Sunteți pe pagina 1din 5

O DIA QUE O SEGUNDO PASSO PASSOU FLUIR EM MINHA VIDA

“Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à


sanidade”

Se no enunciado do Segundo Passo diz “viemos a acreditar”, é por que fomos


para Alcoólicos Anônimos descrentes, tínhamos perdido a fé, ou nunca havíamos tido.
“Poderia nos devolver à sanidade”. Da mesma forma, encontrávamos insanos, com
atitudes de loucos, que, provavelmente poderia voltar a ser uma pessoa normal.
Vê muito por aí dizeres que a metade dos membros de A.A. é doida e a outra
metade acha que é normal, para não dizer que todos somos loucos. Segundo a
psicanálise o ser humano é possuidor de três estruturas psíquicas fundamentais
denominadas: Neurose, Psicose e Perversão. Ou somos neuróticos, ou psicóticos ou
perversos, com certeza estou encaixado em uma dessas estruturas.
Os psicóticos “são pessoas que tem perturbação da mente, que causa
dificuldades em determinar o que é ou não real. Os sintomas mais comuns são delírios
(convicção em falsas crenças) e alucinações (ver ou ouvir coisas que outras pessoas
não veem ou ouvem). — Não vejo esses sintomas em membros recuperados de
Alcoólicos Anônimos.
Os perversos são aqueles que tem má índole; que tem tendência a praticar
crueldades; são malvados; que se distancia do que é visto como decente, digno ou
bom; pessoa vil ou cruel; maléfico; que intenciona prejudicar o outro, depravado ou
corrupto. — Também não vejo esses sintomas em membros recuperados na
Irmandade.
Os neuróticos, são os que tem sensibilidade para sentir angústia. São os que
frequentemente fazem uso dos mecanismos de defesa do ego. Enquanto nas outras
estruturas não aparece esse perfil. Estes são os ditos “normais.” Observa-se que, um
dos mecanismos de defesa mais usado por um alcoolista desejoso em parar de beber
é a admissão. Admitindo que foi derrotado, que perdeu o domínio de sua vida e que
precisa encontrar um meio para mudar sua maneira de ser. Esse é o neurótico de fato,
e é esse indivíduo que vemos em A.A. Não é psicótico e nem perverso, portanto não
é doido. Pode até ter chegado com um certo grau de insanidade, que, através de
terapias de grupo e a prática dos Doze Passos é possível voltar à sanidade, pois o
programa de A.A. é um programa estritamente espiritual.
“Sofremos de reminiscência que se cura lembrando” (Freud 1895). Podemos
observar semelhanças em Alcoólicos Anônimos 40 anos mais tarde. “Sofremos de
reminiscência 1 que se recupera lembrando”. Verbalizando nossas angústias, dores e
decepções oriundas do alcoolismo. Usando essa ferramenta é possível encontrar
recuperação para o ego. “Ninguém sabe mais sobre a recuperação do alcoolismo do
que um alcoólico que se recuperou”. (...) “E um alcoólico recuperado tem uma
mensagem de esperança para outros alcoólicos que ninguém mais tem (LIVRO
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS P. 94). Ou seja, foi através do apadrinhamento que
consegui enxergar, sentir e viver o Segundo Passo. Um passo com tamanha
relevância para dar continuidade nos outros dez seguintes.
Cheguei na Irmandade de Alcoólicos Anônimos com dificuldades para aceitar
até eu mesmo, ao engajar no grupo geralmente a gente identifica mais com alguém
específico, e esse alguém eu o denominei de padrinho. Ao ver aquelas pessoas
recuperadas de muitos estigmas, a euforia ficou visível em mim. O padrinho logo me
disse. — “Vá com calma”, “viemos a acreditar que um poder superior poderia nos
devolver à sanidade e com você não será diferente”. Certamente esse foi meu primeiro
dilema encontrado na Irmandade, principalmente porque havia perdido a fé, não seria
tão difícil se eu nunca a tivesse tido. Acreditar num poder superior era demais naquela
altura de minha dependência, pois nos momentos de aflição foi o que mais recorri e

1
Reminiscência: lembrança vaga ou incompleta. Recordação do passado; o que se conserva na
memória.
não adiantou absolutamente nada. Nesse instante me encontrei em um beco sem
saída, achei que seria o fim.
Meu padrinho procurou estimular minha motivação para que não houvesse
descrença ou desânimo do programa. Ao citar como exemplo, dizia — “comigo não
foi diferente, eu também havia achado que era o fim, mas posteriormente conclui que
era o fim de uma vida anterior, para o começo de uma nova”. Joguei todas as cartas
nesse padrinho, acreditei piamente nele e comecei a lhe fazer perguntas continuadas.
Ele simplesmente pediu-me: — Vá com calma, uma mente aberta é primordial para
entender o programa aos poucos. Nesse momento ele valeu da sabedoria do
programa e disse: — “Alcoólicos Anônimos não obriga ninguém a nada”.
Ele era um homem culto, mas era visível sua simplicidade, para tanto não
discordava dos resultados prodigiosos mostrado pela Irmandade. Valeria a pena
experimentar. Sem que eu percebesse, o Segundo Passo foi sutilmente infiltrando em
minha vida. Reforçou ainda. — “Não é necessário aceitar o Segundo Passo todo de
uma vez, dia após dia as coisas vão caindo em seu lugar.” Ele reitera, — “O despertar
espiritual não é igual para todos, para uns pode ser mais rápido e para outros pode
demorar um pouco mais”.
A princípio, o método da substituição no meu caso seria primordial. Adotar o
A.A. inicialmente como meu Poder Superior não era má ideia. Não posso dizer a
ocasião e a data em que vim entregar-me a Ele totalmente. Certamente tenho a
convicção de que minha entrega hoje é total. Para conseguir tal façanha, foi
necessário parar de lutar e praticar o resto do programa com serenidade e prudência.
Uma fronteira de difícil transposição, mas uma vez do outro lado, percebi que a
possibilidade de aumentar uma fé que realmente funciona foi enorme. Meu padrinho
verbalizou. — “As mudanças alcançadas em minha vida parecem inexplicáveis”.
Aquilo foi me encantando aos poucos.
Pude observar também a autossuficiência dos ditos intelectualizados em A.A..
Concluí que o orgulho faz tanto mal a um alcoólico, quanto o álcool. De forma
silenciosa pessoas assim podem se flutuar perante os outros, mas logo se não forem
bem apadrinhados afastarão do grupo e voltarão ao primeiro gole. Uma grande
maioria era assim. Quando cheguei na Irmandade, quase entrei nessa.
Não me assusta hoje, quando duvidava que a existência de Deus em minha
vida ativa não existia mais. Já havia questionado várias vezes em rodadas de
botequins — Como pode um Deus de todas as coisas deixar pessoas honestas
sofrerem? crianças passarem fome? Injustiças por todos os cantos? Como pode Deus
deixar que eu sofra tanto? Não, esse Deus não existe.
O tempo me proporcionou perceber que a humildade e o intelecto poderiam
andar de mãos dadas, eu precisava encontrar um meio para livrar daqueles
fantasmas. A base era o primeiro passo, a admissão, a impotência perante o álcool
deveria ser total. Eu não podia beber, deveria evitar o primeiro gole, se eu quisesse
iniciar uma nova jornada. Para tanto era necessário deixar que o Segundo Passo
fluísse em minha vida.
Nessas ocasiões eu observava doutrinas religiosas afirmarem a existência de
Deus, o agnóstico discordando totalmente, e o ateu vivenciando conforme a Sua
inexistência. Evidentemente essas observações proporcionou-me uma tremenda
confusão. Desprovido totalmente de alcançar qualquer convicção dessas filosofias de
vida, conclui ser uma pessoa desnorteada, um indivíduo sem rumo; que deixou de ter
um norte; que perdeu a direção ou o caminho. Porém, desejoso em parar de beber.
A religião pode ser imprescindível para a humanidade, mas para mim membro
de A.A. no início de minha caminhada poderia não vir a calhar, seria necessário tratar
de outras dores primeiro. Como Bill W. disse; — “Primeiro as primeiras coisas”. Uma
vez adepto de uma certa doutrina religiosa, eu poderia usar a projeção em certas
circunstâncias e ver com desdém defeitos de carácter nos outros, os quais seriam
meus, tornando-os obstáculos ao meu crescimento espiritual. O Segundo Passo deixa
claro que os personalismos existentes em uma doutrina religiosa, podem fazer mal a
qualquer alcoólico, condenando-o de voltar à prisão, (alcoolismo), eu não poderia
experimentar isso novamente.
Os alcoólatras não fugiram aos olhos dos psiquiatras, devido a seus desafios
característicos. Petulância tal, em desafiar o próprio Deus. Eu afirmava sempre: —
Esse Deus não corresponde aos meus anseios, quando peço algo, Ele me dá outro,
peço para ficar sóbrio e nada acontece, então, ficava bêbado e dizia, — Deus falhou
comigo. Uma justificativa e tanto para continuar bebendo. Para mim, era difícil
acreditar em algo Superior, pois havia transformado no próprio deus. Poucos de nós
tínhamos consciência desse grau de loucura, e menos ainda eram os que tinham
coragem de enfrentá-la. Então ficava evidentemente claro a insanidade para os
psiquiatras.
Sem que eu percebesse encontrava-me com sérios problemas de insanidade.
O Segundo Passo foi um ponto de convergência em minha maneira de ser e para
todos os que conseguiu vivenciá-lo. Agnósticos, ateus ou ex-crentes. Hoje, podemos
nos agrupar neste passo em perfeita harmonia. Visto sermos portadores de uma
doença única, “o alcoolismo”.
O alcoólatra ativo que se diz acreditar em Deus, faz promessas e mais
promessas para livrar-se do alcoolismo, mas inexplicavelmente continua bebendo.
Tenta com toda sua força de vontade lutar, porém em vão. O dependente que se
esforça em ficar sóbrio por sua conta e risco é um enigma muito doloroso. Eis um
jargão que conhecemos em A.A. Esse indivíduo transformou em; “um verdadeiro
bêbado seco”. O insucesso em tal empreitada não o faz merecer as dádivas de Deus,
pois parte do princípio em querer receber sem dar. Ao rezar diz — “concedei-me
senhor, as coisas que eu desejo” “em vez de: “Seja feita a vossa vontade”.
Em alguns momentos até que concordava em assumir que era um bebedor
problema, mas em hipótese alguma não aceitava ser portador de uma doença mental,
fatal e incurável. Porém o dia que resolvi varrer a casa, entregar minha vida à Ele, e
pedir-lhe para tirar de mim toda a obsessão que eu tinha pelo álcool, então o desejo
para o beber simplesmente sumiu, foi arrancado totalmente de mim.
Ao encontrar Alcoólicos Anônimos me foi revelado a rebeldia justificada a qual
eu vivia. Em momento algum conversava com Deus para saber o que Ele queria
realmente comigo. Descobri com o tempo que jamais deveria acreditar em Deus e
desafiá-lo ao mesmo tempo. Crer em Deus significa; confiar, pisar no vazio, ser
amparado por uma graça imensurável capaz de transformar vidas. A isso denomino
fé, uma fé funcional.
Hoje estou ciente que devo sempre rogar a um Poder Superior que na minha
concepção um Deus amantíssimo, para que me devolva à sanidade sempre que eu a
perder de vista. A verdadeira humildade e uma mente aberta poderá nos conduzir à
fé, e toda reunião em um grupo de A.A. é uma segurança de que Deus nos devolverá
à sanidade, se relacionarmos corretamente com Ele.
Por: Dalmir Vieira

Referências
Bil, W., (2005). Os Doze Passos e As Doze Tradiçoes. 11ª ed. São Paulo, SP, Brasil: JUNAAB.

LACAN, J. (1946 / 1998). Formulações sobre a causalidade psíquica. In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor

S-ar putea să vă placă și