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MINAS GERAIS
Módulo Básico
Apostila 5 – História da Educação de Jovens e
Adultos
Coordenação Pedagógica – IPEMIG
Belo Horizonte
2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3
AVALIAÇÃO ..................................................................................................... 36
INTRODUÇÃO
Este curso é composto por quatro apostilas sendo que esta primeira apostila
contempla assuntos que julgamos iniciais para desenvolver uma melhor capacitação
do professor. Trazemos questões sobre a história da Educação de Jovens e Adultos
no Brasil, para que se perceba que esse assunto é relativamente recente no país.
Abordamos o significado da Andragogia e a sua utilização em EJA. Trabalhamos
com a construção da identidade do professor que se dedica ao EJA, bem como a
Legislação brasileira no que concerne a esse tipo de educação.
Para Porcaro (s/d, s/p) segundo Soares (1996), essa 1ª Campanha foi
lançada por dois motivos: o primeiro era o momento pós-guerra que vivia o mundo,
que fez com que a ONU fizesse uma série de recomendações aos países, entre
estas a de um olhar específico para a educação de adultos. O segundo motivo foi o
fim do Estado Novo, que trazia um processo de redemocratização, que gerava a
necessidade de ampliação do contingente de eleitores no país. Ainda, no momento
do lançamento dessa 1ª Campanha, a Associação de Professores do Ensino
Noturno e o Departamento de Educação preparavam o 1º Congresso Nacional de
Educação de Adultos. O Ministério, então, convocou dois representantes de cada
Estado para participarem do Congresso. O SEA (Serviço de Educação de Adultos do
MEC), a partir daí, elaborou e enviou, para discussões, aos SEAs estaduais, um
conjunto de publicações sobre o tema.
A ideia que foi surgindo foi a de que o processo educativo deveria interferir na
estrutura social que produzia o analfabetismo, através da educação de base,
partindo de um exame crítico da realidade existencial dos educandos. Na percepção
de Paulo Freire, portanto, educação e alfabetização se confundem. Alfabetização é o
domínio de técnicas para escrever e ler em termos conscientes e resulta numa
postura atuante do homem sobre seu contexto. Essas ideias de Paulo Freire se
expandiram no país e este foi reconhecido nacionalmente por seu trabalho com a
educação popular e, mais especificamente, com a educação de adultos. Em 1963, o
Governo encerrou a 1ª Campanha e encarregou Freire de organizar e desenvolver
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Em 1974, de acordo com Porcaro (s/d, s/p) o MEC propôs a implantação dos
Centros de Estudos Supletivos (CES), que se organizavam com o trinômio tempo,
custo e efetividade. Devido à época vivida pelo país, de inúmeros acordos entre
MEC e USAID, estes cursos oferecidos foram fortemente influenciados pelo
tecnicismo, adotando-se os módulos instrucionais, o atendimento individualizado, a
autoinstrução e a arguição em duas etapas - modular e semestral. Como
consequências, ocorreram, então, a evasão, o individualismo, o pragmatismo e a
certificação rápida e superficial. (SOARES, 1996, apud PORCARO, s/d, s/p)
Nos anos 80, de acordo com Porcaro (s/d, s/p) com a abertura política, as
experiências paralelas de alfabetização, desenvolvidas dentro de um formato mais
crítico, ganharam corpo. Surgiram os projetos de pós-alfabetização, que propunham
Nesse âmbito Porcaro (s/d, s/p) afirma que o surgimento dos Fóruns se dá de
formas diferentes em cada Estado. Em Alagoas, o Fórum Estadual surge antes da
década de 90, como um coletivo de educação popular e, em 1990, como Fórum
Estadual propriamente dito. No Distrito Federal, forma-se, em 1990, um grupo de
trabalho coletivo de alfabetização de adultos e, somente em 2003, forma-se o Fórum
Estadual. Em Pernambuco, acontece uma articulação pela educação de adultos.
Porém, o Rio de Janeiro é o primeiro estado a criar um Fórum Estadual de EJA. Em
2001, foi organizada, em Brasília, uma reunião para compreender os desafios dos
Fóruns, patrocinada pela RAAAB. Desta, conclui-se que os Fóruns de EJA têm o
objetivo de socializar informações e trocar experiências, sendo um espaço de
pluralidade. A partir do momento em que o MEC se ausenta da qualidade de
articulador de uma política nacional para a EJA, os Fóruns surgem como uma
estratégia de mobilização das instituições do país que estão diretamente envolvidas
com a EJA, ou seja, o conhecimento do que se faz e a socialização de experiências,
leva à articulação e à intervenção. Os Fóruns se instalam, portanto, como espaços
de diálogos, onde os segmentos envolvidos com a EJA planejam, organizam e
propõem encaminhamentos em comum. Nesse sentido, mantêm reuniões
permanentes, onde aprendem com o diferente, exercitando a tolerância. (SOARES,
2004)
2. ANDRAGOGIA E EJA
Tem sua motivação de aprendizagem cada vez mais orientada para buscar
desenvolver seus papéis sociais;
aprendido; além disso, são feitas também variadas as experiências individuais que
possam a ser úteis a eles próprios e a seus parceiros de aprendizagem. Utilizando-
se de situações de solução de problemas que sejam relevantes para cada
indivíduo, o professor passa a ser capaz de aumentar a eficiência da experiência
educacional tanto para o aluno como para ele próprio. Uma grande parte das ideias
de Knowles sobre o ensino de adultos está também incorporada nas ideias de
KOLB o autor da ―aprendizagem vivencial‖ (experiential learning). Para quem
conhece as ideias do educador Carl Rogers constata também que há muita
influência rogeriana nas ideias de Knowles. (TEIXEIRA, 2010, s/p)
O corpo dos adultos sendo relativamente muito maior que os das crianças
está sujeito a maiores pressões e estímulos gravitacionais. Consequência: O
conforto físico é importante para a aprendizagem de adultos; muito pouco
conforto ou em excesso podem ser desastrosos;
- EJA: Para Weiduschat (2007, p. 322) vários estudos atuais têm apontado para a
necessidade de se conhecer o processo de aprendizagem dos adultos, que não
pode ser o mesmo das crianças. A própria palavra pedagogia ou paidagogos que
tem sua origem no grego (paidós = criança e agogós = que conduz), significa,
literalmente, aquele que conduz a criança. ―Com o tempo, o sentido se amplia para
designar toda teoria sobre a educação.‖ (ARANHA, 2001, p. 41) Assim, alguns
pesquisadores, percebendo que muitos métodos de aprendizagem possuem
direções específicas para crianças, contestam-nos no sentido de que o adulto
aprende de outras formas; e, por isso, introduzem a palavra andragogia - termo
próprio para designar a educação de adultos.
Ainda para Weiduschat (2007, p. 323) além do grande número de adultos que
chegam à EJA, também é significativo o número de idosos (assim classificados pelo
IBGE as pessoas acima de 60 anos) que a procuram. Hoje, a esperança de vida
mais elevada, decorrente das condições econômicas, como também os cuidados
com a saúde mais generalizados, só tem contribuído para que o idoso tenha mais
acesso à cultura e à educação. Há uma preocupação da sociedade em aumentar a
participação dos idosos na vida cultural. Assim, inseri-los socialmente significa
atualizá-los em diferentes áreas do conhecimento. Isso tem levado as agências
formadoras a considerar a educação dentro de novas perspectivas, como um
processo que perpassa ao longo da vida, ultrapassando a visão limitada e
exclusivista da educação escolar e como preparação para o mundo do trabalho.
Entretanto, uma parcela mínima dessa população tem acesso a esses cursos,
abertos a qualquer grau de escolaridade e com uma grande variedade de cursos de
pequena duração.
Observa-se que esta importante faixa etária está a exigir espaço e atenção da
EJA, mesmo porque, no caso do Brasil, esta é a idade que apresenta grande
número de analfabetos e o mais baixo nível de escolaridade, portanto uma massa de
oprimidos, porque excluídos de muitos contextos sociais. Na verdade, o país ainda
carece de projetos ou ações educativas próprias para os idosos, mas assim como os
adultos, eles não podem ser condenados à situação em que se encontram. Isto é,
ser alfabetizado ou ser analfabeto não pode ser visto como uma simples questão de
mérito. No entanto, a questão que se vê, em geral, parece ser a de que não estudou
porque não quis, ou ainda, deu-se bem na vida porque valorizou o estudo. Esta
lógica perversa isenta o Estado e as classes mais favorecidas de se comprometerem
com os mais pobres. Isso significaria permanecer ―no erro sociológico de afirmar que
os adultos - e o idoso - são culpados de sua própria ignorância‖; ainda seria ―não
reconhecer que (eles) não são voluntariamente analfabetos, senão que são feitos
como tal pela sociedade, com fundamento nas condições de sua existência.‖
(PINTO, 1991, p. 82, apud WEIDUSCHAT, 2007, p. 324)
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O autor menciona, ainda, três hipóteses que se referem aos aspectos ora
citados. Em uma primeira abordagem, ao educar-se o professor é condicionado
socialmente, o que significa que essa condição revela sua própria prática educativa.
Um segundo aspecto está ligado à competência técnica do professor, não como seu
poder de educador, mas respeitado pela sua natureza profissional. Outro
apontamento refere-se à questão política, quando há luta por melhores condições de
trabalho e democratização e ainda, sua inserção junto aos grupos populares,
educando-se através das organizações de classes. Cremos ser importante sublinhar
que ao efetivar o fazer pedagógico com esse segmento educacional os educadores
devem partir suas ações a questionamentos sobre o verdadeiro papel que a escola
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Por outro lado, para Balem (s/d, p. 6) há outras questões que interferem
nessa formação e revelam que o docente ainda apresenta uma visão extremamente
preconceituosa em relação ao aluno, pois acredita que ele é responsável pelo seu
fracasso e que somente frequenta a escola porque quer obter o ―diploma‖. Segundo
considerações da revista de EJA 2002, o imaginário de alguns educadores encerra
uma dimensão imediatista, que se restringe à prática pedagógica que necessita ser
contornado. Diante desse compromisso social/educacional que o professor de EJA
possui (...). Com maior objetividade nos propomos, nessa menção, pontuar algumas
considerações sobre as possibilidades que o professor de EJA possui ao realizar
seu trabalho pedagógico. Partindo de uma análise sobre o educador de EJA, vemos
inicialmente que o desafio parte da premissa de construir sua prática a partir da
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Sob esse prisma, Gadotti (2001, p. 98) afirma ser necessário que o professor
de jovens e adultos ―esteja envolvido com toda a complexidade que abarca a
compreensão dos processos de construção do conhecimento e a análise da
trajetória da Educa ão Popular‖. Para que isso ocorra, o engajamento do professor
deve passar pela reflexão do fazer pedagógico, pela produção coletiva do
compromisso com a criação de professores-pesquisadores, cujas ações de prática
docente e de pesquisa se interpenetram. Quanto a essa questão, a Revista de EJA
(2002, p. 48), registra que quando não leva em consideração a experiência histórica,
política, cultural e social dos jovens e adultos, o educador desvincula os conteúdos
escolares das vivências e saberes de seus alunos, o que pode gerar desinteresse e
o futuro abandono da escola. A desconsideração dessa bagagem dos jovens e
adultos não ou pouco escolarizados tem acarretado sérias distorções no
atendimento nessa modalidade de ensino, conduzindo diversas ações ao fracasso.
(BALEM, s/d, p. 8)
A certeza que também temos, conforme Balem (s/d, p. 8) é que não se obterá
ensino de qualidade sem um corpo docente qualitativamente preparado para o
exercício de suas funções na EJA e, muito menos, com precária situação no que
respeita à remuneração e condições de trabalho. Atualmente, vemos que a EJA está
novamente empenhada na discussão da reformulação curricular, diante dos novos
paradigmas que tanto a ciência quanto as políticas públicas vem propondo,
questionando os modelos estabelecidos de pensar o campo científico. A
responsabilidade que desafia o conjunto de professores e alunos envolvidos nessa
tarefa é histórica, já que esses não pensam um tempo presente, imediato, mas um
tempo futuro, de médio prazo, quando novos profissionais estarão formados para
uma sociedade e um mundo que não conseguimos saber como será, nem temos
como adivinhar.
social, sendo ela na escola, nos movimentos sociais e nos mais diferentes grupos
que exercitem a educação coletiva a partir de contextos reais. Tudo isso nos leva a
pensar que é necessário dar um novo significado ao processo de profissionalização
dos educadores de EJA, pois serão eles que orientarão ações e reflexões no
enfrentamento dos desafios da escola e da sala de aula e efetivarão mudanças na
realidade educacional, como registra a Revista de EJA (2002). (BALEM, s/d, p. 9)
O atual momento histórico, para Rauber (2006, s/p) é marcado por uma
aceleração dramática no processo das transformações tecnológicas. Essa
aceleração é excitante, mas também inconsequente porque parece aumentar as
desigualdades entre os grupos sociais em diferentes sociedades, multiplicando
crises sociais, cada vez mais violentas, e ameaçando o equilíbrio ambiental. Neste
sentido, a educação passa a ser um dos fatores estratégicos para a formação dos
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CUNHA, Conceição Maria da. Introdução – discutindo conceitos básicos. In: SEED-
MEC Salto para o futuro – Educação de jovens e adultos. Brasília, 1999.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987.
Sites visitados:
AVALIAÇÃO
a) Brasil Colônia
b) Brasil Império
c) Brasil República
d) n.r.a
a) 1960
b) 1967
c) 1964
d) 1970
I - Alagoas.
II – Distrito Federal.
III - Pernambuco
( ) Forma-se, em 1990, um grupo de trabalho coletivo de alfabetização de adultos e,
somente em 2003, forma-se o Fórum Estadual
( ) O Fórum Estadual surge antes da década de 90, como um coletivo de educação
popular e, em 1990, como Fórum Estadual propriamente dito
( ) acontece uma articulação pela educação de adultos.
a) I,III,II
b) II,I,III
c) II, III, I
d) n.r.a
10) Marque a opção incorreta: De acordo com Knowles (1976, apud TEIXEIRA
2010, s/p) a andragogia apoia-se em quatro hipóteses sobre as características do
adulto enquanto ―aprendiz‖. Essas hipóteses consideram que, ao atingir a idade
adulta, o indivíduo:
a)Modifica o seu autoconceito deixando de ser um indivíduo dependente (conforme
a Pedagogia) para ser um independente, autodirigido;
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GABARITO
Nome do aluno:_______________________________________
Matrícula:___________
Curso:_______________________________________________
Data do envio:____/____/_______.
Ass. do aluno: ______________________________________________
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
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