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Correspondência 8/4/19.

São Paulo/SP, 8 de abril de 2019.

Ilma. Sra.

José Luiz Desordi Lautert

Superintendente do Iphan no Paraná

Rua José de Alencar, 1808, Alto da Rua XV

CEP: 80040-070 - Curitiba/PR

PROCESSO: 01508.000591/2018-12

Ref. – Relatório do projeto Avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico do condomínio


residencial Moradas do Parque II e Relatório de Avaliação de Impacto aos Bens Culturais
Registrados.

Prezado Senhor Superintendente,

Em atenção ao Termo de Referência Específico (TRE) n.º 154/IPHAN-PR, de 5/11/2018, à


Portaria autorizativa n.º 13, de 01/03/2019, bem como aos demais diplomas legais que regem a
gestão do patrimônio cultural brasileiro, submeto os relatórios de (i) Avaliação de Impacto ao
Patrimônio Arqueológico e de (ii) Avaliação de Impacto aos Bens Culturais Registrados,
referentes ao Condomínio Residencial Moradas do Parque II, empreendimento imobiliário que
será implantado na cidade de Curitiba, estado do Paraná.

Em relação ao projeto de arqueologia, destaca-se que todas as atividades previstas no plano de


trabalho aprovado pelo IPHAN foram executadas e os resultando registrados foram negativos
para a presença vestígios arqueológicos.

A avaliação de impacto ao patrimônio cultural registrado, da mesma forma, resultou na


constatação de ausência de praticantes, ou de bens associados à Capoeira (Mestre e Roda), na
área de influência direta do empreendimento, ou seja, na constatação da ausência de impactos
negativos à produção e reprodução das práticas a partir da implantação e operação do
empreendimento.

Ainda assim, como forma de ampliar a área de verificação, buscou-se por referências
relacionadas à Capoeira na área urbana de Curitiba, oportunidade em que foi possível realizar
algumas entrevistas, dentre elas, com o Mestre Pixote.

Avenida Senador Casemiro da


(11) 5594 5994 contato@matisconsultoria.com.br
Rocha, nº 609 – CJ. 62
Mirandópolis, São Paulo – SP. CEP
04047-001
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Destaca-se, em relação à avaliação de impacto ao patrimônio cultural registrado, que o relatório


construído refere-se aos empreendimentos Condomínio Residencial Moradas do Parque I e
Condomínio Residencial Moradas do Parque II, uma vez que as áreas dos empreendimentos
são contíguas e, consequentemente, as áreas de influência direta de ambos são quase que
totalmente coincidentes, não havendo necessidade, salvo melhor juízo, da construção de
documentos distintos.

Considerando, por fim, os resultados da Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico e da


Avaliação de Impacto aos Bens Culturais Registrados, cujos resultados apontam para a
inexistência de impactos negativos ao patrimônio cultural brasileiro, recomenda-se a anuência
do IPHAN às licenças ambientais necessárias à implantação (LI) e operação (LO) para o
empreendimento.

Em atenção, ainda, ao Ofício n.º 58/CNA-IPHAN, de 5/3/2018, segue anexa declaração do


empreendedor dando ciência do teor dos relatórios, bem como anuindo à sua submissão ao
Instituto.

Certa de contar com a atenção desta Superintendência, agradeço antecipadamente.

Atenciosamente,

_________________________________________

Lilia Benevides Guedes Lins


Arqueóloga Responsável

Avenida Senador Casemiro da


(11) 5594 5994 contato@matisconsultoria.com.br
Rocha, nº 609 – CJ. 62
Mirandópolis, São Paulo – SP. CEP
04047-001
13/19

Relatório Final

Avaliação de impacto ao patrimônio


arqueológico do condomínio residencial
Moradas do Parque II
Curitiba/PR

Processo Iphan nº 01508.000591/2018-60

mar/2019
SUMÁRIO Erro! Indicador não definido.

LISTA DE FIGURAS 2

LISTA DE GRÁFICOS 4

IDENTIFICAÇÃO 5

INTRODUÇÃO 6

1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 7

Áreas de Influência do empreendimento 7

● Área Diretamente Afetada 7

● Área de Influência Direta – AID 7

● Área de Influência Indireta – AII 8

2. JUSTIFICATIVA TÉCNICO-CIENTÍFICA PARA A ESCOLHA DAS ÁREAS 9

3. ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O LEVANTAMENTO


ARQUEOLÓGICO 12

4. RESULTADOS 16

Intervenções em subsuperfície 24

5. PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO, DIVULGAÇÃO CIENTIFICA E


EXTROVERSÃO 28

6. RELATO DAS ATIVIDADES DE ESCLARECIMENTO DESENVOLVIDAS 29

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 31

8. RELATÓRIO DESCRITIVO DAS INTERVENÇÕES DE CAMPO 32

ANEXO I – MATERIAL INFORMATIVO E DE DIVULGAÇÃO

ANEXO II – CARTA DE ACEITE DO EMPREENDEDOR

1
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa das áreas de influência do empreendimento. ............................... 8


Figura 2 – Área que sofre frequentes alagamentos com as cheias do rio Barigui
localizada a aproximadamente 200 m do terreno onde será implantado o
empreendimento. Foto: Adilson Jr, 2019. .............................................................. 10
Figura 3: Mapa de poços-testes ............................................................................ 11
Figura 4: Mapa de registro dos caminhamentos realizados na ADA. .................... 13
Figura 5 – Caminhamentos intensivos realizados na área de vegetação mais densa.
Foto: Adilson Jr, 2019. .......................................................................................... 14
Figura 6 – Caminhamentos intensivos realizados na área de vegetação mais
esparsa. Foto: Adilson Jr, 2019. ............................................................................ 14
Figura 7 – Peneiramento do sedimento retirado da intervenção escavada. Foto:
Adilson Jr, 2019..................................................................................................... 15
Figura 8 – Escavação da intervenção. Foto: Adilson Jr, 2019............................... 15
Figura 9 – Registro dos dados nas fichas de campo. ............................................ 15
Figura 10 – Imagem de satélite indicando as áreas averiguadas próximas a recursos
hídricos. Adaptado de Google Earth Pro, 2019. .................................................... 16
Figura 11 – Baixão alagável nos períodos de cheias do Rio Barigui. Foto: Adilson
Jr, 2019. ................................................................................................................ 17
Figura 12 – Perfil de elevação do terreno do Condomínio Residencial Moradas do
Parque II. Adaptado de Google Earth Pro, 2019. .................................................. 18
Figura 13 – Compartimentação topográfica do Condomínio Residencial Moradas do
Parque II. Adaptado de Google Earth Pro, 2019. .................................................. 19
Figura 14 – Cobertura vegetal observada na área do Condomínio Residencial
Moradas do Parque II. Adaptado de Google Earth Pro, 2019. .............................. 20
Figura 15 – Vegetação observada na área do empreendimento. Foto: Adilson Jr,
2019. ..................................................................................................................... 20
Figura 16 – Vegetação observada na área do empreendimento. Foto: Adilson Jr,
2019. ..................................................................................................................... 20

2
Figura 17 – Vegetação observada na área do empreendimento. Foto: Adilson Jr,
2019. ..................................................................................................................... 21
Figura 18 – Vegetação observada na área do empreendimento. Foto: Adilson Jr,
2019. ..................................................................................................................... 21
Figura 19 – Grau de exposição do solo na área do Condomínio Residencial Moradas
do Parque II . Adaptado de Google Earth Pro, 2019. ............................................ 22
Figura 20 – Área com visibilidade da superfície do solo média. Foto: Adilson Jr,
2019. ..................................................................................................................... 22
Figura 21 – Área com visibilidade da superfície do solo baixa. Foto: Adilson Jr, 2019.
.............................................................................................................................. 22
Figura 22 – Dinâmica sedimentar da área do Condomínio Residencial Moradas do
Parque II . Adaptado de Google Earth Pro, 2019. ................................................. 23
Figura 23 – Intervenções realizadas na área do Condomínio Residencial Moradas
do Parque II. Adaptado de Google Earth Pro, 2019. ............................................. 24
Figura 24 – Profundidade final da intervenção. Foto: Adilson Jr, 2019. ................ 25
Figura 25 – Profundidade final da intervenção. Foto: Adilson Jr, 2019. ................ 25
Figura 26 – Profundidade final da intervenção. Foto: Adilson Jr, 2019. ................ 25
Figura 27 – Escavação da intervenção. Foto: Adilson Jr, 2019............................. 25
Figura 28 – Escavação do poço-teste. Foto: Adilson Jr, 2019. ............................. 26
Figura 29 – Escavação do poço-teste. Foto: Adilson Jr, 2019. ............................. 26
Figura 30 – Fácie 1 identificada nas intervenções. Foto: Adilson Jr, 2019............ 27
Figura 31 – Fácie 1 identificada nas intervenções. Foto: Adilson Jr, 2019. ........... 27
Figura 32 – Fácie 1 identificada nas intervenções. Foto: Adilson Jr, 2019. ........... 27
Figura 33 – Fácie 1 identificada nas intervenções. Foto: Adilson Jr, 2019. ........... 27
Figura 34 – Fácie 2 identificada nas intervenções. Foto: Adilson Jr, 2019. ........... 28
Figura 35 – Fácie 2 identificada nas intervenções. Foto: Adilson Jr, 2019. ........... 28
Figura 36 – Atividade de esclarecimento com o Sr. Marcondes Paiva e com os
auxiliares. .............................................................................................................. 30
Figura 37 – Atividade de esclarecimento e levantamento imaterial com o Sr. Elton
Barz. Foto: Adilson Jr, 2019. ................................................................................. 30

3
Figura 38 – Atividade de esclarecimento e levantamento imaterial com o Mestre
Pixote, capoeirista e morador do bairro Pilarzinho. Foto: Adilson Jr, 2019. .......... 30
Figura 39 – Profundidade final do PT001 . Foto: Adilson Jr, 2019. ....................... 34
Figura 40 – Profundidade final do PT002. Foto: Adilson Jr, 2019. ........................ 34
Figura 41 – Profundidade final do PT003. Foto: Adilson Jr, 2019. ........................ 34
Figura 42 – Profundidade final do PT004. Foto: Adilson Jr, 2019. ........................ 34
Figura 43 – Profundidade final do PT005. Foto: Adilson Jr, 2019. ........................ 34
Figura 44 – Profundidade final do PT006. Foto: Adilson Jr, 2019. ........................ 34
Figura 45 – Profundidade final do PT007. Foto: Adilson Jr, 2019. ........................ 35
Figura 46 – Profundidade final do PT008. Foto: Adilson Jr, 2019. ........................ 35
Figura 47 – Profundidade final do PT009. Foto: Adilson Jr, 2019. ........................ 35
Figura 48 – Profundidade final do PT010. Foto: Adilson Jr, 2019. ........................ 35
Figura 49 – Profundidade final do PT011. Foto: Adilson Jr, 2019. ........................ 35
Figura 50 – Profundidade final do PT012. Foto: Adilson Jr, 2019. ........................ 35
Figura 51 – Profundidade final do PT013. Foto: Adilson Jr, 2019. ........................ 36

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Motivo do encerramento da intervenção realizada. ............................. 25
Gráfico 2 – Texturas/granulometria observada nas Fácies 1. ............................... 26

4
IDENTIFICAÇÃO
EMPREENDIMENTO
Condomínio Residencial Moradas do Parque II
Curitiba/PR

Empreendedor Tenda Negócios Imobiliários S/A


CNPJ 09.625.762/0061-99
Endereço Rua Marechal Deodoro, 148 – Centro, Curitiba/PR
Representante
Legal José Francisco Duarte

RESPONSABILIDADE TÉCNICA
Arqueóloga
Lilia Benevides Guedes Lins – Mestre em arqueologia
Coordenadora
E-mail lilia.guedes.matisconsultoria.com.br
Telefone (11) 5594 5949
Arqueólogo de
Adilson Pereira Nascimento Junior
campo
E-mail adilsonpnjunior@gmail.com
Telefone (41) 9896 1160
APOIO INSTITUCIONAL
Instituição Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-História - DHI UEM
Endereço Avenida Colombo, 5790 Bloco G-45 – Maringá
Telefone (44) 30114670
E-mail lab-laee@uem.br

5
INTRODUÇÃO

Em consonância com as diretrizes legais, o presente relatório foi elaborado


com vistas a apresentar os resultados do projeto Avaliação de Impacto ao
Patrimônio Arqueológico do Condomínio Residencial Moradas do Parque II
(Processo Iphan nº 01508.000591/2018-60), que será instalado no município de
Curitiba, estado do Paraná.

O programa de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico visa


atender a legislação vigente e segue escopo estabelecido pelo Termo de Referência
Específico – TRE – para o empreendimento, classificado em Nível III de acordo com
TRE Nº 154 / DIVTEC IPHAN-PR/IPHAN-PR, cujo processo em curso é de nº
01508.000590/2018-60.

De acordo com a Instrução Normativa nº 01/2015, a fase de Avaliação de


Impacto ao Patrimônio Arqueológico aplicada aos empreendimentos de nível III
requer um relatório de pesquisa apresentando a caracterização e avaliação do grau
de conservação do patrimônio arqueológico da AID, se houver, justificativa técnico-
científica para a escolha das áreas onde foi realizado o levantamento arqueológico,
baseado em dados primários obtidos em campo, descrição das atividades
realizadas durante o levantamento arqueológico, relato das atividades de
esclarecimento, avaliação dos impactos diretos e indiretos do empreendimento no
patrimônio arqueológico na ADA e recomendação das ações necessárias à
proteção, à preservação in situ, ao resgate e/ou à mitigação dos impactos ao
patrimônio arqueológico que deverão ser observadas na próxima etapa do
Licenciamento.

Para tanto, segue detalhamento dos itens supracitados para avaliação do


Iphan. Ressaltamos que as pesquisas realizadas se mostraram eficazes para uma
avaliação assertiva e resultaram na constatação de ausência de vestígios
arqueológicos, logo, o empreendimento não representa qualquer dano ao
patrimônio cultural.

6
1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
O empreendimento, de interesse da empresa Tenda Negócios Imobiliários
S/A, denominado Condomínio Residencial Moradas do Parque II, consiste na
implantação de edificações destinadas a conjuntos habitacionais para habitação
popular, composto 336 unidades habitacionais, 21 blocos com 4 pavimentos,
portaria e áreas de lazer. Os apartamentos têm área privativa de 38,68 m²
totalizando 14.668,87² de área construída.

Áreas de Influência do empreendimento


As informações aqui apresentadas são oriundas da Ficha de Caracterização
de Atividade (FCA) fornecidas pelo empreendedor.

● Área Diretamente Afetada


Corresponde ao terreno a ser efetivamente ocupado e transformado pelo
empreendimento abrangendo toda e qualquer porção que haja revolvimento do
solo, com área total de 16.288,17m². As coordenadas geográficas que delimitam a
poligonal do empreendimento são apresentadas no quadro a seguir:

Quadro 1 - Coordenadas geográficas da poligonal do empreendimento - Sirgas 2000


Vértices Zona X Y
Vértice 1 22J 670998,368 7191148,734
Vértice 2 22J 671035,278 7191189,774
Vértice 3 22J 671060,676 7191186,739
Vértice 4 22J 671110,327 7191192,241
Vértice 5 22J 671130,094 7191171,477
Vértice 6 22J 671147,345 7191157,090
Vértice 7 22J 671147,608 7191152,890
Vértice 8 22J 671157,508 7191092,906
Vértice 9 22J 671131,744 7191023,810
Vértice 10 22J 671136,864 7190986,879

● Área de Influência Direta – AID


Área onde os impactos das ações do empreendimento incidem diretamente,
no entanto, de maneira primária sobre os elementos dos meios: físico (solo, água e
ar); sócio econômico (uso e ocupação do solo, aspectos sociais e econômicos, e

7
aspectos arqueológicos); e biótico (vegetação e fauna). A AID considerada foi o
buffer de 500 metros em torno do empreendimento.

● Área de Influência Indireta – AII


Área ampla e de abrangência territorial regional na qual se insere o
empreendimento, onde as ações incidem de forma secundária e terciária (indireta)
durante sua fase de operação. Para este empreendimento a AII considerada foi o
município de Curitiba, estado do Paraná.

Figura 1 - Mapa das áreas de influência do empreendimento.

8
2. JUSTIFICATIVA TÉCNICO-CIENTÍFICA PARA A ESCOLHA DAS ÁREAS
A cidade de Curitiba está inserida na unidade geomorfológica conhecida
como o primeiro planalto ou planalto de Curitiba que tem início na Serra do Mar e
se estende até a escarpa Devoniana. Apresenta relevo com altitudes mais suave na
região mais ao sul e na porção norte apresenta relevo acidentado com altitudes
mais acentuadas chegando a aproximadamente 1000 m em relação ao nível do
mar.

A porção mais ao norte do município, mais precisamente o bairro do


Pilarzinho, local onde será implantado o empreendimento, está sob o domínio
hidrográfico da bacia do Rio Barigui que corta a cidade de norte a sul até desaguar
no extremo oeste do estado.

Este rio e seus afluentes estão a aproximadamente 200 metros de distância


dos limites do empreendimento correndo em direção ao Parque Tingui à oeste. As
suas cheias influenciam sobremaneira a dinâmica do bairro do Pilarzinho, pois as
porções mais baixas apresentam grandes problemas de alagamento.

9
Figura 2 – Área que sofre frequentes alagamentos com as cheias do rio Barigui localizada a
aproximadamente 200 m do terreno onde será implantado o empreendimento. Foto: Adilson Jr, 2019.

No que tange a pedologia do local, nota-se a predominância de latossolos


que possui característica de serem bastante profundos e são encontrados
normalmente em terrenos mais planos, possuem boa drenagem, no entanto, pouco
fértil para agricultura.

Apesar de estar em um bairro bastante populoso, a área onde será


implantado o empreendimento apresenta baixa intervenção humana recente. Esta
afirmação é corroborada quando ao observar a vegetação no local, sendo
compostas por árvores de pequeno, médio e grande porte, além de alguns trechos
bastante densos dificultando por vezes a locomoção.

Com intuito de definir o potencial arqueológico definiu-se pontos para


averiguação, onde buscou-se compreender o local, a paisagem e os recursos

10
naturais disponíveis que pudessem ter possibilitado a presença de grupos humanos
do passado.

Desta forma, foi definido o total de doze pontos de averiguação com


distancias pré-estabelecidas de aproximadamente 35 metros entre elas. Como
apresentado no Projeto de Avaliação, as averiguações consistiram em
caminhamentos e perfurações em subsuperfície conforme mapa abaixo.

Figura 3: Mapa de poços-testes

11
3. ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O LEVANTAMENTO
ARQUEOLÓGICO
Antes de dar início às atividades do levantamento arqueológico em campo
buscou-se caracterizar o potencial arqueológico da área onde será implantado o
Condomínio Residencial Moradas do Parque II, para isto foram realizadas consultas
em bibliográficas especializadas, tais como trabalhos técnicos voltados ao
licenciamento ambiental.

Além disso, foram levantadas informações sobre os aspectos ambientais, tais


como geologia, geomorfologia, vegetação, pedologia, hidrografia e consultas a
imagens de satélite, tendo em vista que estes dados fornecerão informações sobre
a configuração do relevo e a dinâmica sedimentar da área estudada e ainda
possibilitar a identificação de geoindicadores que pudesse facilitar a ocupação
humana pretérita no local.

As atividades de levantamento de campo no terreno do Condomínio


Residencial Moradas do Parque II foram realizadas nos dias 14 e 15 de março de
2019 com uma equipe composta pelo arqueólogo de campo e dois auxiliares.

Conforme projeto aprovado por esta autarquia, o primeiro procedimento


adotado em campo foi a definição de estratégias de como acessar as áreas e
realizar o levantamento arqueológico.

Tendo em vista que a área estudada apresentava vegetação por vezes


bastante densa, foi necessária a abertura de picadas, o que dificultou a locomoção
da equipe em campo, desta forma, os caminhamentos foram realizados com
distâncias máximas de até de 10 metros entre os observadores.

Nos locais onde a vegetação era mais esparsa a distância dos observadores
foi ampliada, assim atingindo uma maior área.

12
Foram realizados caminhamentos intensivos entre as áreas que deveriam ser
averiguadas, atingindo todas as porções do terreno. Segue abaixo o mapa de
registro dos caminhamentos.

Figura 4: Mapa de registro dos caminhamentos realizados na ADA.

13
Figura 5 – Caminhamentos intensivos realizados na Figura 6 – Caminhamentos intensivos realizados na
área de vegetação mais densa. Foto: Adilson Jr, área de vegetação mais esparsa. Foto: Adilson Jr,
2019. 2019.

Nos pontos pré-estabelecidos foram realizadas averiguações em


subsuperfície que consistiram em escavação de 13 poços-teste com a cavadeira
articulada (boca de lobo). Todo o sedimento retirado das intervenções foi peneirado,
em peneiras com armação de madeira e tela de arame galvanizado malha 6 visando
detectar qualquer vestígio arqueológico que pudesse existir.

Durante as escavações buscou-se sempre respeitar a mudanças das


camadas estratigráficas, sendo registrada em fichas de campo, sua coloração,
textura, compactação etc.

Além das camadas sedimentares, foi feito o registro nas fichas de campo
acerca da topografia, relevo, vegetação, uso e ocupação da área, hidrografia e
dinâmica sedimentar. Estes dados coletados in situ possibilitaram a compreensão
do contexto da área estudada.

Ao fim das escavações as intervenções eram fechadas com o sedimento


retirado, assim evitando acidentes.

14
Figura 7 – Peneiramento do sedimento retirado da Figura 8 – Escavação da intervenção. Foto: Adilson
intervenção escavada. Foto: Adilson Jr, 2019. Jr, 2019.

Figura 9 – Registro dos dados nas fichas de campo.

15
4. RESULTADOS
Conforme indicado em projeto, foram distribuídas ao longo do terreno 13
pontos para serem averiguados abrangendo toda a extensão da ADA, sendo
realizada pelo menos uma intervenção por ponto definido.

Ainda em campo, observou-se a presença de geoindicadores que possibilitam


a implantação de assentamentos ou atividades de grupos humanos do passado,
tais como afloramentos rochosos, fontes de matéria-prima argilosa, recursos
hídricos entre outros.

A área onde será implantado o empreendimento encontra-se próximo a zona


de inundação do Rio Barigui. Das áreas averiguadas somente um dos pontos
definidos encontram-se a mais de 200 metros dos recursos hídricos. Cabe ressaltar
que a área de baixão próximo ao terreno possui regime de intermitência, estando
as suas cheias associadas às cheias do rio.

Os demais geoindicadores listados não foram identificados nas proximidades


do empreendimento.

Figura 10 – Imagem de satélite indicando as áreas averiguadas próximas a recursos hídricos. Adaptado de
Google Earth Pro, 2019.

16
Figura 11 – Baixão alagável nos períodos de cheias do Rio Barigui. Foto: Adilson Jr, 2019.

Como já tratado anteriormente, o município de Curitiba encontra-se em uma


formação geomorfológica de grande altitude, estando a porção norte (onde se
encontra o bairro Pilarzinho) com as maiores cotas altimétricas registradas na
cidade. Em escala micro, o terreno onde será implantado o condomínio apresenta
altitude variando de 914-925 metros em relação ao nível do mar.

17
Figura 12 – Perfil de elevação do terreno do Condomínio Residencial Moradas do Parque II. Adaptado de
Google Earth Pro, 2019.

Devido à localização da ADA em relação a calha principal do rio Barigui, nota-


se que as porções mais baixas estão associadas à sua proximidade, sendo assim,
a porção sul do terreno encontra-se na alta vertente representando 76,9% das áreas
averiguadas e a porção noroeste/nordeste com 23,1% está implantada na média
vertente, conforme indicado na imagem abaixo.

18
Figura 13 – Compartimentação topográfica do Condomínio Residencial Moradas do Parque II. Adaptado de
Google Earth Pro, 2019.

Apesar do bairro Pilarzinho ser considerado uma das áreas mais populosas
da cidade de Curitiba, tendo diversos comércios, condomínios e conjunto
habitacionais em toda a sua extensão, é perceptível a presença de muita área verde
conservada, sendo percebido o mesmo na nossa área de estudo.

A cobertura vegetal de maior predominância foi a arbórea com árvores de


pequeno, médio e grande porte, sendo por vezes bastante densas (38,5% das áreas
averiguadas) e em outras partes mais esparsas (38,5% das averiguações), em
outras áreas a vegetação variava para arbustiva densa (23% das averiguações).

19
Figura 14 – Cobertura vegetal observada na área do Condomínio Residencial Moradas do Parque II.
Adaptado de Google Earth Pro, 2019.

Figura 15 – Vegetação observada na área do Figura 16 – Vegetação observada na área do


empreendimento. Foto: Adilson Jr, 2019. empreendimento. Foto: Adilson Jr, 2019.

20
Figura 17 – Vegetação observada na área do Figura 18 – Vegetação observada na área do
empreendimento. Foto: Adilson Jr, 2019. empreendimento. Foto: Adilson Jr, 2019.

Diante do que foi observado com relação a vegetação e após conversas com
moradores, foi possível determinar o uso e ocupação como área de mata que não
foi mexida até o momento. Possivelmente esta área antigamente era uma
continuidade das outras áreas verdes do entorno que, a medida que o bairro foi
ampliando foram divididas em porções menores.

A determinação do potencial arqueológico de uma área, entre outras coisas,


está associada a compreensão da paisagem onde o local de estudo está inserido,
as condições ambientais, assim como, na observação da superfície e na realização
das intervenções que determinaria a existência de bens de valor arqueológico em
subsuperficie.

Por se tratar de uma área com grande quantidade de vegetação nativa a


visualização da superfície do terreno foi bastante limitada devido a presença de
folhas e restos de matéria orgânica, variando de locais com visibilidade baixa
(76,6% das áreas averiguadas) a visibilidade média (23,1% das averiguações).

21
Figura 19 – Grau de exposição do solo na área do Condomínio Residencial Moradas do Parque II . Adaptado
de Google Earth Pro, 2019.

Figura 20 – Área com visibilidade da superfície do Figura 21 – Área com visibilidade da superfície do
solo média. Foto: Adilson Jr, 2019. solo baixa. Foto: Adilson Jr, 2019.

O último atributo observado durante as averiguações da área estudada foi a


dinâmica sedimentar que consiste em compreender os processos sedimentares
associados à perda ou deposição de material de uma área para a outra. A perda de
material está associada ao transporte de sedimento, podendo ser ação da
gravidade, transporte hidrogravitacional, entre outros. Já a deposição está

22
associada, normalmente, a áreas de baixa vertente onde esses sedimentos
transportados se depositam.

No terreno trabalhado as áreas associadas a alta vertente também estão


associadas a área de perda de material (23,1% das áreas averiguadas),
principalmente devido a ação das águas da chuva, enquanto, as áreas de média
vertente, mais próximas a calha do rio Barigui, foram caraterizadas por áreas de
deposição (76,9% das áreas averiguadas).

Figura 22 – Dinâmica sedimentar da área do Condomínio Residencial Moradas do Parque II . Adaptado de


Google Earth Pro, 2019.

23
Intervenções em subsuperfície
As intervenções foram realizadas nos locais pré-estabelecidos em projeto,
tendo distancias estimadas de 35 metros entre elas. Estas perfurações tinham por
objetivo a caracterização do potencial arqueológico em subsuperficie. Ao todo foram
totalizadas 13 intervenções distribuídas por todo a área do terreno, sendo todos eles
executados. Segue abaixo a distribuição espacial dos poços-testes realizados.

Figura 23 – Intervenções realizadas na área do Condomínio Residencial Moradas do Parque II. Adaptado de
Google Earth Pro, 2019.

No que diz respeito à profundidade, sete intervenções atingiram o limite da


cavadeira (~ 1 metro de profundidade) e as demais, por estarem implantadas em
área com solo intransponível, tiveram que ser interrompidas antes.

24
Gráfico 1 - Motivo do encerramento da intervenção realizada.

Figura 24 – Profundidade final da intervenção. Foto: Figura 25 – Profundidade final da intervenção. Foto:
Adilson Jr, 2019. Adilson Jr, 2019.

Figura 26 – Profundidade final da intervenção. Foto: Figura 27 – Escavação da intervenção. Foto: Adilson
Adilson Jr, 2019. Jr, 2019.

25
Figura 28 – Escavação do poço-teste. Foto: Adilson Figura 29 – Escavação do poço-teste. Foto: Adilson
Jr, 2019. Jr, 2019.

Durante as escavações foram identificadas duas fácies, que variavam quanto


a textura, coloração e profundidade. A fácie 1 foi percebida nas profundidades 10
cm, 20 cm, 30 cm, 50 cm, 60 cm e 80 cm nas intervenções realizadas. As variações
foram também percebidas nas texturas variando de arenosa média a areno-argilosa
e nas colorações sendo predominante o preto e o marrom.

Gráfico 2 – Texturas/granulometria observada nas Fácies 1.

26
Figura 30 – Fácie 1 identificada nas intervenções. Figura 31 – Fácie 1 identificada nas intervenções.
Foto: Adilson Jr, 2019. Foto: Adilson Jr, 2019.

Figura 32 – Fácie 1 identificada nas intervenções. Figura 33 – Fácie 1 identificada nas intervenções.
Foto: Adilson Jr, 2019. Foto: Adilson Jr, 2019.

As fácies 2 apresentou três tipos de textura/granulometria, sendo elas:


arenosa média (30,8% das intervenções), argilosa (30,8% das intervenções) e
areno-argilosa (38,5% das intervenções) com colorações variando entre o marrom
e o laranja. Estas camadas tiveram início no final da fácie 1 e não houve alteração
até o encerramento da intervenção.

27
Figura 34 – Fácie 2 identificada nas intervenções. Figura 35 – Fácie 2 identificada nas intervenções.
Foto: Adilson Jr, 2019. Foto: Adilson Jr, 2019.

Apesar do esforço empregado na área do Condomínio Residencial Moradas


do Parque II não foram identificados vestígios arqueológicos de ocupações
pretéritas na Área Diretamente Afetada, seja em superfície ou em subsuperficie.
Desta forma, é possível afirmar que esta área apresenta baixo potencial
arqueológico.

5. PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO, DIVULGAÇÃO CIENTIFICA E


EXTROVERSÃO

A divulgação científica e extroversão do conhecimento produzido nesta


pesquisa foi feita através da produção do presente relatório técnico que será
disponibilizado na íntegra, para livre consulta, após aprovação desta autarquia.
Além disso, poderão ser produzidos artigos científicos, resumos e posters para
participação de encontros e congressos de Arqueologia ou áreas afins, mediante
significância científica dos resultados.

Desta feita, devido à ausência de bens arqueológicos evidenciados na ADA,


as informações aqui apresentadas podem orientar e complementar outros trabalhos
na região.

28
6. RELATO DAS ATIVIDADES DE ESCLARECIMENTO DESENVOLVIDAS
Ao longo da realização do Programa de Avaliação de Impacto ao Patrimônio
Arqueológico na área do Condomínio Residencial Moradas do Parque II foram
realizadas atividades de esclarecimento junto aos auxiliares Diego Gatti e Alexandre
Matuchesk e com o morador Marcondes Paiva.
Ademais, durante as atividades de levantamento para o Relatório de
Avaliação de Impacto ao Patrimônio Imaterial foi aproveitada a ocasião e realizamos
a atividade de esclarecimento com o Mestre Pixote e com o historiador Elton Barz.
Todos os diálogos foram realizados com o auxílio do folder produzido pela
Matis Consultoria em Arqueologia. Os temas abordados foram:
1 O que Patrimônio Cultural?
2 Diferença entre o Patrimônio Material e Imaterial
3 Qual a diferença entre a Arqueologia e a Paleontologia?
4 O que Patrimônio Arqueológico?
5 O que são sítios arqueológicos?
6 Quais as etapas do trabalho do arqueólogo?
7 Os sítios pré-coloniais
8 Arqueologia Histórica
9 Qual a importância da preservação do patrimônio arqueológico?

Na ocasião foram distribuídos folders informativos, bem como, divulgação


dos canais de comunicação da Matis Consultoria em Arqueologia para divulgação
e extroversão dos resultados.
Além dos esclarecimentos efetuados face aos interlocutores supracitados,
bem como, a distribuição do folder informativo (anexo), também foi feita postagem
na rede social da Matis Consultoria em Arqueologia, que pode ser acessada no
seguinte endereço: https://www.facebook.com/matisconsultoria/.
A seguir são apresentados o registro fotográfico das ações de
esclarecimento, o folder explicativo distribuído nos locais de interesse e material
publicado na página do Facebook da Matis Consultoria em Arqueologia.

29
Figura 36 – Atividade de esclarecimento com o Sr. Marcondes Paiva e com os auxiliares.

Figura 37 – Atividade de esclarecimento e Figura 38 – Atividade de esclarecimento e


levantamento imaterial com o Sr. Elton Barz. Foto: levantamento imaterial com o Mestre Pixote,
Adilson Jr, 2019. capoeirista e morador do bairro Pilarzinho. Foto:
Adilson Jr, 2019.

30
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades promovidas durante esse estudo tiveram como objetivo
primário diagnosticar as potencialidades arqueológicas da área do empreendimento
e a partir daí realizar um prognóstico sobre os possíveis impactos ao patrimônio
arqueológico.
A metodologia utilizada neste estudo contemplou atividades de pesquisas
que como o levantamento de campo e revisão bibliográfica, além de atividades
interventivas para amostras do potencial em subsuperfície da ADA.
Dessa forma, apesar da ADA estar inserida em uma região de relevância
arqueológica, os resultados registrados foram negativos para a presença de
cultura material arqueológico na ADA do empreendimento, os remanescentes
históricos identificados revelam informações sobre a ocupação da área em períodos
não muito distantes, todavia, não apresentam densidade ou significância científica
passíveis de um estudo através de métodos próprios à arqueologia.
Dito isto, não constam informações sobre bens arqueológicos na ADA e AID
do empreendimento, razão pela qual não estão contemplados os itens I, IV, V, VI,
VIII, X, XI do artigo 20 da Instrução Normativa de março de 2015.
Assim considera-se que os estudos cumpriram todas as prerrogativas
técnicas e metodológicas estabelecidas pela legislação e pelas recomendações
emitidas pelo Instituído do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Portanto, considerando que o empreendimento não causará impacto ao
patrimônio arqueológico recomenda-se a este Instituto, a anuência de todas as
licenças pleiteadas.

31
8. RELATÓRIO DESCRITIVO DAS INTERVENÇÕES DE CAMPO

UTM

Motivo do Encerramento
Material Arqueológico
Intervenção Escavada

textura/granulometria

textura/granulometria
Nome da Intervenção

Profundidade Final

Coloração

Coloração
Inclusão

Inclusão
Facie 1

Fácie 2
Zona X Y

Solo
000-100 000-020 arenosa matéria 020-080 arenosa não se
PT001P 22J 671051 7191177 Sim preto marrom Não Intransponí
cm cm média orgânica cm média aplica
vel

Solo
000-100 000-060 areno- matéria 060-090 não se
PT002P 22J 671086 7191176 Sim preto marrom argilosa Não Intransponí
cm cm argilosa orgânica cm aplica
vel

Solo
000-100 000-050 arenosa matéria 050-080 não se
PT003P 22J 671121 7191176 Sim preto laranja argilosa Não Intransponí
cm cm média orgânica cm aplica
vel

000-100 000-050 arenosa matéria 050-100 arenosa não se


PT004P 22J 671016 7191142 Sim marrom laranja Não Atingiu 1 M
cm cm média orgânica cm média aplica
000-090 000-050 areno- matéria 050-100 areno- não se
PT005P 22J 671051 7191142 Sim preto laranja Não Atingiu 1 M
cm cm argilosa orgânica cm argilosa aplica
000-090 000-080 areno- não se 080-100 não se
PT006P 22J 671086 7191141 Sim preto marrom argilosa Não Atingiu 1 M
cm cm argilosa aplica cm aplica
000-100 000-050 areno- não se 050-100 areno- não se
PT007P 22J 671121 7191141 Sim marrom laranja Não Atingiu 1 M
cm cm argilosa aplica cm argilosa aplica

32
UTM

Motivo do Encerramento
Material Arqueológico
Intervenção Escavada

textura/granulometria

textura/granulometria
Nome da Intervenção

Profundidade Final

Coloração

Coloração
Inclusão

Inclusão
Facie 1

Fácie 2
Zona X Y

000-100 000-080 arenosa não se 080-100 areno- não se


PT008P 22J 671050 7191107 Sim preto marrom Não Atingiu 1 M
cm cm média aplica cm argilosa aplica

Solo
000-090 000-010 arenosa não se 010-090 não se
PT009P 22J 671085 7191106 Sim marrom laranja argilosa Não Intransponí
cm cm média aplica cm aplica
vel

000-100 000-060 areno- não se 060-100 areno- não se


PT010P 22J 671120 7191106 Sim marrom laranja Não Atingiu 1 M
cm cm argilosa aplica cm argilosa aplica

grânulos
000-100 000-020 arenosa não se 020-100 arenosa
PT011P 22J 671085 7191072 Sim marrom laranja de rocha Não Atingiu 1 M
cm cm média aplica cm média
[<1cm]

Solo
000-090 000-010 arenosa não se 010-080 areno- não se
PT012P 22J 671120 7191071 Sim marrom laranja Não Intransponí
cm cm média aplica cm argilosa aplica
vel

Solo
000-090 000-030 arenosa matéria 030-090 arenosa não se
PT013P 22J 671120 7191036 Sim preto marrom Não Intransponí
cm cm média orgânica cm média aplica
vel

33
Figura 39 – Profundidade final do PT001 . Foto: Figura 40 – Profundidade final do PT002. Foto:
Adilson Jr, 2019. Adilson Jr, 2019.

Figura 41 – Profundidade final do PT003. Foto: Figura 42 – Profundidade final do PT004. Foto:
Adilson Jr, 2019. Adilson Jr, 2019.

Figura 43 – Profundidade final do PT005. Foto: Figura 44 – Profundidade final do PT006. Foto:
Adilson Jr, 2019. Adilson Jr, 2019.

34
Figura 45 – Profundidade final do PT007. Foto: Figura 46 – Profundidade final do PT008. Foto:
Adilson Jr, 2019. Adilson Jr, 2019.

Figura 47 – Profundidade final do PT009. Foto: Figura 48 – Profundidade final do PT010. Foto:
Adilson Jr, 2019. Adilson Jr, 2019.

Figura 49 – Profundidade final do PT011. Foto: Figura 50 – Profundidade final do PT012. Foto:
Adilson Jr, 2019. Adilson Jr, 2019.

35
Figura 51 – Profundidade final do PT013. Foto:
Adilson Jr, 2019.

36
ANEXO I – MATERIAL INFORMATIVO E DE DIVULGAÇÃO

37
CONTATO
11 5594-5994
www.matisconsultoria.com.br
ANEXO II – CARTA DE ACEITE DO EMPREENDEDOR

38
09/19

Relatório de Avaliação de Impacto aos Bens


Culturais Registrados
Condomínios Residenciais Moradas do Parque I e
Moradas do Parque II
Curitiba/PR

Processos nº 01508.000590/2018-60 e 01508.000591/2018-12

mar/2019
SUMÁRIO

SUMÁRIO 2

IDENTIFICAÇÃO 3

INTRODUÇÃO 4

1. LEGISLAÇÃO DO PATRIMONIO 6

2. CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS 15

3. OBJETIVOS 16

4. CONTEXTO ETNOHISTÓRICO DE CURITIBA 17

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA 20

6. OFICIO DO MESTRE DE CAPOEIRA E RODA DE CAPOEIRA 28

7. RESULTADOS 30

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 42

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44

2
IDENTIFICAÇÃO
EMPREENDIMENTO
Condomínios Residenciais Moradas do Parque I e Moradas do Parque II
Curitiba/PR

Empreendedor Tenda Negócios Imobiliários S/A


CNPJ 09.625.762/0061-99
Endereço Rua Marechal Deodoro, 148 – Centro, Curitiba/PR
Representante Legal José Francisco Duarte
RESPONSABILIDADE TÉCNICA

Arqueóloga Coordenadora Lilia Benevides Guedes Lins – Mestre em arqueologia


E-mail lilia.guedes.matisconsultoria.com.br
Telefone (11) 5594 5949
Arqueólogo de campo Adilson Pereira Nascimento Junior
E-mail adilsonpnjunior@gmail.com
Telefone (41) 9896 1160
APOIO INSTITUCIONAL
Instituição Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-História - DHI UEM
Endereço Avenida Colombo, 5790 Bloco G-45 – Maringá
Telefone (44) 30114670
E-mail lab-laee@uem.br

3
INTRODUÇÃO

O presente relatório consolida os resultados da Avaliação de Impacto aos


Bens Culturais Registrados nas áreas de influência dos Condomínios Residenciais
Moradas do Parque I e II, processos IPHAN n.º 01508.000590/2018-60 e
01508.000591/2018-12, respectivamente, que serão instalados no município de
Curitiba, no estado do Paraná. Optou-se pela elaboração de um único relatório
considerando, sobretudo, que as áreas dos empreendimentos são contíguas, não
havendo, portanto, mudança significativa nos resultados apresentados.

O Relatório de Avaliação de Impacto aos Bens Culturais Registrados tem por


objetivo o cumprimento das exigências do licenciamento ambiental para os
empreendimentos em tela, assim como, objetiva o atendimento à legislação vigente
e segue escopo estabelecido pelos Termo de Referência Específicos (TRE)
expedidos para os empreendimentos.

Segundo os referido TR’s, há apenas um bem tombado e quatro valorados


no município de Curitiba, entretanto, os mesmos encontra-se distantes das
proximidades dos empreendimentos e, desta forma, não foram incluídos nos TR’s
como necessários à avaliação de impacto.

No que tange aos bens registrados, nos termos do Decreto nº 3551/2000, por
se tratar de empreendimentos em área urbana, havia a possibilidade de ocorrência
de atividades relacionadas à Capoeira, bem cultural Registrado em 2008, e, desta
forma, optou-se por verificar a influência do empreendimento na dinâmica de
reprodução dos bens a ela (Capoeira) associados, sobretudo na Área de Influencia
Direta (AID) do empreendimento.

O Relatório de Avaliação de Impacto aos Bens Culturais Registrados, de


acordo com o art. 13 da Instrução Normativa n.º 01/2015, deverá conter a (i)
localização georreferenciada dos bens culturais imateriais acautelados e
comunidades a eles associadas; (ii) caracterização, contextualização e avaliação
da situação do patrimônio imaterial acautelado, assim como dos bens culturais a ele

4
associados; (iii) avaliação das ameaça ou impactos sobre o patrimônio material e
imaterial acautelado e, por fim, (iv) a proposição de medidas para controlar e mitigar
os impactos provocados pelo empreendimento.

Diante disso, durante os estudos buscou-se, por meio dos levantamentos


primários e secundários, obter informações sobre os bens registrados e os
detentores do saber na AID. Desta forma, além de revisões bibliográficas foram
conduzidas entrevistas in loco com aplicação de um questionário predefinido
seguindo a metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC).

Ao final das atividades constatou-se que a implantação dos Condomínios


Residenciais Moradas do Parque I e II não trarão qualquer alteração no
desenvolvimento das atividades, na pratica e no Oficio dos Mestres de Capoeira e,
desta forma, não impactando o patrimônio cultural imaterial, conforme será
demonstrado a seguir.

5
1. LEGISLAÇÃO DO PATRIMONIO
A Constituição da República Federativa do Brasil foi o primeiro documento a
tratar sobre a definição e a preservação do Patrimônio Cultural brasileiro no ano de
1988 expressos principalmente nos arts. 215 e 216 e seus respectivos incisos.
Conforme demonstrado a seguir:

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e
acessos às fontes da cultura nacional e apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais.

§ 1º O estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas


e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório
nacional.

§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação


para os diferentes segmentos étnicos nacionais.

§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual,


visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder
público que conduzem à:

I. Defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;


II. Produção, promoção e difusão de bens de cultura;
III. Formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas
múltiplas dimensões;
IV. Democratização do acesso aos bens de cultura;
V. Valorização da diversidade étnica e regional;

O Plano Nacional de Cultura descrito no § 3º foi criado através da Lei nº


12.343/10 que visa orientar o desenvolvimento de programas, projetos e ações
culturais que promova, preserve e valorize a diversidade cultural existente no Brasil,
reconhecendo assim, a pluralidade da nossa cultura.
O Artigo 216 e seus incisos, por outro lado, apresenta a conceituação sobre
patrimônio cultural brasileiro e suas diversas naturezas, a saber:

6
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memoria dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I. as formas de expressão;
II. os modos de criar, fazer e viver;
III. as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV. as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V. os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Anteriormente a criação da Constituição de 1988 a questão do patrimônio


cultural esteve diretamente ligada aos bens de interesse da elite brasileira que
beneficiou a proteção de monumentos, obras de arte e conjuntos arquitetônicos de
grande valor para remontar a história oficial.

Para isto se instituiu o Decreto-Lei nº 25 de 30 de novembro de 1937 que


organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico que dentre outras coisas
institui o Tombamento com a criação dos Livros de Tombo, conforme apresentado
a seguir:

Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro


Livros do tombo, nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta
lei, a saber:

1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as


coisas pertencentes às categorias de arte arqueológica, etnográfica,
ameríndia e popular, e bem assim as mencionadas no § 2º do citado
art. 1º;
2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interesse histórico e as
obras de arte histórica;

7
3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional
ou estrangeira;
4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na
categoria de artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras.

Desta forma, percebe-se que as “leis e decretos destinados à proteção e


tombamento do patrimônio histórico brasileiro preteriram os bens culturais de etnias
não europeias que tiveram fundamental importância na criação da identidade
nacional” (PELEGRINI, 2008).

Entretanto, a partir da década de 1980 passa-se a ver outras facetas da


nossa formação étnico-cultural, que foram relegadas anteriormente, passando-se a
reconhecer além dos bens naturais e materiais (móvel e imóvel), os bens imateriais
ou intangíveis.

Essa dinâmica de acepção de patrimônio, inspirada numa


percepção antropológica de cultura, marcou os reptos do “Registro
de Bens Culturais de Natureza Imaterial” e concretizou-se a partir
do Decreto nº 3551/2000. As novas frentes de proteção ao
patrimônio nacional intangível tornaram cogente a abertura de
outros quatro livros (PELEGRINI, 2008).

Este Decreto nº 3.551 de 04 de agosto de 2000 instituiu o Registro de Bens


Culturais de Natureza Imaterial que constituem o patrimônio cultural brasileiro e
também cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial. De acordo, com este
decreto cada registro dos bens de imateriais será designado a um dos livros de
registro, sendo eles:

 Livro de Registro dos Saberes, onde serão inscritos conhecimentos e


modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades;
 Livro de Registro de Celebrações, onde serão inscritos rituais e festas
que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do
entretenimento e de outras práticas da vida social;

8
 Livro de Registro das Formas de Expressão, onde serão inscritas
manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas;
 Livro de Registro dos Lugares, onde serão inscritos mercados, feiras,
santuários, praças e demais espaços onde se concentram e
reproduzem práticas culturais coletivas.

Estão sob a proteção do IPHAN atualmente 47 bens imateriais registrados,


conforme quadro abaixo (IPHAN, 2019):

Quadro 1: Lista de Bens Imateriais Registrados. Fonte: Adaptado de IPHAN (2019)


Bem Cultural Livro de Registro Estado (UF) Abrangência
Oficio das Paneleiras de Goiabeiras Saberes ES local
Arte Kusiwa - Pintura Corporal e Arte
Formas de Expressão AP local
Gráfica Wajápi
Samba de Roda do Reconcavo Baiano Formas de Expressão BA estadual
Círio de Nossa Senhora de Nazaré Celebração PA local
Modo de fazer Viola-de-Cocho Saberes MT e MS regional
Ofício das Baianas de Acarajé Saberes BA local
Jongo no Sudeste Formas de Expressão SP, RJ,ES, MG regional
Cachoeira de Iauaretê - Lugar Sagrado dos
Lugar AM local
povos indígenas dos Rios Uaupés e Papuri
Feira de Caruaru Lugar PE local
Frevo Formas de Expressão PE estadual
Tambor de Crioula do Maranhão Formas de Expressão MA estadual
Matrizes do Samba no Rio de Janeiro:
partido alto, samba de terreiro e samba Formas de Expressão RJ estadual
enredo
Modo artesanal de fazer Queijo de Minas
nas regiões do Serro da Serra da Canastra Saberes MG local
e Salitre/Alto Paranaíba
AC, AL, AP, BA, CE, DF, ES, GO,
MA, MT, MS, MG, PA, PB, PR, PE,
Oficio dos Mestres de Capoeira Saberes nacional
PI, RJ, RN, RS, RO, RR, SC, SP,
SE, TO
AC, AL, AP, BA, CE, DF, ES, GO,
MA, MT, MS, MG, PA, PB, PR, PE,
Roda de Capoeira Formas de Expressão nacional
PI, RJ, RN, RS, RO, RR, SC, SP,
SE, TO
Modo de Fazer Renda Irlandesa tendo
como referência este Oficio em Divina Saberes SE local
Pastora/SE
Oficio de Sineiro Saberes MG estadual
Toque dos Sinos em Minas Gerais Formas de Expressão MG estadual
Festa do Divino Espirito Santo de
Celebração GO local
Pirenópolis/GO
Sistema Agrícola Tradicional do Rio
Saberes AM local
Negro/AM
Ritual Yaokwa do povo indígena Enawenê
Celebração MT e MS local
Nawê
Festa de Santa'Ana de Caicó/RN Celebração RN local

9
Bem Cultural Livro de Registro Estado (UF) Abrangência
Complexo Cultural do Bumba-meu-Boi do
Celebração MA estadual
Maranhão
Saberes e Práticas Associadas ao modo de
Saberes TO, PA, GO, MT regional
fazer Bonecas Karajás/TO
Ritxòtò: Expressão Artística e Cosmológica
Formas de Expressão TO, PA, GO, MT regional
do Povo Karajá
Fandango Caiçara Formas de Expressão SP, PR regional
Festa do Divino Espirito Santo da Cidade de
Celebração RJ local
Paraty/RJ
Festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim Celebração BA local
Festividades do Glorioso São Sebastião na
Celebração PA local
região do Marajó
Produção Tradicional e práticas
socioculturais associadas a Cajuína no Saberes PI estadual
Piauí
Carimbó Formas de Expressão PA local
Tava, Lugar de Referência para o Povo
Lugar RS estadual
Guarani.
Maracatu Nação Formas de Expressão PE estadual
Maracatu Baque-Solto Formas de Expressão PE estadual
Cavalo Marinho Formas de Expressão PE regional
Teatro de Bonecos Popular do Nordeste
Mamulengo, Babau, João Redondo e Formas de Expressão RN, PE, PB, CE, DF local
Cassimiro Coço
Modos de Fazer Cuias do Baixo Amazonas Saberes PA local
Festa do Pau de Santo Antônio de
Celebração CE local
Barbalha/CE
Romaria de Carros de Boi da Festa do
Celebração GO local
Divino Pai Eterno de Trindade
Caboclinho pernambucano Formas de Expressão PE local
Feira de Campina Grande Lugar PB local
Tradições Doceiras da Região de Pelotas e
Antiga Pelotas - Morro Redondo, Ituruçu, Saberes RS estadual
Capão do Leão e Arroio do Padre
RJ, DF, AL, BA, CE, MA, PB, PI,
Literatura de Cordel Formas de Expressão regional
PE, RN, SE
Procissão do Senhor dos Passos de
Celebração SC local
Florianópolis/SC
Sistema Agrícola Tradicional de
Comunidades Quilombolas do Vale do Saberes SP estadual
Ribeira
Complexo Cultural do Boi Bumbá do Médio
Celebração AM estadual
Amazonas e Parintins
Marabaixo Formas de Expressão AP estadual

No ano de 2003 com o frequente debate acerca do Patrimônio Cultural


Imaterial foi realizada em Paris a 32ª sessão da Convenção para salvaguarda do
Patrimônio Cultural Imaterial que reitera o que veio a ser definido e discutido no
Brasil com a criação dos Livros de Registro, além de sugerir cooperação e
assistência internacional na salvaguarda do patrimônio imaterial.

10
A seguir serão apresentados outros documentos que tratam da preservação
do patrimônio cultural brasileiro.

 Decreto Nº 7.387, de 09/12/2010, que institui o Inventário Nacional da


Diversidade Linguística (INDL);
 Portaria Interministerial Nº 60, de 24/03/2015. Estabelece
procedimentos administrativos que disciplinam a atuação dos órgãos
e entidades da administração pública federal em processos de
licenciamento ambiental de competência do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama;
 Instrução Normativa IPHAN 001, de 25/03/2015. Estabelece
procedimentos administrativos a serem observados pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional nos processos de
licenciamento ambiental dos quais participe.

 Portaria IPHAN n.º 137, de 28/04/2016, que estabelece diretrizes de


Educação Patrimonial no âmbito do IPHAN e das Casas do
Patrimônio;
 Portaria IPHAN n.º 199, de 18/05/2016, que cria a Coordenação
Técnica Nacional de Licenciamento, no âmbito do Gabinete da
Presidência do IPHAN;
 Portaria IPHAN nº 196 de 18/05/2016. Dispõe sobre a conservação de
bens arqueológicos móveis, cria o Cadastro Nacional de Instituições
de Guarda e Pesquisa, o Termo de Recebimento de Coleções
Arqueológicas e a Ficha de Cadastro de Bem Arqueológico Móvel;
 Plano Municipal de Cultura de Curitiba-PMCC
 Decreto estadual nº 4841 de 16/06/2016. Instituí o Registro de Bens
Culturais de Natureza Imaterial que constituem o Patrimônio Cultural
Paranaense.

11
Dentre as leis, portarias e decretos apresentados acima cabe destaque para
este trabalho a Instrução Normativa nº 01/2015 do IPHAN e o Decreto Estadual nº
4841/2016.

A Instrução Normativa nº 01/2015 dispõe sobre os procedimentos


administrativos observados pelo IPHAN quando este precisar se manifestar nos
processo de licenciamento ambiental federal, estadual e municipal em razão da
existência de intervenção na Área de Influência Direta (AID) do empreendimento em
bens culturais acautelados em âmbito federal.

A partir da criação dessa Instrução Normativa o processo de licenciamento


passou a ser de forma mais assertiva de acordo com o tipo de empreendimento e
interferência que o mesmo acarretará podendo ser baixa, média ou alta.

No que diz respeito aos bens culturais acautelados a Instrução, solicita


quando há a ocorrência dos mesmos na área de implantação do empreendimento,
a elaboração de um Relatório de Avaliação de Impacto aos Bens Culturais
Tombados, Valorados e Registrados, conforme é apresentado no Art. 13, a saber:

Art. 13. As Superintendências Estaduais ou Sede Nacional receberão, para


avaliação o Relatório de Avaliação de Impacto aos Bens Culturais Tombados,
Valorados e Registrados presentes na AID, que deverá conter:

I. Localização e delimitação georreferenciada dos bens culturais


materiais;
II. Caracterização e avaliação da situação do patrimônio material
existente;
III. Localização georreferenciada dos bens culturais imateriais
acautelados e comunidades a eles associadas;
IV. Caracterização, contextualização e avaliação da situação do
patrimônio imaterial acautelado, assim como dos bens culturais a ele
associados;

12
V. Avaliação das ameaças ou impactos sobre o patrimônio material e
imaterial acautelado;
VI. Proposição de medidas para a preservação e salvaguarda do
patrimônio material e imaterial acautelado;
VII. Proposição de medidas para controlar e mitigar os impactos
provocados pelo empreendimento; e
VIII. Proposição de Projeto Integrado de Educação Patrimonial, conforme
descrito nos arts. 43 ao 45 para os empreendimentos dos Níveis III e
de Nível IV da tabela constante do Anexo I.

De acordo com o TRE Nº 133 / DIVTEC IPHAN-PR/IPHAN-PR, para o


empreendimento em tela apesar de o município de Curitiba possuir um bem
tombado e quatro valorados (patrimônio material), estes encontram-se distantes da
área de implantação do residencial, desta forma, não havendo a possibilidade de
impacto.

Já com relação aos Bens Registrados para o estado do Paraná há


conhecimento de três bens, sendo eles:

 Roda de Capoeira: Livro de Registro das Formas de Expressão,


21/10/2008;
 Oficio dos Mestres de Capoeira: Livro de Registro dos Saberes,
21/10/2008;
 Fandango Caiçara: Livro de Registro das Formas de Expressão,
29/11/2012.

Destes elencados acima, foi solicitado no TRE Nº 133 / DIVTEC IPHAN-


PR/IPHAN-PR a avaliação de impacto dos bens registrados associados à atividade
da Capoeira, sendo preciso apresentar às ameaças ou impactos do
empreendimento às praticas culturais na Área Diretamente Afetada (ADA) e na Área
de Influência Direta (AID), assim como propor e medidas mitigatórias.

13
O Decreto Estadual nº 4841 publicado no dia 16 de agosto de 2016 institui o
registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem o Patrimônio
Cultural Paranaense. Este decreto estadual segue os mesmo Livros de Registros
definidos no Decreto nº 3551/00, entretanto, as propostas de registros serão
avaliadas pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná,
como mostra o Art. 3º e seus respectivos parágrafos, apresentado abaixo:

Art. 3º. As propostas para registro, acompanhadas de sua documentação


técnica, serão dirigidas ao Secretário de Estado da Cultura que as submeterá ao
Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico.

§ 1º. A instrução do processo será de responsabilidade da Coordenadoria do


Patrimônio Cultural da Secretária de Estado da Cultura.

§ 2º A instrução constará de descrição pormenorizada do bem a ser


registrado, acompanhada da documentação correspondente, e deverá mencionar
todos os elementos que lhe sejam culturalmente relevantes;

§ 3º A instrução do processo poderá ser feita por outros órgãos da Secretária


de Estado da Cultura ou por entidade pública ou privada que detenha
conhecimentos específicos sobre a matéria, nos termos do regulamento a ser
desenvolvido pela Coordenação do Patrimônio Cultural da Secretária de Estado da
Cultura e aprovado pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico.

§ 4º Ultimada a instrução, a Coordenadoria do Patrimônio Cultural emitirá um


parecer a respeito da proposta de registro.

§ 5º O parecer de que se trata o parágrafo anterior será publicado no Diário


Oficial da União do Estado do Paraná, para eventuais manifestações sobre o
registro que deverão ser apresentadas à Coordenação do patrimônio Cultural no
prazo de 30 dias da publicação.

No município de Curitiba com a aprovação do Plano Municipal de Cultura de


Curitiba – PMCC em 2015 que consiste em um instrumento de planejamento,

14
afirmação de direitos culturais e de organização das politicas públicas em Curitiba
(FUNDAÇÃO DE CULTURA DE CURITIBA, 2019) e com a criação da Lei de
Registro de Bens de Natureza Imaterial no estado Paraná, além de incentivos
municipais, foi possível a criação do Plano Setorial da Capoeira.
As diretrizes do Plano Setorial da Capoeira da Fundação Cultural de Curitiba
são:
1. Garantir o registro da Capoeira como Patrimônio Cultural
Imaterial do Município de Curitiba e a salvaguarda de todos os
saberes e fazeres relativos a capoeira e suas manifestações
associadas (como o Maculelê, o Frevo, o Jongo, a Puxada de Rede,
o Samba de Roda, tambor de crioula, dança afro, confecção de
instrumentos e outros) no âmbito municipal, visando produzir um
sistema permanente com atualização contínua para subsidiar o
planejamento e a tomada de decisões referentes às politicas
públicas para a Capoeira em Curitiba;
2. Criar e manter uma estrutura municipal de suporte para a
capoeira, com gestão compartilhada entre o poder público e a
sociedade civil, sempre ouvindo o Setorial da Capoeira, como
também uma formação continuada aos capoeiristas em temas
pertinentes, visando o reconhecimento e certificação das
manifestações da capoeira e de seus Mestres para a salvaguarda
da Capoeira de Curitiba (FUNDAÇÃO DE CULTURAL DE
CURITIBA, 2019).

2. CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS


Os empreendimentos, de interesse da empresa Tenda Negócios Imobiliários
S/A, denominados Condomínio Residencial Moradas do Parque I e Moradas do
Parque II, consiste na implantação de edificações destinadas a conjuntos
habitacionais para habitação popular, enquadrado na faixa 1,5 e/ou 2 do Programa
Minha Casa Minha Vida, totalizando, os dois empreendimentos, 30.266,32 m² de
área construída.

As áreas de influência direta (AID) para os dois empreendimentos foram


determinadas a partir de um buffer de 500 m a partir dos limites das respectivas
ADA’s; as áreas de influência indireta (AII), por sua vez, limitou-se ao município de
Curitiba, no estado do Paraná.

15
O mapa abaixo demonstra as áreas de influência dos dois empreendimentos,
bem como a intersecção dos dois, motivo pelo qual optou-se por elaborar um único
Relatório de Avaliação de Impacto aos Bens Culturais Registrados:

Mapa 1: Áreas de influência dos empreendimentos Moradas do Parque I e II.

3. OBJETIVOS
 Identificar os bens culturais imateriais acautelados e comunidades a eles
associadas existente na ADA e/ou AID do empreendimento;
 Caracterizar, contextualizar e avaliar a situação do patrimônio imaterial
acautelado;

16
 Avaliar a existência de ameaças ou impactos sobre o patrimônio imaterial
acautelado;
 Propor medidas para a preservação e salvaguarda do patrimônio imaterial
acautelado caso ele tenha sido identificado na ADA e/ou AID do
empreendimento;
 Propor medidas para controle e mitigação dos impactos provocados pelo
empreendimento ao bem acautelado.

4. CONTEXTO ETNOHISTÓRICO DE CURITIBA


Em decorrência das descobertas de Colombo nas Américas, firmou-se o
Tratado de Tordesilha, acordo entre Portugal e Espanha, que tinha como fulcro
dividir as terras fora da Europa "descobertas e por descobrir" por ambas as Coroas.
O tratado definia como linha de demarcação o meridiano a oeste da ilha de
Santo Antão, no arquipélago de Cabo Verde, situada a meio caminho entre estas
ilhas (então portuguesas) e as ilhas das Caraíbas, denominadas "Cipango" e Antília.
Os territórios a leste deste meridiano pertenceriam a Portugal e os territórios a
oeste, a Espanha (Castela), (MOTA, 2011).
Grande parte do estado do Paraná, segundo o Tratado de Tordesilhas,
pertencia à Espanha e sua ocupação europeia se deu com vistas a se proteger a
minas de Potosi, dando início ao que hoje é o território paranaense.
Na época esse território era chamado de Guayrá e tinha como limites o rio
Iguaçu (ao sul), o rio Paraná (a oeste), a linha do Tratado de Tordesilhas e o Oceano
Atlântico, que funcionava como limite natural, a leste.
O litoral do estado do Paraná, por sua vez, pertencia a coroa portuguesa,
mais precisamente, a parte norte pertencia a capitania de São Vicente (Martin
Afonso de Souza) e o litoral sul pertencia a capitania de Sant’ Ana, comandada por
Pero Lopes de Souza (FERREIRA, et.al., 2011).
Todo o território paranaense era, antes da chegada dos europeus, ocupado
por populações indígenas e calcula-se que uma densidade populacional acima de
400 mil habitantes. Os Xetás habitavam a serra dos Dourados, entre os rios Paraná

17
e Ivaí, os kaingang habitavam as regiões de Palmas e Guarapuava e nas
proximidades dos rios Tibagi e Ivaír e os guaranis estavam ao longo das margens
do Rio Paraná e eram conhecidos como carijós esses últimos ocuparam a região
litorânea situada entre Cananeia (SP) e a Lagoa dos Patos (RS), (figura 2)
(ESTEVES, 2011).
Os Guarani ocuparam os vales e as terras adjacentes de quase todos os
grandes rios e de seus afluentes. Raramente estabeleciam suas aldeias em rocas
em áreas campestres. A maioria dos sítios arqueológicos da Tradição Tupiguarani
estão inseridos em áreas cobertas por florestas, seguindo o padrão de estabelecer
as aldeias e as plantações em clareiras dentro da mata (MOTA, 2011).
Estudos arqueológicos apontam que os primeiros habitantes da porção
litorânea eram grupos sambaquieiros e em 1500 os Tupiniquins disputavam esses
territórios com os guaranis, então chamados de carijós.
Alvar Nunez Cabeza de Vaca descreve o contato e a entrada em territórios
pertencentes a diferentes grupos guarani e produz o primeiro documento a informar
que quase todo o interior do Paraná estava habitado e, ao mesmo tempo, a mostrar
que havia uma divisão política entre esses diversos grupos de mesma matriz
cultural, organizados politicamente em cacicados.
Staden escreveu em Duas viagens ao Brasil que, na Baía de Paranaguá
encontraram portugueses vivendo com os índios Tupiniquins e que ao sul de
encontravam-se os Carijos (Guarani), inimigos dos Tupiniquim.
A partir de 1554, os bandeirantes percorreram o litoral do Paraná para buscar
ouro e para capturar indígenas para venda como escravos, com a descoberta das
minas nos ribeirões da região, deu-se início ao povoamento definitivo quando se
fundou as primeiras vilas do litoral (MOTA, 2011).
A primeira Sesmaria começou em 1614 e anos mais tarde foi fundado uma
povoação na ilha da Cotinga. Em seguida tornou-se a Capitania de Nossa Senhora
do Rosário de Paranaguá, que existiu até o declínio da extração de ouro, em 1711,
tornando-se parte da capitania de São Paulo.

18
Os índios Guarani que habitavam o atual território de Curitiba, na primeira
metade do século XVII, exploravam os imensos pinheirais da região e mantinham
relações com os habitantes não-índios do litoral e com os mineradores de ouro.
Com o fim do ciclo do ouro deu-se início ao segundo grande ciclo econômico,
notadamente o tropeirismo, que levou ao reinício da ocupação e desenvolvimento
da região. Esse ciclo foi altamente próspero gerando grandes fortunas e
favorecendo o desenvolvimento no interior (MOTA, 2011).
O ciclo tropeiro consistia no transporte de mulas capturadas ou compradas
dos criatórios da região das missões, de onde tomavam vários destinos, em especial
para as Minas Gerais. As mulas representavam o melhor meio de transporte em
terrenos acidentados como é a região mineira. Esse tropear, feito sobre território
espanhol, representou uma lenta, silente e gradual ocupação dessas terras.
A cidade de Curitiba, nessa época, era somente um agrupamento de casas
de moradores que as ocupavam somente nos dias de festas e deveres religiosos.
Possuía cerca de dez ruas agrupadas em torno da Praça Matriz, entre os rios Belém
e Ivo. Como ficava à margem, a cidade só começou a ter lucros com a conquista do
centro e norte dos Campos Gerais, devido a abertura da estrada de Viamão -
Sorocaba. Essa abertura propiciou a conquista dos campos ao sul de Curitiba, tendo
como centro a Lapa.
A partir de 1820 uma série de movimentos separatistas eclodiram na região,
mas todas fracassaram politicamente. Todavia, reconheceu-se a necessidade da
emancipação do Paraná devido ao desenvolvimento da região quando o Barão de
Monte Alegre envia ao Ministro do Império uma solicitação para a elevação da
Comarca de Curitiba à categoria de província (BURILLE).
Finalmente em dois de agosto de 1853, o projeto foi aprovado e se criou a
Província do Paraná, em 19 de dezembro toma posse o primeiro presidente da nova
Província Zacarias de Góes e Vasconcelos. O Paraná contava, até então, com
apenas duas cidades Curitiba e Paranaguá, com sete vilas e seis freguesias.
Nesse interim surge o terceiro grande ciclo econômico que foi a
comercialização da erva mate, planta conhecida como congonha, já bastante

19
consumida pelos indígenas e apreciada por suas qualidades estimulantes e
digestivas, seu consumo chegou a ser proibido nas Reduções de Guairá, pois, a

consideravam “erva do diabo”.

O auge da produção de mate foi alcançado durante o período da Guerra do


Paraguai devido ao boicote promovido pela Argentina e Uruguai ao mate araguaio,
tal fato fez da erva-mate se tornasse o principal produto de exportação até a primeira
grande guerra (MOTA, 2011).
Em 1829 surgiu a primeira colônia alemã com o objetivo de estabelecer um
núcleo de povoamento na rota dos tropeiros a fim de afugentar os indígenas do
local. Em 1847 surge a primeira colônia francesa na margem do rio Ivaí e em 1852
foi fundada, na entrada da Baía de Paranaguá, a colônia de Superagui, composta
por imigrantes suíços e alemães.
Em 1895 teve início a construção de uma estrada de ferro, a Ferrovia São
Paulo-Rio Grande passava em território contestado agora por Paraná e Santa
Catarina. Com a passagem da ferrovia poucas décadas depois do surgimento do
ciclo da madeira as terras se valorizaram e a urbanização cresceu.
Ainda em meados do século XIX, destaca-se o povoamento do norte velho
(região entre os rios Itararé, Paranapanema e Tibagi), motivado principalmente pela
necessidade de ligar o litoral a província de mato Grosso.

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA
A Avaliação de Impacto ao Patrimônio Imaterial realizado neste relatório é
resultante de ações tomadas no âmbito do desenvolvimento de politicas públicas
voltadas a salvaguarda dos bens culturais imateriais do Brasil.
Partindo desse pressuposto, para o IPHAN (2019), a salvaguarda considera:
(...) os modos de vida e representações de um mundo de
coletividades humanas e o principio do relativismo cultural de
respeito às diferentes configurações culturais e aos valores e
referencias que devem ser compreendidos a partir dos seus
contextos. Por outro lado, também é pautada no reconhecimento da

20
diversidade cultural como definidora da identidade cultural brasileira
e procura incluir as referencias significativas dessa diversidade.
Salvaguardar um bem cultural de natureza imaterial é apoia sua
continuidade de modo sustentável, atuar para melhoria das
condições sociais e materiais de transmissão e reprodução que
possibilitam sua existência. O conhecimento gerado durante os
processos de inventário e registro é o que permite identificar de
modo bastante preciso as formas mais adequadas de salvaguarda.

Diante das diversas manifestações culturais imateriais existentes no Brasil,


o IPHAN em diversos encontros definiu três Instrumentos de Salvaguarda, sendo
eles: os mapeamentos e inventários de referencias culturais; o Registro nos livros,
conforme definido no Decreto 3551/00 e; os planos e ações de salvaguarda.
Antes de tratamos dos instrumentos de salvaguarda utilizados neste estudo
é preciso ter conhecimento do conceito do que é o “bem ou patrimônio cultural”.
Este de acordo com o IPHAN (2016) é atribuído ao traço cultural ou elementos que
caracterizam a cultura de um lugar. Esses elementos possuem grandes referencias
dentro do grupo que adquirem o valor de um bem cultural e através dele um grupo
passa a se ver reconhecido pelos outros, criando desta forma uma identidade
cultural.
Entretanto, cabe ressaltar que nem tudo que está presente numa cultura é
considerado bem ou patrimônio cultural, este tem que este se encontra
intrinsecamente ligada à importância e a memória de um grupo de pessoas.
A preservação da memória coletiva dos fatos, pessoas ou lugares é do
interesse de toda a sociedade, pois nela estão presentes os valores, crenças,
comportamentos, modo de vida, ideologia, além das relações simbólicas de um
grupo, mas deve-se levar em consideração que se trata de um processo fluido e
dinâmico e passa por transformações e mudanças, neste sentido, foram criados os
instrumentos de salvaguarda.
Para Angélica Silva de Lima, mapeamento é conceituado a seguir:
O mapeamento também pode ser definido como sinônimo de
levantamento de informações a respeito de determinado assunto.
Ele pode se constituir numa cartografia específica, num quadro
reverenciador de politicas, num balanço quantitativo, etc. É

21
essencial, portanto, definir o tema sobre o qual a ação de
mapeamento incidirá. O que define o mapeamento em questão é a
noção de referencia cultural (LIMA, 2013).

O inventário é definido por Soares (2009) como “um dos instrumentos para
promoção e proteção do patrimônio cultural brasileiro e um instrumento de proteção
de bens materiais e imateriais, móveis e imóveis, públicos ou privados, nacionais e
estrangeiros”.
Desta forma, entende-se inventário como o estudo que visa conhecer o
universo de determinada região ou sobre determinado assunto, que durante a
atividade se identifique e caracterize as manifestações do bem cultural, sugerindo
a necessidade de estudos mais aprofundados ou maiores medidas de salvaguarda
como, por exemplo, o Registro.
Através da elaboração de um inventário é possível documentar as
referencias culturais que fazem parte de um grupo ou comunidade, dos locais onde
ocupam e das pessoas que a compõem.
De acordo com o Manual de Aplicação do Inventário Nacional de Referências
Culturais (INRC) (2000) as referencias culturais:
...são edificações e são paisagens naturais. São também as artes,
os ofícios, as formas de expressão e os modos de fazer. São as
festas e os lugares a que a memória e a vida social atribuem sentido
diferenciado: são as considerada mais belas, são as mais
lembradas, as mais queridas. São fatos, atividades e objetos que
mobilizam a gente mais próxima e que reaproximam os que estão
longe, para que se reviva o sentido de participar e de pertencer a
um grupo, de possui um lugar. Em suma, referencias são objetos,
práticas e lugares apropriados pela cultura na construção de
sentidos de identidade, são o que popularmente se chama de raiz
de uma cultura.

A metodologia do inventário exige exaustivo levantamento de fontes, bem


como sua organização e sistematização das informações obtidas, que deve seguir
as fases de desenvolvimento da pesquisa.

22
As áreas inventariadas podem ser delimitadas em razão de critérios jurídicos,
sócio-políticos ou temáticos podendo ser contínuas ou segmentadas, pois a
separação física do ponto de vista social do bem cultural imaterial é indivisível.
Para a realização de um inventário, pode ser necessária a inclusão de
localidades para além das definidas no objeto de estudo inicial, desta forma, é
preciso realizar a delimitação e identificação deste entorno, sem confundir com a
área de inicial do estudo.
Com relação ao Registro, Soares (2009) conceitua o instrumento da seguinte
forma:

O registro é um instrumento de gestão do patrimônio cultural que


pode ser utilizado tanto pela sociedade como pelo Poder Público.
Porém, com regulamentação, por decreto, da inscrição de bem
intangível como patrimônio cultural brasileiro, o registro passou ser
a entendido como instrumento administrativo específico para tutela
do patrimônio imaterial. A conotação de registro como ato de
prevenção e de guarda da memória individual ou coletiva, dos
elementos históricos, afetivos, econômicos, culturais ou sociais em
um suporte material ainda é amplamente utilizada, já que registros
é um termo que expressa a materialidade do patrimônio. (SOARES,
2009).

Por fim temos os Planos de Salvaguarda, que é definido por IPHAN (2019)
como um instrumento de apoio e fomento de fatos culturais que são atribuídos
sentidos e valores que constituem referências de identidade para os grupos sociais
envolvidos. Estes iniciam após o Registro, desta forma, “espera-se que o órgão
responsável juntamente com os produtores do bem cultural reconhecidos se
articulem no sentido de elaborar e executar ações que possibilitem a manutenção
do bem cultural” (RODRIGUES, 2016).
Os planos de Salvaguarda geralmente são responsáveis por ações como
apoio à transmissão dos saberes e habilidades relacionadas ao bem cultural,

23
promoção e divulgação do bem cultural, valorização dos mestres e participantes,
melhorias das condições de produção, reprodução e circulação e por fim
organização dos detentores e de atividades comunitárias. Ressalta-se que os
planos devem respeitar e valorizar os modos de expressão, transmissão e
organização das comunidades alvos.
Para a Avaliação de Impacto aos Bens Culturais Registrados nas áreas de
influência dos Condomínios Residenciais Moradas do Parque I e Moradas do
Parque II utilizou-se dos aportes metodológicos do inventário na identificação,
caracterização e avaliação das atividades relacionadas à Capoeira na Área de
Influência Direta (AID) e Área Diretamente Afetada (ADA) do empreendimento.
Na execução da atividade foram utilizados os procedimentos indicados no
Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) – Manual de Aplicação (IPHAN,
2000) e no livro Educação Patrimonial: inventários participativos – Manual de
aplicação (2016).
O Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) foi criado no ano de
1999 após uma série de reuniões e esforços para acabar com a polarização entre
os bens de materiais e as demais manifestações culturais, desta forma, buscou-se
“evoluir para construção de novos instrumentos, capazes de levantar e identificar
bens culturais de natureza diversificada, apreender os sentidos e significados a eles
atribuídos pelos grupos sociais e encontrar formas adequadas de preservação”
(IPHAN, 2000).
Partindo desses pressupostos, o INRC (IPHAN, 2000) possui dois principais
objetivos:
 Identificar e documentar bens culturais, de qualquer natureza, para
atender à demanda pelo reconhecimento de bens representativos da
diversidade e pluralidade culturais dos grupos formadores da
sociedade; e,
 Apreender os sentidos e significados atribuídos ao patrimônio cultural
pelos moradores de sítios tombados, tratando-os como intérpretes

24
legítimos da cultura local e como parceiros preferenciais de sua
preservação.

O manual de aplicação dos Inventários Participativos consiste em uma


publicação do IPHAN voltada para o público em geral como uma ferramenta de
Educação Patrimonial com o intuito de estimular a discussão sobre o patrimônio
cultural, visando, também, incentivar a comunidade a identificar os bens culturais
existentes no local, assim como valorizar suas referencias culturais.
Este manual utiliza-se das ferramentas utilizada no INRC, entretanto com
conteúdo voltado ao patrimônio imaterial, mostrando o papel fundamental do
individuo ou grupo no momento da realização do inventário, sendo eles agentes
ativos em todo o processo de levantamento. Ademais, propõe modelos de fichas
descritivas que podem auxiliar no desenvolvimento das entrevistas, registro das
atividades, entre outros.
Para este trabalho utilizou-se dos modelos de entrevistas propostas no
manual de aplicação dos Inventários Participativos com adaptações que ia sendo
realizadas no momento da atividade à medida que a oportunidade surgia e não
estava prevista no roteiro original.
Buscamos deixar o detentor do saber aberto ao tomar rumo dos diálogos,
inserindo os questionamentos ou retomando algum fato que gostaríamos que fosse
mais elaborado, caso fosse necessário.

Plano de Trabalho

 Etapa 1 – Identificação e localização

Foi realizado um mapeamento dos bens acautelados em questão a partir dos


dossiês e processos de registro em instrução pelo IPHAN, bibliografia
especializada, associações culturais e de representantes da categoria, prefeitura
municipal, demais equipamentos culturais locais, a fim de identificar a presença de

25
tais bens na ADA e AID do empreendimento para que com as entrevistas fosse
possível identificar impactos aos bens acautelados.

Esta etapa inicial subsidiou o planejamento da pesquisa de campo. É a partir


das áreas de incidência dos bens culturais que se buscou a identificação dos
detentores ou realizadores locais com os quais foi agendado uma conversa para a
compreensão da territorialização da referência cultural a partir da fala desses
intérpretes.

Durante esta etapa foi consultado o Portal da Capoeira do IPHAN como


instrumento de identificação e localização dos detentores do saber o que nos levou
ao nome do mestre entrevistado para este relatório. Neste portal é possível se
cadastrar quanto capoeirista, grupos e/ou entidades e pesquisadores deste saber.

Figura 1: Portal da Capoeira desenvolvido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

26
Ademais, entramos em contato com a Fundação de Cultura de Curitiba
visando obter maiores informações sobre as rodas e mestres que poderiam atuar
nas proximidades do empreendimento e projetos que vem sendo desenvolvidos.

 Etapa 2 – Caracterização e contextualização

Nesta fase da pesquisa realizaram-se as entrevistas com os detentores dos


bens culturais e com as demais pessoas envolvidas objetivando o conhecimento
das características locais que tais bens apresentam, dos espaços tradicionais
utilizados para sua realização, os elementos que os constituem.

A primeira abordagem de campo foi à averiguação na AID do


empreendimento com os moradores locais sobre a existência de manifestações
culturais, tais como as rodas de capoeira e mestres. A partir das conversas informais
foi possível perceber que no Buffer de 500 metros a partir dos limites do
empreendimento não foram identificado nenhum bem ou prática cultural.

Entretanto, nos foi dito sobre a existência de uma academia que tinha aula
de capoeira no bairro do Pilarzinho, sendo o responsável o Mestre Pixote que foi o
alvo da nossa entrevista em campo.

Anteriormente a realização das entrevistas, elaboramos um roteiro de


abordagem com algumas perguntas pré-definidas que foram adaptadas à medida
que surgia novas oportunidades ao longo da conversa com o entrevistado.

Os locais de ocorrência dos bens culturais, bem como as entrevistas, foram


gravadas, fotografados e georreferenciados.

 Etapa 3 – Análise de dados e avaliação de impacto

Sistematização e análise dos dados coletados das entrevistas, plotagem das


coordenadas na base cartográfica e elaboração do relatório de avaliação de impacto
aos bens culturais acautelados.

27
6. OFICIO DO MESTRE DE CAPOEIRA E RODA DE CAPOEIRA
A Roda de Capoeira e o Oficio do Mestre de Capoeira foram inscrita nos
Livros de Registro das Formas de Expressão e Saberes no ano de 2008,
respectivamente, após a criação do Inventário para Registro e Salvaguarda da
Capoeira como Patrimônio Cultural do Brasil realizado em 2006 e 2007.
Durante a elaboração desse inventário foram realizados encontros nos
estado da Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco, onde a expressão da capoeira era
mais forte, visando discutir a importância do inventário sobre o bem, definir as
possibilidades de registro e a elaboração das recomendações do Plano de
Salvaguarda da Capoeira. Ademais, este documento norteou a indicação do saber
do mestre de capoeira e das rodas de capoeira como Patrimônio Cultural Brasileiro.
As rodas de capoeira reúnem cantigas e movimentos que expressam uma
visão de mundo, uma hierarquia e um código de ética que são compartilhados pelo
grupo. Já os Mestres de Capoeira são aqueles detentores do saber tradicional,
sendo eles os responsáveis pela transmissão de suas práticas, rituais e herança
cultural.
Essa transmissão do ensinamento é dada através de didática oral e gestual
durante as aulas, envolvendo todos os que estão nas rodas, nas ruas e nas
academias. Neste momento de passagem dos ensinamentos resulta na formação
de novos mestres, aprendizes e alunos formados que assim por diante darão
continuidade e auxílio ao mestre da roda na transmissão do conhecimento para
novos integrantes.
Em 2010 foi lançado o livro Curitiba entra na Roda: presença (s) e memória
(s) da capoeira na capital paranaense desenvolvido pelos pesquisadores Liliana
Porto, Miguel Novicki, Magda Luiza Mascarello e Ariana Guides como resultado da
pesquisa realizada no Edital 047/09 – Identificação e Registro do Patrimônio
Imaterial que teve como objetivo levantar a presença da capoeira na capital
paranaense e, por outro, registrar a memória de mestres locais (PORTO et al.,
2010).

28
O livro faz um levantamento dos pontos de prática da capoeira em Curitiba,
sendo identificados 37 grupos de capoeira, 214 pontos de práticas de capoeira em
diversos locais, tais como academias, escolas particulares, escolas públicas,
associação de moradores entre outras.

Gráfico 1: Pontos de ensino regular de capoeira em Curitiba por tipo de espaço. Fonte: PORTO et al., 2010

A partir desse levantamento inicial, segundo Porto (et al., 2010) há uma
mudança do publico alvo e dos locais onde se pratica atualmente a capoeira. Na
década de 1980 e 1990 os espaços de aprendizado e pratica da capoeira na cidade
de Curitiba eram as academias, voltadas para jovens e adultos, entretanto,
atualmente os locais de ensino com maior predominância são as escolas
particulares para publico infanto-juvenil.
Ainda sobre a mudança do publico alvo da capoeira Porto (et.al., 2010)
afirma:
Uma primeira hipótese com relação à mudança do público da
capoeira remete à possibilidade - surgida a partir de seu
deslocamento da rua para os espaços institucionais, inicialmente as
academias (iniciada na década de 1930, mas só progressivamente
consolidada) – de que a atividade de capoeiristas garanta a
sobrevivência ou complemento de renda dos seus participantes.
Viver da capoeira, então exigiria uma abertura de mercado que

29
acolhesse a todos os profissionais e, que tivesse ou financiamento
estatal ou membros das elites como publico. O que se torna inviável
através das academias, segundo relatam os mestres,
principalmente desde a década de 1990, em que há vários bons
capoeiristas ministrando aulas e um recuo do interesse pela
capoeira em academias na cidade. Os espaços escolares e a
presença da capoeira como atividade física complementar são
privilegiados na garantia desta expansão. Possibilitam, ainda, não
somente a atuação de mestres, mas de instrutores e professores.
Para o que também contribui a tendência crescente de pensar a
capoeira não como luta de rua, mas simultaneamente como
arte/jogo e esporte fazendo com que ela se encaixe melhor como
uma atividade formativa que permite à criança ou jovem o
desenvolvimento de habilidades corporais valorizadas, bem como
disciplina (PORTO et al., 2010).

Apesar das instituições de ensino tentarem absorver os profissionais da área


da capoeira é sabido que o numero de praticantes ou mestres que vivem somente
da capoeira para sustento vem diminuindo ao longo dos últimos anos,
principalmente, tendo em vista que não há regulamentação para a profissão de
Professor de Capoeira no Brasil muitos deles são autônomos sem garantias de
diretos trabalhistas, sendo obrigados a ter outras ocupações.

7. RESULTADOS
Conforme já tratado anteriormente, a presente pesquisa buscou obter
informações sobre a existência de bens acautelados registrados de natureza
imaterial na Área de Influência Direta (AID) e/ou Área Diretamente Afetada (ADA)
dos Condomínios Residenciais Moradas do Parque I e Moradas do Parque II.

30
Nos Termos de Referencias expedidos pelo IPHAN-PR solicitou-se o
levantamento de atividades relacionadas à Capoeira, tendo em vista que a
abrangência do bem registro em âmbito nacional.
A Área de Influência Direta (AID) dos Residenciais Moradas do Parque I e II
foram definidas nas Fichas de Caracterização de Atividades (FCA) como uma área
buffer de 500 m a partir da ADA. Nestas áreas foram realizadas conversas informais
com moradores locais visando obter informações sobre a possibilidade da
identificação da pratica do bem registrado na área, ou outras manifestações locais.
Entretanto, não foi identificada nas áreas de influência qualquer atividade vinculada
à prática da capoeira.
Diante da não identificação de atividade de capoeira na AID do
empreendimento, ampliou-se a busca para o bairro do Pilarzinho, onde será
implantado o condomínio. Após o levantamento foi possível identificar no bairro dois
praticantes da capoeira o Mestre Pixote e o Mestre Tonelada.
Desta forma, tentamos contato com os dois mestres, mas só conseguimos
obter retorno do Mestre Pixote que foi alvo da nossa entrevista que será
apresentada mais a frente.
Além da entrevista com o detentor do saber, foram obtidas informações na
Fundação Cultural de Curitiba, onde foi possível entrevistar o Secretário Executivo
do Conselho municipal de Cultura e Assessor de Politicas Culturais da Fundação
Cultural de Curitiba – PR, o Sr. Elton Barz.

 União Paranaense dos Estudantes: Entrevista com o Sr. Elton Barz


Coordenadas UTM 22J 673346.36 E / 7186859.45 S

31
Figura 2: União Paranaense dos Estudantes local da entrevista com o Sr. Elton Barz. Adaptado de Google
Earth Pro, 2019.

O contato com o Sr. Elton Barz foi obtido através de e-mail para a Fundação
Cultural de Curitiba onde foram obtidas informações sobre o Plano Setorial da
Capoeira no município, além de outros projetos que foram e estão sendo
executados.
A entrevista foi realizada na União Paranaense dos Estudantes (UPE)
localizado na Rua João Manoel, 142 - São Francisco.
Elton Barz nascido em Curitiba, mas residente da cidade Ponta Grossa,
possui ensino Superior Completo e Mestrado na área de História pela Universidade
Federal do Paraná e atualmente possui a função de Secretário Executivo do
Conselho Municipal de Cultura e Assessor de Políticas Culturais da Fundação
Cultural de Curitiba – PR.
No inicio da nossa entrevista ele começou a me explicar como se deu o
zoneamento da cidade de Curitiba para explicar como se configura os locais onde
acontecem as praticas culturais.

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Segundo ele a região Norte e Noroeste da cidade eram onde foram
colocadas as colônias de imigrantes que eram as grandes produtoras de
hortifrutigranjeiros, desta forma, há muitas áreas verdes preservadas, pois eles
presavam mais pela questão fundiária do que a região sul que foi basicamente
destinada a implantação de loteamentos, logo mais adensado.
Já a região mais ao sul de Curitiba é fruto do primeiro processo de loteamento
que depois se expandiu com a criação da Companhia Territorial do Boqueirão que
após a compra de quatro fazendas, fez loteamentos para vender, sendo,
atualmente, a área onde está boa parte da ocupação do município.
Na porção mais ao norte/noroeste tiveram o processo de ocupação juito
parecido, devido à proximidade cultural. Ademais, foram instituídas as colônias
oficiais implementadas pelo estado que juntavam várias colônias de diferentes
etnias dando inicio a formação dos bairros poloneses, italianos, alemães etc, sendo
expandida para a região metropolitana como Almirante Tamadaré e Colombo.
Desta forma, tendo em vista que as linhas divisórias do município não
representam as divisões culturais, foi realizado um Levantamento dos Mestres de
Capoeira de Curitiba no ano de 2010 que abrangia também região metropolitana.
De acordo com o Sr. Elton Barz será realizada uma complementação para abranger
mais mestres e antigas rodas de capoeira que ficaram de fora deste primeiro
momento, sendo este o principal do Plano Setorial da Capoeira.
Falamos também sobre o Plano Setorial da Capoeira que está descrito na
página da Fundação Cultural de Curitiba que, segundo ele, foi construída em
parceria com um grupo de capoeiristas.
Perguntamos a ele se era do conhecimento dele sobre o Portal da Capoeira
(http://www.capoeira.gov.br/) que poderia ser um ponto de partida para atingir os
outros mestres não contemplados neste primeiro estudo.
Foi dito por ele que ele tem conhecimento deste portal e que inclusive
participou dos dois encontros que foram realizados para fazer o registro da Capoeira
no Paraná, sendo uma parceria Fundação Cultural e IPHAN – PR. Neste ano,
segundo Barz, foi neste ano que começou a ressurgir mestres de capoeira do

33
Paraná inteiro e que deu origem a pesquisa que hoje está no sistema municipal de
informações de indicadores culturais, sendo neste momento que foi percebido que
a pesquisa realizada anteriormente não cobria todos os detentores do saber.
Perguntamos também se além das atividades relacionadas a capoeira havia
algum outro projeto no município com outras manifestações culturais, tais como o
Fandango Caiçara bem registrado no Livro de Registro das Formas de Expressão
desde 2012.
Foi nos dito que o município tem desenvolvido um trabalho com a
comunidade indígena Kakane-porã que assim como a capoeira criou-se um Plano
setorial voltado a este grupo e também um plano setorial com os grupos afro-
brasileiros. Buscou-se fazer um trabalho com os ciganos, mas não foi possível até
o momento.
No Plano Setorial da cultura negra há uma parceria com o Clube Social Negro
que funciona em Curitiba com o intuito de criar um roteiro de memória da cultura
negra da cidade. O Plano Setorial da Cultura Indígena, segundo Barz, é um grande
esforço, pois como todos os indígenas do Paraná que foram massacrados, os daqui
não foram diferentes, sendo assim o foco é o reforço da língua e fala que é algo que
se perder com muita facilidade, principalmente com o ataque que se tem do neo-
pentecostalismo atuando fortemente sobre eles.
A questão do Fandango Caiçara, Barz informa que há um Registro sendo
feito na Secretária Estadual de Cultura, mas ele não sabe em que pé está, pois a
Secretária de Cultura foi extinta, no entanto, há um registro fotográfico bastante rico
feito por um fotógrafo falecido alcunhado de Macaxeira realizado durante o seu
trabalho na Secretária Municipal de Cultura.
De volta às atividades relacionadas a Capoeira, perguntamos se há previsto
algum encontro de capoeiristas incentivados pelo município e/ou governo.
Fomos informados que não estão tendo um encontro deles por si só, por isto
eles estão correndo para finalizar este trabalho do registro da capoeira e das antigas
rodas e dos saberes dos mestres, até para começar a agregar as coisas por aqui e
consequentemente ser mais fácil reunir os grupos e realizar encontros. Entretanto,

34
a questão de se fazer o Inventário da pratica da capoeira é muito recente aqui em
Curitiba e há algumas dificuldades iniciais, mas há a previsão de publicação de um
edital até o fim do ano de 2019 para complementação do Registro já iniciado em
2010.

Figura 3: Sr. Elton Barz. Foto: Adilson Júnior, 2019.

35
 Academia A. Trainner: Entrevista com o Mestre Pixote
Coordenadas UTM 22J 672644.67 E / 7190430.88 S

Figura 4: Academia A. Trainner local da entrevista com o Mestre Pixote. A esquerda na imagem destaque
para o local onde será implantado o empreendimento e sua respectiva área de influência. Adaptado de
Google Earth Pro, 2019.

Como já tratado anteriormente, não identificamos na ADA ou AID do


empreendimento qualquer atividade ligada a prática da Capoeira, sendo assim,
decidimos abranger o levantamento ao bairro do Pilarzinho e conseguimos o contato
Mestre Pixote através das redes sociais e do cadastro do mesmo no Portal da
Capoeira.
A entrevista foi realizada na Academia A Trainner localizada na Rua Augusto
Basso, 28, no bairro do Pilarzinho, onde o Mestre Pixote dá aulas de capoeira para
crianças e adultos.

36
O Sr. Célio Costa Áquila, conhecido como Mestre Pixote tem 53 anos de
idade, nascido em São Paulo capital e reside na cidade de Curitiba desde 1977.
Atua exclusivamente como Professor da Capoeira em academias, em escolas
particulares e públicas.
A Capoeira na vida do Mestre Pixote surgiu no bairro do Pilarzinho no ano de
1981 através de um amigo chamado Édio da Costa que já treinava em uma
academia de ensino de capoeira que mais tarde abriu as portas para o mestre.
A capoeira, no inicio, para ele era uma brincadeira onde eles treinavam no
meio de um bambuzal, numa roda de amigos, mas segundo ele era uma coisa muito
rústica, não havia professor de capoeira faziam somente o que o Édio aprendia na
academia que ele frequentava. Foi ai que ele pegou o gosto pela capoeira.
Em um ano foi criado no bairro o bloco carnavalesco Unidos do Pilarzinho e
como no bairro eles brincavam de capoeira, as pessoas já achavam que eram
praticantes ativos, sendo assim eles foram convidados para desfilar na ala dos
capoeiristas.
Depois que desfilamos neste bloco um rapaz que trabalhava na Fundação
Cultural de Curitiba quis levar adiante a ideia de manifestar o lado cultural da
capoeira e conseguiu falar com a Escola Municipal Professor Herley Mehl,
localizada no Pilarzinho, para que eles pudessem ficar brincando e treinando lá,
mas uma coisa informal.
O Mestre Pixote tinha uns amigos que também treinavam em outras
academias e como eram todos do mesmo bairro eles se reuniam neste colégio e
ficavam brincando até que aquilo foi crescendo e mais pessoas foram aparecendo
para também participar e compor a ala do bloco quando ele saísse de novo.
Em 1982, o Mestre Pixote foi para Cascavel – PR visitar a academia de
capoeira do Mestre Mestrinho, sendo esta a primeira vez que ele teve contato com
uma roda de capoeira formal, deixando ele bastante impressionado e com mais
vontade de continuar em frente com a capoeira.

37
De volta a Curitiba, o Mestre ficou com muita vontade de entrar numa
academia profissional, no entanto, o mesmo não tinha dinheiro para frequentar, mas
um dia ele decidiu ir na Muzenza que é comandada pelo Mestre Burguês.
Quando chegou na academia um aluno perguntou se ele já havia treinado
capoeira com Mestre Mestrinho, pois o Pixote estava com uma camisa da academia
e o mesmo respondeu que havia ido treinar na academia dele, mas que nunca tinha
treinado e só brincavam no Pilarzinho.
Este comentário gerou um grande mal entendido, pois esse mesmo rapaz
comunicou ao Mestre Burguês que ele e o amigo Brinquinho davam aula de
capoeira no Pilarzinho e na época por ser bem fiscalizado não podia qualquer um
dar aula sem uma qualificação.
Na semana seguinte a este episodio o mestre da Muzenza chegou na escola
onde eles brincavam e perguntou quem era o Célio que dava aula de capoeira.
O mestre Pixote comentou que foi uma situação desesperadora, pois ele era
um garoto de 18 anos e o mestre Burguês chegou preparado com vários homens
fortes e com preparo físico de lutador perguntando se ele dava aula de capoeira de
imediato ele negou e explicou que era tudo um mal entendido e o que eles faziam
ali era só brincar sem formalidade alguma.
Quando o Mestre Burguês percebeu que era somente uma brincadeira entre
garotos perguntou ao Mestre Pixote por que ele não praticava capoeira em uma
academia e o mesmo respondeu que devido as condições financeira ele não poderia
pagar por uma. Comovido o mestre da Muzenza convidou o Pixote para ir à
academia na semana seguinte treinar com eles.
Em junho de 1984 o Mestre Pixote deu inicio a carreira de capoeirista na
Academia Muzenza sob os cuidados do mestre Burguês pegando a sua primeira
graduação em outubro do mesmo ano.
Em 1990, o Mestre Pixote se formou e recebeu a graduação de Aluno
Formado, mas o primeiro trabalho na área foi em 1989 na cidade de Araucária –
PR.

38
Do ano de 1992 a 1995 o Mestre Pixote em parceria com o Mestre Burguês
montou no Pilarzinho a primeira academia de capoeira do bairro, como uma filia da
Muzenza.
Em 1996, Pixote recebeu uma proposta de viajar para Portugal com intuito
de ensinar capoeira na Europa com outros colegas capoeiristas ficando lá por 8
anos.
No ano de 1999 devido a problemas de convivência com os demais
capoeiristas que foram com ele, o mestre decidiu sair do Grupo Muzenza e montar
sua própria escola chamada Associação Luso-Brasileira com sede na cidade de
Leiria – PT.
Depois disso, mudou-se para a Inglaterra com o seu trabalho independente
no ano de 2005 ficando lá por cinco anos até retornar ao Brasil em 2010.
De volta ao Brasil, o Mestre Pixote ficou aproximadamente 2 anos em ensinar
capoeira, pois quando ele voltou o mercado da capoeira havia mudado bastante
devido a crescente ascensão do MMA que empurrou as lutas márcias para fora das
academias.
De acordo com o mestre se você vai a uma academia hoje é difícil você
encontrar capoeira, pois as pessoas não veem muita aplicabilidade durante as lutas
de MMA.
A capoeira migrou para as escolas onde atualmente o mestre tem maior
atuação, buscando inclusive se especializar para ter um conhecimento pedagógico
fazendo um curso superior de Educação Física.
Apesar do cenário não ser muito favorável mesmo para ele com 30 anos de
capoeira, o Mestre Pixote continua insistindo e acredita no trabalho com o esporte,
mas as dificuldades são imensas, principalmente para se manter somente com as
aulas.
Outro problema que os Professores de Capoeira enfrentam, de acordo com
o mestre Pixote, é como há uma popularização da pratica nas escolas, em muitos
lugares não há uma preocupação que o profissional que esta a frente dando aula
tenha conhecimento sobre a atividade e sim que tenha formação superior em

39
Educação Física. Então, há diversos profissionais dando aula em escola para
crianças e adolescentes que não possuem o conhecimento pratico da capoeira.
O Pixote segue na linha oposta, ele é Mestre de Capoeira que atualmente
que pratica há muito tempo e que agora está se especializando no ensino superior
para se inserir neste ambiente escolar e conseguir dar uma aula de qualidade para
os alunos.
Outro problema que os Professores de Capoeira no Brasil enfrentam, de
acordo com o mestre, é a falta reconhecimento da profissão e consequentemente
não ter direitos trabalhistas como outras tem.
Ainda afirma que o que precisava é de uma representatividade e união dos
capoeiristas locais para montar botar uma pessoa que represente toda a classe para
lutar pelos direitos de todos, mas não há muita união neste quesito.
Com o intuito de erguer a capoeira em Curitiba, o Mestre Pixote está
começando a realizar um trabalho de Marketing Pessoal nas redes sociais para
fazer voltar a repercutir o seu trabalho e colocar a pratica em alta como era nos
anos 1990.
Perguntamos a ele se há algum projeto dele que teve ou tem apoio
governamental seja estadual ou municipal, o Mestre nos informou que é bastante
complicado você hoje em dia conseguir apoio para eventos dessa natureza com as
secretarias, pois precisa-se conhecer as pessoas certas lá dentro, sempre tendo
interesses políticos.
Mas o Mestre Pixote falou que ele faz um evento por ano no Pilarzinho com
competições e campeonatos e que a ideia dele é ampliar esses eventos para ser
possível fazer um a cada trimestre, desta forma ampliando a visibilidade da capoeira
em Curitiba.
Falamos também dos projetos que ele desenvolve e nos foi dito sobre o
“Pequeno Capoeirista”. Este projeto é realizado, por enquanto, em alguns colégios
da rede particular onde ele da aula e consiste em dar aula para crianças a partir de
3 anos de idade, incentivando a praticarem capoeira de forma lúdica dando a
oportunidade deles conhecerem as musicas, os instrumentos etc.

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O Mestre deixa claro que o intuito não é torna-los capoeiristas neste primeiro
momento, principalmente devido à faixa etária (3 a 6 anos de idade), mas o objetivo
é ensinar a eles a levantar a perna, bater palma no ritmo, cantar uma musica
aprender a gingar, a pegar uma base e desenvolver a coordenação motora de forma
lúdica.
Por fim, perguntamos a ele se nestes 30 anos da prática de capoeira ele já
havia formado algum aluno.
Ele nos informou que já formou três alunos, dois em Portugal, um angolano
e um guineense que não mais praticam capoeira e no ano passado formou mais um
no Pilarzinho que começou com ele desde a Muzenza, mas que atualmente ele não
mais pratica seguindo em outra profissão. Talvez ele forme mais um no próximo
ano, um rapaz que está com ele desde pequeno, mas atualmente vem treinando
bem pouco devido às atribuições do trabalho e família.

Figura 5: Mestre Pixote. Foto: Adilson Júnior, 2019.

41
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades promovidas durante esse estudo tiveram como objetivo
primário diagnosticar os possíveis impactos aos bens culturais registrados nas
áreas de influência dos Condomínios Residenciais Moradas do Parque I e Moradas
do Parque II e, a partir daí, realizar um prognóstico. Os bens que foram objeto do
presente estudo foram o Ofício do Mestre de Capoeira e a Roda de Capoeira.
Como apresentado, nas Áreas de Influência do empreendimento em tela
definidas na Ficha de Caracterização de Atividade (FCA) não foram identificadas
nenhuma atividade voltada a pratica da capoeira.
Entretanto, após ampliarmos a área de abrangência notamos a presença do
Mestre Pixote que tem um trabalho ativo no bairro do Pilarzinho com diversos
projetos sendo desenvolvidos e com lutando para ampliar o alcance das praticas da
capoeira em Curitiba.
Após o contato com o mestre, é perceptível que a Capoeira no município
carece de incentivos e eventos que façam que a prática volte a ter a importância
que tinha no Brasil na década de 1990.
Apesar dos projetos de Registro da Capoeira como Patrimônio estadual pela
Fundação Cultural de Curitiba percebe-se uma dificuldade em se fazer contatos com
os detentores do saber, como é possível ver no livro “Curitiba entra na roda:
presença(s) e memória(s) da capoeira na capital paranense” . Esta dificuldade estra
intrinsecamente associada a desistência de alguns praticantes que antes viviam da
capoeira, sendo atualmente bastante complicado.
Isto em parte está associado aos professores de Capoeira não ter direitos
assegurados quanto classe, seja do reconhecimento da profissão como em outras
lutas marciais, ou no âmbito trabalhista, sendo eles muitas vezes autônomos.
Durante as entrevistas foi perceptível a preocupação de ambos os lados
(gestores e capoeiristas) em tomar atitudes para não deixar a capoeira ser relegada
longo do tempo. O Mestre Pixote com a preocupação em repassar para os alunos
a importância da Capoeira com qualidade atingindo crianças a partir de 3 anos de
idade.

42
E o Sr. Elton Barz fazendo o esforço junto ao município para possibilitar o
incentivo e o registro da capoeira como patrimônio estadual através da publicação
de editais e outras medidas.
As conversas informais feitas com os moradores da vizinhança do
empreendimento nos foram de fundamental importância para a identificação de um
dos poucos praticantes da capoeira no Bairro do Pilarzinho. Além de nos apresentar
que a implantação desse novo residencial pode trazer mais avanço no
desenvolvimento do bairro e consequentemente melhorias dos serviços básicos
para a comunidade.
Quanto aos impactos negativos, em relação ao bem cultural Roda de
Capoeira e o Oficio do Mestre de Capoeira não foram identificadas possíveis
interferências à prática, possivelmente com a sua implantação possibilitar o acesso
a mais pessoas para a pratica da capoeira no bairro do Pilarzinho.
Por fim, diante do exposto através dos levantamentos bibliográficos, das
entrevistas realizadas e dos contatos fortuitos com os moradores locais foi possível
constatar que a implantação dos Condomínios Residenciais Moradas do Parque I e
Moradas do Parque II não acarretarão nenhum impacto aos bens registrados para
esta área.

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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