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Luciano Vinhote 1
Érica Bruna Aguiar da Silva 2
RESUMO
ABSTRACT
This article proposes to analyze the efficiency and adequacy of an emergency plan and
management, in response to a radioactive accident in the city of Manaus-AM, taking into
account the severity and complexity of such an event. Its general objective relates to
make a detailed analysis of the managements and defense strategies and the effectiveness
of these actions by SIPRON. For that we conducted a bibliographic and documentary
survey on the accident that occurred impactful results and its influence on the
configuration of all the historical, political and social process.
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1. Graduado em Tecnólogo em Radiologia Médica - Faculdade Estácio - AM. Pós-Graduado em Pericia
Criminal e Segurança Pública – ESBAM.
2. Graduada em Tecnólogo em Radiologia Médica - Faculdade Estácio - AM. Docente e preceptora de
Estágio Supervisionado do curso Técnico em Radiologia Médica.
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, com o fenômeno do efeito estufa e com a constante diminuição das
reservas de combustíveis fósseis, a escolha do tipo de geração de energia revela-se cada
vez mais crítica e importante. A energia nuclear é uma das soluções como alternativa de
energia mais limpa e menos dependente dos combustíveis fósseis. Contudo, esta forma de
geração, que utiliza a energia de um processo de fissão para produzir eletricidade, não
é um processo consolidado. A energia nuclear está constantemente sendo alvo de estudo
e pesquisa seja para melhorar a sua segurança, ou tornar o processo energético mais
eficiente, ou lidar com a questão dos resíduos nucleares. Desde a sua descoberta, a
radioatividade tem despertado o interesse das pessoas, seja na comunidade científica ou
entre cidadãos comuns. Sua “invisibilidade” e seu “poder” vêm intrigando a uns,
causando espanto a outros e despertando a curiosidade de muitos.
Embora sendo considerada algo realmente sem precedentes na ciência, por sua
potencialidade: dos frontes de guerra aos cosméticos, dos exames de diagnóstico
médico às promessas de cura, as radiações ionizantes (os raios X e a
radioatividade), deve ser levado em consideração que a ampliação desse conhecimento,
continua chamando a atenção do mundo, para os problemas com os rejeitos radioativos
que demonstram que muitos cuidados devem serem considerados para que se evitem
incidentes ou acidentes em grandes quantidades como: Three Mile Island (EUA, 1979),
Chernobyl (Ucrânia, 1986), Goiânia (Brasil, 1987) e mais recentemente o de Fukushima
Daí-ichi (Japão, 2011), que geraram contaminação do meio ambiente e de seres humanos,
causando sérios danos à saúde, inclusive a morte.
Diante desse cenário um crescente medo e a insegurança, associados ao uso da
antes tão promissora radioatividade, ganham força e se consolidam em episódios
que marcaram a história, desde as bombas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki,
em agosto de 1945, até os mais recentes acidentes. Assim, a radioatividade essência da
energia nuclear, que surgiu trazendo uma grande esperança à humanidade, tanto na área
médica quanto na produção de energia, entre outros. Acabou por tornar-se sombria e
inquietante.
Tendo em vista o que foi exposto, essa inquietude nos levou ao interesse pelo tema
que gerou as seguintes problemas: Em caso de um acidente nuclear na Cidade de Manaus,
Estado do Amazonas, teríamos um Gerenciamento de plano de emergência para acidente
nuclear efetivo? As medidas previstas no “Sistema de Proteção ao Programa Nuclear
Brasileiro” – SIPRON seriam eficientes para reduzir possíveis danos para o meio
ambiente, saúde e integridade física da população? Motivado por esses fatores nosso
objetivo nesse artigo é fazer uma análise detalhada desses gerenciamentos e estratégias de
defesa e a eficiência de segurança necessárias que impeçam a liberação de radiação e o
posterior surgimento de doenças causadas pelo manejo dessas substâncias tóxicas.
Sob outro aspecto, a abordagem do tema em referência também se justifica em razão
de possibilitar o conhecimento, compreensão e percepção da radioatividade essência da
energia nuclear como uma "sombra″ que coloca todas as organizações que lidam com a
prevenção de acidentes nucleares em estado de alerta com os riscos a serem enfrentados
por toda a sociedade.
A metodologia traz um estudo descritivo, retrospectivo, transversal com uma
pesquisa bibliográfica e documental. No tocante sua grande vantagem residiu no fato de
que, como observa Gil (1996), “em muitas situações, não há outra maneira de conhecer
os fatos passados senão com base em dados bibliográficos”.(GIL,1996, p.50).
Assim o levantamento bibliográfico e documental foi realizado priorizando uma
caracterização que partiu do geral para o particular, com a realização um levantamento
com questões históricas e cronológicas mais gerais sobre a energia nuclear e seus
principais eventos, buscando entendimentos dessas ocorrências, com um enfoque
particular no acidente radioativo de Goiânia. Tendo-se priorizado aqueles que incluíam
informações oficiais, informações decorrentes de trabalhos científicos, relatos e outras
menções e finalmente informações acessíveis através da internet.
A Teoria Atomística foi edificada inicialmente no quinto século antes de Cristo pelos
filósofos gregos Leucipo e Demócrito. Nesta, Demócrito afirma que o Universo tem uma
constituição elementar única que é o átomo, partícula indivisível, invisível, impenetrável
e animada de movimento próprio.
Somente no início do século XIX, os pesquisadores em química retornaram à hipótese
atômica. Proposta por John Dalton em 1803 e a teoria atômica apresentada no livro "A
NEW SYSTEM OF CHEMICAL PHILOSOPHY".
Após o ano de 1834, a interpretação das leis de Eletrólise, de Michael Faraday,
permitiu que se concluísse que os átomos transportavam cargas elétricas. No ano de 1869,
o químico russo Dmitri Mendeleev apresentou uma classificação periódica dos elementos
em função dos seus pesos atômicos.
Por intermédio da utilização de campos elétricos e magnéticos, determinou a relação
entre a carga e a massa das partículas constituintes dos raios catódicos, e identificou que
eram feixes de elétrons. Robert A. Millikan, físico americano, professor da Universidade
de Chicago, trabalhou durante nove anos (1909-1917) na determinação da carga do
elétron na sua célebre experiência da gotícula de óleo. Teve também grande importância
para o desenvolvimento da física atômica, as descobertas do RAIO X e da
RADIOATIVIDADE.
O uso da energia do átomo tem seu início em 1895 quando o alemão Wilheim Konrad
Roentgen (1845-1923) revela a existência dos raios X. O “x” no caso foi à expressão
adotada por ele para expressar sua ignorância (uma incógnita, portanto) quanto ao que era
essa energia invisível capaz de atravessar o corpo humano e revelar os ossos.
Contudo três anos depois o inglês Joseph-John Thomson (1856-1940) percebeu que a
energia elétrica se propaga graças a transmissão de partículas que ele batizou de elétrons.
Em 1907 a teoria da relatividade, esboçada por Albert Einstein dois anos antes, ganha
uma formulação matemática mais eficiente, feita pelo alemão Hermann Minkowski.
Desta forma foi fácil analisar teoricamente o que acontece nas dimensões atômicas e
cósmicas. Ernest Rutherford, neozelandês (1871-1937), e o dinamarquês Niels Bohr
(1885-1962), estabelecem um modelo para o átomo: com um núcleo e elétrons girando à
sua volta. O japonês Hideki Yukawa (1907-1981) descobre que existe uma força nuclear
que gruda as partículas subatômicas. Quatro anos depois os físico-químicos alemães Otto
Hahn (1879-1968) e Lise Meitner (1876-1968) realizam a fissão do núcleo do urânio,
abrindo a possibilidade de geração de energia atômica.
No urânio presente na natureza são encontrados átomos que têm em seu núcleo 92
prótons e 143 nêutrons (cuja soma dá 235); átomos com 92 prótons e 142 nêutrons (234);
e outros ainda, com 92 prótons e 146 nêutrons (238).
A fissão do isótopo U-235 ocorre o núcleo divide-se em duas partes formando dois
elementos novos, e dele se desprendem 2 ou 3 nêutrons que, por seu turno, podem
chocar-se com outro núcleo de U-235 acarretando nova fissão, novos elementos são
formados, provocando uma sequência de fissões denominada reação nuclear em cadeia.
2. O nome “césio” origina-se da palavra latina caesius que significa “céu azul”. Foi descoberto por análise
espectral na qual foram identificadas linhas azuis brilhantes no seu espectro. O césio-137 é um dos 32
isótopos.
abandonado e recolheram um aparelho de ferro e chumbo, para vendê-lo como
sucata.
Figura 6. Vista frontal do prédio do IGR, de onde foi retirado o aparelho de Raios-X.
Fonte: CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).
Foram várias as tentativas de abrir a peça de metal, utilizaram de força e jeito, mas
para eles parecia que era impossível romper o lacre do aparelho. Pinto (1987) em seu
livro “A Menina que Comeu Césio”, ao relatar esta situação comenta que:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a elaboração dessa breve trajetória sobre a Energia Nuclear, será colocado em
evidencia a cidade de Manaus onde busca-se compreender o efeito da representação
de um Acidente Radioativo, por um viés cimentado em uma análise teórica. Por esse
motivo, cabe aqui evidenciar que Manaus, em 2003 entrou para o quadro dos acidentes
radioativos, com o evento da empresa Techion, onde a Instalação de irradiação de
alimentos foi fechada e o material radioativo (cobalto-60) ficou desprotegido.
Embora esse evento não tenha sido divulgado, ele só foi resolvido seis anos depois
em 23/03/2009. A pedido do IPEN (Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares), uma
aeronave C-130 do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (PEPGT)
transportou, aproximadamente, 40 quilos de Cobalto 60, que foi envolvido numa
blindagem de aço inox que pesava seis toneladas e acondicionado num acoplado de dois
pallets e durante todo o vôo o material foi monitorado quanto a níveis de radioatividade
Alheios a esse evento, os manauaras só viveram momentos de tensão em 2012,
quando foi notificado o encontro de um aparelho de Raio X em um ferro-velho,
localizado no bairro Novo Aleixo, Zona Norte de Manaus, que poderia conter substância
radioativa. Para fazer a verificação foi acionada a Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) em parceria com a Defesa Civil, que notificaram
o proprietário da JS Sucataria, a apresentar licença ambiental para funcionar como
depósito de ferro-velho.
Contudo observa-se que não ocorre em Manaus uma fiscalização para o descarte de
material radioativo, que obedeça à legislação federal específica, que prevê a forma
correta do procedimento, conforme Resolução 306, de 7/12/2004, da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária, e Resolução 358, de 29/04/2005, do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (Conama). O descarte de resíduos radioativos deve obedecer também às
normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear, que define a espessura das caixas e
espessura da blindagem de chumbo para a destinação adequada.
Assim, embora a necessidade, dessas normas serem cumpridas, nota-se que só
ocorre algum esforço nessa direção quando a cidade é palco de algum evento como foi no
caso dos jogos pela Copa 2014. Onde equipes treinadas utilizaram equipamentos
sofisticados e ultrassensíveis capazes de apontar a presença indesejada de material
radioativo e nuclear, além de identificar qual o tipo de material.
Visando as Olimpíadas 2016, equipes do Serviço de Atendimento Médico de Urgência
(Samu) simularam uma ação de atendimento a vítimas de acidentes de natureza química,
biológica radioativa e nuclear. Participaram da simulação 24 militares do Exército, 14 da
Marinha, 25 do Corpo de Bombeiros e 15 profissionais do Samu. Durante o treinamento,
ambulâncias com isolamento especial, correspondente ao equipamento real utilizado em
uma situação verídica, foram utilizadas.
Diante desse quadro, percebe-se que não há um Plano de Emergência local que tenha
por finalidade, em caso de emergência, proteger a saúde e garantir a segurança do público
em geral, visto que Manaus não está no raio do Plano de Emergência Externo (PEE) que
é coordenado pelo Órgão Central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro
- Sipron, com a participação da Defesa Civil Federal.
Como Gerenciar uma crise num possível acidente radioativo na cidade de Manaus.
REFERÊNCIAS
GIL, Antônio Carlos, Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas.
1996.
OKUNO, E. Radiação: efeitos, riscos e benefícios. São Paulo: Harbra Ltda. 1988.