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RESUMO
Objetivou-se com este trabalho identificar os períodos de interferência das plantas
daninhas na cultura da soja cultivar CD – 219 RR. O trabalho foi desenvolvido em campo
experimental da UNIDERP localizado na Fazenda-escola Três Barras, município de Campo
Grande-MS. O delineamento estatístico adotado foi de blocos ao acaso com 4 repetições e 15
tratamentos que constituíram-se de períodos de convivência entre a comunidade infestante e
a cultura (0, 7, 14, 21, 28, 35, 42, 49, 56, 70, 84, 98, 112 , 126 e 133 dias após emergência).
Adicionalmente foi realizado estudo fitossociológico entre as invasoras. Nas condições do ensaio
registrou-se o período anterior à interferência aos 7 dias após emergência, o período crítico de
prevenção à interferência entre 7 e 42 dias após emergência e o período total de prevenção da
interferência entre a emergência e 42 dias. As espécies de invasoras que apresentaram maior Índice
de Valor de Importância foram Digitaria horizontalis (94,2) e Ipomoea grandifolia (71,9) das
famílias Poaceae e Convolvulaceae, respectivamente. Nestas condições, a infestação ocasionou
perdas de até 90,42% na produção.
INTRODUÇÃO
A soja (Glycine max (L.) Merrill) é a oleaginosa mais cultivada no mundo, sendo uma
das commodities mais comercializadas no planeta. Na Safra 2007/08, de acordo com Companhia
Nacional de Abastecimento (2008), só o Brasil produziu 59,37 milhões de toneladas de soja em
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido em campo experimental da UNIDERP localizado na
Fazenda-escola Três Barras, município de Campo Grande-MS, no ano agrícola 2007/2008. O
solo é classificado como Latossolo Vermelho distrófico, textura argilo-arenosa, fase cerrado.
O delineamento estatístico adotado foi blocos ao acaso com quatro repetições e 15
tratamentos. Os tratamentos constituíram-se de períodos de convivência entre a comunidade
infestante e a cultura, sendo eles: 0, 7, 14, 21, 28, 35, 42, 49, 56, 70, 84, 98, 112, 126 e 133 dias
após emergência. Ao término de cada período de convivência as invasoras foram eliminadas da
área amostral até a colheita por meio da capina manual.
Cada parcela foi constituída de 2,7 m por 5,0 m de comprimento, com área útil de 1,8
x 4,0 m. A soja cultivar CD – 219 RR, de ciclo médio e hábito de crescimento determinado, é
recomendada para a região, de acordo com Pitol et al (2007). A área experimental foi adubada com
300 kg.ha-1 da fórmula 00-20-20. A semeadura ocorreu, mecanicamente sem revolvimento do
solo, no dia 11/12/2007 com espaçamento de 45 cm entrelinhas e 19 sementes por metro. Após a
germinação, que ocorreu no dia 17/12/2007 foi realizado desbaste manual para que restassem 16
plântulas por metro linear, obtendo-se população equivalente a 355.500 plantas.ha-1 .
Para caracterizar e realizar o estudo fitossociológico da comunidade invasora foi utilizado como
unidade amostral um quadro (0,5 x 0,5 m), o qual foi lançado aleatoriamente dentro de cada parcela,
antes do controle das invasoras de cada período de convivência. Em cada amostra, as plantas daninhas
foram contadas, pesadas e identificadas, segundo família, gênero, espécie e nome vulgar.
A partir da contagem e classificação, pode-se calcular os seguintes apontamentos propostos
por Mueller-Dombois e Ellenberg (1974): densidade (D), freqüência (F), abundância (A) e índice
de valor de importância (IVI).
Após a colheita manual da área útil das parcelas (28/04/2008) registrou-se a produção
de grãos. Com base nas curvas de regressão e no teste de Tukey a 5% de probabilidade, foi
determinado o PAI, o PTPI e, por diferença, o PCPI das plantas daninhas no cultivo da soja.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificadas cinco famílias (Poaceae, Convolvulaceae, Asteraceae, Commelinaceae,
Amaranthaceae) e oito espécies de plantas daninhas (Digitaria horizontalis, Brachiaria decumbens,
Eleusine indica, Ipomoea grandifolia, Ipomoeae nil, Bidens pilosa, Commelina benghalensis
e Amaranthus deflexus. Destacaram-se as espécies Digitaria horizontalis (capim colchão) da
família Poaceae e Ipomoea grandifolia (corda-de-viola) da família Convolvulaceae, espécies estas
que apresentaram valores de índice de valor de importância (IVI) muito altos, ou seja, 94,2 e
71,9 respectivamente. As densidades das mesmas espécies também foram muito relevantes, 11,5
plantas.m² de capim colchão e 8,2 de corda-de-viola.
Conforme os períodos de convivência avançavam ocorria um aumento esperado de massa de
plantas daninhas (Figura 1), cujo ritmo de crescimento começou a diminuir aos 42 dias após emergência
e estabilizou a partir de 70 DAE. Este fato deveu-se ao fechamento da cultura, que ocorreu aos 46 dias
após emergência, causando sombreamento e diminuindo a capacidade competitiva das invasoras.
CONCLUSÕES
Nas condições do ensaio conclui-se que o Período Anterior à Interferência (PAI)
foi da emergência da cultura até 7 dias após; o Período Crítico de Prevenção a Interferência
(PCPI) ocorreu entre 7 e 42 DAE e o Período Total de Prevenção de Interferência (PTPI) foi da
emergência até 42 DAE. As espécies de invasoras que apresentaram maior Índice de Valor de
Importância (IVI) foram Digitaria horizontalis (94,2) e Ipomoea grandifolia (71,9) das famílias
Poaceae e Convolvulaceae, respectivamente. Nessas condições ocorreram perdas de até 90,42%
na produtividade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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