos, havendo monitoramento e
sistemas de medição eficientes.
• Nível 4 (melhoria contínua autônoma): a melhoria contínua é amplamente auto-dirigida,
com indivíduos e grupos fomentando atividades a qualquer momento que uma oportunidade
aparece.
• Nível 5 (capacidade estratégica em melhoria contínua): a organização tem todo o conjunto
de habilidades e todos os comportamentos que as reforçam tornam-se rotinas engrenadas.
Muitas características atribuídas à “organização de aprendizado” estão presentes.
A organização muda ao longo dos níveis, construindo as habilidades básicas e desenvolvendo
as normas comportamentais da melhoria contínua.
Também é de extrema importância o impacto das atividades de melhoria contínua no
desempenho e na prática das organizações (Bessant et al., 2001), o que evidencia e redução de
custos das empresas. Afinal, quando se trata de aspectos mais abstratos nas organizações, fica
difícil visualizar seu impacto nos custos. Na realidade, em uma empresa tudo deve estar
relacionado, pois a empresa é um todo e não pode ser tratada de forma fragmentada, toda ação
realizada em certo lugar terá repercussão no restante. Aí está a importância de expandir a
melhoria contínua e enxergá-la de forma sistêmica. Seu tratamento isolado tem vida curta.

4. Conhecimento, competências e sua relação com melhoria contínua


A questão “gestão de conhecimento” teve importante papel no desenvolvimento deste
trabalho. Neste contexto, a questão das competências foi abordada para fundamentar a
importância de sua gestão para melhoria contínua da produção. A correlação das
competências essenciais com as habilidades básicas para melhoria contínua da produção foi

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realizada com base em Leonard-Barton (1995), assim como o conceito de competências
focado no desenvolvimento de produto, adaptado para este trabalho.
Essa correlação é importante para a visualização do gerenciamento estratégico da melhoria
contínua e, conseqüentemente, de seu impacto na vantagem competitiva da organização. É
importante notar que a autora foca habilidades individuais, não as habilidades
organizacionais, tratadas no presente trabalho. O comportamento, apesar de ser visualizado
em nível individual, também está associado às ações de um grupo de pessoas, ou seja, às
ações presentes na organização como um todo.
A rigidez essencial, considerada por Leonard-Barton (1995), é extremamente importante para
atentarmos se as competências presentes em uma organização estão exercendo sua função
(que é prover vantagem competitiva, ou seja, diferenciar uma empresa) ou se estão se
comportando com rigidez essencial (causando desvantagens para a empresa) – aspecto
importante a ser levado em consideração no momento em que as organizações fazem uma
análise de seu status, identificando em que nível estão em relação à melhoria contínua. Assim,
não basta levantar comportamentos e chegar às competências, é necessário identificar o papel
dessas competências dentro das organizações e verificar se estão cumprindo seu propósito.
Neste trabalho, a associação de habilidade básica e competência essencial garante o foco na
questão do conhecimento organizacional.
A discussão sobre o desenvolvimento de uma proposta para gestão das atividades de melhoria
contínua que levasse em consideração questões relacionadas às habilidades básicas e à gestão
de competências surgiu a partir de algumas reflexões acerca das relações entre os elementos
da melhoria contínua da produção e os tipos de competências escolhidos para o trabalho. A
idéia iniciou-se pela associação de aspectos da melhoria contínua da produção com os três
tipos de competências – suplementares, habilitadoras e essenciais – apresentados por
Leonard-Barton (1995). Competências essenciais são aquelas que constituem uma fonte de
vantagem competitiva para a empresa e que foram construídas ao longo do tempo e
dificilmente são imitadas. Já as competências habilitadoras são necessárias, mas não
suficientes para diferenciar a empresa de forma competitiva, são o mínimo para a empresa ser
competitiva. As competências suplementares adicionam valor às competências essenciais,
entretanto podem ser imitadas. Como o próprio nome sugere, é bom tê-las, porém não são
essenciais. Tanto as competências habilitadoras como as suplementares não são
suficientemente superiores para proporcionarem vantagem sustentável. A autora descreve a

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evolução da importância estratégica das competências tecnológicas, que se inicia com as
competências suplementares, com menor importância estratégica, passa pelas competências
habilitadoras e, finalmente, chega às competências essenciais, que são as mais importantes
estrategicamente.
Neste artigo, procurou-se adaptar os tipos de competências identificados por Leonard-Barton
(1995) para o caso específico da gestão da melhoria contínua. Pode-se notar, como segue, que
a estratificação dos diversos aspectos da melhoria contínua nos três tipos de competências é
bastante útil para facilitar o entendimento da complexidade das atividades de melhoria da
produção.
Leonard-Barton (1995) trata as competências de forma sistêmica, englobando todas as
atividades da empresa, principalmente o desenvolvimento de produto. Deseja-se aqui associar
as competências às atividades de melhoria contínua da produção, ou seja, o foco está nas
competências relacionadas à melhoria contínua da produção. Assim, como competências
essenciais consideraram-se os comportamentos relacionados às habilidades básicas para
melhoria contínua (veja Tabela 1), ou seja, o conjunto de habilidades básicas para melhoria
contínua foi adotado como competências essenciais para melhoria contínua da produção Na
classificação de competências habilitadoras foram alocados os aspectos considerados
mínimos para uma empresa iniciar atividades de melhoria, como, por exemplo, técnicas de
solução de problemas, trabalho em grupo, etc.
Como competências suplementares foram incluídos os aspectos relacionados a práticas que
possibilitam alavancar ou maximizar os benefícios das atividades de melhoria. Iniciativas
particulares podem ser adicionadas à empresa a fim de ampliar, esclarecer e até aperfeiçoar as
competências essenciais (neste caso, os comportamentos). Pode-se ter, por exemplo, a
gerência por processos, um sistema da qualidade, um sistema de informação estruturado para
qualidade, um sistema de custos da qualidade e o treinamento contínuo associado às
iniciativas ou comportamentos afetados.
Dessa forma, pode-se dividir competências essenciais em dois tipos. O primeiro é o
conhecimento específico do mercado/processo/produto, que não está explicitamente colocado
por ser específico ou mesmo confidencial dentro de cada empresa. Outro tipo são as
competências essenciais para atividades de melhoria contínua da produção, incluídas com
base nas habilidades para melhoria contínua (Tabela 1). Obviamente, essa foi uma adequação
aos propósitos deste trabalho, que aborda as competências para melhoria contínua

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da produção de maneira geral, não específica para empresa. Essa especificidade deve ser
tratada por empresa, baseando-se na visão geral das competências essenciais, levando-se em
consideração o ambiente e as competências essenciais de mercado/processo/produto.
As competências essenciais para melhoria contínua da produção foram tratadas no
levantamento de comportamentos que pudessem evidenciar a devida prática de atividades de
melhoria. Tais comportamentos foram associados às habilidades básicas para melhoria
contínua. As competências habilitadoras e suplementares foram associadas à sistematização
das atividades de melhoria.
O conceito de competência essencial define que ela não pode ser copiada, no caso de produtos
e processos isso fica muito claro. Entretanto, a associação feita no presente trabalho é
diferente.
Neste caso, as competências essenciais para melhoria contínua da produção são um objetivo
que pode e deve ser copiado e seguido, porém, os comportamentos que levam a essas compe-
tências serão diferentes de uma empresa para outra. Ou seja, o que diferenciará uma empresa
da outra é como chegar às competências.
Nonaka & Takeuchi (1997) apresentam uma definição de conhecimento importante para a
associação com as habilidades básicas ou competências essenciais. Afirmam que o
conhecimento está em indivíduos, rotinas, processos, normas e práticas da organização, e a
criação de conhecimento na empresa deve ser o cerne das estratégias de recursos humanos.
Neste trabalho, o essencial das competências para melhoria contínua é o conhecimento
arraigado na prática das atividades de melhoria contínua, ou seja, nos comportamentos que
são capazes de diferenciar uma empresa de outra e, assim, proporcionar vantagem
competitiva.
Davenport & Prusak (1998) contextualizam a gestão do conhecimento, importante para esta
pesquisa, na associação com a gestão de competências. Afinal, não basta possuir habilidades,
é necessário gerenciá-las – o que não as desvincula do gerenciamento dos comportamentos –
de forma a proporcionarem vantagem competitiva para a empresa e não um conjunto de
rigidez essencial.
O conhecimento está arraigado nos comportamentos e sua gestão pode servir de alavanca para
a estruturação de um comportamento organizacional, levando naturalmente às habilidades
básicas para melhoria contínua. Assim, a gestão do conhecimento leva aos comportamentos
organizacionais; por sua vez, a presença dos comportamentos e sua boa gestão levam às

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competências essenciais e, por intermédio da gestão das competências essenciais, uma
organização pode alcançar a vantagem competitiva. Afinal, o conhecimento arraigado nas
atividades, nas normas, nas práticas, na experiência e nos valores pode suportar os
comportamentos, caracterizando, assim, as normas comportamentais que levam às habilidades
básicas para melhoria contínua da produção.
Esse referencial teórico serviu de base para a condução do estudo exploratório deste trabalho,
permitindo ampliar a compreensão da prática da melhoria contínua nas empresas e,
juntamente com os conceitos estudados na revisão teórica, construir um conjunto de
considerações que podem ser bastante úteis para a gestão da melhoria contínua nas
organizações.

5. Método de pesquisa
Com base nas características da pesquisa, seguiu-se os critérios: adequação aos conceitos,
adequação aos objetivos, validade de construção, validade interna, validade externa e
confiabilidade; a fim de selecionar a abordagem de pesquisa (Salomon, 1991; Bryman, 1989;
Yin, 1989). Assim, entre as abordagens quali e quantitativa pôde-se concluir que a qualitativa
foi a mais adequada para o desenvolvimento da presente pesquisa. Afinal, houve necessidade
da presença do pesquisador, de captar e entender a interpretação e a opinião das pessoas, as
variáveis eram difíceis de quantificar, houve contribuição para a teoria, necessidade de
compreensão do uso da informação, conhecimento do sistema de gestão de competências,
necessidade de identificar comportamentos organizacionais e de compreender os tipos de
melhoria praticados, além da possibilidade de generalização da teoria.
Já o método de procedimento da pesquisa foi selecionado tendo por referência as
características da pesquisa e a adequação dos métodos. Assim, considerando os métodos:
pesquisa experimental, pesquisa de avaliação, estudo de caso e pesquisa-ação, foi possível
concluir que o mais adequado às características da pesquisa desenvolvida foi o método
de estudo de caso (presença do pesquisador, construção de teoria, variáveis difíceis de
quantificar, responder à pergunta de pesquisa “como?” e dificuldade de manipulação das
variáveis).
Utilizou-se a entrevista semi-estruturada como técnica para coleta de evidências. No nível
macro, a unidade de análise foi um conjunto de empresas da indústria de autopeças, que
preencheram os requisitos preestabelecidos para investigação e que estavam abertas à

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realização do estudo em sua estrutura organizacional. Já no nível micro, a unidade de análise
foram as pessoas que participavam direta ou indiretamente das atividades de melhoria
da produção.

6. Descrição e discussão dos casos estudados


Foram realizadas visitas em três empresas da indústria de autopeças (empresas A, B e C),
nas quais foi aplicado um roteiro de pesquisa que contemplava questões relacionadas à
sistematização das atividades de melhoria contínua da produção e às habilidades básicas
para melhoria contínua da produção, tomando por base a Tabela 1, apresentada
anteriormente.
A escolha das empresas foi basicamente definida por dois critérios: a) ter o sistema da
qualidade certificado pela ISO 9000, há pelo menos cinco anos, e QS 9000, há pelo menos um
ano; e b) ter programas formais relacionados à melhoria contínua. A constatação desses
critérios foi feita por meio de contato prévio com as empresas.
As três empresas são de grande porte, multinacionais e fornecedorass de primeiro nível na
cadeia da indústria automotiva. A empresa “A” desenvolve e fabrica sistemas automotivos e
os principais produtos são baterias e injeção eletrônica. Ela certificou-se nos requisitos QS
9000 em 1997 e já realizou três revisões em sua sistemática relacionada à melhoria contínua.
A segunda empresa estudada, a empresa “B”, também certificou-se nos requisitos QS 9000
em 1997 e já realizou cinco revisões nos procedimentos relacionados à melhoria contínua.
Os principais produtos dessa empresa são transmissões para diversos tipos e porte de veículos
automotores. A empresa “C” tem a certificação QS 9000 desde 1996 e as revisões das
sistemáticas relacionadas à melhoria contínua são realizadas uma vez por ano. Essa empresa
desenvolve e fabrica rodas de aço para automóveis e utilitários.
Cada uma dessas empresas apresenta programas específicos, e as habilidades relacionadas à
melhoria contínua estão assinaladas nas últimas colunas da Tabela 2. Dentro de uma mesma
empresa, os programas normalmente são diferentes, sendo que ao menos um é diretamente
ligado ao chão-de-fábrica e outro apresenta características mais estratégicas que envolvem
decisões gerenciais para a implementação das ações. Isso foi observado nas três empresas. A
prática de atividades de melhoria sob a responsabilidade dos funcionários de chão-de-fábrica
é advinda das atividades dos círculos de controle da qualidade, e seu principal papel ainda é
motivar a participação de todos, o que leva as três empresas a realizarem premiações e/ou

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outros mecanismos para manter o nível de participação dos funcionários (índice monitorado
inclusive pela área de recursos humanos).
Empresas
Habilidades
básicas
Normas
comportamentais
Exemplos de comportamentos vistos na prática
ABC
– Times de MC com potencial impacto sobre os objetivos da empresa quando avaliam
soluções alternativas para os problemas (A) Ligar as atividades de melhoria contínua em
todos os níveis de estratégia da empresa
1. Indivíduos e grupos usam metas e objetivos estratégicos da organização para focar e
priorizar suas atividades de melhoria
– Juntos, todos os membros dos departamentos envolvidos identificam e priorizam melhorias
para irem ao encontro dos objetivos do departamento
X
X
X
2. Sistema de melhoria contínua é continuamente monitorado e desenvolvido
– A freqüência, a localização e os resultados das melhorias são monitorados
– O sistema de MC é revisto periodicamente e ações são tomadas para melhorar sua eficiência
– Treinamento relacionado à MC é estabelecido e melhorado depois de cada entrega
X
X
X
(B) Gerenciar estrategicamente o desenvolvimento do sistema de melhoria contínua dentro
das estruturas da organização
3. A avaliação progressiva assegura que a estrutura e a infra-estrutura da organização, bem
como o sistema de melhoria contínua, consistentemente, reforcem e apóiem um ao outro – A
organização do trabalho foi reestruturada para facilitar o trabalho em grupo

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– Antes de uma fusão entre empresas um diretor estabelece seu impacto na atividade de MC e,
como resultado, uma ação é tomada
X
X
4. Gerentes de todos os níveis mostram compromisso ativo e liderança em relação à melhoria
contínua
– Gerentes sêniors promovem o treinamento em MC
– Gerentes liberam as pessoas da linha para participarem do trabalho de melhoria
X
X
X
(C) Gerar envolvimento sustentado em inovação incremental
5. Participação pró-ativa em melhoria incremental
– Pessoas de todos os níveis iniciam atividades de MC
– A medição do processo é amplamente utilizada
X
X
(D) Trabalhar efetivamente ao longo das divisões internas e externas
6. Trabalho efetivo de indivíduos e grupos por todos os níveis das divisões internas e externas
– Alto nível de cooperação entre departamentos e funções
– Pessoal da produção se reúne com os fornecedores-chave para discutir problemas e
melhorias
X
X
7. Aprendizagem por meio de experiências próprias e de outros, tanto positiva como negativa
– Problemas, assim como empreendimentos, são livremente discutidos com os colegas
– Participação nas revisões de projetos divulgados e anunciados
X
X
(E) Garantir que a aprendizagem ocorra e seja capturada e compartilhada em todos os níveis
8. A organização articula e desdobra a aprendizagem de indivíduos e grupos

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– Uma ferramenta de matriz é usada para identificar outras áreas em que a melhoria pode ser
aplicada
X
(F) Articular, demonstrar e comunicar os valores da melhoria contínua
9. As pessoas “vivem” os valores da melhoria contínua
– Quando algo dá errado, as pessoas procuram a causa, em vez de um responsável
– O pessoal administrativo acredita que fazer melhoria faz parte de seu trabalho
X
X
X
Tabela 2 – Habilidades básicas e normas comportamentais (adaptada de Caffin &
Bessant, 1996).
Por outro lado, apesar de o objetivo ser motivacional, as atividades desenvolvidas por esses
grupos de melhoria seguem uma orientação estratégica, que chega até eles por meio de
quadros de gestão à vista e normalmente explicitam os indicadores de qualidade,
produtividade, prazos e segurança. Apesar de as atividades serem relacionadas aos
indicadores, não são inibidas outras propostas de melhoria.
Conforme citado, as três empresas possuem um programa de melhoria que trata de ações
estratégicas. O uso dos programas Seis Sigma é um dos mecanismos utilizados, porém não o
único, mesmo porque nessas empresas o programa ainda estava em seu início. Entretanto, a
sistemática de analisar os objetivos estratégicos, relacionados ao desempenho atual e ao
futuro, que inclui o desenvolvimento de novos projetos (produtos, clientes, redes de
fornecimento e outros), envolve a participação gerencial e um grupo coordenador para
acompanhar a implementação das ações definidas a partir da análise dos objetivos estratégicos
da empresa.
Assim, parece que a prática de duas sistemáticas de melhoria contínua tem trazido benefícios
para a produção, pois as empresas investigadas não pretendem eliminar nenhum dos
programas.
Ao contrário, buscam alguma solução que permita integrar as atividades desenvolvidas no
âmbito das duas sistemáticas.
É importante destacar que, para as três empresas, considerando o lado pragmático, a melhoria
contínua ocorre quando não há problema e se deseja melhorar os índices de desempenho.

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Conclui-se, por intermédio da pesquisa, que ainda estão presentes atividades de melhoria
locais e não necessariamente voltadas para a estratégia da empresa. Nos casos B e C, por
exemplo, muitas iniciativas eram para melhoria de indicadores locais. Isso se torna comum
em decorrência de problemas, como, por exemplo, o desdobramento ineficiente das
estratégias. Porém, a continuidade dessas atividades de melhoria locais permitiu a
participação do nível operacional.
As empresas estudadas apresentam sistemáticas de melhoria equivalentes, porém, que levam a
comportamentos diferentes, o que pode ser explicado pelo fato de a ênfase estar em apenas
observar oportunidades de melhoria focando na medida de desempenho associada.
É razoável, então, supor que o fator diferenciador é o nível de prática das atividades de
melhoria, considerando as atividades já desenvolvidas antes da QS 9000, ou seja, o tempo em
que a empresa já pensava e realizava atividades de melhoria contínua da produção.
Os termos “habilidades” e “comportamentos” para melhoria contínua não eram de
conhecimento das empresas. Dessa forma, podem até existir (o que foi verificado), porém, as
empresas não têm consciência de sua presença no sistema, ou seja, não se pensa na habilidade
como objetivo (realizar atividades de melhoria para alcançar a habilidade para melhoria
contínua), o que pode prejudicar a gestão efetiva das atividades de melhoria contínua
da produção. Seria importante a organização verificar primeiramente a competência que se
quer ter e, assim, desenvolver práticas e comportamentos que suportassem e levassem a essas
competências.
Além disso, não há preocupação em ter a habilidade (para resolver o problema, por exemplo)
e sim sistemáticas e ferramentas.
Entretanto, as pessoas nas empresas estão cada vez mais conscientes da importância dessas
questões e, certamente, iniciativas voltadas para o aprimoramento de competências essenciais
tendem a crescer.
O fato de as empresas apresentarem alguns comportamentos apenas diz que elas estão
caminhando para adquirir a habilidade para melhoria contínua da produção. Mesmo que
apresente todos os comportamentos, não se pode afirmar que a empresa tenha competência
(aptidão) para melhoria contínua e que, portanto, esteja no nível máximo de maturidade para
melhoria contínua. É importante deixar claro que nível de maturidade não significa “ter as
habilidades”. Uma vez tendo a habilidade, não é possível avaliar o nível de
prática/maturidade, ou seja, é difícil avaliar o grau com que a habilidade se encontra

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em termos de prática.
O nível de maturidade mostra uma evolução da melhoria em termos de sistematização,
comportamentos enraizados e atividades inerentes aos programas de melhoria contínua da
produção que estejam implementadas e sejam praticadas. Não é possível afirmar no presente
trabalho que a existência do comportamento garante que a empresa tenha a habilidade relacio-
nada em sua forma integral e madura, ou seja, com diferentes níveis de capacitação. Encontrar
o grau de capacitação em cada uma das habilidades requer acompanhamento de atividades e
de comportamentos ao longo de um período maior, mas, em razão de sua especificidade, não
foi avaliado neste trabalho.
A partir do momento em que a empresa tiver a consciência de que possui uma ou mais
habilidades e, portanto, está em determinado nível de maturidade, além de ter por objetivo o
próximo nível, precisará manter e melhorar os comportamentos que sustentam as habilidades
já existentes em um contínuo processo de evolução.
Assim, quando alcançar o último nível, não poderá estacionar só porque já apresenta todas as
habilidades. Ela precisa constantemente rever seus processos para sempre melhorar,
capacitando-se para novos desafios (dessa forma, chega-se à aptidão para melhoria
contínua), caso contrário, o conjunto de competências essenciais alcançado poderá se tornar
um conjunto de rigidez essencial. Afinal, a empresa pode ter a habilidade, porém, se acreditar
que o comportamento ou a prática é um fato resolvido, pode desprezar oportunidades ou
lições aprendidas que permitiriam desenvolver outros comportamentos que, certamente,
seriam necessários para acompanhar a dinâmica das mudanças nas organizações.
Quanto aos programas de capacitação, estes são muito voltados para o treinamento em
técnicas de melhoria, sem evidência de abordar questões associadas às habilidades. São
necessárias abordagens que possam observar competências individuais e organizacionais,
necessárias e existentes. De fato, os entrevistados evidenciaram a importância de um sistema
de gestão que aborde essa questão.
Também foi identificada a necessidade de um grupo para analisar as informações que poderão
ser colocadas em uma base de dados para melhoria contínua, o que pode significar, de certa
forma, fazer gestão do conhecimento. Além disso, não há acompanhamento para verificar
se as soluções atualmente implementadas ocorrem mais rapidamente que no passado, ou seja,
se a aprendizagem realmente ocorre. Todas essas informações e dados teriam de ser lançados
em um sistema para gerar uma base de conhecimento da empresa.

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Em relação às habilidades, foram apontadas as observações mais relevantes. Apesar de terem
sido identificadas na prática condutas associadas às normas, que por sua vez estão associadas
às habilidades, a pesquisa não teve por objetivo acompanhar e compreender mais
detalhadamente em que grau essas práticas efetivamente ocorrem na organização. Assumiu-
se, então, a postura de analisar se o comportamento citado pela empresa poderia realmente ser
associado à norma comportamental.
É importante observar que a terceira coluna da Tabela 2 apresenta uma lista de exemplos
de comportamentos identificados na prática das empresas, correspondendo a cada uma das
normas comportamentais associadas às habilidades básicas. Essas observações correspondem
a comportamentos identificados por meio de pesquisa realizada por Caffyn & Bessant (1996)
e, da mesma forma, verificados nas empresas brasileiras estudadas. Já as três últimas colunas
da Tabela 2, que correspondem a cada uma das empresas estudadas, identificadas por A, B e
C, mostram o que foi encontrado em cada caso em relação à presença de comportamentos
praticados que pudessem ser relacionados às normas comportamentais e, conseqüentemente,
às habilidades básicas para melhoria contínua.
Além de sintetizar parte dos resultados do estudo, a Tabela 1 pode servir de guia para
realizar um diagnóstico preliminar em uma organização quanto à presença ou não de práticas
associadas às normas comportamentais. Obviamente, a presença de um ou mais
comportamentos não revela se há ou não uma prática de gestão que considere essas questões,
mas ajuda a chamar a atenção para a sua importância.
Acompanhando a coluna “empresas” da Tabela 2, pode-se relatar alguns pontos importantes.
Todas as empresas apontaram comportamentos associados às normas 1 e 2. A priorização
estratégica das empresas foi realmente notada. Esse pensamento se torna uma forte base para
a sustentação e o alinhamento das atividades de melhoria de acordo com os objetivos e as
metas da organização. O contínuo monitoramento também é essencial para sustentar as
atividades de melhoria para que elas não ocorram ao acaso, como um evento isolado. É
importante que as atividades estejam sempre direcionadas, considerando os objetivos e as
metas da organização. Porém, a empresa C não apresentou comportamentos associados à
norma 3, relacionada à habilidade B; realmente, o monitoramento e o acompanhamento da
empresa ainda não estão efetivamente sistematizados para assegurar essa avaliação
progressiva.

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Todas as empresas apontaram comportamentos associados à norma 4. De fato, elas
apresentam tal norma, porém em níveis de envolvimento e comprometimento diferentes.
A empresa A não apontou comportamentos associados à norma 5, relacionada à habilidade C,
provavelmente por não possuir comprometimento ativo da alta administração. Afinal, quando
a gerência é modificada, muda-se o foco das atividades de melhoria dentro da empresa, o que
deixa o sistema sem consistência, fraco, sem continuidade, não levando a um
comprometimento efetivo. Apesar de a empresa C apresentar comportamentos associados à
norma 5, como a medição de processos, ela vai utilizá-la amplamente e de forma sistemática
apenas no programa de indicadores estratégicos.
As empresas também apontaram comportamentos associados à norma 9, evidenciando a
presença da habilidade F. Na realidade, as pessoas não vivem os valores da melhoria contínua
– a todo momento, todos estão preocupados com atividades de melhoria – como uma
sistemática já enraizada nas rotinas e na cultura da empresa. O que realmente fazem é a
prática.
Dessa forma, apenas a habilidade A foi evidenciada em todas as empresas.
A empresa A não apontou comportamentos associados à norma 6, não apresentando, portanto,
a habilidade D, provavelmente pelo fato de a formação dos grupos ser fechada, ou seja, por já
haver grupos predefinidos (times de produto, engenharia industrial e engenharia estatística).
Apesar de evidenciar comportamentos relacionados a essa habilidade, a empresa C apresenta
problemas com comunicação e cooperação entre departamentos, isto é explicado pelo fato de
não haver retroalimenação efetiva para as atividades de melhoria, um sistema de feedback.
Apenas a empresa C não apontou comportamentos associados à norma comportamental 7, não
podendo evidenciar a presença da habilidade E por não apresentar sistemática e sistema
efetivos para lançamento de experiências, tanto positivas quanto negativas. As outras
empresas possuem comportamentos associados a essa norma, porém, vale lembrar que, apesar
de possuírem sistemas estruturados para troca de informações e experiências, não lançam no
sistema as experiências negativas, o que compromete o processo de aprendizagem.
Em relação à norma 8, apenas a empresa B apontou comportamentos associados. Ou seja, foi
a única que diz estabelecer uma coordenação das atividades de melhoria para que possam ser
estendidas para toda a organização, podendo ser aplicadas em diferentes áreas.
Esses casos mostram que as empresas não estão conduzindo atividades de melhoria contínua
da produção visando ao aumento de seu nível de maturidade (veja os cinco níveis de

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maturidade na Seção 2). Na realidade a empresa estrutura uma sistemática, desenvolve o
treinamento em técnicas e ferramentas necessárias e, assim, considera-se habilitada a executar
as atividades de melhoria. No entanto, a implementação da sistemática e conseqüente prática
rotineira de melhorias estratégicas ou locais e a solução de problemas sustentaram o
desenvolvimento de comportamentos associados às habilidades. Dessa forma, é possível
admitir que a sistematização adequada fundamenta o desenvolvimento das habilidades.
Diante dos dados encontrados nesta investigação, uma motivação aparece no sentido de
direcionar o interesse para questões associadas à gestão das atividades de melhoria nas
empresas.
A concepção de um modelo conceitual e referencial para gestão das atividades de forma
integrada e completa pode ser de grande valia; bem como um conjunto de questões pode ser
detalhado para aprimorar o conhecimento sobre a prática da melhoria contínua nas
organizações.

7. Discussão de alguns aspectos importantes Importância da melhoria contínua


A partir do estudo realizado, torna-se relevante refletir sobre a importância do tema melhoria
contínua da produção para as organizações que desejam se manter competitivas buscando
sempre uma evolução consciente.
Pode-se constatar que as empresas estão buscando alternativas para desenvolver projetos de
melhoria mais intensamente. Observam-se a força dada pelas empresas aos projetos Seis
Sigma e o esforço para envolver as gerências na definição de ações de melhoria estratégica.
Atualmente, a qualidade não está mais associada apenas à produtividade, mas à vantagem
competitiva, o que influencia as atividades de melhoria contínua e a forma como estas devem
ser tratadas nas organizações. Pretende-se contribuir para o aumento da conscientização e
motivação acerca da estruturação da melhoria contínua da produção como parte da estratégia
do negócio, não como uma atividade isolada, destacando que a melhoria contínua pode ser
uma abordagem com possibilidades muito mais amplas do que uma simples abordagem para
aumento da produtividade. Assim, a melhoria contínua extrapola os limites de cumprimento
de requisitos normativos, como os da QS 9000.

Por que então melhorar continuamente?

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O perfeito não existe na prática. A motivação está em buscar o estado da arte, alcançando a
cada dia um novo padrão de evolução. A essência da melhoria contínua está nessa busca rumo
à evolução constante e consciente, superando os obstáculos, solucionando problemas,
aprendendo com erros e acertos, ensinando, conhecendo, compartilhando cada conhecimento,
contribuindo, assim, não somente para o crescimento pessoal e individual, mas também
profissional e organizacional. O que se vê atualmente é o dinamismo de mercados, clientes,
técnicas, metodologias, enfim, do ambiente.
Há um ritmo acelerado de mudanças. E, para acompanhar esse ambiente em constante
transformação, torna-se essencial ter pensamentos e ações voltados para a melhoria contínua,
enfim, desenvolver uma cultura com base nela. Sua prática facilita a criação de um ambiente
de aprendizagem continuada, buscando o melhor uso do conhecimento existente na
organização e potencializando a capacidade de criação de novos conhecimentos. Isso
posiciona a melhoria contínua como uma prática útil nessa era do conhecimento.
As empresas podem apresentar algumas habilidades sem possuírem um modelo estruturado de
gestão da melhoria contínua com base em competências.
Os resultados obtidos neste estudo mostram a preocupação das empresas em fazer uma boa
gestão das atividades de melhoria contínua da produção. Provavelmente, foi a partir daí que
elas conseguiram obter algumas habilidades. A razão pela qual não desenvolveram alguns dos
comportamentos talvez se deva ao fato de não associarem a importância das condutas já
existentes para sua sistemática de melhoria. É coerente, por exemplo, uma empresa apresentar
algumas habilidades, e até mesmo todas as habilidades, sem nem mesmo ter consciência de
sua existência. Afinal, o termo “habilidades básicas” foi retirado da boa prática das empresas.
Inclusive, a elaboração da Tabela 2 teve por base um resultado misto entre prática e teoria.
Dessa forma, a empresa que tem por objetivo as habilidades, conscientemente, pode facilitar o
foco em como e o que fazer para adquirir as competências essenciais para melhoria contínua
da produção.

Uma nova habilidade básica


No decorrer da realização do trabalho, em relação às habilidades básicas para melhoria
contínua, foi identificada outra habilidade que também pode ajudar as empresas a se
capacitarem para gerenciar suas competências para melhoria contínua da produção. Essa
habilidade pode ser chamada de habilidade de capturar, analisar a viabilidade, capacitar-se

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para implementar e implementar a inovação tecnológica, ou seja, saber se é melhor
desenvolver a melhoria incremental ou a inovação a todo o momento.
Daí a importância de conhecer o ambiente no qual a organização se insere para implementar
a melhoria incremental ou a inovação, ou as duas, uma complementando a outra.
Por que olhar para as competências?
O foco em competências pode facilitar o como e o que fazer para atingir os objetivos de forma
mais direcionada, aplicando as ferramentas necessárias e facilitando, assim, a preparação
para o futuro. O pensamento e as ações voltados para as competências podem ser formas de
diferenciar a empresa, fazendo-a pensar além de técnicas e ferramentas, levando em conside-
ração aspectos abstratos. A atenção às competências permite que as organizações aloquem
esforços em aspectos mais relevantes para sua estratégia e sobrevivência. Elas podem se
preparar melhor para desafios futuros e direcionar suas atividades de capacitação para
alavancar conhecimentos úteis.

8. Considerações finais
Acredita-se que, com este artigo, a abordagem da melhoria contínua por meio de gestão de
competências possa ser melhor compreendida e que as empresas praticantes possam usufruir
de benefícios maiores que os experimentados com a abordagem “usual” (capacitação e uso de
ferramentas para melhoria contínua – que é apenas um dos três grupos de competências
propostos aqui: competências habilitadoras).
A importância da realização de um estudo de caso foi conhecer como as atividades de
melhoria contínua da produção estavam sendo conduzidas, a fim de compará-las com as
habilidades básicas para melhoria contínua da produção. Dessa forma, pôde-se diagnosticar a
realidade das empresas e fazer algumas proposições que podem ser consideradas para
estruturar uma abordagem mais ampla para melhoria contínua nas organizações.
Os casos estudados mostram que as competências estão, de um forma ou de outra, presentes
na organização, mas nenhuma atividade é conduzida para geri-las. Assim, um modelo de
gestão com base em competências para melhoria contínua poderia ser utilizado como guia
referencial, permitindo ao gestor da melhoria contínua alavancar seu potencial, tanto na
eficiência da realização de suas atividades quanto na eficácia em relação aos objetivos da
organização.
Com base no ponto de vista deste trabalho – olhando as competências para melhoria contí-

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nua –, as empresas apresentam algumas diferenças (veja Tabela 2), e as sugestões para que
elas possam ampliar suas habilidades para realizar a melhoria contínua são no sentido de
desenvolver ou aprimorar os comportamentos que as levariam a níveis superiores de
maturidade da melhoria contínua.
Esse modelo pode servir de guia para a boa gestão de competências, visando à melhoria
contínua da produção.

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Produção, v. 17, n. 1, p. 216-229, Jan./Abr. 2007
ESTUDO DE CASO NA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO:
estruturação e recomendações para sua condução
PAULO AUGUSTO CAUCHICK MIGUEL
POLI-USP

Resumo
Uma das preocupações crescentes na engenharia de produção e gestão das operações tanto
nos países desenvolvidos quanto no Brasil é com relação às abordagens metodológicas
utilizadas no desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa, dentre as quais o estudo de caso é
uma das mais freqüentemente adotadas. No entanto, a condução adequada de um estudo de
caso não é uma tarefa simples e muitas vezes os trabalhos são sujeitos a críticas em função de
diversas limitações metodológicas. Nesse sentido, este trabalho propõe uma estrutura para a
condução de um estudo de caso(s), bem como sugere um conjunto de recomendações para seu
planejamento e condução. Finalmente, alguns pontos importantes são levantados, bem como
algumas reflexões e propostas futuras para dar continuidade ao estudo sobre as abordagens
metodológicas para a engenharia de produção.
Palavras-chave:Engenharia de produção, estudo de caso, metodologia de pesquisa.

INTRODUÇÃO
A gestão das operações corresponde a um campo do conhecimento que engloba diferentes
disciplinas acadêmicas e também seus respectivos campos de aplicação. Um desses campos
de aplicação corresponde à engenharia de produção (SLACK et al., 2004). Uma preocupação
freqüente na engenharia de produção e gestão das operações nos países desenvolvidos
(FILIPPINI, 1997; FILIPPINI; VOSS, 1997) e também no Brasil (BERTO; NAKANO, 1998;
2000) é com relação às abordagens metodológicas utilizadas no desenvolvimento dos
trabalhos científicos na área. A importância metodológica de um trabalho pode ser justificada
pela necessidade de embasamento científico adequado, geralmente caracterizado pela busca
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da melhor abordagem de pesquisa a ser utilizada para endereçar as questões da pesquisa, bem
como seus respectivos métodos e técnicas para seu planejamento e condução. O resultado é o
desenvolvimento de trabalhos melhor estruturados que podem ser replicados e aperfeiçoados
por outros pesquisadores visando, acima de tudo, a busca do desenvolvimento da teoria, por
meio de sua extensão ou refinamento ou, em última instância, da proposição de novas teorias,
contribuindo assim para a geração de conhecimento.
A maior parte da pesquisa conduzida em gestão de operações é baseada em métodos
racionalistas de pesquisa, principalmente baseados em análises estatísticas (VOSS et al.,
2002). A característica principal da pesquisa racionalista é que o fenômeno existe
independentemente do contexto da pesquisa. Entretanto, a gestão de operações é uma
disciplina de natureza aplicada, desenvolvida a partir da necessidade de solucionar problemas
concretos que surgem nas organizações industriais ou de serviços (FILIPPINI, 1997). Assim,
para conduzir as pesquisas nesse campo, diversas alternativas de abordagens metodológicas
podem ser utilizadas.
Atualmente, as abordagens metodológicas mais utilizadas na engenharia de produção e
gestão das operações podem ser categorizadas em: levantamentos tipo survey, modelamento e
simulação, pesquisa-ação e estudo de caso.
Dentre essas abordagens, o estudo de caso é uma abordagem extensivamente utilizada, tanto
no Brasil quanto nos países desenvolvidos. Analisando os anais do Encontro Nacional
de Engenharia de Produção – ENEGEP, um estudo mostrou que o estudo de caso é uma
das abordagens mais freqüentes, apesar de limitações no entendimento dos autores dos
trabalhos publicados sobre o que realmente significa a condução de
um estudo de caso (BERTO; NAKANO, 2000).
Dentre os benefícios principais da condução de um estudo dessa natureza estão a
possibilidade do desenvolvimento de nova teoria e de aumentar o entendimento sobre eventos
reais e contemporâneos, além de que muitos conceitos contemporâneos na gestão de
operações e engenharia de produção foram desenvolvidos por meio de estudo de caso
(SOUZA, 2005). Entretanto, metodologicamente, a condução adequada de um estudo de caso
não é uma tarefa trivial e, freqüentemente, os trabalhos são sujeitos a críticas em função de
limitações metodológicas na escolha do(s) caso(s), análise dos dados, e geração de conclusões
suportadas pelas evidências. Nesse sentido, este trabalho objetiva fazer algumas
recomendações para a condução de um estudo de caso, buscando uma maior validade na

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adoção desse tipo de abordagem metodológica na engenharia de produção. O trabalho
primeiramente fundamenta, em linhas gerais, a abordagem metodológica do presente artigo
para, em seguida, enfatizar a metodologia de pesquisa com base na literatura, incluindo uma
discussão sobre o estudo de caso como abordagem metodológica
na engenharia de produção. Em seguida, descreve resumidamente os tipos de abordagens de
pesquisa e também discute a condução do estudo de caso, baseado em etapas definidas, bem
como sugere algumas recomendações para seu planejamento e condução. Finalmente,
algumas considerações finais são apresentadas, incluindo sugestões para trabalhos futuros.

ABORDAGEM METODOLÓGICA DO PRESENTE TRABALHO


Metodologicamente, este trabalho é de cunho teóricoconceitual, ou seja, é uma discussão
decorrente da análise da literatura, resultando em um levantamento de uma série de pontos
relevantes para o planejamento e condução de um estudo de caso(s). Não trata
especificamente de uma revisão da literatura, mas apresenta elementos que poderiam levar a
essa classificação, pois uma das funções do presente trabalho é identificar, conhecer e
acompanhar o desenvolvimento da pesquisa em determinada área do conhecimento. Além
disso, busca também identificar algumas perspectivas para pesquisas futuras, o que também é
uma função das revisões bibliográficas, segundo Noronha e Ferreira (2000), além de buscar
exercer o papel de transferir informação do pesquisador para seus pares, conforme atestam
algumas pesquisas realizadas sobre o uso das revisões da literatura (SAYERS et al., 1990;
BUTKOVICH, 1996).
Utilizando a classificação de Noronha e Ferreira (2000), que categoriza as revisões da
literatura segundo seu propósito, abrangência, função e tipo de análise desenvolvida
(abordagem), o presente trabalho pode ser classificado como mostra o Quadro 1.
Uma vez estabelecida a linha metodológica deste trabalho, o tópico seguinte discute alguns
aspectos sobre metodologia de pesquisa, baseado na literatura.
A importância metodológica de um trabalho pode ser justificada pela necessidade de
embasamento científico adequado, pela busca da melhor abordagem para endereçar as
questões da pesquisa.

METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


Uma pesquisa pode ter os seguintes macroobjetivos (SELLTZ et al., 1975): familiarizar com
um fenômeno ou conseguir uma nova compreensão sobre ele; apresentar informações sobre
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uma dada situação, grupo ou entidade; verificar a freqüência com que algo ocorre ou como se
liga a outros fenômenos; verificar uma hipótese de relação causal entre variáveis. Geralmente,
as pesquisas apresentam características dos quatro tipos anteriores.
Para atender a um ou mais desses macroobjetivos, uma pesquisa desenvolve-se ao longo de
um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a
satisfatória apresentação dos resultados, análise crítica e suas conclusões. O processo de
pesquisa é desenvolvido mediante o concurso do conhecimento disponível e a utilização
cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. A forma com que o
observador interage com o ambiente pesquisado para a buscar exercer o papel de transferir
informação do pesquisador para seus pares, conforme atestam algumas pesquisas realizadas
sobre o uso das revisões da literatura (SAYERS et al., 1990; BUTKOVICH, 1996).
Utilizando a classificação de Noronha e Ferreira (2000), que categoriza as revisões da
literatura segundo seu propósito, abrangência, função e tipo de análise desenvolvida
(abordagem), o presente trabalho pode ser classificado como mostra o Quadro 1.
Uma vez estabelecida a linha metodológica deste trabalho, o tópico seguinte discute alguns
aspectos sobre metodologia de pesquisa, baseado na literatura.
Entre variáveis. Geralmente, as pesquisas apresentam características dos quatro tipos
anteriores. Para atender a um ou mais desses macroobjetivos, uma pesquisa desenvolve-se ao
longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema
até a satisfatória apresentação dos resultados, análise crítica e suas conclusões. O processo de
pesquisa é desenvolvido mediante o concurso do conhecimento disponível e a utilização
cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. A forma com que o
observador interage com o ambiente pesquisado para a detecção dos problemas ou para a
proposição de soluções, bem como a maneira como formula as hipóteses, adquire e processa
os dados, necessita estar norteado por métodos e técnicas específicos que se adaptem à
natureza da pesquisa e à realidade investigada. Pode-se afirmar que não existe um consenso
sobre a tipologia das pesquisas, que podem ser classificadas segundo diferentes maneiras,
quanto (GODOY, 1995; MAYS; POPE, 1996; MATTAR, 1996):
- à natureza das variáveis pesquisadas – quantitativa ou qualitativa;
- à natureza do relacionamento entre variáveis – caráter descritivo ou causal;
- ao objetivo e ao grau de cristalização do problema – de natureza exploratória ou de natureza
conclusiva;

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- a intensidade de controle capaz de ser exercida sobre as variáveis em estudo – experimentais
em laboratório (variáveis e condições controladas), experimentais de campo (variáveis e
condições de difícil controle), ou ex-post facto (isto é, como uma determinada situação
ocorreu no passado);
- ao escopo da pesquisa, em termos de profundidade e amplitude – estudo de caso ou
levantamentos amostrais tipo survey.
Na gestão de operações e engenharia de produção, a classificação que normalmente se
utiliza é com relação ao escopo da pesquisa, considerando também outros tipos de
desenvolvimentos, tais como os trabalhos teórico-conceituais, os de modelagem e simulação,
dentre outros (FILLIPINI, 1997).
Em geral, todos os tipos anteriormente citados estão presentes na metodologia da pesquisa
científica em engenharia de produção. Na realidade, esses tipos não são excludentes. É
posQuadro 1: Classificação do Presente Trabalho com base em Noronha e Ferreira (2000).
CLASSIFICAÇÃO
TIPO
RAZÕES PARA ENQUADRAMENTO
Propósito
Analítico
Por tratar-se de uma revisão sobre um tema específico, agrupamento parte dos
desenvolvimentos ocorridos em uma área de interesse, no caso, sobre estudo de caso,
fornecendo um panorama sobre o tema Escopo
Temático
Em função de que o trabalho é centrado em um recorte específico sobre o tema estudo de caso
Função
De atualização
Por citar estudos publicados recentemente sobre o tema, servindo tanto para aqueles que se
aprofundam no tema como para pesquisadores iniciantes em um novo projeto usando uma
abordagem de estudo de caso, chamando a atenção para alguns dos trabalhos mais relevantes
nesse tema
Abordagem
Bibliográfica

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Por ser considerada como uma bibliografia anotada, pois consiste de um conjunto de fontes
sem um aprofundamento em termos de análise crítica sobre essas fontes, oferecendo uma
seleção de trabalhos de maior interesse no tema estudo de caso
Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e recomendações para sua
condução sível classificar uma pesquisa como de natureza exploratória, sem relação causal
entre as variáveis e, portanto, descritiva, utilizando uma abordagem de estudo de caso, com
base dados e/ou métodos de natureza qualitativa.
TIPOS DE ABORDAGENS DE PESQUISA
Segundo algumas fontes (FILIPPINI, 1997; FILIPPINI; VOSS, 1997; BERTO; NAKANO,
2000), as pesquisas mais comuns em engenharia de produção e gestão das operações
envolvem os tipos principais resumidos a seguir.

Desenvolvimento teórico-conceitual
Apesar de os desenvolvimentos teóricos poderem advir de discussões conceituais da literatura
ou de revisões bibliográficas (BERTO; NAKANO, 2000), seu escopo principal envolve,
sobretudo, modelagens conceituais que resultam em novas teorias. Para um maior
entendimento sobre modelamento conceitual, Whetten (1989) relata os ingredientes
necessários para uma contribuição teórica, discutindo os elementos essenciais para uma
contribuição efetiva à teoria em dada área do conhecimento. Alguns autores apresentam, em
essência, o que constitui uma teoria (WACKER, 1998; WHETTEN, 1989) e suas métricas
(WACKER, 2004), enquanto que outros a relacionam com o nível empírico (e.g.
LEWIS, 1998; EISENHARDT, 1989).
Estudo de caso
O estudo de caso é um estudo de natureza empírica que in-
vestiga um determinado fenômeno, geralmente contemporâ-
neo, dentro de um contexto real de vida, quando as fronteiras
entre o fenômeno e o contexto em que ele se insere não são
claramente definidas. Trata-se de uma análise aprofundada
de um ou mais objetos (casos), para que permita o seu amplo
e detalhado conhecimento (GIL, 1996; BERTO; NAKANO,
2000). Seu objetivo é aprofundar o conhecimento acerca
de um problema não suficientemente definido (MATTAR,

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1996), visando estimular a compreensão, sugerir hipóteses e
questões ou desenvolver a teoria. Os estudos de casos podem
ser classificados segundo (YIN, 2001; VOSS et al., 2002):
seu conteúdo e objetivo final (exploratórios, explanatórios, ou
descritivos) ou quantidade de casos (caso único – holístico ou
incorporado ou casos múltiplos – também categorizados em
holísticos ou incorporados). A principal tendência em todos os
tipos de estudo de caso, é que estes tentam esclarecer o moti-
vo pelo qual uma decisão ou um conjunto de decisões foram
tomadas, como foram implementadas e com quais resultados
alcançados (YIN, 2001).
Levantamentos tipo survey
Uma survey compreende um levantamento de dados em
uma amostra significativa acerca de um problema a ser estuda-
do para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-
se as conclusões correspondentes aos dados coletados (GIL,
1996). Os levantamentos tipo survey têm como objetivos
contribuir para o conhecimento em uma área particular de in-
teresse por meio da coleta de informações sobre indivíduos ou
sobre os ambientes desses indivíduos (FORZA, 2002). Ainda
segundo o autor anterior, as surveys podem ser exploratórias
(adquirir um “insight” inicial sobre um tema e fornecer base
para uma survey mais detalhada), confirmatórias (teste de
teorias ou explanatórias), ou descritivas (entendimento da
relevância de certo fenômeno e descrição da distribuição do
fenômeno na população, com o objetivo de fornecer subsídios
para construção de teorias ou seu refinamento). Em geral, as-
sume-se como um levantamento do tipo survey, um universo
de dezenas, centenas ou milhares de elementos, predominan-
temente os dois últimos grupos.
Modelamento e Simulação
O modelamento ou modelagem compreende o uso de

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técnicas matemáticas para descrever o funcionamento de
um sistema ou parte de um sistema produtivo (BERTO;
NAKANO, 2000). Uma complementação é o uso de simu-
lação, que consiste no uso de técnicas computacionais para
simular a operação de sistemas produtivos, baseado em um
conjunto de variáveis em dado domínio, de forma a inves-
tigar a relação causal e quantitativa entre essas variáveis
(BERTRAND; FRANSOO, 2002).
Pesquisa-ação
A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa com base empíri-
ca que é concebida e realizada em estreita associação com
uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e
na qual os pesquisadores e participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo coope-
rativo ou participativo (THIOLLENT, 1997). As dez carac-
terísticas principais da pesquisa-ação são (COUGHLAN;
COGHLAN, 2002): o pesquisador toma ação (não é mero
observador); envolve dois objetivos: solucionar um proble-
ma e contribuir para a ciência; é interativa (cooperação e
interatividade entre os envolvidos); objetiva desenvolver um
entendimento holístico; é fundamentalmente relacionada à
mudança; requer um entendimento da estrutura étnica (va-
lores e normas); pode incluir todos os tipos de métodos de
coleta de dados (técnicas quantitativas e qualitativas); requer
um vasto pré-entendimento (do ambiente organizacional,
condições, estrutura e dinâmica das operações); deve ser
conduzida em tempo real (um estudo de caso “vivo”); requer
critérios próprios de qualidade para sua avaliação.
Pesquisa bibliográfica/revisão da literatura
As revisões da literatura apresentam-se como uma ati-
vidade importante para identificar, conhecer e acompanhar

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o desenvolvimento da pesquisa em determinada área do
conhecimento (NORONHA; FERREIRA, 2000), além de
permitir a cobertura de uma gama de fenômenos geralmen-
te mais ampla do que aquela que poderia ser pesquisada
diretamente (GIL, 1996). Além disso, as revisões permitem
a identificação de perspectivas para pesquisas futuras, con-
tribuindo com sugestões de idéias para o desenvolvimento
de novos projetos de pesquisa (NORONHA; FERREIRA,
2000). De acordo com esses autores, as revisões podem ser
classificadas segundo seu propósito (analítica ou de base),
abrangência (temporal ou temática), função (histórica ou de
atualização) e tipo de análise desenvolvida (bibliográficas
ou críticas).
Pesquisas experimentais
As pesquisas experimentais tratam de um estudo sobre a
relação causal entre duas ou mais variáveis de um sistema
sob condições controladas pelo pesquisador, geralmente
conduzidas em laboratórios. No entanto, Andrade (2002)
destaca que a pesquisa de laboratório não é sinônimo de
pesquisa experimental, ainda que a maioria das pesquisas
de laboratório sejam experimentais. Nesse tipo de pesquisa,
em geral, o pesquisador manipula e controla as variáveis e
observa as variações que tal manipulação e controle produ-
zem sobre o fenômeno em estudo.
O Quadro 2 apresenta uma série de fontes bibliográficas
de acordo com os tipos anteriormente apresentados. É im-
portante mencionar que os livros e artigos que constam no
referido quadro não esgotam as possibilidades existentes
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mas servem apenas como uma referência inicial no estudo
sobre metodologia de pesquisa. Além disso, o quadro inclui
tanto trabalhos de cunho teórico, ou seja, que estabelecem
as bases para condução dos estudos quanto alguns trabalhos
de aplicação (denotados por “*”).
Os tipos de pesquisa mostrados no Quadro 2 são utiliza-
dos, em maior ou menor grau, na engenharia de produção,
mas o estudo de caso é um dos mais adotados e sua estrutu-
ração é destacada no tópico a seguir.
ESTRUTURAÇÃO DO ESTUDO DE CASO
Fazendo uma analogia com a literatura sobre planeja-
mento estratégico, uma abordagem metodológica adequada
compreende diferentes níveis de abrangência e profun-
didade. Assim, pode-se considerar que algumas decisões
metodológicas são de ordem estratégica (decisões relativas
à escolha da abordagem mais adequada ao endereçamento
da questão de pesquisa), enquanto que outras são de nível
tático ou operacional (decisões relativas aos procedimentos
de condução da pesquisa). Esses dois níveis são discutidos
a seguir.
Nível Estratégico – Abordagem Metodológica
Um dos problemas com que o pesquisador se depara ini-
cialmente é relativo à escolha da abordagem metodológica
da pesquisa. Existe uma grande diversidade de abordagens
advindas das ciências exatas ou humanas considerando uma
infinidade de objetos de análise, que podem ter vários dire-
cionadores: uma escolha prévia com base na literatura ou
em um dado autor específico (como no caso da obra de YIN,
Quadro 2: Fontes Bibliográficas e Tipos de Pesquisas Usados na Engenharia de Produção.
TIPO DE
PESQUISA
REFERÊNCIAS

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Desenvolvimento
Teórico-conceitual
Bacharach (1989); Eisenhardt (1989); Weick (1989); Whetten (1989); Locke e Golden-Biddle
(1997); Amundson (1998); Lewis (1980); Melnyk e Handfield (1998); Meredith (1998);
Wacker
(1998; 2004); Caldas (2003)
Estudo de caso
Eisenhardt (1989); Leonard-Barton (1990); Van de Vem e Huber (1990); McCutcheon e
Meredith (1993); Jayanti e Sinha (1998)*; Lewis (1998), Hill et al. (1999); Ahltrom e
Karlsson
(2000)*; Souza e Voss (2001)*; Yin (2001); Voss et al. (2002); Souza (2003)
Survey
Cheng et al. (1994); Collins e Cordon (1997); Adam et al. (1997); Flyn et al. (1997)*;
Whybark
(1997)*; Forza (2002); Manel-Samuels (2002)*; Rungtusanatham et al. (2003)
Modelamento e
simulação
Mitroff et al. (1974); Cheng et al. (1994)*; Bertrand e Fransoo (2002)
Pesquisa-ação
Westbrook (1995); Karlsson e Ahlström (1996)*; Thiollent (1997); Mumford (2001);
Coughlan
e Coglan (2002); Zuber-Skerritt e Perry (2002); Coghlan e Coughlan (2003)
Pesquisa
bibliográfica
Hart (1998; 2001); Noronha e Ferreira (2000); Croom et al. (2000)*

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Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e recomendações para sua
condução
2001 para estudo de caso), uma sugestão de um colega, uma
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recomendação do orientador, ou mesmo por familiaridade
ou afinidade com determinado método já empregado no pas-
sado. Outros fatores que normalmente são considerados são
relativos às contingências típicas de condução da pesquisa,
associadas ao objeto de estudo, ao tempo disponível para a
finalização da pesquisa, bem como aos recursos financeiros
e de tempo para suporte ao trabalho (por exemplo em função
dos prazos dados pelas agências de fomento).
Na verdade, existem premissas e restrições para cada
método adotado e estas devem ser levadas em consideração.
Entretanto, apesar de os direcionadores apontados anterior-
mente serem, geralmente, considerados na condução da pes-
quisa em engenharia de produção, um dos mais importantes
é a questão (ou questões) que a pesquisa pretende endereçar.
Essa questão é geralmente expressa pelo objetivo do traba-
lho. O objetivo estabelece a ação (verbo) a ser conduzida
e deve, portanto, ser um fator determinante na escolha da
abordagem metodológica. Assim, após identificadas as
lacunas na área sendo pesquisada, a partir da literatura, e
desenvolvida a(s) questão(ões) da pesquisa, o pesquisador
deve então estudar as possíveis abordagens a serem utili-
zadas, selecionando aquela que for mais apropriada, útil,
e eficaz para endereçá-la(s) ou, em outras palavras, aquela
que deverá atender a problemática estudada no sentido da
proposição de soluções. Dessa forma, a adoção de uma abor-
dagem metodológica, como o estudo de caso, deve atender à
questão de pesquisa no sentido de proporcionar um caminho
para respondê-la.
Para que se busque então atingir os objetivos da pesqui-
sa ou endereçar sua(s) questão(ões), o trabalho deve ser
conduzido com o rigor metodológico necessário para que
se justifique como uma pesquisa. Assim, faz-se necessário

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então definir os métodos e técnicas para a coleta dos dados
e um planejamento para a condução da pesquisa, discutidos
a seguir.
Nível Operacional – A Condução da Investigação
Uma proposta de conteúdo e seqüência para a condução
de um estudo de caso pode ser vista na Figura 1, construída
pelo autor com base nos trabalhos de Forza (2002), Croom
(2005) e Souza (2005). Na seqüência da figura, cada uma das
etapas é então apresentada com maior detalhes.
Definição de uma Estrutura Conceitual-Teórica
Deve-se primeiramente definir um referencial conceitual-
teórico para o trabalho, de forma a resultar em um mapea-
mento da literatura sobre o assunto. Esse mapeamento loca-
liza o tópico de pesquisa no contexto da literatura disponível
sobre o tema (CROOM, 2005). O autor complementa que
esse mapa indica a abrangência da literatura demonstrando
como o tópico em estudo é influenciado pelas fontes bi-
bliográficas existentes. Uma outra função importante nesse
mapa é a identificação de trabalhos de cunho teórico ou de
caráter empírico. Além disso, a partir da busca bibliográfica
e revisão da literatura é possível identificar lacunas onde
a pesquisa pode ser justificada (em termos de relevância),
bem como possibilita extrair os constructos (constructs:
CONDUZIR
TESTE
PILOTO
PLANEJAR
O(S)
CASO(S)
DEFINIR UMA
ESTRUTURA
CONCEITUAL-

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TEÓRICA
Á Testar procedimentos de
aplicação
Á Verificar qualidade dos dados
Á Fazer os ajustes necessários
COLETAR
OS
DADOS
Á Contatar os
casos
Á Registrar os
dados
Á Limitar os efeitos
do pesquisador
ANALISAR
OS
DADOS
Á Produzir uma
narrativa
Á Reduzir os dados
Á Construir painel
Á Identificar
causalidade
GERAR
RELATÓRIO
Á Desenhar
implicações teóricas
Á Prover estrutura p/
replicação
Á Mapear a literatura
Á Delinear as proposições
Á Delimitar as fronteiras e

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grau de evolução
Á Selecionar a(s) unidade(s)
de análise e contatos
Á Escolher os meios para
coleta e análise dos dados
Á Desenvolver o protocolo
para coleta dos dados
Á Definir meios de controle
da pesquisa
Figura 1: Condução do Estudo de Caso.

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Produção, v. 17, n. 1, p. 216-229, Jan./Abr. 2007
elemento extraído da literatura que representa um conceito
a ser verificado, nesse caso empiricamente). A partir desses
constructos, as proposições podem ser então estabelecidas
(uma ou mais proposições correspondem ao que realmente
será verificado, ou seja, é a representação do constructo para
fins de mensuração). O referencial teórico também serve
para delimitar as fronteiras do que será investigado, pro-
porcionar o suporte teórico para a pesquisa (fundamentos) e
também explicitar o grau de evolução (estado da arte) sobre
o tema estudado, além de ser um indicativo da familiari-
dade e conhecimento do pesquisador sobre o assunto. Um
trabalho interessante em termos de revisão e classificação da
literatura em gestão da cadeia de suprimentos foi feito por
Croom et al. (2000). Naquele trabalho é possível verificar
uma proposta de classificação da literatura e sua taxinomia,
resultando um uma matriz que considera diferentes níveis de
análise. No final, o trabalho apresenta algumas implicações
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para o desenvolvimento da teoria em gestão da cadeia de
suprimentos, com base na análise bibliográfica realizada.
Planejamento do(s) Caso(s)
Uma das primeiras tarefas nesse planejamento é a esco-
lha da(s) unidade(s) de análise, ou seja, do(s) caso(s). Num
primeiro momento deve ser determinada a quantidade de
casos: único ou múltiplos casos (YIN, 2001), resultando
em vantagens e dificuldades em cada um desses tipos. Além
disso, o recorte de tempo também é importante, resultando
em casos retrospectivos ou longitudinais. Um estudo de
caso retrospectivo investiga o passado, coletando dados
históricos. Em função da natureza histórica, é difícil deter-
minar relações de causa e efeito, os participantes podem
não recordar precisamente os eventos estudados e a análise
documental não necessariamente reflete o que realmente
ocorreu (SOUZA, 2005). Um estudo de caso longitudinal
investiga o presente de certa forma superando as limitações
do estudo de caso retrospectivo. No entanto, pode trazer
limitações de acesso aos dados e informações, pode resultar
em grande consumo de tempo e, não necessariamente, ser
conduzido em tempo real (SOUZA, 2005), ou seja, de certa
forma pode apresentar alguma retrospectividade. O quanto
longitudinal deve ser o estudo de caso vai depender dos
objetivos da pesquisa, como, por exemplo, se o pesquisa-
dor pretende descrever uma mudança em um processo de
implantação de dada prática organizacional. Para algumas
pesquisas sobre a análise de eficácia implementação de um
sistema de produção, por exemplo, pode ser necessária uma
análise temporal mais extensa, podendo resultar em uma
análise de meses ou anos atrás até o presente. Um exemplo
de estudo de caso longitudinal pode ser encontrado em Ja-
vanthi e Sinha (1998). Um estudo de caso único permite um

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maior aprofundamento na investigação e é freqüentemente
utilizado em pesquisa longitudinal. Porém, existe uma li-
mitação no grau de generalização (validade externa) uma
vez que existe o risco de um julgamento inadequado em
função de ser um evento único (SOUZA, 2005). Na adoção
de estudo de casos múltiplos, pode-se ter um maior grau de
generalização dos resultados, porém espera-se uma profun-
didade menor na avaliação de cada um dos casos, além de
consumir muito mais recursos (YIN, 2001; SOUZA, 2005).
Como regra geral, uma quantidade de 4 a 10 casos parece
ser suficiente (EISENHARDT, 1989);
um excelente exemplo de estudo de caso
múltiplo pode ser visto em Souza e Voss
(2001) que, inclusive, utilizam métodos
de natureza qualitativa e quantitativa na
coleta e análise dos dados.
A partir da seleção do(s) caso(s), deve-
se determinar os métodos e técnicas tanto
para a coleta quanto para a análise dos
dados. Nesse sentido, devem ser em-
pregadas múltiplas fontes de evidência.
Usualmente, considera-se entrevistas
(estruturadas, semi-estruturadas ou não estruturadas), aná-
lise documental, observações diretas e, embora de forma
restrita, pode-se incluir surveys. Quando for o caso, visitas
ao “chão de fábrica” também são importantes no sentido de
verificar, in loco e/ou in modus operandi, o fenômeno estu-
dado. Eisenhardt (1989) coloca que o uso de múltiplas fon-
tes de dados e a iteração com os constructos desenvolvidos
a partir da literatura possibilitam que o pesquisador alcance
uma maior validade construtiva da pesquisa. A validade
construtiva consiste na extensão pela qual uma observação

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mede o conceito que se pretende medir (CROOM, 2005).
Além disso, o uso de diversas fontes de evidência permite
a utilização da técnica de triangulação, que compreende
uma iteração entre as diversas fontes de evidência para
sustentar os constructos, proposições ou hipóteses, visando
analisar a convergência das fontes de evidência. Cabe ainda
destacar que as entrevistas devem considerar diferentes
indivíduos, em uma perspectiva diversificada em termos de
áreas funcionais, níveis hierárquicos, ou quaisquer outras
características importantes (como por exemplo o grau de
escolaridade ou o sexo).
As pesquisas mais comuns em engenharia
de produção são as teórico-conceituais,
estudo de caso, surveys; modelamento
e simulação; pesquisa-ação; pesquisa
bibliográfica, e pesquisa experimental.

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223
Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e recomendações para sua
condução
Uma vez escolhidas as técnicas para a coleta de dados, um
protocolo deve ser desenvolvido. Este não deve se resumir
a um roteiro de entrevistas. Além do conjunto de questões
a serem usadas, um protocolo deve conter procedimentos e
regras gerais da pesquisa para sua condução, indicação da
origem das fontes de informação (tipo de fontes, indivíduos,
locais, etc.). Dessa forma, um protocolo é mais do que um
mero roteiro com perguntas, mas sim um instrumento que
melhora a confiabilidade e validade na condução de um
estudo de caso. Basicamente, um protocolo deve considerar
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como partes relevantes (SOUZA, 2005): o contexto (área e
local, unidade de análise, questões, procedimentos e fontes
de informação), a parte a ser estudada (práticas, unidade de
análise, questões, procedimentos e fontes de informação) e
meios de controle da pesquisa (variáveis de controle e res-
pectivas questões). Visando alcançar uma maior qualidade
na pesquisa, deve-se então definir seus meios de controle,
que compreendem uma lista de variáveis que devem ser
endereçadas durante a coleta dos dados no sentido das ques-
tões que o pesquisador deve ter em mente e que devem ser
respondidas sobre cada uma dessas
variáveis. Também inclui os proce-
dimentos para serem conduzidos no
campo e fontes potenciais de infor-
mação para responder às questões.
Um protocolo de pesquisa geral-
mente inclui três partes principais:
o contexto da pesquisa, a parte a ser
investigada (como por exemplo a
utilização de práticas de gestão da
qualidade) e as variáveis de controle.
A definição dos meios para a análise
dos dados é, geralmente, negligenciada na condução de
estudo de caso. A análise deve ser previamente planejada e
explicitada no trabalho. Apesar de a definição dos métodos
a serem adotados também fazer parte dessa etapa, esse de-
talhamento será feito em etapa mais à frente.
Condução de um Teste Piloto
Embora não seja uma prática comum em estudo de caso,
é sempre importante a condução de um teste piloto pelo
pesquisador, antes de partir para a coleta de dados. O ob-
jetivo desse teste é verificar os procedimentos de aplicação

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com base no protocolo, visando seu aprimoramento. A partir
dessa aplicação, tem-se também condições de verificar a
qualidade dos dados obtidos, visando identificar se eles estão
associados aos constructos e, conseqüentemente, se contri-
buem para o atendimento aos objetivos da pesquisa. A partir
do teste fazem-se então as correções e ajustes necessários.
Coleta dos Dados
Após a realização do teste piloto e possíveis ajustes no
protocolo de pesquisa, essa etapa considera a coleta dos
dados. Primeiramente, os casos devem ser contatados,
considerando os principais informantes que estão cientes da
pesquisa. Um contato inicial deve ser um executivo sênior
que não somente tenha condições de autorizar a condução
da pesquisa, indique quais são os informantes principais que
devem ser entrevistados mas também seja capaz de abrir
as portas e resolver impasses, caso estes ocorram. Para ter
acesso a organização, os contatos pessoais do pesquisador
são extremamente úteis, bem como ex-alunos, associações
de classe, dentre outros. Deve ficar claro também que a
condução da pesquisa deve trazer benefícios mútuos. Esses
contatos iniciais podem (na verdade devem) ser feitos com
antecedência e, provavelmente, já devem ter sido feitos antes
dos dados serem coletados. De qualquer modo, é importante
que os informantes tenham clareza do objetivo e importância
da pesquisa e o pesquisador assuma o caráter de confiden-
cialidade dos dados coletados. Porém, antes de sair a campo,
é importante ter uma estimativa mais clara do tempo a ser
despendido e dos recursos a serem consumidos.
Após os contatos, os dados devem ser coletados uti-
lizando os instrumentos definidos no planejamento. As
habilidades de entrevistas devem ser consideradas, a
partir dos seguintes fatores (YIN, 2001): ter capacidade

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de fazer questões adequadas e interpretar as respostas; ser
um bom ouvinte e não trazer nenhum tipo de preconceito;
estar muito bem embasado (teoricamente) no tema sendo
investigado; ser receptivo e sensível a possíveis evidências
contraditórias; ser adaptável e flexível às situações novas
e/ou não previstas, considerando-as como oportunidades
e não ameaças.
Quanto aos registro dos dados existem várias formas de
fazê-lo. Os registros em gravador trazem uma série de vanta-
gens no sentido da melhoria da precisão na análise posterior.
Porém, a gravação pode ser intrusiva no sentido de inibir o
entrevistado, além da transcrição ser dispendiosa em termos
de tempo. Se o uso de gravador não for uma opção desejável,
é importante fazer anotações, desenvolvendo os registros
das entrevistas. As anotações de campo são extremamente
relevantes e todas e quaisquer impressões, descrições do que
O estudo de caso é uma espécie de histórico
de um fenômeno, extraído de múltiplas
fontes de evidências onde qualquer fato
relevante à corrente de eventos que descrevem
o fenômeno é um dado potencial para análise.

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Produção, v. 17, n. 1, p. 216-229, Jan./Abr. 2007
ocorre, e observações devem ser levadas em consideração.
Preferencialmente, esses registros devem ser feitos no
momento em que os eventos ocorrem. Se isso não for
possível, deve ser feito o registro tão logo quanto possí-
vel sob o risco de perda de informações importantes. A
seqüência dos eventos deve ser planejada (no protocolo)
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sempre considerando um período de tempo estimado. O
pesquisador também deve buscar convergência e diver-
gência no conjunto de dados e, sempre que necessário,
deve também buscar esclarecimento sobre as situações
vivenciadas. Se alguma fonte de evidência não foi pla-
nejada e foi identificada que é importante, esta deve ser
considerada na coleta dos dados.
Finalmente, deve-se tentar limitar os efeitos do próprio
pesquisador, que deve sempre ter em mente que ele(a) é
um elemento estranho no contexto analisado; em termos
de efeitos do pesquisador no caso, ele(a) pode influenciar
os respondentes (SOUZA, 2005). O inverso também é
verdadeiro, ou seja, o caso pode influenciar o pesquisador,
pois este pode ser induzido pela ingenuidade, ter tendência
de concordar com a situação e fazer inferências que, não
necessariamente, são decorrentes nas evidências.
A coleta deve ser dada como concluída quando a quanti-
dade de dados e informações reduzir e/ou quando se consi-
dera dados suficientes para endereçar a questão da pesquisa.
Obviamente, outros aspectos devem ser considerados, como
a premência de tempo em função de prazos assumidos. Po-
rém, esse último aspecto não pode influenciar negativamente
o rigor metodológico.
Análise dos Dados
A partir do conjunto de dados coletados, considerando
as múltiplas fontes de evidência, o pesquisador deve então
produzir uma espécie de narrativa geral do caso. Isso não
implica que tudo que foi coletado deverá ser incluído no
relatório da pesquisa (seja uma dissertação, tese, relatório
de pesquisa ou artigo). Geralmente, será necessário fazer
uma redução dos dados (data reduction) de tal forma que
seja incluído na análise somente aquilo que é essencial e

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que tem estreita ligação com os objetivos e constructos da
pesquisa. Se houve gravação das entrevistas, essas devem
ser transcritas por completo, resultando em dados brutos. A
transcrição deve ser feita o mais rapidamente possível para
que os detalhes de memória (por exemplo reações, não se
percam). O mesmo vale para as anotações em papel, que
devem ser transferidas para um ou mais arquivos eletrônicos.
As anotações e gravações devem ser estruturadas conforme
o protocolo de pesquisa. Dados secundários também devem
ser utilizados, como por exemplo aqueles relacionados a
caracterização do objeto de análise (por exemplo uma em-
presa). Essa é uma outra (espécie de) transcrição. Outras
anotações e impressões, bem como idéias surgidas durante
a coleta e insights também devem ser consideradas. Um
mecanismo importante para a melhoria na transcrição das
narrativas, especialmente se estas não foram gravadas, é o
envio do texto para os informantes fazerem uma revisão,
dando retorno sobre a exatidão das informações prestadas
e também sobre aspectos de confidenciali-
dade que não podem ser divulgados.
No entanto, somente a transcrição e
montagem de uma narrativa consideran-
do todas as fontes de evidências não é
suficiente para uma análise adequada dos
dados. Assim, algumas práticas podem ser
utilizadas, como por exemplo a codifica-
ção, que é o primeiro passo para a redução dos dados (SOU-
ZA, 2005). A idéia é marcar as partes da narrativa (palavras,
frases ou mesmo parágrafos) com um código que represente
categorias previamente definidas. Essas categorias devem
corresponder a propriedades teóricas, desdobradas em di-
mensões associadas à pesquisa. Os códigos são blocos cujo

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objetivo é resgatar os dados das narrativas e transcrições de
forma a associá-los ao que se pretende investigar, seja no
âmbito da questão da pesquisa ou dos constructos desenvol-
vidos a partir da literatura. É importante mencionar que os
códigos não respondem a questão da pesquisa, mas são fios
condutores para tal, a partir da análise dos dados, descrita
a seguir. O Quadro 3 ilustra um exemplo do significado de
códigos em uma pesquisa sobre gestão da qualidade. Sempre
que uma parte do texto estiver relacionada a um dos códigos
(e obviamente com a informação/constructos que se preten-
de verificar), esta parte é assinalada e colocada em código.
A base da análise é a descrição detalhada do(s) caso(s),
pois já nesse estágio possibilita identificar dados e informa-
ções relevantes para a pesquisa bem como insights. A seguir,
uma espécie de painel demonstrativo de todo o conjunto dos
dados deve ser construído. Esse painel é uma representação
visual do conjunto de informações para permitir uma visão
geral dos dados e ao mesmo tempo detalhada, que permitirá
extrair conclusões válidas a partir desses dados. A idéia geral
é tornar-se bastante familiar com o conjunto de dados de
cada caso. A Figura 2 ilustra um exemplo hipotético de um
painel com os dados de dada pesquisa relacionada à gestão
da qualidade.
Em suma, o painel com os dados, ilustrado na Figura 2,
apresenta um resumo das evidências. Se múltiplos casos
O estudo de caso deve estar pautado na
confiabilidade e validade, ou seja, em
critérios para julgar a qualidade da pesquisa.

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Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e recomendações para sua
condução
são empregados, deve-se então construir um painel para
cada caso, para, em seguida, fazer uma análise cruzada dos
casos identificando convergência e divergência entre as
fontes de evidências. É importante mencionar que novas
variáveis podem surgir a partir das evidências. Toda esta
tarefa pode ser denominada de rede causal, consistindo em
displays (painéis) que mostrem o relacionamento entre as
variáveis de pesquisa. Assim, num primeiro momento, uma
explanação mais geral pode ser elaborada, seguida de uma
análise mais detalhada e consistente no sentido de explicar
as evidências que podem ser generalizáveis. Essa cadeia de
evidências é o que pode levar às conclusões lógicas embasa-
das nas diversas fontes de dados convergentes. Em paralelo,
as conclusões são comparadas com a teoria na tentativa de
responder a questão: a teoria pode explicar o fenômeno es-
Quadro 3: Códigos Associados ao Controle da Pesquisa.
CÓDIGO
FORNECE INFORMAÇÃO SOBRE:
DRIVE
Direcionador para adoção de uma prática específica de gestão da qualidade
QAWARE
Conscientização da organização sobre as práticas de gestão da qualidade
QCULTURE
Extensão pela qual a cultura de qualidade faz parte da organização
QEXTIND
Indicadores externos de maturidade de qualidade
QHISTORY
Histórico de adoção de práticas de gestão da qualidade na planta
Fonte: SOUZA, 2000.
CONSTRUCT

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FONTE
Entrevistas
Análise
Documental
Visita a Planta
Liderança
Práticas de QM
Estratégia
Atas
Relatórios
Asasasasasasasasa
sasaddddsdsdsdssd
sdsdsdsdsdsdsdsds
dsdslkjdkjdasunbd
habdbahdbabdahd
bandnadbhabdah
Data: 02/07/05
Asasasasasasasasa
sasaddddsdsdsdssd
sdsdsdsdsdsdsdsds
dsdslkjdkjdasunbd
habdbahdbabdahd
Asasasasasasasasasasa
ddddsdsdsdssdsdsdsds
dsdsdsdsdsdsdslkjdk
(1)
(2)
Data: 15/06/05
Asasasasasasasasasasa
ddddsdsdsdssdsdsdsk
Asasasasasasasasasasa
ddddsdsdsdssdsdsdsk

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NÃO DISPONÍVEL
Asasasasa
sasasasasa
saddddsds
dsdssdsds
Asasasasa
sasasasasa
saddddsds
dsdssdsds






Asasasa
asasasas
addddsd
Asasasa
asasasas
addddsd
CQ
PCP
Asasasasasasasasasasa
dsdsdsdsdsdsdslkjdk
Figura 2: Exemplo Ilustrativo de Painel dos Dados Coletados.
tudado nos contextos diferentes? A partir do entendimento
do fenômeno, o pesquisador pode então verificar a literatura
existente para apoiar as evidências, empreendendo tentati-
vas de enquadrar os resultados na literatura vigente, o que,
não necessariamente, ocorre. A síntese das etapas anteriores
em conjunto com os resultados e resposta à questão anterior,

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por meio das conclusões, é então feita no relatório da pes-
quisa, descrito a seguir.
Geração do Relatório da Pesquisa
Todo o conjunto de atividades das etapas anteriores deve
então ser sintetizado em um relatório de pesquisa. Esse
relatório é o gerador (isto é, não é sinônimo) da monografia
(tese ou dissertação) e de artigos (para congressos ou pe-
riódicos). Sempre deve ser considerado que os resultados

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devem estar estreitamente relacionados à teoria, tomando o
cuidado para não ajustar a teoria aos resultados e evidências,
mas o inverso, ou seja, os resultados e as evidências são o
que deve ser associado à teoria, possibilitando, inclusive, a
geração de nova teoria.
O estudo de caso deve estar pautado na confiabilidade e
validade, que são critérios para julgar a qualidade da pes-
quisa. A confiabilidade visa demonstrar que as operações de
um estudo (como por exemplo os procedimentos para coleta
dos dados) podem ser repetidas apresentando os mesmos
resultados (YIN, 2001). A validade pode ser subdividida
nos diversos tipos mostrados no Quadro 4. Esses os tipos
de validade que devem ser levados em consideração não
Quadro 4: Tipos de Validade.
VALIDADE
DEFINIÇÃO
Interna
Compreende o nível de confiança em relação a causa e efeito entre variáveis. Um exemplo é a
constatação se as conclusões são resultados das evidências
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Externa
Significa o grau de generalização das conclusões da pesquisa, ou seja, a verificação de quão
aplicáveis são os resultados para outros objetos de análise
(do) constructo
Consiste na extensão pela qual uma observação mede o conceito que se pretende medir por
meio do estabelecimento das medidas operacionais corretas em relação a esse conceito
Descritiva
É expresso pelo grau pelo qual o relatório da pesquisa é exato, ou seja, representa a situação
pesquisada
Interpretativa
Compreende a extensão pela qual a interpretação dada representa o que está sendo
estudado, particularmente no caso na pesquisa empírica
Teórica
Consiste no grau pelo qual os dados estão de acordo com a teoria postulada, ou seja, trata-
se da constatação de se a explanação teórica do pesquisador é coerente com os dados
apresentados
Fonte: Construída a partir de YIN, 2001; CROOM, 2005.
somente no estudo de caso mas também em outros tipos de
abordagens metodológicas. Por sua vez, o Quadro 5 mostra
alguns dos tipos de validade e da confiabilidade em relação
à etapa da pesquisa (Figura 1).
Nesse contexto, este trabalho apresenta na seqüência
algumas recomendações para o planejamento e condução
do estudo de caso, levando em consideração as macroetapas
definidas na Figura 1.
RECOMENDAÇÕES PARA O ESTUDO DE CASO
A partir das discussões anteriores, este trabalho sugere
uma série de recomendações para o planejamento e condu-
Quadro 5: Validade e Confiabilidade e Etapa da Pesquisa.
TESTE
ATIVIDADE OPERACIONAL
ETAPA DA PESQUISA

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Validade do
constructo
Uso de múltiplas fontes de evidências
Estabelecer um encadeamento de evidências
Revisão do relatório pelos respondentes
Coleta dos dados
Análise dos dados
Validade interna
Desenvolver padrão de convergência e de construção da
explanação/narrativa
Fazer análise de séries temporais
Análise dos dados
Validade externa
Usar a lógica de replicação em múltiplos estudos de caso
Planejamento da pesquisa
(casos)
Confiabilidade
Usar protocolo de pesquisa no estudo de caso
Desenvolver base de dados para o estudo de caso
Coleta de dados
Fonte: YIN, 2001.

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227
Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e recomendações para sua
condução
com quem, check lists, itens de controle para a pesquisa,
etc. Se a técnica de entrevista é empregada (como ocorre
na maioria das vezes), o preparo do entrevistador e sua
imparcialidade são aspectos fundamentais para o êxito na
coleta dos dados que, como já citado, não deve se limitar
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a somente essa fonte de evidência (entrevista).
• Não somente a coleta de dados deve ser apresentada,
mas também como os dados coletados serão analisados.
Devem ser estabelecidos meios apropriados para a análise
dos dados, tais como a identificação de padrões nos dados,
convergência e divergência, cruzamento de informações
(particularmente no uso de múltiplos casos), dentre ou-
tros. A análise dos dados deve ser suficientemente robusta
para possibilitar uma ligação eficaz com a teoria vigente,
levando a sólidas conclusões.
• Considerando as observações anteriores, o caso deve ser
robusto o suficiente para que se possa extrair conclusões.
Estas devem ser sustentadas com base nas evidências
coletadas e na análise dos dados, cujo objetivo final é a
contribuição à teoria.
• Finalmente, o objetivo maior da condução de um estudo
de caso é a contribuição para a teoria vigente, seja no
sentido da proposição de uma nova teoria, extensão da
teoria vigente ou de seu refinamento. Não tem sentido a
condução do caso per se. O vínculo com a teoria pode ser
obtido considerando as recomendações anteriores. Deve-
se também levar em conta que a abordagem de estudo de
caso é limitada em relação a teste de teoria vigente.
Finalmente, considera-se que as recomendações anterio-
res estejam dentro da contribuição deste trabalho. Espera-se,
portanto, que a observação a essas recomendações contribua
para colocar o estudo de caso, uma abordagem metodológica
extremamente relevante na engenharia de produção no País,
em um patamar mais elevado, em condições de equiparar-se
ao nível internacional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Primeiramente, é necessário destacar que este trabalho

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não é conclusivo, no sentido de que deve ter continuida-
de, visando complementar outras lacunas existentes que,
neste momento, não foi possível preencher por completo.
Considera-se que a comunidade da engenharia de produção
necessita de mobilizar esforços voltados para o estudo me-
todológico. Se em um passado recente nem ao menos essa
discussão estava presente na agenda, hoje em dia existe uma
preocupação relativamente generalizada quanto a isso. Os
desafios são direcionados a uma busca de que a pesquisa
conduzida seja essencialmente científica, embora possam
existir divergências na comunidade da engenharia de pro-
dução quanto a essa necessidade. Em essência, os trabalhos
ção de um estudo de caso. As seguintes recomendações são
de natureza diversa, no sentido de que podem afetar as fases
propostas para a condução de um estudo de caso:
A construção do referencial teórico deve estar estritamen-
te relacionada ao conteúdo do estudo de caso, ou seja,
deve identificar as lacunas da pesquisa e prover, quase
que naturalmente, a questão que a pesquisa pretende
endereçar com a condução do caso. Nesse sentido, existe
a necessidade de definição das questões norteadoras da
pesquisa (advindas das lacunas identificadas na litera-
tura), bem como relacionadas à necessidade e decisão
de conduzir um estudo de caso. Também devem ser
considerados as premissas e pressupostos do caso e os
mecanismos de iteratividade.
• A definição do tipo de caso (exploratório ou explanató-
rio), em termos de nível de aprofundamento, é um dos
primeiros critérios a serem levados em consideração. A
utilização relativamente extensiva de casos exploratórios
deve considerar que o nível de exploração deve ocorrer
quando a teoria não se encontra bem formulada ou se é

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uma teoria emergente. A não familiaridade do pesquisa-
dor com o tema e, conseqüentemente, o enquadramento
como exploratório é, no mínimo, questionável sob o
ponto de vista metodológico.
• Deve estar bem definida a seleção do(s) caso(s) a
ser(em) investigado(s), utilizando-se de critérios robus-
tos que efetivamente justifiquem a escolha feita. Por
exemplo, somente a facilidade de acesso ao caso e aos
dados é condição necessária mas não suficiente para essa
escolha.
• O planejamento do estudo de caso deve ser delineado com
cuidado, considerando, além dos aspectos operacionais
destacados a seguir, os diversos tipos de validade que
ameaçam a caracterização do trabalho de uma pesquisa
de cunho científico. Além de prever quais os tipos de
validade a que o estudo de caso está sujeito, a descrição
do caso deve conter uma análise crítica da qualidade
resultante da pesquisa em termos desses diferentes tipos.
Infelizmente, essa é uma das maiores negligências na
condução de estudo de caso.
• Uma infinidade de fatores devem ser considerados na
operacionalização do estudo de caso. Cabe destacar pri-
meiramente a necessidade do uso de múltiplas fontes de
evidências e do uso dessas fontes na análise dos dados.
Primeiramente, em termos da coleta dos dados, existe a
necessidade de uma definição clara de um protocolo de
pesquisa. É importante reafirmar que esse protocolo não
deve ser limitado somente a uma lista de questões na
forma de roteiro de entrevistas. O protocolo deve incluir
um guia para a condução do caso, uma definição clara
das unidades de análise, como os dados serão coletados e

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Paulo Augusto Cauchick Miguel
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Produção, v. 17, n. 1, p. 216-229, Jan./Abr. 2007
devem apresentar uma coerência e alinhamento nas
suas partes principais: referencial teórico, proposições
de objetivos, desenvolvimento da proposta (para atingir
os objetivos) e conclusões sustentáveis e vinculadas à
contribuição para a teoria. Nesse sentido, entende-se que
a caracterização da pesquisa, bem como os métodos e
técnicas empregados possibilitam alcançar essa coerên-
cia e venham a prover maiores condições de explicar os
fenômenos estudados.
Especificamente para a engenharia de produção, é neces-
sário mobilizar os esforços da comunidade para a produção
de textos que venham a acrescentar e a enriquecer as expe-
riências existentes, considerando as particularidades de cada
área. Necessita-se, em um primeiro momento, produzir tex-
tos didáticos específicos sobre metodologia de pesquisa nos
programas de pós-graduação para, em seguida, compará-los
e discuti-los à luz de uma maior rigorosidade no desen-
volvimento das teses e dissertações. Além disso, é preciso
desenvolver uma postura mais crítica da produção científica
da engenharia de produção no País, com base no referencial
internacional. Nesse sentido, outros trabalhos que analisem
as publicações nos periódicos mais importantes da área são
relevantes, sendo este um dos trabalhos futuros que o autor
pretende desenvolver.
ADAM JR., E. et al. An International Study
of Quality Improvement Approach and
Firm Performance. International Journal of
Operations and Production Management, v.
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Aprovado para publicação em 23/02/2007

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Paulo Augusto Cauchick Miguel
Departamento de Engenharia de Produção, Escola Politécnica, USP
End.: Av. Prof. Almeida Prado, trav. 2, nº 128 – Cidade Universitária – 05508-900 – São
Paulo – SP
E-mail: paulo.miguel@poli.usp.br
n Sobre o autor
Existem hoje vários pesquisadores que atuam na engenharia de produção e gestão das
operações, preocupados com o tema de metodologia
de pesquisa. Nesse sentido, o autor deste trabalho agradece esses pesquisadores que, direta ou
indiretamente, contribuíram para este texto,

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seja por meio das discussões sobre o tema, por suas palestras ou pelas oportunidades diversas
e convites proporcionados. Dentre estes, podem
ser citados: Afonso Fleury, da USP, Alvaro Abackerli, da UNIMEP, Fernando Laurindo, da
USP, Henrique Corrêa, da Rollins College nos
EUA, José Arantes Salles, da UNIMEP, João Batista Turrioni, da UNIFEI, Lin Chih Cheng,
da UFMG, Miguel Caldas, da Universidade de
Loyola nos EUA, Roberto Martins, da UFSCar e Rui Souza, da Universidade Católica
Portuguesa (Porto). Este trabalho é também resultante
da participação do autor no curso Research Methodology in Operations Management,
promovido pela European Institute for Advanced
Studies in Management, em Bruxelas, na Bélgica, em 2005. Dessa forma, o autor agradece à
Fundação Carlos Alberto Vanzolini que o
apoiou por meio do fundo de apoio à pesquisa. O autor também é filiado ao Programa de Pós-
graduação em Engenharia de Produção da
Faculdade de Engenharia (FEAU) da UNIMEP e, portanto, essa instituição também merece
seus agradecimento

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Produção
Print version ISSN 0103-6513

Prod. vol.11 no.2 São Paulo July/Dec. 2001


http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65132001000200001

Adaptação de produtos para mercados diferenciados a


partir da engenharia reversa

Luiz Gilberto Monclaro Mury, M.Sc; Flávio S. Fogliatto, Ph.D

Programa de Pós-Graduaçáo em Engenharia de Produção - PPGEP. Universidade Federal


do Rio Grande do Sul - UFRGS. Praça Argentina, 9 - sala LOPP - CEP 90040-020 - Porto
Alegre - RS - Brasil, luiz@portia.coin.br,ffogliatto@ppgep.ufrgs.br

RESUMO

Um dos maiores desafios das empresas exportadoras está na identificação e


atendimento, de forma dinâmica, às exigências de mercados externos. Neste artigo,
propõe-se uma metodologia para melhoria e adaptação de produtos destinados a
mercados diferenciados. A metodologia, implementada em oito passos estruturados,
parte de conceitos da Engenharia Reversa e seus habilitadores, bem como de
ferramentas para melhoria de processos, tais como QFD - Quality Function Deployment,
Cartas de Processo e FMEA - Failure Mode and Effects Analysis. A metodologia proposta é
aplicada em um caso prático, onde o objetivo é adaptar um pincel brasileiro às demandas
de um distribuidor alemão de ferramentas manuais.

Palavras-Chave: Engenharia Reversa, Melhoria de produtos, Desenvolvimento de


produtos.

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ABSTRACT

Rapid identification and compliance to customized market demands are among the top
challenges faced by companies targeting at foreign markets, in this paper we propose an
eight-step method for the adaptation and improvement of industrialized products driven
by customer demands. The method we propose is grounded on Reverse Engineering
principles and process improvement techniques, such as Quality Function Deployment,
Process Mapping and Failure Mode and Effects Analysis. The method steps are illustrated
by a case example, where the objective is to adapt a paintbrush manufactured by a
Brazilian company to the demands of a German distributor of manual tools.

Keywords: Reverse Engineering, Product improvement, Product development.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

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APÊNDICE

O QFD (Quality Function Deployment - Desdobramento da Função Qualidade) é um


método de desenvolvimento de novos produtos desenvolvido no Japão na década de 60
(Cohen, 1995; Akao, 1996). Sua implementação ocorre através do desdobramento de
matrizes para identificação de pontos críticos para a garantia da qualidade de produtos
ao longo de todas as etapas do projeto e manufatura. Existem duas abordagens
principais para utilização do QFD: o Modelo ASI, desenvolvido por Don Clausing (Cohen,
1995), e o modelo concebido por Akao (1996), apresentado na sequência.

A estrutura formulada por Akao (1996) inicia com a matriz denominada Casa da
Qualidade e relaciona os itens de qualidade demandada pelo consumidor (QDs) com as
características de qualidade (CQs) ou requisitos técnicos do produto necessários para
atender aos itens demandados. A utilização das matrizes subseqüentes (de Produto, de
Processo e de Defeitos) dependerão do modelo conceitual selecionado, do tipo de
produto ou serviço estudado e da profundidade da aplicação do QFD. O relacionamento
entre essas matrizes vem apresentado na Fig A.1. O esquema operacional do QFD é
relativamente simples. Considere uma estrutura composta por 1 linhas (i = 1,..., I) e J
colunas (j = 1,..., J) relacionáveis que formam, conseqüentemente, uma matriz, além de
um número adicional de linhas e colunas que não se cruzam na estrutura. O objetivo é
determinar valores numéricos ou pesos, designados por PiL , que permitam ordenar os
elementos listados nas linhas conforme sua importância relativa. Para tanto, duas
informações são usadas: (i) pesos de importância Pjcatribuídos aos elementos listados
nas J colunas da matriz, e (ii) medições numéricas do relacionamento entre os elementos
nas I linhas e J colunas da matriz, Rij, para todo i e j. A relação destes elementos na
obtenção de PiLpode ser assim descrita:

Os pesos Pjc em (i) são, via de regra, informados em percentuais. As medições em (ii)
normalmente são feitas utilizando uma escala com valores entre 0 (nenhum
relacionamento) e 9 (relacionamento forte), ainda que outras escalas sejam sugeridas na
literatura (Akao, 1996 e Fogiiatto & Guimarães, 1999).

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As três primeiras matrizes na Figura A.1 podem ser aplicadas diretamente no
desenvolvimento de novos produtos ou serviços; a última matriz, em contrapartida, tem
sua aplicação restrita à projetos de melhoria de produtos já existentes. Essas matrizes se
relacionam da seguinte forma: Na primeira matriz (casa da qualidade), cruzam-se
informações sobre QDs e CQs, usando-se a estratégia delineada no parágrafo anterior.
Como resultado, obtêm-se pesos de importância para as CQs; CQs e seus pesos de
importância alimentam as colunas das duas matrizes seguintes do produto e do processo.
Na matriz do produto CQs são relacionadas com as partes produto (PPs) passíveis de
alteração em seu projeto; o objetivo é avaliar quais PPs permitem a mediação das CQS
no produto em estudo. Como resultado das operações nesta matriz, obtém-se um
conjunto de pesos de importância para as PPs. Na matriz de processo, CQs são
relacionadas com o processo de obtenção do produto e suas etapas. Análogo à matriz do
produto, o objetivo é avaliar a participação das etapas do processo na composição das
CQs; o resultado final é um conjunto de pesos de importância para as etapas do
processo. A última matriz, dos defeitos, opera de maneira relativamente independente
das demais. O objetivo nesta matriz ê relacionar defeitos observados no produto com as
etapas dos processos onde eles podem ser gerados. As entradas nessa matriz são os
defeitos ponderados por sua frequência histórica de ocorrência (colunas da matriz) e a
lista de etapas de processo utilizadas na matriz de processo (linhas da matriz). Como
resultado final, priorizam-se as etapas do processo relativamente a seu potencial de
promoção de defeitos (isto é, geram-se pesos de importância para as etapas).

Os pesos Pi1 e PJC nas matrizes do QFD podem ser modificados para refletir
características relevantes do produto em estudo e seu processo de fabricação. Na casa
da qualidade, por exemplo, os valores de Pic , que são os pesos de importância atribuídos
pelos usuários do produto às QDs, podem ser modificados para refletir o quanto o
atendimento aos QDs têm importância estratégica para o negócio da empresa. Assim,
pode-se medir a importância estratégica do jésimo QD utilizando uma escala com valores
entre 0 (nenhuma importância) e 2,0 (grande importância), corrigindo-se o peso Pic da
expressão:

onde Pjc denota o peso corrigido. A escolha da escala para Ejc e seu formato na equação
(2) segue considerações de caráter prático. Quaisquer pesos nas matrizes da Figura
A.1 podem ser modificados de maneira similar à modificação apresentada acima;
sugestões de modificações podem ser encontrados em Akao (1996), entre outros.

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Gestão & Produção


Print version ISSN 0104-530X

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Gest. Prod. vol.7 no.2 São Carlos Aug. 2000
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-530X2000000200004

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E EQUIPES DE TRABALHO:


estudo da mudança organizacional em quatro grandes
empresas industriais

Mário Sacomano NetoI; Edmundo Escrivão FilhoII

I
Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal de São Carlos –
UFSCar, E-mail: pmsn@iris.ufscar.br
II
Departamento de Engenharia de Produção, Escola de Engenharia de São Carlos – USP,
E-mail: edesfi@prod.eesc.sc.usp.br

RESUMO

O artigo apresenta uma pesquisa realizada em quatro empresas industriais sobre as mudanças
em sua estrutura organizacional e a formação das equipes de trabalho. A metodologia da
pesquisa teve caráter exploratório e descritivo em face da escassez de trabalhos empíricos
sobre o tema no Brasil. A conclusão da pesquisa revela que as equipes de trabalho têm sido
fundamentais no novo projeto estrutural dos anos 90, particularmente com relação à questão
da flexibilidade do processo produtivo. O artigo aborda também outros aspectos levantados na
pesquisa, tais como a cultura organizacional, o layout e o comportamento da gerência.

Palavras-chave:sistemas de produção; estrutura organizacional;equipes de trabalho.

ABSTRACT

This paper reports on a research carried out at four large manufacturers regarding changes in
their organizational structures and the formation of work teams. The structural changes that
have been wrought in these organizations are complex and understanding their depth and
scope requires much effort and detailed analysis. Upon completion, the research revealed that
work teams have a been vital factor in the design of the new organizational structure of the
90s, particularly insofar as the issue of production flexibility is concerned. This report also
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discusses other significant aspects uncovered by the research that significantly affect
successful organizational changes, such as organizational culture, layout and the attitude of
management.

Key words: production systems; organizational structures; work teams.

1. Introdução

O objetivo do artigo é apresentar uma pesquisa realizada sobre as mudanças na estrutura


organizacional e a formação das equipes de trabalho. A pesquisa se constituiu de duas partes:
a primeira foi uma revisão bibliográfica sobre estrutura e mudança organizacional. As
informações bibliográficas obtidas revelaram uma tendência recente e crescente,
principalmente na segunda metade da década de 90, das médias e grandes empresas
promoverem mudanças na estrutura organizacional e utilizarem as equipes de trabalho para
flexibilização dos processos produtivos.

Em conseqüência da revisão bibliográfica chegou-se a hipótese de que as mudanças na


estrutura organizacional na década de 90 fundaram-se na formação das equipes de trabalho. A
hipótese orientou o delineamento e a condução do trabalho de campo, segunda parte da
pesquisa. A metodologia que orientou o trabalho de campo caracterizou-se por um estudo
multicasos junto a cinco empresas de grande porte, do setor industrial, de ramos de atividade
econômica diversa e que realizaram mudanças estruturais. Este artigo relata o estudo de
quatro das empresas que utilizaram as equipes de trabalho nas mudanças promovidas.

A metodologia teve caráter descritivo e exploratório em face da revisão bibliográfica ter


revelado escassez de trabalho empírico sobre o tema no Brasil. A coleta de dados foi feita
pelo intermédio da observação, entrevistas e análise documental junto aos executivos e aos
operários das empresas estudadas. A coleta de dados foi direcionada para as equipes ligadas
diretamente ao processo de produção em face do interesse dos pesquisadores e da inserção da
pesquisa no Mestrado em Engenharia de Produção, da Escola de Engenharia de São Carlos –
USP. Os resultados alcançados permitem uma melhor compreensão da trajetória e natureza

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das mudanças estruturais nas organizações e suas respectivas formas de organização do
trabalho.

2. Mudanças Recentes no Ambiente das Organizações

O mundo contemporâneo assiste a um período de grandes transformações sociais, políticas e


econômicas em esfera mundial. Essas transformações radicais afetam todos os países do
mundo com o fenômeno irreversível da globalização. Atualmente não existe um consenso de
interpretação deste fenômeno. Na visão de FONSECA (1997), existem três forças poderosas
agindo neste processo: primeiro, a terceira revolução tecnológica com os avanços da
transmissão da informação e das inovações da engenharia genética; segundo, a formação de
áreas de livre comércio e dos blocos econômicos; terceiro, a crescente interligação e
interdependência dos mercados físicos e financeiros em uma escala planetária. Em
contrapartida, CHESNAIS (1997, p. 4), um grande estudioso da gênese e dos efeitos da
globalização, coloca que "estamos diante de um novo modo de funcionamento sistêmico do
capitalismo mundial ou, em outros termos, de uma nova modalidade do regime de
acumulação". Difere-se dos outros regimes de acumulação pois sua natureza é essencialmente
excludente em relação aos países em desenvolvimento.

Com a consolidação do capitalismo e o crescimento da "sociedade de consumo", as


organizações buscam adaptar-se a um novo cenário competitivo. As inovações tecnológicas e
as transformações sociais dominam a sociedade atual: mudam profundamente a produção de
bens e a vida das pessoas (MOTTA, 1998).

Em decorrência da internacionalização dos mercados, a adaptação organizacional torna-se


imperativa para a sobrevivência das empresas neste ambiente competitivo e turbulento,
implicando em uma dinâmica complexa e incessante no contexto das mudanças e inovações.
Como colocado por HOFFMAN & KAPLINSKY (apud AMATO NETO, 1995), um dos
principais mecanismos organizacionais para a melhoria da competitividade é a adequação da
estrutura ao foco de atenção da empresa, isto é, aos objetivos que se pretende atingir,
buscando a obtenção de vantagens advindas da diferenciação estrutural.

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A flexibilidade organizacional que corresponde à capacidade de reação da organização frente
aos sobressaltos impostos pelos movimentos de inovação, representa uma das vantagens
competitivas na concorrência de mercado. As adaptações das estruturas organizacionais
refletem um impacto sensível na forma pela qual o trabalho é organizado (MARX, 1997),
onde uma das alternativas a este impacto é a formação das equipes de trabalho. Como
colocado por WELLINS et al. (1994), a implantação das equipes de trabalho torna-se uma das
peças centrais para a flexibilização do processo produtivo.

Neste sentido, torna-se indispensável uma análise destes aspectos pois exercem influência
direta no ambiente das organizações brasileiras que, até recentemente, viviam dentro de uma
"redoma de vidro". Assim, desde a abertura dos mercados para a concorrência internacional,
as empresas brasileiras, tanto de capital nacional como internacional, têm realizado um
esforço significativo para atingir patamares mais competitivos. Este esforço está intimamente
ligado aos novos arranjos organizacionais, entre os quais pode-se citar as mudanças na
estrutura organizacional e a formação das equipes de trabalho.

3. Apresentação das Empresas

As quatro empresas pesquisadas, todas transnacionais, são referências importantes no que diz
respeito ao posicionamento no mercado concorrencial. Abaixo será feita uma caracterização
geral de cada uma destas empresas, ressaltando o tipo de mudança estrutural e a ênfase dada à
formação das equipes de trabalho.

3.1 Empresa 1

A Empresa 1 é uma unidade produtiva de uma multinacional sueca com sede em Estocolmo,
sendo esta a maior fabricante mundial de eletrodomésticos, produzindo 55 milhões de
produtos/ano. O grupo é formado por mais de 500 empresas localizadas em 60 diferentes
países. A pesquisa foi realizada em uma das unidades deste grupo, situada no interior do
Estado de São Paulo, que produz geladeiras, lavadoras e ar condicionado.

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Em 1994 a empresa passou de uma estrutura hierárquica com sete níveis para cinco níveis,
passou por uma mudança no processo de produção. As linhas organizadas por máquinas
(layout funcional) passaram a ser organizadas por produtos (layout celular). Esta mudança foi
significativa no que diz respeito à movimentação e armazenagem de material, à multifunção
das pessoas em todo o processo produtivo e à descentralização da produção para as unidades
de negócios. Já em 1997 a empresa passou de cinco unidades de negócio (lã de vidro, ar
condicionado, refrigeração, lavadora, áreas de apoio) para três (apoio, lavadora, refrigeração).
Cada uma destas unidades passou a funcionar como minifábrica autônoma. Com esta
reestruturação algumas atividades que não pertenciam ao "know-how" da organização foram
terceirizadas, tais como compressores, motores, termostato, estamparia, entre outros.

3.2 Empresa 2

A Empresa 2 pertence a um Grupo multinacional alemão que iniciou suas atividades no Brasil
em 1953, no bairro do Ipiranga na cidade de São Paulo que começou montando automóveis
com peças importadas da Alemanha. Ao longo destes anos até os dias atuais este Grupo
conquistou grande representatividade no mercado de automóveis. A pesquisa foi realizada em
uma das unidades produtivas do Grupo situada no interior de São Paulo.

Até 1995 este Grupo Empresarial comprava motores de uma fornecedora, e por uma decisão
estratégica passou a produzi-los, para obter ganhos financeiros e um produto
tecnologicamente avançado. Desta forma, as estratégias globais da empresa apontaram para a
necessidade de uma nova fábrica de motores, que foi implantada em uma cidade no interior
do Estado de São Paulo. Assim considera-se a mudança estrutural, em um nível corporativo, o
fato do Grupo criar mais uma unidade empresarial para a produção dos motores, buscando a
obtenção de vantagens estratégicas da corporação brasileira frente aos mercados competitivos.
Desta forma o Grupo Empresarial passaria a integralizar mais uma atividade aos seus
processos, a produção dos motores, em uma nova planta, onde foi realizada a pesquisa.

A concepção desta nova estrutura é extremamente enxuta, isto é, só agrega departamentos que
estejam diretamente ligados à montagem dos motores. Terceirizou-se grande parte das
atividades que não agregam valor ao produto, tais como, o fornecimento de matéria-prima
(consolidador), limpeza, restaurante, segurança, transporte interno, entre outras atividades. A

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principal ênfase é no processo de produção que é suportado por um alto aparato tecnológico.
A nova concepção estrutural instituiu na organização a utilização das células de produção, que
é composta por profissionais técnicos de apoio que suportam as equipes de trabalho inseridas
dentro das células de produção.

3.3 Empresa 3

A Empresa 3 pertence a uma multinacional norte-americana que desenvolveu seu primeiro


produto em 1880, nos Estados Unidos. A companhia brasileira, é dividida em três unidades de
negócios: Customer, Profissionais, Pharmac. Esta pesquisa foi realizada na unidade Pharmac
que produz medicamentos líquidos e sólidos.

Em 1995 esta unidade passou por uma série de adaptações em função do delineamento das
novas estratégias da empresa no Brasil. Realizou uma mudança estrutural, partindo de uma
departamentalização funcional para uma estrutura por processos, a qual considera a empresa
em três grandes processos: manufatura, mercado/vendas e assessorias de apoio. O principal
objetivo desta mudança foi a busca de maiores níveis de integração da organização, ou seja,
superar a estrutura estanque em departamentos independentes. Esta transformação estrutural
deu-se de modo diferente de muitas organizações, pois não foi acompanhada por um
enxugamento do quadro de funcionários; pelo contrário, aumentou significativamente o
número de funcionários (estagiários, vendedores e operacionais). Desta forma, a mudança
estrutural não teve grandes resistências na organização, pois as pessoas novas já iniciaram
suas atividades inseridas naturalmente em uma nova estrutura com os perfis já direcionados.
Fato idêntico aconteceu na Empresa 2. Assim o processo de adaptação das pessoas foi
minimizado, pois os novos funcionários já se incorporam em uma nova cultura. A utilização
das equipes de trabalho tornou-se um facilitador para a flexibilização do processo produtivo.

3.4 Empresa 4

A Empresa 4 compõe um Grupo multinacional italiano, que começou suas atividades em 1919
na Itália, sempre fornecendo produtos para a indústria automobilística que a suportou no seu
desenvolvimento e evolução. A empresa opera em nível mundial com fábricas na Europa,
Ásia, África e América. A unidade de negócio onde foi desenvolvida a pesquisa é a divisão de
sistemas elétricos situada em uma cidade do interior do Estado de São Paulo. Esta unidade é
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responsável pelo desenvolvimento de componentes automobilísticos (velocímetro) e
montagem – quadros de bordo, alarmes antifurtos e power train (eletrônica).

Em 1996 a empresa passou por uma mudança na estrutura organizacional. A estrutura antes
da mudança era departamentalizada funcionalmente, ou seja, as áreas de logística, engenharia,
qualidade, engenharia de produto e tempos e métodos compunham departamentos. A linha de
produção era única, exigindo grandes movimentos operacionais na mudança de produtos,
restringindo a flexibilidade do sistema. Outras desvantagens deste tipo delayout de produção
para esta empresa eram: dificuldades de detectar problemas, gargalos na
produção, setupselevados, dificuldades quanto ao controle de qualidade, entre outras. Estes
aspectos exerceram pressão para a empresa buscar outras soluções no delineamento da
estrutura organizacional. O arranjo matricial foi a solução encontrada onde o ponto
fundamental da mudança foi a utilização de equipes de trabalho, em função da grande
variedade de atividades produtivas. Nesta estrutura cruzam-se as necessidades dos produtos
nas linhas verticais e as habilidades funcionais nas linhas horizontais.

4. Da Estrutura Verticalizada à Formação das Equipes de Trabalho

Este item tem como objetivo fazer um esforço comparativo entre as empresas pesquisadas.
Entretanto antes de apresentar os dados da pesquisa torna-se interessante explicitar alguns
conceitos trabalhados neste artigo. Considera-se equipe um agrupamento de trabalhadores
com diferentes responsabilidades funcionais, com objetivos estabelecidos, certa autonomia
decisorial e multifuncionalidade dos postos de trabalho. Abaixo são caracterizadas algumas
das equipes encontradas nas empresas pesquisadas:

• Equipes operacionais – aquelas formadas junto ao processo produtivo e que integram


diferentes áreas funcionais (qualidade, manutenção, logística, tecnologia entre outras);
• Equipes abertas – aquelas formadas conforme a necessidade de um novo projeto;
• Grupos de trabalho – grupo de trabalhadores que não tem multifuncionalidade dos
postos de trabalho e não integram nas células de produção diferentes áreas funcionais.
Neste trabalho os grupos de trabalho diferem-se das equipes de trabalho;

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• Células de produção – além do arranjo físico celular, considera-se células de trabalho
uma "estrutura" que integra mais de uma equipe de trabalho, compartilhando as
mesmas atividades funcionais sob a coordenação de um líder de célula. A Figura
1 ilustra uma célula de trabalho encontrada na Empresa 2.

A Tabela 1 ilustra comparativamente alguns dados das empresas pesquisadas, buscando


mostrar em quais mercados as mesmas operam, qual o tipo de estrutura, quais as
mudanças na estrutura organizacional e quais as equipes mais utilizadas para suportar as
mudanças estruturais.

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A Empresa 1 trabalha no mercado de linha branca, produzindo geladeiras e lavadoras; sua
estrutura organizacional é classificada em linha e assessoria de acordo com MOTTA (1982); a
mudança estrutural evidenciou-se com uma desverticalização da empresa e as equipes
operacionais estão inseridas nas células de trabalho.

A Empresa 2 trabalha no mercado automobilístico, produzindo motores para carros; a


estrutura organizacional é classificada em linha e assessoria de acordo com MOTTA (1982); a
mudança estrutural considerada é a implantação de uma nova planta para a produção dos
motores e as equipes de trabalho encontradas estão também inseridas dentro das células de
trabalho.

A Empresa 3 trabalha no mercado farmacêutico, produzindo medicamentos sólidos e líquidos;


a estrutura organizacional é classificada por processos de acordo com KOTTER
(apud. MORRIS & BRANDON, 1994); a mudança estrutural abordada é caracterizada por
uma expansão estrutural com o crescimento da empresa; além das equipes operacionais
existem as equipes abertas que são estabelecidas a partir de um projeto que visa a intervenção
em algum problema ou até mesmo a criação de algo novo.

A Empresa 4 trabalha no mercado de autopeças, produzindo painéis, sistemas de segurança,


bombas injetoras entre outros; a estrutura organizacional é classificada como matricial de
acordo com HAMPTON (1990); a mudança estrutural considerada foi a desverticalização da
empresa; as equipes encontradas são: operacionais, qualidade, eficiência e desenvolvimento
de novos produtos.

Nos processos de mudança estrutural e de formação das equipes de trabalho esta análise
personalizada de cada organização é fundamental para a efetivação e entendimento das
mudanças. Esta análise permite a consolidação de um projeto organizacional para a formação
das equipes, condizente com as estratégias, tecnologias, estruturas e pessoas. Em
complemento a este fato TUSHMAN & O’REILLY III (1996) colocam que a chave do
sucesso para um alto desempenho das organizações está na congruência entre os elementos da
organização, principalmente entre a estratégia, a estrutura, as pessoas e sua cultura.

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5. Análise da Mudança Estrutural e a Formação das Equipes

Buscar a compreensão e o entendimento das mudanças nas organizações é extremamente


instigante e não é tarefa simples. Cada organização tem um "dialeto" próprio para a
manifestação de como as tarefas se realizam dentro do complexo de informações e relações
que compõe a estrutura organizacional. Assemelha-se a um caleidoscópio, sempre mutante
aos olhos, mas que mantém rigorosamente sua geometria, enquanto não se muda o
instrumento.

Quanto ao tipo de estrutura encontrada nas empresas, percebe-se uma combinação variada dos
tipos tradicionais, principalmente a estrutura linha-assessoria e matricial, com diferentes tipos
de departamentalização, entre eles, por produto, processo, geográfica e celular. Este fato
reflete a dificuldade no processo de caracterização dos diferentes tipos de estrutura e de
departamentalização encontrados nas empresas pesquisadas. Identificou-se que as estruturas
organizacionais têm tornado-se crescentemente mais enxutas, buscando focos de atuação para
a realização de suas atividades produtivas.

Nas empresas que realizaram desverticalização estrutural, as áreas de apoio foram as


primeiras atividades a serem terceirizadas, por não pertencerem à competência ou ao know-
how das empresas. Este fato proporcionou um enxugamento estrutural nas empresas
pesquisadas, que buscam a delimitação dos focos de atuação e das atividades que agregam
diretamente valor aos produtos.

As assessorias fornecem um suporte importante para as estruturas organizacionais nas


empresas pesquisadas. Nas empresas onde a estrutura é por linha e assessoria, estas atividades
são ligadas diretamente à estrutura, embora não tenham uma subordinação similar aos outros
departamentos. Na estrutura matricial da Empresa 4, estas assessorias compõem as linhas
horizontais da matriz, mostrando a importância de combinar profissionais mais técnicos e
mais generalistas. Na Empresa 2 as assessorias estão diretamente ligadas às células de
produção. Na Empresa 3 a assessoria é um dos processos de suporte. Estas atividades de apoio
voltam-se principalmente às atividades de recursos humanos, qualidade, finanças, tecnologia
de informação, entre outras.

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A descentralização da autoridade das empresas pesquisadas, principalmente aquelas que
desverticalizaram sua estrutura, volta-se principalmente aos aspectos ligados ao trabalho
operacional, tais como: requisição de material, manutenção de equipamentos, qualidade,
tecnologias, planejamento de férias, logística. Percebeu-se uma preocupação das empresas em
integrar estas atividades aos processos de produção. Na Empresa 2 estas atividades fornecem
suporte aos processos de produção, gerando maior autonomia nos níveis operacionais. A
autonomia quanto aos aspectos operacionais é crescente, principalmente com a implantação
das equipes de trabalho que facilitam a flexibilidade e rapidez no processo decisório.

Quanto à tipologia das equipes, encontrou-se a utilização das equipes operacionais pelo
menos nas quatro primeiras empresas. Na Empresa 3 foram instituídas as equipes abertas, que
apresentam um alto grau de flexibilidade, em função da adequação do tipo de equipe para
determinado problema. Na Empresa 4, além das equipes operacionais, também foram
encontradas as equipes de eficiência, qualidade e melhoria dos produtos.

A cultura voltada para as equipes depende essencialmente do contexto em que as mesmas


foram criadas. Nas Empresas 1 e 4, o esforço para a disseminação desta característica é
fundamental para o bom funcionamento das equipes. Nas Empresas 2 e 3, as dificuldades
foram mais amenas para a criação desta cultura, em função da diferenciação da mudança
estrutural destas empresas em relação às demais. A Empresa 2 criou uma estrutura nova e a
Empresa 3 expandiu sua estrutura. A diferenciação destas empresas está exatamente na
"mudança" da cultura para a criação das equipes em contrapartida à "criação" da cultura para
a formação das equipes.

Os conflitos ocorrem em qualquer forma de organização social. Nas empresas este fato
depende da abertura dos níveis gerenciais para a resolução dos mesmos e das relações sociais
estabelecidas entre os membros. As quatro empresas estimulam a resolução dos conflitos no
próprio nível operacional, e quando não resolvido, o problema sobe na escala hierárquica para
a sua resolução.

A liderança encontrada nos níveis operacionais das empresas, principalmente nas empresas 1,
2 e 4, volta-se ao elemento facilitador da equipe, que intermedia a relação entre os níveis
operacionais e os níveis gerenciais. Em algumas empresas este líder incorpora inclusive

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atividades administrativas. Na Empresa 1 o líder é rotativo, estimulando todos a realizarem
esta atividade, nas demais o líder é fixo. Nas Empresas 2, 3 e 4, o líder pode ser escolhido
pelos níveis gerenciais, mas também se acata as sugestões de indicação dos níveis inferiores.

A Empresa 1 partiu, desde alguns anos atrás, de uma cultura autocrática para uma cultura
participativa. A mudança estrutural no sentido de descentralização foi intensa e a formação
das equipes significou um suporte fundamental à flexibilidade dos processos de produção.
Entretanto observa-se uma estrutura ainda tradicional; reforçou-se desta forma uma mudança
principalmente no comportamento e na cultura participativa, embora a estrutura não apresente
inovações quando comparada às outras empresas.

A Empresa 4 obteve uma mudança estrutural no sentido de uma descentralização, antes


estruturada de forma funcional e passou a ser estruturada de forma matricial. Nesta estrutura
as equipes fornecem um suporte indispensável à realização das atividades, principalmente
pela interação entre as linhas que compõe a matriz. Esta empresa inovou na instituição das
equipes de eficiência, qualidade e novos produtos.

A Empresa 3 obteve uma mudança estrutural no sentido de expansão de suas atividades.


Antes estruturada funcionalmente, passou a ser estruturada por processos. Sua inovação está
na horizontalização da estrutura. Considera-se três grandes processos ao invés de muitos
departamentos, facilitando a eficiência do conjunto corporativo. A formação das equipes
forneceu um suporte importante para tais mudanças. As equipes abertas são extremamente
flexíveis e mostram-se como uma alternativa adequada aos momentos de grandes mudanças e
problemas adversos.

A Empresa 2 teve sua estrutura organizacional criada por meio de um projeto extremamente
inovador. Do ponto de vista estrutural, percebe-se a delimitação essencialmente na produção,
e as atividades de logística, manutenção, tecnologia e qualidade são diretamente ligadas aos
processos de produção, que mostra a concepção das células de produção. Este fato evidencia
uma adequação da estrutura organizacional aos objetivos da empresa. Esta adequação fornece
o suporte necessário para a realização eficiente das atividades, onde o foco está na produção e
as demais áreas dão apoio.

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6. Considerações Finais

Conforme as informações colhidas na pesquisa, as mudanças no sentido de uma


desverticalização têm um impacto mais profundo, ou exigem adaptações profundas
principalmente na disseminação de uma nova cultura. As mudanças estruturais com expansão,
como na Empresa 3, têm a vantagem que as pessoas novas já se incorporam a um novo
sistema estrutural. A Empresa 2 teve a oportunidade de planejar um projeto organizacional
condizente com seus objetivos, diferente das Empresas 1 e 4, que reprojetaram a organização
ao longo de sua existência.

Percebe-se como descrito em cada empresa, partindo do desenho da Empresa 1, passando em


seqüência pelas empresas 4 e 3, até o da Empresa 2, uma evolução do desenho estrutural.
Quando se observa cada estrutura percebe-se diferenciais na forma de representação e que
facilitam ou dificultam a formação das equipes de trabalho.

Presume-se que a estrutura tenha que suportar não só seu aspecto formal de poder,
responsabilidade e controle. A estrutura tem um escopo mais amplo de variáveis e elementos
que a compõe. As estruturas horizontalizadas têm novos desafios: lidar com a informação
rápida, utilizando autonomia de decisões. Isto requer um desenvolvimento organizacional em
conjunto, tanto da filosofia da organização, como dos gerentes e operários de nível
operacional.

O papel da estrutura organizacional também é discutido por HANDY (1997). O autor coloca
que o poder nas novas organizações provém das relações e não das estruturas. A confiança
sendo o principal meio de controle, torna as pessoas mais eficazes, criativas e capazes de atuar
em um ambiente dinâmico. Esta colocação corrobora com a visão de que a função da estrutura
não está somente na designação do poder, mas sim nas relações que a mesma implica.

No mesmo sentido DRUCKER (1998) ressalta que as mudanças organizacionais estão


centradas principalmente no indivíduo, no funcionário qualificado e dotado de cultura. Sua
análise parte da perspectiva de que nas organizações o conhecimento é o principal fator e as
pessoas são de igual importância para o funcionamento do sistema. As relações devem ser
pautadas como nas equipes de trabalho, de igual para igual, e não de superiores para
inferiores. Neste sentido cabe uma discussão importante acerca das questões culturais e a
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relação com a formação das equipes de trabalho. Teriam sido as facilidades culturais, entre
outros motivos, que propiciaram altas inovações e produtividade à administração japonesa
quando formulou seu processo organizacional baseado em equipes?

Conforme as informações trazidas neste trabalho, as equipes têm sido fortemente utilizadas
como uma peça para a flexibilização das estruturas organizacionais, isto é, divide-se a
organização em subsistemas menores e autônomos, garantindo a eficiência entre as partes,
subsistemas, com o sistema maior.

O trabalho partiu da hipótese que de que as mudanças estruturais fundamentam-se na


formação das equipes de trabalho. Pode-se concluir que esta hipótese é válida pois é crescente
a utilização das equipes de trabalho principalmente nos níveis operacionais. Embora a
implantação das equipes tenha se tornado muito utilizada, é necessário se pensar também em
outras modalidades de conformação para que as mudanças requeridas sejam atingidas. Quais
seriam estas outras modalidades?

Assim, considera-se que a mudança cultural torna-se importante para a implantação das
equipes; portanto, todo projeto de mudança estrutural exige que se pense em muitos aspectos
e nas peculiaridades de cada empresa.

Por outro lado, a gerência é um importante ponto de referência para a disseminação das novas
idéias; sem o comprometimento desta, as estratégias para a implantação de inovações não se
consolidam. A pesquisa revelou que a média e alta gerência tem aumentado a visão holística
da empresa, assim como uma relação mais humanista com o trabalho, apesar das adversidades
apresentadas pela crise econômica vigente nos últimos anos. Pode-se afirmar também que o
trabalho em equipe tem sido elemento favorável ao crescimento deste clima dentro das
organizações.

A estrutura tem que oferecer um papel agregador para o funcionamento das equipes
permitindo que prosperem relações apropriadas à formação das mesmas. Desta forma a
estrutura deve considerar as relações formais e informais que a mesma contempla. Em vista
deste fato detectado na pesquisa, o papel da estratégia em uma nova formalização das
atividades de recursos humanos deve prosperar junto com as mudanças estruturais.

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O layout contribui para a aproximação das pessoas, eliminando paredes e portas, facilitando o
processo comunicativo. É significativa a presença de local apropriado para reuniões como
no layout da Empresa 2, onde as equipes de trabalho se reúnem com muita freqüência para a
resolução de problemas que surgem durante a execução das tarefas. Durante a pesquisa, e por
várias oportunidades, foi chamada a atenção para a importância deste espaço de discussão
inclusive de problemas pessoais dos membros da equipe. É evidente que se chamou à atenção
para um símbolo da atividade em equipe que lhe confere a autonomia no trabalho.

Um fator de influência para a formação das equipes é que as pessoas que as integram têm
pensamentos, personalidades e formações diferenciadas, dificultando uma sinergia dos
elementos. Quando acontece esta sinergia ou espaços de discussão dos problemas, a equipe
caminha bem, quando não, há uma desintegração.

Outro elemento importante para as empresas que realizaram uma mudança estrutural é o fato
de se trabalhar muito tempo com um tipo de estrutura. A estabilidade e a conformidade criam
resistência à mudança. Assim, as pessoas quando envolvidas em equipes têm dificuldades de
assumir lideranças, posicionamentos, iniciativas, por serem aculturadas por um tipo de
estrutura que não estimulava estas habilidades.

Todos estes elementos levam um longo tempo de adaptação, pois qualquer mudança quando
feita fora de um processo de negociação aberta, causará impactos e resistências. Como
destacado anteriormente, a formação das equipes depende de um amplo projeto
organizacional que adapte variáveis de diferentes naturezas, algumas delas foram destacadas
anteriormente.

Foram inúmeros os benefícios apontados pelas empresas pesquisadas com a utilização das
equipes, estando entre eles o trabalho mais eficiente e motivador, e a tomada de decisão mais
flexível; embora seja necessária uma maior preocupação com as melhorias das condições
sociais dos trabalhadores que participam deste movimento, tanto nos aspectos financeiros
como relacionamento, entendimento e humanização das relações de trabalho.

Referências Bibliográficas
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Tese de Doutorado
Documento
Tese de Doutorado
Autor
Barrella, Wagner Däumichen (Catálogo USP)
Nome completo
Wagner Däumichen Barrella
E-mail
E-mail
Unidade da USP
Escola Politécnica
Área do Conhecimento
Engenharia de Produção
Data de Defesa
2000-12-12
Imprenta
São Paulo,2000
Orientador
Brunstein, Israel (Catálogo USP)
Banca examinadora
Brunstein, Israel (Presidente)
Martins, Sonia Sevilha
Ribeiro, Celma de Oliveira
Sacomano, Jose Benedito
Vendrameto, Oduvaldo
Título em português
Sistemas especialistas modulados e abrangentes para a gestão de operações.
Palavras-chave em português
informática aplicada
manufatura integrada
módulos administrativos
registro de conceitos
sistemas especialistas
Resumo em português
A existência de novas condições econômicas e de trabalho tem conduzido as empresas a uma
modernização de técnicas e metodologias para a resolução de problemas em Engenharia de
Produção. Embora seja rápido o surgimento de novas ferramentas de informática e haja uma
grande preocupação, no sentido de empregar a informática como suporte à tomada de
decisões, o que se tem notado é que a utilização dos computadores nas empresas não tem sido
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feita na plenitude de suas possibilidades, ou seja, os usuários (especialmente os engenheiros)
fazem uso de programas especialistas para chegarem a decisões isoladas e, posteriormente,
transferem os resultados obtidos para outros aplicativos e/ou realização das análises. Este
trabalho desenvolveu estudos multidisciplinares que envolvem as novas ferramentas
oferecidas pelos avanços da Informática e pelos modernos conceitos de administração e
otimização de processos, estudados em Engenharia de Produção. Tais estudos foram
direcionados para a obtenção de resultados práticos que possam ser rapidamente aplicados nas
empresas brasileiras, ou seja, dentro do contexto financeiro-tecnológico nacional. Estas
pesquisam procuraram documentar qual é o formato do sistema, para que sejam capazes de
facilitar e automatizar o planejamento da produção de uma indústria ou de uma empresa de
serviços. Pretendeu-se, assim, registrar os conceitos e filosofias necessários para se construir
uma ferramenta para otimização de processos produtivos que resolva, ou atenue, eventuais
problemas causados por restrições nadisponibilidade de recursos (equipamento, mão-de-obra,
material e tempo) ou de outra natureza.
Título em inglês
Modulate and wide experts systems to the operations management.
Palavras-chave em inglês
administrative modules
applied computer science
expert systems
integrated manufactoring
registration of concepts
Resumo em inglês
The existence of new economic and work conditions has been driving the companies to a
modernization of techniques and methodologies for resolution of problems in Production
Engineering. Although be fast the appearance of new computer science tools and there be a
great concern in the sense of using the computer science as support to the taking of decisions,
which one has been noticing is that the use of the computers in the companies has not been
made in the fullness of its possibilities, that is to say, the users (especially the engineers) make
use of expert programs for they arrive to isolated decisions, and later, they transfer the results
obtained for another applications and/or accomplishment of the analyses. This research
developed multidisciplinaries studies involving the new tools offered by the progresses of the
Computer Science and by the modern administration concepts, and optimization of processes
studied by the Production Engineering. Such studies were addressed for the obtaining of
practical results that they can be quickly applied in the Brazilian companies, that is to say,
inside the national financial-technological context. Those researches tried to document which
is the format of the system, so that they are capable to facilitate and to automate the planning
of the production of an industry or company of services. It was intended like this to register
the concepts and necessary philosophies to build a tool for optimization of productive
processes that it solves, or attenuate, eventual problems caused by restrictions in the readiness
of resources (equipment, work-hand, material and time) or by another nature.

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Data de Publicação
2001-03-30

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

O CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO DAS EMPRESAS


BRASILEIRAS – O CASO DOS AMERICAN DEPOSITARY
RECEIPTS (ADRs)

ROSILENE MARCON
FLORIANÓPOLIS – SANTA CATARINA - BRASIL
2002
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Título de Doutor em
Engenharia de Produção, sob a orientação do professor Newton Carneiro A. da
Costa Jr, Dr.
TESE DE DOUTORADO
DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
FLORIANÓPOLIS – SANTA CATARINA - BRASIL
2002
Examinador

AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus.
À minha família, pela compreensão, confiança e carinho.
Aos amigos Rodrigo Bandeira de Mello e Anete Alberton, pela amizade e
compreensão na vida cotidiana. Com certeza este trabalho somente foi possível
graças ao apoio deles e de todos os meus amigos, presentes e distantes.
Aos mestres, principalmente ao professor Newton da Costa Jr. pela sua
humildade, competência e orientação deste trabalho, e ao professor João Ernesto E.
Castro pela sua amizade e pelas suas valiosas contribuições ao longo da minha vida
acadêmica e profissional. Os dois me serviram de principal fonte de inspiração como
amigos, professores e pesquisadores. E por meio deles agradeço a todos os demais
mestres que contribuíram para a minha formação de professora e pesquisadora.
Aos amigos Marcio Bittencourt e Jorge Pizzolatti pelo apoio na formatação do
trabalho e Sergio Figueiredo e Rodrigo Portlan pela ajuda nos dados.
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da
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Universidade Federal de Santa Catarina, pela oportunidade oferecida.
À Universidade do Vale do Itajaí pela oportunidade de crescimento
profissional como professora e pesquisadora e pela confiança depositada no meu
trabalho, por meio do apoio à minha capacitação docente.
À CAPES pelo auxílio financeiro.
Aos demais colegas e a todas as pessoas que de alguma maneira auxiliaram
na concretização deste trabalho.

“Não é porque as coisas são difíceis que nós não ousamos;


é porque nós não ousamos que elas são difíceis”.
Sêneca

RESUMO
O mercado de ADRs é uma forma de abertura para investimentos estrangeiros que
pode trazer benefícios para as empresas, aos investidores, aos órgãos reguladores
e ao país. A emissão de ADRs e seus diversos efeitos têm sido alvo de crescentes
pesquisas no âmbito mundial, nos centros de pesquisa em finanças de referência
mundial. Enquanto pesquisas desenvolvidas em outros países, até o momento, não
são conclusivas, o objetivo deste trabalho foi examinar o efeito do lançamento de
ADRs sobre uma das principais variáveis no contexto das finanças empresariais, o
custo de capital próprio. A partir da análise do comportamento do retorno, do risco e
do preço de suas ações no mercado doméstico, conforme derivado dos modelos de
Gordon e do CAPM, pretendeu-se verificar a hipótese de que o lançamento de ADRs
reduz o custo de capital próprio das empresas emissoras e contribui para o processo
de integração entre o mercado de capitais doméstico e o mercado norte-americano.
Os métodos utilizados para coleta e tratamento dos dados foram desenhados para
separar a análise em três períodos: o período anterior à listagem, o período da
listagem e o período pós-listagem. A amostra compreendeu empresas brasileiras
que lançaram ADRs no período de 1992 a 2001, cuja data de listagem seja
conhecida e que possuíam, no mercado doméstico, cotações semanais no período
de 40 semanas antes da semana do evento e 40 pós. Uma das análises
complementares ao retorno e ao risco feitas necessitou dos dados mensais dos
indicadores Preço-Lucro e Preço-Valor Patrimonial. Os retornos encontrados foram
maiores em torno da data do evento e diminuíram no período pós-evento. A
volatilidade dos retornos pós-evento foi menor que a do período anterior. O fator de
risco do mercado doméstico mostrou ser o principal determinante na geração dos
retornos das ações. Nas análises diretas com os preços observou-se uma
valorização em torno da data de listagem. Apesar dos resultados estatísticos terem
sido fracos, pode-se observar uma tendência de decréscimo no custo de capital e
uma redução na segmentação do mercado de capitais brasileiro devido ao
comportamento dos programas de ADRs analisados. Espera-se que os resultados
desta pesquisa contribuam para aumentar o conhecimento sobre o mercado de
ADRs brasileiro e para o acúmulo de conhecimento científico sobre o efeito dos
ADRs nas finanças empresariais, corroborando iniciativas de importantes centros de
pesquisa em finanças.
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Palavras-Chave: custo de capital, American Depositary Receipts, estudo de evento

ABSTRACT
The market for American Depositary Receipts (ADRs) is a way of opening a
country’s economy to foreign investments and of generating possible benefits to
firms, investors and the country. The listing of ADRs, and its correlated effects, has
increasingly been the object of studies and empirical research in centers of
excellence around the world. While research developed for other countries were not
conclusive at the present time, the purpose of this research was to examine the effect
of listing ADRs on one of the main variables of corporate finance: the cost of equity
capital. By analyzing the behavior of return, risk and price of stocks in the domestic
market, through the CAPM and the Gordon Models, this research aimed to test the
hypothesis that the listing of ADRs decreases the cost of equity of the issuing firms
and also contributes to the integration between the domestic and the American
capital market. The methods used for gathering and treating the data were designed
to distinguish 3 different periods of analysis: before, during and after the listing of
ADRs. The sample was formed by Brazilian firms that had ADRs listed over the
period from 1992 to 2001, whose listing dates were known and whose weekly prices
over the period of, at least, 2 years were also known, in the domestic market. We
also used two valuation metrics: price-to-book and price-to-earnings. The results
pointed out that ADRs’ underlying asset returns were higher during the event than
during pre and post event, when, in fact the returns tended to decrease over time.
Volatility measured for such assets also showed a decreasing tendency along the
post event period. Furthermore, domestic market risk factor was the main
determinant of return generation in the pre event period as well as in the post event
period. The main findings about the prices were that cross-listing of a security as an
ADR resulted in a positive stock price reaction and a decline in the cost of capital of
the security, possibly due to the effects of declining market segmentation. Finally,
albeit the poor statistical tests results, ADRs listing tended to lower the cost of capital
of the firms. It is expected that the findings of this research contribute to increasing
empirical knowledge about the Brazilian ADRs market and scientific knowledge about
the effect of ADR listing on corporate finance like is proposed by the research
agenda of main finance research centers around the world.
Key Words: cost of capital, American Depositary Receipts, study of event

SUMÁRIO
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................13
1.1 TEMA DA PESQUISA .................................................................................................................................14
1.2 PROBLEMA .................................................................................................................................................17
1.2.1 Pergunta de pesquisa............................................................................................................................17
1.3 JUSTIFICATIVA ..........................................................................................................................................17
1.4 OBJETIVOS..................................................................................................................................................20
1.4.1 Geral ....................................................................................................................................................20
1.4.2 Específicos ...........................................................................................................................................20
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................................................................21
CAPÍTULO II CONTEXTO DO MERCADO DE ADRS ...............................................................................22
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2.1 TIPOS DE ADRS E OPERACIONALIZAÇÃO ...........................................................................................22
2.2 A HISTÓRIA DOS ADRS.............................................................................................................................26
CAPÍTULO III REVISÃO DA LITERATURA ...............................................................................................32
3.1 VANTAGENS PARA AS EMPRESAS BRASILEIRAS E O CUSTO DE CAPITAL................................32
3.2 EFEITOS DA DUPLA LISTAGEM SOBRE RISCO E RETORNO............................................................36
3.3 EFEITO DA DUPLA LISTAGEM SOBRE O PREÇO DAS AÇÕES .........................................................43
3.4 INTEGRAÇÃO E SEGMENTAÇÃO DO MERCADO DE CAPITAIS E A DUPLA LISTAGEM............46
3.5 OUTROS ESTUDOS RELACIONADOS AO LANÇAMENTO DE ADRS................................................53
3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS DA REVISÃO DA LITERATURA...............................................................56
CAPÍTULO IV METODOLOGIA.....................................................................................................................58
4.1 PERGUNTA DE PESQUISA E HIPÓTESES INVESTIGADAS ................................................................58
4.2 ESTRUTURA DA PESQUISA .....................................................................................................................59
4.3 AMOSTRA E COLETA DOS DADOS ........................................................................................................65
4.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS...............................................................................................68
4.4.1 Cálculo dos retornos nominais e dos retornos anormais ......................................................................68
4.4.2 Cálculo dos retornos anormais acumulados.........................................................................................71
4.4.3 Análise do risco dos ADRs ..................................................................................................................71
4.4.4 Análise dos preços ...............................................................................................................................75
4.5 TRATAMENTOS ESTATÍSTICOS .............................................................................................................76
4.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ....................................................................................................................81
CAPÍTULO V RESULTADOS EMPÍRICOS DO COMPORTAMENTO DO RISCO E DO RETORNO 82
5.1 RESULTADOS DO RETORNO...................................................................................................................82
5.2 RESULTADOS DO RISCO NÃO SISTEMÁTICO .....................................................................................90
5.3 RESULTADOS DO RISCO SISTEMÁTICO...............................................................................................96

Page 10
CAPÍTULO VI RESULTADOS EMPÍRICOS DO COMPORTAMENTO DO PREÇO...........................107
6.1 RESULTADOS DOS INDICADORES PREÇO/VALOR PATRIMONIAL..............................................108
6.2 RESULTADOS DOS INDICADORES PREÇO/LUCRO ..........................................................................109
6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DOS CAPITULOS DE RESULTADOS......................................................114
CAPÍTULO VII CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...........................................................................115
7.1 RECOMENDAÇÕES..................................................................................................................................119
CAPÍTULO VIII REFERÊNCIAS ..................................................................................................................120
CAPÍTULO IX BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................129
APÊNDICES........................................................................................................................................131

Page 11

LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Quadro Resumo do processo de emissão por tipo de Depositary Receipts .........................................26
Figura 2 – Quadro resumo dos programas, das variáveis e dos períodos utilizados .............................................67
Figura 3 – Gráfico do comportamento do retorno nominal semanal médio no período de Jun/91 a Jun/02, a partir
da média dos retornos nominais de todas as ações analisadas ............................................................................84
Figura 4 – Gráfico do Comportamento dos Retornos Anormais no período de 1991 a 2002.................................89
Figura 5 – Retornos anormais acumulados ajustados ao mercado(ibovespa e iba) e ajustados ao risco e ao
mercado .................................................................................................................................................................90
Figura 6 – Gráfico da variância dos retornos nominais semanais no período de Jun/1991 a Jun/2002.................92
Figura 7 – Volatilidade dos retornos anormais médios semanais no período de 91 a 2002 ..................................96
Figura 8 – Quociente Preço/Valor Patrimonial no período de 6 meses, 3 meses e 1 mês em torno da data de
autorização das empresas brasileiras que lançaram ADRs 1992 a 2001 ............................................................108
Figura 9 – Quociente Preço/Lucro médio no período de 6 meses, 3 meses e 1 mês em torno da data de
autorização das empresas brasileiras que lançaram ADRs 1992 a 2001 ............................................................109

Page 12

LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Número de Depositary Receipts por regiões na Bolsa de Nova Iorque..............................................18
Tabela 2 – Número de Depositary Receipts de empresas da América Latina na NYSE....................................18
Tabela 3 – Teste de normalidade para os retornos nominais semanais no perído de Jun/91 a Jun/02...............77
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Tabela 4 – Teste de normalidade para os retornos anormais semanais – ajustado ao Ibovespa no período de
Jun/91 a Jun/02......................................................................................................................................................78
Tabela 5 – Teste de normalidade para os retornos anormais semanais – ajustado ao IBA no período de Jun/91 a
Jun/02 ....................................................................................................................................................................79
Tabela 6 – Teste de normalidade para os retornos anormais semanais – ajustado ao risco e ao mercado.........80
Tabela 7 – Retornos nominais semanais no período de Jun/91 a Jun/02..............................................................83
Tabela 8 – Retornos anormais semanais ajustados ao Ibovespa no período Jun/91 a Jun/02.............................85
Tabela 9 – Retornos anormais semanais ajustado ao IBA no período de Jun/91 a Jun/2002 ..............................86
Tabela 10 – Retornos anormais semanais pelo modelo ajustado ao risco e ao mercado......................................87
Tabela 11 – Variância dos Retornos Nominais semanais no período de Jun/1991 a Jun/2002.............................91
Tabela 12 – Variância dos Retornos Anormais semanais ajustados ao Ibovespa no período de Jun/1991 a
Jun/2002 ................................................................................................................................................................93
Tabela 13 – Variância dos Retornos Anormais semanais ajustados ao IBA no período de Jun/1991 a Jun/200294
Tabela 14 – Variância dos Retornos anormais semanais pelo modelo ajustado ao risco e ao retorno.................95
Tabela 15 – Resultados da Regressão no período antes e pós evento (Ibovespa ou IBA como fator de risco)...97
Tabela 16 – Regressão multifator dos retornos nominais semanais antes e pós evento (Ibovespa e S&P 500
como fator de risco)................................................................................................................................................99
Tabela 17 – Regressão multifator dos retornos nominais semanais antes e pós evento (Ibovespa, S&P 500,
MSCI) ...................................................................................................................................................................100
Tabela 18 – Regressão multifator dos retornos nominais semanais antes e pós evento (Ibovespa, S&P 500,
MSCI e Taxa de Câmbio).....................................................................................................................................101
Tabela 19 – Testes Estatísticos da Regressão com os índices IBA e Ibovespa..................................................103
Tabela 20 – Testes Estatísticos da Regressão com os índices Ibovespa, S&P 500 no primeiro bloco e no
segundo bloco os resultados da regressão com os índices Ibovespa, S&P 500 e MSCI....................................104
Tabela 21 – Testes Estatísticos da Regressão com os índices Ibovespa, S&P500, MSCI e Câmbio.................105
Tabela 22 – Quociente do índice Preço/Valor Patrimonial...................................................................................108
Tabela 23 – Quociente do índice Preço/Lucro .....................................................................................................109
Tabela 24 – Indicadores Preço/Lucro no período anterior e pós-evento..............................................................110
Tabela 25 – Preço/Valor Patrimonial no período anterior e pós-evento...............................................................111
Tabela 26 – Desvio Padrão do Preço/Lucro no período anterior e pós-evento....................................................112
Tabela 27 – Desvio Padrão do Preço/VPA no período anterior e pós-evento......................................................113

Page 13
Capítulo I
INTRODUÇÃO
A abertura dos mercados de capitais emergentes para investimentos
estrangeiros constitui-se em uma oportunidade de atrair recursos para as empresas
investirem e, conseqüentemente, contribui para o crescimento econômico do país.
Neste contexto, este estudo investiga se o que o custo de capital próprio das
empresas de países emergentes se reduz com o lançamento de ações no mercado
norte-americano sob a forma de ADRs.
Esta modalidade de captação de recursos estrangeiros, os Depositary
Receipts, mais especificamente os ADRs (American Depositary Receipts), permite
às empresas sediadas fora dos Estados Unidos atraírem investidores no mercado
norte-americano para investirem nos seus países.
Em conjunto com a abordagem dos ADRs, este trabalho procura focalizar
também uma das principais variáveis no contexto das finanças empresariais, o custo
de capital próprio das empresas.
Para medir o efeito deste tipo de abertura de capitais sobre o custo de capital
próprio das empresas brasileiras são usadas três categorias de indicadores: o
retorno, o risco e o preço das ações no mercado doméstico e norte-americano.
Ao analisar o comportamento das variáveis preço, retorno e risco das
empresas que emitem ADRs, pretende-se avaliar também o grau de
integração/segmentação do mercado de capitais brasileiro diante do norte-
americano, já que estas categorias permitem verificar se os mercados são
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segmentados ou não.
O suprimento da falta de recursos de longo prazo para as empresas é
fundamental para a retomada do crescimento econômico. O elevado custo do capital
local e a pouca representatividade do mercado de capitais brasileiro estimularam
empresas a buscarem na internacionalização da estrutura de capital uma alternativa
para o seu financiamento de longo prazo.

1.1 TEMA DA PESQUISA


O desenvolvimento dos mercados emergentes foi crucial para o crescimento
do mercado de ADRs. Keppler e Lechner (1997, p. 175-193) ressaltam que os
investimentos nestes mercados emergentes podem ser feitos de quatro maneiras: 1)
investimento direto em ações de empresas sediadas em mercados emergentes; 2)
investimentos indiretos, mediante a aquisição de empresas emergentes com registro
em bolsas de países desenvolvidos; 3) fundos mútuos abertos ou fechados, fundos
fiduciários ou empresas de investimentos; 4) recibos de depósitos de ações de
empresas de mercados emergentes.
A análise do efeito do lançamento de ADRs sobre o custo de capital próprio
das empresas brasileiras contribui não só às empresas que captam recursos, mas
também para o entendimento do comportamento de algumas variáveis do mercado
de capitais doméstico diante de tal abertura.
Os benefícios advindos com o lançamento de ADRs podem ser observados
em vários segmentos do mercado de capitais, desde os investidores estrangeiros e
nacionais, até as empresas, os organismos de regulação e as instituições
financeiras.
A internacionalização do custo de capital deve ser vista como um processo
de três participantes: os gerentes, os reguladores e os investidores. As
políticas dos reguladores quase sempre agem para isolar o mercado
doméstico do mercado global. Os gerentes, por sua vez, preocupados com
o custo do capital, atuam com o objetivo de eliminar as desvantagens
decorrentes das restrições impostas pelos reguladores. Entre estes dois
opostos, encontram-se os investidores, que buscam incessantemente
novas oportunidades de lucro e a redução do risco de suas carteiras
(MAGALHÃES, 2001, p. 43).
Os investidores estrangeiros podem diversificar seus investimentos (STULZ,
1999) sem correr o risco de perdas cambiais, pelo fato de os ADRs e seus
dividendos serem, respectivamente, negociados e pagos em dólares norte-
americanos.
Os investidores internos também passam a ser beneficiados com preços
mais justos, menor risco e informações mais transparentes reveladas pelo maior
número de investidores e por padrões contábeis mais rigorosos.
O mercado de ADRs também pode ser abordado pelo âmbito da empresa.
Em termos gerais, pode-se caracterizar dois mecanismos básicos de nossas
empresas para captarem no mercado internacional: por meio do lançamento de
títulos de renda fixa, como Eurobonds, Yankee bonds, entre outros, e lançamento de
ações ou títulos de renda variável, entre os quais se encontram os DRs.
Algumas das vantagens apontadas para as empresas que emitem ADRs são:
(1) abrir o capital nas bolsas norte-americanas, aumentando o número de
investidores, (2) melhorar a sua imagem, (4) aumentar a liquidez de suas ações, (5)
facilitar as fusões e aquisições internacionais e (6) reduzir o custo de capital. Os
custos incorridos com a emissão destes papéis na maioria dos casos são inferiores
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aos benefícios advindos.
Os intermediários também são beneficiados, pois passam a ter um maior
número de negócios, apesar de uma concorrência maior. As agências de regulação
com a obtenção de maior transparência, também obtêm benefícios da listagem de
ADRs.
Os recursos vindos dos lançamentos de ADRs podem ser uma fonte de
capital importante e estável para os países em desenvolvimento. Conforme Howe e
Kelm (1987), muitos podem ser os benefícios com o lançamento de ações em
mercados internacionais, porém existem também custos envolvidos. Ao mesmo
tempo em que se pode reduzir o risco, pode-se ter custos maiores por fornecer mais
informações, adequar-se a padrões contábeis diferentes, entre outros. Logo, o efeito
líquido do lançamento de ações em outros mercados é ainda uma questão aberta.
Neste trabalho busca-se verificar um dos mais importantes benefícios dos
investimentos estrangeiros via emissão de ADRs, a redução do custo de capital
próprio das empresas brasileiras.
Se a listagem de ações em outros mercados, além do doméstico, representar
uma redução no custo de capital, esta se constitui em uma ferramenta importante
para o crescimento econômico de um país, pois investimentos que antes não
apresentavam taxas de retorno atrativas passam a ser viabilizados. Aumentando o
número de investimentos, geram-se empregos, e aumenta-se a renda, completando,
assim, o ciclo de crescimento econômico.
A motivação para a realização deste trabalho concentra-se no crescente
número de lançamento de ADRs por empresas de países emergentes e pela
importância desta fonte de recursos no contexto de crescimento das empresas e,
também, pelo crescente interesse e trabalhos no contexto da teoria de finanças.
Karolyi (1998, p. 24) ressalta que os pesquisadores tiveram sucesso limitado
em identificar quais os verdadeiros fatores econômicos que produziram o baixo custo
de capital e quais os fatores são falsamente associados a ele.
Lau et al. (1994, p. 744) afirmam que, como os resultados dos estudos sobre
a dupla listagem, sendo uma internacional, não são conclusivos, pois nem todos os
estudos mostram que há uma redução no custo de capital próprio, é necessário que
se questione a eficácia da listagem internacional, enfatizando a necessidade de
pesquisas futuras.
Os trabalhos de Jorion e Schwartz (1986), Alexander et al. (1988), Mitto
(1992), Jayaraman et al. (1993), Foerster e Karolyi (1993), Sundaran e Logue (1996)
mostram que o custo de capital diminui para várias empresas, de diversos países,
que lançam ações internacionalmente por meio de DRs.
Outros trabalhos, como de Errunza e Losq (1985), Eun e Janakiramanan
(1986), Alexander et al. (1987), Stulz (1999a), procuram comprovar que, pelos
modelos de avaliação de ativos internacionais, a liberalização do mercado de
capitais tende a reduzir o custo de capital das empresas, já que permite uma
diversificação do risco.
Já Martell et al. (1999), Howe e Kelm (1987), Lee (1991), Lau et al. (1994)
sugerem que o lançamento de ADRs não tem efeito significativo sobre o
comportamento das mesmas ações no mercado doméstico. Howe e Kelm (1987) e
Lau et al. (1994) encontram em suas pesquisas um aumento no custo de capital das
empresas norte-americanas que lançaram ações em outros mercados além dos
Estados Unidos.
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1.2 PROBLEMA
1.2.1 Pergunta de pesquisa
O crescimento dos mercados emergentes e a abertura do fluxo de capitais,
por meio da emissão de ADRs afetam significativamente o custo de capital próprio
das empresas brasileiras?
O problema será investigado sob três enfoques fundamentais: (1) o impacto
no risco e retorno das empresas que emitiram ADRs; (2) o comportamento dos
preços no mercado doméstico e norte-americano, e (3) a hipótese de
segmentação/integração de mercados.
A partir da formulação da pergunta de pesquisa, as hipóteses do trabalho
foram estabelecidas, as quais estarão inseridas no capítulo de metodologia.

1.3 JUSTIFICATIVA
Os mercados emergentes têm atraído a atenção da academia e outros
interessados devido ao seu rápido crescimento, aos altos retornos proporcionados
aos investidores e ao seu potencial de diversificação. É dentro do contexto dos
mercados emergentes que os ADRs se situam, como mais uma forma de abertura
do mercado de capitais destes países em crescimento.
Como já foi destacado anteriormente, o mercado de ADRs, entre as outras
formas de abertura da economia para investimentos estrangeiros, traz benefícios às
empresas, aos investidores, aos órgãos reguladores e ao País, apesar das críticas
que são atribuídas a ele, tais como enfraquecimento do mercado interno de ações.
Para Hargis (2000, p.103), até 1991 a principal forma de os investidores
estrangeiros participarem do mercado de ações latino-americano era por meio de
fundos, porém, entre 1991 e 1993, o lançamento de ADRs tornou-se a maior fonte
de fluxo de recursos estrangeiros no mercado de ações, continuando a aumentar
consideravelmente até os dias atuais.
Antes de 1990, o mercado de ADRs era dominado por empresas de países
desenvolvidos como Austrália, Japão, Holanda, Suécia e Reino Unido.
Todavia, nos últimos cinco anos, firmas de países emergentes, como
Argentina, Brasil, Chile, China, Indonésia e México tem acessado o
mercado de ADRs e, atualmente, são responsáveis por um terço dos mais
de 300 ADRs que estão listados na NYSE1, AMEX2 e NASDAQ3 (GANDE,
1997, p. 61).
A Tabela 1 apresenta a participação na Bolsa de Nova Iorque de todas
as regiões que possuem empresas com ADRs no ano de 2001.
TABELA 1 – NÚMERO DE DEPOSITARY RECEIPTS POR REGIÕES NA BOLSA DE NOVA IORQUE
Região
Depositary Receipts
Participação (%)
Ásia/Pacífico
70
19
Europa
181
51
Oriente Médio e África
6
2
América Latina
100
28
Total
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357
Fonte: NYSE Factbook 2001, p.66.
Pode-se observar na Tabela 1 a participação acentuada das empresas da
América Latina e da Europa na NYSE.
A Tabela 2 apresenta a participação, em função do número de Depositary
Receipts, das empresas da América Latina na NYSE.
TABELA 2 – NÚMERO DE DEPOSITARY RECEIPTS DE EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA NA NYSE
Região
Depositary Receipts
Participação (%)
Argentina
11
11%
Brasil
33
33%
Chile
23
23%
Colômbia
1
1%
Rep. Dominicana
1
1%
México
27
27%
Peru
2
2%
Venezuela
2
2%
Total
100
Fonte: NYSE Factbook 2001, p.66.
Os dados apresentados na Tabela 2 mostram que o Brasil é o país mais
significativo em termos de número de ADRs na NYSE. Comparando com a Tabela1,
1 NYSE – New York Stock Exchange.
2 AMEX – American Stock Exchange.
3 NASDAQ – National Association of Securities Dealers Automated Quotations System.

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19
constata-se que a participação brasileira era de 9%, considerando todos os países
em função do número de ADRs.
Dos 33 Depositary Receipts brasileiros em 2001 na NYSE, somente um era
Global Depositary Receipts do Unibanco; os demais eram todos ADRs. Dentre as 50
ações de empresas não americanas mais negociadas na NYSE por volume em 2001
seis eram brasileiras: Petrobrás, Embratel, Telesp Celular Participações, Copel,
Telebrás Hold., Tele Norte Leste Participações.
O presidente da NYSE (apud ANDREZO; LIMA, 1999) no final de 1997,
estimou que o número de empresas brasileiras listadas nesta instituição chegaria a
25 em três anos e 50 em cinco anos.
Conforme dados da Bovespa, enquanto em Nova Iorque o custo para a
negociação de um lote de 1.000 ADRs (equivalente a um milhão de ações da
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Telebrás) era de R$158,40 em 2002, na Bovespa chegou a R$ 801,21.
A busca por novos mercados de capitais e o avanço da tecnologia, fazem
com que os capitais migrem com muita facilidade. Mário Henrique Simonsen já
destacava esta mobilidade:
Há um século, os indivíduos viajavam relativamente com mais facilidade do
que os capitais. Isso porque as poupanças possuíam pouca mobilidade
geográfica, sendo quase integralmente investidas nos locais onde eram
geradas. Antes, quem mais rapidamente migrava eram os pobres do
continente europeu. Hoje, os primeiros a migrarem, se quiserem, são os
capitais, ou pelo menos as poupanças (BOVESPA, 2002).
O trabalho justifica-se pelo fato de o campo ser ainda muito amplo para o
desenvolvimento de estudos envolvendo mercados emergentes, dupla listagem de
ações e custo de capital das empresas. “Embora os ADRs tenham sido negociados
nos Estados Unidos por muito tempo, sua popularidade é recente. Como resultado,
há muito poucos trabalhos que examinam o comportamento do retorno destes
títulos” (PATRO, 2000, p. 44).
As evidências empíricas ainda não são conclusivas quanto à redução no
custo de capital próprio das empresas com o lançamento de ADRs nos países

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20
emergentes. Conforme KAROLYI (1998, p 23) “o estado da arte na estimação do
custo de capital ainda não está estabelecido na literatura de finanças”.
Em finanças o valor do capital acionário de uma empresa é determinado de
acordo com seu fluxo estimado de ganhos futuros, descontados ao custo do capital
próprio. Portanto, se uma empresa sofre valorização no mercado sem aumento nos
ganhos futuros, isto indica uma redução no seu custo de capital próprio.
Este trabalho pretende explorar possíveis evidências nesta área, focando no
lançamento de ADRs por empresas brasileiras e no comportamento dos preços,
retorno e risco do mercado de capitais brasileiro e, conseqüentemente, no custo de
capital próprio de nossas empresas.
A listagem de ações estrangeiras no mercado norte-americano tende a
reduzir o custo de capital das empresas emissoras, pois geralmente aumenta a
liquidez e o preço das ações, melhora a visibilidade da empresa, bem como a
aceitação dos clientes, fornecedores, credores e governos.
Com esta pesquisa se pretende contribuir no estudo dos mercados
emergentes, especialmente na área de captação de recursos das empresas, no
comportamento do mercado de capitais e na integração dos mercados emergentes
com o mercado mundial, principalmente do mercado brasileiro, onde as pesquisas
na área ainda são incipientes.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Geral
Avaliar o impacto do lançamento de American Depositary Receipts sobre o
custo de capital próprio das empresas brasileiras por meio da análise do
comportamento do retorno, risco e preço das ações no mercado doméstico.
1.4.2 Específicos
• Descrever o mercado de ADRs.
• Analisar o risco e o retorno das empresas domésticas que lançaram ADRs.
• Examinar o comportamento do preço de ações brasileiras que possuem dupla
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listagem, antes e após o lançamento de ADRs.

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• Verificar o efeito da taxa de câmbio no comportamento do retorno, preço e
risco das ações no mercado doméstico.
• Analisar a segmentação/integração do mercado de capitais brasileiro.
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta pesquisa está organizada em cinco capítulos, além deste capítulo, o
Capítulo 2 aborda a origem, o funcionamento e as principais características dos
ADRs no contexto dos mercados emergentes. O Capítulo 3 apresenta a revisão de
literatura acadêmica necessária para compreensão e fundamentação do trabalho. A
discussão da estrutura da pesquisa e os métodos de pesquisa serão apresentados
no Capítulo 4. Os resultados são apresentados nos Capítulos 5 e 6. O Capítulo 7
fornece as conclusões deste trabalho.

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Capítulo II
CONTEXTO DO MERCADO DE ADRs
Neste capítulo será contextualizado o mercado de ADRs, ressaltando os tipos
e as características de cada lançamento, suas formas de negociação e a sua
história, bem como o seu desenvolvimento, principalmente nos mercados
emergentes.
2.1 TIPOS DE ADRs E OPERACIONALIZAÇÃO
Entre os mecanismos que as empresas podem utilizar para acessar o
mercado internacional de recursos destacam-se o lançamento de títulos de dívida e
o lançamento de ações.
Porém, entre o momento em que a empresa resolve captar o recurso externo
e o efetivo crédito, dependendo da modalidade, o tempo de espera pode ser grande.
Para captações mais simples tem-se semanas e captações com ADRs, por exemplo,
podem durar anos até a efetivação do processo.
No contexto dos títulos de dívida destacam-se os Eurobonds,Yankee Bonds,
Securitização de recebíveis, entre outros.
Este trabalho aborda as captações de recursos próprios por empresas
brasileiras no mercado internacional, denominadas DRs (Depositary Receipts). Estes
lançamentos precisam ser autorizados por órgãos fiscalizadores e são lastreados em
ações.
Quando emitidos nos EUA, os Depositary Receipts possuem o nome de
ADRs (American Depositary Receipt); quando lançados em outros países podem ser
chamados de IDRs (International DRs), e de GDRs (Global DRs), quando lançados
em mais de um mercado estrangeiro.
Os GDRs (Global Depositary Receipt) diferem dos ADRs ao permitirem que
uma empresa capte recursos em dois mercados simultaneamente, além do mercado
doméstico. Os GDRs podem ser registrados, emitidos e negociados nos mercados
dos EUA e serem igualmente registrados nas principais bolsas de valores de outros

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países.
De acordo com Mobius (1996), antes da instituição dos GDRs, as empresas
necessitavam emitir um ADR nos EUA e depois um International Depositary Receipt

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(IDR) na Europa para atingir ambos os mercados. As emissões de GDRs beneficiam
de ofertas globais mais bem coordenadas, de um conjunto mais amplo de acionistas
e de uma maior liquidez.
O ADR é um título negociável no mercado norte-americano, cotado em dólar
e que representa uma ou várias ações de empresas não-americanas.
Os ADRs podem ser classificados em três dimensões: a) patrocinados e não
patrocinados; b) públicos ou privados; c) com captação ou não de recursos,
conforme apresentadas a seguir.
a) Patrocinados e não patrocinados
ADR patrocinado (sponsored) é aquele emitido quando a própria empresa
decide ofertar seus títulos acionários no mercado norte-americano de capitais. Um
banco depositário é escolhido para emissão dos ADRs, estando a instituição
tipicamente assumindo responsabilidade pela distribuição de dividendos,
disseminação de informação e administração geral do programa. Caracteriza-se pela
existência de um contrato formal entre a empresa emitente dos valores mobiliários
(denominada patrocinadora), o banco depositário dos títulos no exterior e uma
instituição custodiante no país de origem, com os custos da operação sendo
absorvidos integralmente pela primeira. Para lançar um DR, a empresa emite ações
no país de origem (ou compra ações nos mercados organizados) e deposita essas
ações em um banco, que atua como custodiante. Com base nesse lastro, um banco
no exterior, que atuará como depositário, emite o DR.
O ADR não patrocinado (unsponsored) é em geral lançado por uma instituição
corretora de valores norte-americana para atender investidores nos Estados Unidos
que desejam adquirir ações de determinada empresa estrangeira. A emissão de
ADRs pode envolver mais de um banco depositário norte-americano, com os
serviços sendo remunerados por meio de taxas de emissão, coletados junto aos
proprietários de ADRs; cancelamento e distribuição de dividendos. Não há a
participação da empresa.
Conforme Serra (1997, Anexo 1), enquanto o ADR patrocinado é criado pela
empresa emissora junto com a instituição financeira depositária, o não patrocinado é
operacionalizado somente pela instituição financeira.

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Segundo Matsumoto (1995) e Gande (2001, p. 68), desde 1983, a SEC4
implantou regras que restringiram a criação de ADRs não patrocinados. Miller (1999,
p. 106) destaca que, no início da década de 50, várias empresas de mineração da
Austrália e da África do Sul criaram o programa patrocinado de Depositary Receipts
– DR, e em 1983 a SEC exigiu que todos os novos programas de DR devem ter a
aprovação da empresa para ser estabelecido.
b) Público versus privado
Refere-se ao local onde os ADRs são negociados. Aqueles negociados no
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OTC5, na NYSE, na NASDAQ e na AMEX são considerados públicos, já aqueles
negociados sob a forma da Regra 144A são considerados privados, pois somente
determinados investidores podem negociá-los.
c) Captação de recursos
Nos Estados Unidos existem três níveis de ADRs patrocinados que possuem
diferentes exigências do US reporting e do GAAP – Generally Accepted Accounting
Principles.
Nível I: possibilita a colocação e negociação de ações já existentes da
empresa no mercado de balcão dos EUA, não paga taxas de underwriting e não
precisa fazer alterações no balanço. A empresa não capta recursos, somente o
banco depositário. São fáceis de estabelecer e têm um objetivo mercadológico. A
empresa criará uma base de investidores para suas ações por meio de uma maior
exposição ao mercado norte-americano. Esta modalidade cria as condições
adequadas para uma futura oferta pública primária (ADR III).
Nível II: a empresa pode ser listada nas bolsas e no mercado de balcão. Aqui
também a empresa não capta recursos, somente o banco depositário. É obrigatório
o registro completo na SEC e também se adaptar à metodologia de contabilidade
para os padrões norte-americanos (US GAAP 20-F); necessitam estar cotados em
bolsa antes de poderem ser usados para emissões, possuindo maior liquidez que o
nível I
4 Securities and Exchange Commisssion – Orgão com funções semelhantes à CVM no Brasil.
5 OTC – Over the Counter Market: mercado de balcão.

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Nível III: Permite a captação de recursos. É necessário o registro obrigatório
na SEC e necessitam estar cotados em bolsa antes de poderem ser usados para
emissões, possuem maior liquidez que o nível II.
Regra 144: em abril/91, a SEC estabeleceu a regra 144A, na qual estipulou as
condições para que a empresas pudessem acessar uma classe específica de
investidores: os QIBs (Qualified Institutional Buyers), ou seja, grandes investidores
institucionais. As empresas emissoras estão isentas de registro completo na SEC ou
de adaptações à sua contabilidade. É um mercado privado, tem características
diferentes do mercado público. Geralmente, as empresas que acessam este
mercado apresentam necessidades urgentes de captação e não planejam acessar o
mercado com muita freqüência no futuro.
Errunza e Miller (2000, p. 581), analisando 126 empresas domiciliadas fora
dos EUA no período de 1985-1994, encontraram que 48% lançaram ADRs tipo I,
13% nível II, 19% nível III e 20% são 144A.
Para estabelecer um programa de ADRs as empresas deverão cumprir
algumas etapas, conforme o tipo de ADRs que elas emitirem: processo de decisão
na empresa, solicitação de registro do programa junto à CVM, onde serão
informados: tipo do programa; banco depositário; banco custodiante; classe e
quantidade de ações a serem custodiadas; autorização junto à SEC. Destaca-se que
esta etapa pode ser paralela à anterior.
Especificamente no Nível I e na Regra 144A a empresa deve entrar com o
pedido de isenção junto à SEC: regra 12g3-2. Já para os níveis II e III a empresa
deverá entregar o formulário 20 – F, prestando periodicamente as informações.
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Sendo assim, para os ADRs II e III, a autorização da SEC sai antes do
registro na CVM, para o nível I e a Regra 144A a autorização da SEC pode sair em
qualquer momento, mas geralmente sai antes da CVM.
As empresas emissoras deverão também publicar fato relevante, ou seja,
fazer publicidade.
O tempo necessário para realização de todo o processo depende do país de
origem das ações, do país onde vai ser listada e do tipo de DR que vai ser emitido.
No caso específico dos ADRs, os ADRs II e III levam, em média, de 10 a 14
semanas.
Os investidores podem converter seus ADRs em ações da empresa e vir
negociá-las no Brasil.

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Um dos principais participantes do processo é o banco depositário de ADRs.
A função deste se resume em: trabalhar em conjunto com a empresa no
estabelecimento do programa de ADRs; manter a contabilidade dos ADRs; informar
os investidores; liquidar as transações dos corretores; informar os market-makers; e
emitir e cancelar os ADRs.
Do total de 97 programas de Depositary Receipts de empresas brasileiras até
junho de 20026, 64% delas possuem como banco depositário o Bank of NY; 14,5% o
Morgan Guaranty Trust; 20,5% o Citibank, e somente uma empresa possui como
depositário o Deutsche Bank. Estas participações são muito similares às
participações no total de ADRs no período de janeiro/2002 a junho de 2002.
A Figura 2 resume todos os passos e requisitos necessários para as
empresas captarem recursos via Depositary Receipt.
Uso de ações já existentes para aumentar a
base acionária
Uso de ADRs para aumentar o capital
ADR – Nível 1
ADR – Nível 2
ADR – Nível 3
Regra 144A
GDR
Descrição
Programa não listado Listado nas Bolsas de
Valores dos EUA
Oferecido e listado
nas Bolsas de
Valores dos EUA
QIBs
Oferecido em
mais de um
mercado
Local
OTC: quotado no
Bulletin Board e Pink
Sheets
NYSE, AMEX e
NASDAQ
NYSE, AMEX e
NASDAQ
Mercado Privado
norte-americano
quotado no
PORTAL
Bolsas norte-
americanas e
não
americanas
Registro SEC Form F-6

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Form F-6
F-1 e F-6
Nenhuma
Depende:
novas
emissões –
como Nível 3,
venda privada
como regra
144A
Emissão de
ações
Somente ações já
emitidas
Somente ações já
emitidas
Novas emissões
Novas emissões
Padrões
contábeis
País de origem
US GAAP
Forma 20-F
preenchida
anualmente
US GAAP
Forma 20-F
País de origem
Depende do
país
Tempo
10 semanas
10 semanas
14 semanas
16 dias
Depende do
país
Custos
三 US 25,000
US$ 200,000 –
700,000
US$ 500,000 –
2.000,000
US$ 250,000 –
500,000
Depende do
país
FIGURA 1 – QUADRO RESUMO DO PROCESSO DE EMISSÃO POR TIPO DE DEPOSITARY RECEIPTS
Fonte: Miller (1999), Karolyi (1998), Giddy (1999, p. 228), J.P. Morgan (http://adr.com)
2.2 A HISTÓRIA DOS ADRs
O mercado de ADRs está centrado no contexto dos mercados emergentes. A
expressão mercado emergente começou a ser usada em 1981 por Antoine W. Van
Agtmael, que era empregado da IFC7. Uma definição única acerca do termo
6 Dados do Bank of NY, junho 2002.
7 International Finance Corporation - subsidiária do Banco Mundial.

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mercado emergente é muito difícil. Conforme Keppler e Lechner (1997, p. 9).
Usualmente é entendido como mercados em rápido crescimento ou mercados de
ações em países industrializados recentemente.
Já Mobius (1996) considera emergentes os países que: possuem renda per
capita baixa ou média; possuem mercados de capitais não desenvolvidos, de
maneira que, por exemplo, a capitalização de seus mercados de ações representam
uma pequena porção de seu Produto Nacional Bruto (PNB); não são
industrializados.
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Para Divecha et al. (1992, p.42) o conceito de mercado emergente é
freqüentemente um problema de opinião, e eles o definem como mercados que
possuem ações negociadas publicamente; não são mercados desenvolvidos (pelas
definições dos índices Morgan Stanley Capital International e Financial Times), são
do interesse dos investidores institucionais globais e possuem uma fonte de dados
seguras.
Conforme Mobius (1996), os mercados emergentes já existiam desde 1800,
quando investidores escoceses diligentes e criativos estavam adquirindo terras para
a agricultura no oeste norte-americano. Porém, a criação efetiva da categoria de
investimentos em mercados emergentes só efetivou-se em 1986, quando a IFC
começou a rever esforços para promover o desenvolvimento dos mercados de
capitais em países menos desenvolvidos.
No contexto de avaliação de desempenho dos mercados emergentes
destacam-se três instituições: a IFC, o Morgan Stanley e o ING Barings.
A globalização dos mercados financeiros, estimulada pela constante busca de
diversificação de risco e evolução das telecomunicações, fez com que os mercados
emergentes passassem a ter cada vez mais destaque no fluxo mundial de capitais.
O mercado de ADRs desenvolveu-se com os mercados emergentes, pois
constitui-se em uma das formas que os investidores estrangeiros têm de investir em
ações de outros países, em busca de maiores lucros e de menor risco, diversificando
seus portfólios.
Ressalta-se que nem todos os países emergentes são passíveis de
investimentos, pois se necessita de um mercado de ações com infra-estrutura de
procedimentos de liquidação, sistemas de pagamento, regulamentação e uma ampla
gama de relacionamentos. E ainda, muitos mercados proíbem ou inibem o
investimento estrangeiro com uma tributação excessiva.

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A maioria dos mercados emergentes apresentava barreiras ao investimento
estrangeiro, porém gradativamente muitos deles vêm afrouxando suas políticas de
restrições ao capital de países desenvolvidos.
Conforme Errunza e Miller (2000, p.578), a queda das barreiras ao fluxo de
capital entre os países começou com as reformas de mercado e a liberalização que
começaram em 1970, nas economias desenvolvidas e durante a segunda metade de
1980, nas economias emergentes. O Banco Central do Brasil emitiu a Lei 1.401 e a
Resolução n. 323 em maio de 1975, legalizando e dando incentivos para
investimentos em títulos de empresas brasileiras.
Próximo ao final da Segunda Guerra Mundial, os mercados globais eram
caracterizados por inúmeras barreiras ao fluxo de capital. Em adição às
altas taxas e custos de transação, havia explícitas restrições à propriedade
estrangeira, à mobilidade de capital, e operações cambiais estrangeiras.
Além disso, os mercados de ações eram geralmente menos desenvolvidos
e freqüentemente caracterizados por baixa liquidez, regulação inadequada
e exigências de disclosure negligentes. O portfólio resultante tinha três
grandes conseqüências: 1) os bancos, grupos financeiros e a própria
pessoa eram as únicas origens primárias de recursos; 2) o mercado de
ações, especialmente no caso de economias emergentes, era acessível
somente ao governo, às agências do governo e grandes empresas; 3) os
mercados de capitais nacionais eram pequenos, inativos e essencialmente
segmentados, com investidores domésticos tendo ações locais. Estas

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barreiras levaram muitas empresas a terem altos custos de capital
(ERRUNZA E MILLER, 2000, p.577).
De acordo com Miller (1999), as barreiras ao fluxo de capital estrangeiro
podem ser diretas ou indiretas. As diretas podem ser restrição à propriedade e taxas.
As barreiras indiretas referem-se à disponibilidade das informações, às diferenças
nos padrões contábeis e ao risco de liquidez.
Já Jorion e Schwartz (1986, p.604) classificam as imperfeições de mercado
em duas categorias: barreiras indiretas e legais. As barreiras indiretas podem ser as
dificuldades de obter informações sobre ações estrangeiras, diferenças na qualidade
dos relatórios financeiros devido às diferenças nos padrões contábeis, entre outros;
barreiras legais, como taxas, restrições à propriedade etc. Bekaert (1993) apud

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Zhang (1998, p.50) inclui mais uma categoria na classificação acima, os riscos
específicos de cada país emergente.
Para diminuir as barreiras ao investimento estrangeiro, segundo Stapleton e
Subrahmanyan (1977, p. 313) tem-se fundos estrangeiros ou investimentos diretos
pelas empresas, fusões com empresas estrangeiras e dupla listagem em mercado
de capitais estrangeiros.
O início do desenvolvimento de ADRs foi no ano de 1927. Foram
estabelecidos para facilitar a participação de investidores norte-americanos nas
bolsas estrangeiras. Destaca-se que o primeiro ADR listado foi em 1927, pelo
Morgan Guarantee Trust. Segundo alguns textos, J. P. Morgan estava procurando
uma solução para que os norte-americanos pudessem adquirir ações da Selfridge’s
Ltd., uma enorme empresa varejista londrina, ao mesmo tempo em que os
acionistas, fora da Inglaterra, eram obrigados a apresentar seus certificados de
ações para receberem seus dividendos. Morgan queria que os estrangeiros
pudessem receber seus direitos no exterior. Assim criou-se um recibo, conhecido
como ADR permitindo que os dividendos e os relatórios financeiros pudessem ser
recebidos pelos norte-americanos, sem despesas, como os acionistas que estavam
em Londres.
De acordo com Karolyi (1998), as primeiras ações listadas como ADRs eram
canadenses. Ele cita como exemplo a empresa Inco Limited, listada na NYSE em 20
de dezembro de 1928, e a empresa Seagram’s, listada em 2 de dezembro de 1935.
Segundo Gande (1997, p. 3), em torno de 17 ADRs não patrocinados foram
emitidos antes do crash de 1929, e após a Grande Depressão criou-se a SEC, e as
leis criadas dificultavam a emissão por empresas estrangeiras nos EUA. Somente
após 1955 os ADRs voltaram a ser emitidos com certa freqüência.
Nos anos 50 várias multinacionais estrangeiras começaram a utilizar a Bolsa
de Nova Iorque. Já nos anos 70, os ADRs passaram a ser utilizados por empresas
da Austrália e da África do Sul. Nos anos 80 o mercado de ADRs experimentou um
crescimento vertiginoso em vários setores.
Segundo Foerster e Karolyi (1993, p. 764), a primeira onda de
internacionalização dos mercados começou durante a década de 1970, com
investidores e firmas investindo em fundos de ações estrangeiras para diversificar
seu portfólio e obter retornos maiores dos que com uma carteira de ações

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doméstica. O mais recente fenômeno da globalização tem sido o lançamento de
ações pelas empresas em bolsas de valores estrangeiras.
Hargis (2002, p. 21) afirma que a liberalização ao investimento estrangeiro em
mercados emergentes tem envolvido alguns estágios, logo ele não pode ser
capturado olhando somente uma data de liberalização: o primeiro estágio é por meio
dos fundos regionais e dos country funds. No Brasil o primeiro fundo foi em 1987. O
segundo estágio permite aos investidores estrangeiros investirem em seu mercado
doméstico. No Brasil ocorreu por volta de maio de 1991. O terceiro estágio é a
listagem de ações de empresas nas bolsas norte-americanas, no Brasil o primeiro
ADR, da empresa Aracruz, foi lançado em 1992.
Para Hargis (1996, p.03), antes de 1989, o mercado de capitais latino
americano era acessível primariamente por meio dos country funds. Entre 1989 e
1991, todavia, México, Brasil e Argentina liberaram restrições à participação de
estrangeiros em seus mercados de capitais. Em maio de 1989, a lei de investimento
estrangeiro no México foi reinterpretada, permitindo o investimento estrangeiro em
alguns tipos de ações. Em maio de 1991, o governo brasileiro modificou seu código
de investimento estrangeiro, eliminado os 90 dias e os requerimentos de
diversificação de portfólio. Além disso, as empresas domésticas foram permitidas a
emitir e negociar ações fora do País. A Argentina liberou as restrições aos
investimentos estrangeiros, em outubro de 1991, eliminando virtualmente todas as
limitações sobre investimentos estrangeiros e o fundo argentino foi listado. A
abertura do mercado chileno deu-se quando um fundo chileno foi listado na NYSE,
porém ainda continuaram a existir algumas restrições ao investimento estrangeiro no
mercado doméstico.
Pode-se traçar uma evolução nas leis e nos regulamentos que disciplinam o
mercado de capitais brasileiro.
Em 1962, a Lei 4.131 foi a primeira a regulamentar as entradas de recursos
estrangeiros no Brasil.
Em maio de 1975, tem-se a Resolução 323 do Banco Central, que disciplinou
as atividades das sociedades de investimentos que captavam recursos no exterior e
aplicavam no Brasil.
A Resolução 1.289, de março de 1987, do Conselho Monetário Nacional
regulamentou o investimento de recursos estrangeiros no mercado de títulos
emitidos por S.As.

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A Resolução 1.832, do Conselho Monetário Nacional de maio de 1991,
aprovou o Anexo IV. Na modalidade de investimento Anexo IV permite-se que um
investidor institucional estrangeiro tenha carteira de ações no Brasil.
O Anexo V permitiu aos residentes no exterior adquirir certificados
representativos de ações de emissão de empresa brasileira.
A Resolução 1.848 do Conselho Monetário Nacional disciplina os
investimentos estrangeiros em ações de empresas brasileiras através de ADRs e
IDRs.
Resolução nº 2.356 e a Circular nº 2.741 do Banco Central de 27 de fevereiro
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de 1997, permite aos investidores brasileiros comprar diretamente ADRs de
empresas brasileiras negociados nos Estados Unidos
Não há consenso entre todos os políticos e acadêmicos acerca dos benefícios
da liberdade do fluxo de capitais para os países emergentes, principalmente após
algumas crises financeiras. Economistas como Joseph Stiglitz e Paul Krugman (apud
KIM e SINGAL, 2000, p. 25) vêm no controle de capital uma forma de lidar com as
crises financeiras. Já Merton Miller, Stanley Fischer e Michael Mussa defendem um
fluxo sem barreiras.
De acordo com Bekaert e Urias (1999, p. 83), no início dos anos 90 as
pessoas começaram a se referir aos investimentos em mercados emergentes como
free lunch, já que os mercados emergentes de ações reduziam o risco e
aumentavam os retornos esperados, rendendo significativos benefícios de
diversificação para os investidores globais.
Os estudos com ADRs acompanharam o processo de globalização financeira,
intensificando-se na medida em que mais empresas passaram a utilizar tal
mecanismo de captação de recursos.

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Capítulo III
REVISÃO DA LITERATURA
O volume de negócios com ADRs tem crescido muito nas últimas décadas,
porém há ainda muita carência de trabalhos na área. Este capítulo se refere aos
principais trabalhos que abordaram a dupla listagem de ações, principalmente
aquelas que utilizam os ADRs.
A literatura nesta área foca sobre o comportamento dos preços no mercado
e os efeitos da liquidez em torno da data de listagem, sobre as barreiras ao
investimento e suas implicações para o custo de capital, diversificação
internacional e oportunidades de arbitragem (GANDE, 2001, p. 70).
Como o objetivo deste trabalho é avaliar o impacto do lançamento de ADRs
no custo de capital próprio das empresas brasileiras, este capítulo será dividido
conforme as variáveis fundamentais para a concretização deste objetivo, a questão
da segmentação/integração dos mercados, além de um tópico complementar que
subsidiará pesquisas futuras.
3.1 VANTAGENS PARA AS EMPRESAS BRASILEIRAS E O CUSTO DE
CAPITAL
Na introdução deste trabalho foram evidenciadas as vantagens que o
lançamento de ADRs proporciona não só às empresas que emitem estes papéis,
mas a todos os agentes envolvidos no processo.
Algumas das vantagens apontadas para as empresas foram: captação de
recursos de longo prazo, aumento no número de investidores, melhora na imagem
da empresa, aumento da liquidez de suas ações, facilitação dos processos de
fusões e aquisições internacionais e redução no custo de capital.
Saraiva e Zanini (2002) pesquisaram quatorze empresas brasileiras que
emitiram ADRs no tocante à percepção destas com relação as vantagens advindas
com o lançamento de ADRs, sendo que a maioria apontou as vantagens já
ressaltadas pela teoria financeira. As únicas novidades apontadas pela pesquisa
foram: uma empresa levantou a vantagem de fugir das restrições do mercado local,
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já que empresas do nicho de mercado em que ela está inserida, não tem tradição

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na bolsa de valores brasileira. Como desvantagem, somente uma empresa afirmou
que os objetivos atingidos foram parciais, pois um dos interesses era que os
investidores estrangeiros vendessem suas ações obtidas no mercado brasileiro e
convertessem em ADRs, havendo um ganho de liquidez também no mercado local,
porém isso não ocorreu.
Na medida que, uma das principais vantagens apontadas é a redução no
custo de capital próprio da empresa, a emissão de ADRs, ao permitir este benefício,
estará contribuindo não só para o crescimento da empresa, mas também da
economia do país, pois novos investimentos serão aceitos, gerando todo o processo
de crescimento econômico já conhecido.
O termo custo de capital está totalmente ligado às fontes de recursos das
empresas. A maioria das empresas emprega diferentes tipos de recursos, com
diferentes taxas de retornos requeridas pelos provedores destes recursos, em
função das diferenças nos riscos incorridos por cada um destes. Logo, o custo de
capital é uma média ponderada destas taxas de retornos requeridas pelos
fornecedores de recursos às empresas.
O retorno exigido pelos investidores, no caso de capital próprio, ou pelos
intermediários financeiros, no caso de capital de terceiros, determina o custo de
capital da empresa. A fonte de recursos, quando referente à emissão de ações ou
retenção do lucro da empresa incorre no custo de capital próprio, objeto de estudo
deste trabalho.
O conceito de custo de capital, na maioria das abordagens (MYERS e
BREALEY, 1996; BRIGHAM e HOUSTON, 1999) está relacionado à taxa mínima
atrativa de retorno requerida de todas as propostas de investimento, determinada
pelo custo global dos fundos a serem empregados.
Um aspecto central da política de financiamento da empresa e,
conseqüentemente, de seu custo de capital, é a escolha da estrutura de capital. O
estudo de custo e estrutura de capital é um dos campos que gera mais controvérsia
dentro da administração financeira, desde as proposições de Modigliani e Miller
(1958).
As decisões relativas à aplicação de recursos são totalmente dependentes ao
custo destes. Independente do método empregado para avaliar os investimentos, o
custo de capital será sempre um elemento essencial do processo decisório.

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Para Costa (1999, p. 43), não podemos criticar as empresas abertas de irem
buscar recursos em outros mercados, pois ganham maior projeção e, teoricamente,
pela maior liquidez de seus títulos, serão favorecidas por um menor custo de capital
e de maior escala.
Alguns estudos feitos com empresas brasileiras mostram que em muitas
delas a captação de recursos é feita oportunisticamente, ou seja, captam o recurso
que no momento for economicamente mais proveitoso, sem se preocupar com a
estrutura de capital (EID JR., 1996). Outras pesquisas verificaram que as empresas
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brasileiras utilizam em primeiro lugar o autofinanciamento, em seguida recorrem ao
endividamento e por último emitem ações (FERREIRA, 1997; MOREIRA, 2000).
Devido ao fato de o tema custo de capital próprio já ser bastante difundido no
contexto acadêmico, não se pretende discutir o conceito. Porém, convém ressaltar
que os modelos mais tradicionais utilizados para o cálculo do custo de capital próprio
são: (1) CAPM – Capital Asset Princing Model; (2) Modelo de Gordon; (3) Índice
Preço/Lucro ajustado à taxa de crescimento dos dividendos e (4) Coeficiente de
distribuição dos dividendos.
Basso et. al. (2002) analisaram 72 empresas brasileiras, buscando entre
outras questões, identificar o método de estimativa do custo do capital próprio e
encontraram que os executivos apresentam o maior domínio sobre o CAPM, seguido
pelo modelo de crescimento de dividendos e por último o APT. Além de ser o
método cujos executivos mais dominam, o CAPM é também o mais utilizado pelas
empresas. Quando comparam com o tipo de controle da empresa, perceberam uma
inversão quanto ao segundo modelo mais utilizado em se tratando de empresas de
controle privado nacional e de empresas de controle privado estrangeiro. Para este
primeiro tipo, aparece como segundo modelo mais utilizado a adoção do CDI e para
o segundo tipo aparece a forma subjetiva de cálculo do custo de capital.
Não há um consenso na academia no tocante ao melhor método, pois todos
possuem limitações, principalmente ao adaptá-los aos mercados emergentes.
Conforme Copeland et al. (1995, p.378), “o cálculo do custo de capital em
qualquer país pode ser um desafio, mas nos mercados emergentes essa dificuldade
ainda é maior.”
Este trabalho pretende analisar somente as variáveis fundamentais na
determinação do custo de capital próprio pelo modelo de Gordon e pelo CAPM. As
variáveis selecionadas foram o preço das ações, o retorno e o risco.

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Pomerleano e Zhang, (1999, p. 148), analisando os países latino-americanos
e asiáticos, encontraram que o custo de capital é surpreendentemente alto em
função da intermediação financeira. Para os autores, o grande desafio para os
países em desenvolvimento é melhorar o processo de intermediação financeira dos
países emergentes, reduzindo o custo de capital.
Entre as pesquisas brasileiras, destaca-se o trabalho de Oliveira e Lemme
(2002) que mostra o comportamento do custo de capital próprio de empresas
brasileiras de papel e celulose em face do lançamento de ADRs. Os demais
trabalhos principais no contexto brasileiro e de ADRs, porém não focando
diretamente no custo de capital, foram Matsumoto (1995), Rodrigues (1999), Costa
Jr. et al. (1998), Holthausen e Galli (2001), Marcon et al. (2001a e b), Tabak e Lima
(2002). Um dos trabalhos pioneiros acerca do impacto de medidas liberalizantes no
comportamento do mercado de capitais foi o de Leal e Rego (1997); eles não
investigaram o mercado de ADRs, mas as diferenças entre os períodos anterior e
posterior à introdução do Anexo IV.
A justificativa para o uso das variáveis preço, retorno e risco tem como base a
hipótese de que a dupla listagem internacional implica em: uma maior visibilidade e
reconhecimento pelos investidores, uma mudanção no processo de
segmentação/integração dos mercados e acesso de novas classes de investidores.
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Uma das explicações da valorização das ações é que os gerentes decidem
listar quando suas empresas se tornam conhecidas. Os investidores respondem a
este sinal de confiança dos gerentes aumentando os preços das ações.
Fundamentalmente, para justificar o aumento nos preços, a decisão de listar pode
ser um sinal de maiores e mais estáveis lucros futuros. A hipótese de
reconhecimento dos investidores essencialmente significa que uma base de
acionistas maior reduz o risco das empresas, o qual leva um baixo custo de capital
e a um conseqüente aumento no preço. O modelo utilizado na hipótese de
reconhecimento é o de Merton (1987), um modelo de precificação de ativos com a
suposição de que os investidores somente investem em um conjunto de ações que
eles conhecem, logo eles não diversificam.
Se os mercados de capitais são segmentados, e se uma dupla listagem reduz
o grau de segmentação, a previsão é que a dupla listagem levaria a um aumento no
preço. A ausência de qualquer efeito da listagem pode ser pelo fato de que os
mercados em estudo são integrados. Quando um mercado segmentado se torna

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integrado, deveria haver uma redução no risco sistemático da ação, diminuindo a
taxa de retorno esperada e aumentando o preço da ação.
A questão da fragmentação dos negócios entre dois mercados e entre
diferentes classes de investidores postula que em mercados com horários
diferenciados de funcionamento, investidores com menores custos de transação e
maior acesso às informações tirariam proveito de tal situação. Sendo assim, haveria
um padrão diferenciado de comportamento dos retornos nos períodos com e sem
superposição dos negócios de ações duplamente listadas. Porém este trabalho não
aborda tal questão.
3.2 EFEITOS DA DUPLA LISTAGEM SOBRE RISCO E RETORNO
Ao se falar em dupla listagem deve-se considerar duas situações. A primeira
quando a empresa lança ações em duas bolsas diferentes, dentro do mesmo país. A
segunda quanto ela lança ações em outros países além do de origem. Os primeiros
trabalhos concentravam-se na dupla listagem dentro do mesmo país.
As listagens em países diferentes podem ser de dois tipos: de uma forma
direta, lançando ações diretamente em uma bolsa de outro país, ou de uma forma
indireta, usando Depositary Receipts.
Neste item os estudos sobre o efeito da dupla listagem serão englobados em
dois caminhos de investigação. O primeiro investiga o comportamento do retorno
das ações com a listagem. O segundo investiga se a listagem está associada com
uma mudança no risco da ação, na qual o risco é medido por meio da volatilidade do
retorno e do coeficiente beta.
Os trabalhos com ADRs, inicialmente, abordavam estudos de evento ao redor
do período da listagem além do mercado doméstico, num primeiro instante
analisando somente os retornos para depois avaliar o comportamento também do
risco.
Os primeiros trabalhos seguiram os mesmos procedimentos daqueles que
analisavam o comportamento do retorno e do risco, quando uma ação passava a ser
negociada em um mercado maior, dentro do próprio país, ou seja, além do mercado
de balcão passava a ser negociada em uma bolsa de valores ou em função do
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lançamento de novas ações. Destacam-se os trabalhos de Kunz e Aggarwal (1994),
McConnell e Sanger (1987) apud Dharan e Ikenberry (1995, p.1548), Kadlec e
McConnell (1994).

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McConnell e Sanger (1987), apud Dharan e Ikenberry (1995, p. 1548),
analisaram os retornos após a listagem de 2.482 empresas que passaram a ser
negociadas na NYSE no período de 1926 a 1982. Eles identificaram que os retornos
anormais ajustados ao mercado nos meses seguintes à listagem foram negativos.
Kadlec e McConnell (1994) encontraram resultados diferentes dos tradicionais
sobre o efeito nos preços, ou seja, os preços tendem a aumentar antes da listagem e
têm uma tendência de queda pós-listagem. Ao buscarem resposta para questões
tais como: se as ações listadas na NYSE durante os anos 80 tiveram um aumento
no seu valor, um aumento na sua base de acionistas e um aumento na liquidez,
verificaram que as ações tiveram um retorno anormal, e não apresentaram retornos
negativos pós-listagem. Utilizaram os modelos de Merton (1987) e Amihud e
Mendelson (1986).
Um dos primeiros trabalhos relacionando custo de capital e fluxo internacional
de recursos foi o de Adler (1974). Ele aplicou a teoria de avaliação e custo de
capital para o caso de multinacionais que operavam em dois países. Apesar de ele
ressaltar que as análises estavam incompletas, destaca que, se o mercado não é
segmentado, aplica-se a mesma teoria para ambos os mercados. Porém, se o
mercado for segmentado, os modelos desenvolvidos para economia doméstica não
podem ser aplicados sem consideráveis modificações.
No tocante ao uso de ADRs, um dos primeiros estudos foi o de Switzer, em
1986 (apud KAROLYI, 1998, p. 14), analisando as empresas canadenses, já que
foram as primeiras a serem listadas nos EUA. Ele analisou 25 empresas canadenses
listadas na NYSE ou na AMEX, entre 1962 e 1983, encontrando retornos anormais
positivos, estatisticamente significativos, de 11% nos primeiros 60 dias após a
listagem.
Miller (1999), ao analisar 181 empresas que lançaram Depositary Receipts
durante o período de 1985 – 1995, encontrou resultados consistentes com os
resultados de Jayaraman et al. (1993) e Domowitz et al. (1996), nos quais as
empresas apresentaram um retorno normal seguido da listagem. Já Alexander et al.
(1988) encontraram retornos negativos.
Howe e Kelm (1987) não encontraram retorno anormal na data de listagem,
mas encontraram retornos anormais negativos significativos pós-listagem. Eles
também identificaram retornos residuais acumulados (CARs) substancialmente
negativos antes da data de listagem e que permaneceram negativos também após,

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sem mudanças significativas para as 165 empresas norte-americanas que listaram
ou nas bolsas da Bélgica, de Frankfurt e de Paris.
Lau et al. (1994, p. 743-747) também avaliaram empresas norte-americanas
que listaram ações em outras bolsas do mundo, no período de 1962 a 1990,
encontrando os seguintes resultados no tocante aos retornos anormais das
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empresas no mercado local, ou seja, nos Estados Unidos: positivo em torno da data
de aceite nas bolsas, negativo no primeiro dia de negócio e no período pós-listagem
para aquelas empresas que listaram na bolsa de Tokyo e na Bélgica.
Oliveira e Lemme (2002) analisaram as empresas brasileiras do setor de
papel e celulose, buscando verificar se as operações de ADRs representaram uma
redução no custo de capital próprio destas empresas. O estudo procurou detectar o
impacto sobre o custo de capital por meio da identificação de retornos anormais
significativos no lançamento de ADRs, utilizando três diferentes métodos de
mensuração do retorno no estudo de evento. Os resultados mostraram que não há
divergência entre os métodos usados e que houve variações significativas no custo
de capital próprio das empresas que emitiram ADRs.
Bekaert e Urias (1999) realizaram um estudo para verificar os benefícios para
um portfólio de ações global de manter ADRs, fundos mútuos abertos e fechados.
Eles concluíram que é necessário um retorno esperado elevado para justificar o
investimento em fundos fechados, devido à alta correlação entre os retornos destes
fundos e o retorno do mercado de ações de países desenvolvidos, comparado aos
outros investimentos analisados: ADRs e fundos abertos.
Costa Jr. et al. (1998) identificaram retornos anormais não significativos em
torno da data da listagem de seis empresas brasileiras em 1996, e uma redução na
volatilidade dos retornos após o início da negociação de ADR.
No tocante à volatilidade, o trabalho de Hargis (2002, p. 20-34) mostra que a
liberalização do mercado vem de muitas formas. Ele testou o efeito destas diferentes
formas sobre a exposição ao risco e à volatilidade dos mercados emergentes.
Encontrou que nos países emergentes a volatilidade dos mercados de ações
declinou após a liberalização, porém a exposição ao risco aumentou.
Hertzel et al. (2000, p. 182) analisam os efeitos de três estágios do ADR
sobre os retornos nas ações no mercado doméstico. Primeiro examinam o efeito da
informação das exigências com a SEC, depois com o anúncio público e, por último, o
efeito listagem.

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Para Kim e Singal (2000, p. 27), ao examinarem determinadas mudanças na
economia quando um país se abre ao investimento estrangeiro, os retornos das
empresas aumentam imediatamente depois da abertura, mas caem
subseqüentemente. Não encontraram aumento na volatilidade dos retornos, nem
aumento na inflação e nas taxas de câmbio, mas encontraram que os mercados
tendem a se tornar mais eficientes. Ambos concluem que a abertura dos mercados
produz efeitos positivos sobre as economias emergentes.
No tocante aos estudos sobre o impacto da listagem internacional sobre o
risco e retorno das ações, destacam-se os trabalhos de Alexander et al. (1988),
Foerster e Karolyi (1996), Howe e Kelm (1987) e Howe e Madura (1990).
Karolyi (1998) usou um modelo multifator para quantificar o impacto no custo
de capital próprio de uma listagem internacional. Ele ressalta que qualquer tentativa
de quantificar o efeito da decisão de listagem sobre o custo de capital próprio de
uma empresa é difícil por requerer um consenso acerca do modelo de retornos
esperados, o que não existe. Ele seguiu as abordagens de precificação de ativos
multifator internacional de Jorion e Schwartz (1986), Howe e Kelm (1987) Mittoo
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(1992), Rothman (1995) e Foerster e Karolyi (1996).
“A listagem de uma ação fora de seu país de origem pode mudar suas
características de risco. Se a mudança ocorre em seu risco sistemático, um
componente não diversificável, isto pode mudar o custo de capital próprio de uma
empresa” (KAROLYI, 1998, p. 19).
Bekaert e Harvey (1997) ressaltam que analisar volatilidade nos países
emergentes é importante para determinação do custo de capital e para avaliação
dos investimentos diretos e decisões de alocação de ativos. Eles avaliaram o
impacto da abertura sobre o custo de capital e volatilidade e identificaram uma
queda na volatilidade, pós-medidas liberalizantes.
Alaganar et al. (2001), ao investigar a superioridade dos ADRs , encontraram
que eles apresentam um desempenho melhor do que as ações que lhe deram
origem e do que o índice de ações, analisando média e variância.
Foerster e Karolyi (1993) analisaram o impacto no risco dos retornos das
ações no mercado doméstico com o lançamento de ADRs, examinando duas
medidas de risco: o risco total (variância dos retornos medida na pré e na pós-
listagem) e o risco de mercado (beta ou a covariância do retorno da ação
relacionado à variância do mercado). Os autores encontraram em uma amostra de

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empresas canadenses, no período de 1981 a 1990, uma queda nos coeficientes
beta do mercado doméstico, implicando uma queda do custo de capital das
empresas analisadas.
Conforme Henry (2000b, p. 302), o custo de capital próprio de um país tem
dois componentes: a taxa livre de risco e o prêmio pelo risco. Logo, existem três
razões pelas quais a abertura do mercado de ações pode causar uma queda no
custo de capital do país: 1) o aumento do fluxo de recursos pode reduzir a taxa livre
de risco; 2) a diversificação do risco permite uma redução no prêmio; e, 3) o
aumento na liquidez pode reduzir o prêmio pelo risco.
Henry (2000a) analisou doze mercados emergentes, e os resultados
encontrados foram consistentes com os postulados dos modelos de avaliação de
ativos internacionais que afirmam que a abertura do mercado de capitais de um país
emergente pode reduzir o custo de capital próprio de um país, pois permite a
diversificação do risco entre os agentes.
Diferentemente de Errunza e Miller (2000) e Foerster e Karolyi (1999), Henry
(2000a) não usou o mercado de ADRs como variável de abertura, mas sim
considerou medidas políticas de abertura, a introdução de fundos estrangeiros e
aumento de investimento no índice IFC.
Conforme Henry (2000b, p. 309), o prêmio pelo risco será proporcional à
variância (preço local do risco) do fluxo de caixa agregado do país. Uma abertura
torna o mercado de capitais integrado, e o prêmio será proporcional à covariância
(preço global do risco) do fluxo de caixa agregado do país com uma carteira de
mercado global. Todavia, a condição necessária para que o prêmio caia depois da
abertura é que a variância exceda a covariância.
Foram desenvolvidos alguns modelos de avaliação internacional de ativos,
focando sobre decisões de lançamento de ADRs ou GDRs, como os destacados nos
trabalhos de Erruza e Losq (1985) e Alexander et al. (1987).
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Com a dupla listagem, a influência do mercado externo sobre o retorno da
ação provavelmente aumentará e, ao mesmo tempo, a influência do
mercado doméstico diminuirá. Em mercados segmentados, os efeitos da
diversificação, resultado de uma listagem internacional, causaram um
decréscimo no desvio-padrão dos retornos das ações (KAROLYI, 1993, p.
767).

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Errunza e Losq (1985) consideram um modelo no qual os investidores
estrangeiros são restringidos a investir em ações domésticas. As ações negociadas
neste país deveriam exigir um prêmio positivo pelo risco que deveria ser refletido em
altos retornos esperados dado o nível de risco, porém, quando as empresas deste
país listarem suas ações no exterior, este prêmio pelo risco deveria desaparecer, e
os preços deveriam subir.
Jayaraman et al. (1993), utilizando uma amostra de empresas européias,
asiáticas e australianas com ADRs entre 1983-1988, encontraram que os betas
norte-americanos aumentaram e os betas domésticos mudaram muito pouco. Já a
variância das ações no mercado doméstico foi significativamente maior depois do
lançamento de ADRs.
Os estudos de Jayaramanan et al. (1993) concluíram que o anúncio da
listagem de empresas estrangeiras no mercado norte-americano está associado a
um retorno anormal positivo atribuído à grande liquidez que acompanha tal listagem.
Martell et al. (1999, p.148) utilizaram a mesma análise de Jayaraman et al.
(1993) para ADRs da América Latina, porém encontraram resultados diferentes.
Nenhum efeito no risco sistemático foi encontrado na volatilidade das ações no
mercado doméstico depois da introdução dos ADRs.
Para Stulz (1999a), se uma empresa tem um baixo coeficiente beta em
relação ao portfólio de mercado mundial, mas um alto beta com o mercado local, a
queda no custo de capital, com a globalização, é substancial.
Howe e Madura (1990) propõem e testam se um lançamento internacional
afeta a covariância de uma ação, o beta. Eles foram os primeiros a estudar
mudanças nos betas para empresas norte-americanas listadas na Europa ou no
Japão. Eles identificaram mudanças pequenas nas variâncias dos retornos para a
amostra de 68 listagens entre 1969 a 1984. Entretanto, os betas médios das ações
norte-americanas caíram de1,10 para0,97. Devido à não-significância na mudança
no risco com o lançamento dos ADRs, eles questionam o declínio no custo de capital
das empresas depois da dupla listagem.
Callaghan et al. (1999) analisaram o desempenho de ADR IPOs8 e SEOs9,
para uma amostra de 66 ADRs, e encontraram retornos significativamente positivos
8ADR IPO – “se a empresa não emitiu anteriormente ações ordinárias em nenhum outro
lugar do mundo” (CALLAGHAN et al., 1999).
IPO – Initial Public offering.

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sobre o período de um ano subseqüente à emissão. Também identificaram
diferenças entre os preços dos ADRs emitidos na NYSE e aqueles emitidos
NASDAQ/AMEX, bem como quanto à origem destes ADRs, se eram de países
emergentes ou de mercados desenvolvidos. Analisaram os betas, pois para os
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autores, o cálculo dos betas é útil para a resolução do custo de capital. Os
resultados, indicaram que os ADRs IPO possuem betas maiores, usando retornos
diários de um ano após a listagem, do que os ADRs SEO. Apenas os betas para
ADRs de países emergentes são maiores do que os dos países desenvolvidos.
Patro (2000, p.43, 57) fez uma análise empírica de 123 ADRs de dezesseis
países, mostrando que os retornos destes ADRs têm uma exposição ao risco
significativa dos retornos do portfólio de mercado global e local, mas não têm
significativa exposição ao risco de variação da taxa de câmbio dos países. A taxa de
câmbio foi significante somente para o México, da qual ele considera como
responsável a crise de 1994, com a desvalorização do peso mexicano.
Choi e Kim (2000), ao examinar os fatores determinantes dos retornos dos
ADRs e de suas respectivas ações no mercado doméstico, utilizam, além dos fatores
comumente usados como o mercado local, mundial e taxa de câmbio, fatores mais
específicos como o comportamento do setor de cada empresa. Os resultados
encontrados são interessantes, pois diferem nos dois períodos analisados. No
primeiro período (90-93) o fator setor mostrou ser o mais importante na explicação
dos retornos dos ADRs e das ações no mercado doméstico. No segundo período
(1994-1996), a relação é contrária.
Giddy (1999, p. 219) faz uma regressão por empresa e escolhe a de maior
liquidez por país. No Brasil, para a Aracruz fez uma regressão dos preços dos ADRs
com a mesma ação no mercado local, com um índice local e com o índice norte-
americano. Encontrou um coeficiente significativo para as ações no mercado local. O
índice do mercado local e o norte-americano apresentaram um efeito muito pequeno
no preço do ADR.
Fama e French (1992 e 1995) questionam o uso do CAPM, no tocante à
montagem dos portfólios, sugerindo a necessidade de separar-se a amostra de
9ADR SEO – “se a empresa anteriormente emitiu ações ordinárias em seu mercado local,
mesmo que subseqüentemente tenha emitido o ADR nos EUA” (CALLAGHAN et al., 1999).
SEO – Seasoned Equity Offerings.

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empresas analisadas por tamanho, levando em consideração Preço/Lucro e outros
coeficientes.
Gebhardt et al. (2001, p.135-138), ao proporem uma técnica alternativa para
estimar o custo de capital próprio, encontraram que o prêmio pelo risco é maior em
determinados tipos de indústria do que em outros. Para eles, a consideração do tipo
de indústria é uma importante característica na estimação do custo de capital.
3.3 EFEITO DA DUPLA LISTAGEM SOBRE O PREÇO DAS AÇÕES
Os primeiros trabalhos a analisar o comportamento dos preços das ações
após a dupla listagem também foram feitos em função de a empresa listar em um
mercado maior dentro do próprio país. O principal trabalho foi o de Van Horne
(1970).
Este autor analisou as ações listadas na NYSE e na AMEX para os anos de
1960-1967. Em ambas os preços das ações subiram em torno da data de listagem e
depois caíram.
O primeiro estudo reconhecido sobre o efeito da listagem sobre o preço da
ação foi o artigo publicado no Journal of Business, em 1973, por Maxwell Ule (apud
McConnell et al. 1996, p. 351).
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Alguns estudos foram feitos utilizando outras formas de os investidores
estrangeiros investirem nos países emergentes. Errunza et al. (1998), apud Bekaert
e Harvey (2000, p. 569), mostram teoricamente que a introdução de um fundo
estrangeiro direciona os preços das empresas locais para cima e reduz o custo de
capital.
Stulz (1999b e 1999a) destaca que a abertura dos mercados de capitais tem
quatro implicações empíricas: 1) os investidores estrangeiros adquirem ações
domésticas; 2) há um aumento na valorização das ações no mercado doméstico; 3)
o custo de capital cai; e 4) o crescimento aumenta. O autor afirma que os preços das
ações são negativamente relacionados com o custo de capital. Isto sugere que é
possível descobrir o impacto da globalização sobre o custo de capital, investigando o
impacto dos eventos da globalização sobre a capitalização das ações e países.
Karolyi (1998, p.13), ao abordar o impacto da decisão da listagem sobre o
preço das ações, ressalta que gerentes preocupados com os efeitos de suas
decisões na riqueza dos acionistas usam o efeito dos preços como primeira medida
e ressalta que evidências mostram que as empresas experimentam um aumento no

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valor de mercado no mês em torno da listagem. O desempenho pós-listagem,
todavia, varia amplamente entre as empresas e, para muitas ações, o aumento
inicial no preço se dispersa no ano seguinte.
Para Karolyi (1998, p. 13), várias explicações têm sido oferecidas para este
efeito incomum nos preços das ações. Uma linha da literatura explica o
comportamento do preço em torno da listagem em termos das mudanças na
exposição ao risco das ações no mercado doméstico que, conseqüentemente,
resultam em mudanças nos retornos esperados. A questão fundamental é se o
aumento no preço observado em torno da listagem pode ser diretamente ligado à
diversificação do risco para a empresa, então haverá uma redução no custo de
capital próprio. Na maioria das vezes, as evidências indicam que este é o caso. A
segunda, e nova, linha da literatura explica os efeitos nos preços em termos de
mudança na liquidez que acompanha uma listagem de ações em outros países.
Evidências sugerem que a listagem aumenta a liquidez dos negócios no mercado
local, especialmente para empresas não norte-americanas que lançam nos EUA.
Distinguir entre efeitos de liquidez e mudanças no risco é ainda uma área fértil para
futuras pesquisas.
Miller (1999), a partir de vários testes, mostra que os resultados apresentaram
suporte empírico para a hipótese de que a dupla listagem pode amenizar as
barreiras ao fluxo de capital, resultando em um aumento no preço da ação e uma
diminuição do custo de capital. Ele encontra também retornos anormais maiores
para as empresas que listaram suas ações em bolsas de valores norte-americanas
maiores, como NYSE e NASDAQ.
Para Jayaraman et al. (1993, p. 93), baseados na teoria de Black (1986) e de
French e Roll (1986), a variância é causada pela sobre-reação do mercado entre
traders, ou seja, a dupla listagem deveria resultar em um aumento na variância
desde que ela cause um aumento no tempo de negócio e no número de negócios.
Eles encontram que a variância nos retornos, baseada nos preços de fechamento
das ações domésticas, é maior depois do lançamento de ADRs em uma bolsa norte-
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americana. O aumento na volatilidade em 56% é significativo tanto no teste
paramétrico como no não paramétrico. Interpretaram esta evidência como sendo
consistente com o modelo de Freedman (1989), no qual a existência de dupla
listagem ajuda os traders informados a estarem distribuídos nos dois mercados e
terem mais informações. Esta atividade causa um aumento na geração de

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informação privada, resultando em um aumento na volatilidade dos retornos das
ações duplamente listadas.
Foerster e Karolyi (1993, p. 766) testaram e confirmaram um significativo
aumento na liquidez das ações das empresas que lançaram ADRs. Entretanto eles
atribuíram este aumento não somente ao lançamento de ADRs, mas ao aumento de
negócios na bolsa local.
Smith e Sofianos (1997, p. 2) encontraram evidências de que uma listagem na
NYSE reduz o custo de capital de empresas não norte-americanas que estão sendo
listadas. Na média, os preços das ações destas empresas, nos seis meses após a
listagem, são 8% maiores que os preços nos seis meses anteriores. Destacaram
também que o aumento dos preços foi maior dois meses antes da listagem,
sugerindo o “efeito anúncio”.
Foerster e Karolyi (1999), analisando os retornos antes e depois do
lançamento de ADRs, encontraram um aumento nos preços das ações de 19% para
o ano antes da listagem e um decréscimo de 14% no ano depois da listagem.
Na mesma linha de GebHardt et al. (2001) de reforçar a importância de
considerar o efeito indústria, Sundaram e Logue (1996, p.68) usaram uma
metodologia diferente dos estudos de eventos tradicionais e avaliaram o impacto da
listagem no preço diretamente. Os autores examinaram os indicadores Preço/Valor
Patrimonial, Preço/Lucro e Preço/Fluxo dos lucros das empresas que lançaram
ações nos EUA, cujos coeficientes são benchmarked com o mercado de seu país de
origem e pelos coeficientes da indústria a qual a empresa pertence. Eles concluem
que os indicadores Preço/Lucro e Preço/Valor Patrimonial aumentam para firmas
que listam ADRs no período após o mês de listagem. Esse aumento nos índices é
consistente com o decréscimo no custo de capital.
Para Hargis (1996b), a abertura do mercado latino-americano ao investimento
estrangeiro aumentou os preços e o índice Preço/Lucro. O aumento do indicador
Preço-Lucro, após as liberalizações em cada país, foi de 4,6 para 17,1 no México;
no Brasil, de 6,8 para 13,1, e no Chile, de 3,9 a 21,4. Isto reflete a melhora nos
lucros pós-privatização e liberalização destas economias. Todavia, negócios
infreqüentes, informações limitadas e regulação insuficiente nos mercados locais
podem ser os fatores dos baixos indicadores Preço-Lucro antes da abertura.
McConnell et al. (1996, p. 348 e 349) concluem que a evidência sobre dupla
listagem é confusa. Em um único país a dupla listagem não está associada com

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aumento nos preços das ações. Todavia, alguns estudos de listagem internacional
indicam que ela está associada com aumento no valor da ação. E ainda, no tocante
ao risco, eles mostram que nos trabalhos analisados há evidência que a listagem
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internacional está associada a um aumento na volatilidade, já novos ou duplos
lançamentos dentro de um mesmo país não estão associados com qualquer
mudança na volatilidade e no beta.
Muitos trabalhos que avaliaram o efeito da abertura de capitais ou outras
medidas no custo de capital próprio utilizaram outra variável além dos retornos.
Kim et al. (2000), buscando explicar a estrutura de preços dos ADRs,
verificaram que o preço das ações no mercado interno é mais importante do que a
taxa de câmbio e o mercado norte-americano, porém estes também exercem algum
impacto sobre os preços dos ADRs.
Henry (2000a) usou retornos realizados e dividend yields. Bekaert e Harvey
(2000) acreditam que a mudança no dividend yield é uma proxy superior. Errunza e
Miller (2000) também utilizaram, além dos retornos, os dividend yields para checar a
robustez dos seus resultados. Eles justificam o uso do dividend yield, pois ele está
ligado ao custo de capital em muitos modelos de precificação de ativos e é
diretamente mensurável.
Os estudos sobre o comportamento dos preços de ações listadas duplamente
são contraditórios. Alguns mostram que não existem diferenças significativas entre
os preços domésticos e o preço das ações no mercado internacional ajustado à taxa
de câmbio (PARK e TAVAKKOL, 1994, apud JITHENDRANATHAN et al. 2000, p.
401). Já trabalhos como o de Jithendranathan et al. (2000, p. 416) mostraram que
uma empresa pode ter suas ações sendo vendidas em diferentes mercados com
diferentes preços.
3.4 INTEGRAÇÃO E SEGMENTAÇÃO DO MERCADO DE CAPITAIS E A
DUPLA LISTAGEM
O conceito de segmentação, quando aplicado aos mercados de capitais de
diferentes países, pode ser definido como o isolamento de dois mercados
decorrentes de barreiras explícitas, de impedimentos ao fluxo de informações
relevantes pertinentes aos ativos transacionados nos dois mercados. O conceito
complementar ao de segmentação de mercados seria a integração, ocasião em que
tais barreiras são reduzidas ou eliminadas.

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Os mercados são completamente integrados se os ativos com o mesmo
risco possuem retornos esperados idênticos, independentes do mercado.
Risco refere-se a se expor a algum fator mundial. Se o mercado é
segmentado do resto do mundo, sua covariância com o fator mundial pode
ser pequena ou não suficiente para explicar seu retorno esperado
(BEKAERT e HARVEY, 1995a, p. 403).
O conceito de integração também pode ser: “Uma situação onde os
investidores ganham o mesmo retorno esperado ajustado ao risco sobre
instrumentos financeiros semelhantes em mercados de países diferentes” (JORION
e SCHWARTZ, 1986, p. 603).
A análise da segmentação/integração do mercado de capitais brasileiros foi
incluída neste trabalho, pois as variáveis analisadas para detectar o efeito no custo
de capital das empresas brasileiras que emitiram ADRs permitem também analisar o
grau de segmentação do mercado.
A listagem internacional pode reduzir o grau de segmentação. Se estas
reduções são associadas a mudanças sistemáticas no custo de capital ou
na volatilidade do retorno da ação, então a segmentação e integração têm

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implicações significantes na avaliação de ações (MARTELL et al.,1999,
p.148).
Alexander et al. (1988, p. 136) afirmam que, em mercados de capitais
completamente integrados, a listagem estrangeira de uma ação não afetaria os
preços. Porém, em mercados completamente ou levemente segmentados os efeitos
sobre os preços da ação duplamente listada seriam significativos.
Foerster e Karolyi (1993) acharam resultados no tocante à integração dos
mercados diferente de Alexander et al. (1998), pois identificaram retornos
significativamente menores pós-listagem para 49 empresas canadenses, analisando
o período de 1981 a 1990. Eles interpretaram tais resultados como amplamente
consistentes com a hipótese de segmentação entre o mercado norte-americano e
canadense. A justificativa dada por Foerster e Karolyi (1993) por resultados tão
diferentes de Alexander et al. (1988) é que sua amostra é maior e mais recente.
Uma das primeiras análises teóricas acerca das implicações da dupla
listagem internacional foi feita por Stapleton e Subrahmanyam (1977, p.313). Eles

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analisaram como os preços em mercados segmentados respondem à dupla listagem
e concluíram que os Depositary Receipts ajudam a reduzir o grau de segmentação.
Para Hertzel et al. (2000, p. 190), uma listagem internacional pode eliminar o
prêmio pelo risco que é desenvolvido dentro do custo de capital de uma empresa em
um mercado segmentado. Depois da listagem, o custo de capital deveria declinar, e
o prêmio pelo risco deveria ser diminuído.
Segundo Adler e Dumas (1983), testes e medidas do grau e da origem da
segmentação internacional do mercado de capitais têm se tornado essenciais.
As pesquisas que envolvem análise de segmentação/integração de mercado
e que usam um modelo de precificação de ativos, podem ser classificadas da
seguinte forma:
a) modelos de precificação de ativos considerando segmentação de mercado:
Black (1974), Stapleton e Subrahmanyam (1977), Errunza e Losq (1985), Stulz
(1981), Eun e Janakiramanan (1986), Alexander et al. (1987), e Jithendranathan et
al. (2000);
b) modelos em mercados integrados: Dumas e Solnik (1995);
c) modelos de precificação em mercado parte segmentado e parte integrado:
Bekaert e Harvey (1995a).
À medida em que os mercados vão se tornando mais integrados há uma
redução no prêmio pelo risco e, conseqüentemente, uma redução no custo de
capital das empresas.
Bekaert e Harvey (1995a) propõem um modelo que permite descrever os
retornos esperados em países que são segmentados em um momento e tornam-se
integrados no futuro. O modelo permite captar a variação do nível de integração ao
longo do tempo. Os resultados indicaram uma variação da integração ao longo do
tempo, porém não foi uma evidência forte para o aumento da integração. Somente
quatro em doze países analisados tiveram uma alta integração no período. O grau
de integração seria função da covariância do retorno do mercado emergente com a
carteira de mercado global e a variância do mercado doméstico.
Hargis (1996), estudou a integração do mercado latino-americano de ações
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com o mercado norte-americano usando uma versão do Conditional and
Unconditional Single Factor International Capital Asset Pricning Model (ICAPM). Ele
trabalhou com a suposição imperfeita de mercado de ações integrados
completamente e de que a covariância com o portfólio de mercado global é um fator

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de risco simples. As ações, nesse modelo, são precificadas conforme o risco do
portfólio de mercado global.
O autor destaca que examinar o impacto da liberalização do mercado de
capitais é difícil por essa ser gradual, porém ele avalia o efeito de diferentes formas
de participação estrangeira na exposição ao risco dos mercados latino-americanos,
medindo o impacto desta participação sobre o coeficiente beta, utilizando o índice do
mercado latino com o índice do mercado global.
A taxa de câmbio também é uma variável fundamental na análise dos fatores
de risco que influenciam o desempenho do retorno de uma ação.
Dumas e Solnik (1995) ressaltam que, onde existem desvios na paridade do
poder de compra, o fator taxa de câmbio é também muito importante ao utilizar-se o
modelo CAPM. Eles utilizaram em seu estudo as taxas de câmbio de cada país
como fator de risco, além dos retornos do portfólio de mercado global.
Eun e Janakiramanan (1986) ressaltam que existem dois problemas
internacionais no contexto dos investimentos: o risco de câmbio e a segmentação de
mercado. Procurando direcionar o trabalho para o último, desenvolvem um modelo
internacional de precificação de ativos.
Harvey (1995a) observou que apenas o mercado norte-americano e a taxa de
câmbio têm algum poder explanatório em relação aos retornos em mercados
emergentes, com tais resultados indicando segmentação parcial destes.
O trabalho de Jorion e Schwartz (1986) usa o CAPM de Sharpe (1964),
Lintner (1965) e Black (1972), porém eles fizeram alguns ajustes, já que, trabalhando
com o mercado canadense e norte-americano, tem-se uma correlação positiva, logo
não é possível usar o CAPM tradicional. Encontraram resultados diferentes do
esperado, ou seja, uma forte evidência de segmentação, quando era esperado um
mercado integrado. Para os autores, em mercados integrados o risco sistemático
deveria ser somente relativo ao mercado global, já em mercados segmentados,
somente o índice doméstico deveria ser considerado na precificação dos ativos.
Mittoo (1992) também analisou o relacionamento entre o mercado canadense
e o norte-americano, porém empregou o CAPM e o APT buscando verificar se os
dois modelos produziriam inferências diferentes no tocante à integração.
Os resultados mostraram que o CAPM e o APT sugerem um movimento de
segmentação para integração no período. Os dados são consistentes com a
segmentação no período 1977-81, similar aos resultados de Jorion e Schwartz

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(1986) no período de 1968-82, mas suportam a integração no período 1982-86.
Mais adiante, enquanto ambos os modelos produziram inferências similares,
somente o APT captou as diferenças de amostras de ações domésticas daquelas
listadas nos dois mercados. A evidência do APT indica que a segmentação é mais
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predominante nas ações canadenses no mercado doméstico e que as ações
duplamente listadas são precificadas em um mercado relativamente integrado.
Um trabalho mais recente é referência obrigatória no estudo da segmentação
em mercados emergentes. Harvey (1995) chama a atenção para o problema de os
modelos de precificação de ativos em ambiente global assumirem integração ou
segmentação completa dos mercados. Seu trabalho conclui que os modelos de
precificação tradicionalmente utilizados falham por não considerarem sua integração
parcial com a economia global. Conseqüentemente, modelos que considerem
fatores locais tendem a precificar melhor as ações de mercados emergentes.
Jithendranathan et al. (2000) testaram a hipótese de segmentação de
mercado usando um modelo teórico e empírico, desenvolvido por Hietala (1989). Os
autores analisaram os GDRs emitidos por empresas indianas no período de 1992 a
1998 buscando explicar o prêmio nos preços dos GDRs, usando as teorias de
segmentação do mercado de capitais internacional. Eles encontraram que os
retornos dos GDRs são afetados pelo mercado doméstico e estrangeiro, mas o
retorno das ações no mercado doméstico é afetado somente pelo índice de mercado
doméstico. Concluíram que o mercado de GDR é segmentado do mercado de ações
doméstico.
Hietala (1989) analisa o mercado finlandês e encontrou que as ações que
podem ser negociadas por investidores domésticos e estrangeiros, na média, são
vendidas com um prêmio acima das ações restritas a determinados tipos de
investidores.
Hargis (2000, p.119) também apresenta um modelo teórico e um suporte
empírico para mostrar que a integração dos mercados de ações emergentes é
benéfica para o desenvolvimento do mercado de ações doméstico e para aumentar
a riqueza destes países.
Serra (1997) verifica o efeito segmentação nos retornos de ações de
mercados emergentes e desenvolvidos listados por meio de Recibos de Depósito na

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NYSE e no SEAQ-I10.Os resultados mostraram que as firmas de países emergentes
registraram um impacto positivo e significativo nos preços no mercado doméstico
depois da listagem no mercado estrangeiro, seguido por um declínio nos retornos. Já
os mercados mais maduros não apresentaram os mesmos resultados. O trabalho
investiga o poder explicativo de um CAPM internacional, comparando o processo de
geração de retornos antes, ao redor e depois da listagem. A autora conclui que, para
os mercados emergentes, a presença de retornos negativos e significativos no
período pós-listagem pode ser considerada evidência da hipótese de segmentação,
uma vez que os efeitos nos mercados desenvolvidos são significativamente
menores. A autora conclui que as hipóteses de segmentação, liquidez e
reconhecimento pelo investidor estão fortemente relacionadas.
Segundo Serra (1997), num mercado totalmente integrado apenas fatores de
risco sistemático são precificados, e o preço do risco é o mesmo no mundo inteiro Já
no caso de mercados totalmente segmentados, apenas o risco associado a fatores
locais é precificado, e as recompensas ao risco não são as mesmas.
Alexander et al. (1988) analisaram 34 ações de empresas estrangeiras
listadas em bolsas de valores norte-americanas, sendo 13 destas empresas
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canadenses no período de 1969 e 1982. Eles encontraram uma queda significativa
nos preços das ações das 21 empresas não canadenses após a listagem. Eles
interpretaram tal evidência como consistente com a hipótese de integração entre o
mercado norte-americano e canadense. Eles destacam que a listagem internacional
leva a uma redução no retorno esperado de uma ação se os mercados são
completamente ou levemente segmentados.
Segundo Rodrigues (1999), a existência de impostos diferenciados para o
investimento estrangeiro, de diferença entre horários de funcionamento dos pregões,
de flutuações cambiais e de diferentes padrões de transparência, divulgação de
informações e práticas de negociação são itens que justificam o aprofundamento
das investigações no caso da listagem de ações no exterior por meio de ADRs e/ou
GDRs.
Bekaert (1995a), estudando a integração de mercados emergentes tendo
como perspectiva os seus retornos, conclui que os mercados emergentes
apresentam níveis distintos de integração com o mercado norte-americano, onde
10Stock Exchange Automated Quotation International: Mercado Eletrônico vinculado à bolsa
de Londres.

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52
diferenças não estando necessariamente associadas às barreiras de investimento.
Para o autor, as barreiras mais relevantes à integração se relacionam às deficiências
na economia dos países emergentes.
Nesta direção, Chuhan (1992) cita problemas de liquidez como um dos
principais impeditivos para investimentos em mercados emergentes, com tal
pesquisa demonstrou, de forma surpreendente, que restrições locais de
investimentos não são consideradas como fator crucial.
Domowitz et al. (1996) aplica uma equação econométrica, posteriormente
usada por Hargis (1997b, p. 14), para dezesseis empresas mexicanas, buscando
analisar o impacto dos ADRs sobre o volume, a liquidez e a volatilidade das ações
mexicanas. Mostraram que aquelas ações abertas ao investimento estrangeiro
apresentam mudanças sistemáticas na liquidez, na volatilidade e no retorno mais
concentradas antes da listagem de ADRs.
Em um outro trabalho, complementar ao anterior, Domowitz et al. (1997)
analisam a relação entre os preços das ações e a segmentação de mercado
ocasionada pelas restrições impostas à propriedade de algumas ações no México.
Por meio de determinantes empíricos e teóricos do prêmio das empresas, eles
demonstraram que as restrições segmentaram o mercado de ações mexicano,
mostrando que existem significativos prêmios nos preços das ações irrestritas.
Gultekin et al. (1989 p.849-869) testaram a integração entre o mercado norte-
americano e o japonês. Usaram um modelo multifator, utilizando uma abordagem
similar ao estudo de evento, focando em uma data no ano de 1980, em que foi
implementada uma lei que flexibilizava o fluxo de recursos estrangeiros para o país.
Os dados foram examinados usando diferentes especificações do modelo e testes,
mas na maioria dos casos foram incapazes de rejeitar a hipótese de perfeita
integração depois de 1980. Antes desta data, a integração, ao invés disto, foi
rejeitada na maior parte do tempo.
O trabalho de Errunza, Losq e Padmanabhan (1992) mostra que, no período
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entre dezembro/75 e dezembro de 1987, no mercado brasileiro, rejeita-se a
completa integração, assim como a plena segmentação.
O trabalho de Rodrigues (1999) analisou o problema da dupla listagem sob
três ângulos distintos: da segmentação de mercados; da ampliação da liquidez e do
reconhecimento pelos investidores; e da fragmentação de ordens decorrentes da
dupla listagem e não sincronismo dos períodos de negociação. Os resultados

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53
encontrados mostraram que há uma evidência do aumento do reconhecimento pelos
investidores e da liquidez, já que houve, após a listagem, retornos anormais
negativos, redução da volatilidade e aumento da liquidez e do volume relativo. Com
relação à segmentação, os resultados não fornecem uma evidência definitiva sobre
a contribuição da dupla listagem para a redução da segmentação do mercado
doméstico. Com relação ao último ângulo, os resultados obtidos, apesar de serem
relativos a uma ação, detectam de forma significativa um aumento na volatilidade
nos horários em que os pregões estão superpostos, levando a inferir que há uma
maior concentração de negociantes de ruído neste período, e que sua atuação
ocorre em conjunto com as outras categorias, não tendo sido possível segmentá-las.
Holthausen e Galli (2001), analisando o mercado de capitais brasileiro,
encontraram resultados condizentes com a hipótese de que a negociação de ADRs
ajuda a reduzir os efeitos da segmentação de mercado em suas ações, os preços
sobem e os retornos esperados e a volatilidade caem, com exceção dos ADRs III,
que se comportam como emissões sazonais, de forma não significativa.
A abertura de mercado para especuladores estrangeiros pode aumentar a
valorização das empresas locais, desse modo, reduzindo o custo de capital
próprio. A intuição é simples. Em mercados segmentados, o custo de
capital próprio está relacionado à volatilidade local de um mercado
particular. Em mercados de capitais integrados, o custo de capital próprio é
relacionado à covariância com os retornos do mercado global. Desde que
as volatilidades do mercado local tendem a ser altas, o custo de capital
deveria decrescer após a abertura do mercado de capitais (BEKAERT e
HARVEY, 2000, p. 567).
3.5 OUTROS ESTUDOS RELACIONADOS AO LANÇAMENTO DE ADRs
Este item relaciona alguns trabalhos estudados que abordavam a dupla
listagem, sem apresentar um relacionamento direto com o custo de capital próprio
das empresas.
O intuito desta parte do trabalho é dar subsídios para pesquisas futuras
acerca do lançamento de ADRs.
Os trabalhos foram agrupados nas seguintes categorias: volume negociado;
transparência; eficiência de mercado, e crescimento econômico.
a) Volume negociado

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Hargis (1997b) utiliza dados diários dos preços das ações e do mercado, o
volume do mercado doméstico e norte-americano de uma amostra de 100
programas de ADR de empresas da América Latina, no período de janeiro de 1990 a
novembro de 1994. O autor Identifica um aumento no volume de negócios pós-
listagem para a maioria das análises feitas. A liquidez dos mercados domésticos
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analisados melhorou depois da listagem nos Estados Unidos, e o país que
apresentou a melhora mais significativa neste aspecto foi o Chile.
Chan et al. (1996, p. 1161-1162) compararam diariamente a volatilidade e o
volume de negócios de ações de empresas européias e japonesas duplamente
listadas com ações norte-americanas de comparável volume médio de negócios e
volatilidade. Eles identificaram que, pela manhã, todas as ações apresentaram altas
volatilidades quando comparadas às volatilidades do final do dia, e que este
fenômeno foi mais marcante para as empresas japonesas, sendo consistente com a
reação do mercado à acumulação de informação à noite.
Huang e Stoll (2001), analisando o mercado de ADRs de empresas inglesas e
mexicanas, identificaram que o impacto da volatilidade da taxa de câmbio sobre a
liquidez do mercado não é o canal pelo qual o valor das ações é afetado. Eles focam
o estudo em uma das medidas que relaciona a taxa de câmbio e o custo de capital,
chamada o efeito da volatilidade da taxa de câmbio sobre a liquidez das ações. Eles
não estudaram a outra medida, que é como a liquidez afeta o custo de capital da
ação e seu valor. Eles concluem que a volatilidade na taxa de câmbio não afeta os
preços das ações por meio de seu impacto sobre a liquidez do mercado.
b) Transparência de informações
Lang et al. (2002) investigaram a relação entre a listagem internacional nos
EUA e o grau de transparência das empresas. Os resultados suportaram a hipótese
de que as empresas não norte-americanas que listam nos EUA são mais
transparentes e, conseqüentemente, possuem uma valorização no mercado.
Ressaltam que as exigências dos orgãos reguladores e das bolsas de valores
melhoram a transparência e afetam o valor das empresas, reduzindo o custo de
capital e aumentando o fluxo de caixa.
Na mesma linha de relacionar o custo de capital com a transparência de
informações acerca da empresa, Merton (1987), por meio da hipótese do
reconhecimento pelo investidor, desenvolve um modelo de equilíbrio de mercado

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com um conjunto incompleto de informações. Segundo ele, os investidores preferem
ações mais conhecidas e, dessa forma, para um maior número de investidores
haveria menor risco, menor retorno esperado e conseqüente maior valor de mercado
da empresa. Assim sendo, listando as ações em outros mercados, as empresas
aumentam a sua base de investidores, a demanda por suas ações aumenta, a
empresa é mais valorizada, e o custo de capital diminui.
Esta associação positiva entre custo de capital e a maior transparência das
informações da empresa muitas vezes não é tão evidente. Botosan (1997) ressalta
que, quando as empresas são bem avaliadas, um aumento no disclosure não está
associado com uma redução no custo de capital.
Para Giddy (1999, p. 232 e 233), os Depository Receipts facilitam a
integração e aumentam os padrões nos negócios e no disclosure. Isto permite aos
investidores terem participações em empresas de países emergentes, o que é tão
bom quanto investir diretamente e ainda oferecer maior liquidez. As evidências
encontradas suportam a primeira hipótese, porém foram ambíguas no efeito da
liquidez.
c) Eficiência de mercado
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Kawakatsu e Morey (1999, p. 353-371) buscam testar a hipótese dos
mercados eficientes que postula que os mercados de ações passam a ser
precificados eficientemente com a liberalização. Por mais testes e dados que os
autores tenham usados, eles não conseguiram confirmar a teoria, ou seja, os
resultados encontrados mostraram que os mercados já eram eficientes antes da
liberalização, não foram identificadas diferenças significativas nos comportamentos
dos mercados de ações emergentes antes ou depois da abertura.
Porém, os autores destacam que os resultados encontrados não significam
dizer que a liberalização não tem efeito sobre a eficiência de mercado e que ela não
é necessária, principalmente porque eles usaram uma data oficial de abertura do
mercado e a liberalização é um processo gradual e que envolve muitas outras
mudanças.
Matsumoto (1995) busca testar a hipótese de mercado eficiente com o
lançamento de ADRs pelas empresas. Os resultados sugerem que o mercado das
empresas analisadas da América do Sul é eficiente, conforme a teoria de mercado
eficiente, não apresentando evidências significativas no valor de mercado após o

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56
lançamento dos ADRs, indicando que os preços estavam em equilíbrio nos 13
meses ao redor data-zero.
d) Crescimento econômico
Henry (2000b) analisou em onze mercados emergentes a taxa de crescimento
real do investimento privado para verificar se a abertura do mercado de ações
estava associada com aumento nos investimentos, já que a queda no custo de
capital próprio do país poderia transformar investimentos, antes inviáveis, agora
viáveis. Os resultados mostraram que, apesar de os países apresentarem altas
taxas de crescimento após a abertura não representaram uma “explosão” de
investimentos.
Bekaert et al. (2001) estudam também a relação entre a liberalização do
mercado de ações e o crescimento econômico para alguns países emergentes. Eles
encontraram que o crescimento econômico real médio aumenta entre 1 a 2% por
ano após a abertura financeira. Os autores encontram também que nos países com
o nível de educação maior os benefícios da liberalização financeira são maiores.
3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS DA REVISÃO DA LITERATURA
Neste item serão abordadas as principais conclusões dos trabalhos
analisados e algumas informações complementares acerca da listagem
internacional.
Karolyi (1998, p. 34) faz um levantamento das principais publicações acerca
de lançamentos de ações em mercados globais e resume que: os preços das ações
reagem favoravelmente, inicialmente, com a listagem internacional; o desempenho
do preço pós-listagem acima de um ano é negativa na média; o volume negociado
pós-listagem aumenta na média, e em muitos casos o mercado local também; a
liquidez da ação aumenta acima de tudo, mas depende do aumento no volume total
negociado, do local e do grau de restrição à propriedade estrangeira no mercado
local; a exposição ao risco no mercado doméstico é significativamente reduzida e
está associada com somente um pequeno aumento no risco no mercado global e os
riscos de câmbio, os quais podem resultar em uma redução líquida no custo de
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capital de aproximadamente 126 pontos-base; American Depositary Receipts
representam uma ferramenta de diversificação global efetiva; as exigências
rigorosas de disclosure são os maiores impedimentos à listagem fora do país.

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A dupla listagem internacional gera muitas questões. A primeira a ser
examinada foi se estas listagens estavam associadas com mudanças no
grau de segmentação de mercado. A conclusão geral, tanto das pesquisas
teóricas como empíricas, é que a redução nas barreiras para investimentos
internacionais está associada aos preços altos e retornos esperados baixos
para as ações no mercado doméstico. Uma linha de pesquisa mais recente
encontra que as listagens internacionais também afetam os preços e
retornos por meio da valorização da liquidez e do reconhecimento dos
investidores. Todavia, os resultados empíricos sobre o efeito dos negócios
atuais com ADRs sobre a volatilidade das ações domésticas são ainda
confusos (MARTELL, 1999, p. 152).
As pesquisas sobre dupla listagem também foram aplicadas sobre
lançamentos de DRs em outros países, como por exemplo, ofertas globais de
empresas norte-americanas, como mostram os trabalhos de Wu e Kwok (2002),
Chaplinsky e Ramchand (2000), e Maldonado e Saunders (1983).
Pode ocorrer o inverso de listagem, ou seja, a empresa retirar suas ações,
McConnell et al. (1996, p. 366) ressaltam que os estudos mostram que há um
declínio no valor da ação em torno da data de anúncio deste tipo de evento.
Para auxiliar pesquisas futuras, no Apêndice A deste trabalho encontra-se um
quadro resumo com as principais pesquisas realizadas no mercado de ADRs e seus
respectivos resultados.

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Capítulo IV
METODOLOGIA
Neste capítulo são apresentados os aspectos metodológicos que nortearam a
pesquisa realizada. Após a descrição da pergunta de pesquisa e das hipóteses,
evidenciam-se os métodos utilizados e suas respectivas técnicas de tratamento e
análise dos dados, que estão subjacentes ao desenvolvimento deste trabalho.
4.1 PERGUNTA DE PESQUISA E HIPÓTESES INVESTIGADAS
Esta pesquisa de caráter exploratório foi operacionalizada com o intuito de
responder a seguinte questão: o crescimento dos mercados emergentes e a
abertura do fluxo de capitais, por meio da emissão de American Depositary Receipts
(ADRs), afetam significativamente o custo de capital próprio das empresas
brasileiras?
A partir da pergunta de pesquisa formularam-se as hipóteses, por meio da
análise dos preços semanais das ações no mercado doméstico, dos índices de
mercado doméstico, norte-americano e global, da taxa de câmbio e dos valores dos
indicadores Preço/Lucro e Preço/Valor Patrimonial das empresas brasileiras que
lançaram ADRs.
Como visto no capítulo anterior nos dois principais modelos utilizados na
avaliação do custo de capital próprio das empresas, o Modelo de Gordon e o Capital
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Asset Princing Model (CAPM), as variáveis determinantes são os preços das ações,
o retorno esperado pelos acionistas e investidores, e os riscos sistemático e não
sistemático.
Nesse sentido, são utilizadas três categorias de variáveis para analisar o
efeito do lançamento de ADRs sobre o custo de capital próprio das empresas
brasileiras: (1) risco, (2) retorno; e o (3) preço da ação.
Além disso, este trabalho analisa a segmentação/integração do mercado de
ações brasileiro diante do lançamento dos ADRs, já que as categorias acima
permitem esta análise.
Com base na literatura, foram extraídas as seguintes hipóteses de pesquisa a
serem testadas:

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Hipótese 1 (H1): há uma redução no custo de capital próprio para a empresa, após a
emissão de ADRs, em função do decréscimo no valor dos retornos nominais e
anormais de suas ações no mercado doméstico;
Hipótese 2 (H2): há uma redução no custo de capital para empresa, após a emissão
de ADRs devido a uma diminuição do risco e, conseqüentemente, uma redução na
volatilidade dos retornos nominais e anormais, das ações no mercado doméstico;
Hipótese 3 (H3): há uma redução no custo de capital para empresa, após a emissão
de ADRs devido à uma queda no risco sistemático das ações;
Hipótese 4 (H4): a taxa de câmbio apresenta impacto na determinação dos retornos
nominais das ações no mercado doméstico e dos ADRs;
Hipótese 5 (H5): há uma redução no custo de capital para empresa, após a emissão
de ADRs, devido ao aumento nos indicadores Preço/Valor Patrimonial e Preço/Lucro
das empresas;
Hipótese 6 (H6): o mercado brasileiro e o norte-americano se tornam mais
integrados, pois a dupla listagem afeta o preço das ações e o retorno esperado pós-
listagem.
4.2 ESTRUTURA DA PESQUISA
Para a verificação das hipóteses listadas acima será utilizado o método mais
usado nos estudos sobre o comportamento dos preços das ações em torno da data
de listagem de ADRs, o Método de Estudo de Evento Padrão, de Fama et al. (1969).
O estudo de evento, conforme MacKinlay (1997, p.13), tem muitas aplicações,
desde o uso em estudos contábeis, econômicos, financeiros, até em estudos que
medem o valor de uma empresa a partir da mudança nas regulamentações.
Este método vem sendo utilizado desde a década de 30 e com crescente
nível de sofistificação, porém a metodologia utilizada atualmente é a mesma utilizada
por Fama et al. (1969) ao analisar o efeito do split de ações e por Ball e Brown
(1968) ao analisarem o conteúdo informacional dos lucros.

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O primeiro passo para conduzir um estudo de evento é definir o evento de
interesse. Em seguida, deve-se definir o período do evento, conhecido como janela
do evento. O terceiro passo é determinar o critério de seleção para inclusão de uma
determinada empresa no estudo, seja por disponibilidade de dados, seja por
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características específicas. E, para finalizar, deve-se calcular o retorno anormal.
Para MacKinlay (1997, p. 15), retorno anormal é a diferença entre o retorno
observado e retorno normal, sendo o retorno normal definido como retorno
esperado, estimado por algum modelo de apreçamento de ativos. Uma outra
conceituação similar para retorno anormal é a de Costa Jr. (1991, p. 122), que
coloca como a diferença entre o retorno total de uma ação e o retorno estimado por
algum modelo de precificação de ativos do mercado.
Há um número considerável de abordagens para calcular o retorno normal de
um dado ativo, porém podem-se agrupar em duas categorias: os modelos
econômicos e os modelos estatísticos, conforme MacKinlay (1997, p. 18), Brown e
Warner (1980, p.208) e Soares et al. (2002, p.7).
a) Modelos Estatísticos
Os modelos estatísticos podem ser classificados como retorno ajustado à
média, retorno ajustado ao mercado e retorno ajustado ao risco e ao mercado.
1) Retornos ajustados à média – os retornos anormais são estimados através
da diferença entre os retornos observados e a média dos retornos correspondentes
no mesmo período.
RRA i
it
it


=
[1]
Onde:
Ai,t é o retorno anormal da ação i no período t;
Ri,t designa o retorno da ação i no período t;
Ri representa a média simples dos retornos da ação i para um período passado.
2) Retornos ajustados ao mercado – os retornos anormais são obtidos pela
diferença entre o retorno da ação e o retorno do portfolio de mercado no mesmo
período.
RRA mt
it
it


=
[2]
Onde:
Rmt é o retorno do portfólio de mercado no período t;

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61
O portfólio de mercado pode ser definido como a combinação linear de todos
os ativos de risco. Este modelo, segundo Brown e Warner (1980), é similar ao
modelo econômico do CAPM (Capital Asset Pricing Model) para o caso específico de
todas as ações possuírem beta ou coeficiente de risco sistemático igual a um.
3) Retornos ajustados ao risco e ao mercado – assumem que os retornos
anormais das ações são observados pela divergência dos retornos individuais
efetivamente ocorridos em relação ao retorno do portfólio de mercado calculado
usando um modelo de fator simples. Algebricamente, a fórmula pode ser assim
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descrita:
R
âá
R
i
j
mt
it
it



=
A
[3]
Onde:
αai e βi são valores OLS (Ordinary Least Squares, ou mínimos quadrados ordinários)
para o período estimado, ou seja, parâmetros da regressão linear envolvendo os
retornos da ação e os retornos do mercado.
b) Modelos Econômicos
Já os modelos econômicos, como o próprio nome afirma utilizam
pressupostos econômicos. É o caso dos modelos CAPM, APT, entre outros.
Retorno anormal é considerado aquele que diferir do estipulado por um
modelo de equilíbrio, como, por exemplo, o Capital Asset Pricing Model (CAPM),
proposto por Sharpe (1964), Lintner (1965) e Mossin (1966). O CAPM estipula que o
retorno esperado de um ativo, num mercado em equilíbrio, é o retorno livre de risco
adicionado de uma parcela relativa ao prêmio pelo risco de mercado desse ativo.
O retorno anormal calculado a partir do CAPM pode, portanto, ser assim
definido:
(
)
(
)
RR
â
RR
f
m
i
f
it
it


+

=

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A
[4]
Onde:
Rf é o ativo livre de risco.
No contexto da análise de ADRs, um dos trabalhos que utilizou o CAPM para
o cálculo dos retornos anormais foi McConnell et al. (1996).

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62
O segundo modelo econômico de precificação de ativos, o APT (Arbitrage
Pricing Theory), foi desenvolvido por Ross (1976). O modelo tem como pressuposto
básico a impossibilidade de dois ativos com o mesmo risco apresentarem retornos
esperados diferentes, caso contrário, a diferença será prontamente eliminada pelo
processo de arbitragem. Por definição, o retorno anormal segundo o APT é:
(

F
â
F
â
ER
R
i
k
ik
i
i
it
it
+
++
+

=
...
1
1

A
[5]
Onde:
βi1, por exemplo, representa o beta da ação i relativo ao fator 1 utilizado no modelo;
F1 é o fator considerado.
Soares et al. (2002, p. 8) afirmam que o modelo mais utilizado pelos
pesquisadores brasileiros, tendo como base os artigos sobre estudos de evento
publicados nos Anais do Encontro Nacional da Anpad, foi o modelo de retorno
ajustado ao risco e ao mercado, seguido pelo Modelo de retorno ajustado ao
mercado. O modelo de precificação de ativos (CAPM) não foi utilizado.
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Alguns trabalhos consideram o retorno ajustado ao mercado como retorno
excessivo; porém, de acordo com Thompson (1995, p. 972), alguns pesquisadores
definem o retorno excessivo como o retorno em excesso da taxa livre de risco,
medida pelos Treasury Bills11. Alguns trabalham no contexto de ADRs utilizaram
esta abordagem, como Patro (2000). Já em outros artigos, como Brown e Warner
(1985, p.06), o termo retorno excessivo é utilizado para as abordagens de retorno
ajustado à média e também ao ajustado ao mercado.
O evento considerado neste trabalho é a listagem de ações de empresas
brasileiras no mercado norte-americano por meio do lançamento de Depositary
Receipts. O período considerado como da listagem ou janela de evento para a
análise de retorno e risco foi de treze semanas: oito antes, a semana do evento e
quatro após. Nas análises diretas dos preços foi considerado o mês do evento, seis
meses antes e seis meses após.
A escolha deste intervalo como janela do evento originou-se do fato de
englobar um prazo maior que permite capturar não só os efeitos da listagem, mas
11Treasury Bills – títulos de renda fixa do governo norte-americano, considerados de baixo
risco e com uma maturidade de no máximo um ano.

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63
também do anúncio de lançamento de ADRs. Os estudos de Errunza e Miller
(2000), e Bekaert e Harvey (2000) usam um espaço de tempo maior do que o
utilizado neste trabalho como janela de evento, pois eles acreditam que utilizando
um período grande pode-se capturar os efeitos da data de anúncio e listagem.
Conforme Henry (2000, p. 540), na falta de dados confiáveis acerca da data
de anúncio, e como o tempo médio entre o anúncio e a listagem de ADRs é de três
meses, este período fornece uma proxy ideal do anúncio.
Conforme Rodrigues (1999, p.55), as datas importantes para a listagem de
ADRs são: a decisão da empresa, materializada por meio da ata do Conselho de
Administração; o pedido de registro e aprovação na CVM, e a aprovação pela SEC.
Neste trabalho, a partir das informações fornecidas pela CVM, pelos dados do
trabalho de Rodrigues (1999), por algumas datas de listagem disponibilizadas pelos
bancos depositários e pela NYSE, observou-se que o período médio entre a
solicitação da empresa, a aprovação pela CVM e a listagem no mercado varia em
função do tipo de ADR que é lançado, sendo que o máximo de tempo para ADRs
nível1, entre a autorização e a listagem, foi de 97 dias e, para as empresas que
listaram antes da autorização o período maior foi de 51 dias. No caso de ADRs nível
II, o período máximo foi de 53 dias entre a autorização a listagem. No nível III, o
máximo foi 9 dias. E, por último a regulamentação 144, onde o máximo foi de 75
dias. Optou-se então por considerar a janela de evento de 13 semanas, similar a
pesquisas já realizadas com empresas brasileiras, como o trabalho de Oliveira e
Leme (2002) que utilizaram uma janela de evento de 51 dias.
No Capítulo II deste trabalho foram descritas as datas importantes no
processo de lançamento de ADRs, desde a solicitação de registro junto aos órgãos
competentes até as respectivas datas de anúncio, registro e listagem.
Neste trabalho, para melhor compreensão considerou-se o retorno anormal
ajustado ao mercado, sendo considerado dois momentos distintos, em um primeiro
momento o mercado foi o índice Ibovespa12 e depois, para efeito de comparação, o
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IBA13. Além do retorno anormal ajustado ao mercado foi utilizado o retorno anormal
ajustado ao risco e ao mercado.
12 Índice da Bolsa de Valores de São Paulo
13 Índice Brasileiro de Ações

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64
Nesta pesquisa o risco diversificável foi medido por meio do cálculo da
variância dos retornos nominais e dos retornos anormais no período anterior,
durante e posterior ao evento. Foi realizado o cálculo das volatilidades semanais
para todas as empresas da amostra através das variâncias dos retornos nominais e
dos retornos anormais.
Para determinar a mudança no custo de capital é preciso também estimar as
mudanças no risco sistemático, mais precisamente nos betas locais, norte-
americanos e globais, antes e depois da listagem, através de um modelo simples e
multifator. Os coeficientes betas gerados por um modelo multifator permitiram
verificar os efeitos do mercado local, do mercado norte-americano, do mercado
global e da taxa de câmbio no comportamento dos retornos nominais das ações no
mercado doméstico.
A utilização da ferramenta da análise de regressão é apropriada para
investigar a associação entre os retornos e o evento, principalmente quando
existem várias hipóteses para a origem de retornos diferenciados ou anormais.
Além da análise dos retornos e dos riscos sistemático de não sistemático, a
outra metodologia utilizada para avaliar o preço das empresas que listaram ADRs foi
o comportamento dos Índices Preço/Lucro (P/L) e Preço/Valor Patrimonial (P/VPA)
nos moldes do estudo feito por Sundaram e Logue (1995).
Optou-se por esta metodologia também para avaliar o efeito da dupla listagem
diretamente sobre os preços e o risco com o intuito de complementar o tradicional
estudo de evento.
As vantagens apontadas para esta metodologia, segundo Sundaram e Logue
(1995) são que ela avalia o comportamento dos preços diretamente e engloba um
período de tempo maior do que muitas análises de estudo de evento, já que ao
utilizar indicadores contábeis necessita de dados em prazos mensais, semestrais e
não diários.
A partir destes indicadores foram criados os quocientes conforme as
equações 9 e 10, listadas no item 4.4. Estes quocientes foram analisados para seis
meses, três meses e um mês. A partir da análise destes quocientes e da
constatação de um aumento nos preços, pode-se deduzir uma redução no custo de
capital próprio das empresas.

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65
4.3 AMOSTRA E COLETA DOS DADOS
Nesta seção, são apresentadas a população e o plano de amostragem, bem
como os tipos e as origens dos dados necessários para verificação das hipóteses de
pesquisa.
A população deste estudo compreende todas as empresas brasileiras que
participam do mercado de ADRs.
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A amostra foi selecionada a partir dos dados fornecidos pelo Economática,
pela NYSE, pelo Bank of New York e pela CVM em junho/02. O Apêndice B deste
trabalho, discrimina as empresas pertencentes à população inicial.
Optou-se por dados semanais para a análise do risco e retorno, já que um
número maior de empresas poderia ser incluído na amostra em função da freqüência
da realização de negócios. Para as análises com o P/L e P/VPA, como utiliza-se
dados contábeis como lucro por ação e valor patrimonial é recomendável o uso de
período maiores, sendo assim foram coletados dados mensais.
Foram selecionadas as empresas que lançaram ADRs no período de jun/92 a
jun/01, desde que a data de autorização pela CVM fosse fornecida, sendo que em
função da análise do período anterior e posterior ao evento, os dados foram
coletados a partir de junho/91 e foram até junho/02.
Para a análise com dados semanais, permaneceram somente as empresas
que tiveram disponíveis os preços semanais pelo menos durante 87 semanas das
noventa e três analisadas, incluindo os períodos pré-evento, evento e o pós-evento.
Para a análise dos indicadores Preço/Lucro e Preço/Valor Patrimonial foram
selecionadas somente aquelas empresas que lançaram ADRs no período e que
possuíam estes indicadores mensais no período de treze meses, para analisar o
comportamento dos seis meses antes, dos seis meses após e do mês do evento.
Aquelas empresas que apresentaram indicadores negativos, mais especificamente o
índice P/L, também foram excluídas da amostra.
A partir destes critérios, 56 programas de ADRs brasileiros foram analisados
dos 102 existentes até junho/2002 e que estão listados com alguns detalhes no
Apêndice B. Permaneceram na amostra, dependendo da análise a ser feita,
somente as empresas listadas na Figura 2. O número de programas utilizados na
abordagem do risco e retorno, P/L e P/VPA foram respectivamente 43, 19 e 55.

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66
Como indicadores do mercado local foram utilizados os retornos semanais do
Ibovespa e do IBA, porém a utilização do IBA ficou comprometida em função de o
índice não ser mais calculado a partir de 2001, em função do fechamento da Bolsa
de Valores do Rio de Janeiro, logo seu valor começou a se aproximar muito do
Ibovespa. Sendo assim, foi utilizado somente no cálculo do retorno anormal e na
regressão num primeiro momento para efeito de comparação com o Ibovespa,
porém o índice principal do mercado local foi o Ibovespa.
Como indicador do mercado norte-americano foi selecionado o índice S&P
50014e como indicador do mercado global selecionou-se o MSCI-ACWIF15. Para o
câmbio foi selecionada a cotação do dólar no período.
Os dados de preços semanais dos índices de mercado local e norte-
americano, a cotação do dólar, bem como os índices Preço/Lucro e Preço/Valor
Patrimonial foram coletados no Economática. O MSCI-ACWIF foi coletado do
provedor de informações financeiras da Bloomberg.
Encaminhou-se solicitação à CVM, a SEC e aos bancos depositários para que
os mesmos disponibilizassem as datas mais importantes no lançamento de ADRs,
porém somente a CVM informou os programas de BDR e DR aprovados, com as
respectivas datas de autorização junto a esta instituição.
A Figura 2, resume as empresas pertencentes à amostra, as variáveis
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analisadas e o período dos dados. Verifica-se que dos 56 programas analisados,
muitas empresas possuíam mais de um nível de ADRs, porém para a análise foram
considerados somente a data do primeiro lançamento.
14 Standard & Poor’s Composite Index of 500 stocks.
15 Morgan Stanley Capital International All Country World Index Free.

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EMPRESA
NÍVEL
TIPO DE ANÁLISE
PERIODICIDADE DOS DADOS
Acesita (Aços Itabira) ON
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Acesita (Aços Itabira) PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Aracruz Celulose PN
Nível 3/NYSE
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Bahia Sul Celulose
Nível 1/OTC
P-VPA
Mensais
Banco Bradesco PN
Nível 2/NYSE
Retorno/Risco/P-VPA/P-L Semanais/Mensais
Itaubanco PN
Nível 1/OTC e 2/NYSE
Retorno/Risco/P-VPA/P-L Semanais/Mensais
Belgo Mineira PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA/P-L Semanais/Mensais
Bombril PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Brasil Telecom PN
Nível 2/NYSE
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Cataguazes – Cia força e luz
Nível 1/OTC
P-VPA
Mensais
Celesc PN
Nível 1/OTC e 144-A
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Celesc ON
Nível 1/OTC
P-VPA
Mensais
Cemig PN
Nível 2/NYSE e Reg “S”
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Cemig ON
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA/P-L Semanais/Mensais
CESP PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
CESP ON
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Cofap PN
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Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Bunge Alimentos PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA/P-L Semanais/Mensais
Cia Ambev ON
Nível 2/NYSE
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Cia Ambev PN
Nível 2/NYSE
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Cia Sid Tubarão PN
Reg “S”
Retorno/Risco/P-VPA/P-L
Semanais/Mensais
Cia Suzano Pap. E Cel. PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA/P-L
Semanais/Mensais
Cia Vale do Rio Doce PN
Nível 2/NYSE
Retorno/Risco
Semanais
Copel ON
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA/P-L
Semanais/Mensais
Copene/Braskem PN
Nível 2/NYSE
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Coteminas ON
Reg “S”
P-VPA
Mensais
Coteminas PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA/P-L
Semanais/Mensais
Eletrobrás ON
Nível 1/OTC e 144-A
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Eletrobrás PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Elevadores Atlas
144-A
P-VPA
Mensais
Embraer PN
Nível 3/NYSE
Retorno/Risco/P-VPA/P-L
Semanais/Mensais
Eucatex
Nível 1/OTC
P-VPA
Mensais
Gerdau PN
Nível 2/NYSE
Retorno/Risco/-PVPA/P-L Semanais/Mensais
Globex
Nível 1/OTC
P-VPA
Mensais
Iochpe-Maxion PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Iven
Reg “S”
P-VPA
Mensais
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Klabin Papel e celulose PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Lojas Americanas PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA/P-L
Semanais/Mensais
Marcopolo PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA/P-L
Semanais/Mensais
Oxiteno
Nível 1/OTC
PVPA
Mensais
Paranapanema PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Perdigão PN
Nível 1/OTC Nível 2/NYSE Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Petrobrás PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA/P-L
Semanais/Mensais
Petrobrás ON
Nível 3/ NYSE
Retorno/Risco/P-VPA/P-L
Semanais/Mensais
Petrobrás Distribuidora PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA/P-L
Semanais/Mensais
Refrigeração Paraná (Eletrolux) Nível 1/OTC
P-VPA
Mensais
Sadia PN
Nível 2/ NYSE
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
São Paulo Alpargatas PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA/P-L
Semanais/Mensais
São Paulo Alpargatas ON
Nível 1/OTC
P-VPA
Mensais
Sementes Agroceres PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA/P-L Semanais/Mensais
Saraiva Editores PN
Nível 1/OTC
P-VPA
Mensais
Teka PN
Nível 1/OTC
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Unibanco PN
Nível 3/NYSE
Retorno/Risco/P-VPA/P-L
Semanais/Mensais
Usiminas PN
Reg “S”
Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
Vigor
Nível 1/OTC
P-VPA
Mensais
Votorantim Celulose e Papel PN Nível 1/OTC/Nível 3/NYSE Retorno/Risco/P-VPA
Semanais/Mensais
FIGURA 2 – QUADRO RESUMO DOS PROGRAMAS, DAS VARIÁVEIS E DOS PERÍODOS UTILIZADOS

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4.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
Para Zhang (1998, p. 87), os pesquisadores freqüentemente deparam-se com
muitas escolhas quando decidem sobre a melhor ferramenta metodológica para
conduzir um estudo. Em muitos casos, o objeto a ser estudado indica o melhor
caminho, porém, em alguns casos, as restrições de pesquisa e as preferências
profissionais podem ser decisivas no processo de seleção.
O trabalho aqui desenvolvido não é uma exceção, pois a seleção das
ferramentas a serem utilizadas baseou-se em outros trabalhos que analisaram
algum evento importante na determinação dos preços, do retorno e do risco das
ações, porém algumas análises não foram sugeridas devido às restrições dos dados
disponíveis.
A seguir serão abordadas as equações e tratamento dos dados utilizados nas
análises do retorno, risco e preço das ações no mercado doméstico de empresas
que lançaram ADRs.
4.4.1 Cálculo dos retornos nominais e dos retornos anormais
a) Retornos nominais
Para o cálculo dos retornos nominais semanais, para cada uma das empresas
pertencentes à amostra, a seguinte fórmula foi utilizada:

=

P
P
R
t
t
it
1
ln
[6]
Onde:
Rit
é o retorno nominal da ação i, na semana t;
Pt,i é o preço de fechamento da ação i, na semana t, ajustado a todos os proventos
ocorridos no período;
P 1t,i

−é o preço de fechamento da ação i, na semana t-1, ajustado a todos os


proventos ocorridos no período.
A utilização da função logaritmo natural permite uma maior proximidade da
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distribuição dos retornos das ações à distribuição normal, resultando em valores
mais robustos a partir de testes paramétricos.

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Os retornos foram calculados durante as 93 semanas analisadas no trabalho,
sendo que foram consideradas 40 semanas antes da janela do evento, 13 como
evento e os 40 restantes como período pós-evento.
b)Retornos anormais
b.1) Ajustado ao mercado
O retorno ajustado ao mercado para cada ação i foi obtido pela seguinte
diferença:
RR
RA
mt
it
it


=
[7]
Onde:
RAit
é o retorno anormal da ação i na semana t;
R it

é o retorno nominal da ação i na semana t;


Rmt
é o retorno observado do portfólio de mercado (IBOVESPA e IBA) no mesmo
período.
Foerster e Karolyi (1993), Howe e Kelm (1987), Brown e Warner (1985) e
Rodrigues (1999) usaram a abordagem do retorno da ação menos o retorno do
mercado. Para efeito de mensuração do retorno do portfólio de mercado será
considerado neste trabalho o retorno dos índices Ibovespa e IBA.
Foram calculados os retornos anormais nas 93 semanas, como especificado
nos retornos normais.
b.2) Ajustado ao risco e ao mercado
Neste trabalho foram analisados os resultados gerados também pelo modelo
de mercado. Assim, o retorno anormal foi calculado a partir da equação abaixo:
R
RA
mt
i
i
t,i
it

βα
−−
=
[8]
Onde:
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αi eβi são os coeficientes estimados nas semanas antes da janela do evento e que
representam o intercepto e o risco sistemático, respectivamente da ação i;
Rmt é o retorno de mercado, utilizando o Ibovespa.

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70
Os principais trabalhos que utilizaram a abordagem do retorno anormal para
avaliar o comportamento do retorno com a listagem internacional foram os de Howe
e Kelm (1987), Alexander et al. (1988) e Miller (1999).
O modelo de mercado recebeu algumas críticas. Conforme Serra (1997), se o
grau de integração do mercado muda após a listagem, então o processo de geração
de retornos também muda. Assim, um modelo que estima retornos normais usando
uma série histórica estaria usando a série de um período anterior para estimar os
retornos esperados da pós-listagem.
Conforme Costa Jr. (1993) a baixa freqüência de transações das ações pode
causar uma série de problemas, tanto na construção de índices compostos por
essas ações, como também na estimação dos betas das ações.
No caso específico da estimação do beta, a falta de sincronismo pode levar a
um erro econométrico nos parâmetros do modelo ajustado ao risco e ao retorno.
Uma das metodologias propostas para superar este problema de subestimação dos
valores é o Modelo dos Coeficientes Agregados (AC), proposto por Dimson (1979) e
semelhante ao modelo de Scholes e Williams (1977)
A estimação do Beta pelos modelos acima citados dependerá das séries de
retornos da carteira de mercado síncrona, antecipada e defasada. Pelo Método dos
Coeficientes Agregados, Dimson (1979)
b k,j
n
n
j

∑=
β
[9]
Onde:
bj,k são os coeficientes estimados com as séries defasadas, adiantadas e síncronas.
Oliveira e Leme (2002), ao buscarem identificar se houve mudança
significativa no custo de capital próprio das empresas brasileiras abertas,
pertencentes ao setor de Papel e Celulose e que emitiram ADRs entre 1992 e 1994,
utilizaram três processos de mensuração de retornos no estudo do evento: o modelo
de Scholes e Williams, o modelo dos coeficientes agregados de Dimson e o modelo
de retornos médios. Os resultados não indicam divergências relevantes entre os três
métodos nas conclusões sobre o impacto da emissão de ADR no custo de capital
próprio dessas empresas.
Como período de estimação dos parâmetros foram considerados os retornos
semanais nominais nas quarenta semanas anteriores ao evento. De acordo com

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Thompson (1995), são normalmente usados períodos de estimação de 250 dias
para retornos diários e 60 meses para retornos mensais. Há também alternativas
que envolvem o uso de janelas de estimação após o evento. Uma vez determinado o
período de estimação, são calculados os parâmetros do processo de geração de
retornos.
4.4.2 Cálculo dos retornos anormais acumulados
Para cada período analisado em torno da data de listagem fez-se a média
para diferentes ações e depois acumulou-se, resultando no CARs (Cumulative
Abnormal Returns).
De acordo com Brown e Warner (1980), um método freqüentemente usado
para investigar o desempenho anormal, quando não se sabe ao certo quando o
evento ocorre, é o CAR, técnica empregada por Fama, Fisher, Jensen e Roll (1969).
O retorno anormal acumulado é dado por:
AR
CAR
CAR
t
1t
t

+
=

[10]
Onde:
CAR1t

é o retorno anormal acumulado no período t –1;


ARt
é o retorno anormal no período t.
4.4.3 Análise do risco dos ADRs
Para a avaliação do comportamento do risco das ações que emitiram ADRs
foram utilizadas duas abordagens: a abordagem do risco não sistemático, por meio
da análise da variância e a abordagem do risco sistemático, por meio do beta.
a) Análise da variância dos retornos nominais e anormais dos ADRs
A partir do cálculo das variâncias semanais dos retornos nominais e anormais
das empresas analisadas buscou-se verificar se as oscilações dos retornos das
ações aumentaram ou diminuíram com o lançamento internacional.
Em um primeiro momento foram calculadas as variâncias dos retornos
nominais em todo o período, ou seja, nas quarenta semanas antes do evento, nas
treze semanas consideradas como janela do evento e, nas quarenta semanas
restantes, consideradas como período pós-evento.

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72
As volatilidades dos retornos anormais foram analisadas nos mesmos
períodos utilizados nos retornos nominais acima descritos.
Para Bekaert e Harvey (1995b) e Domowitz et al. (1996) o ingresso da
empresa em um mercado internacional tende a provocar alterações na volatilidade
de sua ação, devido à mudanças na estrutura informacional, sendo que, quanto mais
aberto um mercado à negociação internacional, menor a sua volatilidade.
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Uma das explicações apontadas para o aumento na volatilidade está
relacionada ao argumento de que antes da listagem os retornos das ações no
mercado doméstico são gerados pelo fator de mercado doméstico, e após a listagem
os fatores de mercado norte-americano e global passam a afetar também os
retornos.
b) Modelo de fator único e multifator
Para verificar a influência dos mercado local, norte-americano e global na
geração dos retornos utilizou-se a análise de regressão. Desta forma, buscou-se os
indicadores que possuem significativo poder de explicação.
Foi testada a significância do modelo de mercado multifator, usando o índice
de mercado local, o índice do mercado norte-americano e um índice que representa
o mercado mundial, o MSCI-ACWIF.
O modelo de mercado de dois fatores, adequado para mercados com
segmentação parcial, foi usado por Foerster e Karolyi (1986), Bekaert e Harvey
(1997).
Uma listagem internacional aumentaria a influência do mercado internacional
sobre os retornos das ações. Se os mercados são suficientemente segmentados, a
listagem internacional aumentaria a sensibilidade das ações aos movimentos do país
estrangeiro, e o beta estrangeiro aumentará. Na ausência de segmentação a
listagem não terá nenhum efeito.
Sendo assim, avaliando a significância dos coeficientes antes e depois da
listagem, foi possível verificar se o processo de geração de retornos alterou-se para
cada ação individualmente.
Este trabalho segue a maioria dos estudos de evento que analisam os
coeficientes de inclinação da regressão não considerando o período do evento,
como o trabalho de Jayaraman (1993).

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73
O modelo de regressão inicial foi:
ε
βα
+

+=

t,i
1t
t
Li
j
t,i

IBV
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IBV
R
ln
[11]
Onde:
Rt,i é o retorno da ação no período;
βLi é o coeficiente da variável risco do mercado local estimado para o período;
αj representa o intercepto e o εti,
o erro aleatório.
Em seguida foi feita a regressão substituindo o fator do mercado local
Ibovespa por outro fator local, o índice IBA, para verificar qual índice apresentou
uma melhor explicação do retorno.
Para a análise multifator, acrescentou-se o fator de mercado norte-americano,
utilizando como índice o S&P 500 e, posteriormente, incluindo o índice MSCI e o
fator taxa de câmbio.
Rt,i é o retorno da ação no período;
β é o coeficiente da variável risco do mercado local no período;
Li

βIt é o coeficiente da variável risco do mercado norte-americano no período;


αj representa o intercepto e o εti,
o erro aleatório.
Rt,i é o retorno da ação no período;
β é o coeficiente da variável risco do mercado local no período;
Li

βIt é o coeficiente da variável risco do mercado norte-americano no período;

Page 74
74
β é o coeficiente da variável risco do mercado global no período;
Gi

α representa o intercepto e o ε
j ti,

o erro aleatório.
Para avaliar o efeito das mudanças na taxa de câmbio sobre o retorno das
ações no mercado doméstico foi feita a regressão, conforme Choi e Kim (2000, p.
360), utilizando-se a variação da taxa de câmbio no período.
Ao utilizar a regressão múltipla, evidenciando todos os fatores citados acima,
utilizou-se a seguinte equação:
βLi é o coeficiente da variável risco do mercado local no período;
βIi é o coeficiente da variável risco do mercado norte-americano no período;
β é o coeficiente da variável risco do mercado global no período;
Gi

βXi é o coeficiente da variável taxa de câmbio no período;


αj representa o intercepto e o εti,
o erro aleatório.
As regressões feitas foram:
a) regressão para o período anterior à listagem apenas com o índice de mercado
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local; porém, utilizando em um primeiro momento o Ibovespa, e num segundo
momento, o IBA;
b) regressão para o período anterior à listagem com o índice de mercado local e
com o índice do mercado onde as ações serão listadas, neste caso o S&P
500, representando o mercado norte-americano;
c) em seguida foi verificado para cada ação se a inclusão do índice de mercado
global acrescentou poder explicativo ao modelo e se seu coeficiente foi
significativo;
d) foi realizada uma regressão acrescentando a variável taxa de câmbio com
todos os fatores citados acima.
Todas as regressões feitas para o período anterior à listagem foram
realizadas para o período pós-listagem.

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75

4.4.4 Análise dos preços


Análise do Preço/Lucro e Preço/Valor Patrimonial
Utilizou-se uma metodologia muito semelhante à usada por Sundaram e
Logue (1995, p.71-80), baseada diretamente nos preços e não nos retornos,
buscando verificar o comportamento dos preços das ações no mercado doméstico
com a emissão de ADRs pelas empresas brasileiras.
Foram analisados os comportamentos dos indicadores Preço/Lucro e
Preço/Valor Patrimonial das ações que emitiram ADRs, sendo que estes múltiplos
serão maiores quando os retornos esperados são menores.
Os índices Preço-Lucro e Preço-Valor Patrimonial são muito utilizados em
avaliações e eles são substitutos de várias características das empresas, incluindo o
risco e o crescimento. Eles são relacionados aos mesmos fundamentos que
determinam o valor em modelos de fluxo de caixa descontado.
É consenso entre muitos pesquisadores (DAMODARAN, 1997; FAMA e
FRENCH, 1995) que estes dois indicadores são função decrescente do grau de risco
de uma empresa.
A partir das médias dos índices P/L e P/VPA em seis meses, três meses e um
mês, foram calculados os quocientes (ratios) de cada período, ou seja, o quociente
entre os indicadores pós-evento com os indicadores pré-evento. Se os resultados
forem maiores do que um, isso sinaliza que os preços das ações aumentaram após
a listagem e o risco diminuiu.

4.5 TRATAMENTOS ESTATÍSTICOS


O teste estatístico utilizado para a suposição de que a amostra de retornos
nominais e anormais segue uma distribuição de probabilidade normal16 foi o teste
qui-quadrado. O teste de aderência à normal, qui-quadrado, com os retornos
nominais e anormais pode ser observado nas Tabelas 3 a 6 a seguir.

4.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA


Devido ao assunto abordado neste trabalho ser bastante amplo, algumas
simplificações foram feitas, constituindo-se em limitações da pesquisa.
A dificuldade em estabelecer o período exato do evento pode ter influenciado
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negativamente os resultados.
Para não incorrer-se em erros de tendência, como os citados por Barber e
Lyon (1996) sugere-se também a inclusão de novos indicadores como Preço-Fluxo
de Caixa e também ajustes ao setor e ao tamanho das empresas.
A utilização do dividend Yield é sugerida em alguns trabalhos (Errunza e
MILLER, 2000; BEKAERT; HARVEY, 1998; HENRY, 2000) como uma proxy melhor
para analisar mudanças no custo de capital, pois ele está ligado a este último em
muitos modelos de precificação de ativos e é diretamente mensurável.
Outra limitação deste estudo é a consideração dos custos de transação
associados à emissão de ADRs, como destacaram Officer e Hoffmeister (1987).
Neste trabalho foi negligenciada a sua importância no custo de capital, porém em
função do aumento de exigências e tarifas por parte das instituições envolvidas,
estes custos passam a ter um peso importante no cálculo do custo de capital.

Capítulo V
RESULTADOS EMPÍRICOS DO
COMPORTAMENTO
DO RISCO E DO RETORNO
Neste capítulo são apresentados os resultados encontrados no estudo de
evento, sobre o desempenho do retorno e do risco das ações, no mercado
doméstico, das empresas brasileiras que lançaram ADRs nos períodos anterior,
durante e pós-evento.
Os resultados são apresentados conforme a diferenciação explicada no
capítulo 4, entre retorno nominal e anormal. Sendo assim, em um primeiro momento,
são analisados os retornos nominais, em seguida os retornos anormais em relação
ao Ibovespa, e, posteriormente em relação ao IBA. Posteriormente, são
apresentados os comportamentos dos retornos anormais pelo modelo ajustado ao
risco e ao mercado.
Em um segundo momento é realizada a análise da volatilidade desses
retornos, a partir do comportamento das respectivas variâncias.
E, para finalizar o capítulo, são apresentados os coeficientes das regressões
realizadas, considerando fatores domésticos, internacionais e do câmbio na geração
dos retornos das ações no mercado doméstico.
5.1 RESULTADOS DO RETORNO
Para Errunza e Miller (2000, p. 579), o custo de capital de empresas de
economias segmentadas que acessam o mercado internacional de capitais, diminui.
O declínio nos retornos esperados deveria ser direcionado pelo potencial de
diversificação que essas empresas oferecem aos investidores estrangeiros. Todavia,
os retornos deveriam exibir os seguintes padrões:
a) Altos retornos esperados no período pré-evento, indicando um alto custo de
capital;
b) Retornos positivos amplos durante o período do evento, refletindo um
aumento nos preços tanto quanto uma queda no custo de capital;

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c) Retornos normais pós-evento com diferenças entre os retornos pré e pós-
evento.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

CENTRO TECNOLÓGICO

MODELO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PLATAFORMA LOGÍSTICA EM


UM TERMINAL: Um estudo de caso na Estação Aduaneira do Interior - Itajaí/SC

PATRÍCIA COSTA DUARTE

Dissertação submetida à Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do grau de


Mestre em Engenharia

FLORIANÓPOLIS/SC

JUNHO - 1999

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do Título de

"Mestre em Engenharia"

aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da


Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 25 de junho de 1999.

Ricardo Miranda Barcia, Ph.D


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Coordenador

Banca Examinadora:

Prof. Carlos Taboada Rodriguez, Dr.

Orientador

Profª. Eunice Passaglia, Dra.

Prof. Álvaro Guillermo Rojas Lezana, Dr.

Valnei Denardim, Msc.

Aos meus pais

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade


Federal de Santa Catarina, que propiciou a aquisição de novos conhecimentos e o
desenvolvimento deste trabalho e, em especial aos professores pela dedicação na transmissão
de seus ensinamentos;

Ao Professor Carlos Taboada Rodriguez, pela dedicação e orientações em meu trabalho;

Aos membros da banca examinadora, Profª. Eunice Passaglia, Prof. Álvaro Guillermo Rojas
Lezana e Valnei Denardim pelas contribuições;

À empresa Portobello Armazéns Gerais S/A, pela oportunidade de realizar o estudo de caso e
pelas valiosas contribuições que tornaram possível a conclusão deste trabalho;

Ao Eng. Nelson Caldeira, da Secretaria de Estado dos Transportes e Obras pela atenção e
materiais cedidos;

A todos os amigos que de alguma forma, se envolveram, incentivaram e acompanharam as


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etapas de execução deste trabalho;

Muito obrigado.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo do trabalho
1.2 A importância do trabalho
1.3 Orientações metodológicas
1.4 Organização do trabalho
2. A REVOLUÇÃO LOGÍSTICA ATRAVÉS DOS SÉCULOS
2.1 As Revoluções Logísticas
2.2 Importância da Logística
2.2.1 Políticas de arrumação Logística
2.3 Plataforma Logística e intermodalidade do transporte europeu
2.3.1 Definição de Plataforma Logística
2.3.2 Integração do transporte
2.3.3 Exemplo de Plataforma Logística na Europa
3. A ATUAL SITUAÇÃO PORTUÁRIA BRASILEIRA E A CRIAÇÃO DAS
ZONAS LOGÍSTICAS
3.1 A situação atual dos portos brasileiros
3.1.1 A Lei de Modernização dos Portos
3.2 Alguns exemplos de zonas logísticas no Brasil
3.2.1 As Estações Aduaneiras de Interior - EADIs
3.2.2 Centro Logístico
3.2.3 Projeto Hermasa
3.2.4 Global Transpark Brasil - GTPB
3.2.5 Paraná Plataforma Logística

4. MODELO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PLATAFORMA


LOGÍSTICA EM UM TERMINAL

4.1 Descrição Geral do Modelo


4.2 Descrição das Etapas do Modelo
4.2.1 Etapa 1: Análise da Localização Geográfica do Terminal
4.2.2 Etapa 2: Definição de Suprimento
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4.2.3 Etapa 3: Determinar o Transporte
4.2.4 Etapa 4: Definição de Armazenagem
4.2.5 Etapa 5: Determinar as Subzonas do Terminal
4.2.6 Etapa 6: Definição de Transporte Multimodal
4.2.7 Etapa 7: Definição de Serviços Logísticos
4.2.8 Etapa 8: Definição de Serviços Alfandegários
4.2.9 Etapa 9: Definição do Sistema de Informação
4.2.10 Etapa 10: Determinar Critérios de Segurança
4.2.11 Etapa 11: Definição de Distribuição
4.2.12 Etapa 12: Determinar Critérios de Proteção Ambiental
4.3 Adaptações e mudanças necessárias para a utilização dos portos nas
Plataformas Logísticas

5. ESTUDO DE CASO
5.1 Análise Econômica de Santa Catarina
5.2 A escolha da Portobello EADI para este estudo
5.3 Portobello Estação Aduaneira do Interior
5.4 Os setores da Portobello EADI
5.4.1 Descrição dos setores
5.4.1.1 Localização geográfica da EADI
5.4.1.2 Subsetores da Diretoria Administrativa e Financeira
5.4.1.2.1 Departamento de Informática
5.4.1.2.2 Departamento de Segurança
5.4.1.2.3 Departamento Administrativo/Financeiro
5.4.1.3 Subsetores da Diretoria de Operações
5.4.1.3.1 Departamento de Transporte
5.4.1.3.2 Departamento Aduaneiro
5.4.1.3.3 Departamento de Armazenagem
5.4.1.3.4 Departamento Comercial
5.4.1.3.5 Departamento de Controle Operacional
5.4.1.4 Critérios de Proteção Ambiental
6. APLICAÇÃO DO MODELO
6.1 A Avaliação das Etapas
6.2 Avaliação das Etapas entre o Modelo e a Portobello EADI
6.2.1 Localização Geográfica
6.2.2 Suprimento da Organização Logística
6.2.3 Transporte
6.2.4 Armazenagem
6.2.5 Subzonas
6.2.6 Transporte Multimodal
6.2.7 Serviços Logísticos
6.2.8 Serviço Alfandegário
6.2.9 Sistema de Informação
6.2.10 Sistema de Segurança
6.2.11 Distribuição
6.2.12 Critérios de Proteção Ambiental
6.3 Conclusão da Aplicação do Modelo

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7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
ANEXO I - Estimativa Preliminar do Produto Interno Bruto 1997/96

ANEXO II - Exportações Brasileiras - Estados Produtores

ANEXO III - Importações Brasileiras - Estados Importadores

ANEXO IV - Movimento Aeroportuário

ANEXO V - Rede Rodoviária em Operação no Estado em 1998

ANEXO VI - Participação de cada porto na movimentação de cargas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Diferentes localizações logísticas

Figura 02 - Características físicas

Figura 03 - Esquema metodológico da Plataforma Logística

Figura 04 - Planta Baixa da Portobello EADI

Figura 05 - Esquema metodológico da Portobello EADI

Figura 06 - Setores e subsetores da Portobello EADI

Figura 07 - Transporte de distribuição da Portobello S/A

Figura 08 - Divisão do armazém da Portobello EADI

LISTA DE TABELAS

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Tabela 01 - Espaços logísticos

Tabela 02 - Conexão ferroviária com origem em Barcelona

Tabela 03 - Características e vantagens do armazém

Tabela 04 - Área dos módulos da ZAL

Tabela 05 - Acesso às instalações portuárias

RESUMO

Dada a importância da logística na melhoria dos serviços oferecidos ao cliente e na


dinamização dos custos, permitindo aumento da produtividade e globalização do mercado,
surgem as Plataformas Logísticas.

O presente trabalho desenvolveu um modelo de organização logística de uma Plataforma em


um terminal ( porto ), para isso, descreve a situação portuária brasileira, dada a importância
do porto nas relações comerciais no mundo.

O modelo é estruturado com base no modelo europeu de Plataforma Logística e na própria


compreensão de rede logística.

Quanto ao estudo de caso, foi realizado na Estação Aduaneira do Interior - EADI,


administrada pela Portobello Armazéns Gerais S/A . Foram analisados os setores logísticos,
bem como as vantagens e principais serviços da mesma, aplicando a metodologia
desenvolvida com a finalidade de verificar se a empresa tem condições de ser transformada
em uma Plataforma Logística.

Quanto aos resultados obtidos, conclui-se que, para se estruturar como uma Plataforma
Logística; a Portobello EADI, não possui eixos de transportes multimodais como uma
alternativa à circulação de mercadorias favoráveis à promoção da mesma, realizando apenas o
transporte rodoviário EADI – porto/aeroporto e, vice-versa. Mas Santa Catarina possui
condições para implantar uma Plataforma Logística, utilizando os recursos favoráveis de cada
região do estado.

ABSTRACT

Since logistic is an important factor for customer service improvement and cost efficiency,
which also improves productivity and market globalization, Logistic Platforms have arisen.

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The present work has developed a logistic organisation model for a Platform located at a
terminal (Harbor) and, to do that, describes brazilian harbors situation by taking into
consideration the importance of the harbor in the world commercial relationships.

The model is based on an european Logistic Platform and also on the logistic network itself.

The case study was done at Estação Aduaneira do Interior - EADI, managed by Portobello
Armazéns Gerais S/A. Logistic sections were analysed as well as their advantages and main
services by applying the developed technology in order to check if the company has
conditions to turn over a Logistic Platform.

According to the results obtained, we may conclude that, to be considered as a Logistic


Platform, Portobello EADI does not have multimodal transportation roads as an alternative to
transport products which could improve the company businesses. Only road transportation
EADI-harbor/airport and airport/harbor/EADI is done.

Santa Catarina State is able to create a Logistic Platform though, using the positive resources
found in each region.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Práticas Limpas Aplicadas às Indústrias Têxteis de Santa


Catarina

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA


CATARINA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Geruza Beatriz Henriques Martins

Abril de 1997

ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE


MESTRE EM ENGENHARIA
ESPECIALIDADE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E APROVADA EM SUA
FORMA FINAL PELO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

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_______________________________________
Prof. Dr. Ricardo Miranda Barcia
Coordenador do curso de pós-graduação

_______________________________________
Profa. Dra. Rejane Helena Ribeiro da Costa
Orientadora

Banca examinadora:
_______________________________________
Prof. Dr. Maurício Luiz Sens

_______________________________________
Prof. Dr. Bruno Hartmut Kopittke

_______________________________________
Prof. Dr. Armando Borges de Castilhos Júnior

SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

CAPÍTULO 1

1.1 - Introdução e Objetivos

CAPÍTULO 2 - INDÚSTRIA TÊXTIL

2.1 - Panorama da Indústria Têxtil

2.2 - Comércio Exterior


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2.2.1 - Situação Mundial

2.2.2 - Situação do Brasil e de Santa Catarina

CAPÍTULO 3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1- Práticas Limpas na Indústria Têxtil

3.1.1 - Aplicação de práticas limpas na indústria têxtil

3.1.1.1 - Controle do uso da água

3.1.1.2 - Modificações nos processos

3.1.1.3 - Produtos químicos

3.1.1.4 - Outras práticas

3.2 - Ferramentas em Prol da Qualidade

3.2.1 - Histórico do Conceito Qualidade

3.2.2 - Total Quality Management - TQM

3.2.3 - Total Quality Control - TQC

3.2.4 - Círculos de controle da qualidade - CCQ

a - Diagramas Ishikawa

b - Análise de Pareto

3.2.5 - Ciclo PDCA

3.2.6 - 5S’s

3.2.7 - Zero defeito

3.2.8 - Cartões Kanban

3.2.9 - Just-In-Time - JIT

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3.2.10 - Planejamento estratégico

3.3 - Certificações

3.3.1 - Iso Série 9000

3.3.2 - Iso Série 14000

CAPÍTULO 4 - LEVANTAMENTO INDUSTRIAL TÊXTIL

4.1 - Processo de Beneficiamento Têxtil

4.2 - Levantamento de Dados

4.2.1 - Utilização de água

4.2 2 - Geração de despejos

4.2.3 - Características dos despejos têxteis

4.3- Situação atual quanto à aplicação de práticas limpas nas indústrias têxteis de
SC

a- Máquinas

a1 - Substituição de máquinas

a2 - Operações inovadoras

a3 - Processos diferenciados

a4 - Tingimento

a5 - Lavagem

a6 - Automação

b - Produtos químicos

c - Processos de recuperação

c1 - Recuperação de produtos
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c2 - Reutilização da água

c3 - Substituição de máquina

d - Consumo de energia

e - Despejos

f - Controle de resíduos sólidos

g - Produtos ecológicos

h - Ferramentas nas linhas de produção

i - Atividades isoladas

4.4- Pontos críticos observados dentro das indústrias, ao longo das linhas de
produção

CAPÍTULO 5 - PROPOSTA DE PLANO DE AÇÃO NAS INDÚSTRIAS


TÊXTEIS

5.1 - Proposta para "Modelo de Gestão em Práticas Limpas"

5.1.1 - Considerações de um programa de avaliação e inovação

5.1.2 - Etapas básicas do processo de inovação tecnológica

5.1.3 - Macrofluxograma dos procedimentos envolvidos

5.1.4 - Estrutura a ser adequada para a viabilidade de inovações

5.1.5 - Orientações e discussões na implementação do plano de ação

5.1.6 - Exemplos de planos de ação

5.1.7 - Avaliações

5.1.8 - Novas etapas

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CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

ANEXOS

Anexo 1

1.1- Diagrama Ishikawa.

1.2 - Ciclo PDCA.

1.3 - Análise de Pareto e Histograma.

1.4 - Brainstorming.

Anexo 2

2.1 - Lista dos requisitos das normas da ISO Série 9000.

2.2 - Projeto de normas internacionais da gestão do meio ambiente.

Anexo 3

3.1 - Abastecimento de água das indústrias.

3.2 - ETE convencional.

3.3 - Lavador de gases.

RESUMO
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Este trabalho sintetiza um estudo acerca do processo produtivo e da problemática
dos resíduos líquidos industriais têxteis.

Na tentativa de otimizar esse processo inserindo-se as chamadas "tecnologias ou


práticas limpas", visitou-se 10 indústrias da região do Vale do Itajaí em Santa
Catarina, para a verificação das atividades desenvolvidas por aquele setor, em
busca do perfil de processamento dessa área no estado.

Com políticas em prol da qualidade de produtos e serviços, verificou-se atenções


dispendidas ao longo do processamento e as políticas de mercado integradas nessa
área.

Utilizou-se as possibilidades adquiridas através das ferramentas gerenciais da


produção, como: TQM, TQC, CCQ, JIT, 5’S, Análise de Pareto, Kanban, entre
outras.

Para análise das práticas limpas, acompanhou-se o setor de beneficiamento têxtil.


Esta área foi priorizada porque vem dela a maioria dos resíduos gerados na
indústria.

Os pontos específicos observados foram os equipamentos, produtos químicos,


consumo de água e energia, matéria prima e tipo de processamento, com vistas a
minimização dos efluentes no processo produtivo e redução da carga poluidora dos
mesmos.

Foi observado o conhecimento específico do operário na linha de processo e na


máquina, o que garante independência, autonomia e criatividade em situação de
eventual necessidade. A grande maioria das indústrias apresenta algum tipo de
trabalho ou tendência no sentido de inovar processos, otimizar perdas e qualificar
produtos. A ISO 9000, carta magna regente na garantia da qualidade, é um fator
encorajador no papel de readministração da atividade industrial, ela pode ser a
alavanca para se repensar o processo produtivo e direcionar as atividades em favor
da ISO 14000, que aí está.

Apresenta-se uma proposta, com base em estratégias de um programa de avaliação


e inovação, tendo o objetivo de viabilizar as práticas limpas e/ou qualquer outra
ferramenta de apoio que venha ao encontro de uma melhor produção têxtil, sob o
ponto de vista ambiental.

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ABSTRACT

This essay synthesizes a study the production process and the problem of the textile
industry liquid residues.

In the attempt to optimize this process inserting the so called "clean technologies or
practices" ten industries of the area of Vale do Itajaí in Santa Catarina werw visited,
in order to verify the activities developed or performed in that sector, in search for
the processing profile used in that area of the state.

With policies in favor of quality of products and services, special attention was
noticed to be paid along the process and the integrated marketing policies in that
area.

As situational analysis we used the knowledge acquired through the prodution


management tool, such as: TQM, TQC, CCQ’s, JIT, 5S’s, Pareto’s analysis,
Kanban, among others.

For the clean practices analysis, the textile improvement sector was visited. This is
the area from which most of the waste matter generated by the industry comes, and
for that reason it was given priority.

The specific points abserved were equipment, chemical products, water and energy
consumption, raw-material, and type of processing, which are aimed at the
minimization of liquids efluents in the production process and reduction of its
polluting load.

Also observed was the specific knowledge of the operator on the processing line
and at the equipment, which guarantees independence, autonomy and creativity in
case of possible need. Most textile industries have in effect or are about to
implement a program for innovating processes, minimizing losses and increasing
the quality of the products. ISO 9000 the regent magna carta in quality guarantee, is
an encouraging factor in the reorganization role of the industrial activity, which can
be the lever for one to rethink the production process and direct the activities
towards ISO 14000, which is upon us.

A proposal is presented, based on strategies of an evaluating and innovating


program with the aim of making viable the clean practices program and any other
support tool which comes to improve textile production, under the environmental
aspect.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO

INFLUÊNCIA DE FATORES INDIVIDUAIS NA


INCIDÊNCIA DE DOR MÚSCULO-ESQUELÉTICA EM
MOTORISTAS DE ÔNIBUS DA CIDADE DE
LONDRINA -PR

Marcos Roberto Queiróga

Florianópolis - Santa Catarina - Brasil


Março de 1999

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INFLUÊNCIA DE FATORES INDIVIDUAIS NA
INCIDÊNCIA DE DOR MÚSCULO-ESQUELÉTICA EM
MOTORISTAS DE ÔNIBUS DA CIDADE DE
LONDRINA - PR

Marcos Roberto Queiróga

Dissertação apresentada
ao Curso de Pós
Graduação em Engenharia
de Produção da
Universidade Federal de
Santa Catarina para a
obtenção do Título de
Mestre em Engenharia de
Produção.

Orientador: Prof. Dr. Glaycon Michels

INFLUÊNCIA DE FATORES INDIVIDUAIS NA INCIDÊNCIA DE DOR


MÚSCULO-ESQUELÉTICA EM MOTORISTAS DE ÔNIBUS DA CIDADE
DE LONDRINA - PR

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Marcos Roberto Queiróga

Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de Mestre


em Engenharia de Produção, e aprovada em sua forma final pelo programa
de Pós-Graduação em Engenharia de Produção

____________________________
Prof. Ricardo Miranda Barcia, PhD.
Coordenador

Banca examinadora:

_____________________
Prof. Glaycon Michels, Dr.
Orientador

________________
Prof. Neri dos Santos, Dr.
Membro

___________________
Prof. Édio Luiz Petroski, Dr.
Membro

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a


minha irmã Carmem Isabel
Queiróga Tonet, pois
embora tenha seus
compromissos particulares,
em momento algum mediu
esforços para cuidar de
mim ou de outro familiar.
Saiba que sua ajuda foi
fundamental em minha
carreira acadêmica e
profissional. Nunca esqueci
do que fez ou faz, mesmo
na distância ou ausência.
Sua bondade e carisma
são admiráveis, e por isto
"Fia", a você todo meu
respeito e admiração.

AGRADECIMENTOS

A todos amigos e amigas que direta ou indiretamente participaram de


minha vida acadêmica e profissional, e em especial:

Ao meu Orientador Glaycon Michels, que em todas as situações se fez


presente, solucionando dúvidas e sugerindo modificações;

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Aos meus pais, Antônio e Dolores, a minhas irmãs e irmãos Dalila e Olga,
Osmar, Ismael, Vanderlei e José Carlos, pela compreensão e apoio, minha
gratidão;

Aos amigos, Paulo Vicente Viana e Vilmar Aparecido Caus que me


auxiliaram diretamente na realização deste objetivo. Meus sinceros
agradecimentos;

Ao professor Abdallah Achour Júnior, pelo exemplo de profissionalismo na


Educação Física, além da motivação e auxilio que nos tem proporcionado,
minha eterna amizade;

Aos professores de estatística José Carlos Dalmas e Edio Visoni pelo


auxilio fundamental no tratamento dos dados;

Aos funcionários da empresa de transportes Viação Garcia, Geraldo, Keila,


Luci, Marilene, entre outros, que me ofereceram todo suporte necessário
durante a coleta de dados;

Aos moradores e amigos da república de Florianópolis André, Erlon,


Deison, Muriel, Rafael e tantos outros, pelos momentos de alegria,
incentivo e companheirismo demonstrado durante todo o período que
passamos juntos. Valeu, sentiremos saudades;

À minha grande amiga e companheira de Mestrado Marcelle de Oliveira


Martins, pelo apoio em todos os momentos desta jornada;

Aos Professores e amigos das Baiaas da produção, do Centro de


Desportos e do Núcleo de Pesquisa em Cineantropometria e Desempenho
Humano NuCIDH/UFSC, pelo carinho recebido, minha sincera amizade.

SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

1 - O PROBLEMA
1.1 INTRODUÇÃO

1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO

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1.2.1 Objetivo geral

1.2.2 Objetivos específicos

1.3 QUESTÕES A INVESTIGAR

1.4 DEFINIÇÃO DE TERMOS

2 - REVISÃO DE LITERATURA
2.1 TRABALHO E ERGONOMIA

2.2 A PROFISSÃO DE MOTORISTA

2.3 EXIGÊNCIAS PSICOMOTORAS DA PROFISSÃO DE MOTORISTA

2.3.1 Exigências mentais e sensoriais do motorista

2.3.2 Exigências motoras na atividade do motorista

2.4 DESCRIÇÃO ANÁTOMO-FUNCIONAL DA COLUNA VERTEBRAL

2.5 CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS E CONSEQÜÊNCIAS DO ESTAR


SENTADO.(Postura sentada)

2.5.1 Mecânica da postura sentada

2.5.2 Conseqüências da postura sentada

2.6 TRABALHO E AS DESORDENS MÚSCULO-ESQUELÉTICAS


2.6.1 Fatores de risco para a dor músculo-esquelética (DME)

2.6.2 Fatores de risco para a dor músculo-esquelética na coluna lombar (DMECL)

2.6.3 Custo econômico da DME relacionada ao trabalho

2.6.4 Associação da DME com índices de aptidão física

2.7 ENFERMIDADES, DESORDENS E CONSEQÜÊNCIAS DA PROFISSÃO


DE MOTORISTA
2.7.1 Doenças do sistema cardiorrespiratório

2.7.2 Dor músculo-esquelética em motoristas

2.7.3 Dor na coluna lombar


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2.7.4 Conseqüências da exigência mental

3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 METODOLOGIA

3.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

3.3 MODELO DO ESTUDO

3.4 SELEÇÃO DOS SUJEITOS

3.4.1 População e amostra


3.5 CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA

3.6 COLETA DOS DADOS

3.7 INSTRUMENTOS DE MEDIDAS

3.8 DESCRIÇÃO DOS TESTES E MEDIDAS

3.8.1 Medida de massa corporal

3.8.2 Medida de estatura

3.8.3 Teste de flexibilidade

3.8.4 Teste de abdominal

3.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA

3.10 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Resultados gerais do estudo

4.2 Incidência de DME nos motoristas de ônibus de Londrina

4.3 Resultados médios dos testes e medidas de motoristas com e sem DME

4.4 Diferença média entre os fatores individuais de motoristas de ônibus com e sem
DME

4.5 Diferença das médias dos fatores individuais em motoristas de ônibus com e
sem DMECL
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4.6 Associação entre os fatores individuais dos motoristas de ônibus

4.7 Diferença entre os motoristas com (DME/DMECL) e sem DME de acordo com
as associações apresentadas dentro dos grupos

5 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES
5.1 CONCLUSÕES

5.2 SUGESTÕES

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS

RESUMO

O estudo teve como objetivo investigar a influência dos fatores individuais


idade, massa corporal, estatura, índice de massa corporal (IMC), tempo
total de trabalho (TTT) e desempenho nos testes de abdominal e de
flexibilidade do quadril, na incidência de dor músculo-esquelética (DME)
em motoristas de ônibus da cidade de Londrina PR. A amostra foi
composta por 150 motoristas com média de idade entre 37.9 ± 6.8 anos.
Os resultados foram analisados utilizando-se estatística descritiva, o teste t
de Student, e o teste t para correlação com nível de significância de p<
0,05. Observou-se que 61% dos motoristas relataram DME em alguma
região. A coluna lombar foi a região corporal de maior incidência de dor,
com 37%. Verificou-se diferenças significativas entre as médias de idade
dos motoristas com e sem DME, e entre as médias da flexibilidade do
quadril dos motoristas com e sem DMECL. O teste para correlação, indicou
diferenças significativas para os fatores individuais massa corporal e IMC e
para idade e abdominal nos motoristas com e sem DMECL. Esta análise
indicou que o aumento da massa corporal nos motoristas com DMECL
provoca uma elevação no IMC e que, com o envelhecimento, realizam um
menor número de abdominais. Estas correlações ocorreram de forma
contrária nos motoristas sem DME. Os fatores individuais, idade e TTT,
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massa corporal e estatura, TTT e IMC, idade e IMC, massa corporal e
abdominal, mesmo tendo apresentado correlações significativas dentro dos
grupos com e sem dor (DME e DMECL), não demonstraram diferenças
estatísticas entre os mesmos, mostrando que o comportamento destes
fatores foi semelhante. Os resultados do presente estudo indicam que a
incidência de DMECL nos motoristas de ônibus da cidade de Londrina PR,
pode ter recebido influência dos fatores individuais estatura e IMC e idade
e resistência muscular abdominal uma vez que foram os únicos fatores que
diferiram entre os motoristas que apresentaram dor nesta região.

ABSTRACT

This study had the purpose to investigate the influence of individual factors
such as age, body mass, height, body mass index (BMI), working total time
(WTT) and performance on sit ups and hip flexibility tests on
musculoskeletal pain (MP) in bus drivers of Londrina, Paraná State. The
sample had 150 bus drivers with mean age of 37.9 (SD=6.8). The results
were analyzed through descriptive statistics, Student t test, and t test for
correlation with an alpha level of p<0.05. The analysis indicated that 61% of
bus drivers had some MP. The lumbar spine was the body site that
presented greater incidence of pain (37%). There was a significant
differrence on the mean age of drivers with and without MP, and on the
mean of hip flexibility of drivers with and without MPLS. The test for
correlation indicated a significant difference for the individual factors of body
mass and body mass index, and for age and sit ups in the drivers with and
withouth MPLS. This analysis indicated that the BMI of drivers with MPLS
increased according to the body mass increase, and as aging they tend to
perform less sit ups. The individual factors age and WTT, body mass and
height, WTT and BMI, age and BMI, body mass and sit ups presented
significant correlation within groups with and without pain (MP and MPLS).
There were not statistically significant difference between groups indicating
that those factors were equal. The results of this study suggest that MPLS
bus drivers belonging to Londrina City, Paraná State could be influenced by
individual factors such as height and BMI, and age and abdominal muscles
resistance since those factors differed in the drivers that presented pain in
that site.
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Revista Gestão Industrial, Vol. 2, No 4 (2006)
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Capa > Vol. 2, No 4 (2006) > Furlanetto
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ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NO BRASIL:


REFLEXÕES ACERCA DA ATUALIZAÇÃO DOS
CURRÍCULOS DOS CURSOS DEGRADUAÇÃO
Egidio Luiz Furlanetto, Henri Geraldo Malzac Neto, Cleiber Pereira Neves

Resumo

O presente artigo tem por objetivo apresentar uma reflexão acerca da atualidade dos conteúdos
abordados nos diferentes currículos dos cursos de graduação em Engenharia de Produção no Brasil. Para
tal, foram tomados por base quatro grandes temas considerados transversais e atuais para a formação
dos engenheiros em geral e, especialmente, dos engenheiros de produção, sendo eles: Gestão da
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Inovação, Ética e Responsabilidade Social, Gestão Ambiental e Empreendedorismo. Devido às
características próprias do curso de engenharia de produção o artigo procura, ainda, identificar a carga
horária média dedicada aos componentes curriculares específicos de administração, procurando
compará-la entre as diferentes ênfases. A metodologia utilizada consistiu-se de uma pesquisa às páginas
oficiais dos cursos de Engenharia de Produção vigentes no Brasil em 2005. No total, foram pesquisadas
42 instituições e a amostra foi constituída de 48 cursos, tendo em vista que duas instituições de ensino
superior possuem mais de uma ênfase, o que representou aproximadamente 25% dos 188 cursos
registrados no INEP em 2005. Como resultado da pesquisa, é possível concluir-se que, em geral, os
quatro temas selecionados estão sendo tratados de forma muito tímida pelos diferentes cursos que
compõem a amostra da presente pesquisa, deixando uma primeira impressão de que os cursos, por
meio de suas estruturas curriculares, não estão conseguindo acompanhar a rápida evolução que ocorre
com a sociedade em geral e, em especial, com o mercado.

Texto Completo: PDF

ISSN: 1808-0448

Page 1
34
Resumo
Apresentação dos aspectos principais da Biblioteca Digital de Teses e
Dissertações da Universidade de São Paulo (USP): o processo de
desenvolvimento adotado para a implementação do site, a tecnologia
utilizada, a arquitetura e a funcionalidade. Discussão sobre a Biblioteca
Digital no processo de pós-graduação da USP. Relato das várias
decisões não-técnicas adotadas ao longo do projeto, que tiveram grande
impacto no resultado final.
Palavras-chave
Biblioteca digital; Teses on-line.
The University of São Paulo Digital Library of
Theses and Dissertations
Abstract
The main aspects involved in the development of the digital library of theses
and dissertations of the University of São Paulo (USP) are discussed: the
process adopted to accomplish the objective, the technology used, and the
digital library architecture and functionality. Two other aspects are also
discussed: how the digital library is inserted in the whole USP graduation
process and various non technical, crucial decisions taken throughout the
development process.
Keywords
Digital libraries; Online theses.

A Biblioteca Digital de Teses e


Dissertações da Universidade de São
Paulo
Paulo Cesar Masiero
Presidente da Comissão Central de Informática (CCI) e Diretor do
Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação de São Carlos
–ICMC/USP. masiero@icmc.sc.usp.br
Carlos Frederico Bremer
Professor da Área de Engenharia de Produção da Escola de
Engenharia de São Carlos – EESC/USP. bremer@sc.usp.br
Teresinha das Graças Coletta
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 224
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
Bibliotecária, diretora técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas
da USP – SIBi/USP. coletta@sibi.usp.br
Maria de Lourdes Rebucci Lirani
lurdinha@sc.usp.br
Rogério Toshiaki Kondo
rogerio@sc.usp.br
Antonio C. Aragão
Analistas de Sistemas do Centro de Informática de São Carlos –
CISC/USP. ac.aragao@bol.com.br
Elaine Paiva Mosconi
Bibliotecária, mestranda em Engenharia de Produção da Escola de
Engenharia de São Carlos – EESC/USP, pesquisadora do NUMA –
Núcleo de Manufatura Avançada. elainepm@sc.usp.br
Aziz Donizzetti Cavalheiro Salem
Analista de Sistemas do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP –
SIBi/USP. aziz@sibi.usp.br
INTRODUÇÃO
A Universidade de São Paulo (USP) implantou em junho
de 2001 a sua Biblioteca Digital de Teses e Dissertações1,
com o objetivo de facilitar o acesso remoto a essa parte de
sua produção intelectual. A USP possui o maior sistema
de pós-graduação do país e produz anualmente cerca de
1.500 teses de doutorado e 2.600 dissertações de mestrado,
em 259 programas de pós-graduação. A diversidade e a
complexidade desse sistema, aliadas à novidade do tema,
já que não há até o momento outra iniciativa institucional
desse porte no país, apresentaram vários desafios à equipe
encarregada do seu desenvolvimento.
A Biblioteca Digital engloba teses e dissertações nas áreas
de humanas, exatas e biológicas, com diferentes estruturas
e conteúdos. Das mais simples (apenas texto) até aquelas
mais complexas (compostas de vídeos e imagens). Nesse
contexto, é verdadeira a afirmação de Fox & Marchionini2:
“Bibliotecas digitais envolvem a integração de sistemas
complexos, incluindo coleção de documentos com
estruturas, mídias e conteúdos variados, além de uma mistura
de componentes de hardware e software interoperando, ao
longo de diferentes estruturas de dados, algoritmos de
processamento e múltiplas pessoas, comunidades e
instituições com diferentes objetivos, políticas e culturas”.
Iniciativa semelhante à da USP é apresentada por Urs e
Raghavan3, sobre a biblioteca digital de teses da Índia.
O objetivo deste artigo é relatar e discutir as principais
decisões e o processo organizacional utilizado, visando a
facilitar a sua reprodução em outras universidades do país.
Descreve-se o processo de desenvolvimento, a tecnologia
utilizada e a arquitetura da Biblioteca Digital.
Sucintamente, são apresentadas as suas principais
funcionalidades e sua interface com os usuários. Mostra-
se como a Biblioteca Digital está inserida no processo de
pós-graduação da USP e apresenta-se uma discussão sobre
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vários problemas não-técnicos que se mostraram cruciais
para o sucesso da iniciativa.
O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
O processo foi iniciado pelo reitor da Universidade. Foi
constituída a Comissão de Implementação da Biblioteca Digital
de Teses e Dissertações na USP, através de Portaria4, formada
pelo presidente da CCI (Comissão Central de Informática
Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 3, p. 34-41, set./dez. 2001

Page 2
35
da USP), pelo diretor técnico do SIBi
(Sistema Integrado de Bibliotecas da
USP), por um docente e por um
analista de sistemas. Uma equipe fixa
de dois analistas de sistemas apoiou
a Comissão. Outros analistas de
sistemas e bibliotecários colabora-
ram em tempo parcial, auxiliando
em tarefas específicas. O projeto teve
a duração de um ano, e, dentre os
membros, apenas um analista de sistemas trabalhou em
tempo integral. O pró-reitor de pós-graduação atuou como
usuário e facilitador do projeto e como intermediário entre
a Comissão e o Conselho de Pós-graduação, que
representava os usuários (internos) da Biblioteca Digital.
Ao longo do projeto, foram feitas três reuniões com o
Conselho de Pós-Graduação para tomada de decisões
quanto à forma de sensibilização dos docentes e alunos de
pós-graduação. Além disso, foi fundamental a participação
da Consultoria Jurídica para a definição quanto à
legislação, em especial, a questão dos direitos autorais.
A Comissão estabeleceu um plano de trabalho que
compreendeu sete grandes fases, ilustradas na figura 1.
Inicialmente procedeu-se a uma prospecção tecnológica
com o objetivo de definir padrões a serem utilizados e a
estratégia de desenvolvimento. Foram pesquisados
softwares e metodologias de várias empresas e visitados
vários sites de universidades do exterior para definir as
funcionalidades gerais de uma biblioteca digital. Feito isso,
a Comissão de Implementação decidiu pela utilização do
formato PDF para os arquivos e as plataformas de software/
hardware e o software aplicativo da Networked Digital
Library of Theses and Dissertations (NDLDT), uma
iniciativa internacional de apoio ao desenvolvimento de
bibliotecas digitais5. Para isso, a USP associou-se a essa
organização e teve acesso ao código fonte de módulos de
software já desenvolvidos. Esse software não contém um
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robô de busca e, portanto, outros estudos foram feitos para
definir esse componente.
Em seguida deu-se início ao processo de engenharia de
software. O software da NDLTD foi instalado e adaptado.
Nesse processo, muitos componentes, inicialmente
programados em PEARL, foram refeitos em PHP, e novos
componentes foram desenvolvidos pela equipe. Para os
usuários, foi definida uma nova interface, desenvolvido
um cadastro e traduzida parte do material de auxílio. Foi
programada também a interface com o Sistema de Pós-
Graduação (FÊNIX), destinado aos controles de
matrículas nos cursos de pós-graduaação da USP, e o Banco
de Dados Bibliográficos (DEDALUS), que abriga a Base
Tese, com os registros bibliográficos e resumos das teses
defendidas, em formato MARC. Foi adotada uma
abordagem de prototipação, em que se produziu
rapidamente uma versão operacional (em quatro meses) e
a partir daí foram produzidas mais três versões.
Enquanto se desenvolvia o software, parte da Comissão
encarregou-se de estudar as macroatividades relacionadas
genericamente a um programa de pós-graduação para
definir em quais pontos a criação de uma biblioteca digital
iria interferir nas rotinas. Era necessário definir
precisamente como essa intervenção se daria, bem como
para, a partir desse processo, definir outras tarefas não
técnicas que a Comissão teria de executar para implantar
o sistema. Esse estudo produziu um modelo do processo
de pós-graduação da USP e uma lista de tarefas que foram
distribuídas entre os membros da equipe e executadas de
acordo com o processo descrito na figura 1. Como exemplo,
citam-se: a) definição de diretrizes para a elaboração de
teses e dissertações, baseadas nos manuais já existentes na
Universidade, sob responsabilidade do SIBi; b) definição
do conjunto de metadados para a descrição bibliográfica
das teses e dissertações, segundo os padrões do Dublin
Core; c) aquisição e instalação, em todas as bibliotecas, de
cópias do sistema Adobe Acrobat (a cargo do Centro de
Computação de cada campus e do SIBi).
Com a operacionalização da primeira versão da Biblioteca
Digital, deu-se início ao projeto piloto, com a participação
de dez programas de pós-graduação, com peculiaridades
distintas, para que se pudesse avaliar os principais pontos
de dificuldades para as diferentes áreas do conhecimento.
Para isso, preparou-se um treinamento para os funcionários
das bibliotecas, das seções de pós-graduação e dos centros
de informática envolvidos. Assim, os programas já
treinados passaram a inserir teses no sistema, testando os
procedimentos definidos. O treinamento foi avaliado e
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depois prosseguiu estendendo-se para todos os demais
programas de pós-graduação. Para o lançamento do
sistema, a Comissão preparou um plano de divulgação que
incluiu a confecção de cartazes, banners, kits (composto de
pasta, mouse pad, adesivos e folder) e divulgação pelas mídias
A Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo
Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 3, p. 34-41, set./dez. 2001
FIGURA 1
Processo macro de trabalho de implementação

Page 3
36
internas da USP (Jornal da USP,
outdoors, e-mails, site do SIBi e Portal da
USP), com o objetivo de atingir os
estudantes de pós-graduação, os
orientadores e toda a comunidade
acadêmica.
Visando à operação e evolução do
sistema, foram definidas as
responsabilidades dos centros de
informática, das bibliotecas e dos
programas de pós-graduação após a
implantação.
Aliado às discussões da criação da
Biblioteca Digital, foi idealizado o
Portal do Conhecimento da USP
(http://www.saber.usp.br)6, a ser
constituído de diversas bibliotecas
digitais, sendo a de teses e dissertações
o seu primeiro produto. Com isso,
todas as futuras bibliotecas digitais na
Universidade devem observar os
conceitos do Portal, para o qual está
em fase de definição um comitê gestor.
TECNOLOGIA E
ARQUITETURA DA
BIBLIOTECA DIGITAL
A Biblioteca Digital foi desenvolvida em plataforma de
hardware com processador Intel, sistema operacional Linux,
distribuição Red Hat, Apache com SSL (openssl e mod_ssl)
como servidor Web e MySQL para armazenamento de dados.
O sistema foi dividido em dois sites: um de trabalho, para
uso dos alunos, bibliotecários, seções de pós-graduação e
administradores e outro público, para acesso às teses pela
Internet. Os dois sites estão, no momento, instalados no
mesmo servidor, que também hospeda os serviços de banco
de dados e de Web. O servidor Apache foi configurado
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para atender a dois IPs.
Uma configuração atende às necessidades do site de
trabalho, utilizando os scripts em PERL e acesso ao banco
de dados para inserção, remoção e atualização e SSL para o
processamento de contas e senhas pela Internet. Outra
configuração atende às necessidades da Biblioteca Digital
usando páginas escritas em PHP e acesso ao banco de dados
para consulta. Nesse site, usa-se SSL para cadastramento
dos visitantes.
Planeja-se substituir o hardware por uma estação de
trabalho RISC de grande porte. Embora a configuração
atual mantenha os dois sites em um mesmo computador,
pode-se separá-los, se for conveniente. O site de trabalho
pode ser duplicado para atender a um particular campus,
mantendo apenas um banco de dados local. Nesse caso
poderia ser mantido um site global na sede da Biblioteca
Digital, que armazenaria as teses de cada campus. Ossp
evitaria tráfego desnecessário na Wan da Universidade.
Como já mencionado, a NDLDT não disponibiliza um
robô de busca. Vários robôs foram testados pela equipe e
optou-se pelo software Insearch, da INSITE [7], que cede,
em convênio, o direito de uso gratuito pela USP. Esse
componente pode ser facilmente mudado para outros robôs
de busca comerciais ou de uso livre.
A figura 2 mostra uma visão geral da Biblioteca Digital.
A submissão é feita pelos alunos no site de trabalho. Cada
aluno recebe uma senha com validade temporária, que
expira quando a tese ou dissertação é inserida no site. Nesse
site, os alunos encontram instruções para submeter as teses
e são guiados pelo sistema durante o processo de submissão.
Paulo Cesar Masiero / Carlos Frederico Bremer / Teresinha das Graças Coletta / Maria
de Lourdes Rebucci Lirani /
Rogério Toshiaki Kondo / Antonio C. Aragão / Elaine Paiva Mosconi / Aziz Donizzetti
Cavalheiro Salem
Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 3, p. 34-41, set./dez. 2001
FIGURA 2
Arquitetura da Biblioteca Digital

Page 4
37
Os dados das teses são replicados
dos sistemas institucionais
(DEDALUS e FENIX) para o site
de trabalho. Quando o aluno
submete a tese à Biblioteca
Digital, o sistema busca no FÊNIX
os metadados referentes à banca
examinadora, data da defesa,
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orientador e o título. O aluno
complementa informações tais
como o resumo e o abstract.
Quando a versão impressa e a
versão digital estão disponíveis, a
biblioteca da Unidade completa
os dados bibliográficos: número
de tombo e classificação (código
de localização). A Biblioteca
Digital gera então um registro
bibliográfico no padrão MARC,
que é automaticamente inserido
no DEDALUS.
Os funcionários das seções de
pós-graduação geram senhas para
os alunos, inserem e conferem dados e verificam se a tese
submetida corresponde àquela defendida. Os
bibliotecários inserem e conferem os dados bibliográficos,
conferem os arquivos submetidos e liberam a tese para
consulta em http://www.teses.usp.br, se não houver
restrições do autor. O sistema gera automaticamente
mensagens para os autores e orientadores sobre os eventos
ocorridos, como, por exemplo, que a tese foi submetida ou
que foi liberada para consulta. O sistema está sendo
preparado também para enviar mensagens sobre
estatísticas de consulta aos orientadores.
O módulo público tem o objetivo principal de permitir a
consulta às teses disponíveis. O sistema indexa tanto os
dados da tese, ou metadados (título, autor, banca
examinadora etc.), como o conteúdo da tese. A busca pode
ser feita pela Unidade USP, pelo programa de pós-
graduação, pela área de concentração, pelo nome do autor
e por qualquer palavra encontrada no texto. Está em fase
de implantação a busca por outros atributos, tais como
orientador e data da defesa. Esse módulo apresenta também
as estatísticas de uso do sistema, de forma bastante ampla
e variada. Uma visão geral da Biblioteca Digital é
apresentada na figura 3.
FUNCIONALIDADE DA BIBLIOTECA DIGITAL
O acesso à Biblioteca Digital pode ser feito também pelo
site institucional da USP [8], que remete para a página do
Portal do Conhecimento. Esse Portal agrega a Biblioteca
Digital de Teses e Dissertações e, futuramente, outras
bibliotecas digitais que venham a ser desenvolvidas.
O design da interface com o usuário segue o design geral da
página principal da USP.
A página principal da Biblioteca Digital apresenta notícias
gerais sobre a USP, datas previstas de defesas de teses,
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alimentadas descentralizadamente pelos próprios
programas de pós-graduação, e as últimas teses inseridas.
Há também o acesso ao módulo de cadastramento dos
usuários. Estes têm a opção de receber informações sobre
novas teses inseridas em áreas de sua escolha. A ligação
para estatística mostra grande variedade de dados: as teses
mais visitadas em geral, por Unidade e área de
concentração, estatísticas de acesso ao site por países, por
páginas, por hits etc.
A busca a partir da página principal remete a uma listagem
das teses encontradas (se for por Unidade ou programa,
por exemplo). Clicando-se em uma das teses aparecem os
metadados da tese e o acesso ao texto completo. Isto pode
ser feito também a partir do DEDALUS, através de links.
A figura 3 mostra a página inicial da Biblioteca Digital, a
página de entrada e uma página com dados de uma tese.
A Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo
Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 3, p. 34-41, set./dez. 2001
FIGURA 3
Interface pública da Biblioteca Digital

Page 5
38
PROCESSO NO QUAL A BIBLIOTECA DIGITAL
ESTÁ INSERIDA
As atividades envolvidas no processo de pós-graduação,
tanto dos alunos e orientadores, como da secretaria de
pós-graduação e das bibliotecas foram analisadas e
registradas formalmente. As atividades foram classificadas
como:
• atividades independentes da Biblioteca Digital;
•atividades modificadas pela criação da Biblioteca Digital;
•atividades novas introduzidas a partir da criação da
Biblioteca Digital.
A tabela 1 apresenta uma visão parcial desses
macroprocessos. No documento original, há ainda alguns
outros subníveis, e colunas para registrar os recursos usados
em cada atividade, e as informações de entrada e de saída
de cada processo.
Pode-se verificar na tabela que as atividades novas estão
destacadas em negrito, e as atividades que já existiam,
modificadas com a introdução da biblioteca digital,
aparecem em itálico. A maior parte das atividades novas
concentra-se na conclusão do processo. Porém, a
Comissão de Implementação incluiu uma atividade de
divulgação da Biblioteca Digital logo no início das
atividades de pós-graduação, para que o aluno se familiarize
com o assunto.
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Nota-se também que a parte principal do processo está
centrada no aluno/autor, que é o responsável pela redação
da tese e geração do original digital, sua conversão para o
formato PDF, preenchimento, assinatura e entrega do
documento de autorização de cópia e submissão à
Biblioteca Digital. As bibliotecas têm o trabalho novo de
conferir a versão digital, mas o trabalho de processamento
da versão impressa é facilitado. À seção de pós-graduação
é acrescido o trabalho de gerar senhas para os alunos e a
conferência de alguns dados da versão digital. No futuro
esse trabalho pode ser modificado, pois a versão impressa
pode ser abolida, como já ocorre em algumas universidades
no exterior.
DIFICULDADES NÃO-TÉCNICAS
Vários problemas não-técnicos surgiram durante o
desenvolvimento da Biblioteca Digital. Muitos tinham
potencial para paralisar ou inviabilizar o desenvolvimento
do projeto se não solucionado a contento, pois envolviam
a parte mais importante: o fornecedor de conteúdo, isto é,
os alunos de pós-graduação e seus orientadores. Esses
problemas são de natureza geral e têm grande probabilidade
de ocorrer em outras implementações.
Em seguida, são comentados os principais problemas
ocorridos na implementação, na ótica da Comissão e as
soluções adotadas.
O primeiro ponto importante é a questão do direito
autoral. Ampla discussão ocorreu entre a Comissão, o
Conselho de Pós-graduação e a Consultoria Jurídica da
USP. Ficou definido que o autor da tese é o aluno e que,
como autor, só ele pode autorizar a disposição on-line da
sua dissertação e/ou tese na Biblioteca Digital. Para tanto,
foi elaborado um documento que deve ser analisado e
preenchido pelo aluno antes de inserir seu trabalho.
Debateu-se também se os usuários do sistema deveriam
pagar para consultar ou fazer cópia das teses. Essa questão
é controvertida, pois concorrem para a execução de uma
tese ou dissertação o autor (o aluno), a Universidade e,
muitas vezes, órgãos públicos de apoio à pesquisa,
principalmente Fundação Coordenação de Aperfeiçoa-
mento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq). Além disso, a Universidade tem um
custo para manter o sistema em operação. Prevaleceu a
noção de que, por se tratar de uma universidade pública, o
acesso deveria ser livre, mas com os usuários cadastrados
para o usar o sistema. Tornou-se claro também que, ao
decidir-se por qualquer cobrança no futuro, os autores
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deverão receber um percentual do arrecadado, a título de
direito autoral. Alguns serviços adicionais que poderão
ser implementados, como a entrega de versões impressas
e encadernadas das teses a partir de pedidos dos usuários,
deverão ser cobrados para ressarcimento dos custos.
Durante o desenvolvimento do projeto, nos treinamentos
e nas visitas às unidades, em contato com alunos e
orientadores, dúvidas foram levantadas quanto à
efetividade da iniciativa, e a Comissão notou que em
muitas áreas havia receio em tornar disponível o trabalho
científico para um público potencialmente tão grande
como o propiciado pela Internet. Alguns dos receios foram
claramente identificados:
• maior facilidade para que as teses sejam copiadas,
aumentando os casos de plágio;
Paulo Cesar Masiero / Carlos Frederico Bremer / Teresinha das Graças Coletta / Maria
de Lourdes Rebucci Lirani /
Rogério Toshiaki Kondo / Antonio C. Aragão / Elaine Paiva Mosconi / Aziz Donizzetti
Cavalheiro Salem
Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 3, p. 34-41, set./dez. 2001

Page 6
39
TABELA 1
Macroprocessos das atividades de pós-graduação na USP
Níveis
Atividade
Responsável
1
REGISTRAR MATRÍCULA DE PÓS-GRADUANDOS
1.1
Preencher formulário de admissão
Pós-graduando
1.2
Cadastrar dados do pós-graduando
Sec. Pós-grad;
1.3
Arquivar formulário preenchido e assinado
Sec. Pós-grad;
1.4
Divulgar a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações
Sec. Pós-grad. e Bib.
2
CURSAR DISCIPLINAS
2.1
Selecionar disciplinas
Pós-graduando
2.2
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 233
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
Inscrever-se em disciplinas
Pós-graduando
2.3
Assistir a aulas
Pós-graduando
2.4
Cumprir requisitos da disciplina
Pós-graduando
2.5
Integralizar o número de créditos do programa
Pós-graduando
3
QUALIFICAR
3.1
Preparar texto para qualificação
Pós-graduando
3.2
Fazer qualificação
Pós-graduando
3.3
Obter aprovação
Pós-graduando
4
ESCREVER TESE/DISSERTAÇÃO
4.1
Estudar Diretrizes para elaboração de dissertações e teses
Pós-graduando
4.2
Redigir texto da tese ou dissertação
Pós-graduando
4.2.1
Padronizar texto segundo as Diretrizes
Pós-graduando
5
DEFENDER TÍTULO
5.1
Finalizar texto de acordo com os resultados da qualificação
Pós-graduando
5.2
Marcar data de Defesa
Pós-graduando
5.3
Depositar versão impressa na secretaria pós-graduação
Pós-graduando
5.3.1
Entregar 4 cópias impressas (Dissertação)
Pós-graduando
5.3.2
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 234
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
Entregar 6 cópias impressas (Tese)
Pós-graduando
5.3.3
Assinar formulário de entrega
Pós-graduando
5.4
Enviar texto à banca
Sec. Pós-grad.
5.5
Cadastrar dados da defesa no FÊNIX
Sec. Pós-grad.
5.5.1
Cadastrar título segundo ABNT
Sec. Pós-grad.
5.5.2
Cadastrar demais dados
Sec. Pós-grad.
5.7
Fazer a defesa
Pós-graduando
5.8
Realizar correções
Pós-graduando
6
FINALIZAR PÓS-GRADUAÇÃO
6.1
Entregar versão final impressa
Pós-graduando
6.2
Aprender funcionamento da biblioteca digital
Pós-graduando
6.2.1
Consultar help on-line
Pós-graduando
6.2.2
Consultar manual impresso
Pós-graduando
6.3.
Preparar a submissão da versão digital
Pós-graduando
6.3.1
Preencher formulário de autorização de divulgação e
cópia da tese ou dissertação
Pós-graduando
6.3.2
Imprimir formulário de autorização
Pós-graduando
6.3.3
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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
Entregar formulário preenchido e assinado na SPG
Pós-graduando
6.3.4
Solicitar e Receber senha da SPG
Pós-graduando
6.3.5
Converter tese/dissertação para formato especificado
Pós-graduando
6.3.6
Usar ID e senha para entrar no site de serviço
Pós-graduando
6.3.7
Preencher formulário de submissão da tese ou dissertação
Pós-graduando
6.4
Submeter teses ou dissertação eletronicamente (Upload)
Pós-graduando
6.4.1
Fazer upload da versão digital
Sistema TDE
6.4.2
Encaminhar aviso de submissão para orientador e
Sistema TDE
SPG por e-mail
A Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo
Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 3, p. 34-41, set./dez. 2001
(continua)

Page 7
40
• muitos autores pensam em publicar suas teses em forma
de livros, principalmente na área de ciências humanas, e
isso poderia causar problemas de direito autoral, perda de
receita etc.;
• muitos autores, principalmente nas áreas de ciências
básicas, têm a preocupação de que se possa perder a
originalidade do trabalho, prejudicando a publicação de
artigos sobre a tese em periódicos, pedidos de patentes,
registro de espécimes (biologia) etc.;
• de forma mais velada, alguns deixaram transparecer uma
preocupação quanto à qualidade do trabalho,
principalmente em relação à redação, o que ficaria mais
exposto na Biblioteca Digital.
Para contornar essas situações, foram adotadas algumas
soluções técnicas. A principal é permitir que as teses sejam
inseridas e fiquem “retidas” pelo período de um ano, que
pode ser estendido. Nesse caso, as teses não podem ter o
conteúdo consultado, mas os seus dados bibliográficos,
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 236
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
incluindo o resumo, e até as referências bibliográficas,
ficam disponíveis para consulta. Há também a
possibilidade de liberar para consulta apenas parte da tese
(alguns capítulos, p. ex.) deixando outros retidos.
Outra decisão importante foi quanto ao depósito
obrigatório ou não da versão digital. Considerando-se os
pontos discutidos anteriormente, que, se exacerbados,
poderiam inviabilizar o projeto, e, ainda, as
particularidades e o grau desejado de descentralização dos
Níveis
Atividade
Responsável
6.5
Gerenciar Versões Digitais
6.5.1
Verificar periodicamente teses submetidas
Sec. Pós-grad.
6.5.2
Revisar dados da tese/dissertação submetida
Sec. Pós-grad.
6.5.3
Checar formato do arquivo PDF
Sec. Pós-grad.
6.5.3.1
Abrir páginas aleatórias da teses ou dissertação
Sec. Pós-grad.
6.5.3.2
Verificar aparência de figuras, tabelas etc.
Sec. Pós-grad.
6.5.3.3
Incluir observações quando necessário
Sec. Pós-grad.
6.5.3.4
Encaminhar observações por e-mail
Sistema TDE
6.5.4
Providenciar correções
Pós-graduando
6.5.4.1
Receber e-mail com observações da SPG
Pós-graduando
6.5.4.2
Realizar correções se necessário
Pós-graduando
6.5.4.3
Enviar e-mail informando correções para SPG
Pós-graduando
6.5.5
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 237
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
Providenciar documentação final de aprovação (teses homologadas)
Sec. Pós-grad.
6.5.6
Finalizar correções
Sec. Pós-grad.
6.5.6.1
Receber e-mail informando correções
Sec. Pós-grad.
6.5.6.2
Colocar senha no arquivo PDF quando estiver OK
Sec. Pós-grad.
6.5.6.3
Liberar Tese/Dissertação para catalogação
Sec. Pós-grad.
6.5.6.4
Encaminhar aviso de disponibilidade para catalogação
Sistema TDE
por e-mail
6.6
Encaminhar versão impressa da tese/dissertação para a Biblioteca
Sec. Pós-grad.
7
TORNAR DISPONÍVEL TESE OU DISSERTAÇÃO
7.1
Receber versão impressa da tese ou dissertação
Biblioteca
7.2
Receber aviso da SPG por email
Biblioteca
7.3
Verificar teses/dissertações disponíveis para
Biblioteca
catalogar diariamente
7.3.1
Revisar dados bibliográficos da tese/dissertação
Biblioteca
7.3.2
Gerar arquivo MARC
Biblioteca
7.3.3
Importar registro MARC para catalogação
Biblioteca
7.3.4
Complementar dados no Sistema DEDALUS
Biblioteca
7.3.5
Catalogar tese/dissertação na Biblioteca Digital
Biblioteca
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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
7.4
Depositar versão impressa na estante
Biblioteca
8
GERENCIAR DADOS DO SISTEMA
8.1
Fazer estatísticas do site
Adm. Sistema
8.2
Enviar estatísticas do site aos interessados
Adm. Sistema
8.3
Administrar dados dos usuários da biblioteca digital
Adm. Sistema
Paulo Cesar Masiero / Carlos Frederico Bremer / Teresinha das Graças Coletta / Maria
de Lourdes Rebucci Lirani /
Rogério Toshiaki Kondo / Antonio C. Aragão / Elaine Paiva Mosconi / Aziz Donizzetti
Cavalheiro Salem
Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 3, p. 34-41, set./dez. 2001
(continuação)

Page 8
41
programas de pós-graduação na USP, o Conselho de Pós-
graduação decidiu que, em sua fase inicial, a submissão da
versão digital será voluntária, devendo essa questão voltar
a ser discutida no futuro. Com base nessa decisão, a
Comissão iniciou um plano de comunicação para divulgar
a Biblioteca Digital e incentivar a participação dos alunos
e orientadores.
Há dois receios verbalizados com freqüência pelos
orientadores quanto ao conteúdo do texto digital
armazenado pelo autor. Um refere-se à mudança do texto
após a defesa, isto é, sobre a possibilidade de que o aluno
corrija a tese na versão digital, levando em conta as
observações dos examinadores. Outro é que o aluno
submeta a tese com mudanças em relação ao exemplar
defendido, sem autorização do orientador, ou submeta,
sem perceber, um arquivo com erros.
O sistema é neutro em relação ao primeiro caso, que deve
ser resolvido por uma decisão administrativa. Há várias
alternativas: manter as versões digital e impressa da mesma
forma, manter o exemplar impresso como foi defendido e
inserir na Biblioteca Digital o exemplar corrigido etc. Para
o segundo caso, o sistema fornece dois pontos de controle.
O primeiro é efetuado pela seção de pó-graduação, que
insere e confere os dados relativos à tese provenientes do
sistema de pós-graduação (banca examinadora, data da
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 239
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
defesa, título etc.) e nesse momento abre os arquivos
submetidos pelo aluno e faz uma conferência superficial.
O segundo é efetuado nas bibliotecas, que também abrem
os arquivos quando inserem os dados bibliográficos e fazem
uma conferência geral, antes de liberar a tese para consulta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Discutiram-se neste trabalho alguns dos aspectos mais
importantes da implementação da Biblioteca Digital
de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo.
A Biblioteca está implantada, mas ainda há muitos
desafios para garantir o sucesso do projeto. Entre as várias
atividades em andamento, estão a melhoria da
documentação do site e a criação de relatórios para os
coordenadores de pós-graduação e para os orientadores,
novos treinamentos para os funcionários e a criação e
instalação do Comitê Gestor do Portal.
No momento, a Comissão encarregada da implementação
está envolvida no povoamento retrospectivo da base. Para
isso, todos os alunos que defenderam suas teses após o dia
primeiro de janeiro de 2000 estão sendo convidados a
inseri-las. Uma força-tarefa composta por estagiários foi
alocada para auxiliar e até mesmo realizar,
temporariamente, o trabalho. O Conselho de Pós-
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a colaboração de Adriana Hypólito Nogueira e
Marcia Rosetto, bibliotecárias do Departamento Técnico do SIBi/USP,
pela colaboração na definição dos metadados.
Artigo recebido em 19/11/2001.

Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 240
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
C. CELSO DE BRASIL CAMARGO

GERENCIAMENTO PELO LADO DA DEMANDA: METODOLOGIA


PARA IDENTIFICAÇÃO DO POTENCIAL DE CONSERVAÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA DE CONSUMIDORES RESIDENCIAIS

Tese de Doutorado junto ao Progama de Pós-graduação em Engenharia de


Produção da

Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, SC

Outubro de 1996

C. CELSO DE BRASIL CAMARGO

GERENCIAMENTO PELO LADO DA DEMANDA: METODOLOGIA


PARA IDENTIFICAÇÃO DO POTENCIAL DE CONSERVAÇÃO DE

Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 241
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
ENERGIA ELÉTRICA DE CONSUMIDORES RESIDENCIAIS

Esta Tese foi julgada adequada para a obtenção do título de Doutor, especialidade
em Engenharia de Produção, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção.

_________________________________________

Prof. Ricardo Miranda Barcia, Ph.D., Coordenador

Banca Examinadora:

_________________________________________

Prof. Cristiano José C. A. Cunha, Dr., Orientador

_________________________________________

Prof. Hans Helmut Zurn, Ph.D., Moderador

_________________________________________

Prof. Edvaldo Alves de Santana, Dr., Membro

_________________________________________

Prof.a Sílvia Modesto Nassar, Dra, Membro

_________________________________________

Prof. Edgar Pereira, Ph.D., Membro

_________________________________________

João José Cascaes Dias, Dr., Membro

Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 242
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
A Lys Nóbrega de Brasil Camargo

( In memoriam)

AGRADECIMENTOS

- Ao Professor, Dr. Cristiano José C. A. Cunha, pela orientação recebida durante a


realização do trabalho.

- &AGRAVE; CELESC, Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A., em especial ao


Administrador Hercílio Fernandes Neto e sua equipe, pelo apoio e o pronto
atendimento às nossas solicitações, sem as quais este trabalho não teria sido
possível.

- À ELETROSUL, Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A., em particular ao


Engenheiro Edgard Lee Gorham e profissionais da área de conservação de energia
da Diretoria de Produção, pelo apoio recebido durante a fase de emissão e
recebimento dos questionários.

Aos colegas do LABPLAN, Laboratório de Planejamento de Sistemas de Energia


Elétrica, do Departamento de Engenharia Elétrica da UFSC, pelo incentivo,
amizade e apoio fornecido durante a realização desta pesquisa.

Ao Professor Carlos Raul Borenstein, companheiro de viagem, pelo apoio, amizade


e pelas inúmeras sugestões feitas durante o trabalho.

À Professora Dr.a Sílvia Modesto Nassar, pela amizade, incentivo, apoio


computacional durante a fase de análise de dados e, também, pelas longas e
estimulantes discussões sobre a aplicação da Estatística na pesquisa científica.

Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 243
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
À Universidade Federal de Santa Catarina, em particular ao Departamento de
Engenharia Elétrica, pelo suporte material e financeiro mantido durante a
realização deste trabalho.

À minha família pelo incentivo, dedicação, encorajamento e, sobretudo, pelo muito


que se privou durante a fase de realização desta tese.

SUMÁRIO

CAPÍTULO I - ENERGIA E SOCIEDADE

1.1 Introdução; objetivo da pesquisa

1.2 O valor econômico da energia

1.2.1 O custo do não suprimento de energia elétrica

1.3 Impactos sociais e ambientais dos grandes empreendimentos da geração e


transmissão de energia elétrica

1.4 O controle das empresas de energia elétrica pela sociedade

1.5 Resumo .

CAPÍTULO II - O PLANEJAMENTO DOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE


POTÊNCIA

2.1 Introdução: evolução do planejamento elétrico brasileiro

2.1.1 Introdução

2.1.2 Evolução metodológica do planejamento elétrico brasileiro

2.2 O planejamento sob condições de incerteza

2.3 O planejamento elétrico brasileiro e o novo ambiente

2.3.1 O novo ambiente de planejamento

2.3.2 Um novo enfoque para o planejamento

2.4 Planejamento integrado de recursos: uma visão metodológica

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2.4.1 Um modelo para o planejamento integrado de recursos usando programação
matemática

2.5 Resumo

CAPÍTULO III - GERÊNCIA PELO LADO DA DEMANDA

3.1 Introdução

3.2 Critérios para implementação de programas de GLD

3.3 Impactos de programas de GLD

3.3.1 Impactos sobre a concessionária

3.3.2 Impactos sobre os consumidores

3.3.3 Impactos sobre a sociedade

3.4 Tipos de programas de GLD

3.4.1 Controle direto da carga do consumidor

3.4.2 Incentivos tarifários em programas de GLD

3.4.2.1 Tarifas variáveis no tempo

3.4.2.2 Tarifação em tempo real

3.4.3 Serviço com qualidade diferenciada

3.5 Implementação de programas de GLD

3.6 Experiência de alguns países no uso de programas de GLD

3.6.1 A experiência da França em programas de GLD

3.6.2 A experiência dos EUA em programas de GLD

3.6.3 A experiência do Brasil em programas de GLD

3.7 Resumo

CAPÍTULO IV - RESPOSTA DO CONSUMIDOR FRENTE A


PROGRAMAS DE GLD
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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
4.1 Introdução

4.2 Uma visão global sobre a pesquisa de consumo de energia

4.3 A conscientização e o consumo de energia elétrica

4.4 Reações dos consumidores frente a interrupções no fornecimento de energia

4.5 Resposta de consumidores à tarifas variáveis no tempo

4.6 Resumo

CAPÍTULO V - PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DA PESQUISA

5.1 Introdução.- Metodologia para identificação do potencial de conservação

5.2 Análise crítica das metodologias.

5.3 O consumo residencial de energia elétrica em Santa Catarina

5.4 Planejamento da Pesquisa

5.4.1 Seleção aleatória de consumidores

5.4.2 Coleta de dados via questionário enviado pelo correio

5.4.2.1 Organização do questionário

5.4.3 Recebimento e análise dos dados

5.4.4 Hipóteses a serem testadas .

5.6 Recebimento dos questionários

5.7 Resumo

CAPÍTULO VI - ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS

6.1 Introdução

6.2 Categorização dos dados

6.3 Tabulação e sumarização dos dados categorizados

6.4 Procedimentos para o teste das hipóteses


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6.5 Determinação do número de fatores no caso geral.

6.6 Correlações entre os agrupamentos de variáveis

6.7 Determinação dos escores fatoriais

6.8 Teste das hipóteses

6.8.1 Teste da hipótese 1

6.8.2 Teste da hipótese 2

6.8.3 Teste da hipótese 3

6.8.4 Teste da hipótese 4

6.8.5 Teste da hipótese 5

6.9 Resumo.

CAPÍTULO VII - CONCLUSÕES DA PESQUISA

7.1 Resumo do trabalho

7.2 Conclusões da pesquisa .

7.3 Recomendações

APÊNDICE I - GLOSSÁRIO

AI.1 Introdução

AI.2 Apresentação dos conceitos e definições

APÊNDICE II - ASPECTOS BÁSICOS DE ANÁLISE FATORIAL

AII.1 Introdução

AII.2 Confiabilidade e Validade em análise fatorial

AII.3 Representação geométrica da análise fatorial

AII.4 Formulação matemática da análise fatorial

AII.5 O método das componentes principais


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AII.6 Rotação dos fatores

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RESUMO

O desenvolvimento da sociedade moderna está centrado em torno da energia, em


particular no uso da energia elétrica. As crescentes restrições de ordem financeira,
social e ecológica, que dificultam a construção de novas usinas e linhas de
transmissão de potência elétrica, têm acarretado a inclusão das técnicas de
gerenciamento pelo lado da demanda (GLD) nos estudos de planejamento dos
sistemas elétricos, o chamado "planejamento a custo mínimo" ou "planejamento
integrado de recursos".

Tendo em vista a possibilidade do emprego de programas de GLD no setor


residencial brasileiro, a curto e médio prazo, a presente pesquisa desenvolveu uma
metodologia para identificar o potencial de conservação de energia elétrica dos
consumidores residenciais. Esta metodologia foi aplicada no Estado de Santa
Catarina, visando a posterior instalação de um projeto piloto de gerenciamento pelo
lado da demanda no Estado. O programa de conservação escolhido neste projeto
deverá moldar a curva de carga segundo objetivos determinados e ainda prestar
novos serviços aos clientes.

Neste sentido selecionaram-se, aleatoriamente, mil consumidores catarinenses, das


regiões de Florianópolis, S. José, Joinville e Blumenau, aos quais foram enviados
questionários contendo questões alusivas à problemática da conservação de energia
e sobre dados sócio-econômicos destes consumidores.

Os consumidores foram classificados segundo a região aonde moravam, nível de


escolaridade, nível de consumo mensal de energia elétrica e também pelo nível de
renda familiar, objetivando comparar nossos resultados com aqueles de estudos
similares realizados no exterior, principalmente nos Estados Unidos da América.
Tais comparações foram realizadas por meio de testes de hipóteses previamente
estabelecidas.

Obtendo um índice de devolução dos questionários da ordem de 45%, bastante


significativo em estudos deste tipo, foi possivel analisar os dados recebidos e,
empregando técnicas estatísticas de análise multivariada, testar as hipóteses
estabelecidas.

Os resultados obtidos não corroboram, em sua maior parte, aqueles obtidos nos
EUA, notadamente no que se referem à influência da renda familiar, nível de
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escolaridade e consumo mensal de energia elétrica no engajamento de
consumidores em programas de conservação de energia elétrica.

Finalmente, como subsídio à futura realização de um projeto piloto de


gerenciamento pelo lado da demanda no Estado de Santa Catarina, foi possível
identificar, com o auxílio da metodologia desenvolvida, os consumidores mais
indicados para participarem deste projeto. Para a faixa de consumo entre 200 e 500
kWh mensais recomendamos consumidores da região de Joinville-Blumenau e,
acima de 500 kWh, consumidores da região de Florianópolis e São José.

ABSTRACT

The development of our society is centered about the use of energy, particularly
around the use of electrical energy. The increasing financials, social and
ecologicals restraints difficulting the construction of new power plants and
transmission lines, imposes the use of demand side management techniques (DSM)
in electrical power systems planning studies, the so called "least cost planning" or
"integrated resource planning".

Having in mind the possibility of adopting DSM programs in Brazil with


residential customers in the near future, a research plan is proposed, in order to get
insight on how to identify the potential to save electrical energy of residential
customers of Santa Catarina, in order to design a pilot program in our state. The
DSM program should be able to achieve load shape objectives while
simultaneously provide valuable new services to costumers

As such, this work has selected, ramdomly, a thousand of costumers in S. Catarina


in the cities of Joinville, Blumenau, S. José and Florianópolis and we send to these
costumers, by mail, questionnaires with statements such as energy conservation,
power plant construction, the possibility of an energy crisis,
social/environmental/political conciousness and social/economical household
characteristics.

The costumers were defined by the bounds of residential electricity metering, that
is, level of consumption of electical energy, education level, familiar income and
region. Our aim was to compare ours results with those obtained by similar studies
in others countries, mainly in the USA. This comparison was made by means of
hyphoteses tests.

Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 249
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
420 questionnaries were returned, a very significant sample of respondents in a
survey like this. It was thus possible to analyse the data and, with the help of
multivariate statistical analysis, test the hypotheses previously stated.

The results thus obtained does not agree, in its majority, with the findings of similar
studies abroad, particularly regarding the influence of education level, familar
income and customers level of consumption, on the attitudes of consumers to save
energy.

Finally, as a contribuition to a future pilot program of DSM in Santa Catarina, as is


our hope, we identified with the help of the methodology, the consumers best suited
to participate of this program. In the range of consumption of 200-500 kWh per
month we recommend customers of the Joinville-Blumenau region, and above 500
kWh we recommend consumers of the Florianópolis-S. José region.

Page 1
CÁLCULO PROBABILÍSTICO DE PRODUTIVIDADES GLOBAIS NO ENSINO DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ANNIBAL PARRACHO SANT’ANNA

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE


Rua Passo da Pátria, 156 - Niterói
tppaps@vm.uff.br

RESUMO
Este trabalho consiste em uma aplicação da metodologia de cálculo probabilístico de
produtividades globais à avaliação da produtividade de cursos de mestrado
em Engenharia de Produção. Diversos critérios de composição de classificações
probabilísticas são aplicados aos dados da CAPES relativos a dois outputs, alunos com
dissertações aprovadas e docentes com comunicações de resultados de pesquisa publicadas,
e do lado do input, a quantidade de professores. O objetivo da análise é gerar medidas de
produtividade do recurso docente na produção de ensino e pesquisa.
PALAVRAS CHAVE: Avaliação Institucional - Produtividade - Probabilidades
Tema: Formas de Avaliação Acadêmica e Institucional

Page 2
1. INTRODUÇÃO
A importância da avaliação objetiva do desempenho na prestação de serviços de elevada
complexidade e relevância nunca é suficientemente enfatizada. No caso da atividade
acadêmica, esta
matéria tem sido objeto de intensa discussão. Alternativas para a avaliação da produtividade
nesse
contexto e da contribuição que a mesma pode fornecer para a elevação da qualidade
acadêmica são
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 250
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
discutidas em profundidade em Sant’Anna (1998 e 2001).
Aplicamos aqui, a metodologia de cálculo probabilístico de produtividades globais,
desenvolvida em Sant’Anna (2002), à avaliação da produtividade de cursos de mestrado em
Engenharia de Produção. O objetivo da análise é medir a produtividade do recurso docente
na
produção de ensino e pesquisa.
Diversos critérios de composição de classificações probabilísticas, todos baseados no
princípio
de que a eficiência é percebida em termos de proximidade às fronteiras, seja de melhor seja de
pior
desempenho, são aqui aplicados a dados básicos da produção de ensino e pesquisa para
extrair
medidas de eficiência na aplicação dos recursos. Os dados são da CAPES, relativos a dois
outputs,
alunos com dissertações aprovadas e docentes com comunicações de resultados de pesquisa
publicadas. Um único input é considerado, o volume do recurso docente, medido pela média
entre os
números de docentes no núcleo de referência docente, conforme as duas definições mais
estrita e mais
abrangente usadas pela CAPES.
A análise pode ser estendida a outras variáveis que possam ser julgadas mais importantes. Em
particular, quanto à medição dos resultados, optamos pelas variáveis menos sujeitas a erro.
Variáveis
como o número de artigos publicados pelo conjunto dos professores do curso são sujeitas a
erros
devido à omissão ou repetição de registros que podem distorcer a avaliar. Pesos indicativos da
qualidade das dissertações ou dos artigos poderão também ser usados, bastando, para tanto,
que se
chegue a alguma concordância quanto aos critérios de ponderação. Nosso objetivo, neste
trabalho, é
demonstrar a viabilidade da comparação quantitativa.
2. CÁLCULO PROBABILÍSTICO DE PRODUTIVIDADES GLOBAIS
As medidas de eficiência aqui propostas consideram os seguintes conceitos:
C1 - a probabilidade de apresentar o volume máximo em algum output e o volume mínimo
em
algum input;
C2 - a probabilidade de apresentar o volume máximo em algum output e não apresentar o
volume máximo em nenhum input;
C3 - a probabilidade de não apresentar o volume mínimo em nenhum output e apresentar o
volume mínimo em algum input.
C4 - a probabilidade de não apresentar o volume mínimo em nenhum output e não apresentar
o
volume máximo em nenhum input;
C5 - a probabilidade de apresentar o volume máximo em algum output e não apresentar o
volume máximo em algum input;
C6 - a probabilidade não apresentar o volume mínimo em algum output e apresentar o volume
mínimo algum input;

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C7 - a probabilidade de não apresentar o volume mínimo em todos os outputs (isto é,
apresentar
algum output com valor superior ao mínimo) e não apresentar o volume máximo em nenhum
input;
C8 - a probabilidade de não apresentar o volume mínimo em nenhum output e não apresentar
o
valor máximo em todos os inputs (isto é, apresentar algum input com volume inferior ao
máximo);
Além destas, são analisadas medidas baseadas na produtividade:
C9 - a probabilidade de apresentar o valor máximo em alguma razão de produtividade;
C10 - a probabilidade de apresentar o valor máximo em alguma razão de produtividade e não
apresentar o valor mínimo em outra;
Outras variantes destas medidas podem também se consideradas, mais exigentes,
substituindo-
se, por exemplo, a exigência de otimização de algum input pela de todos os inputs ou a de
otimização
de algum output pela de todos os outputs, ou menos exigentes, exigindo, por exemplo,
otimização
apenas no conjunto dos inputs ou apenas no conjunto dos outputs. Além disto, deixamos de
lado a

Page 3
possibilidade de se atribuir maior importância a um output que a outro ou maior importância a
um
input que a outro.
Para facilitar a comparação, tendo em vista que os conceitos acima definidos apresentam
diferentes graus de exigência, transformamos essas medidas de probabilidade em medidas de
eficiência dividindo a probabilidade de cada unidade segundo cada conceito pela
probabilidade
máxima observada segundo tal conceito.
3. ALEATORIZAÇÃO DOS REGISTROS
Com a introdução de erros de medida aleatórios, os volumes de inputs e outputs inicialmente
apresentados de forma determinística passam a ser tratados como estimativas das médias de
distribuições de probabilidades independentes. Pode-se derivar, do conjunto de valores
observados,
estimativas para outros parâmetros dessas distribuições.
É difícil dispor de informação a priori sobre a distribuição das perturbações aleatórias e, nas
primeiras aplicações, não é comum dispor de um número de observações em cada unidade
suficiente
para, mesmo assumindo as habituais hipóteses de normalidade da distribuição e
independência entre as
observações, estimar, com precisão satisfatória, sua variância. Nesta seção, é desenvolvida
uma
sistemática para modelar as parcelas probabilísticas das medidas de inputs e outputs, com
base na
amostra de valores observados em todas as unidades examinadas.
Como usual, assumimos perturbações independentes e de média zero e com distribuição

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completamente determinada pelos dois primeiros momentos. Para que a aleatorização seja
mais
efetiva, convém que se facilite ao máximo a troca de postos entre opções próximas. Com estes
objetivos, a melhor escolha é a da distribuição uniforme. Adiante, serão comparados
resultados
obtidos assumindo a hipótese de distribuição uniforme com a mais comum hipótese de
distribuição
normal.
Para modelar a dispersão, a hipótese básica que aqui se assume é que, se duas unidades de
produção quaisquer pertencem ao conjunto analisado, existe uma probabilidade não nula de
inversão
entre as suas posições relativamente ao volume observado de cada recurso ou produto e esta
probabilidade deve ser pequena quando se consideram as unidades com o maior e o menor
valor.
Estabelecer quão pequena deve ser e como decresce com o afastamento entre as medidas
observadas
completa a modelagem estatística. Se o número de unidades comparadas não é muito
pequeno,
probabilidade pequena ou probabilidade zero de inversão entre a primeira e a última faz muito
pouca
diferença quando se vão calcular, a seguir, probabilidades de pertencer à fronteira. Assim,
para
simplificar, tomamos a amplitude observada entre as medidas registradas como estimativa
para a
amplitude da distribuição de cada medida.
Formalmente, dado o volume observado Rij na unidade de produção j-ésima do recurso ou
produto i-ésimo, podem-se resumir as hipóteses estabelecidas nos parágrafos acima dizendo
que cada
um desses volumes é uniformemente distribuído em torno do respectivo registro Rij e estas
distribuições uniformes são independentes, todas aquelas relativas a um mesmo recurso ou
produto
tendo a mesma amplitude, igual, para o recurso ou produto i-ésimo, ao máximo das diferenças
Rij1 –
Rij2, para j1 e j2 variando ao longo de todas as unidades de produção avaliadas.
Podemos, alternativamente, seguir a prática usual de derivar estimativa para o desvio padrão
da perturbação de cada medida do desvio padrão amostral, sendo a amostra, no caso,
constituída pelos
valores observados no conjunto das unidades de produção examinadas. O fato de que os
valores
esperados das variáveis na amostra são diferentes deve fazer este procedimento superestimar a
dispersão. Por outro lado, para a distribuição normal, para a qual o desvio padrão é o
parâmetro de
dispersão que ocorre naturalmente, o gradual decréscimo da densidade com o afastamento do
centro
exige, para facilitar adequadamente as inversões de posição, que a relação entre a dispersão
atribuída a
cada medida e a dispersão observada entre as medidas iniciais seja maior. Assim, quando se
assuma
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normalidade, estimar-se-á o desvio padrão de cada observação pelo desvio padrão amostral.
Pode-se, ainda, abandonar a hipótese de idêntica dispersão e ampliar ou reduzir o desvio-
padrão de uma ou outra medida para refletir uma certeza maior ou menor sobre as medidas
referentes a
unidades de produção mais bem ou menos bem conhecidas.

Page 4
4. DADOS
Analisamos dados do triênio de 1998 a 2000 dos relatórios encaminhados à CAPES pelos
cursos de pós-graduação em Engenharia de Produção.
Consideramos como input a média aritmética dos tamanhos médios do núcleo de referência
docente segundo os conceitos 1 (todos os docentes) e 6 (docentes que dedicam pelo menos
30% do
tempo à instituição). Dois outputs foram considerados, o número médio de docentes
apresentando
algum resultado de pesquisa em cada ano e o número médio de dissertações de mestrado
aprovadas em
cada ano. Para reduzir a influência das variações aleatórias, trabalhamos aqui com a média
dos dados
referentes aos três anos.
O uso da média reduz a influência de variações acidentais, mas não elimina a imprecisão
intrínseca na medição dos inputs e outputs considerados pelos números de pessoas em cada
um dos
grupos. Por isto é útil a aleatorização das classificações. A possibilidade de grandes variações
é
demonstrada pela grande distância dos dados de SC aos demais. A Tabela 4.1 apresenta os
valores das
variáveis consideradas.
Tabela 4.1. Números Médios no Triênio 1998/2000
Cursos Núcleo docente Docentes em atas Alunos titulados
SC
89,8
62,7
209,3
RJ
29,8
15,3
67,7
SM
24,0
6,0
23,3
SP
23,0
15,3
45,0
FSCAR
22,0
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16,0
20,7
ESPB
19,0
13,5
4,0
FF
18,2
8,3
19,0
CEFET
14,5
8,0
13,0
PE
12,5
7,7
9,0
MEP
12,2
9,7
11,0
RGS
11,3
7,3
14,0
PB
10,8
8,0
8,7
PUC
10,7
7,7
24,7
SPSCAR
10,5
6,7
30,7
MG
9,5
5,0
13,0
P
9,0
6,5
16,5
EI
7,7
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6,3
6,3
5. RESULTADOS
As probabilidades de maximizar o input, cada output e seus inversos são apresentadas na
tabela 5.1,calculadas segundo a hipótese de distribuições uniformes com amplitude dada pela
amplitude amostral e, também, assumindo a hipótese de distribuições normais com desvio
padrão dado
pelo desvio padrão amostral. Para simplificar a análise, além da independência das
perturbações
afetando cada medida, também foi assumida, no cálculo das produtividades globais,
independência
entre as distribuições relativas aos diferentes conceitos elementares. As probabilidades de
minimizar
inputs e outputs foram calculadas através das probabilidades de maximizar o inverso para
facilitar o
cotejo com os valores das probabilidades de maximizar e minimizar as produtividades,
calculadas
através de razões output/input, e apresentadas na Tabela 5.2, juntamente com as eficiências
segundo a
Análise Envoltória de Dados assumindo retornos constantes de escala (DEA-CRS) e a
classificação
oficial da CAPES com base nos dados do triênio.

Page 5
Tabela 5.1. Probabilidades de Atingir a Fronteira
CURSO
PROBABILIDADE DE MAXIMIZAR
PROBABILIDADE DE MINIMIZAR
DOCENTES DOC. PUBL.
AL. TIT.
DOCENTES DOC. PUBL.
AL. TIT.
Unif. Norm. Unif. Norm. Unif. Norm. Unif. Norm. Unif. Norm. Unif. Norm.
SC
93%
81%
95%
83%
93%
81%
0%
0%
0%
0%
0%
0%
RJ
3%
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3%
1%
2%
4%
4%
0%
0%
0%
1%
0%
0%
SM
1%
2%
0%
1%
0%
1%
0%
1%
17%
13%
0%
1%
SP
1%
2%
1%
2%
2%
2%
0%
1%
0%
1%
0%
1%
FSCAR
1%
2%
1%
2%
0%
1%
0%
1%
0%
0%
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 257
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
0%
1%
ESPB
1%
1%
1%
2%
0%
1%
0%
1%
0%
1%
70%
59%
FF
0%
1%
0%
1%
0%
1%
0%
1%
1%
3%
0%
1%
CEFET
0%
1%
0%
1%
0%
1%
0%
3%
1%
4%
1%
2%
PE
0%
1%
0%
1%
0%
1%
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 258
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
1%
4%
2%
5%
4%
5%
MEP
0%
1%
0%
1%
0%
1%
2%
5%
0%
2%
2%
3%
RGS
0%
1%
0%
1%
0%
1%
3%
6%
3%
6%
1%
2%
PB
0%
1%
0%
1%
0%
1%
5%
7%
1%
4%
5%
6%
PUC
0%
1%
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 259
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
0%
1%
0%
1%
5%
8%
2%
5%
0%
1%
SPSCAR
0%
1%
0%
1%
1%
1%
6%
8%
7%
8%
0%
1%
MG
0%
1%
0%
1%
0%
1%
13%
12%
48%
28%
1%
2%
P
0%
1%
0%
1%
0%
1%
19%
15%
9%
9%
0%
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 260
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
1%
EI
0%
1%
0%
1%
0%
1%
45%
28%
11%
10%
16%
14%
Tabela 5.2 Probabilidades de Maximizar Produtividades Parciais, DEA e classificação
Oficial
CURSO
CAPES DEA
PROBABILIDADE DE MAXIMIZAR
PROBABILIDADE DE MINIMIZAR
UNIFORME
NORMAL
UNIFORME
NORMAL
PUB/DOC TIT/DOC PUB/DOC TIT/DOC DOC/PUB DOC/TIT DOC/PUB DOC/TIT
SC
2
98%
3%
15%
6%
14%
0%
0%
1%
1%
RJ
4
80%
0%
13%
1%
13%
2%
0%
3%
1%
SM
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3
37%
0%
0%
0%
1%
88%
1%
78%
1%
SP
5
91%
1%
5%
5%
8%
0%
0%
1%
1%
FSCAR
5
90%
7%
0%
9%
1%
0%
1%
1%
2%
ESPB
3
86%
5%
0%
7%
0%
0%
92%
1%
81%
FF
3
60%
0%
0%
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 262
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
0%
1%
5%
0%
5%
1%
CEFET
3
70%
0%
0%
1%
1%
1%
1%
2%
2%
PE
4
75%
0%
0%
3%
1%
0%
2%
1%
2%
MEP
4
97%
24%
0%
15%
1%
0%
1%
1%
2%
RGS
5
83%
1%
0%
4%
2%
0%
0%
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 263
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
1%
1%
PB
3
90%
10%
0%
9%
1%
0%
1%
1%
2%
PUC
5 100%
6%
15%
8%
14%
0%
0%
1%
1%
SPSCAR
5 100%
0%
50%
3%
33%
0%
0%
1%
0%
MG
4
71%
0%
0%
1%
3%
2%
0%
3%
1%
P
3
97%
7%
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 264
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
3%
8%
6%
0%
0%
1%
1%
EI
3 100%
36%
0%
19%
1%
0%
1%
0%
2%

Page 6
As medidas de eficiência agregada indicadas na Seção 2 são, a seguir calculadas, assumindo-
se a hipótese simplificadora de independência entre as probabilidades de atingir a fronteira em
variáveis diferentes. Com apenas um input, as medidas de eficiência C2 e C5 coincidem. O
mesmo
acontece com C4 e C8. Temos, então, acrescentando as duas medidas baseadas nas razões de
produtividade, oito alternativas de acesso à eficiência.
Tabela 5.3. Eficiências Globais Probabilísticas segundo Distribuição Uniforme
CURSO
C1
C2
C3
C4
C6
C7
C9
C10
SC
0%
100%
0%
7%
0%
7%
36%
36%
RJ
0%
72%
0%
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 265
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
98%
0%
97%
26%
25%
SM
0%
3%
0%
83%
0%
99%
0%
0%
SP
0%
35%
0%
100%
0%
99%
11%
11%
FSCAR
0%
20%
0%
100%
0%
99%
15%
15%
ESPB
0%
9%
0%
30%
0%
100%
10%
1%
FF
0%
2%
0%
100%
0%
100%
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 266
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
0%
0%
CEFET
0%
1%
1%
99%
0%
100%
0%
0%
PE
1%
0%
3%
95%
3%
100%
0%
0%
MEP
7%
2%
4%
99%
3%
100%
49%
49%
RGS
4%
1%
9%
98%
7%
100%
1%
1%
PB
5%
0%
13%
95%
11%
100%
19%
19%
PUC
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 267
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
48%
4%
16%
99%
12%
100%
39%
40%
SPSCAR
100%
6%
17%
94%
14%
100%
100%
100%
MG
10%
0%
21%
52%
30%
100%
0%
0%
P
38%
1%
51%
92%
43%
100%
18%
18%
EI
1%
0%
100%
76%
100%
98%
72%
71%
Tabela 5.4. Eficiências Globais Probabilísticas segundo Distribuição Normal
CURSO
C1
C2
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C3
C4
C6
C7
C9
C10
SC
19%
100%
0%
19%
0%
19%
56%
56%
RJ
6%
33%
2%
99%
1%
97%
39%
38%
SM
3%
9%
2%
87%
2%
98%
3%
1%
SP
7%
22%
3%
100%
2%
99%
34%
35%
FSCAR
6%
17%
3%
100%
3%
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 269
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
99%
27%
26%
ESPB
6%
12%
2%
41%
4%
99%
21%
4%
FF
6%
10%
5%
97%
4%
99%
5%
5%
CEFET
11%
9%
11%
96%
9%
100%
6%
6%
PE
17%
8%
17%
92%
15%
100%
9%
9%
MEP
22%
9%
20%
97%
17%
100%
45%
45%
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 270
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
RGS
26%
8%
25%
95%
22%
100%
16%
16%
PB
29%
8%
29%
93%
26%
100%
28%
28%
PUC
41%
11%
33%
97%
27%
100%
59%
59%
SPSCAR
47%
11%
33%
93%
29%
100%
100%
100%
MG
44%
7%
38%
72%
42%
99%
10%
10%
P
64%
8%
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60%
91%
53%
100%
39%
39%
EI
100%
7%
100%
79%
100%
99%
57%
56%
Algumas medidas de eficiência são afetadas pela distância do curso SC aos demais. As
medidas que consideram apenas probabilidades de minimizar não são afetadas por esta
observação
discrepante. C1 é a única medida em que são diferentes os cursos próximos às fronteiras de
eficiência
uniforme e normal. Isto decorre dos valores muito pequenos das probabilidades de satisfazer
as
exigências de simultânea minimização de input e maximização de output.

Page 7
6. ANÁLISE DE CORRELAÇÕES.
As tabelas abaixo apresentam as medidas de correlação dos vetores de eficiência segundo os
diversos critérios. A Tabela 6.1 exibe as correlações sob a hipótese de distribuição uniforme e
a Tabela
6.2 as correlações geradas sob a hipótese de normalidade. As tabelas 6.1 e 6.2 confirmam a
grande
discordância entre os critérios. Revelam ainda que as relações são praticamente as mesmas,
seja a
distribuição normal seja a distribuição uniforme a escolhida. Apenas C3 e C6, que enfatizam a
minimização do número de professores, e C9 e C10, os critérios derivados das razões de
produtividade
parciais, apresentam alta correlação, igual ou superior a 99%, tanto no caso normal quanto no
caso
uniforme. Com exceção do critério C1, todos os critérios apresentam aproximadamente as
mesmas
correlações entre si.
Tabela 6.1. Correlações entre os Vetores de Eficiência Uniforme
C1
C2
C3
C4
C6
C7
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C9
C2
-19%
C3
17%
-28%
C4
18%
-47%
-1%
C6
12%
-27%
99%
-6%
C7
14%
-78%
13%
71%
13%
C9
67%
9%
47%
-1%
44%
-12%
C10
68%
9%
47%
2%
44%
-12%
100%
Tabela 6.2. Correlações entre os Vetores de Eficiência Normal
C1
C2
C3
C4
C6
C7
C9
C2
-20%
C3
98%
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-34%
C4
-1%
-68%
10%
C6
97%
-33%
99%
5%
C7
9%
-96%
23%
76%
22%
C9
49%
27%
36%
-9%
32%
-23%
C10
51%
27%
38%
-1%
34%
-24%
99%
A Tabela 6.3 apresenta as correlações entre os vetores de eficiência produzidos pelo mesmo
critério aplicado a probabilidades derivadas de diferentes hipóteses quanto à distribuição.
Além disso,
apresenta as correlações desses vetores com o vetor de escores de eficiência DEA-CRS e com
o vetor
de classificação dos cursos produzido por especialistas encarregados pela CAPES de gerar,
com base
em indicadores extraídos de um conjunto de dados mais amplo, uma avaliação oficial dos
cursos.
Tabela 6.3. Correlações entre os Vetores de Eficiência e com Outras Classificações
C1
C2
C3
C4
C6
C7
C9
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C10
Oficial X Uniforme
38% -20% -17%
55% -17%
47% 16% 38%
Oficial X Normal
-6% -36%
-6%
58%
-8%
47% 24% -6%
DEA X Uniforme
40% 20%
38%
-9%
33% -21% 65% 64%
DEA X Normal
50% 22%
41% -13%
37% -20% 76% 74%
Uniforme X Normal
39% 92%
96%
99%
97% 100% 94% 39%

Page 8
A Tabela 6.3, salvo quando se examinam os resultados pelo critério C1, confirma que a
escolha da distribuição afeta muito pouco. A concordância com a abordagem DEA é maior
para as
medidas de eficiência probabilística baseadas nas razões de produtividade, o que era de
esperar, dada a
construção das fronteiras DEA a partir dessas razões. Nota-se, também, que concordam mais
com a
avaliação dos especialistas os critérios baseados na exigência de afastamento da fronteira de
ineficiência que aqueles baseados na proximidade das fronteiras de excelência. Isto sugere
que a
avaliação oficial esteja concentrando a atenção nos desempenhos mais susceptíveis de crítica,
ao
menos, quanto à produtividade relativamente aos outputs considerados nesta análise.

7. CONCLUSÃO
A aplicação realizada evidencia as diferenças entre os conceitos agregados medidos. O
principal resultado da análise é a constatação de que todos os cursos analisados atingem
posições de
eficiência relativa muito alta em algum critério e muito baixa em algum outro. Isto mostra
que, quanto

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às variáveis incluídas na análise, que são as variáveis básicas do ensino de pós-graduação, os
cursos
examinados apresentam desempenhos tão próximos que pequenas variações nos dados
informados se
refletem em grande mudança de posição relativa. Resultados diferentes obtidos através da
aplicação da
Análise Envoltória de Dados, que, por sua vez, divergem também dos postos oficiais,
confirmam a
homogeneidade dos cursos.

8. REFERÊNCIAS
SANT'ANNA, A. P., Dynamic Models for Higher Education in Various Sites. Proceedings of
the ICEE-98, Rio de Janeiro 1998.
SANT'ANNA, A. P., Qualidade Produtividade e GED. Anais do XXXIII SBPO, Campos do
Jordão, 2001.
SANT'ANNA, A. P., Cálculo Probabilístico de Produtividades Globais. Anais do XXXIV
SBPO, Rio de Janeiro, 2002
Revista Produção v. 13 n. 1 2003

Potencialidades de mudanças na graduação


em Engenharia de Produção geradas pelas diretrizes curriculares

INTRODUÇÃO
As Resoluções 48/76 e 10/77 do Ministério da Educação
(BRASIL, 1976, 1977) estabeleceram para os cursos de
Engenharia a obrigatoriedade do oferecimento do currículo
mínimo, em que as várias matérias das Áreas de Formação
Básica, Geral, Profissional Geral e Profissional Específica
possuíam uma carga horária mínima, a ser oferecida em
disciplinas específicas de graduação. O pressuposto de tais
resoluções é que o cumprimento da carga horária mínima
nas matérias de uma determinada habilitação em Engenha-
ria garante a formação profissional do engenheiro.
Borges e Aguiar Neto (2000, p.3) analisam importantes
conseqüências negativas das Resoluções 48/76 e 10/77:
“Verifica-se facilmente que os cursos de graduação no
Brasil, em sua maioria, são baseados em conhecimento,
com enfoque no conhecimento e centrados no professor.
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Existem sérias restrições quanto a essa abordagem. O
conhecimento pelo conhecimento e sua transmissão não
tem sentido e sua transmissão do professor para o aluno
pouco contribui para a formação do profissional e do
cidadão. O conteúdo pode ser considerado como algo
perecível e que muda muito rapidamente, especialmente
na Engenharia. [...] Não é mais aceitável, neste início de
terceiro milênio, que os estudantes ainda sejam vistos
simplesmente como depósitos de informação”.
No que se refere à gestão da graduação, essas resoluções
levam à especialização e ao conseqüente isolamento dos
docentes em matérias específicas e à não exploração da
interdisciplinaridade dessas matérias. Para a coordenadoria
do curso, basta oferecer as disciplinas relacionadas a essas
matérias, para garantir a formação profissional do enge-
nheiro de produção. Pensa-se em objetivos de disciplinas e
não em objetivos de curso de graduação, que podiam ser
definidos de forma centralizada pelas coordenadorias de
curso. Os conhecimentos e as habilidades necessários para
a formação deste profissional são tidos como estáveis.
Diferentemente dessas resoluções, a Resolução CNE/CES,
que institui Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação
em Engenharia (BRASIL, 2002a), propõe competências e
habilidades a ser desenvolvidas nos cursos de Engenharia,
exige o oferecimento de trabalhos de síntese e integração de
conhecimentos, tais como os projetos de final de curso e de
estágio supervisionado, orientados individualmente por um
docente. Propõe, ainda, a realização de atividades comple-
mentares que possibilitem ao aluno de graduação a intera-
ção com a realidade prática dos projetos de Engenharia.
No que tange às matérias dos cursos de graduação em
Engenharia, elas são apresentadas em conjunto para os

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Núcleos de Conteúdos de Formação Básica, Núcleos de
Conteúdos Profissionalizantes e Núcleo de Extensões e
Aprofundamentos, em contraposição às Áreas de Formação
das Resoluções 48/76 e 10/77 do Ministério da Educação
(Figura 1). Somente para os dois primeiros núcleos se indica
a carga horária mínima, permitindo flexibilidade às comis-
sões coordenadoras de curso para projetar e gerenciar os
currículos de graduação. Assim, as coordenadorias de curso
não ficam mais presas ao currículo mínimo.
COMPETÊNCIAS COMO ELEMENTO-CHAVE
DAS DIRETRIZES CURRICULARES
As Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação
em Engenharia (BRASIL, 2002a), em seus Artigos 40, 50 e
80, exigem que os objetivos dos cursos de graduação, a
formação profissional, o desenvolvimento dos alunos, a
ÁREA DE FORMAÇÃO BÁSICA
EM ENGENHARIA
NÚCLEO DE CONTEÚDOS DE
FORMAÇÃO BÁSICA EM ENGENHARIA
ÁREA DE FORMAÇÃO GERAL
EM ENGENHARIA
ÁREA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL ESPECÍFICA
(EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO)
NÚCLEO DE CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES
EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ÁREA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL GERAL
(EM UMA GRANDE ÁREA DA ENGENHARIA)
NÚCLEO DE CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES
EM OUTRA ENGENHARIA (OPCIONAL)
ÁREA DE FORMAÇÃO
COMPLEMENTAR
NÚCLEO DE EXTENSÕES E

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APROFUNDAMENTOS
Figura 1: Comparação dos Núcleos de Conteúdos das
Diretrizes Curriculares com as Áreas de Formação do Currículo Mínimo.

Page 3
Santos
28
Revista Produção v. 13 n. 1 2003
avaliação dos alunos, o acompanhamento e a avaliação do
processo ensino-aprendizagem e do próprio curso sejam
baseados em competências.
Como consta no Artigo 4o da Resolução das Diretrizes
Curriculares (BRASIL, 2002a),
“A formação do engenheiro tem por objetivo dotar o
profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício
das seguintes competências e habilidades gerais:
• aplicar conhecimentos matemáticos, científicos,
tecnológicos e instrumentais à engenharia;
• projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados;
• conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos;
• planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos
e serviços de engenharia;
• identificar, formular e resolver problemas de engenharia;
• desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas;
• supervisionar a operação e a manutenção de sistemas;
• avaliar criticamente a operação e a manutenção de
sistemas;
• comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica;
• atuar em equipes multidisciplinares;
• compreender e aplicar a ética e responsabilidade profissionais;
• avaliar o impacto das atividades da engenharia no
contexto social e ambiental;
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• avaliar a viabilidade econômica de projetos de engenharia;
• assumir a postura de permanente busca de atualização
profissional.”
Complementando as Diretrizes Curriculares para os cursos
de graduação em Engenharia, a Associação Brasileira de Enge-
nharia de Produção – ABEPRO – apresenta proposta de Dire-
trizes Curriculares para os cursos de Engenharia de Produção,
também baseada em competências (ABEPRO, 2001):
• “ser capaz de dimensionar e integrar recursos físicos,
humanos e financeiros a fim de produzir, com eficiência
e ao menor custo, considerando a possibilidade de
melhorias contínuas;
• ser capaz de utilizar ferramental matemático e estatístico
para modelar sistemas de produção e auxiliar na tomada
de decisões;
• ser capaz de projetar, implementar e aperfeiçoar sistemas,
produtos e processos, levando em consideração os limites
e as características das comunidades envolvidas;
• ser capaz de prever e analisar demandas, selecionar
tecnologias e know-how, projetando produtos ou melho-
rando suas características e funcionalidade;
• ser capaz de incorporar conceitos e técnicas da qualidade
em todo o sistema produtivo, tanto nos seus aspectos
tecnológicos quanto organizacionais, aprimorando pro-
dutos e processos, e produzindo normas e procedimentos
de controle e auditoria;
• ser capaz de prever a evolução dos cenários produtivos,
percebendo a interação entre as organizações e os seus
impactos sobre a competitividade;
• ser capaz de acompanhar os avanços tecnológicos, orga-
nizando-os e colocando-os a serviço da demanda das
empresas e da sociedade;

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• ser capaz de compreender a inter-relação dos sistemas de
produção com o meio ambiente, tanto no que se refere à
utilização de recursos escassos quanto à disposição final
de resíduos e rejeitos, atentando para a exigência de
sustentabilidade;
• ser capaz de utilizar indicadores de desempenho, sistemas
de custeio, bem como avaliar a viabilidade econômica e
financeira de projetos;
• ser capaz de gerenciar e otimizar o fluxo de informação
nas empresas utilizando tecnologias adequadas”.
A ABEPRO (2001) ainda detalha as seguintes habilidades
a ser desenvolvidas no curso de Engenharia de Produção:
• compromisso com a ética profissional;
• iniciativa empreendedora;
• disposição para auto-aprendizado e educação continuada;
• comunicação oral e escrita;
• leitura, interpretação e expressão por meios gráficos;
• visão crítica de ordens de grandeza;
• domínio de técnicas computacionais;
• domínio de língua estrangeira;
• conhecimento da legislação pertinente;
• capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares;
• capacidade de identificar, modelar e resolver problemas;
• compreensão dos problemas administrativos,
socioeconômicos e do meio ambiente;
• responsabilidade social e ambiental;
• pensar globalmente, agir localmente.
Não obstante a apresentação das competências associa-
das ao exercício profissional em Engenharia, nem a Re-
solução das Diretrizes Curriculares para os cursos de gradua-
ção em Engenharia (BRASIL, 2002a), nem a Proposta de
Diretrizes Curriculares para os cursos de Engenharia de

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Produção (ABEPRO, 2001) definem o conceito de compe-
tência usado. A abrangência, a complexidade, as múltiplas
tipologias e as especificidades exigem que se faça uma
análise aprofundada do termo “competência”.
EM BUSCA DE UM ENTENDIMENTO
DO CONCEITO DE COMPETÊNCIA
Convém iniciar a compreensão de competência por algu-
mas definições.
Fleury e Fleury (2000, p.21) definem competência como
um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobi-

Page 4
Potencialidades de mudanças na graduação em Engenharia de Produção geradas pelas
diretrizes curriculares
Revista Produção v. 13 n. 1 2003
29
lizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habili-
dades, que agregam valor econômico à organização e valor
social ao indivíduo.
Zarifian (2001, p. 68) define competência como “o
tomar iniciativa” e “o assumir responsabilidade” do indi-
víduo, diante de situações profissionais com as quais se
depara. Competência implica dinâmica da aprendizagem,
envolve entendimento prático que se apóia em conheci-
mentos adquiridos e os transforma. Quanto maior for a
diversidade das situações, mais intensamente são modi-
ficados os conhecimentos.
Zarifian (2001, p. 74) ainda afirma que a competência é
a faculdade de mobilizar rede de ato-
res em torno das mesmas situações, é
a faculdade de fazer com que esses
atores compartilhem as implicações
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de suas ações e assumam áreas de co-
responsabilidade.
Leboyer (1997) apud Gramigna,
(2002, p.15) usa o termo “competênci-
as” para designar “repertórios de com-
portamentos e capacitações que algu-
mas pessoas ou organizações dominam melhor que outras,
fazendo-as eficazes em uma determinada situação”.
Duarte e Dellagnelo (2001) apresentam conhecimentos,
habilidades e atitudes como dimensões da competência
(Figura 2). O conhecimento é entendido como um processo
que envolve a análise de uma situação complexa, a identifi-
cação do problema e o planejamento da solução do proble-
ma, com resgate do conhecimento. As habilidades constituem
os procedimentos a ser utilizados para tratar uma situação
complexa e resolver determinado problema, envolvendo os
roteiros de trabalho e a comunicação escrita e oral. As
atitudes estão diretamente relacionadas ao fazer, compreen-
dendo valores, crenças, envolvimento e comprometimento
das pessoas, com os objetivos das organizações.
Apresenta-se ainda a metáfora “árvore das competências”,
cujos elementos devem receber tratamento equilibrado para
que uma competência tenha crescimento saudável e gere bons
resultados. “A raiz corresponde ao conjunto de valores, cren-
ças e princípios, formados ao longo da vida, e determinam
nossas atitudes. [...] O conhecimento é o segundo componente
de uma competência. Trata-se do conjunto de informações que
a pessoa armazena e lança mão quando precisa. Quanto maior
este conhecimento, mais a competência se fortalece e permite
que o profissional enfrente com flexibilidade e sabedoria os
diversos desafios de seu dia-a-dia. [...] Agir com talento,
capacidade e técnica, obtendo resultados positivos, é o que

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chamamos de habilidade” (GRAMIGNA, 2002, p.17-21).
Para Resende (2000, p. 32), “competência é a transfor-
mação de conhecimentos, aptidões, habilidades, interesse,
vontade, etc. em resultados práticos. Ter conhecimento e
experiência e não saber aplicá-los em favor de um objeti-
vo, de uma necessidade, de um compromisso, significa
não ser competente”.
Le Boterf (1994, 1997) apud Perrenoud (1999, p. 27-28)
define competência como
“um ‘saber mobilizar’. É uma bela imagem que alimenta,
entretanto, um risco de confusão, na medida em que
mobilização de recursos cognitivos não é a expressão do
saber-fazer específico, que seria chamado de ‘saber-
mobilizar’, e, menos ainda, de um ‘procedimento de
mobilização’ codificado. No processamento de uma
situação complexa, talvez a mobilização de diversos
recursos cognitivos não seja uma invenção totalmente
espontânea e original, pois ela passa por uma série de
operações mentais, atualizam esquemas e, às vezes, apli-
cam métodos. [...] não existe nenhum ‘saber-fazer’ uni-
versal, que operaria em toda a situação e que poderia ser
aplicado a quaisquer recursos cognitivos [...] ele (‘saber-
fazer’) se confunde com a inteligência do sujeito e sua
busca de significado”.
Le Boterf (1994, 1997) apud Perrenoud (1999, p.28)
acrescenta que:
“uma competência pressupõe a existência de recursos
mobilizáveis, mas não se confunde com eles, pois acres-
centa-se aos mesmos ao assumir sua postura em sinergia
com vistas a uma ação eficaz em uma situação complexa.
Ela acrescenta o valor de uso aos recursos mobilizados
[...] pois ordena-os, relaciona-os, funde-os, em uma tota-

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lidade mais rica do que sua simples união aditiva [...]
Uma competência pode funcionar como um recurso,
mobilizável por competências mais amplas”.
A singularidade das competências e a dificuldade de
sistematizá-las leva a diversas proposições de tipologias,
além das apresentadas anteriormente (BRASIL, 2002a;
ABEPRO, 2001):
• competências do indivíduo e da organização (FLEURY e
FLEURY, 2000, p.17-22);
• competências essenciais de uma empresa (HAMEL e
PRAHALAD, 1995, p. 229);
A s Diretrizes Curriculares para os Cursos
de Graduação em Engenharia ... exigem
que os objetivos dos cursos de graduação ...
sejam baseados em competências.

Page 5
Santos
30
Revista Produção v. 13 n. 1 2003
• competências técnicas, intelectuais, cognitivas,
relacionais, sociais e políticas, didático-pedagógicas,
metodológicas, de liderança, empresariais e
organizacionais (RESENDE, 2000, p. 55-60);
• competências gerenciais (liderança e criatividade, orien-
tação estratégica e planejamento, gestão integrada de
processos, recursos e prazos, negociação e interação com
o ambiente e tomada de decisão) e competências dos
eixos profissionais (suporte ao negócio, tecnológico e
mercadológico) (DUTRA, 2001, p. 51);
• competências como capacidade empreendedora, capaci-
dade de trabalhar sob pressão, comunicação, criatividade,
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cultura da qualidade, dinamismo e iniciativa, flexibilida-
de, liderança, motivação e energia para o trabalho, nego-
ciação, organização, planejamento, relacionamento
interpessoal, tomada de decisão e visão sistêmica
(GRAMIGNA, 2002, p. 54-56);
• competências interacionais, de solução de problemas, de
capacitação e de comunicação (COOPERS & LYBRAND,
1997, p.136);
• competências em processos, técnicas, de serviço e sociais
(ZARIFIAN, 2001, p. 134-159);
• as competências técnicas podem ser compreendidas como
competências em operações, em produtos, em marketing e
em finanças (FLEURY e FLEURY, 2000, p. 46);
• como competências profissionais para ensinar,
Perrenoud (2000) apresenta dez novas competências, a
saber, organizar e dirigir situações de aprendizagem,
administrar a progressão das aprendizagens, conceber e
fazer evoluir os dispositivos de diferenciação, envolver
os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho,
trabalhar em equipe, participar da administração da esco-
la, usar novas tecnologias, enfrentar os deveres e os
dilemas éticos da profissão e administrar sua própria
formação contínua.
Existem certamente inúmeras concepções e tipologias
dos elementos de uma competência (atitudes, conhecimen-
tos e habilidades). O mais importante das diversas aborda-
gens de competências é que elas sejam formadas de forma
singular por meio de cada profissional, de cada equipe de
projeto, de cada empresa, de cada universidade e de cada
comissão coordenadora de curso de graduação em Enge-
nharia de Produção.
Por esse motivo, as competências, e os respectivos co-

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nhecimentos, atitudes e habilidades dos profissionais for-
mados em cada um dos cursos de Engenharia de Produção
do Brasil devem ser concebidos, de forma específica, pelas
instituições de ensino superior.
Além disso, a ABEPRO (2001), ao propor as compe-
tências do engenheiro de produção, não mostra como
cada competência é composta de conhecimentos, habili-
dades e atitudes específicos para cada uma das compe-
tências. Não se conceituam competências, atitudes, co-
nhecimentos e habilidades. É interessante notar que não
são apresentadas atitudes.
Conhecimentos - Saber Por Que Fazer
• analisar a situação complexa
• identificar o problema
• planejar a solução com resgate do conhecimento
• informação
• saber o que fazer
• saber como fazer
COMPETÊNCIA
Habilidades - Saber Como Fazer
• procedimentos e roteiros de
trabalho
• comunicação oral e escrita
• técnica
• destreza
Atitudes - Fazer
• querer fazer
• valores
• crenças
• comprometimento e
envolvimento com
objetivos de organizações

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• interesse
• determinação
Fonte: Adaptada de Duarte e Dellagnelo (2001)
Figura 2: As três dimensões da competência.

Page 6
Potencialidades de mudanças na graduação em Engenharia de Produção geradas pelas
diretrizes curriculares
Revista Produção v. 13 n. 1 2003
31
Com base nas definições e conceitos anteriores, propõe-
se a seguinte conceituação para competência.
Competência é o saber-agir diante de situações com-
plexas e o saber mobilizar conhecimentos, habilidades,
atitudes e recursos (tecnológicos, financeiros, mercado-
lógicos e humanos), em que as pessoas objetivam agre-
gar valor de diversas naturezas às organizações e se
tornam responsáveis por isso, ao mesmo tempo em que
elas aumentam seu valor social. Quanto maior a comple-
xidade das situações, mais intensamente são modifica-
dos os conhecimentos, as atitudes e as habilidades.
É de fundamental importância que os conhecimentos,
as habilidades e os recursos utilizados na formação de
determinada competência sejam mobilizáveis. A eles
são acrescentados uma sinergia e um valor de uso que
torna a competência singular e não suscetível de padro-
nização. Isso deriva tanto da inteligência dos agentes
formadores de competência e de sua busca por um
significado, como da especificidade da situação comple-
xa com que as pessoas se defrontam.
A singularidade de uma competência implica que as
pessoas aprendam a atingir objetivos, resolver proble-
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mas e enfrentar situações complexas. Essa aprendiza-
gem exige que as pessoas aprendam a mobilizar, inte-
grar, compartilhar e transferir conhecimentos, habili-
dades e recursos, ou seja, mobilizar uma rede de atores,
em torno de uma mesma situação.
Uma competência pode mobilizar outras competênci-
as como recursos e, da mesma forma, ser mobilizada
como recurso para a formação de outras competências.
Discutem-se, a seguir, as principais contribuições deste
conceito de competência para o ensino de graduação em
Engenharia de Produção.
O ENFRENTAMENTO DE SITUAÇÕES
COMPLEXAS E UM NOVO OLHAR SOBRE
O ENSINO, A PESQUISA E A EXTENSÃO
Ao propor o enfrentamento de situações complexas, o
conceito de competências mostra a importância de se consi-
derar o ambiente externo da universidade, ou seja, de se ter
o caráter de extensão no ensino de graduação, como eviden-
ciado nas competências propostas pela ABEPRO (2001).
Além disso, a interação de alunos e professores de gradu-
ação com o ambiente externo objetiva a identificação e a
resolução de problemas e a construção de soluções envol-
vendo o conhecimento das subáreas da Engenharia de Pro-
dução, não somente pela sua transmissão, mas, essencial-
mente, por sua construção. Por esse motivo, o caráter de
pesquisa é também enfatizado no ensino de graduação.
Indubitavelmente, o conhecimento é necessário para a
formação profissional em Engenharia de Produção. A pro-
posta de subáreas de conhecimento e respectivas matérias e
conhecimentos está apresentada no Quadro 1. Porém esses
conhecimentos devem representar o conhecimento essencial
na área de conhecimento da Engenharia de Produção e,

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dessa forma, possibilitar o enfrentamento de situações com-
plexas. É importante que se tenha o cuidado de evitar sua
obsolescência, razão pela qual esse conhecimento essencial
deve ser mantido em um mínimo, além de ser continuamen-
te repensado e planejado.
Como existe o risco de o conhecimento estar sendo
transmitido de acordo com a visão muito específica de um
pesquisador, é importante que ele seja concebido de forma
abrangente e universal, envolvendo tanto os professores de
uma instituição específica, como uma associação represen-
tativa da comunidade acadêmica brasileira e comprometida
com o ensino, a pesquisa e a extensão em Engenharia de
Produção, como a ABEPRO.
A adoção do conceito de competência como elemento-
chave das Diretrizes Curriculares para os cursos de gradua-
ção em Engenharia resgata a integração ensino-pesquisa-
extensão para o ensino de graduação. O ensino é reforçado
pela necessidade de definição contínua do conteúdo essencial
em Engenharia de Produção, pela busca de interdisciplinari-
dade desses conhecimentos como o objetivo de resolução de
problemas relevantes, e pela necessidade de renovação dos
métodos e da infra-estrutura de ensino. A extensão se aplica
ao ensino de graduação pelo fato de os alunos serem estimu-
lados a enfrentar situações complexas, o que exige a solução
de problemas e a realização de inovações junto à sociedade,
a empresas e a organizações. O enfrentamento de situações
complexas exige dos alunos a utilização de conhecimentos
apropriados e atuais para resolução de problemas. Quanto
mais complexa a situação, mais próximo ao “estado da arte”
está este conhecimento. Por esse motivo, quanto mais se
pretender que os alunos formem as competências apresenta-
das na proposta de Diretrizes Curriculares para os cursos de

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Engenharia de Produção (ABEPRO, 2001), mais se faz ne-
cessária uma integração ensino-pesquisa-extensão nos cur-
sos de graduação em Engenharia de Produção.
A MOBILIZAÇÃO E A INTERDISCIPLINARIDADE
DOS CONHECIMENTOS, DAS HABILIDADES
E DAS ATITUDES
O enfrentamento de situações complexas, a identificação
e a resolução de problemas em Engenharia de Produção
podem ser resolvidos por meio da exploração da interdisci-
plinaridade dos cursos de Engenharia de Produção. Os
conhecimentos específicos e as respectivas disciplinas de-
vem ser tratados de forma dinâmica, ao contrário do que
acontece atualmente. As disciplinas em que a transmissão
desse conhecimento ocorre devem estar integradas com

Page 7
Santos
32
Revista Produção v. 13 n. 1 2003
Planejamento do Produto
Projeto do Produto
Análise de Localização
Instalações Industriais
Arranjo Físico
Movimentação de Materiais
Processos Discretos de Produção
Processos Contínuos de Produção
Fundamentos de Automação
Planejamento de Processos
Planejamento e Controle da Produção
Organização e Planejamento da Manutenção
Logística e Distribuição
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Estratégia da Produção
Gestão Ambiental
Gestão da Qualidade
Controle Estatístico da Qualidade
Normalização e Certificação
Metrologia, Inspeção e Ensaios
Confiabilidade
Programação Matemática
Métodos Numéricos
Processos Estocásticos
Simulação de Sistemas de Produção
Avaliação e Apoio à Tomada de Decisão
Organização do Trabalho
Ergonomia
Higiene e Segurança do Trabalho
Engenharia de Métodos e Processos
Planejamento Estratégico
Organização Industrial
Economia Industrial
Gestão Tecnológica
Sistemas de Informação
Engenharia Econômica
Custos da Produção
Viabilidade Econômico-Financeira
Quadro 1: Subáreas da Engenharia de Produção.
SUBÁREA
Engenharia do Produto
Projeto da Fábrica
Processos de Produção
Gerência da Produção
Qualidade
Pesquisa Operacional

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Engenharia do Trabalho
Estratégia e Organizações
Gestão Econômica
DETALHAMENTO DE CONTEÚDO
Fonte: Adaptada de ABEPRO (2001)
disciplinas em que esse conhecimento possa ser aplicado.
Além disso, impõe-se o oferecimento de disciplinas em
metodologia de pesquisa, gerenciamento de projetos e iden-
tificação e de resolução de problemas em Engenharia de
Produção que orientem os alunos no enfrentamento de
situações complexas. Novamente, elas devem estar integra-
das às demais disciplinas do curso de graduação.
O conhecimento essencial não deve prejudicar a formação
profissional em Engenharia de Produção. Ao contrário, ele
pode ser uma maneira de se equilibrar a abordagem da
disciplina como a unidade básica do ensino de graduação -
como a adotada pela Universidade de São Paulo (1990, p. 23)
– com a abordagem da competência, que busca o enfrenta-
mento de situações complexas, a elaboração de projetos para
solucionar problemas e a interdisciplinaridade.
Perrenoud (1999, p. 40) observa que:
“alguns temem que desenvolver as competências na esco-
la levaria a renunciar às disciplinas de ensino e apostar
tudo em competências transversais e em uma forma pluri,
inter ou transdisciplinar. [...] Esse temor é infundado [...]

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Potencialidades de mudanças na graduação em Engenharia de Produção geradas pelas
diretrizes curriculares
Revista Produção v. 13 n. 1 2003
33
as competências mobilizam conhecimentos dos quais
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grande parte é e continuará sendo de ordem disciplinar, até
que a organização dos conhecimentos eruditos distinga as
disciplinas, de modo que cada uma assuma um nível ou um
componente da realidade”.
Dentro do processo de formação profis-
sional em Engenharia de Produção, há mo-
mentos, principalmente na formação básica
em Engenharia, em que se tem o “tudo
disciplinar”. Por outro lado, ao final do
curso, com as disciplinas de ênfase, o está-
gio supervisionado e o trabalho de formatu-
ra, ocorre o “tudo transversal”, em que o
aluno resgata conhecimento de várias disci-
plinas para o enfrentamento de situações complexas e a
elaboração de projetos. No momento de formação
profissionalizante, o enfoque disciplinar, de certa forma,
equilibra-se com o enfoque transversal. É importante que
se busque sempre, de forma apropriada, esse equilíbrio,
pois, como lembra Perrenoud (1999, p. 41), “o ‘tudo
transversal’ não leva mais longe que o ‘tudo disciplinar’ ”.
A SINGULARIDADE DA
FORMAÇÃO E DA PROGRESSÃO DA
APRENDIZAGEM DAS COMPETÊNCIAS
O conhecimento essencial em Engenharia de Produção
deve possibilitar o resgate da individualidade dos alunos de
graduação em sua formação profissional e, em conseqüên-
cia, a singularidade dos processos de formação de suas
competências. Nesse contexto, é importante que os cursos
de graduação desenvolvam a competência de administrar a
progressão e a diferenciação das aprendizagens, propostas
por Perrenoud (2000, p. 41-54).
Da mesma forma que a abordagem da competência pos-

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sibilita nas empresas que o trabalho reverta, ainda que
parcialmente, ao trabalhador (ZARIFIAN, 2001, p.56), nas
universidades cria-se a perspectiva de que a aprendizagem
reverta ao aprendiz, ou seja, ao estudante de graduação.
A valorização da competência para a formação profissio-
nal em Engenharia de Produção exige que se enriqueça o
relacionamento entre professor e aluno, de forma que ela
não consista unicamente na transmissão do conhecimento.
O aluno, ao ingressar em um curso de Engenharia de
Produção, já deve estar preocupado e sendo orientado sobre
a formação de competências. É fundamental que os profes-
sores de um curso de graduação orientem os alunos sobre a
formação de suas competências, desde seu ingresso na
universidade e sempre de acordo com as aptidões e os
interesses de cada aluno. O aluno necessita estar consciente
de que ele constrói suas competências e sua identidade
profissional, de forma específica. É imprescindível que a
liberdade e a autonomia no curso de graduação sejam
acompanhadas pelo aumento da responsabilidade do aluno
em sua formação profissional.
O professor deve complementar a transmissão de conheci-
mento com novos ensinamentos. Primeiro, é muito importan-
te que ele oriente os alunos na formação de competências e na
utilização de conhecimentos com o objetivo de enfrentar
situações complexas, na identificação e resolução de proble-
mas e no relacionamento com entidades externas à universi-
dade, como empresas, instituições da sociedade civil e do
meio-ambiente. Considerando-se a diversidade de formas de
assimilação e utilização de conhecimentos pelos alunos
(GARDNER, 1997), releva-se a diversificação de metodolo-
gias de ensino e aprendizagem, envolvendo aula expositiva,
seminário e projeto em Engenharia (MARCHETI, 2001).

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ESTUDO DE CASO: O CURSO DE ENGENHARIA
DE PRODUÇÃO MECÂNICA DA EESC
Este estudo de caso tem como objetivo analisar a Resolu-
ção das Diretrizes Curriculares (BRASIL, 2002a). Em espe-
cial, o conceito de competência, levou e potencializou
mudanças no curso de graduação em Engenharia de Produ-
ção Mecânica da EESC-USP.
Analisa-se a importância das Diretrizes Curriculares
para a reestruturação curricular e para a renovação das
formas de gestão da graduação em Engenharia de Produção
Mecânica da EESC, em três momentos específicos:
• a elaboração do projeto pedagógico;
• a reestruturação curricular;
• a gestão estratégica do curso de graduação.
O Curso de Engenharia
de Produção Mecânica na EESC
O curso de Engenharia de Produção Mecânica da EESC
foi criado e aprovado em 1971, tendo sido estruturado de
acordo com as Resoluções 48/76 e 10/77 do Ministério da
Educação (BRASIL, 1976, 1977). O primeiro reconheci-
mento deste curso ocorreu em 1976.
Atendendo às exigências de renovação do reconheci-
mento dos cursos de graduação a cada cinco anos, feitas
A s competências ... dos profissionais
formados em cada um dos cursos
de Engenharia de Produção do Brasil devem
ser concebidos de forma específica ...

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Santos
34
Revista Produção v. 13 n. 1 2003
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pelo Conselho Estadual de Educação – CEE – em 2000, a
Comissão Coordenadora do Curso de Engenharia de Produ-
ção Mecânica - CoC-EPM providenciou a elaboração de seu
projeto pedagógico no início de 2001 e obteve novo reco-
nhecimento do curso em 2002.
A CoC-EPM é a responsável pela gestão e pela avaliação
das condições do curso, pelo seu projeto pedagógico e
respectiva grade curricular. Para realizar os estudos e acom-
panhamento da estrutura curricular, consideram-se as opi-
niões dos diversos departamentos que ministram as discipli-
nas para o seu curso. Normalmente, os próprios departa-
mentos, por meio de seus professores, propõem alterações
em suas disciplinas com o objetivo de aperfeiçoar seus
respectivos projetos pedagógicos, cabendo à CoC-EPM
verificar sua adequação ao projeto pedagógico do curso.
Elaboração do Projeto
Pedagógico do Curso de Graduação
A principal função da CoC-EPM nos anos de 2000 e
2001 foi a de implementar os princípios da nova lei de
Diretrizes Curriculares e obter novo reconhecimento do
curso junto ao CEE e, dessa forma, propor modificações
com o objetivo de aperfeiçoar o currículo dessa graduação.
Como primeiro passo para a reestruturação curricular,
foi elaborado o Projeto Pedagógico desta habilitação (SAN-
TOS, 2001a), que consiste no principal documento entregue
à Pró-Reitoria de Graduação da USP. Na concepção desse
projeto pedagógico todos os professores do curso foram
ouvidos sobre a necessidade de mudanças curriculares, seja
de disciplinas, de laboratórios, de estrutura ou de quaisquer
outras questões relativas ao ensino de Engenharia de Produ-
ção Mecânica da EESC. Nenhuma sugestão foi apresentada,
o que revelou uma grande apatia dos professores em relação

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à graduação. Em nova consulta, realizada em dezembro de
2001, propostas de mudanças de disciplinas foram feitas.
A elaboração do projeto pedagógico foi de grande relevân-
cia para a CoC-EPM, por exigir uma análise mais abrangente
da graduação em Engenharia de Produção, envolvendo os
seguintes tópicos (SANTOS, 2001; ANDRADE e
AMBONI, 2002; CIDRAL, KEMCZINSKI e ABREU, p.
APP-149):
• histórico e descrição do curso;
• objetivos do curso, perfil do aluno e respectivas compe-
tências, perfil do egresso;
• perfil do corpo docente;
• grade curricular e respectivos conhecimentos, matérias e
disciplinas;
• metodologia de ensino, infra-estrutura de apoio ao ensino
de graduação;
• análise global da grade curricular;
• atividades de iniciação científica;
• atividades de extensão e integração universidade-empre-
sa e universidade-comunidade;
• atividades extra-curriculares;
• gestão e avaliação do curso, incluindo a avaliação pelos
egressos;
• metas para o próximo período de avaliação.
Neste projeto pedagógico, as competências estão apre-
sentadas de forma idêntica à concebida pela ABEPRO
(1998). Essas competências têm caráter bastante abran-
gente e não foram adaptadas com base em especificidades
regionais da EESC.
Realizou-se, também, uma análise global da grade
curricular, que exigiu a distribuição das disciplinas vigentes
nos Núcleo de Conteúdos de Formação Básica em Engenha-

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ria, Núcleo de Conteúdos Profissionalizantes em Engenharia
de Produção, Núcleo de Conteúdos Profissionalizantes em
Engenharia Mecânica, Núcleo de Aprofundamentos e Exten-
sões, Projeto de Final de Curso e Estágio Obrigatório.
A distribuição da carga horária nos núcleos e módulos
do curso de graduação em Engenharia de Produção Mecâ-
nica está apresentada na Tabela 1.
No Núcleo de Conteúdos de Formação Básica em Enge-
nharia, nenhuma disciplina em Metodologia de Pesquisa
era oferecida.
Observou-se a alta carga horária do Núcleo de Conteú-
dos de formação Básica – 44,7% da carga horária total.
No Núcleo de Conteúdos Profissionalizantes em Enge-
nharia Mecânica, a carga horária total era satisfatória e
encontrava-se equilibrada em seus quatro módulos (Mecâ-
nica Aplicada, Projeto Mecânico, Termodinâmica e Siste-
mas Térmicos, e Processos de Fabricação).
No Núcleo de Conteúdos Profissionalizantes em Enge-
nharia de Produção, notou-se um desequilíbrio da carga
horária entre os seus módulos.
O Núcleo de Aprofundamentos e Extensões consiste nas
disciplinas optativas, escolhidas livremente pelos alunos,
havendo de se escolher disciplinas afins com o objetivo de
realizar uma especialização na sua formação profissional.
Observa-se que não existem ênfases no curso de graduação
em Engenharia de Produção da EESC. Lembra-se que o
Artigo 60 e Parágrafo 40 das Diretrizes Curriculares, para os
cursos de Engenharia (BRASIL, 2002a), coloca a
obrigatoriedade do referido núcleo.
Observou-se a inexistência da disciplina de projeto de
final de curso para a habilitação de Engenharia de Produção
Mecânica da EESC, cuja exigência se apresenta no Artigo 50

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e Parágrafo 10 das Diretrizes Curriculares (BRASIL, 2002a).
Na estrutura curricular do curso de Engenharia de Produ-
ção Mecânica, a disciplina de Estágio tinha carga horária
obrigatória de 30 horas. Para que o estudante possa fazer seu
estágio ele deve ter um supervisor docente. Atribuía-se a
apenas um professor a supervisão dos estágios de todos os

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Potencialidades de mudanças na graduação em Engenharia de Produção geradas pelas
diretrizes curriculares
Revista Produção v. 13 n. 1 2003
35
5,3
3,0
12,0
6,0
2,3
3,0
2,3
3,4
3,0
1,1
1,5
1,1
0,7
44,7
1,5
1,5
1,1
4,5
6,5
6,8
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3,4
2,6
4,5
32,4
5,6
4,5
4,1
3,4
17,6
4,9
0,4
0
100
Tabela 1: Carga horária da Eng. de Produção Mecânica da EESC no currículo de 2000.
MÓDULO / NÚCLEO
Informática
Expressão Gráfica
Matemática
Física
Fenômenos de Transporte
Mecânica dos Sólidos
Eletricidade Aplicada
Química
Ciência e Tecnologia dos Materiais
Administração
Economia
Ciências do Ambiente
Humanidades, Ciências Sociais e Cidadania
NÚCLEO DE CONTEÚDOS DE FORMAÇÃO BÁSICA
Engenharia de Produto
Projeto da Fábrica
Processos de Produção

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Gerência da Produção
Qualidade
Pesquisa Operacional
Engenharia do Trabalho
Estratégia e Organizações
Gestão Econômica
Mecânica Aplicada
Projeto Mecânico
Termodinâmica e Sistemas Térmicos
Processos de Fabricação
DISCIPLINAS OPTATIVAS
ESTÁGIO SUPERVISIONADO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CARGA HORÁRIA TOTAL
CARGA HORÁRIA (%)
Fonte: Santos (2001).
210
120
480
240
90
120
90
135
120
45
60
45
30
1785
60
60

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45
180
255
270
135
105
180
1290
225
180
165
135
705
195
15
0
3990
CARGA HORÁRIA
(horas-aula)
NÚCLEO DE CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES
EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
NÚCLEO DE CONTEÚDOS PROFISSIONALIZANTES
EM ENGENHARIA MECÂNICA
aproximadamente vinte alunos que cursavam a disciplina
de Estágio. Isso acontecia em contrariedade ao Artigo 70 das
Diretrizes Curriculares (BRASIL, 2002a) que impõe “está-
gios curriculares obrigatórios sob supervisão direta da ins-
tituição de ensino, através de relatórios técnicos e de acom-
panhamento individualizado durante o período de realiza-
ção da atividade. A carga horária mínima [...] deverá atingir
160 (cento e sessenta) horas”.
Apesar das deficiências curriculares apresentadas, desde

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os primeiros anos do curso, os estudantes são incentivados a
participar de programas de iniciação científica, nos diversos
projetos de pesquisa desenvolvidos nas várias unidades do
Campus de São Carlos da USP, permitindo uma maior proxi-
midade entre a graduação e a pós-graduação. Vários estudan-
tes de graduação também participam de trabalhos e projetos
de prestação de serviços por meio da Empresa Júnior – EESC-
Junior –, que é gerenciada por alunos dos diversos cursos de
graduação em Engenharia da EESC-USP.

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Santos
36
Revista Produção v. 13 n. 1 2003
Reestruturação Curricular para o Ano de 2002
Em um segundo momento, realizou-se a reestruturação
curricular da habilitação de Engenharia de Produção Mecâ-
nica da EESC para o ano de 2002 (SANTOS, 2001a), que
visou atingir os seguintes objetivos, sem implicar aumento
significativo na carga horária do curso (Tabela 2):
• fornecer oportunidade ao aluno de realizar um trabalho de
síntese e integração dos conhecimentos ao longo do cur-
so. No caso do curso de graduação em Engenharia de
Produção Mecânica da EESC-USP, propõe-se a criação
das disciplinas “Trabalho de Conclusão de Curso I e II”;
• fornecer oportunidade ao aluno de aplicar os conheci-
mentos fundamentais da Engenharia de Produção Mecâ-
nica no projeto, implementação e aperfeiçoamento de
sistemas produtivos durante a realização das atividades
de Estágio Supervisionado;
• propiciar que o aluno conclua, ao término do quarto ano
do curso de graduação, as disciplinas profissionalizantes
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em Engenharia de Produção e Engenharia Mecânica, de
forma a viabilizar a aplicação de seus conteúdos
programáticos no estágio supervisionado e na elaboração
do Trabalho de Conclusão de Curso;
• preservar o último ano do curso para o oferecimento de
disciplinas de aprofundamento e extensão, atividades
complementares e estágio;
• antecipar, sempre que possível, disciplinas da área de
conhecimento de Engenharia de Produção, para os pri-
meiros semestres do curso de graduação.
27
28
30
30
29
29
30
22
10 + Estágio Supervisionado + Trabalho
Conclusão Curso I
4 + Trabalho Conclusão Curso II
237
8
8
12
265
Tabela 2: Comparação da carga horária dos currículos dos anos de 2001 e 2002.
PERÍODO
10
20
30
40

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50
60
70
80
90
100
Disciplinas Obrigatórias
Disciplinas Optativas
Estágio Supervisionado
Trabalho de Conclusão de Curso
CARGA HORÁRIA TOTAL
CURRÍCULO 2002
(carga horária em créditos*)
* 1 crédito equivale a 15 horas-aula.
Fonte: Santos (2001a)
27
28
28
31
26
28
29
24
16
15
253
12
1
0
266
CURRÍCULO 2001
(carga horária em créditos*)

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Observa-se que a disciplina “Metodologia de Pesquisa
em Engenharia de Produção” (ARAUJO e SANTOS, 2001)
foi criada em caráter optativo.
Gestão Estratégica do Curso de Graduação por
meio do Aperfeiçoamento da Abordagem de
Competências das Diretrizes Curriculares
Apesar da substancialidade das mudanças realizadas,
deve-se observar que a reestruturação curricular é um pro-
cesso que não finda e deve estar sempre sendo gerenciado
estrategicamente de modo a aperfeiçoar a abordagem de
competência das Diretrizes Curriculares (BRASIL, 2002a),
por meio do aprofundamento de seus princípios:
• enfrentamento de situações complexas e um novo olhar
sobre o ensino, a pesquisa e a extensão;
• mobilização e interdisciplinaridade dos conhecimentos,
das habilidades e das atitudes;
• singularidade de formação e de progressão da aprendiza-
gem das competências.
Utiliza-se o termo gestão estratégica, pois todas as mu-
danças realizadas no curso devem, com base em diagnóstico
e prognóstico dos ambientes internos e externos do curso de
graduação, ser planejadas, orçadas, programadas, acompa-
nhadas e avaliadas.
A prioridade da gestão estratégica deste curso de graduação
é, certamente, a melhor definição das competências e de seus
elementos (atitudes, conhecimentos e habilidades), de acordo

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Potencialidades de mudanças na graduação em Engenharia de Produção geradas pelas
diretrizes curriculares
Revista Produção v. 13 n. 1 2003
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com os objetivos do curso e a realidade regional da EESC. Da
forma abrangente e genérica como estão expostas atualmente,
elas não possibilitam uma gestão de graduação baseada em
competências. Embora muito se preguem as competências,
elas não são definidas no detalhe, não se planeja sua
implementação e, assim, não se tem como avaliá-las. Da forma
como concebido atualmente, o conceito de competência per-
manece abstrato e distante da prática concreta do cotidiano.
É substancial que se faça o relacionamento dos objetivos
das disciplinas com as competências do engenheiro de
produção formado pela EESC. As disciplinas não devem
mais ser planejadas individualmente, pois a formação de
competências se dá com base na
assimilação de conhecimentos e na
vivência de métodos de ensino e
aprendizagem, ocorrida em diver-
sas disciplinas, de forma sistêmica.
A abordagem de competência
para o ensino de graduação deman-
da o desenvolvimento de novas
metodologias de ensino e aprendizagem, entre elas as que
estimulem a resolução de problemas, a pesquisa, a iniciati-
va, a criatividade, o trabalho em equipe e a interação com
agentes externos à universidade.
Em conseqüência, é importante que haja a capacitação
dos docentes em metodologia de ensino e capacidade de
escolha dos métodos de ensino apropriados a cada discipli-
na. Cabe oferecer, aos docentes, cursos de formação em
metodologia de ensino que lhes possibilitem um maior
domínio e melhor aplicação de metodologias como aula
expositiva, seminário, projeto de disciplina e visita técnica.
Deve ser renovada a capacidade de avaliação do docente,

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de forma a acrescentar a análise de competências. Uma das
importantes dificuldades para implementação do conceito de
competência na graduação é sua avaliação, pois, como co-
menta Perrenoud (1999, p.16), “é mais fácil avaliar os conhe-
cimentos de um aluno do que as suas competências, deve-se
observá-lo lidando com tarefas complexas, o que exige mais
tempo e abre caminho à contestação”. Além disso, a gestão de
competências exige o envolvimento de diversos conheci-
mentos, disciplinas e professores, o que é um obstáculo, se a
vida universitária for pautada pelo individualismo.
Observa-se que, para a definição de competência, é
importante realizar parcerias com ex-alunos, empresas, or-
ganizações da sociedade civil, entre outros que objetivem a
avaliação e o aperfeiçoamento do curso de graduação.
No curso de graduação em Engenharia de Produção
Mecânica da EESC, uma importante mudança é a criação do
trabalho de conclusão de curso e o aperfeiçoamento do
estágio supervisionado, atividades que serão realizadas no
último ano da graduação, que o aluno tem reservado para o
enfrentamento de situações complexas e para a realização
do primeiro grande projeto em Engenharia de Produção.
Acredita-se que o enfrentamento de situações comple-
xas, que leva a uma maior transversalidade do conhecimen-
to dentro do curso, deve ser mais explorado também, tanto
nos Núcleos de Conteúdos Profissionalizantes em Enge-
nharia de Produção e em Engenharia Mecânica, como no
Núcleo de Conteúdos de Formação Básica em Engenharia.
No Núcleo de Conteúdos Profissionalizantes em Enge-
nharia de Produção, os professores estão sendo orientados,
pela comissão coordenadora do curso, a promoverem a
realização de projetos envolvendo conhecimentos multidis-
ciplinares, como, por exemplo, as disciplinas de Projeto da

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Fábrica e Gestão da Produtividade, como Projeto de Produ-
to e Engenharia Econômica e Análise de Viabilidade. Não
obstante esse seja um processo embrionário, a CoC-EPM
pretende formalizá-lo e criar condições curriculares e de
infra-estrutura para que ele se viabilize.
Nesse contexto, elaborou-se o projeto de re-equipamento
do laboratório de apoio computacional ao ensino de gradua-
ção em Engenharia de Produção (SANTOS et al., 2002)
com o objetivo de criar a infra-estrutura para a realização de
projetos interdisciplinares em Engenharia de Produção.
Esse projeto encontra-se, atualmente, em avaliação pela
Pró-Reitoria de Graduação da USP. O laboratório de apoio
ao ensino de graduação do Departamento de Engenharia de
Produção da EESC localiza-se bem próximo dos laboratóri-
os mais voltados para a pesquisa em Engenharia de Produ-
ção, como das salas de professores. Dessa forma, torna-se
possível a convivência física de alunos de graduação, que
realizem ou não atividades de iniciação científica, com
alunos de pós-graduação e professores, um fator importante
para a integração ensino-pesquisa-extensão.
Observa-se, ainda, que a reestruturação dos laboratórios
do curso de Engenharia de Produção é acompanhada pela
intenção de criação de um programa de iniciação científica
vinculado à CoC-EPM.
Outra medida em planejamento é o aumento da
transversalidade do conhecimento por meio da identifica-
ção do conhecimento essencial em Engenharia de Produção
e de sua inclusão em disciplinas de graduação. A identifica-
ção do conhecimento essencial nas várias subáreas da Enge-
nharia de Produção e da Engenharia Mecânica está em
andamento desde o ano de 2000, tendo, inclusive, resultado
em importantes reformulações de disciplinas.

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A adoção do conceito de competência
... resgata a integração ensino-pesquisa-
extensão para o ensino de graduação.

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Santos
38
Revista Produção v. 13 n. 1 2003
O estabelecimento de carga horária desequilibrada entre
as várias disciplinas profissionalizantes preocupa a CoC-
EPM, e o rearranjo equilibrado do conhecimento está sendo
estudado, com o objetivo de possibilitar aos alunos uma
visão mais abrangente da Engenharia de Produção.
O conteúdo essencial em Engenharia associado ao
Núcleo de Conteúdos de Formação Básica em Engenharia
ainda não sofreu nenhuma intervenção. A alta carga
horária deste núcleo, associada aos métodos de ensino
baseados na transmissão de conhecimento, mostra a im-
portância de se repensar os conhecimentos básicos em
Engenharia de Produção, sempre com a cautela de não
incorrer em uma mudança arbitrária do “todo discipli-
nar” para o “todo transversal”.
Os serviços de informação, de aquisição e de disponibi-
lização de acervo bibliográfico pelo Serviço de Biblioteca
da EESC são condições infra-estruturais importantes para
viabilizar a assimilação do conhecimento essencial em
Engenharia de Produção pelos alunos (SANTOS et al.,
1997). A parceria desse serviço com o curso de Engenha-
ria de Produção Mecânica já vem ocorrendo, em especial
nas disciplinas de Metodologia de Pesquisa em Engenharia
de Produção (ARAUJO e SANTOS, 2001) e Trabalho de
Conclusão de Curso.
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Reforça-se que as mudanças realizadas e em planeja-
mento estão coerentemente relacionadas ao enfrentamento
de situações complexas, a um novo olhar sobre a pesquisa e
extensão, à mobilização e interdisciplinaridade dos elemen-
tos das competências e à singularidade da formação e à
progressão da aprendizagem das competências.
Em especial para a singularidade da formação das compe-
tências, está programada, para realização no ano de 2004, a
criação de ênfases ou módulos do Núcleo de Extensões e
Aprofundamentos, que são extensões dos atuais módulos do
Núcleo de Conteúdos Profissionalizantes em Engenharia de
Produção. Assim, ao realizar as disciplinas optativas, o Estágio
Supervisionado e o Trabalho de Conclusão de Curso em uma
subárea específica da Engenharia de Produção, o aluno recebe-
rá um Certificado de Estudos Especiais nesta subárea, com o
objetivo de valorizar sua primeira especialização profissional.
Finalmente, a abordagem de competência para o curso de
graduação exige, em termos organizacionais, que as suas comis-
sões coordenadoras gerenciem e avaliem de forma aprofundada
e integrada suas várias dimensões (BRASIL, 2002):
• didático-pedagógica, que envolve a administração acadê-
mica, o projeto de curso e as atividades acadêmicas
articuladas ao ensino de graduação;
• corpo docente, que consiste na formação acadêmica e
COORDENADOR DA GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Coordenador das Competências,
do Conhecimento Essencial e de
Atualização Curricular
Coordenador do Acervo
Bibliográfico e da Interação
Graduação-Sistema Integrado de

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Bibliotecas da USP
Acompanhamento da
Carreira dos Ex-Alunos
Coordenador de
Salas de Ensino Informatizadas
e de Tecnologias de Ensino
Coordenador de Iniciação
Científica, de Trabalho de Conclusão
de Curso e da Interação Graduação-
Pós-Graduação
Coordenador dos Laboratórios
de Apoio ao Ensino de Graduação
Coordenador de Estágios
e da Interação Graduação-
Extensão
Coordenador da
Avaliação Integrada do
Curso de Graduação
Coordenador de Metodologias de
Ensino e de Capacitação Didática
dos Docentes a Alunos
Figura 4: Organograma circular em estudo pela CoC-EPM.

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Potencialidades de mudanças na graduação em Engenharia de Produção geradas pelas
diretrizes curriculares
Revista Produção v. 13 n. 1 2003
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profissional, condições de trabalho, e atuação e desempe-
nho acadêmico e profissional;
• instalações, compostas de instalações gerais, bibliotecas
e laboratórios específicos.
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Com base nessas exigências de gestão e avaliação, apre-
senta-se uma proposta de organograma circular, que está
sendo estudada pela Comissão Coordenadora do Curso de
Engenharia de Produção Mecânica – CoC-EPM – da EESC,
uma vez que o coordenador não tem mais condições de
gerenciar, de forma centralizada e isolada, os cursos de
graduação em geral. É imprescindível uma maior participa-
ção das várias unidades da universidade, dos professores,
dos alunos, dos funcionários, e de representantes de setores
externos à universidade (Figura 4).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A discussão teórica deste artigo e a apresentação dos
momentos da reestruturação curricular do curso de gradua-
ção em Engenharia de Produção Mecânica da EESC evi-
denciam a importância que as Diretrizes Curriculares para
os cursos de Engenharia e, em especial, o conceito de
competência têm para a reformulação dos cursos de gradua-
ção, tanto em termos de formas de gestão como de
estruturação curricular. Acredita-se que esta saudável
pressão sobre a graduação em Engenharia potencialize
importantes mudanças no processo de formação dos pro-
fissionais e na gestão de cursos de graduação em Engenha-
ria de Produção.

RESENDE, E. O livro das competências: o desenvolvimento das competências – a


melhor auto-ajuda para pessoas, organizações e sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000.
SANTOS, F. C. A. Projeto pedagógico de curso de graduação em Engenharia de
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SANTOS, F. C. A., MOCCELLIN, J. V., AMARAL, D. C., KALATZIS, A. E. G.,
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fixa mínimos de conteúdo e duração.
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LE BOTERF, G. De la compétence: essai sur un attracteur étrange. Paris: Les
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E
SISTEMAS

O SISTEMA DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL


SEGUNDO A ISO 14001 COMO INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA NA ORGANIZAÇÃO

Janice Mileni Bogo

Florianópolis
Dezembro - 1998

O SISTEMA DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL


SEGUNDO A ISO 14001 COMO INOVAÇÃO
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TECNOLÓGICA NA ORGANIZAÇÃO

Janice Mileni Bogo

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em


Engenharia, especialidade em Engenharia de Produção, e aprovada em sua forma
final pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.

______________________________
Ricardo Miranda Barcia, Ph.D
Coordenador do curso

Banca Examinadora:

_____________________________
Orientador: Paulo Maurício Selig, Dr. - Orientador

___________________________
Edson Pacheco Paladini, Dr.

___________________________
Aline França de Abreu, Ph.D

___________________________
Alexandre Lerípio, M.Sc.

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"Na excitação em torno do desenrolar de suas potencialidades científicas e
técnicas, o homem moderno construiu um sistema de produção que violenta a
natureza e um tipo de sociedade que mutila o homem. Se ao menos houvesse cada
vez mais riqueza, pensou-se, tudo se ajustaria. O dinheiro é considerado
onipotente; se pudesse realmente comprar valores imateriais, como justiça,
harmonia, beleza ou mesmo saúde, poderia burlar a necessidade destes ou
compensar sua perda. O progresso da produção e a aquisição de riqueza, assim,
tornaram as mais elevadas metas do mundo moderno com referência às quais
todas as outras, não importa quanto ainda se fale delas da boca para fora,
acabaram por ficar em segundo plano. As metas mais elevadas não precisam de
justificativa; todas as secundárias têm em última instância, de se justificar em
função do serviço que sua consecução presta à consecução das mais elevadas.
Esta é a filosofia do materialismo e é esta filosofia - ou metafísica - que está sendo
agora contestada pelos acontecimentos. (...) Ela expressa-se na linguagem do
terrorismo, genocídio, desintegração, poluição, exaustão."

Schumacher (1976)

Dedicatória

Dedico este trabalho a todas as pessoas que de uma


forma ou outra lutam pela preservação deste planeta.

Em especial, dedico àqueles que são os meus grandes motivos


para trabalhar por um mundo melhor: Carlos André e Lucas.

Agradecimentos
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Uma das coisas mais interessantes de se observar é o número de pessoas a quem se
tem a obrigação moral de agradecer pela realização de um trabalho como este. Isto
me leva a constatar que mesmo que se pense que está fazendo um trabalho sozinho,
nunca se faz nada sem que, de alguma forma, outras pessoas estejam envolvidas. E
vem a tona aquela noção de rede, de interdependência, onde tudo e todos estão
interligados. A natureza funciona assim e nós, seres humanos, não poderíamos ser
diferentes. Talvez seja isto o que nos falta: reconhecer que somos todos
interdependentes, os seres humanos uns dos outros e todos da natureza.

Agradeço em primeiro lugar a Deus, que é a inteligência suprema que nos permite
estar aqui neste espaço e neste tempo, vivendo e convivendo, ensinando e
aprendendo.

Agradeço aos meus pais, Inácio e Roseli, que me criaram e proporcionaram minha
educação, tanto escolar quanto moral, e que me ensinaram que para viver é preciso
ser perseverante.

Agradeço à minha tia Déia e aos meus primos Lúcia e Márcio e seus filhos pela
acolhida calorosa em Tubarão durante a realização do estudo de caso.

Agradeço à ajuda imensurável de minha sogra Ana Maria e minha mãe Roseli pelos
cuidados com meu filho Lucas nos períodos de minha ausência. E agradeço à
Renata, à Fernanda, à Luciana, à Cristiana, ao Gilson e ao Marcos pelo carinho a
ele dedicado quando a mãe ficava trabalhando até tarde.

Agradeço ao engenheiro Juliano Natal da ALCOA de Tubarão que foi mais que
fonte de informações valiosas, foi amigo. Agradeço também ao pessoal da
ALCOA: Afonso Furghestti, Valério Magri, José Roberto Sampaio e todos os
funcionários da ALCOA que, sem dúvida alguma, são parte importante deste
trabalho.

Agradeço à Yoná Simon e à Maria Conceição Oashi que foram minhas parceiras
nas explorações iniciais no tema da dissertação.

Agradeço à Lucila que foi a luz no fim do túnel no período de definição "do que eu
iria fazer". Agradeço a todos os meus amigos do GAV e do IGTI, às minhas amigas
de infância (Margarete, Márcia, Andréa, Carla e Edilene) e aos meus amigos do
DG3, além do meu querido Amadeus, que são parte do bem mais precioso que
tenho: minhas amizades.

Agradeço ao Prof. Paulo Selig o apoio, a confiança e o empurrão nas horas certas.
Agradeço à Profa. Aline França de Abreu que é o sangue desta dissertação.

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Agradeço ao Prof. Edson Paladini a amizade e a inspiração. Agradeço também ao
Prof. Alexandre Lerípio pelo apoio e disposição para ajudar.

Por fim, agradeço aos meus grandes amores: Carlos André e Lucas, simplesmente
por existirem em minha vida.

SUMÁRIO

RESUMO
ABSTRACT

1. APRESENTAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DO TRABALHO

1.1 Introdução

1.2 Objetivos

1.3 Justificativa

1.4 Limites do trabalho

1.5 Estrutura dos capítulos

2. Evolução da questão ambiental

2.1 O que é qualidade

2.2 Evolução da qualidade

2.2.1 Evolução da preocupação ambiental

2.3 Do Gerenciamento da Qualidade Total (TQM) ao Gerenciamento Ambiental da


Qualidade Total (TQEM)

2.4 Gestão ambiental: um novo paradigma

2.4.1 Pressões para mudança

2.5 Desenvolvimento sustentável e crescimento econômico

2.5.1 A variável ecológica na empresa


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2.6 Tendências e exigências mundiais

3. SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL

3.1 Normas e diretrizes de gestão ambiental

3.1.1 BS 7750

3.1.2 Regulamento n. 1836/93 da CEE

3.1.3 Ligações da BS 7750 com o Regulamento da CEE

3.2 ISO - International Organization for Standardization: o desenvolvimento da


ISO 14000

3.2.1 O escopo do TC 207

3.3 ISO 14000: aspectos gerais

3.3.1 Termos e definições básicas da ISO 14001

3.3.2 Sistema de gestão ambiental segundo a ISO 14001

3.3.3 Política ambiental

3.3.4 Planejamento

3.3.5 Implementação e operação

3.3.6 Verificação e ação corretiva

3.3.7 Análise crítica pela alta administração

3.3.8 Conclusões sobre a ISO 14001

4. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

4.1 Gerenciamento como tecnologia

4.1.1 O que é tecnologia

4.1.2 O que é tecnologia de gerenciamento

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4.2 A necessidade de uma nova forma de gerenciar

4.3 SGA segundo a ISO 14001 como uma tecnologia de gerenciamento

4.4 O SGA segundo a ISO 14001 como mudança organizacional e inovação


tecnológica

4.4.1 Mudança organizacional

4.4.2 Inovação tecnológica

4.4.3 Análise do caso do SGA segundo a ISO 14001

5. UM CASO PRÁTICO DE SGA SEGUNDO A ISO 140001 COMO


INOVAÇÃO TECNOLÓGICA (ALCOA ALUMÍNIO S.A.)

5.1 Apresentação da empresa

5.1.1 Histórico

5.1.2 Características da unidade industrial de Tubarão

5.1.3 O caminho da qualidade

5.2 Sistema de gestão ambiental da ALCOA - Tubarão

5.2.1 Política e princípios

5.2.2 Planejamento

5.2.3 Implementação e operação

5.2.4 Verificação e ação corretiva

5.2.5 Revisão geral

5.3 O SGA da ALCOA – Tubarão como inovação tecnológica

5.3.1 Tecnologia de gerenciamento: caracterização e tipos

5.3.2 Considerações sobre o processo de mudança organizacional

5.3.3 Inovação tecnológica

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5.3.4 Considerações finais

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

6.1 Conclusões

6.2 Recomendações para trabalhos futuros

ANEXOS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIBLIOGRAFIAS

RESUMO

Diante da perplexidade mundial frente aos efeitos ambientais resultantes da atuação


do homem sobre a natureza, percebe-se finalmente que o crescimento econômico
da maneira como tem sido conduzido só pode levar a um resultado: caos. A análise
das práticas de controle de qualidade mostra que não basta somente qualidade de
produto e de processo, precisa-se de qualidade ambiental. E esta só pode ser
alcançada com o comprometimento não só do governo e dos indivíduos, mas
também do meio empresarial.

Entre as tecnologias disponíveis, as normas e regulamentos para sistemas de gestão


ambiental são um esforço no sentido de as organizações assumirem suas
responsabilidades frente ao futuro do planeta. A compreensão do processo de
inovação tecnológica, decorrente da implantação do Sistema de Gestão Ambiental
(SGA) da ISO 14001, que é uma tecnologia de gerenciamento, é o que faz a grande
diferença quando da constatação dos resultados empresariais. Este trabalho é fruto
de intensa pesquisa teórica nas áreas relacionadas acima e da análise da experiência
de uma empresa do ramo metal-mecânico, a ALCOA unidade de Tubarão – SC.
Entre seus resultados encontram-se a comprovação da importância da implantação
e manutenção de um sistema de gestão ambiental e a constatação deste como uma
inovação tecnológica. Ao tratar-se o SGA da ISO 14001 como inovação
tecnológica, englobou-se: a caracterização do deste como tecnologia de
gerenciamento, a identificação dos tipos de tecnologia de gerenciamento ambiental
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e a correlação com o processo de inovação tecnológica. Com isso foram traçados
paralelos com o potencial de contribuir na efetiva implantação, manutenção e
controle de um sistema de gestão ambiental segundo os parâmetros da ISO14001.

ABSTRACT

Amid a stunned world about the environmental effects, that is the outcome of the
man action over the nature, it is notable that the current economic growth will wind
up nowhere but the chaos. Analysis of quality control practices leads to a need of
environmental quality, not just product or process. Besides the State and society
support, it can only be reached if the organizations stick for it as well.

Among available technologies, the norms and rules for systems of environmental
management are an effort so that companies are pushed to take their comittment
upon the future of the planet. The understanding of the technological innovation
process, as a result of the application of the Environmental Management System
(EMS) according to ISO 14001, that is a management technology, is what makes
the difference off organizations results. This work results from an intense
theoretical research on the areas cited above and from an analysis of the experience
of a metal-mechanic company , ALCOA Tubarão - SC unit. Amid its conclusions
are the prove of the implementation and development importance of environmental
management system, and the evidence of the EMS as a technological innovation.
Dealing with the EMS according to ISO 14001 as a management technology were
embodied: its characterization as a management technology, the identification of
the types of environmental management technology and the correlation with the
technological innovation process. Then, parallels were traced with the potencial to
contribute in the effective implementation, maintenance and control of an
environmental management system according to ISO 14001.

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Page 1
ATITUDES DE ALUNOS E PROFESSORES COM
RELAÇÃO A CURSOS DE MESTRADO EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A DISTÂNCIA

Andrea Valéria Steil


Instituto Virtual de Estudos Avançados – VIAS, Rod SC 401, Km 1, Parqtec Alfa,
Bairro João Paulo, CEP 88030-000, Florianópolis, SC,
e-mail: andrea@vias.org.br
Ricardo Miranda Barcia
Instituto Virtual de Estudos Avançados – VIAS, Rod SC 401, Km 1, Parqtec Alfa,
Bairro João Paulo, CEP 88030-000, Florianópolis, SC
Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento,
Universidade Federal de Santa Catarina,
e-mail: rbarcia@vias.org.br
Recebido em 06/4/2005
Aceito em 27/3/2006

Resumo

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Este artigo resulta de uma pesquisa que se propôs a analisar dados de um relatório realizado
em uma instituição de ensino superior brasileira, que teve como foco a avaliação do processo
de desenvolvimento de cursos de mestrado em Engenharia de Produção na modalidade de
educação a distância (EAD). A experiência deste mestrado a distância é única no Brasil e seu
modelo pedagógico recebeu um prêmio de qualidade pela Associação Brasileira de
Educação a Distância (ABED). O artigo focaliza três aspectos avaliados no relatório acerca
das atitudes dos professores e dos alunos em relação à modalidade educacional a distância:
A) as atitudes de professores e de alunos em relação à interação proporcionada; B) as
atitudes dos alunos em relação ao papel do professor; e C) as expectativas dos alunos pelo
curso. A abordagem teórica utilizada foi a teoria das atitudes, o conceito de esquemas
representativos e os construtos referentes às atitudes diante de diferentes aspectos da
educação a distância. Trata-se de um estudo exploratório e de natureza quantitativa. A partir
destes dados, discute-se a influência destas atitudes no tempo de conclusão de curso do
aluno. Os sujeitos da pesquisa são 471 alunos e 30 professores. Os dados foram coletados
por meio de questionário.
Os resultados indicam que as atitudes de alunos e de professores foram predominantemente
positivas em relação aos aspectos investigados. Identificou-se que na modalidade
educacional em questão o tempo de titulação dos alunos ficou muito próximo ao ideal
sugerido pela CAPES/MEC. Sugere-se que tal resultado possa estar relacionado com as
atitudes positivas dos alunos com relação aos seus cursos e ao modelo pedagógico e à
estrutura de apoio oferecidos ao aluno pelo curso. Diferentemente dos resultados de algumas
pesquisas referentes ao papel das atitudes diante da educação a distância, os resultados deste
estudo também sugerem que atitudes positivas (ou negativas) diante da educação a distância
estão relacionadas tanto com o modelo pedagógico adotado quanto com a tecnologia
utilizada. Os resultados deste estudo abrem espaço para a investigação mais detalhada a
respeito do papel das atitudes dos alunos em cursos de mestrado a distância
em Engenharia de Produção.
Palavras-chave: educação a distância, atitudes, engenharia de produção.
v.13, n.1, p.141-149, jan.-abr. 2006
1. Introdução
Há crescente interesse na compreensão das atitudes de estudantes e de professores com
relação à adoção de inovações educacionais, identificado pelo número de estudos em

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desenvolvimento nessa área (Ocker, 2001; Berge, 2002). Inman et al. (1999), por exemplo,
identificaram que um dos fatores que contribuem para a pequena taxa da adoção da educação
a distância (EAD) pelas instituições de ensino superior pode estar relacionada à existência de
atitudes negativas quanto a essa inovação educacional.
Um fator que influencia as atitudes diz respeito ao papel do professor e dos alunos na
educação a distância, que não assume a mesma configuração que a da sala de aula tradicional,
desafiando os esquemas de representação vigentes. Os esquemas são organizações cognitivas
que representam o conhecimento sobre um conceito desenvolvido pela experiência passada,
as quais influenciam a forma pela qual novas informações e situações são organizadas (Fiske
e Taylor, 1984). Como os esquemas representam uma relação prototípica, eles conduzirão o
indivíduo a comparar e a julgar todas as suas experiências educacionais futuras com relação
ao seu esquema.
O esquema estabelecido com relação à situação de ensino formal baseia-se na presença dos
professores e dos alunos em um mesmo espaço e tempo. Como conseqüência, assume-se que
existe uma necessidade básica da manutenção dessa configuração para que a aprendizagem
ocorra (Inman et al., 1999). Em função deste aspecto, as configurações educacionais que
diferem desse esquema podem ser vistas com apreensão e ceticismo.
Considerando-se tais aspectos, este artigo tem o objetivo de colaborar com as discussões
sobre as atitudes de alunos e de professores participantes de cursos na modalidade
educacional a distância. Para tanto, são utilizados dados de um relatório realizado por uma
instituição de ensino superior localizada no sul do Brasil que teve como foco a avaliação do
processo de desenvolvimento de cursos de mestrado em Engenharia de Produção na
modalidade educacional a distância. Os dados enfocam três dos aspectos avaliados no
relatório acerca das atitudes dos professores e alunos em relação à modalidade educacional a
distância: A) as atitudes de professores e alunos em relação à interação proporcionada; B) as
atitudes dos alunos em relação ao papel do professor; e C) as expectativas dos alunos pelo
curso.
O artigo ainda reflete sobre a possível influencia destes três aspectos no tempo que o aluno
leva para concluir o curso de mestrado, uma vez que alguns estudos apontam a vigência do
fenômeno da inexistência de diferença significativa (non significance difference
phenomenon) entre os resultados da aprendizagem das modalidades educacionais a distância e
presencial (Philipps e Merisotis, 1999).

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Este artigo procura contribuir com as discussões teóricas acerca das atitudes de professores e
de alunos no âmbito da educação a distância, mais precisamente nos cursos de mestrado a
distância em Engenharia de Produção. Os resultados deste artigo poderão ser utilizados por
instituições de ensino superior que planejam iniciar um processo de virtualização de suas
atividades educacionais de pós-graduação stricto sensu.
Para o alcance de seu objetivo, o artigo está estruturado como se segue. As primeiras seções
tratam dos fundamentos teóricos: a definição e as funções das atitudes, assim como os
resultados de estudos que identificaram as atitudes de alunos e professores diante de
inovações educacionais. Logo após, a metodologia é apresentada, com o detalhamento dos
participantes da pesquisa e dos procedimentos utilizados. Os resultados são apresentados em
seguida. Por fim, são discutidos os resultados e são apresentadas as considerações finais.

2. Definição e funções das atitudes


A atitude é considerada um dos principais construtos das ciências comportamentais e sociais.
Existe consenso teórico sobre a compreensão das atitudes como disposições mentais para
avaliar um objeto psicológico, expressas em dimensões de atributos, como bom/mau,
agradável/desagradável, etc. (Ajzen, 2001; Wood, 2000). Há indícios crescentes de que a
avaliação dirigida a um objeto surge imediatamente, sem esforço consciente. Essas avaliações
são ativadas automaticamente mesmo quando os julgamentos avaliativos não são esperados
ou solicitados (Bargh e Chartrand, 1999).
As atitudes são influenciadas simultaneamente pela cognição e pelo afeto. O grau de
influência desses dois elementos difere entre os indivíduos na determinação das atitudes
dirigidas a diferentes objetos. Apesar desse aspecto, quando a cognição e os sentimentos com
relação a um objeto possuem valências opostas, a influência dos sentimentos tende a
predominar (Lavine et al., 1998). De forma complementar, a informação negativa tem maior
impacto no desenvolvimento das atitudes, quando comparada com informações muito
positivas. Há experimentos que indicam que existe maior atividade cognitiva e melhor
memória para as palavras negativas do que para as positivas (Ajzen, 2001).
As funções das atitudes estão relacionadas ao aumento da adaptação do indivíduo ao
ambiente. Em termos específicos, essas funções podem ser: a) de expressão de valores; b) de
conhecimento; c) de defesa egóica; d) de ajustamento social; e e) de utilização (ou utilitária).
Em consonância com essas funções, as atitudes possuem um efeito tendencioso sobre os

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julgamentos e a memória. Os indivíduos tendem a aceitar materiais e idéias que são
consistentes com a atitude existente e a não levar em consideração o que está em conflito com
ela (Ajzen, 2001; Havice, 1999).
3. Atitudes com relação à educação a distância
Há evidências teóricas de que as atitudes dos estudantes com relação à educação a distância
são indicadores tão importantes quanto o seu desempenho para a identificação da eficácia dos
cursos e dos programas realizados a distância (Valenta et al., 2001). Em função desse aspecto,
a necessidade de se explorarem as atitudes dos alunos quando da implementação de
tecnologias educacionais é sugerida (Ocker, 2001). De acordo com Havice (1999), as atitudes
influenciam a motivação para aprender e ajudam a delinear as ações humanas, incluindo a
aceitação de mensagens educacionais.
A literatura relacionada às atitudes dos estudantes ante seus cursos sugere que a mídia
utilizada como método de instrução não tem influência nas atitudes (Havice, 1999).
Apesar desse indício, os resultados das pesquisas sobre os efeitos da educação a distância nas
atitudes de estudantes e professores diante de diferentes cursos ainda não são conclusivos
(McGreal, 1994).
Por exemplo, um estudo experimental comparou se havia ou não diferença nas atitudes de
estudantes universitários com relação a um sistema integrado de mídia, quando comparado
com o método tradicional de palestras. Os resultados indicaram que não houve diferença
significativa nas atitudes em direção ao curso nos grupos experimental e de controle (Havice,
1999). De forma diferenciada, em um estudo com professores universitários dos Estados
Unidos, Inman et al. (1999) verificaram que os professores pesquisados possuem atitudes
conflitantes sobre a educação a distância. Eles demonstram vontade de participar de cursos a
distância, mas possuem ainda dúvidas sobre a sua qualidade. Ainda, quanto mais experiente é
o professor na sala de aula tradicional, menos satisfeito ele está, em princípio, como professor
na metodologia a distância.
Akerlind e Trevitt (1999) realizaram uma revisão dos fatores que induzem os estudantes a
resistir à aprendizagem mediada por tecnologia. Os referidos autores concluíram que, em
termos gerais, quanto mais satisfeitos os estudantes estão com as suas experiências de
aprendizagem tradicionais, sem o uso de tecnologias, menos eles estarão preparados para
aceitar métodos de aprendizagens não familiares. Para esses estudantes, a imposição externa
para o uso de métodos tecnológicos, quando os estudantes possuem pouco conhecimento

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sobre o tema, geralmente produz sentimentos de desconforto e de ansiedade, de perda de
controle pessoal e de medo de:
a) aprender menos; e b) não saber que elementos do tópico em estudo devem ser estudados
em profundidade.
Um outro estudo sobre as atitudes em face da utilização de sistemas tecnológicos de auto-
aprendizagem, realizado com alunos de graduação em Marketing, indicou que as atitudes dos
alunos dependem da motivação individual para o alcance de sucesso na profissão e/ou da
curiosidade do estudante e do seu envolvimento com o curso (Bennet e Kottasz, 2001).
Em um estudo realizado na comunidade européia, com 847 alunos matriculados em cursos de
graduação em diferentes países, verificou-se que a maioria dos alunos apresentou uma atitude
positiva diante das oportunidades oferecidas pela tecnologia no processo educacional.
Apesar desse aspecto, houve um número significativo de alunos que considerou que as
tecnologias podem também adicionar um grau de complexidade no processo educacional, que
pode ser maior do que a sua efetiva capacidade de absorção (Dondi et al., 2004).
Nesta seção, foram descritos os principais estudos sobre o tema, que formam a base teórica
para o delineamento desta pesquisa. Entretanto, apesar do número crescente de estudos
relacionados às atitudes diante da educação a distância, este ainda não se configura em um
corpo teórico unificado, especialmente quando são investigadas conjuntamente as atitudes de
alunos e professores.

4. Metodologia
O estudo propõe a análise de parte dos dados de um relatório realizado em uma instituição de
ensino superior brasileira que teve como foco a avaliação do processo de desenvolvimento de
cursos de mestrado em Engenharia de Produção na modalidade educacional a distância
(EAD). O relatório, de uma forma geral, descreve as atitudes, o funcionamento, os sistemas de
apoio, os recursos didáticos e o aparato tecnológico dos cursos de mestrado a distância
em Engenharia de Produção desenvolvidos pela respectiva instituição. Cabe ressaltar que a
experiência deste mestrado acadêmico a distância é única no Brasil e seu modelo pedagógico
recebeu um prêmio de qualidade pela Associação Brasileira de Educação a Distância
(ABED).

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Trata-se de um estudo exploratório, de natureza quantitativa. A amostra foi constituída por
471 alunos e 30 professores integrantes dos cursos de mestrado a distância
em Engenharia de Produção. Os alunos encontravam-se em período de créditos.
A coleta, o levantamento e análise dos dados ocorreram no período de setembro a outubro de
2000. Os alunos responderam ao instrumento durante o horário das aulas.
Já os professores, receberam os questionários em mãos, os quais foram posteriormente
recolhidos pelos pesquisadores. Todas as respostas dadas aos questionários foram anônimas.
Apesar do tempo decorrido da experiência, em função da natureza unívoca do mestrado
presencial virtual analisado, considera-se importante o registro e a divulgação de seus
resultados na comunidade acadêmica.
O instrumento utilizado para coletar os dados sobre a atitude de alunos e professores foi um
questionário elaborado especificamente para este fim, pelos responsáveis pelo
desenvolvimento do relatório. As assertivas do questionário foram desenvolvidas a partir da
análise de diferentes instrumentos de aferição de atitudes (Perez e White, 1985; Singhanayak
e Hooper, 1998). O instrumento não foi alvo de validação estatística, entretanto, pela natureza
inovadora da experiência, considera-se o potencial teor de reflexão resultante da utilização do
instrumento.
No que diz respeito às atitudes de alunos e professores, o questionário investigou três
aspectos. São eles: A) as atitudes de alunos e professores com relação à interação
proporcionada pelo modelo de educação a distância vigente; B) atitudes dos alunos com
relação ao corpo docente; e C) as expectativas dos alunos frente ao curso de mestrado EAD.
Para o item A), atitudes de alunos e professores com relação à interação proporcionada pelo
modelo EAD vigente, foram elaboradas três assertivas: 1) o modelo EAD propicia interação
entre alunos; 2) o modelo EAD propicia interação entre aluno e orientador; e 3) o modelo
EAD propicia interação entre aluno e professor. Para o item B), atitudes dos alunos com
relação ao corpo docente foram delineadas quatro assertivas: 1) tempo de resposta às dúvidas
via ambiente de aprendizagem on-line; 2) ambiente de abertura e respeito; 3) relação entre
conteúdo e prática; e 4) estímulo ao uso do ambiente de aprendizagem on-line. O item C),
dirigido especificamente aos alunos, investigou se o curso de mestrado estava atendendo às
suas expectativas. Para todas as assertivas, foram apresentadas quatro opções de resposta: 1)
pouco; 2) regular; 3) satisfatório; 4) bom; e 5) ótimo. Antes de se aplicarem os questionários,
foi adotado o procedimento de validação semântica.

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5. Apresentação e discussão dos resultados
Antes da exposição dos resultados da escala atitudinal, alguns dados referentes ao modelo
pedagógico do curso e ao perfil dos alunos e professores participantes do estudo serão
apresentados.

5.1 Modelo pedagógico do curso


Apesar de a expressão “educação a distância” ser utilizada, na época da pesquisa, os cursos de
mestrado a distância da referida universidade apresentavam como modelo educacional o
“presencial virtual”, pois fazia uso da videoconferência interativa para a efetivação das aulas,
por meio da qual efetiva-se o diálogo imediato, com áudio e vídeo em tempo real, entre
professores e alunos. Segundo Decreto nº 2494 (MEC, 1998), a educação a distância é uma
modalidade de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos
didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação,
utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação.
Diferentemente da noção de educação a distância baseada em auto-aprendizagem, neste
modelo o aluno “não assistia” a aulas previamente formatadas ou gravadas em vídeo e
respondia questões em sua apostila. Aluno e professor se viam mutuamente, com retorno
integral de áudio, imagens e dados, em tempo real. Por isso não havia “veiculação” de vídeo e
material didático e sim a interação direta, por meio da telepresença entre os participantes da
aula (professores, alunos e monitores).
A estrutura de apoio ao aluno era formada pelo coordenador, pelos professores das
disciplinas, por professores orientadores, tutores de orientação, um coordenador de orientação
e um monitor. O tutor de orientação é um aluno de doutorado do professor orientador em fase
final de desenvolvimento de sua tese, que auxilia o mestrando no processo de definição do
problema de pesquisa, na revisão de literatura, na metodologia de pesquisa e nas discussões
dos resultados, juntamente com o professor orientador. O coordenador de orientação é um
professor-pesquisador da universidade com reconhecida experiência em pesquisas. A
coordenação de orientação acompanha o desenvolvimento das dissertações mediante o
contato sistemático com todos os alunos e seus respectivos orientadores. O monitor é um
especialista em educação a distância que tem como meta interagir sistematicamente com os
alunos para garantir os seguintes pontos: manter a motivação dos alunos pelo curso; auxiliar

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nas trocas colaborativas entre os alunos; e informar sobre os processos de desenvolvimento
do curso.
Essa estrutura de apoio ao desenvolvimento das dissertações pode ter minimizado a
identificação de diferenças fundamentais entre a situação prototípica da educação presencial
para a experiência atual da realização de um mestrado a distância com as configurações
descritas.
Os alunos matriculados nos cursos presenciais virtuais tinham ciência de que a estrutura
elaborada para o seu acompanhamento era formada por uma quantidade maior de
profissionais especializados do que tinham à disposição os seus colegas matriculados nos
mesmos cursos de mestrado presenciais (UFSC, 2001).

5.2 Perfil dos alunos de mestrado a distância da universidade


Com relação à faixa etária, a maior concentração de alunos possuía entre 30 e 39 anos
(38,90%), seguida da faixa entre 40 e 49 anos (31,69%) e entre 20 e 29 anos (21,39%). A
maior parte dos alunos era do sexo masculino (64,47%).
Como os cursos de mestrado em Engenharia de Produção no Brasil atraem egressos de
diferentes áreas do conhecimento, buscou-se verificar esse comportamento nos cursos em
questão. O maior contingente de alunos provém de cursos de administração (36,8%), seguido
das engenharias (14,4%), ciências contábeis (11,6%), psicologia (7,8%) e pedagogia (6,4%).
Os principais fatores motivacionais para o ingresso nos cursos foram assim hierarquizados
pela amostra pesquisada: a) atualização profissional (23,13%); b) aprimoramento/realização
pessoal (14,30%); c) desafio pessoal (14,30%); d) base teórica para aplicar na profissão
(14,03%); e) interesse pela área (11,56%); f) necessidade de titulação (9,77%); g) interesse
em ingressar em uma instituição de ensino (6,78%); e h) outros (6,13%).
Com relação ao perfil, também foram identificadas as experiências anteriores dos alunos com
as tecnologias da videoconferência e Internet (Tabela 1).
Verificou-se que os alunos possuíam menos contato com a videoconferência do que com a
Internet. Além desse aspecto, nenhum aluno possuía experiência de realização de cursos a
distância com a utilização dessas duas tecnologias juntas.

5.3 Perfil dos professores pesquisados

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Os professores apresentaram uma distribuição relativamente homogênea em termos de tempo
de docência no ensino superior. Mais de 50% deles possuíam mais de dez anos de experiência
e apenas 20% possuíam até três anos de experiência em docência.
Esses professores consideraram-se conhecedores dos processos envolvidos na educação a
distância. Metade dos professores considerou satisfatório o seu conhecimento sobre EAD,
enquanto cerca de 40% destes avaliaram o seu conhecimento como bom ou ótimo.

5.4 Resultados da escala atitudinal


Nas tabelas a seguir, são apresentadas as médias das respostas por assertiva e os respectivos
desvios-padrão.
A partir da escala utilizada, em que 1) significa pouco, 2) regular, 3) satisfatório, 4) bom e 5)
ótimo, as médias mais próximas de 5 referem-se às atitudes mais positivas, e as médias
próximas de 1 dizem respeito às atitudes mais negativas. Para se analisar o grau de
homogeneidade nas respostas, utilizou-se o desvio-padrão.

5.4.1 Interação
A importância da interação na educação a distância tem sido grandemente enfatizada como
um meio para aumentar o desempenho e a satisfação do aluno com o curso (Driver, 2002;
Moore e Kearsley, 1996). No escopo deste trabalho, interação é compreendida como uma
ação recíproca entre duas ou mais pessoas, que pode ser presencial ou mediada por alguma
tecnologia.
Conforme pode ser visualizado na Tabela 2, é positiva a atitude de alunos e professores em
relação à interação proporcionada pelo modelo entre os alunos e entre os alunos e os
professores. O fato dos alunos estarem todos em uma única sala de aula com aparelhos de
geração e recepção de videoconferência em tempo real, com um número controlado de alunos
(no máximo 30), pode ter influenciado o desenvolvimento dessa atitude. Neste caso, a atitude
em relação à dinâmica de interação pode ser interpretada como uma característica geral da
classe, em consonância com as pesquisas referentes à interação vicária (Fulford e Zang,
1993). Assim, a visualização da possibilidade real de interação pode ter um impacto maior na
atitude dos alunos do que a atitude relacionada à sua participação individual.
Já as atitudes de alunos e professores em relação à interação proporcionada durante o
processo de orientação, apresentaram média um pouco menor. Os respondentes consideraram-

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na regular, com a visão dos professores mais próxima de satisfatório. Uma vez que estes
alunos ainda não estavam em fase de orientação de dissertação,
as suas atitudes com relação à interação neste período estão mais balizadas pelo afeto do que
pela cognição (Fiske e Taylor, 1984), uma vez que as possibilidades interativas do período de
orientação de dissertação eram potencialmente as mesmas daquelas do período de créditos.
A diferença de atitudes de professores e alunos quanto a este aspecto também pode estar
vinculada a aspectos não relacionados diretamente à educação a distância, e sim aos papéis de
orientadores e alunos durante o período de desenvolvimento de uma dissertação. Os alunos
tendem a superestimar as necessidades de interação com os orientadores para adquirir
segurança para o desenvolvimento de sua dissertação, enquanto os orientadores tendem a
minimizá-la (Mullins e Kiley, 2002).

5.4.2 Corpo docente


Conforme pode ser visualizado na (Tabela 3), a atitude dos alunos em relação ao corpo
docente também foi positiva em todos os aspectos investigados.

Tabela 1. Distribuição de freqüências do conhecimento dos alunos da videoconferência e


da Internet.
Experiência com: Videoconferência
(%)
Internet
(%)
Inexperiente
24,97
8,17
Iniciante
56,64
39,57
Conhecimento
Suficiente
18,03
48,15

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Expert
0,34
4,08
Tabela 2. Atitudes de alunos e professores com relação à categoria interação.
Assertivas
Média
Desvio-padrão
O modelo propicia interação entre:
Aluno Prof. Aluno Prof.
Aluno/aluno
4,30
3,9
0,8
1,2
Aluno/orient.
2,32
2,7
1,3
1,1
Aluno/prof.
3,31
3,37
1,1
1,1

Esses resultados estão em consonância com os resultados de uma pesquisa, com 334 alunos
de graduação que realizaram um curso a distância, conduzida por Inman et al. (1999). Os
autores investigaram, entre outros aspectos, a satisfação destes com relação à qualidade do
processo de ensino/aprendizagem do curso a distância.
Três variáveis foram responsáveis por 69% da variância nas respostas, entre elas a
disponibilidade percebida do professor.

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No caso em estudo, verificou-se que os professores apresentaram comportamentos diretos
para com os alunos (immediacy behaviors), que dizem respeito a comportamentos
comunicativos que reduzem a distância psicológica e social entre as pessoas (Myers et al.,
1998).
As atitudes positivas diante das assertivas da categoria professor demonstraram os seguintes
indícios de comportamentos diretos: manter contato visual; dar e receber feedback,
identificado pelas respostas rápidas por parte do professor; relação entre conteúdo e realidade
por meio do uso de exemplos reais em sala de aula; etc. Em um estudo com alunos de cursos
de MBA, Arbaugh (2001) verificou que os comportamentos diretos por parte dos professores e
as atitudes dos alunos com relação ao software utilizado no curso foram preditores
significativos da satisfação destes com relação ao curso. No presente estudo, os
comportamentos diretos por parte dos professores podem estar associados a uma atitude
positiva dos alunos ante os seus comportamentos.
5.4.3 Satisfação das expectativas
Para finalizar, a questão “De modo geral o curso está atendendo às suas expectativas?”,
direcionada aos alunos, resultou em uma média de 3,75, com desvio-padrão de 0,95. Verifica-
se que as expectativas iniciais dos alunos em relação ao curso foram satisfatoriamente
atendidas. Neste estudo, as atitudes positivas dos alunos com relação à interação
proporcionada pelo modelo podem ter contribuído positivamente para o sentimento de
atendimento de suas expectativas com relação ao curso (Havice, 1999). Esse resultado reforça
os resultados encontrados por Valenta et al. (2001), que identificaram que as atitudes de
alunos são grandemente afetadas por meio do aumento e da facilitação da interação entre
alunos e professores.
A satisfação dos alunos com os seus cursos de mestrado a distância nesta instituição também
ratificam os resultados identificados por Dondi et al. (2004) com alunos matriculados em
cursos de graduação na comunidade européia. Tanto no estudo europeu quanto neste estudo,
as atitudes foram positivas com relação à educação a distância. No caso deste estudo, o temor
de que as tecnologias poderiam adicionar um grau de complexidade maior ao processo
educacional, de modo a afetar a capacidade de absorção dos alunos, parece não ter ocorrido,
mesmo sendo a maioria dos alunos inexperientes ou iniciantes com a videoconferência.
Infere-se, então, que, na configuração educacional estudada, as tecnologias não se impuseram
ao modelo pedagógico, mas facilitaram as trocas interativas. O fato de a videoconferência ter

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sido a principal mídia, por meio da qual cerca de 80% das aulas foram ministradas, pode ter
facilitado o processo, uma vez que ela proporcionou um arranjo educacional muito próximo
da experiência tradicional de alunos e professores. Assim, o esquema educacional
tradicional/prototípico (ver e falar com o professor em tempo real, os alunos estarem todos
presentes em uma “sala de aula”) não foi completamente alterado. Sendo a configuração
educacional a distância próxima do esquema de representação dos alunos, ela não foi
interpretada com apreensão e ceticismo.

5.5 Atitudes dos alunos e tempo de titulação


A realização do curso de mestrado acadêmico no Brasil envolve a finalização com sucesso de
um número específico de disciplinas, desenvolvimento, registro e aprovação em defesa
pública de uma dissertação. O prazo esperado para a realização de um curso de mestrado
acadêmico no Brasil pela CAPES/MEC é de até 24 meses. Este prazo é um dos itens levados
em consideração pela CAPES/MEC para avaliar a qualidade dos cursos de pós-graduação no
país.
Dada a relevância do tempo utilizado pelo aluno para concluir o curso de mestrado e a
preocupação atual com a qualidade de cursos a distância (Vidovich e Porter, 1999), procurou-
se identificar (Quadro 1) o tempo médio que os alunos levam para alcançar sua titulação nos
cursos de mestrado a distância, o tempo médio que os alunos levam para alcançar a titulação
dos mesmos cursos presenciais da instituição sob investigação e o tempo médio que os alunos
levam para alcançar a titulação dos mesmos cursos presenciais em outras universidades
brasileiras.
A CAPES atribui, a partir de uma avaliação trienal, um conceito a cada programa de pós-
graduação no país. Utilizou-se como parâmetro o tempo médio de titulação dos alunos
matriculados nos mesmos cursos de mestrado em Engenharia de Produção em outras
instituições de ensino superior com o mesmo conceito.
As seções anteriores demonstraram que as atitudes de alunos e professores em relação aos
cursos de mestrado em modalidade educacional a distância em Engenharia
de Produção foram predominantemente positivas nas categorias analisadas. Ao mesmo
tempo, a análise do Quadro 1 nos permite identificar que o tempo médio que o aluno leva para
titular-se em cursos de mestrado a distância foi o mais próximo ao ideal de qualidade
preconizado pelos órgãos reguladores brasileiros. O tempo de titulação dos alunos a distância

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foi melhor, tanto em comparação ao dos alunos matriculados nos mesmos cursos presenciais
oferecidos pela mesma universidade quanto ao dos alunos matriculados nos mesmos cursos
oferecidos por outras universidades brasileiras.
Esses resultados iniciais abrem espaço para a investigação mais detalhada a respeito do papel
das atitudes dos alunos diante de cursos de mestrado em Engenharia de Produção (e cursos
em geral). Em termos específicos, levantam-se duas hipóteses: 1) que as atitudes positivas
podem influenciar no tempo de titulação; e 2) que as atitudes positivas (ou negativas) ante
cursos a distância estão relacionadas tanto com o modelo pedagógico e a estrutura de apoio ao
aluno quanto com as mídias utilizadas no curso. Assim, propõe-se que os próximos estudos
procurem relacionar as atitudes com o modelo educacional subjacente e as mídias utilizadas.

6. Considerações finais
O objetivo deste artigo foi o de descrever e analisar parte de um relatório realizado em
instituição educacional acerca das atitudes de alunos e professores participantes de curso de
mestrado em modalidade educacional a distância, a partir de três aspectos: 1) a interação
proporcionada pelo modelo educacional; 2) o papel do professor; e 3) as expectativas dos
alunos pelo curso. O artigo discutiu, ainda, a influência destas atitudes no tempo de titulação
do aluno. Para tanto, o artigo procurou contextualizar teoricamente as atitudes em relação à
educação a distância e discutiu a educação a distância a partir da perspectiva da manutenção
e/ou do afastamento dos esquemas representativos dos alunos e professores ante a situação
prototípica da educação presencial. Neste contexto, ressalta-se a importância do construto dos
esquemas representativos para o entendimento das atitudes diante da educação a distância; e,
de forma diferenciada dos resultados de McGreal (1994), o artigo apresentou evidências para
inferir que as mídias utilizadas como meios didáticos também podem influenciar as atitudes
dos alunos em relação aos cursos a distância. Em consonância com os resultaos de Valenta et
al. (2001), sugere-se que as atitudes dos alunos podem ter sido afetadas positivamente pelo
uso da videoconferência, uma vez que ela facilitou as trocas interativas e o desenvolvimento
de comportamentos diretos (immediacy behaviors) entre alunos e professores e entre alunos e
professores orientadores. Mesmo sendo a maioria dos alunos inexperiente com a
videoconferência, ela proporcionou um arranjo educacional muito parecido com o esquema
representativo da educação formal tradicional, o que não gerou resistência ou ceticismo por
parte dos alunos. Hipotetizou-se, também, que o menor tempo de titulação dos alunos dos

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cursos de mestrado a distância pode estar relacionado com: 1) as atitudes destes com relação
aos aspectos analisados; e 2) o modelo pedagógico e a estrutura de apoio oferecida ao aluno.
Os resultados deste estudo trazem implicações para o desenvolvimento futuro de cursos de
mestrado de Engenharia de Produção a distância. Estas se referem principalmente à
influência dos esquemas representativos da educação tradicional e a como eles influenciam as
atitudes de alunos e professores diante da educação a distância. Ao terem ciência desse
aspecto, os dirigentes institucionais poderão delinear programas de preparação para a
educação a distância mais eficazes. O artigo também permite sugerir aos desenhistas
educacionais que se concentrem prioritariamente na clarificação dos objetivos educacionais
dos programas de mestrado e no seu modelo pedagógico como principais estratégias de
sucesso. As mídias utilizadas também são importantes, principalmente se forem levadas em
consideração as possibilidades pedagógicas e interativas de cada uma (videoconferência e
internet) no que diz respeito ao esquema vigente de educação formal tradicional.
Em termos de limitações, ressalta-se que este estudo é de natureza exploratória e, como tal,
não pode ser comple- tamente generalizado para outros ambientes e populações de alunos e
professores. Além deste aspecto, o instrumento de levantamento de dados, apesar de ter sido
elaborado a partir de escalas consolidadas, precisa de validação estatística, de modo que se
tenha certeza de que ele mede e operacionaliza efetivamente os construtos sob investigação.
Por fim, os resultados do estudo refletem tendências iniciais e poderão ser mais
detalhadamente investigados em estudos futuros. Neste sentido, o presente estudo se
posiciona, de acordo com Snow e Thomas (1994), com o foco na identificação de insumos
para a construção de teorias, e não em sua testagem per se.

Quadro 1. Tempo médio de titulação em cursos de


mestrado em Engenharia de Produção presenciais e a
distância no ano de 2000. Fontes: http://ged.capes.gov.
br/AgDw/silverstream/pages/frPesquisaColeta.html> e
<http://teses.eps.ufsc.br>.
Presencial
Distância
Tempo médio de titulação no mestrado no curso de Engenharia de Produção da
universidade sob investigação

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30 meses
21 meses
Tempo médio de titulação no mestrado nos cursos de
Engenharia de Produção das universidades brasileiras com o mesmo conceito
32 meses
Não havia outras experiências.

Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer a Dulce Márcia Cruz
e Luciana Saraiva, pelas importantes contribuições em ver-
sões anteriores deste artigo, e a Nayara Gondim e Janae
Gonçalves Martins, pelo auxílio nos cálculos estatísticos.

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Maurício Selig, Nelson Casarotto Filho, Paulo Maurício Selig, Carlos Ricardo
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Resumo Este trabalho propõe a utilização do método Análise Envoltória de Dados
como
ferramenta de apoio quantitativo à avaliação de programas de pós-graduação. Uma
aplicação é feita ao caso dos programas de engenharia de produção reconhecidos
junto ...

Proposta de indicadores de desempenho para a indústria de cerâmica


vermelha
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ABSTRACT In Brazil, speacially in the state of Santa Catarina, the small enterprises
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UMA CONTRIBUIÇÃO METODOLÓGICA PARA AVALIAÇÃO DA


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BrasilLP Bresciani - 1994 - Cni

Um estudo para definição e identificação dos custos da qualidade ambiental


LMS Campos - Florianópolis: UFSC, 1996 - eps.ufsc.br
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS. PROGRAMA
DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. ... Dissertação submetida
à Universidade
Federal de Santa Catarina para obtenção do grau de mestre
em Engenharia de Produção. ...

[CITAÇÃO] Manual de engenharia de produção


HB Maynard - 1970 - Edgard Blücher

[CITAÇÃO] Universidade Federal do Rio de Janeiro


…, PPG em Engenharia - Rio de Janeiro, 2002

[DOC] Novas tecnologias de produção de base microeletrônica e


democracia industrial: estudo comparativo de casos na indústria mecânica de
Santa Catarina

[DOC] de ufsc.br
VN Guimarães - … Doctoral Dissertation, Universidade Federal de Santa …, 1995 -
eps.ufsc.br
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. ... Esta
tese foi julgada
adequada para a obtenção de título de doutor em engenharia de produção, e
aprovada na sua
forma final pelo programa de pós-graduação em engenharia de produção. ...

Mensuração das perdas dos processos produtivos: uma abordagem


metodológica de controle interno
AC Bornia - Florianópolis: UFSC, 1995 - en.scientificcommons.org
... Download, http://www.eps.ufsc.br/teses/bornia/indice/index.htm. Herausgeber,
Programa de
Pós Graduação em Engenharia de Produção. ... Archiv, Biblioteca Digital de Teses
e Dissertações
(Brazil). Keywords, Engenharia de Produção, Mensuração, Perdas, Processo
Produtivo. ...

[CITAÇÃO] Uma metodologia de avaliação da eficiência produtiva de


universidades federais brasileiras
JA Belloni - 2000 - Universidade Federal de Santa …

Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 352
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
Sistema Toyota de Produção: mais do que simplesmente just-in-time
[PDF] de scielo.br
P Ghinato - Produção, 1995 - SciELO Brasil
... Sistema Toyota de Produção: Mais do Que Simplesmente Just-in-Time Paulo
Ghinato Mestre
em Engenharia de Produção PPGEPIUFRGS Division of Systems Science -
Graduate School
of Science and Technology Kobe University Rokkodai-cho, Nada-Ku, Kobe 657,
Japan ...

Comissão mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento


[PDF] de puc-rio.br
NF Comum - Editora da Fundação Getúlio Vargas,, 1991 - maxwell.lambda.ele.puc-
rio.br
... LAUBISCH, Thais Neves F. Resíduos sólidos: Uma possível solução ecológica.
Rio de Janeiro:
COPPE/UFRJ, Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção, 1990.
182p. ... Rio de Janeiro:
COPPE/UFRJ, Tese de doutorado em Engenharia de Produção, 2000. 253p. ...

[CITAÇÃO]Mapeamento de processos como ferramenta de reestruturação e


aprendizado organizacional
CSS VILLELA - Mapeamento de processos …, 2000 - Engenharia de Produção,
PPEP/ …

[CITAÇÃO] Análise de eficiência na gestão do transporte urbano por ônibus em


municípios brasileiros
AMV de Azambuja - 2002 - Universidade Federal de Santa …
Citado por 30 - Artigos relacionados - Todas as 2 versões

A consolidação da visão por processos na engenharia de produção e


possíveis desdobramentos
[PDF] de ufrj.br
HM Caulliraux… - 2000 - biblioteca.gpi.ufrj.br
Este texto trata da aplicação da visão por processos à engenharia de produção.
Em
primeiro lugar, o texto apresenta sucintamente os principais quadros teóricos
baseados em
processos da Engenharia de Produção: Sistema Toyota de Produção, Qualidade
Total, ...

[CITAÇÃO] Programação e controle da produção


SB Zaccarelli - 1967 - Livraria Pioneira Editôra

Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 353
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
[CITAÇÃO] Gestão de coletivos de trabalho e modernidade: questões para
a engenharia de produção
M Athayde - Rio de Janeiro (RJ): COPPE, Universidade Federal do …, 1996

[PDF]MICROEMPREENDIMENTOS NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO


DE JANEIRO: DIAGNÓSTICO E POLÍTICAS DE APOIO
[PDF] de forumdemicrofinancas.org.br
…, EMCEM DE MESTRE, E DE PRODUÇÃO - 2003 - forumdemicrofinancas.org.br
As pequenas unidades econômicas têm chamado a atenção de acadêmicos e
formuladores
de políticas por todo o mundo nos dias atuais. Seja pela capacidade de geração de
trabalho e renda ou por serem produtivamente mais flexíveis e ágeis para atenderem
às ...

[RTF]Análise ergonômica do sistema hiperNet buscando o aprendizado da


cooperação e da autonomia
[RTF] de ufsc.br
EMF Ramos - Florianópolis: UFSC, 1996 - inf.ufsc.br
Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de
Produção. Edla Maria Faust Ramos. ... Florianópolis, 1996. Universidade Federal de
Santa Catarina.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Edla Maria Faust
Ramos. ...

Escola de Engenharia
E de Produção - Universidade do Minho, 1999 - mackenzie.br
Metodologia Situações de resolução e organização de problemas
de engenharia que
oportunizem a reflexão do aluno em expor suas ideias, buscando algoritmos e
estruturas de
dados de forma a encontrar uma solução programável. Aulas expositivas
dialogadas, ...

[LIVRO]Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável


[PDF] de ufba.br
C Calvacanti - 1995 - ufbaecologica.ufba.br
... Possui graduação em Engenharia de Produção pela UFRJ e Economia pela
UFRJ. ... Arsênio
Oswaldo Sevá Filho: engenheiro mecânico (EPUSP-1971), Mestre
em Engenharia de Produção
(UFRJ, 1974), Doutor em Geografia (Universidade de Paris I, 1982). ...

[HTML]Avaliação dos bolsistas de produtividade em pesquisa


da engenharia da produção utilizando data envelopment analysis
[HTML] de ufsc.br

Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 354
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
CAP NIEDERAUER - … em pesquisa da engenharia da produção …, 1998 -
eps.ufsc.br
RESUMO Tanto em Ciência e Tecnologia, como em qualquer outro setor, avaliação
é uma
atividade essencial, principalmente para políticas de tomada de decisão. No CNPq,
onde o
sistema de avaliação apresenta deficiências, a questão vem merecendo destaque
no ...

[PDF]Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel


[PDF] de webnode.pt
A Pelizzari, ML KRIEGL… - Rev. PEC, …, 2001 - files.percursosdosaber.webnode.pt
... 1 Arte Educadora pela Faculdade de Artes do Paraná, Especialista em Processos
Pedagógicos PUC/PR, Mestranda em Engenharia de Produção com ênfase em
Mídia e Conhecimento pela UFSC. Coordenadora do Centro ...

[CITAÇÃO] A Construção de um Modelo de Curso" Lato Sensu" via Internet–


a experiência com o curso de especialização para gestores de instituições de
ensino …
DF Bittencourt - A construção de um modelo de …, 1999 - UFSCSenai Florianópolis^
eSC

Engenharia de Produção
[DOC]
[DOC] de puc-rio.br
E de Produção - Universidade Federal de Santa Catarina, 2011 - cbctc.puc-rio.br
Engenharia de Produção. MATRÍCULA anterior a 2008. estrutura curricular. ... As
disciplinas que
compõem os Grupos de Optativas são listadas no
final. Engenharia DE PRODUÇÃO. MATRÍCULA
anterior a 2008 - periodização. Primeiro Período Créditos Pré-Requisitos. ...

Universidade Federal de Santa Catarina


E De Produção - 2001 - en.scientificcommons.org
deutsch english. Publikationsansicht. 42383940. Universidade Federal de Santa
Catarina, como
(2008). Departamento De,; Engenharia De Produção,; Programa De,; Pós-
graduação Em,;
Engenharia De Produção,; Modelo De,; Recuperação De,; Dados Não,; ...

[PDF]Engenharia de Produção
[PDF] de unifran.br
PAZ Muñoz - TCC em Re-vista, 2011 - publicacoes.unifran.br
Este trabalho teve por objetivo analisar a implantação das propostas de aumento da
confiabilidade de um produto oriundas da implementação de um projeto Seis Sigma
numa
empresa do ramo odontológico do interior de São Paulo. O processo de melhoria ...

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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
[PDF]Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e
recomendações para sua condução
[PDF] de scielo.br
PAC Miguel - Revista Produção, 2007 - SciELO Brasil
Resumo Uma das preocupações crescentes na engenharia de produção e gestão
das
operações tanto nos países desenvolvidos quanto no Brasil é com relação às
abordagens
metodológicas utilizadas no desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa, dentre as
quais ...

[CITAÇÃO] Métodos de pesquisa na engenharia de produção


DN NAKANO, ACC Fleury - … de Engenharia de …, 1996 - UNIMEPABEPRO
Piracicaba
Citado por 49 - Artigos relacionados
A produção científica nos anais do encontro nacional
de engenharia de produção: um levantamento de métodos e tipos de
pesquisa
[PDF] de scielo.br
RMVS Berto… - Produção, 1999 - SciELO Brasil
This paper analyses the research approaches and methods used in the papers of
the
proceedings of the 1996, 1997 and 1998 ENEGEP's. Starting from a typology
developed by
Filippini (1997), the research methods used were classified and compared with the
results ...

[CITAÇÃO] Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho


RM Barnes - 1977 - Editora Edgard Blücher

Gestão de operações: a engenharia de produção a serviço da


[CITAÇÃO]
modernização da empresa
JC Contador - 1997 - Edgard Blücher

Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação, 4a edição revisada e


atualizada
EL Silva… - 2005 - citeulike.org
... de Dissertação visa fornecer para você informações básicas de metodologia da
pesquisa servindo
de guia à elaboração do projeto e da dissertação de mestrado e da tese de
doutorado do
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade
Federal ...

[CITAÇÃO] Metodologia da pesquisa ea engenharia de produção


R Berto… - … de Engenharia de Produção, 1998 - UFFABEPRO Niterói^ eRJ

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ORIENTAÇÕES PARA BUSCA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS NO
SCIELO

Após a escolha do tema do TCC, pertinente ao seu curso de Pós-graduação,


você deverá fazer a busca por artigos científicos da área, em sites especializados,
para a redação do seu próprio artigo científico. O suporte bibliográfico se faz
necessário porque toda informação fornecida no seu artigo deverá ser retirada de
outras obras já publicadas anteriormente. Para isso, deve-se observar os tipos de
citações (indiretas e diretas) descritas nesta apostila e a maneira como elas devem
ser indicadas no seu texto.
Lembre-se que os artigos que devem ser consultados são artigos científicos,
publicados em revistas científicas. Sendo assim, as consultas em revistas de ampla
circulação (compradas em bancas) não são permitidas, mesmo se ela estiver
relatando resultados de estudos publicados como artigos científicos sobre aquele
assunto. Revistas como: Veja, Isto é, Época, etc., são meios de comunicação
jornalísticos e não científicos.
Os artigos científicos são publicados em revistas que circulam apenas no
meio acadêmico (Instituições de Ensino Superior). Essas revistas são denominadas
periódicos. Cada periódico têm sua circulação própria, isto é, alguns são publicados
impressos mensalmente, outros trimestralmente e assim por diante. Alguns
periódicos também podem ser encontrados facilmente na internet e os artigos neles
contidos estão disponíveis para consulta e/ou download.
Os principais sites de buscas por artigos são, entre outros:
SciELO: www.scielo.org
Periódicos Capes: www.periodicos.capes.gov.br
Bireme: www.bireme.br
PubMed: www.pubmed.com.br
A seguir, temos um exemplo de busca por artigos no site do SciELO.
Lembrando que em todos os sites, embora eles sejam diferentes, o método de
busca não difere muito. Deve-se ter em mente o assunto e as palavras-chave que o
levarão à procura pelos artigos. Bons estudos!

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Siga os passos indicados:
Para iniciar sua pesquisa, digite o site do SciELO no campo endereço da
internet e, depois de aberta a página, observe os principais pontos de pesquisa: por
artigos; por periódicos e periódicos por assunto (marcações em círculo).

Ao optar pela pesquisa por artigos, no campo método (indicado abaixo),


escolha se a busca será feita por palavra-chave, por palavras próximas à forma que
você escreveu, pelo site Google Acadêmico ou por relevância das palavras.
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Em seguida, deve-se escolher onde será feita a procura e quais as palavras-
chave deverão ser procuradas, de acordo com assunto do seu TCC (não utilizar “e”,
“ou”, “de”, “a”, pois ele procurará por estas palavras também). Clicar em pesquisar.

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Lembre-se de que as palavras-chave dirigirão a pesquisa, portanto, escolha-
as com atenção. Várias podem ser testadas. Quanto mais próximas ao tema
escolhido, mais refinada será sua busca. Por exemplo, se o tema escolhido for

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relacionado à degradação ambiental na cidade de Ipatinga, as palavras-chave
poderiam ser: degradação; ambiental; Ipatinga. Ou algo mais detalhado. Se nada
aparecer, tente outras palavras.
Isso feito, uma nova página aparecerá, com os resultados da pesquisa para
aquelas palavras que você forneceu. Observe o número de referências às palavras
fornecidas e o número de páginas em que elas se encontram (indicado abaixo).

A seguir, estará a lista com os títulos dos artigos encontrados, onde constam:
nome dos autores (Sobrenome, nome), título, nome do periódico, ano de publicação,
volume, número, páginas e número de indexação. Logo abaixo, têm-se as opções
de visualização do resumo do artigo em português/inglês e do artigo na íntegra, em
português. Avalie os títulos e leia o resumo primeiro, para ver se vale à pena ler todo
o artigo.

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Ao abrir o resumo, tem-se o nome dos autores bem evidente, no início da
página (indicado abaixo). No final, tem-se, ainda, a opção de obter o arquivo do
artigo em PDF, que é um tipo de arquivo compactado e, por isso, mais leve, Caso
queria, você pode fazer download e salvá-lo em seu computador.

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Busca por periódicos

Caso você já possua a referência de um artigo e quer achá-lo em um


periódico, deve-se procurar na lista de periódicos, digitando-se o nome ou
procurando na lista, por ordem alfabética ou assunto. Em seguida, é só procurar
pelo autor, ano de publicação, volume e/ou número.

Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 364
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É preciso ressaltar que você deve apenas consultar as bases de dados e os artigos,
sendo proibida a cópia de trechos, sem a devida indicação do nome do autor do
texto original (ver na apostila tipos de citação) e/ou o texto na íntegra. Tais atitudes
podem ser facilmente verificadas por nossos professores, que farão a correção do
artigo.

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