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Resumo: Este artigo tem por objetivo problematizar a representação do feminino na obra Ulysses (1922),
do irlandês James Joyce (1882-1941). Recortamos nossa fonte para analisar especificamente o último
capítulo, que trata do monólogo de Molly Bloom. Pretendendo relacionar o retrato de mulher
contemporânea proposto por Joyce com o retrato da Penélope homérica, na qual James Joyce se baseia
para compor sua personagem, objetivamos produzir uma interconexão entre passado e presente histórico,
para compreender a mulher contemporânea em suas singularidades e pluralidades em relação à mulher
antiga. Por fim, metodologicamente, utilizar-se-á um debate conceitual baseado em dois termos: “gênero”
(SCOTT, 1986) e “representação” (CHARTIER, 2002), com o fim de analisar a obra joyceana e sua
representação do feminino contemporâneo à sua época a partir de uma ressignificação do retrato de
Penélope.
1. INTRODUÇÃO
A literatura, produtora de representações, nos ajuda a compreender de forma dialética
como as ideias se constroem, são transmitidas e ressignificadas espacial e
temporalmente em vários pontos do devir: no exercício literário, podemos encontrar, a
partir do fenômeno representativo, novas possibilidades de olhar para temas passados,
como ocorre com o tema da mulher no romance Ulysses (1922), de James Joyce (1882-
1941).
Se a mulher na Antiguidade era parte da vida política do oikos, sendo relevada
na aristocracia do Medievo a um segundo plano na atividade polítics devido à doutrina
católica, na Modernidade ela ganha outros ares a partir da publicação de Madame
Bovary (1857), do francês Gustave Flaubert (1821-1880), que já retrata em suas páginas
uma dupla crise: a decadência do modelo feminino aristocrático moderno e a ascensão
de um modelo já falido de submissão da mulher burguesa. Para além desses modelos,
no que tange à contemporaneidade, gostaria de destacar Molly Bloom, foco de Joyce no
último capítulo de seu livro mais célebre.
1
Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus I. Orientando da Profe.
Dra. Márcia Maria da Silva Barreiros. E-mail: alexandrebmachado@yahoo.com
2
Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus I. E-mail:
jmsg2904@gmail.com.
Sendo assim, neste ínterim, este artigo tem por objetivo problematizar a
representação do feminino na obra Ulysses, do irlandês James Joyce. Recortamos nossa
fonte para analisar especificamente o último capítulo, que trata do monólogo de Molly
Bloom. Pretendendo relacionar o retrato de mulher contemporânea proposto por Joyce
com o retrato da Penélope homérica, na qual James Joyce se baseia para compor sua
personagem, objetivamos produzir uma interconexão entre passado e presente histórico,
para compreender a mulher contemporânea em suas singularidades e pluralidades em
relação à mulher antiga. Por fim, metodologicamente, utilizar-se-á um debate conceitual
baseado em dois termos: “gênero” (SCOTT, 1986) e “representação” (CHARTIER,
2002), com o fim de analisar a obra joyceana e sua representação do feminino
contemporâneo à sua época a partir de uma ressignificação do retrato de Penélope.
2. METODOLOGIA
Segue-se, neste trabalho, a metodologia própria à pesquisa documental, posto que se usa
o monólogo de Molly Bloom, último capítulo de Ulisses, enquanto fonte para análise
histórica desta pesquisa.
Relacionar-se-á o autor do romance, James Joyce, a seu contexto histórico, bem
como, da mesma maneira, relacionar-se-á o retrato da mulher moderna representado no
texto joyceano com a realidade social e cultural do gênero feminino no mesmo período
historicamente datado.
Concentra-se o debate conceitual desta pesquisa em dois termos: 1) “gênero” e 2)
“representação”: utilizar-se-á “gênero” conforme explicitado por Scott (1986), no
sentido de que “”; enquanto conceito, “representação” será aqui usada de acordo com as
palavras de Chartier (2002, p. 23 - 24), quando o historiador cultural expõe: “”.
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A complexa personagem de James Joyce, Marion “Molly” Bloom pode ter sido baseada
em Penélope e Calipso dos poemas homéricos, mas ela está em um patamar
completamente diferente de ambas personagens, ela possui sua própria complexidade.
Penélope pode ter lutado até o fim contra os seus desejos sexuais esperando o seu
Ulisses que era uma esperança que ela abraçava constantemente e assim ela se tornando
a imagem da mulher perfeita. Calipso pode ter passado 7 anos tentando seduzir Ulisses
na sua ilha, oferecendo inclusive a imortalidade caso ficasse com ela, mas Ulisses a
rejeita e sai da ilha. Molly pode não ter resistido por 20 anos em uma luta contra os seus
desejos ou ter tentado seduzir alguém por 7 anos que a rejeita, mas ela ama o seu marido
como Penélope e passou 33 anos em uma ilha social, que é a sua solidão e via em
Leopold como uma forma de fugir dessa ilha.
Analisar Molly Bloom como uma personagem que foi baseada em Penélope e
Calipso é esquecer todos esses pontos importantes que formam a personagem, para se
entender Molly Bloom é preciso saber que há uma Molly Bloom criada no seu próprio
tempo com seus próprios signos.
Joyce assim como Homero, trouxeram para as suas histórias influências dos seus
próprios mundos. Homero contou a história de um rei que deixou sua esposa e foi lutar
em uma guerra, algo recorrente na Grécia naquele período, Homero mostrou a situação
da mulher grega enquanto o marido estava distante, o círculo familiar, apreensões e
outras características comuns daquela época. Joyce não trouxe um rei que foi lutar em
uma guerra, mas sim, um homem comum que tem como campo de batalha o seu dia a
dia. Joyce também trouxe para seu romance os problemas daquele tempo, nacionalismo
e antissemitismo. Homero e Joyce foram responsáveis por trazerem duas personagens
femininas que se tornaram ícones de suas histórias, porém cada uma trás consigo
características e personalidades próprias e uma influência absurda aos personagens
masculinos de toda a história.
BIBLIOGRAFIA