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COMO GERENCIAR A CRISE NUM POSSÍVEL ACIDENTE RADIOATIVO NA

CIDADE DE MANAUS – AMAZONAS.

Luciano Vinhote 1
Érica Bruna Aguiar da Silva 2

RESUMO

Este artigo se propôs analisar, a eficiência e adequação de um plano de emergência e


gerenciamento, como resposta a um acidente radioativo na cidade de Manaus-AM, tendo
em conta a gravidade e complexidade de um evento dessa natureza. Seu objetivo geral
relaciona-se a fazer uma análise detalhada dos gerenciamentos e estratégias de defesa e a
eficiência dessas ações pelo SIPRON. Para tanto, realizou-se um levantamento
bibliográfico e documental acerca dos acidentes que ocorreram com resultados
impactantes e, sua influência na configuração de todo o processo histórico, político e
social.

Palavras-chave: Gerenciamento, Crise, Acidente Radioativo, Manaus.

HOW TO MANAGE THE POSSIBLE IN CRISIS RADIOACTIVE ACCIDENT IN


MANAUS CITY - AMAZON.

ABSTRACT

This article proposes to analyze the efficiency and adequacy of an emergency plan and
management, in response to a radioactive accident in the city of Manaus-AM, taking into
account the severity and complexity of such an event. Its general objective relates to
make a detailed analysis of the managements and defense strategies and the effectiveness
of these actions by SIPRON. For that we conducted a bibliographic and documentary
survey on the accident that occurred impactful results and its influence on the
configuration of all the historical, political and social process.

Keywords: Management, Crisis, Radioactive Accident, Manaus.

______________________________________________________________________
1. Graduado em Tecnólogo em Radiologia Médica - Faculdade Estácio - AM. Pós-Graduado em Pericia
Criminal e Segurança Pública – ESBAM.
2. Graduada em Tecnólogo em Radiologia Médica - Faculdade Estácio - AM. Docente e preceptora de
Estágio Supervisionado do curso Técnico em Radiologia Médica.
INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, com o fenômeno do efeito estufa e com a constante diminuição das
reservas de combustíveis fósseis, a escolha do tipo de geração de energia revela-se cada
vez mais crítica e importante. A energia nuclear é uma das soluções como alternativa de
energia mais limpa e menos dependente dos combustíveis fósseis. Contudo, esta forma de
geração, que utiliza a energia de um processo de fissão para produzir eletricidade, não
é um processo consolidado. A energia nuclear está constantemente sendo alvo de estudo
e pesquisa seja para melhorar a sua segurança, ou tornar o processo energético mais
eficiente, ou lidar com a questão dos resíduos nucleares. Desde a sua descoberta, a
radioatividade tem despertado o interesse das pessoas, seja na comunidade científica ou
entre cidadãos comuns. Sua “invisibilidade” e seu “poder” vêm intrigando a uns,
causando espanto a outros e despertando a curiosidade de muitos.
Embora sendo considerada algo realmente sem precedentes na ciência, por sua
potencialidade: dos frontes de guerra aos cosméticos, dos exames de diagnóstico
médico às promessas de cura, as radiações ionizantes (os raios X e a
radioatividade), deve ser levado em consideração que a ampliação desse conhecimento,
continua chamando a atenção do mundo, para os problemas com os rejeitos radioativos
que demonstram que muitos cuidados devem serem considerados para que se evitem
incidentes ou acidentes em grandes quantidades como: Three Mile Island (EUA, 1979),
Chernobyl (Ucrânia, 1986), Goiânia (Brasil, 1987) e mais recentemente o de Fukushima
Daí-ichi (Japão, 2011), que geraram contaminação do meio ambiente e de seres humanos,
causando sérios danos à saúde, inclusive a morte.
Diante desse cenário um crescente medo e a insegurança, associados ao uso da
antes tão promissora radioatividade, ganham força e se consolidam em episódios
que marcaram a história, desde as bombas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki,
em agosto de 1945, até os mais recentes acidentes. Assim, a radioatividade essência da
energia nuclear, que surgiu trazendo uma grande esperança à humanidade, tanto na área
médica quanto na produção de energia, entre outros. Acabou por tornar-se sombria e
inquietante.
Tendo em vista o que foi exposto, essa inquietude nos levou ao interesse pelo tema
que gerou as seguintes problemas: Em caso de um acidente nuclear na Cidade de Manaus,
Estado do Amazonas, teríamos um Gerenciamento de plano de emergência para acidente
nuclear efetivo? As medidas previstas no “Sistema de Proteção ao Programa Nuclear
Brasileiro” – SIPRON seriam eficientes para reduzir possíveis danos para o meio
ambiente, saúde e integridade física da população? Motivado por esses fatores nosso
objetivo nesse artigo é fazer uma análise detalhada desses gerenciamentos e estratégias de
defesa e a eficiência de segurança necessárias que impeçam a liberação de radiação e o
posterior surgimento de doenças causadas pelo manejo dessas substâncias tóxicas.
Sob outro aspecto, a abordagem do tema em referência também se justifica em razão
de possibilitar o conhecimento, compreensão e percepção da radioatividade essência da
energia nuclear como uma "sombra″ que coloca todas as organizações que lidam com a
prevenção de acidentes nucleares em estado de alerta com os riscos a serem enfrentados
por toda a sociedade.
A metodologia traz um estudo descritivo, retrospectivo, transversal com uma
pesquisa bibliográfica e documental. No tocante sua grande vantagem residiu no fato de
que, como observa Gil (1996), “em muitas situações, não há outra maneira de conhecer
os fatos passados senão com base em dados bibliográficos”.(GIL,1996, p.50).
Assim o levantamento bibliográfico e documental foi realizado priorizando uma
caracterização que partiu do geral para o particular, com a realização um levantamento
com questões históricas e cronológicas mais gerais sobre a energia nuclear e seus
principais eventos, buscando entendimentos dessas ocorrências, com um enfoque
particular no acidente radioativo de Goiânia. Tendo-se priorizado aqueles que incluíam
informações oficiais, informações decorrentes de trabalhos científicos, relatos e outras
menções e finalmente informações acessíveis através da internet.

Breve Histórico da Energia Nuclear

A Teoria Atomística foi edificada inicialmente no quinto século antes de Cristo pelos
filósofos gregos Leucipo e Demócrito. Nesta, Demócrito afirma que o Universo tem uma
constituição elementar única que é o átomo, partícula indivisível, invisível, impenetrável
e animada de movimento próprio.
Somente no início do século XIX, os pesquisadores em química retornaram à hipótese
atômica. Proposta por John Dalton em 1803 e a teoria atômica apresentada no livro "A
NEW SYSTEM OF CHEMICAL PHILOSOPHY".
Após o ano de 1834, a interpretação das leis de Eletrólise, de Michael Faraday,
permitiu que se concluísse que os átomos transportavam cargas elétricas. No ano de 1869,
o químico russo Dmitri Mendeleev apresentou uma classificação periódica dos elementos
em função dos seus pesos atômicos.
Por intermédio da utilização de campos elétricos e magnéticos, determinou a relação
entre a carga e a massa das partículas constituintes dos raios catódicos, e identificou que
eram feixes de elétrons. Robert A. Millikan, físico americano, professor da Universidade
de Chicago, trabalhou durante nove anos (1909-1917) na determinação da carga do
elétron na sua célebre experiência da gotícula de óleo. Teve também grande importância
para o desenvolvimento da física atômica, as descobertas do RAIO X e da
RADIOATIVIDADE.

Atividade Nuclear - Energia Atômica

O uso da energia do átomo tem seu início em 1895 quando o alemão Wilheim Konrad
Roentgen (1845-1923) revela a existência dos raios X. O “x” no caso foi à expressão
adotada por ele para expressar sua ignorância (uma incógnita, portanto) quanto ao que era
essa energia invisível capaz de atravessar o corpo humano e revelar os ossos.

Figura 1. Físico Alemão Wilheim Konrad Roentgen.


Fonte: http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/historia-da-energia-nuclear.pdf

Contudo três anos depois o inglês Joseph-John Thomson (1856-1940) percebeu que a
energia elétrica se propaga graças a transmissão de partículas que ele batizou de elétrons.
Em 1907 a teoria da relatividade, esboçada por Albert Einstein dois anos antes, ganha
uma formulação matemática mais eficiente, feita pelo alemão Hermann Minkowski.
Desta forma foi fácil analisar teoricamente o que acontece nas dimensões atômicas e
cósmicas. Ernest Rutherford, neozelandês (1871-1937), e o dinamarquês Niels Bohr
(1885-1962), estabelecem um modelo para o átomo: com um núcleo e elétrons girando à
sua volta. O japonês Hideki Yukawa (1907-1981) descobre que existe uma força nuclear
que gruda as partículas subatômicas. Quatro anos depois os físico-químicos alemães Otto
Hahn (1879-1968) e Lise Meitner (1876-1968) realizam a fissão do núcleo do urânio,
abrindo a possibilidade de geração de energia atômica.

A Geração de Energia Nuclear.

A energia elétrica é obtida de fonte nuclear a partir do calor da reação do combustível


(urânio) utilizando o princípio básico de funcionamento de uma usina térmica
convencional: a queima do combustível produz calor, esse ferve a água de uma caldeira
transformando-a em vapor.
O vapor movimenta uma turbina que, por sua vez, dá partida a um gerador que produz
a eletricidade. O combustível “queimado” no caso é a energia de coesão dos prótons no
núcleo. Para entender como isso ocorre, é preciso conhecer um pouco os átomos.

Figura 2. Energia Nuclear em ciclo de geração.


Fonte: http://neetescuela.com/energia-nuclear/

No urânio presente na natureza são encontrados átomos que têm em seu núcleo 92
prótons e 143 nêutrons (cuja soma dá 235); átomos com 92 prótons e 142 nêutrons (234);
e outros ainda, com 92 prótons e 146 nêutrons (238).
A fissão do isótopo U-235 ocorre o núcleo divide-se em duas partes formando dois
elementos novos, e dele se desprendem 2 ou 3 nêutrons que, por seu turno, podem
chocar-se com outro núcleo de U-235 acarretando nova fissão, novos elementos são
formados, provocando uma sequência de fissões denominada reação nuclear em cadeia.

Distribuição Mundial das Usinas

Na década de 1930, pesquisadores de grandes potências buscaram controlar a


energia vinda dos átomos. Ao mesmo tempo em que se procurava gerar eletricidade,
idealizava-se o emprego bélico dessa poderosa fonte de energia. Em 1942 um grupo de
cientistas da Universidade de Chicago (EUA) conseguiu, concluir o primeiro reator
nuclear do mundo. Esse mesmo reator serviu de base para estudos que permitiram a
construção das bombas atômicas usadas em Hiroshima e Nagasaki, poucos anos mais
tarde.
Em 1956, em Windscale, Inglaterra, foi inaugurado o primeiro reator para a
produção comercial de eletricidade. Imaginada como a grande solução para humanidade,
a energia nuclear chegou a ser (em 1995) a fonte de 17% de toda a eletricidade
consumida no mundo.
O interesse pelo desenvolvimento de novas usinas nucleares tem crescido.
Atualmente existem 434 reatores nucleares de potência em operação e 65 reatores
nucleares em construção, grande parte concentradas na América do Norte (EUA e
Canadá) e Europa, em especial a França e o Leste Europeu.
As usinas nucleares participam em torno de 16% do total da energia elétrica
produzida no mundo, embora correspondam apenas de 12% da capacidade elétrica
instalada. Isso indica maior parte das usinas nucleares opera com fatores de utilização
superiores aos das usinas elétricas convencionais. Por isso, existe uma grande divergência
de opiniões sobre esse tipo de usina.

1. Lituânia 78 % 2. França 77 % 3. Bélgica 58 %


4. Eslováquia 53 % 5. Ucrânia 46 % 6. Suécia 44 %
7. Bulgária 42 % 8. Coréia do Sul 39 % 9. Hungria 39 %
10. Eslovênia 39% 11. Suíça 36 % 12. Armênia 35 %
13. Japão 34 % 14. Finlândia 31 % 15. Alemanha 31 %
... 25. Brasil 2%
Tabela 1. Países com participação da energia nuclear na matriz energética.
Fonte: Agência Internacional de Energia Atômica (2002).
Tipos de Reatores.

Existem muitas combinações de materiais e disposições possíveis para se construir


um reator nuclear operacional. Devido a isso, temos várias classificações para os tipos de
reatores, segundo Prass (2007, p.17):
a) quanto à finalidade: reatores de pesquisa e desenvolvimento, destinados a pesquisa e
não objetivam a produção de energia elétrica. São úteis na produção de radioisótopos,
utilizados em aplicações medicas, por exemplo;
b) quanto à combinação moderador e refrigerante: Existem diversas combinações
possíveis de moderador e refrigerante.
c) quanto ao combustível: O urânio com teor de U-235 variando do urânio natural
(0,7%) a levemente enriquecido (3%) a altamente enriquecido (90%) é empregado em
vários reatores, com o enriquecimento dependendo do conjunto.
d) quanto à disposição: Pode-se isolar o combustível do refrigerante, formando a
chamada disposição heterogênea, que é a mais utilizada. Outras disposições são as
chamadas homogêneas, onde se tem a mistura de combustível e moderador ou
combustível e moderador-refrigerador.
e) quanto aos materiais estruturais: As várias funções num reator são usadas para dar
nome a certo tipo de reator. Alguns dos reatores de potencia mais utilizados são o PWR
ou BWR. O PWR – iniciais da expressão inglesa Pressurized Water Reactor (reator a
água pressurizada) foi desenvolvido inicialmente pela Westinghouse e utiliza água leve
pressurizada como moderador e arrefecedor, como pode ser visto na figura a seguir.

Figura 3. Reator PWR.


Fonte: http://energianuclearbr.blogspot.com.br/2010/10/esquema-de-um-reator-pwr.html
Os Eventos Nucleares

O mundo conheceu o poder destruidor da energia atômica em 1945, quando os


Estados Unidos lançaram duas bombas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e
Nagasaki. A segunda guerra já estava ganha pelos aliados, mas era preciso testar o novo
artefato. De acordo com Beier (2006), Hiroshima foi atacado no dia 06 de agosto e
Nagasaki no dia 09 de agosto de 1945, com bombas jogadas do avião little boy, matando
mais de 150 (cento e cinquenta) mil pessoas, referentes a 40% da população das
cidades.

Figura 4. Bombas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945.


Fonte: http://pt.energia-nuclear.net/que-e-a-energia-nuclear/historia

Acidentes de radiação são mais comuns que acidentes nucleares, e são


frequentemente de escala limitada. A Escala Internacional de Acidentes Nucleares (mais
conhecida pelas suas siglas, INES) foi introduzida pela OIEA para permitir a
comunicação sem falta de informação importante de segurança em caso de acidentes
nucleares e facilitar o conhecimento dos meios de comunicação e a população de sua
importância em matéria de segurança. Definiu-se um número de critérios e indicadores
para assegurar a informação coerente de acontecimentos nucleares por diferentes
autoridades oficiais. Há 7 níveis na escala.( AIEA, 1986).
Figura 5. Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES).
Fonte: Agência Internacional de Energia Atômica –AIEA.

Os acontecimentos de nível 1 - 3, sem consequência significativa sobre a população e


o meio ambiente, qualificam-se de incidentes, os níveis superiores (4 a 7), de acidentes. O
último nível corresponde a um acidente cuja gravidade é comparável ao ocorrido em 26
de abril de 1986 na central nuclear de Chernobyl e ao de 11 de Março de 2011 na central
nuclear de Fukushima.

As Narrativas dos Eventos

Os Eventos Nucleares nos trazem mais de uma representação, sobre o poder


destrutivo dos mesmos, mantendo a ameaça, a dor, o medo e o despreparo dos
governantes para o enfretamento de eventos nucleares dessa envergadura. Assim,
aumentou-se os riscos a serem enfrentados por todas as sociedades, pois priorizava-se a
construção de armamentos bélicos e equipamentos atômicos, que colocam países em
“segurança” e o planeta em risco, como se pode observar nos vários eventos nucleares
Kyshtym (Ozyorsk1957), Windscale (1957), Yucca Flat (1970), Bohunice (1977), Three
Mile Island (1979), Chernobyl (1986), Goiânia (1987), Seversk (1993), Tokaimura
(1999), Fukushima (2011).
Fundamentada nas necessidades atuais levando-se em consideração o universo
apresentado é importante fazer uma breve analise, no maior acidente nuclear do Brasil.

Energia Nuclear no Brasil – Goiânia/1987


Nas décadas de 1940, 1950 e 1960, o governo federal criou, no Rio de Janeiro, o
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, o Conselho Nacional de Pesquisas, a Comissão
Nacional de Energia Nuclear, o Instituto de Radioproteção e Dosimetria e o Instituto de
Energia Nuclear.
Em 1953, criou-se em Belo Horizonte o Instituto de Pesquisas Radiológicas,
ligado à Universidade Federal de Minas Gerais, onde se formou, em 1965, o Grupo do
Tório, com a missão de desenvolver o projeto conceitual de um reator de potência
moderado e refrigerado a água pesada, baseado no ciclo do tório (Brito, 1968).
Em 1971, o governo brasileiro decidiu implantar uma central nuclear de 750 MW no
município de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro, criando, para isso, a
Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear, que depois teve suas atribuições ampliadas
para planejar e implantar no país um programa de geração eletronuclear. A nova empresa
teve por objetivo promover, com assistência técnica alemã, o desenvolvimento da
indústria nuclear no Brasil, mas limitou-se a coordenar um programa de importação de
equipamentos e treinamento de pessoal, para a construção de duas centrais
eletronucleares.
Assim foi construída em Angra dos Reis uma fábrica de componentes pesados em
Itaguaí, no Estado do Rio de Janeiro (Carvalho, 1987). Mas o Brasil tornou-se conhecido
mundialmente pelo maior acidente radioativo do mundo. Um ano após o acidente de
Chernobyl, ocorreu no Brasil, na cidade de Goiânia, em 1987, o segundo maior acidente
nuclear, ficando conhecido como o acidente Leide das Neves ou acidente radioativo
Césio 1372. No desastre foram contaminadas centenas de pessoas acidentalmente através
de radiações emitidas por uma cápsula que continha Césio 137.
Um aparelho de radioterapia em desuso tinha sido levado no dia 13 de setembro por
dois catadores de papel do prédio abandonado localizado entre as avenidas Paranaíba e
Tocantins, no centro da capital goiana, que havia sido construído em um terreno
emprestado pela SSVP (Sociedade São Vicente de Paulo).
Diante daquele prédio abandonado e com a ideia de ganhar um “dinheirinho” extra.
No dia 13 de setembro de 1987, Roberto Santo Alves, conhecido como “Betão”, e
Wagner Mota Pereira, que estavam desempregados no momento, adentraram o prédio

2. O nome “césio” origina-se da palavra latina caesius que significa “céu azul”. Foi descoberto por análise
espectral na qual foram identificadas linhas azuis brilhantes no seu espectro. O césio-137 é um dos 32
isótopos.
abandonado e recolheram um aparelho de ferro e chumbo, para vendê-lo como
sucata.

Figura 6. Vista frontal do prédio do IGR, de onde foi retirado o aparelho de Raios-X.
Fonte: CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).

Foram várias as tentativas de abrir a peça de metal, utilizaram de força e jeito, mas
para eles parecia que era impossível romper o lacre do aparelho. Pinto (1987) em seu
livro “A Menina que Comeu Césio”, ao relatar esta situação comenta que:

De nada valeram as valentes porradas no cabeçote do cilindro


desferidas por Betão empunhando o martelo há mais de
duas horas, enquanto Wagner estudava um jeito de ‘abrir’ a
peça de metal. Já estava quase escuro quando conseguiram,
afinal, afrouxar o cabeçote que até então estivera preso à
cápsula oval por bonitos parafusos dourados, jamais vistos por
qualquer dos dois amigos. A fim de acalmar um pouco a
curiosidade, eles enfiaram a chave de fenda no orifício sem
encontrar nada aparentemente importante, alguma coisa sólida
diferente. O que saiu foi um pozinho ‘esbranquiçado’ (PINTO,
1987, p. 25).

Ao desmontar o aparelho de Raios-X “os dois rapazes romperam o invólucro de


chumbo e perfuraram a placa de lítio que isolava as partículas radioativas do contato com
ambiente” (VIEIRA, 2010).

Com essa atividade romperam o lacre de proteção de uma


cápsula de Césio-137, localizada no interior do aparelho,
liberando radioatividade. Deram, assim, inicio ao episódio que
foi qualificado, por autoridades da área nuclear, como o maior
acidente radiológico do mundo ou como o maior acidente
radioativo do Ocidente (CHAVES 1998, p.10).
No interior do cilindro havia pó de cloreto de césio empastilhado juntamente com um
aglutinante e a atividade da fonte, na época da violação, era de 1.375 curies. Segundo
Okuno (1988), o número que aparece ao lado do elemento, como o 137 no caso do césio,
chama-se número de massa e corresponde ao número total de prótons e nêutrons contidos
no núcleo.
Roberto Santos Alves e Wagner Mota Pereira levaram a peça de chumbo ao ferro
velho de Devair Alves Ferreira (situado na Rua 26-A, no Setor Aeroporto), que comprou
a peça dos rapazes, juntamente com a cápsula de Césio-137. O cilindro foi transportado
para a Rua 26-A em um carrinho de mão utilizado para catar papel (LACERDA, 2007).
Contudo a manipulação inadequada gerou a eclosão do caos, a presença de
irradiados e contaminados aumentavam a cada dia. As partículas de Césio-137 tinham se
espalhado pelo ar, infetando o solo, as plantas e até mesmo os animais; as pessoas que
haviam tido contato. Matos (2006, p.30) relata que as consequências da negligência das
autoridades responsáveis pelo abandono da referida fonte foram de tamanha gravidade,
pois contribuíram para brutal contaminação ambiental que se seguiu decorrente daquela
ação. O fato é que a radiação da cápsula revestida de inox, que continha 19 gramas de pó
de Césio-137, atingiu “uma área de 3.000m infiltrando-se no solo até 50 cm de
profundidade num raio de 100 m das zonas afetadas”.
Após passar por exames os contaminados mediam o nível de radiação presente em
seus corpos, e os casos considerados mais graves eram transferidos para o Hospital Naval
Marcílio de Moraes, no Rio de Janeiro. A CNEN obteve um papel muito importante nessa
catástrofe radioativa, pois agiu rápido evitando um desastre ainda maior.
Com um olhar no passado e outro no presente, a proposta desse levantamento
bibliográfico é realizar uma breve análise desses eventos nucleares, onde percebe-se
como ainda há uma grande fragilidade no monitoramento e mesmo no controle dessa
tragédia que continuam gerando vítimas e impactando toda a sociedade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a elaboração dessa breve trajetória sobre a Energia Nuclear, será colocado em
evidencia a cidade de Manaus onde busca-se compreender o efeito da representação
de um Acidente Radioativo, por um viés cimentado em uma análise teórica. Por esse
motivo, cabe aqui evidenciar que Manaus, em 2003 entrou para o quadro dos acidentes
radioativos, com o evento da empresa Techion, onde a Instalação de irradiação de
alimentos foi fechada e o material radioativo (cobalto-60) ficou desprotegido.
Embora esse evento não tenha sido divulgado, ele só foi resolvido seis anos depois
em 23/03/2009. A pedido do IPEN (Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares), uma
aeronave C-130 do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (PEPGT)
transportou, aproximadamente, 40 quilos de Cobalto 60, que foi envolvido numa
blindagem de aço inox que pesava seis toneladas e acondicionado num acoplado de dois
pallets e durante todo o vôo o material foi monitorado quanto a níveis de radioatividade
Alheios a esse evento, os manauaras só viveram momentos de tensão em 2012,
quando foi notificado o encontro de um aparelho de Raio X em um ferro-velho,
localizado no bairro Novo Aleixo, Zona Norte de Manaus, que poderia conter substância
radioativa. Para fazer a verificação foi acionada a Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) em parceria com a Defesa Civil, que notificaram
o proprietário da JS Sucataria, a apresentar licença ambiental para funcionar como
depósito de ferro-velho.
Contudo observa-se que não ocorre em Manaus uma fiscalização para o descarte de
material radioativo, que obedeça à legislação federal específica, que prevê a forma
correta do procedimento, conforme Resolução 306, de 7/12/2004, da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária, e Resolução 358, de 29/04/2005, do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (Conama). O descarte de resíduos radioativos deve obedecer também às
normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear, que define a espessura das caixas e
espessura da blindagem de chumbo para a destinação adequada.
Assim, embora a necessidade, dessas normas serem cumpridas, nota-se que só
ocorre algum esforço nessa direção quando a cidade é palco de algum evento como foi no
caso dos jogos pela Copa 2014. Onde equipes treinadas utilizaram equipamentos
sofisticados e ultrassensíveis capazes de apontar a presença indesejada de material
radioativo e nuclear, além de identificar qual o tipo de material.
Visando as Olimpíadas 2016, equipes do Serviço de Atendimento Médico de Urgência
(Samu) simularam uma ação de atendimento a vítimas de acidentes de natureza química,
biológica radioativa e nuclear. Participaram da simulação 24 militares do Exército, 14 da
Marinha, 25 do Corpo de Bombeiros e 15 profissionais do Samu. Durante o treinamento,
ambulâncias com isolamento especial, correspondente ao equipamento real utilizado em
uma situação verídica, foram utilizadas.
Diante desse quadro, percebe-se que não há um Plano de Emergência local que tenha
por finalidade, em caso de emergência, proteger a saúde e garantir a segurança do público
em geral, visto que Manaus não está no raio do Plano de Emergência Externo (PEE) que
é coordenado pelo Órgão Central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro
- Sipron, com a participação da Defesa Civil Federal.

Figura 7. Zonas de Planejamento de Emergência – ZPEs.


Fonte: Eletronuclear.

Este atendimento à situações de emergência está baseado na ativação de quatro


grandes Centros de Emergência, cada um com missão e localização diferentes: Centro
Nacional para Gerenciamento de uma Situação de Emergência Nuclear (CNAGEN).
Centro Estadual para o Gerenciamento de Emergência Nucleares (CESTGEN).Centro de
Coordenação e Controle de uma Situação de Emergência Nuclear (CCCEN). .Centro de
Informações de Emergência Nuclear (CIEN). Cabe ressaltar que todos estão voltados para
as zonas de planejamento nuclear.
De posse desses dados que geraram nossos resultados, e que refletem a nossa
realidade, iremos agora para cerne de nossa discussão em torno de que tipo de sistema de
gestão utilizaríamos em um evento nuclear.

Como Gerenciar uma crise num possível acidente radioativo na cidade de Manaus.

Através dos quadros apresentados, nota-se que o gerenciamento é fundamental para


garantir medidas de segurança, evitando o risco de um acidente ou incidente
nuclear. Mas ao se voltar o olhar para Manaus, percebe-se que não há responsabilidade é
nem um plano de emergência local, o qual possa mobiliza uma estrutura cujos papeis
incluem suporte técnico, proteção pessoal e primeiros socorros.
No que tange a depósitos de dejetos radioativos o Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (INPA/MCTI) inaugurou em 22/ 04/ 2014, a estrutura física do Prédio de
Armazenamento para Materiais Radioativos (Pamrad). Este é o primeiro prédio da região
Norte, que passará no futuro a ser denominado, de Instalações Radioativas licenciadas
pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Contudo diante das defasagens de um plano especifico local, o recurso que resta é o
treinamento permanente dos Corpos de Bombeiros, policiais e Defesa Civil, que são os
profissionais que atuarão na ocorrência de casos de acidentes radiológicos e nucleares. Na
quase totalidade dos casos, os bombeiros e/ou policiais são os primeiros agentes públicos
a chegarem ao local de uma ocorrência com fontes radioativas, e não resta dúvida que a
ação destes é que garantirá que as consequências de qualquer acidente possam ser
minimizadas, seja pela delimitação da área atingida ou a evacuação de pessoas próximas.
Mas para isso estes profissionais devem ter um conhecimento dos procedimentos
básicos a ser realizado, daí a necessidade de existência de treinamento para estes
importantes profissionais. Aliado a campanhas de esclarecimento com instruções sobre
como os moradores devem agir em situações de emergência. Partindo do pressuposto de
que a noção e percepção desses riscos são construções sócio culturais, imbricadas em
decisões de ordem política, envolvendo relações de poder, chama atenção para a
“vivência em risco”.
Cabe aqui ressaltar, que numa situação de um evento nuclear em Manaus, esta pouca
importância dada à radioproteção e segurança nuclear pode custar muito caro, resultando
em consequências trágicas. A negligência com a segurança pode estar associada a
presença não ostensiva de um aparato de segurança, uma estrutura de atendimento
médico dos radioacidentados.
Nesta situação de desastre com radiatividade num contexto urbano, como Manaus, o
conhecimento especializado do sistema perito não é suficiente para fazer face plenamente
à situação de risco. A liderança e a capacidade de gerenciamento são características
fundamentais. A experiência de ir além do conhecimento científico até então apreendido e
a vivência de gerenciamento em contexto de crise redefinem as situações de um evento
nuclear.
CONCLUSÕES.

Apontaremos conclusões, não para oferecer respostas fechadas aos questionamentos,


mas para suscitar novos questionamentos. Procuramos, neste artigo, mostrar, de forma
breve, a necessidade de gerenciamentos e a importância de planejamento, para os
sistemas de emergência na cidade de Manaus. Abordamos as possibilidades de ocorrência
e as causas que podem atingir um número bastante elevado da população de Manaus,
tendo como consequência a morte e os traumas decorrentes.
Como já foi exaustivamente descrito, a situação de um evento nuclear nos coloca
frente a frente com uma ameaça que não é vista, que não tem cheiro, cuja presença para o
leigo é percebida quando os seus efeitos se manifestam. Entretanto para evitamos esses
eventos, dependemos das definições de risco, trabalho e situação emergenciais
articuladas, entre as autoridades municipais, estaduais e pelas agências que administraram
e continuam a gerenciar esses desastres.
Deixamos, aqui, muitas opções para reflexão e à compreensão dessa contextualização
do problema em nível local, pois é sério e exige muito desprendimento e esforço para o
sucesso em situações de emergências e desastres. Contudo, para além das considerações,
é preciso não perder de vista, a severidade e a destrutividade das consequências desses
eventos para as pessoas neles envolvidas, em aspectos físicos, sociais e psicológicos, bem
como não se pode esquecer o papel das incertezas e do terror provocados pelo
envolvimento de substância radioativa.

REFERÊNCIAS

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