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FACULDADE ASSEMBLEIANA DO BRASIL – FASSEB

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA


SISTEMÁTICA

ESBOÇO DE UMA CRISTOLOGIA COMPARADA: O Cristo de


Karl Barth

FÁBIO DE SOUSA NETO

GOIÂNIA

Novembro/2018
FÁBIO DE SOUSA NETO

ESBOÇO DE UMA CRISTOLOGIA COMPARADA: O Cristo de


Karl Barth

Artigo apresentado junto à disciplina; A


Doutrina de Cristo e sua Construção Histórica
sob a regência dos Professores: Eurípedes
Pereira de Brito e Reginaldo Cruz Ferreira,
como requisito para composição parcial de
nota.

GOIÂNIA

Novembro/2018
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ESBOÇO DE UMA CRISTOLOGIA COMPARADA: O Cristo de


Karl Barth

Fábio de Sousa Neto*

RESUMO

Propomos nas linhas que se seguem, um esboço sobre algumas possibilidades em ler
Karl Barth, sobretudo, sua cristologia sumariamente apresentada numa perspectiva
comparada, à luz de sua temporalidade, das aproximações com a dogmática e com
alguns paradigmas do conhecimento, levando em consideração sua imersão em seu
tempo. Nosso problema gira em torno de uma suposta tensão entre os insights das
Escrituras e os saberes historicamente estruturados e aplicados à interpretação da
mensagem das Escrituras ou ao próprio status que a Bíblia gozava sob os auspícios da
teologia liberal. Isso nos levou a concluir que muito embora Barth tente romper com
uma tradição desde Schleiermacher, pesa sobre ele os mesmos pressupostos
defendidos pelos liberais, inclusive, incidindo sobre sua cristologia.

Palavras-chave: Karl Barth, Cristologia, Dogmática, Escrituras.

ABSTRACT

We propose in the following lines an outline of some possibilities in reading Karl Barth,
especially his Christology summarily presented in a comparative perspective, in the
light of his temporality, of the approximations with dogmatic and with some paradigms
of knowledge, taking into account his immersion in its time. Our problem revolves
around a supposed tension between the insights of Scripture and the historically
structured and applied knowledge of the interpretation of the Scripture message or the
very status the Bible enjoyed under the auspices of liberal theology. This led us to
conclude that although Barth tries to break with a tradition since Schleiermacher, he
weighs the same assumptions advocated by the liberals, including, focusing on his
christology.

Keywords: Karl Barth, Christology, Dogmatic, Scriptures.

*
Graduado em História pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC- Goiás. Pós-graduando em
Teologia Sistemática pela Faculdade Assembleiana do Brasil – FASSEB. fabiosousaneto@gmail.com
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1. INTRODUÇÃO

Nossa intenção aqui, seria esboçar algumas reflexões sobre alguns aspectos da
cristologia barthiana em perspectiva comparada à cristologia dogmática. Essas linhas
expressamente introdutórias devem seus limites à extensão dos trabalhos de Barth, a
longa tradição da produção teológica cristã, e nossas apropriações dessas leituras. Dessa
forma, demarcaremos apenas tangencialmente os pontos cristológicos fundamentais nas
perspectivas, bíblica e dogmática – portanto histórica. Neste caso, assumimos alguns
pressupostos importantes com o desvelo de não abandonar as convenções acadêmicas,
trata-se de um ponto de partida muito caro ao cristianismo, sobretudo à concepção
protestante e reformada das Escrituras, a Bíblia como revelação divina objetiva e
propositiva. Isso não significa que ignoramos os efeitos da interação entre os insights
presentes nas Escrituras e os saberes processados historicamente, a que reconhecemos
como episteme e ao fazê-lo, admitimos o peso das tradições filosóficas sobre o
cristianismo. A isso, alguns já o fizeram em termos dialéticos enquanto Weltanschauung
– concepção ou visão de mundo.
Nosso problema gira em torno exatamente dessa suposta tensão entre os insights
das Escrituras e os saberes historicamente estruturados e aplicados à interpretação da
mensagem das Escrituras. Com certeza, tal problema não se apresenta como uma
novidade, já que de certa forma, esteve presente nos encontros que grassavam entre os
cristãos com outras culturas desde o primeiro século de nossa era. O próprio registro
bíblico nos dá conta desses efeitos, tendo em vista o ambiente cultural em que viveram
os primeiros cristãos e a temporalidade da escrita do Novo Testamento. Talvez, a
passagem mais emblemática – inclusive em nossas apropriações de Barth – seja o
episódio narrado no livro canônico de Atos dos Apóstolos, no memorável encontro entre
Paulo e os Atenienses cujo discurso revela o teor desses encontros com diferentes saberes
e culturas. Aqui, vale uma ligeira observação bíblica;

Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um


altar em que estava escrito: ao deus desconhecido. Esse pois, que vós
honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.
[...] Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também
alguns dos vossos poetas disseram: pois somos também sua geração
(BÍBLIA, Atos dos Apóstolos, 17. 23,28).
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Ora, esse registro torna-se especialmente importante por duas razões, primeiro, por
assinalar as possibilidades interativas entre os insights bíblicos com os saberes produzidos
por outras culturas – a que devemos perguntar se porventura o próprio Deus não dirigira
tal processo no afã de registrar sua mensagem, nos termos da própria inspiração das
Escrituras? – Afinal, não podemos ignorar o ambiente sócio-histórico em que os homens
e mulheres da Bíblia viveram, interagiram entre seus pares e com o estrangeiro, o próprio
trânsito cultural no corredor sírio-palestino, principalmente as contingências históricas do
período inter-bíblico evoca tal fenômeno. A segunda, razão da importância do registro
acima, é que nos serve para aludir à produção teológica de Karl Barth, principalmente
suas respostas à teologia especulativa de seus pares alemães desde Schleiermacher,
sobretudo, ao aprisionamento de Deus à experiência, portanto à subjetividade humana,
um claro exemplo dos usos de uma cosmovisão naturalista e humanista em detrimento da
revelação.
Nessa esteira, inevitavelmente o status das Escrituras também fora
progressivamente diluído na experiência antropocêntrica, daí a negação de toda revelação
objetiva de Deus. Contudo, ao reagir a contrapelo, Barth também se inscreve como
homem de seu tempo, sobretudo, sob o peso das mesmas tradições e saberes. Não seria
assim conduzida suas reflexões quando fala sobre Deus como “totalmente outro”? Logo,
sua teologia dialética reverberaria a filosofia de Kant, ao afirmar o aspecto transcendental
de Deus como resposta aos desafios que seu tempo impôs à teologia cristã. Até aqui,
nossas concisas reflexões se circunscreveram ao status das Escrituras na relação com os
saberes historicamente produzidos. Claro, isso nos leva à outro ponto que é axiomático
em nossa proposta inicial, a cristologia. O Cristo de Karl Barth parece ser o âmago de sua
resposta à aridez da teologia liberal destituída da revelação objetiva e proposicional.
Sobre isso escreve;

A Sagrada Escritura é o documento de base que tange ao mais íntimo


da vida da Igreja, o documento da Epifania da Palavra de Deus na
pessoa de Jesus Cristo. Fora desse documento, nós não temos nada e,
onde a Igreja está viva, ela deve sempre de novo se deixar julgar a si
própria segundo esse critério. Não se pode tratar de dogmática sem que
esse critério permaneça presente e deve-se, sem cessar, voltar à questão
do testemunho (BARTH, 2006, p. 12).

Ao mesmo tempo em que enfatiza a transcendência de Deus como o “totalmente


outro” cuja racionalidade moderna é incapaz de abarcar, sua cristologia sugere uma
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atenuação positiva, pois mesmo sendo outro, Deus em Cristo se torna um nós, e isso seria
um milagre comprovadamente histórico, o verbo de Deus encarnado, pois, Cristo ergue-
se como resposta ao desespero existencial, o Deus desconhecido, o Deus absconditus se
dá a conhecer na história em Jesus Cristo, logo, o Cristo da história parece ser o mesmo
Cristo da fé, da dogmática, sobretudo na proclamação do evangelho. Jesus Cristo seria o
ponto de confluência entre o aspecto transcendente e o imanente em Deus, sendo assim;

A relação entre nós e Deus, entre o nosso mundo e o mundo de Deus,


entre os dois planos que se interceptam, não é evidente por si só, porém
se revela no ponto de destaque da linha de interseção: Jesus! [É Jesus
que torna visível a relação entre nós e Deus; é apenas em Jesus que esse
relacionamento pode ser visto]. É o Jesus de Nazaré; o Jesus “histórico”
que nasceu da linha-gem de Davi, segundo a carne, e que, em sua função
histórica, significa o ponto de divisão [o ponto de tangência] entre um
mundo nosso conhecido e outro, nosso desconhecido (sic) (BARTH,
Karl. 2008, p. 29).

Aqui não restam dúvidas quanto a aproximação da cristologia de Barth com a


ortodoxia bíblica. Por outro lado, Ferreira (2003) – embora reconheça a importância de
Barth e sua auto identificação reformada – entende que sua teologia apresenta alguns
limites e distâncias da ortodoxia reformada, inclusive acusando-o de formular uma
soteriologia universalista, beirando inclusive o docetismo e o nestorianismo, claro que
Ferreira tece suas críticas ventilando a doutrina da eleição na concepção barthiana, onde
o nestorianismo se verificaria “na medida em que a humanidade de Cristo nunca é
identificada com sua divindade, mas é concebida apenas como analogia dela”
( FERREIRA, 2003, p.21). A encarnação de Cristo também seria vista sob outro ângulo
pois, inverteria os significados tradicionalmente atribuídos, principalmente na kenosis
onde a humilhação de Cristo diz respeito à sua humanidade, à condição humana de servo,
seus sofrimentos e morte de cruz. Neste ponto, parece não haver grande tensão, mas,
apenas uma outra perspectiva sobre a encarnação pois,

Em Jesus, Deus desce até a criatura, enquanto que esta é elevada para
dentro da bem-aventurança e unidade da vida em Jesus. Mas Barth
inverte a posição tradicional. A humilhação é associada com a natureza
divina de Cristo, a exaltação com a natureza humana (FERREIRA,
2003, p. 19).

Sendo assim, entendemos que, se houver alguma distância razoável entre a


cristologia de Barth e a doutrina ortodoxa de Cristo, isso se daria no plano da revelação
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de Cristo nas Escrituras, e por essa razão iniciamos essas reflexões exatamente abordando
o plano das Escrituras no processo mesmo de sua formação levando em consideração os
elementos históricos, culturais e filosóficos como pano de fundo constitutivo de sua
narrativa e posterior interpretação. Com isso, não queremos afirmar à guisa da alta crítica
ou da teologia liberal que a Bíblia seria um construto humano destituído de revelação, ou
negamos a inspiração plenária e verbal da mesma, pelo contrário, sugerimos na forma de
uma pergunta retórica que a revelação especial de Deus nos fora entregue dentro de
contextos culturais e históricos, e que no processo mesmo de formação do cânone isso
deve ser levado em consideração. O exemplo talvez mais categórico dessa assertiva, fora
os encontros e interações culturais do oriente próximo com o mundo helênico, primeiro
com os gregos, depois, com seus herdeiros, os romanos. Certamente, isso nos leva
diretamente ao processo de tradução do Antigo Testamento e construção do Novo
Testamento, bem como ao período subsequente no desenvolvimento e consolidação da
Cristologia na patrística, nos pais capadócios e latinos. Nesse sentido, convém observar
o que diz MacGrath (2005);

Muitos estudiosos notam uma marcante diferença de identidade


teológica entre os teólogos orientais e ocidentais: os primeiros
normalmente apresentam inclinações filosóficas e são dados à
especulação teológica, ao passo que os últimos são normalmente
contrários à interferência da filosofia na teologia pois consideram esta
como a investigação das doutrinas postas nas Escrituras. Esse aspecto
fica evidente na célebre pergunta retórica do teólogo ocidental
Tertuliano (c. 160 – c. 225): “Qual a relação entre Atenas e Jerusalém?
Ou, entre a academia e a Igreja”? (MACGRATH, 2005, p.44).

Nosso professor de Oxford continua discorrendo sobre o tema, apresentando a


importância de Justino Mártir como exemplo de uma precoce tentativa em aproximar o
evangelho e a filosofia grega, uma tendência entre os orientais que passa por Orígenes,
ganhando corpo no ocidente no século IV d.C. com Agostinho, cuja envergadura
intelectual e piedade auxilia a prática da apropriação crítica da cultura clássica como algo
paradigmático na igreja cristã. A síntese do pensamento agostiniano sobre o assunto pode
ser feita sob a seguinte leitura de MacGrath;

Para agostinho, a situação era comprável à fuga de Israel do cativeiro


no Egito, à época do êxodo. Embora tenham deixado para trás os ídolos
do Egito para que pudessem fazer um uso melhor e mais apropriado
dessas riquezas, que assim estavam disponíveis para servir a um
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propósito mais nobre que o anterior. De forma bastante semelhante, a


filosofia e a cultura do mundo antigo poderiam ser apropriadas pelos
cristãos, naquilo em que fossem corretas e, assim, poderiam servir a
causa da fé cristã (MACGRATH, 2005, p. 52-53).

Antes, porém, a tensão entre as leituras de Justino Mártir e a oposição de Tertuliano


se justificaria sobretudo na esfera da marginalidade do cristianismo nos primeiros tempos,
cujas reflexões teológicas versavam sobre respostas apologéticas pontuais, pois o
ambiente em que viviam, sob renhida perseguição, tolhia a liberdade do pensamento
teológico mais produtivo. A virada teológica só foi possível a partir do édito de Milão e
a conversão de Constantino, agora sim, haveria plena liberdade, espaço e certo mecenato
de Estado na produção do pensamento teológico. Agostinho seria o corolário de tudo isso.

Como visto, a problemática da apropriação cultural não seria uma questão recente,
marcada pelas ingerências de novos paradigmas hermenêuticos, muito embora, haja
distinções e especificidades a serem consideradas. A questão fundamental aqui, seria a
associação do Cristo de Barth com as Escrituras, a condição ontológica de Cristo, sua
recepção por parte das primeiras comunidades cristãs, e as formulações dogmáticas sobre
a pessoa de Cristo até Calcedônia em 451 d.C. Nesse sentido, a arquitetura cristológica
de Barth talvez fosse menos gregária dos paradigmas filosóficos recentes do que de uma
releitura de antigas concepções controversas sobre o Ser de Deus, a isso se somam sua
teologia da Palavra e a ideia do “reconhecimento da revelação”, da revelação de Deus em
Cristo, o que poderia “sugerir que Barth é uma espécie de modalista que trata os distintos
momentos da revelação como distintos modos de ser do mesmo Deus” (MACGRATH,
2005, p. 390).

Ao formatar esse esboço, percebemos as dificuldades de se ler Barth, lembrando


que uma leitura por apropriação deve levar em consideração as intertextualidades, os
níveis de leitura do interprete o que lhe permite uma aproximação com a obra interpretada
– o autor. Outro fator importante, e que já foi ventilado aqui – que certamente seria válido
para Barth – é sua temporalidade, o peso das circunstâncias históricas sobre sua produção.
Como homem de seu tempo, estaria sob o peso dos paradigmas epistemológicos, e que
muito embora com ele a “teologia passou a ser o estudo não de filosofia ou experiência
religiosa, mas da Palavra de Deus” (FERREIRA, 2003, p. 3), suas reflexões são ao mesmo
tempo, resposta e resultado às ontologias modernas que inviabilizaram as Escrituras
enquanto revelação propositiva e objetiva da parte de Deus. Em certa medida, isso
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projetou um reflexo em sua cristologia, produzida sob estes mesmos termos, e seria dessa
forma que compreendemos a produção de Barth. Mas, por ora, essas linhas bastam na
indicação do caminho para algumas leituras produtivas de nosso teólogo, levando em
consideração a área de borramento em que ele se encontrava naqueles tempos, inclusive,
a experiência de duas grandes guerras mundiais e o horizonte nebuloso em que
despontava o Nacional Socialismo, mas isso já uma outra história.

BIBLIOGRAFIA

BARTH, Karl. Carta aos Romanos. 5ª edição. São Paulo: Fonte Editorial, 2008.
___________. Esboço de uma Dogmática. São Paulo: Fonte Editorial, 2006.
BÍBLIA. N. T. Atos dos Apóstolos. Português. In: A Bíblia Sagrada. Tradução de João
Ferreira de Almeida. São Paulo: Grupo Escripturae, 2013, Cap. 17, vers. 23,28.
FERREIRA, Franklin. Karl Barth: uma introdução à sua carreira e aos principais
temas de sua teologia. In; Fides Reformata, v. 8, n.1 (2003), p. 29-62. Disponível em:
https://pt.scribd.com/document/296743187/FERREIRA-Franklin-Karl-Barth-Uma-
Introducao-a-Sua-Carreira-e-Aos-Principais-Temas-de-Sua-Teologia. Consulta dia
10/11/18.
MACGRATH, Alister. Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução a
teologia cristã. São Paulo: Shedd Publicações, 2005.

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