Tribunal Regional Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

26/04/2019

Número: 1000915-03.2019.4.01.0000
Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO
Órgão julgador colegiado: 6ª Turma
Órgão julgador: Gab. 16 - DESEMBARGADOR FEDERAL JIRAIR ARAM MEGUERIAN
Última distribuição : 18/01/2019
Valor da causa: R$ 100.000,00
Processo referência: 1013418-12.2017.4.01.3400
Assuntos: Irregularidade no atendimento, Violação aos Princípios Administrativos, Serviço Postal
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
DEFENSORIA PUBLICA DA UNIAO (AGRAVANTE)
EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS
(AGRAVADO)
DISTRITO FEDERAL (AGRAVADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
14559 26/04/2019 17:47 Decisão Decisão
446
 Tribunal Regional Federal da 1ª Região
Gab. 16 - DESEMBARGADOR FEDERAL JIRAIR ARAM MEGUERIAN

PROCESSO: 1000915-03.2019.4.01.0000 PROCESSO REFERÊNCIA: 1013418-12.2017.4.01.3400

CLASSE: AGRAVO DE INSTRUMENTO (202)
AGRAVANTE: DEFENSORIA PUBLICA DA UNIAO

AGRAVADO: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS, DISTRITO FEDERAL

DECISÃO

Trata-se de agravo de instrumento interposto pela Defensoria Pública da União contra decisão
proferida pelo MM. Juiz Federal da 16ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, que, nos autos
da Ação Civil Pública nº 1013418-12.2017.4.01.3400, indeferiu o pedido de concessão de tutela de urgência,
por meio do qual se pretendia fosse determinado à ECT que implementasse a entrega domiciliar de
correspondências aos destinatários residentes no Setor Habitacional Sol Nascente (Ceilândia/DF), ainda que
mediante a prévia criação e o fornecimento de código de endereçamento postal (CEP) às vias públicas que os
integram, com distribuição em cada residência das correspondências enviadas.

2. Eis o teor do r. ato decisório agravado, no que relevante à compreensão da controvérsia (ID
25538965 dos autos de origem):

(...).

O deferimento da tutela provisória de urgência requer a presença de elementos que

evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo, nos termos do art. 300 do NCPC.

No caso em tela, o autor requer que seja implementado pelas Rés o adequando
atendimento à população do Setor Habitacional Sol Nascente, consubstanciando
basicamente na distribuição dos serviços públicos prestados pela ECT, inclusive de
maneira domiciliar.

A meu ver, em que pese os relevantes argumentos elencados na inicial, a questão, de

fato, não é de fácil e/ou imediata solução, uma vez que envolve questões fundiárias e de
regularização da área em debate, conforme se depreende das informações prestadas pela
Rés.

Ademais, as questões fático-jurídicas discutidas na demanda reclama uma dilação

probatória exauriente, a fim de dar efetividade à prestação jurisdicional aqui demandada,
uma vez que, a meu ver, há a necessidade de definir as responsabilidades das partes
envolvidas na matéria suscitada.

Assinado eletronicamente por: JIRAIR ARAM MEGUERIAN - 26/04/2019 17:47:20 Num. 14559446 - Pág. 1
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Número do documento: 19042615403387300000014550892
 Sob tal perspectiva, não vislumbro, ainda, motivo que justifique a urgência no
provimento jurisdicional.

(...).

3. Em suas razões, afirma a recorrente, em resumo, que a medida requerida não é irreversível;
que a ausência de entrega domiciliar de correspondência vem causando prejuízos à própria assistência
jurídica prestada pela DPU à população da referida localidade; que o serviço de entrega postal possui
natureza jurídica de serviço público, regendo-se pela sua obrigatoriedade e continuidade, de modo que cabe à
ré a prestação do serviço, bem como a tomada de quaisquer providências necessárias para a remoção de
óbices à sua prestação; que a conduta da ré ofende os princípios da isonomia e da efetividade da
Administração Pública; e não prevalecer a justificativa da ECT de que observa o disposto na Portaria 567 do
Ministério das Comunicações, notadamente porque há faturas de energia elétrica e água recebidas pelos
usuários da região, por intermédio de funcionários da CAESB e da CEB.

Autos conclusos, decido.

5. Sem sombra de dúvidas o pleito aqui deduzido não se qualifica como medida irreversível, pois
a qualquer tempo poderá ser suspensa a ordem de entrega residencial-domiciliar.

6. Verifico que, na verdade, a recusa da ECT, independentemente da justificativa apresentada,

atinge direitos naturais dos destinatários de correspondência, inclusive, ainda que de forma indireta, dificulta
o acesso dos necessitados à Justiça, CF art. 5º, LV e LXXIV, ao reduzir o alcance da consecução do resultado
da ação intentada via Defensoria Pública, quando cria entraves ao contato entre advogado (Defensor) e
constituinte (assistido).

7. Não impressiona a alegação de que é difícil identificar a localização dos endereços, pois
faturas de contas de luz (CEB) e de consumo de água são entregues, além da medição local mensal do
relógio/contador/registro do consumo.

8. Não cabe ademais justificar razões de segurança pessoal dos carteiros, pois, se tal fosse
possível, não haveria entrega domiciliar de correspondência na CEILÂNDIA, PARANOÁ etc, tantas outras
regiões reconhecidas como violentas no DF.

Pelo exposto, DEFIRO o pedido de antecipação da tutela recursal e antecipo a tutela

provisória de urgência requerida na instancia a qua no Proc. 1013418-12.2017.4.01.3000 e determino a
implantação do sistema de entrega domiciliar de correspondência aos destinatários residentes no Setor
Habitacional Sol Nascente (Ceilândia-DF) no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, devendo os réus
providenciar neste prazo a execução das medidas necessárias para fiel cumprimento, como CEP
próprio.

Comunique-se o teor da presente decisão ao juízo de origem, para conhecimento e cumprimento.

Publique-se. Intimem-se as partes, inclusive para fins de contraminuta.

Brasília, 26 de abril de 2019.

Desembargador Federal JIRAIR ARAM MEGUERIAN

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 Relator

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