Sunteți pe pagina 1din 16

A Produção do Pensamento Ocidental em Nós

Terceiro Encontro

Texto extraído de gravação de palestra proferida por Luiz


Fuganti, em 15/04//99, na Role Playing Pesquisa e Aplicação
São Paulo. Texto não revisado e reprodução não autorizada pelo palestrante.

Eu vou voltar a situar a questão platônica de uma maneira talvez até um tanto mais clara do que a
exposição passada, para a questão que fica sempre escondida na questão platônica e na filosofia
ocidental que é a questão moral.
A questão moral é a base da racionalidade, a racionalidade dos extratos ocidentais que inventam
um simulacro de transcendência com o poder e submetem assim o desejo, o inconsciente, as
potências da vida e da natureza segundo esse simulacro de transcendência. Mas antes é
necessário distinguir aqui dois planos, um plano de organização e um plano de imanência a partir
dos quais pode-se inventar modos de vida radicalmente distintos, de naturezas completamente
diferentes. E a nossa crítica fundamental é o plano de organização que se traduz de várias formas
a nível político, a nível histórico, a nível científico, a nível moral, ... e que tem um caráter comum de
mediação de relações. O plano de transcendência ou de organização é aquele que se tem nas
relações, na relação do homem com o homem, do homem com a natureza, da natureza com a
própria natureza tentando classificar, ordenar, recortar, fixar, definir objetos e sujeitos, congelar
identidades para melhor dominar a natureza e a sociedade. Esse plano de organização, na última
exposição, esboçou rápidamente dois aspectos principais que ele apresenta que são chamadas
duas cabeças do estado, dois aspectos que o estado ocidental possui. A gente traduziu isso a nível
de regime de sígno e também a nível de lógica e de metafísica em Platão.
Voltando rapidamente a esse aspecto, dizíamos que o clone de organização, na medida em que
ele se identifica com o próprio estado ele tem dois aspectos fundamentais do ponto de vista do
poder ou da soberania. Um te revela a maneira como ele é instituido, estabelecido, imposto que é
o poder do momento de fundação que está ligado aos velhos, antigos ou primeiros estados
despóticos que a humanidade teve e esse estado despótico não cansa de se renovar, de estar no
meio de todas as relações de uma maneira sempre mais sutil e hoje esse estado despótico está
interiorizado em nós. Só para citar um exemplo rápido no plano do édipo por exemplo, do sujeito
edipiano ou neurótico, eles chamam simplesmente édipo. O mito do édipo representa uma
subjetividade desse aspecto da fundação violenta desse poder mágico religioso que é instituido de
uma forma violenta, em que se expressa através de um regime de sígnos que ele próprio criou, na
medida que els fixam um significante e esse significante é um filtro ou uma idéia fixa através da
qual todas as relações, os produtos, os sujeitos, os objetos, a ordem e a classificação dos
elementos de uma sociedade, da natureza são determinados. Então esse significante último funda
o que a gente chamou de regime mágico religioso e do ponto de vista do sígno é o paranóico
interpretativo ou seja, através de um significante último voce tem a classificação, a ordenação, a
fixação, o corte de todos os fluxos, as matérias, os objetos, os sujeitos, os devires de uma
sociedade.
O significante é um ponto de vista de uma imagem que se abre para uma vontade de alguém, no
caso um déspota, e é capaz de absorver todo tipo de interpretação. O significante é um clasificador
que filtra todo o tipo de significado, de sentido e valor de uma sociedade. Ele vai se alojar na
condição enunciativa de uma sociedade, ou seja, ele vai ser a condição de possibilidade e de
discurso de todo e qualquer enunciado de atravessar uma sociedade. Então todo enunciado, todo
sígno, símbolo ou idéias que atravessarem a sociedade vão ser filtrados por esse significante. E
vai ter uma assessoria para esse significante do déspota que são os sacerdotes interpretativos, o
sacerdote vai estar sendo interpretado à vontade do déspota.
Então voltando de uma maneira reduzida, pois isso vai se repetir de outra forma, a gente falou
desse aspecto mágico religioso que é típico de um poder violento de fundação com um déspota
com o seu bando que forma no interior de um palácio toda a maquinária, a parafernália necessária
para o exercício do seu poder ou daquele tipo de formação social que ele criou. E o outro aspecto
é exatamente o aspecto que deriva desse momento inicial de fundação inaugurada pelo poder
violento, que é o aspecto do funcionamento da ordem, uma vez estabelecido o poder tem uma
ordem que vai servir ou manter essa formação. Essa ordem tem um aspecto como fundamental, a
lei e como condição de funcionamento a paz. Então a lei e a paz vão ordenar e dar garantia de
funcionamento e manutenção do statuos quos estabelecido pelo poder violento mágico religioso.
Esta seria a segunda cabeça do estado, segundo aspecto que esse estado ou extrato ou que esse
plano de organização tem. E esse regime de signos inventados poe esse aspecto ou essa cabeça
do estado se chama passional revindicativo. Ele estabelece demandas, direitos e deveres a partir
de uam relação de forças já impostas. Então não se questiona a relação de força àquela formação
social, o que se questiona é o modo de funcionamento daquela imposição que está ali. Então a
ordem, a lei e a paz vai servir a esse estatuto de poder, a essa formação social.
A gente sinalizou que esses aspectos se repetiam na filosofia platônica e que o pensamento
ocidental fundado em Platão se baseava nesses dois aspectos transcendentes de poder. Ora, não
é Sócrates e Platão que nos ensinaram que a verdade é algo neutro, imparcial, metafísico? é algo
que está além desse mundo, além das parcialidades afetivas, além das paixões, além dos fluxos
de matéria, além da sensibilidade, além das imagens? Não é Platão o primeiro a vestir a camisa da
neutralidade, da verdade, e que a verdade enquanto verdade está fóra desse mundo, desse devir,
dessas imagens, dessa sensibilidade, disso que a gente encara?
Pois bem, o que a gente está falando aqui é que essa filosofia platônica que se quer
transcendente, que se quer fixa, que se quer absoluta, que se quer fora desse mundo, ela está
ancorada, ela é gerada a partir de uma posição de imanência e de impotência que necessita desse
tipo de valor, código, idéia, signo, de formação.
Então Platão está ancorado nesse plano social, histórico, natural, ou seja, ele é necessáriamente
fruto de um plano de imanência. Isto que a gente está fazendo é uma genealogia do saber e do
poder em Platão, assim como a gente vai tentar fazer esta genealogia em todos os outros
pensadores que a gente vai expor aqui, como Aristóteles em seguida. ... - ... - ... é
necessáriamente por que nós não temos nenhuma religião, nenhum mito, nenhuma moral, a gente
é despojado de toda parafernália ideológica, mítica, a gente se pretende nus na natureza, no plano
do pensamento, no plano da apreensão da natureza, da apreensão dos corpos, do funcionamrnto
do poder, então o essencial é partir de um ponto onde nós não precisamos de nenhum a priori, de
nenhuma crença, o nosso pensamento tem que dar conta de si e das outras coisas por si só, pela
própria potência de pensamento enquanto pensamento. Nós precisamos atingir o ser ontológico do
próprio pensamento. ...-...-...-...
Então o que que ocorre, no fundo, política tem um enunciado preciso ou da razão especulativa,
pressupõe a razão prática que é moral. A posição inicial da especulação que se diz neutra e
imparcial no fundo é uma posição moral. É impossível haver a especulação segundo a visão
idealista ocidental e mesmo inversamente, materialista que no fundo são duas metades de uma
mesma moeda, idealismo ou materialismo, se querem imparciais, neutras e fora de uma natureza
que seria o sacro à razão, ao pensamento. ...-...-...-... a dialética é um modo completamente
equivocado e derirante de pensar. É um falso movimento, ela mistifica o movimento, ela deturpa o
movimento, ela impede no fundo, o movimento real das coisas. Vamos seguir por que nós vamos
chegar nisso fatalmente. É o eterno retorno de uma diferença que vai estar sempre se
manifestando de uma maneira diferente, mas no fundo é a mesma energia que retorna,
qualitativamente. Nós vamos atingir isso quando falarmos dos filósofos da natureza. Esses
filósofos acreditam que é necessário uma segunda natureza, que é necessário atingir um sólo, um
fundamento que governe esta natureza, que essa natureza por si só é impotente, é fraca,
desordenada, delirante, flutuante, efêmera.
O Platão acredita que a eternidade ou a essência está num outro mundo, que esse mundo é
incapaz de revelar a essência e a verdade propriamente dita, por que? porque a verdade diz ele,
não muda, a eternidade é algo que não muda, a eternidade é uma idéia que permanece sempre
idêntica a si mesma. Se há algum movimento na eternidade é um movimento circular que inicia e
acaba no mesmo lugar. Então o Platão exclui da eternidade ou da essência ou da verdade, o que?
o devir. Ele separa o ser do devir. E o devir é aquilo que não é, é aquilo que ou era ou será, mas
não é. É aquilo que vem a ser, é aquilo que se torna, aquilo que se movimenta, aquilo que não
permanece, não se congela. Então isso não tem realidade para Platão, é uma visão no fundo de
um estado de impotência dele, estados de desejos, estado de alma, de corpo que interpreta a
realidade... e o Platão ele tem uma grande vantagem, um motivo essencial, que a gente já viu, que
é fazer a diferença. Platão acredita que o mundo se divide em mundo bom e mundo mau, que a
natureza é boa e má e que só a parte boa é que deve ser salva e a parte má deve ser excluida,
reprimida. E o Platão então vai inventar um método para fazer a diferença com critério que ele
acredita ser absoluto. Esse critério absoluto que distingue o verdadeiro do falso, a essência da
aparência, o inteligível do sensível, o modêlo da cópia, a idéia da imagem, esse critério vai ser
dado como método, o método da divisão. Então Platão quer fundamentalmente fazer a diferença
para selecionar, coordenar e classificar o real. Na realidade o real é secundário ou imaginário por
que Platão não acredita na realidade desse mundo e dessa natureza. Platão acredita que o real é
tudo aquilo que é imutável, que é idêntico a si mesmo, Platão é o grande fundador da identidade,
ele que nos ensinou o que é identidade e uma idéia correlata disso que é a semelhança. Esses
dois mecanismos essenciais que movem toda representação ocidental são uma invenção
platônica. Só que essa invenção é inteiramente ancorada numa postura moral que é isso que a
gente precisa revelar aqui, não é a neutralidade, a imparcialidade da verdade que está em jogo,
mas uma posição existencial de ver, sentir, agir e pensar, é um modo de vida reativo, negativo,
niilista, decadente que quer se impor enquanto modêlo para uma sociedade. Então ele quer
distinguir o puro do impuro, o joio do trigo, ele quer dizer para a sociedade, para os políticos que
conduzem a cidade, o estado ou a república que tais objetos, tais sujeitos, tais relações, tais
valores, são dignos de uma sociedade, de uma república controlitária e tais outros são simulacros
e que devem ser destituidos, eliminados desconjurados.
Platão é um discípulo de Sócrates e ele ressente na juventude dele e ao longo da vida dele a
injustiça segundo ele, que fizeram com Sócrates que foi denunciado como corruptor e Sócrates
denunciava os sofistas. Um parênteses... a Grécia no sec. VI ou IV foi o auge dessas formações
políticas, inaugura a formação social civilizatória, a cidade grega inventa a chamada democracia, a
igualdade no plano político entre os cidadões, só que para você atingir esse nível de cidadão que
determina os rumos do estado e da cidade, você precisa ter um determinado exercício ético ou
moral, a gente está investigando a ética e moral, é necessário antes de tudo ter o domínio de si, o
domínio de suas paixões, da sua sexualidade, da sua alimentação, do seu corpo, das suas forças
guerreiras, enfim de tudo que é material e apaixonado, ou seja todos os interêsses que estariam
vinculados diretamente com o seu corpo. Uma vez que se atinja esse domínio voce tem a patente
para criar um óicos que é a família. O óicos grego é uma formação institucional, familiar que vai
dominar a mulher, os filhos, os parentes e os clientes digamos assim. E uma vez tendo esse
domínio você é capaz de exercer o poder político na cidade. Então por isso que os sofistas são
indivíduos que ensinam a sabedoria ligada ao poder, a sabedoria política, como você usar a
palavra para seduzir, convencer, para dizer que a sua posição é a que leva mais longe, é a mais
benéfica da cidade. E eles tem práticas diversas nesse sentido e sofistas que ensinam a
simulação, ensinam estratégias astutas para atingir um discurso sedutor dizendo que a verdade
está com eles. E Sócrates é um moralista, ele acredita que os indivíduos estão ancorados nas
paixões e nas parcialidades, ele acredita que é impossível você ser um sujeito a serviço do bem,
da cidade, do bem geral se você não atinge a verdade das coisas e Sócrates é o primeiro mestre
da verdade no sentido de acreditar que a verdade estaria fóra da natureza, digo o primeiro mestre
que se diz filósofo por que existem os Xamãs, os sacerdotes anteriores que dirigem a verdade para
uma sabedoria religiosa que estaria fora desse mundo, e é uma prática de mestres da verdade na
época da Grécia arcaica e até a idade média grega que precedeu a cidade e os estados onde o
mestre da verdade é um poeta ou um profeta ou um sacerdote. O poeta viaja até o passado, os
acontecimentos passados, aí o exemplo é o Nero que se embriaga, que mergulha em passado, ele
é um louco apossado por uma deusa de Limusine e traz do passado as memórias dignas de serem
repetidas e tidas como exemplo ou modêlos sociais de educação.
Assim, o herói Ulisses, o herói Aquiles, Tc, são narrados e louvados na poesia popular. Assim
também os profetas que estão ligados ao Deus Apólo e tentam trazer a verdade do futuro para o
momento atual e antecipar os acontecimentos e se previnir diante da catástrofe e selecionar por
que pode ser interessante para esta sociedade. E também os sacerdotes que são ligados à
Dionísio que se inspiram nesse Deus são apossados de algum delírio e atingem o presente oculto
e trazem esses signos ocultos para que as doenças, as pestes, todas as desgraças sejam
esconjuradas e para que se atinja a melhor forma de viver no estado presente.
Então a sociedade convivia com estes mestres de verdade e, a cidade estado inventou uma
maneira de atingir a verdade através do debate público, através da dialética, do diálago.
Aqui não é o caso de ser contra ou a favor. Vamos desmontando a coisa e a gente já chega numa
posição crítica a respeito...-...
E a cidade inventou suas próprias instituições a partir de movimentos que foram emergindo na
medida que o estado despótico desapareceu. Então ela criou instituição jurídica, ela criou as mais
variadas instituições, eu insisto na jurídica por que o modêlo de verdade grega está baseada no
modêlo jurídico. Vários textos sobre isto existem para dizer que o modêlo de verdade foi buscado
na forma jurídica que foi a forma do inquérito. Isso é uma outra questão que nós não vamos narrar
hoje.
Eu quero dizer o seguinte, que na Grécia de Platão existia as formas arcáicas que ainda
retornavam de quando em quando mas sem nenhuma eficácia política e havia a prática nova que
era a dos mestres de verdade que disputavam o poder político que eram exatamente os políticos e
os sofistas. Os sofistas que ensinavam o discurso para se atingir a verdade e a sabedoria do
poder. Então havia nisso uma posição ética, digamos assim, que era um domínio de si, havia uma
prática moral e ética que ia em direção ao domínio de si para que no momento que o indivíduo
exercesse o seu poder político ele não fizesse triunfar interêsses particulares nos interêsses
públicos. Então aí já nasce a dicotomia entre o interêsse privado e interêsse público. Sócrates não
acredita na imparcialidade dessas práticas políticas e diz que a prática de fato tem que ser uma
prática moral de domínio se sí para atingir uma verdade que não está nesse mundo. E Sócrates
inventa em discursos efêmeros, breves, práticas dialéticas de encurralar sofistas, dizendo o
seguinte, ele se questiona sempre a verdade de alguma coisa e o sofista imediatamente desígna
ou aponta algum objeto ou alguma situação no mundo e o Sócrates irônicamente não dá resposta
e sempre denuncia que esses homens não passam de embusteiros que estão apontando um saber
na realidade não mais que designativo, eles designam um objeto na medida que eles querem
revelar uma sabedoria, e Sócrates diz que a saber está num elemento geral e universal. Sócrates
quer a universalidade, por que é através da universalidade é que vai se ter o critério de fazer com
que a cidade se espelhe no bem. Sócrates acredita no bem, tanto é que Sócrates morre em nome
do bem, ele caceita morrer em nome do bem. ...-...-... O sofista é um professor da sabedoria
política, ele faz filosofia política, esse é um têrmo moderno para designar uma atividade arcáica. ...-
...-... Para Sócrates e Platão os sofistas não atinge a qualidade de filósofo. Para nós não. Nós
vamos ver alguns ditos sofistas que ao nosso ver são filósofos.
Aqui é importante ver que haja uma crença social em que é necessário o indivíduo exercer o
domínio de si para ele atingir uma certa capacidade política e de sabedoria, isso já existe. E
Sócrates vai inventar o objeto universal que é o objeto geral, ele vai dizer qual é a verdadeira
cadeira, é esta, é aquela? não, é a cadeira, a cadeira universal, é uma cadeira que não existe no
mundo. No fundo isso não passa de um sígno linguístico, uma generalidade linguística. Sócrates
está acreditando simplesmente na neutralidade de um sígno linguístico.
Abandonando Sócrates e indo para Platão. Platão acredita que é necessário ser uma máquina
eficaz para realmente se fazer a diferença, por que o seu mestre Sócrates foi envenenado pelos
sofistas e pelos políticos dessa mesma cidade, que fizeram ele morrer em nome da lei, mas a lei é
produzida por embusteiros, por simuladores, por falsários. Sócrates acreditava piamente que a lei é
um representante do bem aqui na terra, a lei e a constituição. Então por mais que a lei seja injusta,
mesmo assim é melhor submeter a lei do que transgredí-la, então Sócrates aceita a sentença que
a cidade deu a ele. Ele tinha a oportunidade de fugir e não fugiu. O que ocorre é que há uma
estranha submissão de Sócrates a essa estória toda, há uma depressão a ordem e a sua própria
impotência, mais do que tudo a sua própria impotência, por que no fundo ele sentiu um gosto de
solução para a sua vida. Nietsche diz "não terá Sócrates merecido sua atitude? Mas enfim, Platão
nunca superou esse ressentimento e assume uma prática, monta uma máquina infernal de
perseguição aos sofistas, quer encurralar de todas as formas, quer expulsar os sofistas, os artistas,
os poetas, todos auqeles que vem introduzir uma perversão na conduta, no modo de organização
da sociedade constituida. Platão também acredita na existência do bem. A gente poderia fazer
várias exposições na medida em que se queira estabelecer a genealogia dessa crença no bem, as
invasões das correntes xamanistas e tal, mas não é o nosso objeto atual.
O que importa aqui é que Platão quer fazer a diferença, quer fazer a seleção e quer por nos cargos
aquele que merece estar nos cargos públicos, quer pôr o elemento certo no lugar certo, no tempo
certo, com a verdade adequada ao que ele acredita ser a verdade. Platão então inicia por exercer
a sua prática dialética que ele herda de Sócrates e diz assim, o método de divisão inicialmente vai
ter que chegar a definições, essas seriam a priori as diferenças, ele quer fazer a diferença, ele quer
classificar, ordenar, ele quer dar o valor devido a cada coisa, então ele começa a definir as coisas,
a partir daí, um método de divisão através de seu aspecto dialético ele começa a dividir gêneros
em série. Depois Aristóteles vai fazer uma crítica a seu mestre dizendo, Platão não deu conta da
divisão ou do método de especificação. É que Aristóteles não entendeu direito a motivação
platônica, e é isto que nós estamos aqui revelando. Platão queria dividir gêneros em espécies?
Não, no fundo Platão tinha outra intenção. Então ele começa a dividir... tem diversas obras de
Platão que tem diálogos, que tem o personagem Sócrates encurralando sofistas e chega-se a uma
definição, e os textos mais esclarecedores do método de divisão são os políticos e os sofistas.
No político ele tenta fazer a definição do verdadeiro político que para Platão vai ser um rei filósofo,
aquele que é capaz, é digno de conduzir o destino da cidade, da sociedade e do estado. Então ele
faz a dialética dele e vem dividindo gêneros em espécie até chegar a uma definição dialética. O
político é o pastor dos homens, é assim que Platão fêz. Assim ele fêz com o amor. Ele quer definir
o verdadeiro amor e o verdadeiro amante. E no sofista o Platão simplesmente utiliza do método
para encurralar os sofistas ele não quer chegar a nenhuma definição, ele quer definir antes o não
ser e não o ser político, o ser do amor, o ser ... ,ele quer definir o não ser. Então são os três textos
que ele revela a sua máquina de fazer diferença, de selecionar.
Então ao fazer essas narrativas dialéticas até chegar nessas definições, o Platão interrompe esse
discurso na medida em que um monte de sêres, de pretendentes querem assumir essa
qualificação. O político é o pastor dos homens, aí tem um médico que diz o pastor dos homens sou
eu, aí vem o sapateiro e diz, não , sou eu o pastor dos homens, e aí vai. Então qual é o critério que
vai ter para dizer quem é o verdadeiro pastor dos homens? Aí Platão introduz uma narrativa mítica
e ironicamente interrompe seu método de divisão, mas isso é apenas um aspecto irônico por que a
narrativa mítica não interrompe nada, ela prolonga, ela leva a cabo o método de divisão platônica.
O que eu estou fazendo aqui é dizendo o seguinte, a razão platônica está ancorada num mito.
Ocorre então que ele através da narrativa mítica, ele gera um fundamento, um critério de avaliação
para o pretendente que arroja o direito de assumir aquela qualidade, aquela função, aquele valor.
Então ele no político ele vai narrar o mito de cronus e vai chegar a conclusão que só a cronus que
pertence em primeiro lugar a qualidade de pastor dos homens, cronus é um Deus arcàico.
Nessa época o que Platão chama de idade de ouro, por que na república ele vai dividir o mundo
em cinco idades, a de ouro, a de prata, a de bronze, a dos heróis e a de ferro, e ele diz que
atualmente está na idade do ferro, e ele vai narrar os vários sistemas políticos que correspondem a
essas idades, mas... essa idade de ouro é a idade que tudo pernanece idêntica a si mesma, onde
os homens não precisam trabalhar, onde os ciclos da natureza são perfeitos, onde não há
catástrofe, não é nem quente nem frio, nem sêco nem úmido, não há fome nem abundância, é tudo
medido e equlibrado, é o governo do cronus, é o mito do Deus arcáico cronus. Então o critério do
verdadeiro pastor dos homens é dado por cronus e a partir daí o Platão funda as pretensões, ele
funda uma prova, um fundamento que vai fazer com que os pretendentes sejam avaliados e
interpretados na sua pretensão. Da mesma forma o mito da circulação das almas para definir o
verdadeiro amor , o verdadeiro amante. Ele num determinado momento ao dizer que o verdadeiro
delírio, ele quer definir o verdadeiro delírio, por que o verdadeiro delírio é aquele que é capaz de
atingir a verdade, segundo os gregos, então eles fizeram com o profeta, com o poeta, com o
sacerdote, depois fizeram com o político e Platão tem um outro lance de arcaismo, ele descreve
práticas modernas e arcáicas, ele ao mesmo tempo que ele inova que ele cria algo inédito, ele
busca o amparo, o fundamento arcáico. Então ao introduzir o mito da circulação das almas Platão
introduz o critério da distinção do verdadeiro amante que vai narrar o verdadeiro delírio, que é
aquele possuido pelo verdadeiro delírio, o verdadeiro amor, por que para Platão é o verdadeiro
amor que atinge a verdade. O homem apaixonado é o homem erotizado que vai atingir a verdade.
O amor platônico é um amor desencarnado, é um amor idealizado e Platão diz que o homem
possuido do verdadeiro delírio ele é feito de uma alma que viu muito, e a alma que viu muito é
determinada por esse mito da circulação das almas que antes da encarnação circularam em
cortejo num espetáculo a onde presenciaram as idéias, só que esse cortejo se caracteriza pelo
seguinte aspecto, as almas tem três traços que a definem, o traço lúdico sexual material, o traço
guerreiro e o traço intelectivo. E ele diz que essa alma dividida em três partes é o carro puxado por
dois cavalos, um negro e um branco dirigido por um cocheiro, o cocheiro é a parte intelectiva da
alma, o cavalo branco a parte guerreira e o cavalo negro é a parte baixa, lúdica, libidinal, material
da alma. E os cavalos tem um comportamento que ora eles obedecem perfeitamente o cocheiro,
ora vai dominar a vontade do cavalo branco, ora vai dominar a vontade do cavalo negro, e daí vai
nascer um critério de atribuição de valores das almas que viram muito e as almas que viram pouco.
As almas que viram pouco é que tinham o seu cavalo negro indócil e não obedeciam o comando
do cocheiro e desviava inclusive da vontade do guerreiro e fazia com que essa alma intelectiva se
desviasse tentando fazer com que o cavalo negro fôsse dominado e perde a visão da
contemplação das idéias. E a alma que viu muito é a alma que tem os cavalos sob os seus
comandos e assiste plenamente o espetáculo. Nesse mito de circulação se dará o critério de
fundamento prova para que os verdadeiros amantes sejam distinguidos dos falsos amantes e só o
verdadeiro amante é mestre de verdade e só o mestre de verdade pode ser filósofo e só o filósofo
enquanto rei e que pode comandar a cidade, isto é, ele estabelece uma hierarquia. É muito bonito,
muito sedutor, esse pessoal todo é muito bonito. A questão é detectar o sentido disso, então é por
que é muito sedutor que as pessoas caem mais facilmente e é necessário ouvir Platão, neste caso,
para não se deixar seduzir pela paixão e deixar confundir e embaçar o entendimento da clareza de
como essa máquina funciona, ou seja, é necessário ser apaixonado mas selecionar de paixão na
medida mesmo que Platão mesmo achando que está vivendo de paixões tem como base as
paixões descritas e a impotência humana para criar esse tipo de sistema e há um culto imenso à
morte e as paixões descritas que levam o desejo a se aferrar a esse tipo de extrato ou a esse
plano de organização. ...-... o cristianismo vai lapidar muito mais essa questão , a questão do
sofrimento é muito mais cristã, o grego não tinha tanto essa má consciência, é São Paulo que vai
introduzir a má conciência. ...-...-...
...Sócrates é um plebeu no sentido de valorizar sentimentos e extratos, e ao contrário Platão é um
nobre ele tem vontade, e vontade de paranóico é muito mais poderosa que a vontade de um
neurótico. Então Platão investe toda a sua energia e sua vontade em uma máquina de negar a
vida, de negar a natureza, por que ele deposita a crença de que o real não está nesse mundo e a
vida é ilusória e se ela é ilusória ela já é delegada, depreciada, desvalorizada, na medida que ele
utiliza o mito como elemento fundador da identidade, da idéia, oque o mito faz , e a idéia não é
mais nada mais doque algo que é identico a si mesma, a justiça é justa, a coragem é corajosa.
Esse tipó da eternidade rompe com o devir, então ele acredita que lá está o ser e aqui o devir e
esse ser é que é real e aqui em baixo nós temos apenas uma imagem dessa idéia, nós temos
apenas uma aparência da essência, nós temos apenas uma cópia do original.
...-...-... o cristianismo vai desenvolver o indivíduo...-... vai ser muito essencial para o
desenvolvimento do sistema capitalista. Com o nascimento do homem no sec.19 o indivíduo vai ser
um elemento chave até antes do sec.19 o indivíduo não era isso, o essencial era o universal, era a
existência, era o geral. Então nós estamos aqui descrevendo o nascimento do sistema
representativo que fundou a metafísica, a lógica e a psicologia ocidental e a moral.
Esse sistema representativo abarca um certo espaço e um certo momento da representação que é
chamada representação quimista que se dá com Platão e Aristóteles, depois com o cristianismo
que já vai se habituar ao plano representativo necessário ao sistema capitalista, a imanência
capitalista, isso é uma outra questão, vamos voltar...
Tem-se então essa postura de que é necessário voce dominar a sua parte negra da alma, a sua
parte sexual, material, libidinosa e até corajosa, para que a parte intelectiva seja a parte essencial.
Então há uma posição moral para voce ter acesso à razão, à verdade, se voce não tem essa
condição moral voce não atinge a verdade, isso é fundamental. E Platão na medida que ele nasce
na existência dessas idéias de um outro mundo, de um outro plano, ele vai estabelecer o
fundamento próprio pra que voce se meça, se rebata nesse plano de transcendência que ele criou.
E como que isso vai produzir um efeito no seu corpo, apesar disso ser uma condição? através da
semelhança, da semelhança interna ao modêlo, a relação que constitue o modêlo que é o
movimento circular da humanidade. Então há um leque entre os gêneros mais gerais e as espécies
mais especiais. As espécies mais especiais que Sócrates atinge são universais.
O homem é um animal racional. O cão é um animal que ladra. Ele atinge generalidades e através
dessas generalidades e as determinações que são dadas nessas generalidades os indivíduos que
são indivíduos morais tem que se adequar perfeitamente a essa classificação. ...-...-...
Foi Aristóteles que falou o famoso problema entre verdade e adequação ao objeto. Para Aristóteles
a representação tem que se adequar ao que se apresenta. Só que ele acredita que o que se
adequa é a forma, que é a forma universal. Quando eu digo voce é um animal racional, o animal
racional é a tua forma universal que se adequa a minha definição. Ora, mas isso esmaga todas as
suas singularidades. ...-...- Platão dizia a diferença pura é o simulacro, o Aristóteles não se
preocupa com isso, ele simplesmente tira fóra, é acidente...-...-
O que é mais importante em tudo isso é que Aristóteles no fundo é inspirado no beócio que é o
protótipo do homem médio grego, e oque o homem médio quer é o equilíbrio, Aristóteles é um
homem equilibrado que consense o senso comum.
...-...-... O que que é um beócio grego, o que que é o homem da medida e da ordem, o homem de
um têrmo médio? é isso, Aristóteles é o que ama o têrmo médio, ele joga todo seu investimento no
equilíbrio, ele odeia extremos, odeia excessos, odeia falta, eu sou amante do excesso, então eu
sou anti aristotélico.
Então o que que é equilíbrio em Aristóteles? Ele acredita que o têrmo médio é o que conjuga o
grande e o pequeno, o grande são no máximo as dez categorias dele, é um gênero mais geral e o
pequeno é mais específico, ele é 50% dessa realidade que é limitada, eu ficaria bem triste de viver
nessa realidade pobre, nessa ficção de criação de realidade. Então ocorre que ele fica nesses
elementos e ele diz, que na medida que ele vai proliferando as quatro estações e as definições ele
vai dizendo o que o mundo é, o que o indivíduo é, qual é a verdade de alguma coisa, e essa
verdade não nada mais do que uma forma média e genérica da espécie. Existe um cara que
escreveu uma obra chamada o normal e o patológico que ele vai romper com as categorias de
normal e patológico dizendo que é uma invenção do sec.19 e liberar algo chamado anomal, que
não é nem normal nem patológico. O anomal é um ser, um indivíduo ou é uma força que vive no
limite da espécie. D.Duran ao descrever o percurso do processo da vida saindo do marco dos
oceanos e descrever de que maneira o homem se ramifica na cadeia de descendência biológica e
ao revelar a forma de como ele se torna um animal erecto, ele vai dizer que esses movimentos que
a vida faz é sempre molinear de uma forma específica. A forma específica não revela nada, ela é
simplesmente a média do equilíbrio do indivíduo que vive no interior daquela espécie com o
ambiente. A forma específica é um passiismo, digamos assim, é uma espécie se amoldando de
acôrdo com o ambiente, selecionada pelo ambiente. Ora o anomal é um elemento que gera uma
energia a partir de sua ligação imanente com a própria natureza e vive no limiar dessa forma
específica e cresce pelas bordas dessa forma específica, ou seja ele vive no extremo da espécie, e
é aí que voce produz realidade e novas espécies, digamos assim. Então a forma média é o cúmulo
da improdutividade e da representação, ela não produz absolutamente nada, ela não reserva
absolutamente nada a não ser um estado mediano, fraco, impotente.
...-...- O que eles estão criando aí é uma máquina de aprisionar intensidades. Voce separa a
intensidade do que ela pode e voce vira um homem de meios quereres, voce quer ser um homem
médio, um homem normal, um homem específico e aí voce vira um mediocre, um beócio mesmo...
eu lamento... mas...
... Anomal não é nada menos que o Nietsche chama de super homem e super homem não é nada
mais que aquele ser que leva suas intensidades e suas potências...-...-... a vanguarda pressupõe
uma retaguarda e o marginal pressupõe um centro, então não é nem marginal, nem vanguarda,
nem retaguarda, ele é tangencial . O anomal ele tangencia asformas e cresce por elas. Vem de
nomus, determinação, de definição, de limite. O anomal é o que desloca seus limites, é flutuante e
a espécie é um limite fixo. ...-...-...
É a fraqueza que leva a necessidade da ordem. Os alemães desejavam um filler por que era um
caos absurdo e um sujeito na impotência diante de um caos suplica por um ordenador...-...-... dá
necessáriamente nisso se voce não exerce o pensamento. O pensamento é o que? é o que
dismistifica. O Spinoza diz : onde passa a haver confusão para se moralizar. Onde há ausência de
pensamento a moral entra, onde não tem entendimento tem que ter obediência. Spinoza diz se
Adão entendesse a natureza ele não ia dizer que Deus lançou a proibição, olha não coma desse
fruto, por que ele iria entender que aquele fruto apenas decompõe a natureza dele, é só isso, ele ia
entender que a natureza compõe e decompõe as partes...-...-... o mal só tem realidade no
encontro, na relação ...-...-... a universidade é uma máquina para impedir o pensamento, em geral
é isso, que nem a psicanálize é uma máquina montada para impedir o desejo...-...
... eu presenciei aulas de filosofia na USP e é difícil eu aqui achar um momento onde houve
realmente um ato de liberdade de pensamento livre, quase não vi, mas eu vi alguma coisa sem
dúvida, mas quase voce não vê, em geral voce vê bandos que se denominam correntes, os
franceses, os alemães, isso, aquilo, são correntes e o pensamento não se liga a correntes, o
pensamento é livre, é puro, ele não precisa de nada, de religião, de dogmas, não precisa de
nenhum princípio. ...-...-... uma sociedade sem estado, voce diz está faltando estado a ela, elas são
deficitárias, é uma visão da ciência mitificando a realidade...-...
esse plano de imanência, voce vai ver inclusive onde que essa máquina transcendente se enrola
num plano de imanência, que é o real propriamente dito, é como a realidade é produzida, como é
que funciona o poder? que natureza tem o poder? ele é segmentário, ele funciona em blocos, ele
tem as continuidades, as séries, ele territorializa, ele desterretorializa, ele tem um modo próprio de
produção, no plano dos signos e no plano dos corpos, ele a sua forma de expressão, a sua
substância de expressaõ, sua forma de conteúdo, sua substância de conteúdo e essas substâncias
e formas estão ligadas a um plano de imanência que é a onde estaria as linhas de fuga ou de
liberação também, assim como as linhas de aprisionamento, então o desejo pode ser inocente e
diabólico ao mesmo tempo...-...-...-... se isso funcionar para alguma coisa põe um ismo em alguma
coisa e ...-... se funcionar e servir... uma idéia só vale no que ela pode. Ela pode alguma coisa? aí
ela vale alguma coisa, ela vale o que pode, não é vale quanto pesa, é vale quanto pode. O
Nietsche dizia tire as idéias dos valores do campo teórico e neutro e jogue no campo de forças e
meta elas no centro de um combate, se elas servirem para alguma coisa tudo bem.
O que interessa de fato é um funcionamento do desejo, por que o Platão é que inventou a questão
de qual era a natureza do desejo, e os padres da igreja adoraram essa estória e inventaram o
confessionário até tirar a verdade que está no fundo da sua alma como um homem pecador e os
psicanalistas adoraram issi também e montaram um confessionário no divã para edipianizar o
homem moderno, quer dizer no momento que isso funciona para essa máquina, ela inventando
uma ficção de que existe uma natureza de desejo parecido e incestuoso, ou então pecador, no
caso cristão, e aquilo funciona como sistema de poder, o poder vai exigir de voce no momento que
voce disser, mas isso é falso,... estou pouco preocupado se é verdadeiro ou falso, o que importa é
que funciona... então a nossa questão também é sair dessa dicotomia verdadeiro e falso, interessa
é o que é e não o que é verdadeiro ou falso...-...-... o sistema platônico inteiro é montado na
verdade como memória, todo o sistema ocidental é baseado na memória de signos...-...-... a
memória enquanto signo, enquanto lembrança, enquanto história essa é a memória do engôdo, é
essa que leva para a confusão... ela lembra de algo que imagina ser ideal e reprojeta no futuro e
no presente e classifica o verdadeiro e o falso de acôrdo com... ...-...-... se voce observar os
sistemas selvagens e até os sistemas mágico-religiosos eles funcionam sempre com as narrativas
míticas, que existe um centro de enunciação que é o déspota e o grande signo significante de
centro de enunciação que codifica os discursos míticos, que centraliza os discursos míticos...-...-
todo mito é que organiza uma sociedade mágico-religiosa...-...
o mito que organizar uma sociedade mágico-religiosa centrado no poder do déspota divino, esse
centro é o filtro último de todo discurso mítico inerente aquela sociedade. Voce emite o discurso
mítico e encarna no rirual. O ritual repete um modêlo, uma função, uma posição, um sentido e um
valor que aquela sociedade necessita para se organizar. Então se voce quizer repetir por exemplo
o mito de fundação da sociedade, voce vai fazer a narrativa desse Deus que lutou com os dragões
e as potências do mal e do caos e instituiu essa ordem atual que agora é encarnada pelo déspota
divino e voce pode encarnar isso no ritual e é daí que o discurso mítico adquire a eficácia de
produção e de repetição de realidade, voce renova a ordem social, então o discurso mítico e o
ritual vão ter essa função na sociedade despótica. E há uma centralização de um significante
último que no fundo o que é o significante último, é só a vontade do déspota. O déspota diz o que é
a verdade, e não é nem o déspota, o sacerdote que vai ser interpretado pelo déspota o que
interessa ao déspota.
A memória ontológica é a memória pura, é o ser da memória, na realidade é um ser que retorna,
ele não é uma simples memória, é o ser que retorna enquanto bloco. ...-...-... o corpo físico é
apenas uma expressão do ser. Existe um plano de imanência e esse sim é o essencial de tudo.
Esse plano de imanência gera o físico e o metafísico ao mesmo tempo, há algo anterior ao físico e
ao metafísico.
Tem que descobrir o que é o meio...-...-...
...-...-... o melhor dos casos em Platão é a cópia que se assemelha ao máximo ao modêlo, mas
nunca setorna a ser ela é sempre cópia, ela é sempre ser em segundo grau, ela é sempre uma
imagem, nunca ela é o ser em primeiro grau, por que esse ser em primeiro grau ele dá uma
qualidade que ele tem em primeiro lugar a participar a exparticipar a imagem que é uma cópia e
esse participado na medida em que é capaz de se amoldar internamente, intelectualmente as
relações próprias ao modêlo, as relações que constituem o modêlo, ele molda sua alma e seu
corpo segundo o comando dessa idéia. Platão já está ensinando o modo de se produzir
subjetividade. ...-... é o momento que voce se separa do que voce pode, por que Platão acredita
que oque voce pode é um nada, é uma ilusão, é a morte, é o caos, é a perversão, é o demoníaco,
por que voce pode soar interessante na medida que voce de adequa a uma orientação essencial, a
uma ordem eterna e real que está fóra desse mundo por que esse mundo definitivamente não é
real. A queda das almas nos corpos, a encarnação aqui dos corpos na realidade leva a uma crença
oculta em Platão que era o mito da circulação das almas, no fundo é uma crença xamanista de que
a alma encarna para pagar alguma expiação, alguma injustiça que ela cometeu numa vida
passada. ...-...-...-... existe uma tese que leva ela chega lá, uma evolução, em Platão existe, é o
caminho do bem, é o bom sentido, o bom senso está sendo inaugurado aí. ...-...-... eu disse que
isso é um modo de produção de subjetividade. A subjetividade já é produzida entre os gregos de
uma maneira diferente, é necessário que voce dobre suas forças internas, apaixonadas e tal, crie
uma subjetivação, um domínio de si para exercer a política, para exercer o poder, é a condição de
exercício do poder. Então já existe uma subjetivação ligada ao poder, só que os saberes e os
poderes estão colados. Sócrates e Platão inauguram a crença de que um saber está fóra de tudo e
que ele é o verdadeiro ser.
O fundamento próprio que é o critério de seleção, de classificação, de ordenação, de posição na
hierarquia dos indivíduos, dos valores e sentidos de uma sociedade, ele é na realidade o plano
transcendente de organização no qual os indivíduos vão ser rebatidos. Então aqui em baixo voce
só tem imagens ou corpos, e lá em cima voce tem as idéias, os modêlos ou os originais e aqui em
baixo voce tem imagens ou matérias que adote o que é indócil da mesma maneira que o cavalo
negro, o branco e o cocheiro. Aqui em baixo voce tem imagens que tem alma com esses três
aspectos, alma intelectiva, alma guerreira e alma material, original do fluxo material.
Então existem imagens que vão se ligar mais ao modêlo e outras não. Então aquelas almas
virtuosas, aqueles sêres, aquelas imagens virtuosas... então aquela imagem que se orienta com
alguma imitação do modêlo e produz uma cópia do modêlo, de si mesma, imprime uma cópia
através da semelhança se torna uma imagem moral, voce elimina a estética da imagem e substitue
a estética por uma moral, então voce vai ter uma imagem em semelhança ao modêlo, uma imagem
que é cópia do modêlo. É feita a cópia através da semelhança. Aí a questão do cristianismo
através do catecismo, dizer que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, e pelo pecado
o homem perdeu a semelhança ficou só com a imagem, só com a estética, perdeu sua existência
moral para cair na sua existência diabólica. Então aí se vê como essa filosofia serve ao
cristianismo e ao judaismo. Só que a questão cristã aí só serve apenas para nos revelar o quão
demoníaco é o simulacro, por que o Platão diz as imagens que são incapazes de se amoldar ao
modêlo, de imitar o modêlo através de uma semelhança interna elas são puro simulacro, elas são
não sêres,embusteiros, demônios, o que há de pior, é o mal, o que tem que ser esconjurado,
extirpado da sociedade, relegado ao mais fundo dos oceanos, ele diz isso com todas as letras, diz
isso dos sofistas, dos poetas, dos artistas que são sêres ligados ao simulacro, por que o simulacro
é exatamente o ser que se relaciona com outras imagens ao invés de se relacionar com a
verdadeira idéia do mundo. Então essa é a posição do simulacro. E o que é o simulacro
exatamente? O sofista ensina voce parecer que é um sábio, parecer que é um médico, parecer
que é... ele ensina voce dar um efeito de semelhança exterior ao que é. Então voce tem uma
denúncia da imitação da imagem ou da relação da imagem ou com um outro corpo, daí Platão
estabeleceu o critério do que é o verdadeiro amante, por que o amante em geral, e os gregos
inventam um estílo de amante e de amizade que levam os jóvens a se tornarem bons políticos,
essa prática é revertida em Platão no momento em que ele introduz o modêlo do verdadeiro amor
que diz, o verdadeiro amante não é aquele que se liga a corpos, que se liga a imagens, que vê
outros elementos nesse mundo, o verdadeiro amante é uma alma que viu muito, é aquela que ao
ver a beleza aqui na terra se lembra do que ela viu na vida passada, no momento em que sua alma
circulou no espetáculo dado pelas idéias no mundo supra celeste. Então a beleza ela passa a ser
um signo, um índice, o indicador, o orientador para voce sair de uma orientação de superfície e
atingir uma orientação de altura. Platão inventa uma topografia do desejo que faz com que o
desejo se descole de si mesmo, se separe do que ele pode, ele leva o desejo para as alturas e o
desejo começa investir um plano transcendente que não é o plano de natureza imanente....-...-...-
...- então o belo passa a ser um critério. Então o que que é o belo? é esse corpo belo? é aquele
como fala o sofista? não o belo é o belo em si mesmo, o belo é a própria beleza, a beleza é bela,
só isso que voce pode dizer da beleza e voce imita essa circularidade, só que para voce imitar
essa circularidade voce tem que liberar sua alma intelectiva na medida em que ela dominou as
suas paixões e lembrar o que a sua alma viu no momento em que ela circulou naquele espetáculo
supra celeste. Então aí voce tem o critério que separou os falsos dos verdadeiros pretendentes em
Platão.
O Platão dá um outro modêlo, o pai, a filha e o noivo. O noivo só vai ter direito sobre a filha se
passar pelo modêlo do pai. O pai é o que tem algo em primeiro lugar, ele tem a filha, que dá a
participar ao noivo em segundo lugar na medida que o noivo passa pela prova do pai.
Então voce tem o que é participado, o imparticipado e o participando que são as imagens daqui de
baixo que querem ser semelhantes que querem ser cópias. O participado é a qualidade da idéia, o
imparticipado é o modêlo que está embutido nessa idéia.
Isso leva então a fundação da representação, Platão funda as bases, dá as bases, dá os critérios,
os limites, ele dá o território, ele dá o plano no qual a representação pode ser dirigida, ele dá a
fundação do edifício representativo, por que ele diz o que é o idêntico, ele diz o que é a identidade
e o que é a semelhança. Depois ele vai até tentar sair disso começando a articular discursos de
atribuição numa tentativa de definir o que seria o outro ou a alteridade.
No fundo eu tenho uma tese que diz que a analogia fundada nessa tentativa platônica de introduzir
o outro nesse discurso dialético, só que quem vai desenvolver esse sistema propriamente dito é
Aristóteles.
Então o que é fundamental marcar em Platão é que para voce ser um ser virtuoso, um ser que se
orienta ao bem, ao princípio e ao fim que é o modêlo último, voce tem que ser um indivíduo moral,
voce tem que se liberar dos corpos e das imagens sensíveis, dos signos sensíveis enquanto
reveladores de energias materiais e fazer desses signos, marcas ou índices ou ícones que levam a
lembranças das idéias no mundo passado, na vida passada.
Aristóteles vai fazer uma crítica a Platão dizendo que ele não soube estabelecer a verdadeira
divisão ou que é na visão de Aristóteles, dividir gêneros em espécies, não soube estabelecer o
verdadeiro método de especificação. Por que Aristóteles é um grande classificador, é um grande
organizador, ele quer sobrevoar, recortar e classificar o mundo. Ele já não é mais um paranóico
que tem mêdo de fluxos e devires, por que essa matéria aristotélica já foi domada e domesticada
por Platão. Platão deu a Aristóteles a matéria ícone, a imagem ícone, a imagem cópia, ela já
estava cheia de semelhança. A matéria que Aristóteles vai trabalhar já é essa matéria filtrada,
selecionada, a matéria que Platão deu com o elemento fundante que é a representação. ...-...-...
...-... o Sócrates já tinha a idéia de universalidade contra as particularidades e as paixões da
matéria, o Platão leva isso a uma teoria das idéias e inventa esse método de divisão e de
classificação. Aristóteles diz que esse método ainda é insuficiente, só que Aristóteles ainda não
entendeu que Platão tinha feito o principal, ele tinha dividido imagens ícones de imagens
simulacro, ele tinha dividido o bem do mal, ou a imagem moral da imagem estética. Platão já tinha
selecionado a boa da má matéria, ele queria fazer a diferença, separar o joio do trigo, a matéria
boa é a matéria que imita o modêlo internamente, intelectivamente.
Aristóteles acredita que tudo que existe são indivíduos ou substâncias, o mundo é feito de
indivíduos indeterminados, infinitos, ilimitados. Esses indivíduos são substâncias e substâncias traz
dotes é algo que existe em si e se tem algo que existe em si, existe também em outro, e oque
existe em outros chama-se acidentes ou diversidade. Então Aristóteles já está jogando a diferença
pura para o campo dos acidentes também, Platão foi mais radical, paranóico com essas
diferenças. No mundo de Aristóteles as diferenças não são tão ameaçadoras, os monstros já não
são tão ameaçadores. Então Aristóteles joga asdiferenças e as singularidades para o mundo dos
acidentes e diz o mundo é feito de indivíduos, esse é o mundo físico e diz que existe um mundo
lógico, um plano lógico e existe o plano metafísico. O mundo físico é o mundo dos indivíduos,
materiais, das substâncias, o mundo lógico é o que reapresenta o que diz o mundo físico e o
mundo metafísico é o sentido do mundo físico e do mundo lógico a unidade suprema que é a
finalidade e o princípio de tudo. É mais ou menos similar ao bem platônico, só que Aristóteles vai
dar um nome a esse ser e dizer que ele tem até uma realidade física, é um motor imóvel, é uma
estranha realidade física, no fundo, da maneira como Aristóteles define, ele é essencialmente
abstrato e metafísico, apesar do que ele fala desse motor imóvel
E ele vai fazer uma distinção de quatro tipo de causas, as causas materiais, as formais, as
eficientes e as finais. Aí voces imaginem um escultor que tem a causa material, digamos a
madeira, a causa eficiente ele próprio como o agente artesão que executa suas habilidades na
madeira, a causa formal a idéia do que ela quer fazer e a causa final o objeto acabado. E ele diz
que é assim que funciona o real. Agora a gente faz um corte e vamos para outra coisa.
Aristóteles diz que o homem, que para ela é um animal racional, depois a gente atá pode falar
dessa definição, é constituido de uma alma que se divide em três partes, ao modo socrático e ao
modo platônico, ele chama de alma vegetativa, alma sensitiva e alma intelectiva.
A alma vegetativa é a alma que apreende as sensações internas do corpo, o que a psicologia
moderna chama de propriocepção. A alma sensitiva é a que apreende as imagens, os fantasmas
sensíveis dos outros corpos ou dos outros indivíduos e a alma intelectiva é a que concebe os
conceitos que vão definir as coisas que a minha alma sensitiva e vegetativa apreende no mundo.
Então a alma sensitiva e vegetativa vão fornecer matéria para minha alma intelectiva abstrair e
gerar os conceitos. Esse é o plano lógico e psicológico por que em Aristóteles as idéias já não
estão num outro mundo, elas são obtidas no exercício da alma e da linguagem com o real que ele
chama de mundo. Então o plano da representação vai operar a seleção do que é digno de digno
de se definir no mundo que são as espécies, no fundo a grande vontade de Aristóteles é dar as
espécies, os gêneros, as classificações, as ordenações e as hierarquias do ser. Tanto é que toda a
biologia e botânica são completamente aristotélicas.
Os grandes gêneros são até hoje aristotélicos, o reino vegetal, o reino mineral, o reino animal, ...
O Aristóteles está definindo um plano de organização a partir das mesmas idéias básicas herdadas
de Sócrates e de Platão. Ele diz que a alma representa o mundo, a alma é espelho do mundo e a
linguagem simboliza a alma. A linguagem simboliza através dos símbolos linguísticos orais e
escritos. O oral está mais próximo da alma e o escrito está mais afastado, dois registros, digamos
assim, o oral e o escrito. Só que Aristóteles diz se o bem é ligado ao universal, ao geral, e o
universal e o geral é obtido pelo exercício da razão e a razão é dada pela alma intelectiva e a alma
intelectiva obtém a matéria do mundo e ao mesmo tempo é expressada pela linguagem, eu tenho
que inventar alguns filtros aí. Primeira coisa a linguagem tem que ser capaz de dizer um único
sentido para cada coisa. Por exemplo eu digo manga, pode ser manga fruta, manga de camisa,
manga jogador de futebol, são signos equívocos ou polívicos tem múltiplo sentido, mas Aristóteles
diz que se a linguagem permanece assim é impossível se conseguir uma lógica, por que no
momento que eu disser o homem é um animal racional, o homem de que eu falo não é o mesmo
que voce entende, o racional que eu falo não é o mesmo que voce entende e animal a mesma
coisa também, então eu tenho que atingir a univocidade dos signos que vai ser obtida através de
uma postura moral por que eu tenho que ter a boa intensão e boa intensão não é uma postura
moral, de dizer sempre a mesma coisa no momento em que eu menciono um signo, aí eu posso
construir uma lógica silogística e o método aristotélico é a silogística. O silogismo que segundo ele
é o verdadeiro método de especificação só funcionaria se eu der sentidos unívocos aos signos. ...-
...-...-... se a linguagem simboliza ou expressa a alma e a alma se divide em três, vegetativa,
sensitiva e intelectiva e as almas vegetativa e sensitiva são almas apaixonadas, a linguagem
revela pelo menos apaixonados e parciais, se eu não botar ordem na hierarquia das almas ou das
partes da alma, a alma sensitiva e vegetativa tem que estar subjulgada a alma intelectiva, é
impossível eu atingir a univocidade de um sígno, por que sempre um sígno vai expressar ou
simbolizar ou uma parte da alma sensitiva, uma parte da alma vegetativa e também talvez uma
parte da alma intelectiva, só que inviabiliza a lógica da alma intelectiva por que os sígnos das
paixões, da matéria, do devir ou das parcializações vão estar invadindo essa lógica da
univocidade. Então eu estou pressupondo uma postura moral. Se eu não estiver predisposto a
essa filtragem, a essa seleção, eliminando os sígnos equívocos, eu não me adecuo a essa lógica.
...-...-... nesse caso é necessário eu colocar todos eles numa mesma condição, por que eles
simplesmente desenvolveram um mesmo aspecto que foi o corte no ser, um corte fictício no ser e é
isso que está gerando esse desencadeamento todo, então Sócrates é dentro dessa
universalização, dessa ficção do universal, o objeto geral é uma abstração, é uma ficção, ele não
existe, então se eu quero inventar uma linguagem que expresse um objeto que não existe... se eu
quizer aferrar o meu devir nesse tipo de prática, tudo bem... se eu quizer desmontar o como essa
máquina funciona e como funcionaria de fato o desejo, o pensamento e a linguagem ...-...-... o
pensamento é polívoco, eu não preciso de moral e de acetismo para um pensamento
absolutamente rigoroso, eu posso afirmar de uma maneira absoluta o acaso sem dividí-lo em bom
e mau, em imagens ícones e imagens simulacro, em acidentes ou em substãncias ou universais
em particulares, eu atinjo ele enquanto substância pura com a pura potência do pensamento sem
filtrar nenhum sígno, nenhuma linguagem, eu não preciso ser nenhum um aceta ou um moralista
para exercer o pensamento com o maior rigor. O que o Aristóteles quer é selecionar sígnos, filtrar e
dizer que só sai sígnos na lógica que interessa a ele, é isso, a lógica da universalidade por que o
universal é o que representa o bem, é o que levaria a sociedade a uma unidade, a uma
comunidade por que eles entendem que o bem está ligado ao um, ao uno, a unificação e o nosso
sentido é completamente inverso... se eu acreditar num bem eu vou dizer que o bem é a
pluralidade, a diferença, a singularidade, é a diversificação e a autonomia do diverso, então aí voce
pode dizer, o Fugante é ideólogo da pluralidade... tudo bem, só que eu acho que isso é muito
pouco, é muito fraco... ideologia é uma coisa fraca, nós não queremos ideologias, nós queremos
montar máquinas que funcionem, não quero nenhuma doutrina, nenhum plano de idéias para ser
seguido, ao contrário, que nada seja seguido, que seja montado, que as máquinas sejam
montadas e funcionem... máquinas por que? por que não é metáfora, não é sígno, não é
representação é produção e expressão direta de realidade, produz realidade e é por isso que é
uma máquina. Então o que eu quero fazer aqui é levar a desmontagem e montagem de máquina, é
só isso que eu quero fazer aqui. Sair do esquema de metáforas, de representações, de sígnos, de
ideologias, de lavagens cerebrais, é fazer com que o pensamento pense por si só, independente
de quem fale, de que lugar ele ocupa. O pensamento não é pessoal, não é individual, não é de
estado, não é de lei, ele é nômade. ...-...-... a lógica de Aristóteles é completamente moralista e
delirante, ele inventa um modo de delirar de uma maneira estudiosa, ele acredita que existe algo
em sí, esse mito, o em sí é um mito inventado por Sócrates e Platão, não existe o em sí, é sempre
o em relação, nunca o em sí, e o em relação é que é primeiro que é último. Eles inventaram o
princípio e o fim e a relação era sempre secundário ou acidental...-...-... a lógica aristotélica é
traiçoeira e trapaceira, completamente,ela esconde o real, ela separa a potência do que a potência
pode, ela moraliza a natureza, ela antropomofiza a natureza. Aristóteles acredita que pensar é
fazer cilogismo... -...-... no fundo existe o pensamento impuro, mas não esse que Aristóteles
quer...-...-... as ciências humanas naturais que foram inventadas no sec. 19, elas estão fundadas
no modêlo aristotélico e cartesiano, mas essencialmente kantiano, só que não existe Kant sem
Platão, apesar que Kant vai eliminar o bem, ele não precisa mais do bem, Kant fica só com a lei
nela mesma...-...-...-...
" o objetivo disso aqui é a compreenção da resultante disso tudo em nós ( Marisa Greeb)
A gente disse inicalmente dos efeitos do sujeito denunciado, do sujeito de enunciação, do regime
de sígnos paranóico interpretativo e o passional revindicativo, a lei e o poder, esse plano de
transcendência é uma máquina que inventa almas, órgãos e corpos, ele produz realidade, ele
produz organização. Ele é um plano de organização a nível orgânico, a nível linguístico, a nível
lógico, a nível moral, em todos os planos, ele organiza tudo, ele se miscue em todas as relações,
ele é o intermediário, ele é o atravessador de tudo... ...-...-...-... existe uma vida que voce intensifica
e leva às últimas consequências e a vida que murcha, que mortifica em virtude desse plano de
organização transcendente.
A vida reativa e avida ativa...-...-... no plano da imaginação é realmente maniqueística, dá a idéia
que eu sou aqui um ideólogo pregando a vida ativa contra a vida reativa... enquanto voce está na
imaginação voce vê assim... e voce atingindo o pensamento voce vê a pluralidade do mundo, voce
vê as múltiplas cores, voce vai ver que a negação, está aí resposta da questão do que é a
dialética, voce vai ver que a negação é apenas uma das infinitas maneiras do ser ser o que é. ...-
...-...-...
A pior coisa que aconteceu com a gente foi a gente dizer eu...-...-... vamos começar a enrrabar a
linguagem e inventar a quarta pessoa do singular... ou então falar eu como máscara, aí nós
estamos falando a mesma coisa, eu como uma máscara é ótimo... "o colonizador em mim"... há
muitas maneiras de dizer, mas o importante mesmo é que algo mude, mesmo que não seja dito,
dentro de sí, é o que o nosso amigo Castanheda fala, na verdade é o Dom Ruan, cesse o diálogo
interior e comece a pensar. Deixa o pensamento te invadir... e tem a ver mmuito mais com o
silêncio do que com a linguagem...-...-... a linguagem interna é essa linguagem tagarela... a
linguagem está ancorada em imagens sensíveis, ela tem essa base imagética de sons, de odores,
de imagens visuais ... e na realidade, quando a gente associar sígnos imagéticos com outros
sígnos a gente pensa que pensa, e isso é que é a tagarelice. ...-...-... a dialética joga o não para
tudo que é diferente, ela unifica a diferença... Vamos finalizar depos a gente libera geral?
O Aristóteles hiegeniza a linguagem e hiegeniza o real e vai dizer que a alma intelectiva apreende
ou age sobre a matéria absorvida pela alma sensitiva que é aquela que apreende as imagens ou
as impressões do mundo e essas imagens ou impressões vão formar a matéria sobre a qual a
matéria intelectiva vai abstrair o que tem de universal em cada coisa. Então a alma intelectiva vai
dizer que o indivíduo ou a substância é feita de forma e de matéria, mas só o que é apreendido é a
ordem. Aristóteles é socrático, é platônico, então a forma é que tem realidade, a forma é que
universal. Então apreendendo a forma específica dos homens eu vou chegar a idéia de homem
como animal racional. A espécie homem é o animal racional. é a forma específica do homem e é
só essa forma que me interessa. Entre tudo que há nos indivíduos só me interessa essa forma
universal. Então ele está definindo como se chega a verdade, ora a alma sensitiva e intelectiva já
interiorizou o mecanismo que os gregos inventaram, mecanismo da semelhança na percepção e
eles ao olhar para a árvore eles eliminam tudo que há de diferente entre as árvores e ficam só com
o que há de semelhante e as árvores viram a árvore e por aí vai. Então são esses sígnos
linguísticos genéricos que vão dar a base para uma lógica fundada na univocidade dos sígnos e
base para que ela seja desenvolvida filosóficamente.
A semelhança na percepção é uma coisa que é a primeira cabeça da representação. Platão tinha
inventado mais duas que era a identidade da idéia, em Aristóteles vai ser a identidade do conceito
indeterminado e a alteridade que é a condição de atribuição, Aristóteles vai dizer que é a analogia
dos conceitos últimos ou das categorias. Aí, uma coisa que Aristóteles introduz como sendo um
têrmo médio, a oposição nos predicados. Então a oposição nos predicados, a semelhança na
percepção, a analogia entre conceitos últimos e a identidade entre conceitos indeterminados
formam as quatro cabeças da representação.Não há representação sem esses quatro elementos.
Desses quatro elementos o ocidente herda, aonde houver representação existe esses quatro
elementos.
...-...-... "a história é fundada no momento em que nasce o estado, o estado é a negação ao
niilismo, onde cessa a cultura" ...-...-... Nietzsche no livro a genealogia da moral onde ele diz que a
história nasce onde cessa a cultura, a história escrita nasce com o estado, o estado é que inventa
a escrita linear, significante, então essa história nasce com o estado, o estado é a interrupção da
atividade genérica que a cultura tem nas tribos, nas sociedades selvagens, mas isso é uma outra
questão que nós vamos falar depois.
...-...-... essa essência é um acontecimento no mundo e um sentido na linguagem que não é nem
individual, nem universal, nem pessoal, ela é pré individual, ela está aquém e além do universal e
aquém e elém do individual, ela atravessa o universal e o individual, ela produz inclusive o
universal e o individual, então a causa genética do universal e do individual vai estar em algo
chamado acontecimento. O acontecimento tem duas partes, uma que envolve os corpos e outra
que desenvolve a linguagem. Quando a gente falar em máquina de poder nós vamos falar em
agenciamentos maquínico de desejo e agenciamento coletivo de enunciação, é a mesma queatão,
um acontecimento que gera esses dois planos e vão gerar depois nomes gerais, sígnos,
significantes e tudo que tiver direito...-...-... tem algo que se pode atingir como essencial, neutro...-
...-... Sócrates no fundo está parcializando sígnos sensíveis, ele funda a razão em cima de
imagens sensíveis, então ele coleta imagens pela alma sensitiva, atrae o que há de semelhante,
liga com os conceitos abstratos da alma intelectiva que são as dez categorias, tem o ser e as dez
categorias que são as substâncias, qualidade, quantidade, movimento, lugar, ... e ele pega esses
gêneros e vem dividindo os gêneros em espécies e produz um têrmo médio através do silogismo
que vem sendo algo mais específico até chegar nas espécies últimas que são as espécies
especialíssimas.
...-...-... o pensamento puro não é nem universal nem individual, ele rompe essas categorias e
denuncia essas categorias como seres de imaginação ...-...-...-...
Eu preciso passar que o Aristóteles ele vai chegar no máximo de representação que essas
grandes categorias , que são dez gêneros generalíssimo...

S-ar putea să vă placă și