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RESUMO
Estudo sobre a crise carcerária brasileira e as suas consequências para a sociedade. Objetiva
analisar a persistência do problema das prisões brasileiras, refletindo sobre ações ineficazes do
Estado, mudanças de perspectivas e maneiras eficazes de se amenizar substancialmente esse
problema para que se possa contribuir de forma eminente com o desenvolvimento harmônico
da nação. Pauta a pesquisa como descritiva, sob metodologia de análise bibliográfica e
documental. O referencial teórico foi baseado, sobretudo, na Legislação Brasileira, em que a
Constituição Federal foi a base principal, além de especialistas no assunto, como Varella (1999)
e Kleinas (2012). Conclui que se trata de um tema delicado, de discussão nacional e
internacional, que requer debate e investimento e sugere a organização de parcerias entre
governo e capital privado com vistas à organização das prisões. Destaca que o processo de
ressocialização deve contar com ajuda psicológica, para que seja eficiente e a mídia como um
todo deve realizar o seu papel denunciando as más condições das prisões e incentivando
medidas solucionadoras.
Palavras-chave: Crise Carcerária. Legislação. Ressocialização. Brasil.
ABSTRACT
Study on the Brazilian prison crisis and its consequences for society. It aims to analyze the
persistence of the problem of Brazilian prisons, reflecting ineffective state actions, changing
perspectives and effective ways to substantially alleviate this problem so that it can contribute
in an eminent way to the harmonious development of the nation. Guideline the research as
descriptive, under methodology of bibliographic and documentary analysis. The theoretical
reference was based, above all, on the Brazilian Legislation, in which the Federal Constitution
was the main base, besides specialists in the subject, like Varella (1999) and Kleinas (2012). It
concludes that this is a delicate topic, of national and international discussion, which requires
debate and investment and suggests the organization of partnerships between government and
private capital with a view to the organization of prisons. It emphasizes that the process of
resocialization must count on psychological help, so that it is efficient and the media as a whole
must fulfill its role denouncing the bad conditions of the prisons and encouraging solutions.
1 INTRODUÇÃO
Discutir a temática da Crise Carcerária é relevante devido à seriedade dessa
problemática para o desenvolvimento harmônico da sociedade, haja vista que prejudica
substancialmente a população como um todo, gerando a sensação de impotência do Estado,
insegurança jurídica, e colocando o país em uma difícil situação na comunidade internacional.
Mas, sobretudo, é uma temática que merece discussão para que se possa ter a consolidação real
das leis e para o aprimoramento do Estado Democrático de Direito.
Nessa linha de pensar, estabeleceu-se como problema de pesquisa: Por que o Brasil está
enfrentando constantemente a problemática da Crise Carcerária, apesar de toda a sua riqueza,
exemplos a serem seguidos e tão belas leis que protegem os cidadãos?
O escritor Lima Barreto, em mais uma discordância dos meios prisionais brasileiros,
tece uma crítica sobre os modos truculentos que foram usados nos primeiros anos republicanos
brasileiros. Desse modo, em seu livro “Triste Fim de Policarpo Quaresma” (sem data), há as
denúncias contra as atitudes do presidente Floriano Peixoto, que, para que se mantivesse no
poder, prendia seus opositores em masmorras escuras, insalubres e sem os mínimos de direitos
necessários, além das penas de mortes impostas apenas por seu contrário ao presidente.
Desse modo, infere-se que a Crise Carcerária brasileira não é um problema atual, mas
que vem se formando desde a constituição da República, com sucessivas épocas de maus-tratos
contra os presidiários, ferindo a sociedade e prejudicando o desenvolvimento saudável do país.
Durante a história, houve uma ascensão do caráter punitivo, uma vez que de modo
gradativo mais leis foram sendo elaboradas em matérias penal e processual penal. No ano de
1980, 28 leis do tipo foram aprovadas pelo congresso nacional, enquanto que 83 em 1990,
segundo dados da pesquisa “Descarcerização e Sistema Penal” - CNJ Acadêmico (2012-2015),
um grande salto. Explica-se este “salto” levando-se em consideração os processos de
redemocratização, bem como os fins de defesa dos princípios e garantias asseguradas pela
Constituição Federal de 1988. Entretanto, tal aumento era para, de fato, elevar a segurança do
que estava prescrito pela mais nova constituição ou para reafirmar a política de
encarceramento?
Diante dessa perspectiva, legisladores muitas vezes cedem espaço para o senso
comum em ocasiões em que deveriam prevalecer a técnica. Costumam tomar atitudes baseados
em discursos punitivos, vinculados pela mídia, para satisfazer o que acha melhor a maior parte
da população, inclusive os seus eleitores. Nesse sentido, o que incentivou a elaboração da
pesquisa “O estudo do impacto legislativo como estratégia de enfrentamento a discursos
punitivos na execução penal” por Carolina Costa, foi uma oportunidade em que teve a
experiência profissional de estar na Casa Civil da Presidência da República, em 2011, para
discutir alguns pontos do Projeto de Lei da Câmara dos Deputados nº 4.208/2001, convertido
na Lei nº 12.403/2011. Assim, propôs disposições baseadas em dados e pesquisas, que teriam
suma importância na diminuição do encarceramento em massa e das prisões preventivas.
Entretanto, foi dito a ela que suas medidas não seriam aprovadas, pois seria mais fácil a
utilização de um argumento episódico do que dados para o convencimento da maioria dos
parlamentares. Obteve-se, a partir disso, que propostas baseadas em dados concretos não tinham
o devido valor para legisladores, mas medidas assentadas no que se propaga pelo senso comum,
sim.
Essa transgressão aos direitos é percebida com a superlotação, violência sexual, maus
tratos e outras situações desumanas vividas nos presídios brasileiros. Nesse sentido, ao negar o
princípio da dignidade da pessoa humana, o modelo democrático, constitucional e humano não
é efetivado, o que causa intempéries no ordenamento jurídico brasileiro.
Além disso, ambos os países possuem uma política liberal quanto a reclusão social do
detento. Com a filosofia de que a rotina na prisão deve ser a mais normal possível, os detentos
possuem certa liberdade. As prisões contam com oficinas de música, áreas verdes, bibliotecas,
quadras poliesportivas e cozinhas. Os detentos são liberados para transitar livremente por esses
espaços, adotando assim a ideia de rotina e trazendo semelhança com a vida fora da prisão.
Desta forma, a pena do mesmo é de certa forma personalizada e procura abordar as causas que
o levaram a praticar o crime. O objetivo disso é a ressocialização do indivíduo, para que ele
volte para a sociedade “recuperado”, uma vez que na maioria dos casos este voltará em curto
tempo para a sociedade. Esta filosofia se mostra eficiente, uma vez que a taxa de reincidência
é cerca de 20%, sendo uma das menores do mundo. No caso da Holanda, é ainda maior, pois
esta fechou ou designou as prisões para outros fins, pois elas se encontravam vazias. Logo, o
indivíduo não pratica novos crimes e volta a sociedade reabilitado para a convivência social.
Esse são exemplos a serem seguidos pelo Brasil, uma vez que se mostram eficientes
ao diminuir as penas, julgam os cidadãos condenados rapidamente, diminuem o número de
detentos e ao mesmo tempo pratica a filosofia de ressocialização a eles. Práticas essas que são
executáveis com certa facilidade para resolver os problemas do sistema prisional.
No Brasil, mas em apenas um presídio, já foi adotado esse sistema, visando um melhor
tratamento desse problema, que dificilmente poderia ser solucionado exclusivamente pelo
poder público. Esse único presídio localiza-se em Ribeirão das Neves (BH), não tendo nos seus
três primeiros anos qualquer registro de motim, rebelião ou mortes violentas, como ocorre
constantemente na maioria dos cárceres brasileiros (O Globo, 2017).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para o desenvolvimento da pesquisa, teve-se por problema: Por que o Brasil está
enfrentando constantemente a problemática da Crise Carcerária, apesar de toda a sua riqueza,
exemplos a serem seguidos e tão belas leis que protegem os cidadãos?
Constatou-se que a Crise Carcerária brasileira não é um problema atual, mas, sim, que
vem de muito tempo. É cabível dizer que não é característica apenas de governos totalitários,
fato comprovado pela atualidade do problema mesmo diante de governos democraticamente
eleitos. Os problemas encontrados ao longo da história fazem com que a tomada de medida na
atualidade se torne eminente, visando corrigir os erros atuais para que se possa fugir desse
passado obscuro que insiste em continuar na contemporaneidade brasileira.
Os Direitos Humanos possuem papel central nessa discussão. É preciso relatar, portanto,
que as condições degradantes na qual estão milhares de presos é inadmissível em um Estado
Democrático de Direito como o Brasil. Essa situação expõe a fragilidade da nação e torna
diminuta diante do contexto internacional, colocando-a numa posição desfavorável diante das
demais nações.
É imperativo postar que muitos países- com destaque aos europeus- já foram capazes de
superar essa crise, o que demonstra a possibilidade de que se supere essas intempéries, mesmo
que seja necessário pedir ajuda internacional.
REFERÊNCIAS
BARRETO, Lima. Triste Fim de Policarpo Quaresma. Brasília, DF: Ministério da Cultura,
[201-]. 104 p.
BERGAMASCHI, Mara. Com três anos, presídio privado em Minas Gerais não teve
rebeliões. In: O Globo, Rio de Janeiro, 2017. Disponível em:
< https://oglobo.globo.com/brasil/com-tres-anos-presidio-privado-em-minas-gerais-nao-teve-
rebelioes-20740890>. Acesso em 7 jun 2018.
SILVA, Gil Braga de Castro. A importância das penas alternativas. 2014. Disponível em:
<https://gilbragacastro.jusbrasil.com.br/artigos/148459128/a-importancia-das-penas-
alternativas>. Acesso em: 08 jun. 2018.
VARELLA, Dráuzio. Estação Carandiru. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. 297 p.