Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
SÃO PAULO – SP
MARÇO, 2014
1
2
Universidade Federal do ABC
Pós-Graduação em Ensino, História e Filosofia das Ciências e Matemática
Área de concentração: Filosofia da Biologia
ORIENTADOR
Prof. Dr. Charles Morphy D. Santos
SANTO ANDRÉ – SP
2014
3
TERMO DE APROVAÇÃO
Essa dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Mestre em Ensino, História e Filosofia
das Ciências e Matemática no curso de Pós-graduação em Ensino, História e Filosofia das Ciências e
Matemática da Universidade Federal do ABC.
___________________________________
Coordenador do Curso
BANCA EXAMINADORA
____________________________ ____________________________
Prof. Dr. Charles Morphy D. Santos Prof. Dr. Jerzy André Brzozowski
Orientador UFFS
____________________________ ____________________________
____________________________
4
5
6
Agradecimentos
The most exciting part of writing this dissertation (my master) is being constantly reminded that the project itself
is a "complex adaptative system"!! In that way the concept of the entire work keeps evolving. I thank you all!!
Quando uma pessoa nasce, ganha um nome que levará para sua vida inteira, alguns viram
citações, notas de rodapé, um poema.. outros agradecimentos de dissertações, mas é sempre preciso um
nome a se apoiar. Os personagens de minha narrativa são eles: o primeiro deles meu orientador professor
Charles Morphy sem o qual quaisquer interpretações biológicas das “minhas” matemáticas e físicas não
teria sido possível. Foi preciso coragem ao tema aparentemente d´outro mundo e o que ele conseguiu me
mostrar foi que a coisa mais óbvia deve vir primeiro, a compreensão da nossa própria biologia. E por
mais óbvias que sejam devemos saber escrevê-las. Foi ele o próprio constraint desse trabalho restringindo
na medida certa os caminhos possíveis, orientando-os na dose adequada um tema que abre infinitas
discussões.
A banca examinadora - com os doutores Mirian Pacheco, Douglas Galante, Jerzy Brzozowski e
Renato Kinouchi - merece atenção especial, com ela o trabalho incorporou o próprio conceito
de evolvabilidade (ver glossário!), em que se houve capacidade de evoluir se deve muito a eles, muito
obrigada pelos aportes “qualificados”. Professor Kinouchi, eu não entendo Peirce com “sua” seleção
natural, mas prometo guardar essa valiosa observação para um futuro não tão longínquo. Ah e se eu for
sempre ganhar livros quando te convidar para ler meus trabalhos, convidarei sempre, adorei o “A
dinâmica da consciência de William James, revisitado” serviu-me como revisão de alguns conceitos não-
lineares .. ao mesmo tempo que me fazia pensar essas coisas emergentes sobre a mente.
Ao mosaico de minha sala de mestrado que da matemática a filosofia descobri caminhos outrora
desconhecidos. Em especial, a Taimara Passero, nossa física que com seu “éter” deixará éter-
7
namente boas lembranças. À Clareira (Clara) que me fez descobrir alguém mais hiperativa (além da Liza,
claro!). Aos companheiros Marcelo Nascimento e Felipe Oliveira pelas notívagas charlas sobre capítulos
infinitos (finalmente prontos!). À Carol Zílio pelas fotos em tempo real da Basilica di San Marco quando
o próprio artigo de Gould só com muita boa vontade dava para visualizar o tal dos Spandrels. A Plinio
Bronzeri (até um psicólogo na sala!) pelos momentos engraçados nas atividades em grupo, aplicando seus
psicodramas na própria sala! Meus Professores Mirian Pacheco, Meiri Miranda, Adelaide Faljoni-Alario,
Kinouchi (de novo!), Marga Born e Marcia Alvim gracias por todo, vocês me fizeram enxergar o ensino e
a filosofia d´outro ângulo! Ao diretor do Centro de Ciências Naturais e Humanas (CCNH), o sempre
querido biólogo prof. Arnaldo Santos, que também acompanhou desde o embrião desse trabalho.
Ao professor Nélio Bizzo e as inspiradoras aulas do que, afinal, é essa coisa chamada
Darwinismo. Completando esse rol nosso filosofo da biologia, Caponi também vem enhorabuena.
À comadre, a física Jéssica Glória (& Cesar) pelas minhas n-dúvidas em auto-organização e caos
e ao prof. Eduardo Guéron (o físico mais biólogo que conheço! Pior que nesse trabalho vou mudar a visão
dele sobre Dawkins ) que acompanham há 7 anos (!) eu os importunando com “o que é vida” (desde a
primeira IC..). Ao esquadrão azul das Forças Aéreas Brasileiras, Cárdenas & Araújo, pela força em
Salvador em tempos de doutorado. Aos meus verdadeiros “grupos-irmãos”, o fiel tradutor de figuras
Wicher (2014), a Ishikawa, o Daniel Dias, o André Madeira, a Tamires Gallo (mi hermanita científca,
extremófila em pessoa!), a Diana-Ribas (ela é o dextrógiro, eu o levógiro) e meus irmãos (no sentido
estrito), por existirem. A los chicos del master en Salamanca pelas transferências horizontais no
contrabando de libros de la filosofia de la biologia cuando mi pais lo carecia deles. Desde já à Brigada de
Incêndio Antônio Freitas, o único capaz de conseguir grampear 150 pgs n´um grampo, merece destaque
no andar da pós que não teria sido o mesmo sem sua existência nele para todos os pepinos que
incendiavam ali. Nossas tardes não teriam sido mais alegres se os cafés da Leyd Façanha não existissem,
aguentando diariamente “que hoje eu terminaria mais um capítulo” quando ele terminava por virar mais
uma noite, e outras tantas mais... terminando...o que não contei a ela era que esse era o pretexto para
ganhar seus cafés. Outras virão! Aqui ou alhures, você virou minha eterna conselheira LeydMarry.
Para a versão pós-defesa devo acrescentar ajudas fundamentais dos últimos detalhes, ao professor
António Dieguez, que desde a Málaga aclarava dudas pontuales me regalando seus livros de filosofia da
biologia, La Vida bajo Escrutinio enhorabuena não teria calhado em melhor hora. Ao próprio Rasmus
Winther, a fonte primária do Darwinismo Sistêmico pelas respostas atenciosas a interpretação final do
trabalho. E ao eterno argentino professor Jorge Horwath cedendo à velocidade da luz como um fóton a
estrutura física do Instituo de Astronomia (IAG-USP) e do Núcleo de Apoio a Astrobiologia quando em
tempos de limbo já não mais tinha um computador para a versão final dessa dissertação.
Quando precisava me distrair com assuntos alhures aos acadêmicos cai em mãos um belíssimo
livro para eu criticar a parte de evolução biológica. Quando me dei conta eram temas de auto-organização
e tudo o mais. Obrigada “hermanito científico" Alexey Dodsworth por não me deixar descansar nem nas
horas livres. Mas o livro me distraiu tanto, consegui descansar a mente que viajou a 45 anos-luz daqui. O
romance lança esse mês de março e se chama Crônicas da Superterra, Dezoito de Escorpião (décima
oitava estrela mais brilhante da Constelação do Escorpião, a mais perfeita gêmea do nosso Sol) compondo
um drama que explora a antiga pergunta: “estamos sós no Universo?”.
Nessa trama, só levo a certeza de que muito pouco eu sei ♪, nada sei ♫ ♪. No entanto, com todos
vocês por trás é difícil dizer que “estamos sós” no universo. A todos que me perguntaram “Alabi, quando
você vai terminar esse texto?” Finalizado!© Que todos vocês sintam um pouco do encantamento das
muitas questões da vida, melhor ainda quando podemos transformá-las em questões de pesquisa. Listo!
Terminada a única parte que posso ser literata, doravante o resultado desses anos.
8
Nie potrzeba nam innych światów. Potrzeba nam luster. Nie wiemy, co począć z innymi światami.
1
Wystarczy ten jeden, a już się nim dławimy.
1
Não temos necessidade de outros mundos.
O que necessitamos são espelhos. Não sabemos o que fazer com outros mundos.
Um só mundo, nosso mundo, nos basta, mas não gostamos como é.
Buscamos uma imagem ideal do nosso próprio mundo; partimos em busca de um planeta.
Stanislaw Lem (Solaris)
9
Resumo
10
Abstract
11
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 13
1.1 AMPLIANDO O DARWINISMO UNIVERSAL.............................................................................. 16
1.2 AUTO-ORGANIZAÇÃO NA ORIGEM DA ORDEM BIOLÓGICA ..................................................... 20
OBJETIVO & JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 24
PARA UMA TEORIA GERAL DA BIOLOGIA ...................................................................................... 30
1 CAPÍTULO I
DARWINISMO UNIVERSAL, SELEÇÃO NATURAL & PLURALISMO ................................................... 32
1.1 A ESTRUTURA DA TEORIA DA SELEÇÃO NATURAL ............................................................................... 33
1.2 A SELEÇÃO NATURAL É SUFICIENTE PARA EXPLICAR OS FENÔMENOS EVOLUTIVOS?................................... 37
1.2.1 Replicadores estendidos............................................................................................... 42
1.3 PLURALISMO OU UNIDADE DO DARWINISMO UNIVERSAL .................................................................. 49
2 CAPÍTULO II
AUTO-ORGANIZAÇÃO NA ORIGEM DA ORDEM BIOLÓGICA .......................................................... 53
2.1 EMERGÊNCIA: UM NOVO TIPO DE ORGANIZAÇÃO.............................................................................. 57
2.2 COMPLEXIDADE ......................................................................................................................... 61
2.3 HOLISMO “ORGÂNICO”............................................................................................................... 63
2.4 ANTICAOS NA BORDA DO CAOS ..................................................................................................... 64
2.5 AUTO ORGANIZAÇÃO ................................................................................................................. 72
2.6 DEFINIÇÕES DE AUTO-ORGANIZAÇÃO ............................................................................................. 75
2.7 VARIAÇÃO LIMITADA E IMPORTÂNCIA DOS ATRATORES ...................................................................... 77
2.8 ROBUSTEZ E FLEXIBILIDADE.................................................................................................. 83
2.9 CONSTRAINTS E ORIGEN (S) DA (S) VIDA (S): CONVERGÊNCIA DE ILHAS DE ORDEM AUTÔNOMAS ................ 86
2.10 PADRÕES EMERGENTES DE COLÔNIA DE FORMIGAS, ABELHAS À ORIGEM DA VIDA .................................... 89
3 CAPÍTULO III
PARA UM DARWINISMO ESTENDIDO ............................................................................................ 92
3.1 SELEÇÃO NATURAL: ESTILO FORMAL E AUTO-ORGANIZAÇÃO: ESTILO COMPOSICIONAL .............................. 95
3.2 UNIVERSALIDADE ..................................................................................................................... 106
3.3 DARWINISMO ESTENDIDO, ASTROBIOLOGIA E A DETECÇÃO DE BIOASSINATURAS .................................. 109
3.3.1 Generalização a partir de um único exemplo de vida (N=1) ...................................... 110
3.3.2 Biassinaturas alternativas: Shadow Biosphere e Zona Autônoma ............................ 113
3.3.3 Regularidades e Princípios Gerais .............................................................................. 113
3.3.4 Auto-organização e nicho ecológico .......................................................................... 115
3.3.5 Das condições necessárias e suficientes às populações de interagentes ................... 117
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 122
5 GLOSSÁRIO ....................................................................................................................... 125
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 130
ANEXO I. ARTIGO PUBLICADO NA EDIÇÃO DE ABRIL DE 2013 DA CIÊNCIA HOJE ......................... 141
TODO BIÓLOGO É UM POUCO ASTROBIÓLOGO .......................................................................................... 143
ANEXO II. ARTIGO CONVIDADO SUBMETIDO À SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL ........................... 142
DARWINISMO UNIVERSAL E A ORIGEM DA ORDEM BIOLÓGICA ..................................................................... 143
12
Introdução
Figura 1 Carta de Darwin, C. R. [11 Jan 1844] endereçada, ao seu amigo íntimo, o botânico Hooker,
J. D. As observações de Darwin sobre a distribuição dos organismos de Galápagos, e em fósseis da
América do Sul e fatos que ele reuniu, levaram ele a conclusão de que as espécies não são imutáveis ou
obras de um Criador, "é como confessar um assassinato". (Disponível em
http://www.darwinproject.ac.uk/entry-729).
13