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Tecnologias da Informação e Comunicação e a influência na sociabilidade

contemporânea: uma revisão do estado da arte, a partir das teses e dissertações brasileiras
produzidas entre 2000 e 2018.

Joyce Keli do Nascimento Silva1.


Neide Maria de Almeida Pinto2.
Ana Louise Carvalho Fiúza3.

Resumo: Considerando o quanto as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) se


incorporaram no cotidiano dos brasileiros, alterando significativamente as formas de
sociabilidade contemporâneas, este trabalho realiza uma revisão bibliográfica sobre as
teses e dissertações produzidas, no período entre 2000 e 2018, que versaram sobre os
diferentes usos e apropriações das TICs, enfocando especialmente diferenças de gênero e
de geração. Para tanto, entre fevereiro e março de 2019, foi realizada busca no Catálogo de
Teses e Dissertações da CAPES4 e, de forma complementar, na Biblioteca Digital
Brasileira de Teses e Dissertações do Ibict5, por trabalhos produzidos em cursos de
Mestrado e Doutorado acadêmicos, vinculados a quatro grandes áreas do conhecimento, a
saber: Ciências Agrárias, Ciências da Saúde, Ciências Humanas e Ciências Sociais
Aplicadas, visando àqueles que investigaram a influência das TICs nas relações sociais,
familiares, afetivas e profissionais em diferentes contextos. Foram localizados 207
trabalhos, cujos resumos compuseram um “corpus”, submetido à análise textual no
software Iramuteq, visando a identificação das temáticas e metodologias abordadas. Após a
análise, conclui-se que os dados levantados, ao evidenciar o estado da arte sobre a
temática, podem servir de subsídio para pesquisas futuras, posto que revelam os principais
autores referenciados, assuntos, enfoques, objetivos e caminhos metodológicos, bem como
apontam para aspectos que merecem aprofundamento.

Palavras-chave: Tecnologias da Informação e Comunicação; Sociabilidade


Contemporânea; Revisão Bibliográfica; Teses e Dissertações.

1
Pós-Doutoranda junto ao Programa de Pós-graduação em Economia Doméstica da Universidade Federal de
Viçosa (UFV).
2
Docente do Departamento de Economia Doméstica da UFV.
3
Docente do Departamento de Economia Rural da UFV.
4
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.
5
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – Ibict.

1
Resumo expandido
Para Castells (2005), a emergente Sociedade em Rede é marcada pela globalização
de atividades econômicas estratégicas, por uma cultura da virtualidade real, pela
flexibilidade e pela instabilidade do trabalho, permitindo a conexão entre pessoas de
diferentes locais do mundo para variados fins. Esse novo sistema de comunicação altera o
espaço e o tempo, dimensões fundamentais da vida humana, despojando atores e
localidades de seu sentido cultural, histórico e geográfico, reintegrando-os em redes
funcionais, em espaço de fluxos e tempo intemporal. Como Castells (2005), Kaufman-
Scarborough (2006) defendem que as TICs promovem a diluição das fronteiras espaço-
temporais entre esfera pública e privada, devido às suas propriedades de ubiquidade e
constante disponibilidade.
As mudanças na sociedade contemporânea advindas da revolução nas TICs e da
reestruturação do capitalismo justificam o estudo dos processos sociais emergentes, bem
como das novas formas virtuais de constituição de sociabilidade entre múltiplos atores.
Diante disso, o presente trabalho objetivou realizar uma revisão bibliográfica para
examinar o estado da arte do conhecimento produzido pela academia brasileira sobre os
diferentes usos e formas de apropriação social das TICs, em especial do
celular/smartphone e da internet, com destaque para a influência dos mesmos sobre as
interações sociais, familiares, afetivas e profissionais online e offline.
Melro (2013) destaca que as alterações geradas pelas TICs incidem em níveis
societais macro (e.g. e-governo) e micro, como nas distinções observadas nas relações
intra e intergeracionais (MANNHEIM, 1990; MEAD, 1970; OLIVEIRA, 1998) e nas
hierarquias de gênero, que repercutem na produção, design e usos (COCKBURN, 1997;
FAULKNER, 2001; WAJCMAN, 2009). O que é objeto de estudo do Projeto de Pesquisa:
Os usos das TICs sob uma perspectiva de gênero e geração (PINTO & FIÚZA, 2018),
financiado pelo CNPq6 e FAPEMIG7.
Desde 2016, a PNAD Contínua8 faz o levantamento de dados sobre o acesso à
internet e a posse de aparelho celular, sendo que em 2017, foi confirmada a tendência de
rápido crescimento da utilização da internet nos domicílios brasileiros, especialmente na
área rural (IBGE, 2018). Ainda, segundo a PNAD Contínua de 2017, considerando os tipos

6
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
7
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG.
8
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua.

2
de equipamentos e de conexão utilizados para acesso à internet, se destaca o aumento do
uso do aparelho celular (97%) e da banda larga móvel (78,5%).
Embora a pesquisa TIC Domicílios9, realizada pelo CGI.br10, também registre o
crescimento do número de domicílios com acesso à Internet no país, alcançando os 42
milhões (61%) em 2017, ela ressalva que “permanecem as desigualdades socioeconômicas
e regionais que caracterizam esse acesso, com proporções maiores de domicílios não
conectados nas regiões Norte e Nordeste, na área rural e entre os domicílios de classes e
rendas mais baixas” (CGI.BR, 2018, p. 111). Sendo que o acesso à internet exclusivamente
pelo celular e com conexão móvel ocorre em domicílios mais pobres, sem computador e
situados em locais com infraestrutura de acesso às TICs limitada. Dentre as atividades
realizadas predominam a comunicação através de serviços de mensagens (90%) e de redes
sociais (77%), bem como usos culturais (e.g. assistir a vídeos e ouvir músicas) realizados
por 71% dos usuários.
Nesse sentido, Simões (2011), destaca a importância de se considerar a ausência de
neutralidade no acesso às TIC, sendo relevante a análise sobre os modos, as finalidades, as
condições e os resultados do mesmo. Simões (2000; 2005) e Simões, Las Heras e Augusto
(2011) defendem a adoção da perspectiva que considera o condicionamento recíproco
entre estrutura e ação, que não reconhece determinismos, nem relações unidirecionais ou
monocausais entre tecnologia e sociedade.
Ao encarar a tecnologia como um processo social, Simões (2005) aponta que sobre
sua criação, desenvolvimento e usos influem grupos de interesse e outros fatores sociais,
como as tendências presentes nas sociedades capitalistas industriais (como a posição
subalterna das mulheres, os valores, as desigualdades culturais, de classe e de poder), que
podem inclusive ser ampliadas pelas TICs. Assim, o contexto sociocultural, político,
institucional e técnico traz diferenciações, inclusive, ao design, à criação e à utilização,
bem como aos tipos de constrangimentos e oportunidades geradas a partir das tecnologias
(SIMÕES, 2000; 2005).
Partindo desta perspectiva, nos meses de fevereiro e março de 2019, foi realizada
busca no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES e, de forma complementar, na
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações do Ibict, por trabalhos produzidos,
entre 2000 e 2018, em cursos acadêmicos, vinculados a quatro grandes áreas do

9
Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros – TIC
Domicílios.
10
Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br, realiza a pesquisa TIC – Domicílios desde 2005.

3
conhecimento, a saber: Ciências Agrárias, Ciências da Saúde, Ciências Humanas e
Ciências Sociais Aplicadas, visando localizar os que investigaram a influência das TICs
sobre formas de sociabilidade em diferentes contextos.
Após a leitura dos títulos e resumos dos trabalhos acadêmicos, bem como pesquisa
pelos respectivos arquivos, restaram 207 teses e dissertações, devido à exclusão dos
resultados daquelas cujos arquivos não foram localizados, bem como daquelas que não
apresentaram como temática central discussões sobre a influência dos usos e apropriações
das TICs sobre interações sociais11.
Os resumos das teses e dissertações localizadas foram organizados em um corpus
submetido à análise textual no software Iramuteq, constituído por 207 textos, separados em
1.493 segmentos de texto, com aproveitamento de 1.402 STs (93,90%). A análise textual e
a leitura de parte dos trabalhos levaram à identificação das temáticas e metodologias
abordadas. Após a análise, conclui-se que os dados levantados, ao evidenciar o estado da
arte sobre a temática, podem servir de subsídio para pesquisas futuras, revelando os
principais autores referenciados, assuntos, enfoques, objetivos, caminhos metodológicos e
aspectos que merecem aprofundamento.

Referências bibliográficas.

CASTELLS, M. (2005). A Sociedade em Rede. 8. ed., v. 1. Tradução de Roneide


Venâncio Majer. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

COCKBURN, C. (1997) Domestic technologies: Cinderella and the engineers, Women’s


Studies International Forum, 20 (3): 361-371. 1997. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0277539597000204/pdf?md5=88c9f6
22afa9585efee201fbaaa0aa9d&pid=1-s2.0-S0277539597000204-main.pdf>. Acesso em:
14 de março de 2019.

COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL – CGI.BR (2018). Pesquisa sobre o


uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros: TIC
domicílios 2017. Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR - São Paulo: Comitê
Gestor da Internet no Brasil – CGI.br, 2018. ISBN 978-85-5559-068-9. Disponível em:
<https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic_dom_2017_livro_eletronico.pdf>. Acesso
em: 14 de março de 2019.

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR –


CAPES (2019). Catálogo de Teses e Dissertações. Dados das Teses e Dissertações da
Pós-Graduação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.

11
Os termos de busca utilizados na pesquisa e os números de trabalhos localizados, antes e após a análise,
foram descritos na tabela 1, em anexo.

4
Disponível em: <https://catalogodeteses.capes.gov.br/catalogo-teses/#!/>. Acesso em:
fevereiro/março de 2019.

FAULKNER, Wendy (2001) “The technology question in feminism: a view from feminist
technology studies”, Women’s Studies International Forum, 24, 1: 79-95. Disponível
em: <http://classes.matthewjbrown.net/teaching-files/gender/faulkner.pdf>. Acesso em: 14
de março de 2019.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE (2018).


Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua.
Tecnologia da Comunicação e Informação (TIC) - Acesso à Internet e à televisão e posse
de telefone móvel celular para uso pessoal, 2017. ISBN 978-85-240-4481-6. Disponível
em:
<https://servicodados.ibge.gov.br/Download/Download.ashx?http=1&u=biblioteca.ibge.go
v.br/visualizacao/livros/liv101631_informativo.pdf> . Acesso em: 14 de março de 2019.

INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA –


IBICT (2019). Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Instituto Brasileiro
de Informação em Ciência e Tecnologia – Ibict. Disponível em:
<http://bdtd.ibict.br/vufind/>. Acesso em: fevereiro/março de 2019.

KAUFMAN-SCARBOROUGH, C. (2006). “Time use and the impact of technology:


Examining workspaces in the home, Time & Society, 15 (1), p. 57-80. Disponível em: <
https://www.interruptions.net/literature/Kaufman-Scarborough-TimeSociety06.pdf>.
Acesso em: 14 de março de 2019.

MANNHEIM, K. (1990) O Problema das Gerações. In.: K. Mannheim (Ed.), Sociologia


do Conhecimento (Vol. II, pp. 115-176). Porto: Rés. (1990 [1952]).

MEAD, M. (1970) Conflito de Gerações (Vol. 11). Lisboa: Publicações Dom Quixote,
1970.

OLIVEIRA, P. de S. (1998) Cultura e Co-Educação de Gerações. Psicol. USP, São Paulo


, v. 9, n. 2, p. 261-295, 1998 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
65641998000200011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 14 de março 2019.

PINTO, N. M. de A.; A. L. de C. FIÚZA (2018) Os usos das TICs sob uma perspectiva
de gênero e geração. Proposta de projeto de pesquisa, Edital CNPq Nº MCTI/CNPQ Nº
01/2016 – Universal, Viçosa, Minas Gerais, fevereiro de 2018.

SIMÕES, M. J. (2000). Os equívocos do determinismo tecnológico e do determinismo


social. III Congresso Português de Sociologia - Práticas e Processos da Mudança Social,
Lisboa, APS. Disponível em:< https://aps.pt/wp-
content/uploads/2017/08/DPR492eb77f5ccf5_1.pdf >. Acesso em: 14 de março de 2019.

SIMÕES, M. J. (2005). Política e Tecnologia. Tecnologias da Informação e da


Comunicação e participação política em Portugal, Oeiras, Celta.

5
SIMÕES, M. J.; LAS HERAS, S.; AUGUSTO, A. (2011). Género e tecnologias da
informação e da comunicação no espaço doméstico: não chega ter, é preciso saber, querer e
poder usar. Configurações [Online], 8, p. 155-172. Disponível
em:<http://configuracoes.revues.org/831>. Acesso em: 14 de março de 2019.

WAJCMAN, J. (2009), “Reflections on gender and technology studies: In what state is


the art?, Social Studies of Science, 30 (3), 447-64. Disponível em:
<https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/030631200030003005>. Acesso em: 14 de
março 2019.

Anexo

Tabela 1 – Distribuição dos registros de Teses e Dissertações brasileiras, publicadas entre 2000 e 2018, com
temas relacionados às TICs, Celular/Smartphone e Internet, disponíveis nas bases de dados do Catálogo de
Teses e Dissertações/CAPES e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações/Ibict, por data da
pesquisa, grupo temático, termos de busca utilizados, antes e após análise da pertinência ao objetivo desta
revisão bibliográfica.
Nº./Grupo %
Data da Grupo Nº./Termo
Termos de busca utilizados Nº./Grupo após
pesquisa Temático de busca
análise
14/02/2019 Grupo 1 “TICs” (Catálogo CAPES) 710 710 99 48
14/02/2019 “Aparelho Celular”; “Smartphone” (Catálogo CAPES) 190
Grupo 2 “Telefonia Móvel” (Catálogo CAPES) 141 358 57 27
11/03/2019
“Uso de Celular” (Catálogo CAPES) 27
“Acesso à Internet” (Catálogo CAPES) 313
“Uso de Internet” (Catálogo CAPES) 23
11/03/2019 “Consumo de Internet” (Catálogo CAPES) 4
Grupo 3 362 51 25
“Sociabilidade na Internet”- 3 (Catálogo CAPES) e 8
11
(BDTD)
“Sociabilidade Online” (Catálogo CAPES) 11
Total 1430 207 100
Fonte: Elaboração própria a partir de pesquisa realizada no Catálogo de Teses e Dissertações/CAPES
(BRASIL, 2019a) e na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações/Ibict (BRASIL, 2019b).

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