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pública?
Sumário
grazia.tanta@gmail.com 2/05/2019 1
Assim, a dita “esquerda” BE/PCP pretendia controlar a rua e o descontentamento,
inventando um grupo fechado, que reunia em local secreto, de preponderância trotsko-
estalinista, com cuidada atenção para a não presença de ativistas sem subserviência
perante aquela frouxa “esquerda” que assim, mostraria serviço e abafava qualquer
outra contestação; referimo-nos ao grupo provocatório designado “Que se lixe a
troika”. Este grupo, nunca fez mais do que promover manifestações multitudinárias,
apoiado na logística dos referidos partidos, para ler prospetos lamechas antes de
enviar as pessoas para casa. Fingia assim uma contestação que mais não era que um
entretenimento enquanto a troika mandasse e as eleições de 2015 não acontecessem.
E as coisas até correram bem para a “esquerda” pois aumentaram a representação na
AR, em 2015 e tornaram-se essenciais para o PS chegar ao governo; embora esse
sucesso esteja envenenado uma vez que já não poderão descolar do apoio a um
governo PS, tornando-se, efetivamente muletas daquele partido.
Nesse período era obrigatório, nos meios menos à direita da classe política, falar da
dívida pública que crescia rapidamente; era preciso criar contestação mesmo que de
uma forma reacionária, solicitando humildemente a reestruturação da dívida, uma
auditoria cidadã, sem nunca colocar a questão da ilegitimidade da dívida. Nunca
quiseram perceber que uma dívida pública cujo capital não é utilizado em favor da
população, é ilegítima; como nunca entenderam que a dívida que se avolumava,
porque impagável, seria uma renda a favor do capital global1.
Claro que nunca procederam a qualquer auditoria, clamando brandamente por uma
reestruturação ineficaz tecnicamente e sem respaldo politico para ser realizada. Em
desespero, promoveram uma saída hilariante; solicitar ao governo Passos que fizesse
uma auditoria! Dito de outro modo, pedia-se ao bandido que avaliasse o valor do
…roubo!
Esta “esquerda” portuguesa pertence ao lote dos placebos, como o Syriza que se
rendeu à troika na Grécia em 2015; ou do que surgiu em Espanha (Podemos)
protagonizado por Pablo Iglésias, um caudilho populista seguidor de Ernesto Laclau
que dividiu a contestação dos Indignados, conduzindo uma sua parcela para as
ilusórias vantagens de integração no sistema parlamentar espanhol; e com resultados
muito negativos nas últimas eleições espanholas, a anunciar a decadência.
1
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/12/como-o-sistema-financeiro-captura.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/01/como-o-sistema-financeiro-captura.html
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ter sido surpreendida pelos congelamentos de rendimentos, aumentos de impostos e
desemprego; sendo estas, outras tantas sequelas da desastrosa conduta dos bancos
e da classe política, como gestora do Estado.
Nada tem de novo referir que entre o sistema financeiro, as empresas, os empresários
do regime e a classe política de turno na governação, há uma relação promíscua de
constituição de vantagens mútuas; mesmo que exista um bando de palhaços de
serviço na governação do Banco de Portugal, entretanto transformado em mera
sucursal do BCE, na CMVM e outras peneiras que mais parecem caneiros.
2
Recorde-se a sua atuação às ordens de um tal Núncio, secretário de estado de Passos. Ver aqui
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€ 1000 M
31-05-2013 20-01-2014 30-09-2015 20-04-2016 2-05-2019
5 primeiros anos 68,7 69,3 48,9 65,8 75.1
Anos restantes 97,2 97,8 131,9 130,0 137.4
Total 165,9 167,1 180,8 195,8 212.5
A evolução das taxas de juro tem sido decrescente e, a despeito das políticas
monetaristas emanadas do BCE – há cinco anos com taxas de juro negativas (!) de
refinanciamento do sistema bancário (o denominado NIRP) e penalização dos
depósitos com taxas inferiores à inflação, para além das comissões – a verdade é que
a economia europeia não se mostra virtuosa… mantendo um crescimento anémico;
longínquos vão os tempos em que se dizia que o crescimento deveria ultrapassar os
3% para manter baixos os níveis de desemprego.
Por outro lado, tomando como referência as taxas de juro emitidas pela Alemanha, a
mais baixa taxa conseguida recentemente em leilões de dívida a 10 anos foi de 1.57%,
contra 1.36% aplicados à divida pública espanhola e bastante mais do que é pago pela
Irlanda. Refira-se ainda que a substituição da dívida ao FMI por outra, em 2019, com
taxas de juro mais suaves, obtidas nos leilões, terá certamente um impacto na redução
dos encargos com a dívida; mas que não será tão marcante porque se dilui na
imensidão da dívida total.
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Fonte primária: Eurostat
Não se pode dizer que a situação seja brilhante… com Passos ou Costa e apesar do
conforto parlamentar no âmbito da geringonça.
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um quartel avançado dos EUA, de ativo colaborador na desestruturação económica e
social no Médio Oriente e em África.
As classes políticas mostraram até que ponto estão capturadas pelo sistema financeiro
ao seguirem Obama quando este aceitou a intervenção do FED para salvar da
bancarrota os grandes bancos da Wall Street3. Na Europa, os governos e os bancos
centrais procederam, de modo idêntico, ao refinanciamento dos bancos; e. em
Portugal, o mesmo sucedeu com o estatal CGD, e com a assunção de prejuizos com
as falências de bancos privados (BPN, Banif, BES).
Os contributos nacionais para esta evolução são muito distintos, como se pode ver
pela apresentação das taxas de crescimento do dívida pública, sabendo-se que para o
conjunto da UE aquela divida cresceu 107.5% no período 2002/2018. Apresentamos
em seguida as 10 maiores taxas de crescimento da capitação de dívida e as dez
menores, para o lapso de dezoito anos decorridos até ao ano transato:
(variação percentual)
10 maiores 10 menores
Letónia 1202.0 Malta 74,0
Roménia 964.5 Itália 69.0
Estónia 623.2 Alemanha 62.6
Lituânia 563.2 Holanda 61,4
Rep. Checa 492,3 Itália 73,8
Eslovénia 481,0 Holanda 68,0
Luxemburgo 497.0 Bélgica 47.2
Rep. Checa 463.8 Bulgária 39,7
Eslovénia 462.8 Suécia 15.0
Irlanda 315.5 Dinamarca 0.2
3
Nos EUA, um típico senador ou congressista precisa de angariar $ 10000/semana desde o início do mandato para
ser reeleito. 80% desse dinheiro provém dos 0.5% mais ricos e 60% dos 0.01% daqueles. A hierarquia dos
financiadores é a seguinte: sistema financeiro, escritórios de advogados, laboratórios farmacêuticos, meios de
comunicação social, sector energético… (Federal Election Commission, Center of Responsive Politics, Public
Campaigns, “The Color of Money” Project)
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(Portugal situa-se com 281.8%)
Não será uma surpresa que os grandes incrementos de dívida pública se polarizem
em países mais pobres e periféricos e com baixos níveis de endividamento, para além
do Luxemburgo e da Irlanda, verdadeiras sedes de grandes bancos e multinacionais.
Como também não será estranho que entre os menores aumentos da dívida pública
preponderem os países mais ricos, para além da Grécia, de Malta e da Bulgária. Um
tornado quando sucede afeta sobretudo as construções mais frágeis…
(euros)
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Abreviaturas utilizadas para designar os países da UE:
DE – Alemanha, AT – Áustria, BE – Bélgica, BG – Bulgária, CY – Chipre, HR – Croácia, DK – Dinamarca, SK – Eslováquia, SI –
Eslovénia, ES – Espanha, EE – Estónia, FI – Finlândia, FR – França, GR – Grécia, HU – Hungria, IE – Irlanda, IT – Itália, LV – Letónia,
LT – Lituânia, LU – Luxemburgo, MT – Malta, NL – Holanda, PL – Polónia, PT- Portugal, UK – Grã-Bretanha/Reino Unido, CZ – Rep.
Checa, RO – Roménia, SE – Suécia
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Fonte primária: Eurostat
A observação dos dois últimos gráficos permite que destaquemos várias evidências:
Nenhum país reduziu a sua capitação de dívida pública durante o período, embora
no caso da Dinamarca o aumento seja insignificante. Quanto mais dívida os
Estados emitirem mais meios tem o sistema financeiro para oferecer como
colaterais ao respetivo banco central para a obtenção de financiamento a dirigir a
indivíduos, empresas e, sobretudo para a especulação no seio das cadeias de
produtos estruturados, de derivados. E, quanto mais fácil seja a aceitação
internacional de uma moeda mais fácil se torna a emissão de dívida no país onde
essa moeda circule:
Para a maioria dos países a capitação do PIB aumenta mais do que a da dívida,
com relevo para Bulgária, Dinamarca, Eslováquia, Estónia, Holanda, Letónia,
Lituânia, Luxemburgo, Malta, República Checa Roménia e Suécia. Com uma
situação inversa observam-se seis países – Chipre e Espanha (diferenças
marginais), França, Grécia, Itália e Portugal - os três últimos geradores das
situações mais gravosas;
Tendo em conta as capitações, a ordenação dos países mais ricos, em 2000 era a
seguinte – Luxemburgo, Dinamarca, Suécia, Grã-Bretanha, Holanda e Irlanda; em
2017 a mesma ordenação traduz algumas alterações – Luxemburgo (cuja capitação
aumenta perto de € 40000 o que certamente não corresponde à situação da
esmagadora maioria da população), à frente da Irlanda, da Dinamarca, da Suécia,
da Holanda e da Bélgica. A Grã-Bretanha que detinha a quarta posição entre os
mais ricos em 2000 saiu dessas posições cimeiras em 2017 sendo ainda
ultrapassada pela França e a Áustria; … o que deixará de se verificar com a
concretização do Brexit, de acordo com a estreiteza intelectual que vigora nos
nacionalistas ingleses;
Em 2000 eram sete os países com rendimentos inferiores a € 5000, todos do Leste
europeu, do Báltico ou dos Balcãs. Em 2017, só dois – Roménia e Bulgária – se
situavam abaixo dos € 10000. Todos esses países aumentaram a distância entre o
rendimento médio e a capitação da dívida pública, em regra, igualmente baixa;
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citados para o ano de 2000 já se haviam distanciado, claramente. Consideramos
justo apresentar os nossos agradecimentos junto das oligarquias nacionais e
comunitária que tão bem vêm tratando os filantropos do sistema financeiro!
Na grande maioria dos países da UE baixou a relevância relativa dos encargos com a
dívida, no período 2000/18 a despeito do generalizado aumento da dívida pública ter
sido ser superior ao registado para o PIB, entre 2008 e 2014. Isso prende-se, com a
superação da fase mais aguda da crise da dívida, nos últimos anos, bem como dos
apoios ao sistema financeiro (que em Portugal se vêm arrastando) e da baixa das
taxas de juro.
Itália, Portugal e Grécia são os países que muito claramente se distanciam dos
restantes e, em 2018, como os únicos onde o peso dos encargos com a dívida se
mostrou superior a 3% do PIB.
Em 2000, o peso dos encargos com a dívida em Portugal, embora não muito
distanciado do registado no ano passado, era superado claramente por vários países,
com realce para a Bulgária, Malta, a Bélgica, a Grécia e a Itália. Todos esses países
reduziram substancialmente a relevância dos encargos, mesmo depois de terem
passado pelo auge da crise financeira; as excepções – casos de aumento do peso dos
encargos – foram Portugal, a Croácia e a Grã-Bretanha, ainda que os dois últimos
países tenham uma menor sobrecarga no contexto do PIB.
É curioso que, no caso português, esta situação não seja relevada, preferindo-se o
discurso da vanglória, do bom aluno, confundindo-se o estar menos mal com o estar
bem.
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PS - Brevemente analisaremos a dívida das famílias e a das empresas
http://www.slideshare.net/durgarrai/documents
https://pt.scribd.com/uploads
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