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Repare-se que o nº3 do artigo 118º não deixa de acrescentar que, para efeitos do nº2,
consideram-se afins ou funcionalmente ligadas, designadamente, as funções compreendidas no
mesmo grupo ou carreira profissional.
Caso a estas funções afins ou funcionalmente ligadas corresponda uma retribuição mais elevada,
o trabalhador terá direito a aferir essa retribuição majorada, mesmo que apenas exerça as ditas
funções a título acessório (art 267º CT).
Mas resulta dos princípios gerais que a própria mudança para categoria superior (promoção), ao
mesmo quando implique modificação de tarefas, funções ou grau de responsabilidade, deve ser
consensual, contando com o assentimento, ainda que tácito, do trabalhador.
A mobilidade funcional
No nº2 do 120º, a lei autoriza que as partes, através de simples estipulação contratual, alarguem
aquele “direito de variação” – mobilidade contratualizada.
O trabalhador, por seu turno, ao celebrar este contrato, obriga-se a laborar sob a autoridade e
direção do empregador, em certo tempo e em certo lugar.
A mutação sociológica do século passado até aos dias de hoje não pode deixar de ter as suas
implicações em sede de tutela da estabilidade do local de trabalho. A estabilidade do local de
trabalho é um valor importante, um valor que merece adequada proteção por parte do
ordenamento jurídico-laboral.
Menezes cordeiro escreve que no caso da prestação de trabalho, resulta em regra do próprio
contrato, de modo expresso ou tácito, o local da prestação de trabalho; na dúvida, impõe-se o
que resultar duma interpretação conveniente, baseada na boa fé, que dê primazia à finalidade
do projetado trabalho. De resto, a própria execução do contrato permitirá delimitar esse local
de trabalho, que a doutrina tem feito coincidir com a ideia de centro estável ou predominante
do desenvolvimento da atividade laboral.
Sendo embora um conceito relativo ou elástico, o certo é que não poderá verificar-se uma total
indeterminação do local de trabalho, pois a situação de heterodisponibilidade do trabalhador
tem de resultar, de algum modo, espacialmente delimitada pelo contrato.
O local de trabalho potencial resulta de estipulação contratual, ao passo que o local de trabalho
efetivo resulta da direção patronal- Sendo o primeiro mais vasto do que o segundo, este poderá
mudar sem que aquele seja alterado – tratar-se-á então da normal execução do contrato de
trabalho, de acordo com as ordens e instruções do empregador, e não já de uma qualquer
modificação do mesmo.
a) Transferência coletiva
b) Transferência individual
É obvio que, porém, consistindo este prejuízo sério num conceito indeterminado, a
desobediência do trabalhador à ordem patronal comporta riscos consideráveis de lhe vir a
causar prejuízos, em virtude de o empregador poder considerar a desobediência como ilegítima
e logo desencadear o seu poder disciplinar. Dai a sugestão formulada por Albino Mendes Batista,
no sentido de se recorrer a uma providencia cautelar para a apreciação liminar da legitimidade
da transferência.
É sustentável uma interpretação restritiva do artigo 194º nº5 em termos de o mesmo apenas se
aplicar às hipóteses de transferência coletiva. Diferentemente, nas hipóteses de transferência
individual ilegal, o trabalhador poderia também resolver o contrato de trabalho, mas aqui com
base no artigo 394º nº2 alínea b) CT e com o direito à indemnização prevista no artigo 396º.
Tendo em conta os dispostos nos números 2 e 6 do artigo 194º, o regime constante do nº4
parece possuir um caracter coletivo dispositivo, o que vale dizer, que poderá ser livremente
afastado por IRCT, mas já não poderá ser afastado, em sentido menos favorável para o
trabalhador, através de contrato individual de trabalho. Com efeito, o caracter supletivo da
norma cinge-se ao seu nº1, mas quanto ao disposto no nº4 parece valer a diretriz consagrada
no artigo 3º nº5 CT.