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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE COLORADO
COMPETÊNCIA DELEGADA DE COLORADO - PROJUDI
Tv Rafaini Pedro, 41 - Centro - Colorado/PR - Fone: (44) 3323-1214

Autos nº. 0000183-06.2015.8.16.0072

Processo: 0000183-06.2015.8.16.0072
Classe Processual: Procedimento Ordinário
Assunto Principal: Aposentadoria Especial (Art. 57/8)
Valor da Causa: R$30.000,00
Autor(s): ANA MARIA ALVES
Réu(s): INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL - INSS

SENTENÇA

1. Relatório:

ANA MARIA ALVES ingressou com a presente ação judicial em face do INSS – Instituto
Nacional do Seguro Social, ambos qualificados nos autos. Sustentou que reúne as condições
para a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria especial, ou sucessivamente, por
tempo de contribuição, pedindo, em vista disso, a condenação da parte ré para que efetue o
pagamento do aludido benefício previdenciário. Requereu, por fim, os benefícios da assistência
judiciária gratuita. Deu à causa o valor de R$ 30,000.00. Acostou documentos (mov. 1.4/ 1.11).

Recebida a petição inicial, foi deferido à parte requerente o benefício da assistência judiciária
gratuita, bem como determinado a citação do Instituto Nacional de Seguro Social -INSS.

Citado, o requerido apresentou contestação (mov. 9.1), alegando que a autora não preenche os
requisitos necessários para obtenção do benefício.

Oportunamente, a parte requerente apresentou réplica (mov. 13.1), rebatendo os argumentos


apresentados pela parte ré.

As partes foram intimadas a especificarem as provas que pretendiam produzir, e ambas


requereram o julgamento antecipado da lide.

É o relatório.

2. Fundamentação:

Do Julgamento antecipado da lide

O instituto do julgamento antecipado da lide previsto no art. 330 do Código de Processo Civil representou
um grande avanço, uma vez que objetivou abolir, em alguns casos, as formalidades desnecessárias e
exageradas do legislador. É direcionado a situações em que a produção de provas em audiência ou por
meio de perícia seja totalmente irrelevante para o desfecho final da demanda.

Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo


sentença:

I – quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo


de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em
audiência;

II– quando ocorrer a revelia (art. 319).

O núcleo norteador deste dispositivo centra-se na expressão “conhecerá diretamente do pedido”, de onde
se infere sua natureza cogente. Assim, não existem possibilidades nem faculdades para que o juiz, sob
infundado receio, não profira, de plano, sentença meritória. Sobre esta matéria leciona Theotônio Negrão:

“(...) o preceito é cogente: conhecerá, e não poderá conhecer; se a


questão for exclusivamente de direito, o julgamento antecipado da
lide é obrigatório. Não pode o juiz, por sua mera conveniência,
relegar para fase ulterior a prolação da sentença se houver
desnecessidade de ser produzida prova em audiência.”

(NEGRÃO, Theotônio. Comentários ao Código de Processo Civil.


São Paulo: Saraiva, 2000, ps. 392/394).

No caso ora em análise a questão discutida é unicamente de direito, e as provas acostadas aos autos são
suficientes para embasar uma decisão final, comportando o julgamento antecipado da lide nos termos do
artigo 330, inciso I, do Código de Processo Civil.

As partes são legítimas e estão bem representadas. O devido processo legal está sendo observado, com
estrita ressalva à ampla defesa e ao contraditório.

Ausentes preliminares ingresso diretamente na análise do mérito.

A parte autora requer a concessão do benefício de aposentadoria especial, ou sucessivamente, por


tempo de contribuição.

Afirma que autarquia ré, ao analisar a documentação apresentada pela autora, deixou de considerar a
especialidade da atividade desenvolvida nos períodos compreendidos entre 06.03.1997 a 31.03.2014,
motivo pelo qual o pedido administrativo restou indeferido.

Alega que o período de contribuição que possui perante à previdência social ultrapassa os 25 anos
exigidos pela lei, fazendo jus à aposentadoria especial.

Em relação aos períodos compreendidos entre 01.02.1986 a 12.07.1987; 01.06.1990 a 30.12.1994 e


01.04.1995 a 05.03.1997, a extinção do feito sem resolução de mérito, nos termos do artigo 267, VI do
CPC é medida que se impõe, posto que tais períodos foram reconhecidos administrativamente, inclusive
com o enquadramento de atividade especial.

Cumpre analisar desta forma, o período trabalhado entre 06.03.1997 a 31.03.2014.

Do trabalho urbano sob condições especiais

O reconhecimento da atividade como especial exige a comprovação, pelo segurado, do tempo de trabalho
permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, durante o período mínimo fixado, conforme o disposto no art. 57, §3° da Lei nº
8.213/91. A exigência de comprovação da efetiva exposição aos agentes agressivos de forma habitual e
permanente foi instituída pela Lei nº 9.032/95.

É certo que existem pessoas que trabalham em condições especiais, que prejudicam sua longevidade. Para
estas, a lei criou certos benefícios com o intuito de compensar os riscos aos quais a saúde e a integridade
física delas estão expostos.

Neste contexto, trabalho sob condições especiais pode ser definido como atividade permanentemente
desempenhada, de modo não ocasional nem intermitente, em que há a exposição a agentes nocivos
físicos, químicos ou biológicos, conforme estabelecido pelo artigo 64, §§ 1° e 2° do Decreto n.º 3.048/99.
Deve-se ressaltar que as exigências para a comprovação do tempo de trabalho em condições especiais são
aquelas estabelecidas pela legislação vigente à época de sua prestação.

Assim, para o trabalho sob condições especiais exercido até 28 de abril de 1995, devem-se observar as
exigências previstas no Quadro Anexo do Decreto n.º 53.831/64, e nos Anexos I e II do Decreto n.º
83.080/79. Neles, a comprovação do trabalho sob condições especiais realizava-se mediante formulário
ou CTPS, ou, ainda, mediante laudo técnico de condições ambientais do trabalho, exigido especificamente
para a comprovação da exposição ao agente nocivo ruído.

De 29 de abril de 1995 até 13 de outubro de 1996, a comprovação do trabalho exercido sob condições
especiais passou a ser realizada através de formulário, ou, especificamente para o agente nocivo ruído,
mediante formulário e laudo técnico de condições ambientais do trabalho (LTCAT).

Por fim, desde 14 de outubro de 1996 até os dias atuais, a comprovação do exercício da atividade laboral
sob condições especiais, seja qual for o agente nocivo, é realizada por meio do formulário denominado
perfil profissiográfico previdenciário (PPP), que deve ser emitido pela empresa empregadora ou por seu
preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho (LTCAT), expedido por
médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho (artigo 68, § 2º, do Decreto n.º 3.048/99).
Referido laudo deve acompanhar o PPP do segurado. Neste sentido:

(...)

4. As anotações constantes da Carteira de Trabalho e Previdência


Social - CTPS gozam de presunção juris tantum de veracidade
(Enunciado nº 12 do Egrégio TST), indicando o tempo de serviço, a
filiação à Previdência Social e a existência do vínculo empregatício,
até prova inequívoca em contrário.

5. A Lei nº 9.711, de 20-11-1998, e o Regulamento Geral da


Previdência Social aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 06-05-1999,
resguardam o direito adquirido de os segurados terem convertido o
tempo de serviço especial em comum, até 28-05-1998, observada,
para fins de enquadramento, a legislação vigente à época da
prestação do serviço.

6. Até 28-04-1995 é admissível o reconhecimento da especialidade


por categoria profissional ou por sujeição a agentes nocivos,
aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruído); a partir
de 29-04-1995 não mais é possível o enquadramento por categoria
profissional, devendo existir comprovação da sujeição a agentes
nocivos por qualquer meio de prova até 05-03-1997 e, a partir de
então e até 28-05-1998, por meio de formulário embasado em laudo
técnico ou pericial.

7. Comprovado o exercício de atividade especial, devem os períodos


respectivos ser convertidos pelo fator 1,40.

8. Se o segurado não atingiu o tempo de labor mínimo exigido por


lei, não tem direito à concessão da aposentadoria por tempo de
serviço, entretanto, faz jus à averbação dos interstícios de
atividades rurais, urbanas e exercidas sob condições especiais
reconhecidas judicialmente.

(TRF4 – AC 34270/RS. Turma Suplementar. Rel. Ricardo Teixeira


do Valle Pereira. Julg. 02-05-2007. Pub. D. E. 18-05-2007)
Uma vez comprovado o exercício de trabalho em exposição a agentes nocivos à saúde e integridade física,
o tempo em que o trabalhador desempenhou atividades sob essas condições será computado de forma
diferenciada, em conformidade com os fatores multiplicadores estabelecidos no Anexo IV do
Regulamento da Previdência Social.

Feita tais considerações deve-se proceder à análise dos documentos acostados aos autos, os quais foram
apresentados pela parte autora como prova material apta a comprovar o implemento das condições para a
concessão do benefício.

Para demonstração de sua exposição a agentes nocivos à saúde, a autora trouxe aos autos cópia de sua
CTPS, PPP (perfil profissiográfico previdenciário), e LCAT.

De uma análise de referidos documentos, nota-se que a autora, no exercício de suas funções, está exposta
à vírus e bactérias, agentes biológicos prejudiciais à sua saúde e integridade física.

No laudo técnico de condições ambientais do trabalho (mov. 1.6) foi constatado: “insalubridade
caracterizada em grau médio para a profissional com a função de serviços gerais (cozinha), que na
execução de suas atividades tem contato direto com utensílios de pacientes. Exposição portanto, de modo
habitual e permanente ao risco de contato com doenças infecto contagiantes, ou seja, durante todo o
período de trabalho permanece em área de risco, exposta a substancias e micro-organismos e parasitas
infecciosos vivos e seus produtos tóxicos”.

Assim, o reconhecimento da especialidade da atividade desenvolvida no período de 06.03.1997 a


31.03.2014, é medida que se impõe.

Da aposentadoria especial

Consoante dispõe o artigo 57 da lei 8.213/91, a aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a
carência exigida nesta lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem
a saúde, ou a integridade física, durante 15, 20, ou 25 anos, conforme dispuser a lei.

Importante salientar o parágrafo 3º de referido artigo: “A concessão da aposentadoria especial dependerá de


comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho
permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, durante o período mínimo fixado.”

Verifica-se que a autora, até a data do requerimento administrativo, ou seja 31.03.2014, trabalhou durante
25 anos, 08 meses e 15 dias sob condições especiais, e por este motivo faz jus à concessão da
aposentadoria especial.

Saliente-se que o benefício ora concedido impede o retorno da segurada ao exercício de atividades que
impliquem exposição aos agentes nocivos elencados nos decretos previdenciários, nos termos do art. 57, §
8º, da Lei 8.213/91, devendo a mesma se desligar da atividade no momento da implementação da
aposentadoria especial.

3. Dispositivo:

ANTE TODO O EXPOSTO, à luz do livre convencimento motivado que formo, produzido em amplo
contraditório judicial, resolvendo o mérito na forma do art. 269, I do CPC, JULGO PROCEDENTES os
pedidos formulados por ANA MARIA ALVES, para:

a. DETERMINAR a averbação do tempo de trabalho urbano sob condições especiais, referente ao


período de 06.03.1997 a 31.04.2014, com o respectivo enquadramento.
b. CONDENAR o réu a implantar o benefício de aposentadoria especial, com renda inicial de 100%
do salário- de- benefício, nos termos do artigo 57, § 1º da Lei 8.213/91, em favor da autora, desde a
b.

data do requerimento administrativo, ou seja, 31.03.2014, sendo que as parcelas vencidas deverão
ser pagas de uma só vez.

Em relação ao reconhecimento da especialidade da atividade desenvolvida nos períodos compreendidos


entre 01.02.1986 a 12.07.1987; 01.06.1990 a 30.12.1994 e 01.04.1995 a 05.03.1997, julgo extinto o feito,
sem resolução do mérito, nos termos do artigo 267, VI do Código de processo Civil.

No que toca à atualização monetária, a qual incide a contar do vencimento de cada prestação, não são
aplicáveis os critérios previstos na Lei nº 11.960/2009, que modificou a redação do art. 1º-F da Lei nº
9.494/97, por conta de decisão proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento das
ADIs 4.357 e 4.425, que apreciou a constitucionalidade do artigo 100 da CF, com a redação que lhe foi
dada pela EC 62/2009, o que implica a utilização da sistemática anterior, qual seja, apuração de correção
monetária pelo INPC.

Observo que as decisões tomadas pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no julgamento das ADIs
4.357 e 4.425 não interferiram com a taxa de juros aplicável às condenações da Fazenda Pública,
consoante entendimento firmado no Superior Tribunal de Justiça a partir do julgamento do RESP
1.270.439, pelo que os juros de mora são devidos desde a citação, no índice aplicável à remuneração das
cadernetas de poupança, conforme o teor do artigo 1°-F, da Lei n° 9.494/97.]

Condeno o INSS, ainda, ao pagamento das custas judiciais e honorários advocatícios, os quais fixo em
10% das prestações vencidas até a data desta sentença, em atenção ao grau de zelo e dedicação
empreendido pelo patrono da parte requerente na condução da causa.

Tendo em vista a dicção da súmula 490[1] do Superior Tribunal de Justiça submeto o presente feito ao
reexame necessário.

Cumpram-se as determinações do Código de Normas da Corregedoria Geral de Justiça, no que forem


aplicáveis.

Publique-se, Registre-se. Intimem-se.

[1] Súmula 490: A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do direito controvertido for inferior a
60 salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.

Colorado, 09 de Outubro de 2015.


Maria de Lourdes Araujo Cavalcanti Mundim

Juíza de Direito

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