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2 O PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO

Incluído no capítulo III da Parte Especial do Código Penal Brasileiro, Decreto-


Lei nº 2.848 (BRASIL,1940), o crime de Perigo de Contágio Venéreo (art. 130) é um dos
que integra o rol dos crimes de Periclitação da Vida e da Saúde.
Como anteriormente apresentado, algumas questões são salutares para
compreensão desse crime e serão agora mais detalhadas. Afinal, o que o diferencia de outros
tipos? Por que ele é um crime de perigo?

2.1 Crimes de perigo


Como abordado pela doutrina, agora referenciando Prado, Carvalho & Carvalho
(2015), para a caracterização de um crime como de perigo, faz-se necessária a existência da
exposição do bem jurídico tutelado – nesse caso a saúde e a vida, a uma possibilidade de
dano. De acordo com o momento da análise dessa possibilidade e da sua exigência no tipo
penal legislado, esse perigo poderá ainda ser classificado em concreto ou abstrato.
Trazendo a definição dos mesmos autores:
Nos delitos de perigo concreto, a exigência do perigo faz parte do tipo,
integra-o como elemento normativo, de modo que o delito só se consuma
com a real ocorrência do perigo para o bem jurídico. Nos delitos de perigo
abstrato, porém, o perigo constitui unicamente a ratio legis, isto é, o motivo
que inspirou o legislador a criar a figura delitiva. (PRADO, CARVALHO
& CARVALHO, 2015, p. 710)

Dito de outro, e utilizando o já apresentado sobre Greco (2017), nos delitos de


perigo concreto, a situação de perigo criada pela conduta do agente precisa ser demonstrada
no caso concreto. Nesses casos, analisa-se o comportamento praticado pelo agente depois de
sua realização – portanto ex post. O objetivo é apurar a ocorrência ou não do perigo ao bem
juridicamente tutelado. Tal análise é a prevista por exemplo no crime de perigo à vida ou
saúde de outrem, presente no art. 132 do Código Penal (BRASIL, 1940) e que será
posteriormente abordado no presente trabalho.
Já o perigo abstrato existe quando o tipo penal incriminador entende como
suficiente, para fins de caracterização do perigo, a prática do comportamento – comissivo
ou omissivo – por ele previsto. Por isso, os crimes de perigo abstrato são tidos como de
perigo presumido. Basta a existência do comportamento típico para a conclusão da situação
de perigo, o que se configura em uma análise ex ante. Nesse caso, independe da comprovação
de que a conduta do agente tenha produzido, efetivamente ou não, a situação de perigo que
o tipo procura evitar.

2.2 Perigo de contágio venéreo


Previsto no art. 130, que dispõe que: “Expor alguém, por meio de relações
sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber
que está contaminado:”, o crime de Perigo de contágio venéreo é um dos que se enquadra na
modalidade de perigo abstrato, haja vista, de acordo com Prado, Carvalho & Carvalho
(2015), existir a presunção do perigo de contágio pelo simples fato de o agente, contaminado
por moléstia venérea, praticar ato libidinoso capaz de transmiti-la.
Os autores alertam para o fato de tal presunção ser do tipo iuris tantum, as que
admitem prova em contrário. Mesmo sendo presumido o perigo, há situações em que ele
pode ser afastado, como nos casos em que a vítima já se encontra contaminada da mesma
moléstia ou se apresenta especial imunidade ao contágio, havendo nesses cenários o crime
impossível, pela perda do objeto.

a) Sujeitos
Como sujeito ativo do crime de perigo de contágio venéreo o Código Penal inclui
qualquer pessoa contaminada por moléstia venérea. Como sujeito passivo, também pode ser
qualquer pessoa, inclusive indivíduo que exerça a prostituição.
Prado, Carvalho & Carvalho (2015, p. 711) alertam ainda para o fato de que: “É
irrelevante o consentimento da vítima quanto ao contágio, já que o interesse na proteção de
sua incolumidade pessoal é indisponível”.
Porém, daí também resulta que, caso não haja consentimento da vítima do perigo
de contágio venéreo para a prática da relação sexual ou ato libidinoso configura-se a conduta
do agente, o sujeito ativo, como delito contra a dignidade sexual. “Se o delito decorre de
estrupo, por exemplo, há concurso formal” (PRADO, CARVALHO & CARVALHO (2015,
p. 711).

b) Tipicidade objetiva e subjetiva


Como conduta típica para caracterização do crime de perigo de contágio
venéreo, o Código Penal considera a exposição de alguém a contágio de moléstia venérea
através do contato sexual ou qualquer outro ato libidinoso. Para isso, é necessária a
existência do contato físico, corporal e imediato entre o agente a vítima. Caso o contágio se
dê de forma indireta e não sexual podem se configurar as situações previstas em outro delito,
o de perigo de contágio de moléstia grave, tratada no art. 131 do Código Penal (BRASIL,
1940), a seguir tratado.
Pelo fato de se tratar de contato imediato, o agente não responde pelos casos em
que a vítima, já infectada, expõe a perigo de contágio terceira pessoa, em posterior relação
sexual.
Prado, Carvalho & Carvalho (2015) apontam para o fato de que a lei penal não
definiu o que pode ser incluído como moléstia venérea, sendo este um elemento normativo
extrajurídico do tipo. De acordo com os autores, a recomendação é de interpretação extensiva
da lei, a fim de incluir no tipo penal, diversas doenças transmitidas sexualmente.
Ainda segundo os doutrinadores, a AIDS não é incluída nesse rol, uma vez que:
[...] não é moléstia venérea, ainda que passível de contágio através de
relações sexuais ou de outros atos libidinosos. A prática de ato capaz de
transmiti-la pode configurar, segundo o propósito do agente, o delito
insculpido no artigo 131 (perigo de contágio de moléstia grave), lesão
corporal grave ou homicídio, se caracterizado o contágio. (PRADO,
CARVALHO & CARVALHO, 2015, p. 712)

Já a tipicidade subjetiva de que trata o caput do artigo 130 diz respeito ao dolo,
que pode ser direto ou eventual.
No direto, abordado na primeira parte do dispositivo – Expor alguém, por meio
de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe,
o agente atua com consciência e vontade de provocar uma situação de perigo, posto que sabe
que está efetivamente contaminado pela doença venérea. Na segunda parte, ou deve saber,
ainda que não ciente da contaminação, e que desta forma não queira diretamente expor a
vítima a perigo de contágio, preferindo arriscar-se a produzir o resultado, a renunciar à ação,
o que caracteriza a ação com dolo eventual.
Prado, Carvalho & Carvalho (2015) atentam para o fato de que tanto o dolo quanto a
culpa serão afastados nos casos em que o agente, presumindo cura por afirmação médica,
expõe alguém por meio de relação sexual ao contágio, uma vez da incidência de um erro de
tipo inevitável, tema constante no caput do art. 20 do Código Penal (BRASIL, 1940).
Diz-se consumado o crime de perigo de contágio venéreo pelo contato sexual,
independente do efetivo contágio. A ocorrência ou não deste será uma das variáveis
observadas no momento da fixação da pena-base, como determina o artigo 59 do Código
Penal (BRASIL, 1940).
A tentativa também é admissível para esse crime, uma vez que os atos sexuais ou
libidinosos só não se consumaram por fatores alheios à vontade do agente.
As consequências do contágio para a vítima também podem ser imputadas ao agente.
Para lesões resultantes da moléstia, este poderá responder por lesão corporal de natureza
grave dolosa (art. 129, §§ l º e 2º CP) quando agiu com dolo ou, por lesão corporal culposa
(art. 129, § 6, CP) se agiu culposamente.
Para os casos de morte da vítima após o contágio, Prado, Carvalho & Carvalho (2015,
p. 713) alertam para o fato de que o perigo de contágio venéreo (norma consumida) é fase
de realização de outro (norma consuntiva), o que implica que o tipo penal mais amplo
absorve o de menor abrangência:
Se a moléstia venérea transmitida causa a morte da vítima, perfaz-se o
delito de lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º, CP) , se o agente
atuou com consciência e vontade de ofender a integridade pessoal da
vítima (com a transmissão da moléstia) ou assumiu o risco da produção do
resultado lesivo (contágio); todavia, se agiu com animus necandi , há
homicídio doloso consumado (art. 12 , CP) ; responde o sujeito ativo por
homicídio culposo (art. 121,§ 3°, CP), se o contágio resultou da
inobservância d o cuidado objetivamente devido. Em todas essas hipóteses,
o delito de perigo de contágio venéreo (norma consumida) é fase de
realização de outro (norma consuntiva). Ou seja, o conteúdo do tipo penal
mais amplo (art. 129, §§ 1 .0, 2.0 e 3.0, ou art. 121, CP), pelo critério de
consunção, absorve o de menor abrangência (art. 130, CP), que constitui
uma etapa daquele.

O § 1° do artigo 130 trata ainda da forma qualificada do crime, ao dispor que


“Se é intenção do agente transmitir a moléstia”, ou seja, a intenção não foi apenas criar uma
situação de perigo, mas de fato contagiar a vítima. Enquanto no caput o dolo considerado é
eventual – pode ou não ocorrer o contágio, o § 1° considera como qualificadora a intenção
do agente em produzir o dolo direto.

c) Pena e ação penal


As penas variam do caput do art. 130 à qualificadora do § 1°. Dessa forma,
comina-se pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa conforme dispõe o caput. Se
é intenção do a gente transmitir a moléstia, tem-se como pena a reclusão, de um a quatro a
nos, e multa.
A competência para processo e julgamento do delito é do Juizado Especial
Criminal (art. 61, Lei 9.099/1995). Admite-se em todas as hipóteses a suspensão condicional
do processo (art. 89, Lei 9.099/1995), ressalvada a hipótese de violência doméstica e familiar
contra a mulher (art. 41, Lei 11.340/2006).
A ação penal é pública condicionada à representação, como prescreve o art. 130,
§ 2° do Código Penal (BRASIL, 1940).

3 PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE

Assim como o crime de perigo de contágio venéreo, o perigo de contágio de moléstia


grave tem como objeto a proteção da saúde humana e incolumidade física, como aponta
Bitencourt (2012). Para o autor, diferentemente do que defendem Prado, Carvalho &
Carvalho (2015) a vida não é bem tutelado por esse tipo penal, uma vez que sobrevindo a
morte da vítima, a eventual punição do dano deslocará a tipificação da conduta, que segundo
o primeiro poderá ser a dos artigos 121 (de homicídio) ou o 129, § 3° (Se resulta morte e as
circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de
produzi-lo).
Além do aspecto mais amplo do termo moléstia grave – não mais venérea, outra
peculiaridade desse tipo penal é o perigo de contaminação por qualquer meio possível.
Reconhecido como um crime de ação livre, nesse tipo, a conduta típica do agente pode ser
praticada com a utilização de qualquer meio disponível e capaz de contaminação, entre eles
seringas, instrumentos cortantes e outros.
No Código Penal (BRASIL, 1940), tal crime está previsto no artigo 131, o qual
dispõe:
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que
está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Bitencourt (2012), a partir do caput é possível definir que o crime de perigo de


contágio de moléstia grave trata-se do tipo de perigo concreto, com dolo de dano, formal,
doloso, comum, comissivo e instantâneo. Isto porque, como crime formal, sua consumação
é antecipada, não exigindo a produção do resultado, que, sobrevindo, o exaurirá.
É crime de perigo porque a simples prática da conduta expondo a perigo o bem
jurídico tutelado já configurará o tipo penal, e com dolo de dano porque exige a finalidade
de transmitir a moléstia grave, que, potencialmente, produzirá um dano. Só admite a forma
dolosa e não admite o dolo eventual, em razão do especial fim de transmitir a moléstia.
Por não exigir condição ou qualidade especial do sujeito passivo, podendo ser
praticado por qualquer pessoa contaminada, Bitencourt (2012) destaca o caráter comum.
Além disso, ele destaca que a presença do verbo praticar exige atividade, o que o caracteriza
como um tipo comissivo. Porém o autor alerta para a possibilidade de ocorrência da forma
omissiva: “[...] embora, excepcionalmente, possa receber a forma omissiva, quando, por
exemplo, a mãe contaminada por moléstia grave e contagiosa permite que o filho a toque,
com a intenção de transmitir-lhe a moléstia [...]” (BITENCOURT, 2012, p. 592).
O crime é ainda instantâneo por conta de sua completude em determinado
instante, sem alongar-se no tempo.

a) Sujeitos
Como sujeitos do crime de contágio de moléstia grave assume o posto de ativo
a pessoa contaminada por moléstia grave contagiosa. O passivo, o que é vítima. Prado,
Carvalho & Carvalho (2015) alertam para a possibilidade de crime impossível pela ineficácia
do meio quando o agente, supondo que está infectado, tenta transmitir a suposta moléstia e,
para os casos em que o sujeito passivo já está infectado pela mesma moléstia, havendo nesse
caso o crime impossível pela impropriedade do objeto.

b) Tipicidade objetiva e subjetiva

No crime de perigo de contágio de moléstia grave a conduta típica consiste na


prática do ato capaz de transmitir a moléstia de que o sujeito ativo está contaminado.
Neste ponto, Prado, Carvalho & Carvalho (2015, p. 715) destacam que o
conceito de moléstia grave não foi delimitado pela legislação, sendo, portanto, elemento
normativo extrajurídico do tipo. A delimitação fica a cargo das ciências médicas e devem
ser averiguadas por perícia. Na atualidade, são consideradas moléstias graves aquelas que
afetam seriamente a saúde, perturbando o funcionamento regular do organismo. Os autores
asseveram que: “É indispensável, porém, que a moléstia grave - aguda ou crônica, curável
ou incurável - seja transmissível por contágio”.
Entre essas moléstias, estão inclusas, por exemplo, a tuberculose, lepra, febre
amarela, difteria, cólera, sarampo, meningite, AIDS. Outras enfermidades não transmissíveis
ou hereditárias como o câncer, diabetes, entre outros, não podem ser assim consideradas.
Quanto ao tipo subjetivo, de acordo com a doutrina majoritária é composto pelo
dolo direto. Há uma intenção do agente em contaminar a vítima com a moléstia a qual tem
ciência de que está infectado. Dessa maneira:

A forma culposa não foi prevista explicitamente pela lei. Se o agente, por
inobservância do cuidado objetivamente devido, pratica ato capaz de
produzir o contágio, não há delito algum, ante a regra da excepcionalidade
do delito culposo (art. 18, parágrafo único, CP). Porém, se do contágio
resulta moléstia grave, responde o agente por lesão corporal culposa (art.
129, § 6.0, CP); se provoca a morte da vítima, por homicídio culposo (art.
121, § 3.0, CP). (PRADO, CARVALHO & CARVALHO, 2015, p. 717)

c) Pena e ação penal


Como consta no artigo 131, as penas são de reclusão, de um a quatro anos, e multa.
É também cabível a suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/1995), o que não
se aplica aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista (art. 41, Lei 11.340/2006).
Porém, Prado, Carvalho & Carvalho (2015) destacam que se a vítima do delito previsto
no artigo 29, § 9.0, é do sexo masculino, nada obsta a possibilidade de suspensão condicional
do processo, nos moldes do artigo 89 da Lei 9.099/1995.
A ação penal é pública incondicionada.

REFERÊNCIAS

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal 2: parte especial, dos crimes
contra a pessoa. 12. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2012.

BRASIL. Planalto. Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm>. Acesso em: 18
abr. 2019.

_______. Lei Nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm>. Acesso em: 18 abr. 2019.
_______. Lei N.°11.340, de 7 de Agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm >. Acesso em: 18
abr. 2019.
PRADO, Luiz Regis; CARVALHO, Érika Mendes de; CARVALHO, Gisele Mendes de.
Curso de direito penal brasileiro. 14. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.

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