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A filosofia ocidental nasce na Hélade, região que hoje corresponde à Grécia e à Turquia,
bem como o arquipélago de Chipre. Mais especificamente, o primeiro filósofo do qual se tem
notícia é Tales de Mileto - Mileto era, então, uma cidade turca. Tales tenta promover, ainda que de
forma incipiente, uma ruptura entre a noção de mito e a de lógos, a ver mais adiante.
Ambos, o mito e o lógos, podem ser veiculados por meio de um discurso - filomythós ou
filosofós - e, de acordo com a valoração maior ou menor de um ou outro, a filosofia aproxima-se
ou distancia-se da ciência ao longo da história.
Acredita-se que, invariavelmente, a filosofia precisa conviver com a dúvida, uma vez que
ela própria nasce do espanto ou da admiração em relação a algo ( Thaumazien). A indagação e a
ignorância levam o homem a descontentar-se com a insuficiência das respostas obtidas,
empreendendo assim uma busca constante por tais respostas por meio do ócio ( Skolé).
Na antiguidade grega, os mitos eram narrativas divinas transmitidas por meio dos poetas
( aedos). Os mitos eram cantados em forma de verso e, não raro, variavam de acordo com a
expressão cultural. Existem mitos babilônicos em que o enredo repete-se em versões gregas
com ligeiras adaptações, e assim por diante. O mito é uma tradição, enquanto produto cultural,
entretanto, estritamente grega, e objetiva produzir crenças através de recursos imagéticos. O
poeta é porta-voz das musas, filhas de Zeus com Mnemosyne ( memória).
Hesíodo e Homero são os mais importante poetas mitológicos. São do primeiro obras
como Teogonia e Os Trabalhos e os Dias, enquanto do segundo, Ilíada e Odisseia. Teogonia é
uma obra destinada a explicar a origem dos deuses, enquanto Os Trabalhos e os Dias é uma
narrativa de ordem cosmogonica e prescritiva sobre o comportamento, comportando também o
chamado Mito das Cinco Raças que tenta explicar a origem humana, e o mito de Prometeu-
Pandora, que busca os motivos para a existência do mal na Terra.
A primeira grande tentativa de rompimento com a mitologia deu-se, também, por meio da
arte: o surgimento do teatro trágico grego. Neste período histórico, a pólis já contava com uma
complexidade sócio-política exponencial. Nesse cenário, surge a Tragédia, um gênero
diferenciado do mito pela não-necessidade de feitos sobrenaturais e pela não-obrigatoriedade de
« cantar" o passado e exaltá-lo como referência para o presente.
PARTE II - A Sofística
É à partir dos escritos de Sócrates que observamos uma preocupação com a Antropini *
Sophia, isto é, com a sabedoria dos homens em si. Alguns fatores históricos evidenciam tal
preocupação:
iii) A ausência de uma casta sacerdotal grega capaz de impedir tais avanços.
A discussão sofística apresenta-se, nesse cenário, como uma atividade típica da Pólis
grega, destinada a fomentar e estimular a prática política entre os cidadãos. Para os sofistas, é
mais interessante ludibriar e convencer os cidadãos a qualquer custo por meio de recursos de
oratória do que, de fato, convencê-los da verdade. Tal discussão gera intenso debate entre
opinião e verdade ( Doxa e Aletheia), por meio de uma estruturação argumentativa denominada
Antilogia, em que faz-se a oposição entre dois lógos opostos à fim de defender um deles contra o
outro ou ambos contra um terceiro. Atenção, pois tal prática não deve ser entendida como uma
apologia contrária ao conhecimento. Mais adiante, Sócrates utilizará a refutação como técnica
argumentativa (Elenthós) e Platão fundará a Dialética.
Não existe uma tradição socrática sem contexto, o que é o mesmo que dizer que é
impossível tratar da filosofia socrática sem mencionar o contexto situado acima no ponto II. O
projeto filosófico de Sócrates estava altamente comprometido com o melhoramento constante e
a aprimoracão das estruturas da Pólis como é possível perceber em sua obra, onde a questão do
Estado, da governabilidade e da sociedade são recorrentes.
Entende-se que a justiça só pode ser praticada por atos voluntários. Caso ela seja
exercida por acidente, não se trata exatamente de justiça mas sim de um simulacro que não
corresponde às pretensões genuínas da virtude. O homem justo é aquele capaz de espelhar, a
partir de seu caráter, ações justas na realidade. A ação justa leva ao saber pratico que, por sua
vez, possibilita a deliberação através da moderação ( Sophosyne) ou da Kairós ( oportunidade).
É possível a existência de uma justiça corretiva > A Posteriori, em que é possível corrigir a
injustiça entre as partes de modo a retomar o equilíbriorio; ou a justiça distributiva > A priori, de
modo a garantir que a justiça não descambe em injustiça.
Para Aristóteles, a palavra Philia pode transmitir ambos os significados, amor e amizade.
No entanto, a noção de amor amplia-se para outras duas possibilidades: Eros ( para o amor
sexual) e Ágape ( para o amor divino). O amor superior seria o amor materno, uma vez que é
aquele gestado por maior quantidade de tempo de convivência.
Para que exista amor, é necessário grande dose de convivência, segundo o filósofo. É
uma condição essencial para a existência de laços afetivos e amizade genuína.
Os dois primeiros tipos de amizade são meios para se alcançar um bem, enquanto o
último é um fim em si mesmo. A amizade pela virtude exige semelhança entre os amigos, de
modo que haja entendimento e compreensão. A amizade entre pais e filhos, portanto, pertence
às duas primeiras subdivisões, uma vez que as naturezas paterna e filial são muito diferentes.
Aos objetos inanimados, há apenas afeição ou benevolência, uma vez que somente
pessoas podem responder a expectativa de reciprocidade que a amizade exige.