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Imagem do leite gaúcho é afetada por escândalos de adulteração da bebida com produtos químicos
Foto: Jefferson Botega / Agencia RBS
Dono da segunda maior produção de leite do país, o Estado que ambiciona ser
referência em qualidade do alimento esbarra em sucessivas fraudes, com efeitos diretos
sobre a imagem do produto no país. O contraste entre os esforços para fortalecer o setor
e o impacto da adulteração da bebida é uma equação a ser resolvida para garantir a
soberania no mercado brasileiro.
A descoberta de mais um grupo que adicionava formol para maquiar más condições de
conservação do produto reforçou a desconfiança sobre o leite gaúcho — dentro e fora
do Rio Grande do Sul. Na quarta etapa da Operação Leite Compen$ado, realizada no
final da semana passada, a informação de que cerca de 300 mil litros com problemas
teriam sido enviados para São Paulo e Paraná estendeu o receio do consumo para outros
Estados. Na quarta-feira, surgiu a suspeita de que o produto também tenha sido vendido
no Rio Grande do Sul.
— Todos os elos são afetados negativamente, até quem não tem nada a ver com a
fraude. A desconfiança, inevitavelmente, faz com que consumidores substituam o leite
por alimentos alternativos — avalia Marcos Veiga dos Santos, professor da Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
— Grande parte das indústrias não tem controle sobre a origem do leite. E o problema
não está em terceirizar o transporte, mas em não fiscalizar o serviço — diz Santos,
acrescentando que o atravessador tem menor relevância em outros Estados.
— Nos momentos de crise, é preciso ação imediata para informar o que está ocorrendo.
O sindicato das indústrias deveria mostrar que providências estão sendo adotadas —
aponta Maria Flávia Tavares, coordenadora do núcleo de agronegócio da ESPM-Sul.
— Nos Estados Unidos, é comum campanhas para promover o leite, subsidiadas por
fundos do governo.
Leia mais:
Cooperativas monitoram transporte do leite e mantêm marcas distantes de fraudes
Recém-criado, o Instituto Gaúcho do Leite (IGL) fará a gestão dos recursos do Fundo
de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite (Fundoleite) e irá definir as ações do
Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite (Prodeleite).
— Não poderia haver momento mais oportuno para a criação do instituto. Produzimos
um dos melhores leites do país e fatos isolados não podem prejudicar a maioria, que faz
um trabalho sério. Temos uma longa missão pela frente — reconhece o presidente do
IGL, Gilberto Piccinini, executivo da Dália Alimentos, marca da Cosuel.
Com uma produção diária de 10 milhões de litros, o Estado pretende dobrar o volume
em 10 anos. Para tanto, deverá investir em sanidade animal, melhoria da produtividade,
nutrição, gestão das propriedades e comercialização dos produtos lácteos.
Tripla ambição