Sunteți pe pagina 1din 4

5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA

BAHIA

PROCESSOS Nº 0064732-84.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA –
COELBA
RECORRIDA: TOSTO TRADE COMERCIAL
JUIZ PROLATOR: BEATRIZ MARTINS DE ALMEIDA ALVES DIAS
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA.


PESSOA JURÍDICA. ALEGAÇÃO DE FRAUDE NA MEDIÇÃO DO
CONSUMO, ENSEJANDO A SUSPENSÃO DO SERVIÇO.
INSPEÇÃO UNILATERAL. PROVA CARENTE DE ISENÇÃO,
INCAPAZ DE TORNAR INEQUÍVOCA A VIOLAÇÃO DO
MEDIDOR DE ENERGIA INSTALADO NA UNIDADE
CONSUMIDORA. LANÇAMENTO POR ESTIMATIVA INVÁLIDO.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS, DECORRENTES,
SOBRETUDO, DO CORTE REALIZADO SEM PRÉVIO AVISO.
SENTENÇA QUE DECLAROU O CANCELAMENTO DO DÉBITO
IMPUTADO INDEVIDAMENTE À CONSUMIDORA, COM
ORDEM DE RESTITUIÇÃO, NA FORMA SIMPLES, DOS
VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE, ARBITRANDO, AINDA,
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. MANUTENÇÃO
INTEGRAL DO JULGADO. NÃO PROVIMENTO DO RECURSO.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,


saliento que a Recorrente, COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA
BAHIA – COELBA, pretende a reforma da sentença lançada nos autos, que reconhecendo a
inexistência de prova inequívoca e isenta da irregularidade na medição do consumo de
energia na unidade de responsabilidade da Recorrida, TOSTO TRADE COMERCIAL,
condenou-a ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 3.000,00 (três
mil reais), com ordem de cancelamento do débito imputado a título de diferença de
consumo de energia.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.

VOTO

Realçando a necessidade da investigação dos fatos à luz das normas e


princípios consagrados no CDC, inspirados na Constituição Federal, não basta à
comprovação de fraude na medição do consumo de energia a mera inspeção realizada pela
própria empresa prestadora do serviço, sem a efetiva prova da participação da consumidora,
cuja exigência não se conforma com o simples acompanhamento, mas sim com a garantia da

1
possibilidade de contrapor as suas conclusões técnicas, não havendo melhor lugar para isso
do que no próprio Judiciário.

Não se pode considerar isenta uma prova técnica produzida


unilateralmente por prepostos da própria parte que aproveita. Esse tipo de privilégio
outorgado por órgãos desprovidos de competência legislativa, sobretudo de cunho
constitucional, não se harmoniza com o sistema de proteção ao consumidor, servindo apenas
para tornar mais ainda desequilibrada a relação jurídica de consumo, com a qual o Judiciário
não pode compactuar.

Por outro lado, não se admite também o lançamento por estimativa advindo
da suposta constatação de fraude em medidor de energia, sobretudo quando não restar
demonstrado o aumento do referido consumo após as providências para eliminação da
hipotética irregularidade.

Com isso, sem a prova inequívoca e isenta da fraude imputada, há de se dar


guarida à pretensão de cancelamento do débito atribuído à parte autora, com ordem de
restituição, na forma simples, dos valores efetivamente pagos.

A reiteração das cobranças indevidas derivadas do faturamento irregular,


com suspensão do serviço de natureza essencial, na forma apurada, gerou para a parte autora
inequívoco prejuízo de natureza moral, impondo-se, consequentemente, a devida
compensação pecuniária.

Na forma consagrada na Súmula nº 227 do STJ1, é inteiramente cabível a


reparação do dano moral causado à pessoa jurídica, consubstanciando-se esse prejuízo com a
repercussão negativa do evento ilícito sobre sua imagem, bom nome no mercado,
credibilidade perante clientes ou funcionários, ou em qualquer outra situação que afete a
chamada honra objetiva2.

Na situação em análise, a Recorrida não precisava fazer prova da


ocorrência efetiva dos danos morais informados. Os danos dessa natureza se presumem pelos
próprios fatos apurados, não havendo dúvida de que a suspensão imotivada do serviço de
energia, essencial para qualquer ramo de negócio, trouxe embaraços ao exercício pleno de
suas atividades comerciais, sendo capaz de gerar descrédito junto aos seus funcionários e
clientes ao incutir a ideia de que a empresa passaria por dificuldades financeiras para
adimplir obrigações rotineiras, abalando sua reputação.

Quanto ao valor da indenização, entendo que, não se distanciando muito


das lições jurisprudenciais, deve ser prestigiado o arbitramento do juiz de primeiro grau que,
próximo dos fatos, pautado pelo bom senso e atentando para o binômio razoabilidade e
proporcionalidade, respeita o caráter compensatório e inibitório-punitivo da indenização, que
dever trazer reparação indireta ao prejuízo sofrido pelo ofendido e incutir temor no ofensor
para que não dê mais causa a eventos semelhantes.

In casu, entendo que a MM. Juíza a quo respeitou as balizas assinaladas,


tendo fixado indenização em valor adequado aos fatos, não caracterizando, assim,
enriquecimento sem causa da Recorrida, nem ocasionando abalo financeiro à Recorrente

227 - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.


2
– APELAÇÃO CÍVEL – Ação de rescisão de contrato c/c danos materiais e danos morais - Dano moral que não foi reconhecido na
sentença - Possibilidade da pessoa jurídica ser indenizada por ofensa a sua honra objetiva - Súmula 227 do STJ - Apelante consumidora de
serviços de telefonia móvel - Inversão do ônus da prova - A apelada não comprovou a inocorrência de dano - Sentença reformada. Apelação
provida. (TJPR – AC 0404139-0 – 11ª C.Cív. – Rel. Des. Eraclés Messias – DJPR 22.06.2007)
2
face ao seu potencial econômico, valendo lembrar que já relatei diversos recursos onde ela
respondeu por atuações ilícitas, o que realça os traços de negligência no desenvolvimento de
sua atividade econômica e o pouco caso em alterar suas práticas comerciais, sendo, portanto,
necessária a admoestação compatível com a situação apurada, inclusive para que não persista
nos comportamentos desrespeitosos aos consumidores.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e


NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela Recorrente, COMPANHIA DE
ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA – COELBA, para confirmar todos os termos
da sentença hostilizada, condenando-a ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios que arbitro em 20% (vinte por cento) do valor da condenação pecuniária
imposta, atentando, especialmente, para a natureza, a importância econômica da ação e o
trabalho dos profissionais que defenderam os interesses da parte recorrida.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 30 de junho de 2015.

Rosalvo Augusto Vieira da Silva


Juiz Relator

COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS


TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSOS Nº 0064732-84.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA –
COELBA
RECORRIDA: TOSTO TRADE COMERCIAL
JUIZ PROLATOR: BEATRIZ MARTINS DE ALMEIDA ALVES DIAS
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA.


PESSOA JURÍDICA. ALEGAÇÃO DE FRAUDE NA MEDIÇÃO DO
CONSUMO, ENSEJANDO A SUSPENSÃO DO SERVIÇO.
INSPEÇÃO UNILATERAL. PROVA CARENTE DE ISENÇÃO,
INCAPAZ DE TORNAR INEQUÍVOCA A VIOLAÇÃO DO
MEDIDOR DE ENERGIA INSTALADO NA UNIDADE
CONSUMIDORA. LANÇAMENTO POR ESTIMATIVA INVÁLIDO.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS, DECORRENTES,
SOBRETUDO, DO CORTE REALIZADO SEM PRÉVIO AVISO.
SENTENÇA QUE DECLAROU O CANCELAMENTO DO DÉBITO
IMPUTADO INDEVIDAMENTE À CONSUMIDORA, COM
ORDEM DE RESTITUIÇÃO, NA FORMA SIMPLES, DOS
VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE, ARBITRANDO, AINDA,
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. MANUTENÇÃO
INTEGRAL DO JULGADO. NÃO PROVIMENTO DO RECURSO.

ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, WALTER AMÉRICO CALDAS,

3
EDSON PEREIRA FILHO e ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA decidiu, à
unanimidade de votos, CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto
pela Recorrente, COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA –
COELBA, para confirmar todos os termos da sentença hostilizada, condenando-a ao
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em 20% (vinte
por cento) do valor da condenação pecuniária imposta, atentando, especialmente, para
a natureza, a importância econômica da ação e o trabalho dos profissionais que
defenderam os interesses da parte recorrida.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 30 de junho de 2015.

JUIZ WALTER AMÉRICO CALDAS


Presidente

JUIZ ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


Relator

S-ar putea să vă placă și