Vivemos num mundo cuja mentalidade foi construída, principalmente, pelas
revoluções industriais e burguesas. Queremos produzir, vender e lucrar. A obsolescência programada é apenas mais um fruto dessa mentalidade. Mas antes de louvarmos ou crucificarmos essa prática devemos considerar os impactos positivos e negativos que ela traz para a sociedade e ao nosso planeta. Por um lado, vemos que os benefícios da obsolescência programada são inegáveis e, mais do que isso, necessários para a manutenção das economias mundiais. Graças a esse processo, empresas produzem mais e ganham mais, o número de empregos cresce e o consumidor, mesmo que tenha que desembolsar um pouco mais, vive recebendo novos produtos, com novos designs e tecnologias, que nem o filme Blade Runner poderia prever. Por outro lado, temos o acúmulo de lixo, que é uma consequência direta e o maior problema causado pela obsolescência. Os países que mais sofrem desse mal são os subdesenvolvidos por dois motivos principais: o primeiro deles é que são tratados como verdadeiros lixões pelos países desenvolvidos. Um exemplo disso é a África que recebe 90% do lixo eletrônico do mundo. O segundo motivo são as mais diversas manobras de incentivo fiscal e suavização nas leis ambientais feita por esses países visando atrair indústrias para si. É clara a necessidade de reformas legislativas nesses países, mas, quando a mentalidade que reina é a do desenvolvimento a qualquer custo, quem vai ser aquele que tirará do próprio pão para salvar as próximas gerações? Fica claro, portanto, que devemos promover mudanças visando a manutenção dos benefícios que a obsolescência nos provê, diminuindo ao máximo suas consequências. Para que isso seja possível, a ONU deveria pressionar seus países-membros a reforçarem suas leis e seus projetos de recuperação ambiental. Já, uma forma de atacar diretamente o descarte inadequado dos lixos é a reciclagem, um processo não apenas sustentável como também rentável. Se uma indústria de reciclagem recebesse o mesmo incentivo fiscal presente na implementação de uma indústria automobilística, talvez assim conseguiríamos alcançar o tão sonhado desenvolvimento sustentável.