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Poder Judiciário do Estado de Sergipe

1ª Vara Cível de São Cristóvão

Nº Processo 201883000975 - Número Único: 0001690-45.2018.8.25.0072


Autor: ANDERSON DE MOTA ASSUNÇÃO
Réu: ESTADO DE SERGIPE E OUTROS

Movimento: Julgamento >> Com Resolução do Mérito >> Procedência em Parte

Vistos, etc...

Trata-se de AÇÃO COMINATÓRIA com requerimento deTUTELA DE


URGÊNCIA proposta por ANDERSON MOTA ASSUNÇÃO, conhecido na exordial, através
ilustre advogado, em face do ESTADO DE SERGIPE e do IBFC - INSTITUTO BRASILEIRO
DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO, ambosqualificados,alegandoque participou do Concurso
para ingresso naPolícia Militar do Estado, tendo a primeira etapa sido realizada em 01/07/2018,
em diversos locais previamente definidos pela Comissão Organizadora, e que no período de02
à 04 de setembro de 2018 será realizada a segunda fase do concurso público. Até o momento
o certame tem sido marcado por "[...] 'fraudes', 'decisões contraditórias ultra-petita' por parte do
TJSE inovando em pedidos originários da Comarca de São Cristovão-SE ampliando-se para
todos os candidatos a reclassificação com base na anulação das questões 87 e 88, DECISÕES
Absurdas do TJSE determinando a recolocação de candidatos que participaram de fraudes no
aludido certame (processo nº 201800121383) e agora manifesta desobediência a ordem de
classificação do concurso público quando efetiva-se um EXAME FÍSICO com participação de
candidatos com classificação posterior aos agraciados com liminares ( processo nº
201800723934 ), ou seja, estamos diante de um certame marcado pela manifesta
desobediência aos princípios básicos capitulados no Art. 37 da Carta Política Federal. Oteste
de aptidão física foi mantido aos candidatos aprovados/classificados em lista anteriormente
divulgada pela Comissão do Concurso, como também para os candidatos
aprovados/classificados sub judice, em decorrência da suspensão da validade das questões 87
e 88. A decisão recente do TJSE nosautosnº 201800723934, acarretará insegurança jurídica.
Explica que a nota de corte originária era de 160 pontos e, com as anulações das questões 87
e 88, que valiam 3 pontos cada, a nota de corte elevou-se para 163, entretanto, em face de
decisão do TJSE, candidatos da lista originária que marcaram 160 pontos farão o teste de
aptidão física, enquanto candidatos da lista sub judiceque fizeram 162 pontos não. Ocandidato
Gabriel Rocha da Graça, um dos envolvidos na fraude do certame foi beneficiado por decisão
“equivocada” do TJSE nosautosnº 201800121383. Um"outro absurdo"foi a decisão do Processo
nº 201800723934 que mais uma vez, segundo o Autor,“atropela” decisões de primeirainstância
e permite um “absurdo processual e constitucional" quando permite a participação de
candidatos com classificação posterior aos dos candidatos convocados após a reclassificação
decorrente da anulação das questões 87 e 88. Salienta a existência de áudio do Governador do
Estado de Sergipe, Belivaldo Chagas, questionando a lisura do aludido concurso público, em
30.08.2018, através do qual se evidencia a “falta de paciência” do mandatário estadual com
tantas denúncias e a “guerra de liminares” existente como as mais recentes nos Processos nºs
201883000894 e 201800723934. Está vivenciando um “caos” em concurso público tão
importante envolvendo a segurança pública e que ensejaria um “ato de nobreza” por parte do
Executivo estadual ao anular a prova objetiva. Após a realização da primeira etapa das provas,

Assinado eletronicamente por Manoel Costa Neto, Juiz(a) de 1ª Vara Cível de São Cristóvão,
em 03/05/2019 às 13:53:46, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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com o comparecimento das partes Requerentes, surgiram no entorno do local relatos da
existência de um verdadeiro esquema de fraude no concurso público, objetivando beneficiar
candidatos de forma ilícita. De acordo com os fatos que foram exaustivamente noticiados pela
imprensa, algumas pessoas foram presas no dia da realização das provas por tentarem fraudar
o caráter competitivo do mencionado concurso público. As notícias sobre a referida fraude
apontam para uma quadrilha que atua em âmbito nacional, fraudando diversos concursos
públicos e que, no presente caso, um dos presos já tinha concluído a prova e o outro foi detido
em flagrante justamente quando utilizava seu aparelho celular durante o certame, tendo o
esquema sido descoberto após agentes do COPE receberem informações e checarem os
detalhes nas salas indicadas. Os irmãos faziam a prova em uma das salas de uma
universidade particular na capital e confessaram o crime e que, inclusive, pagariam até R$ 20
mil pela aprovação. APolícia informou à imprensa que um dos candidatos foi flagrado com o
celular escondido dentro de um gesso, que protegia o braço esquerdo de uma suposta fratura e
que, durante a prova, candidatos recebiam toques pelo modo vibratório indicando a resposta
correta no momento da prova, o que leva a crer que haviam outros envolvidos que,
externamente aos locais de realização das provas, passavam informações privilegiadas aos
candidatos. Há outros envolvidos foi confirmada pela própria Secretaria de Segurança Pública
em suas diversas entrevistas e que, segundo a SSP, o COPE continua as investigações para
prender outros envolvidos na fraude. Conclui dizendo que houve ao menos duas fraudes na
realização do concurso público;queexiste uma quadrilha que atuou diretamente no dia da
prova;que existiu uma interferência externa no desempenho de candidatos – não apenas os
que foram presos; queo esquema, "fatalmente", envolve servidores que integram o
funcionalismo público e/ou funcionários da empresa responsável pela realização do concurso;
queestão prejudicados princípios básicos que norteiam os concursos públicos, cabendo
destacar: isonomia entre os candidatos, impessoalidade, idoneidade moralidade, livre
concorrência, legalidade, prescritos no artigo 37, da CF e na Lei Federal nº 8.666/1993. As
condutas descritas vão além de uma investigação policial ou de meros atos de improbidade
administrativa, e que na realidade, a fraude que está comprovada e a existência de
interferência externa tornam nula a realização do concurso público, mormente porque prejudica
a pretensão dos milhares de candidatos inscritos, que se deparam com uma verdadeira
simulação de disputa, cujo verdadeiro potencial sequer pode ser aferido nesse momento. D
iante da gravidade dos fatos que foram expostos, estando demonstrada a existência de
interferência externa na realização da prova com a participação de uma quadrilha que envolve
candidatos e outras pessoas com informações privilegiadas, agindo com verdadeira liberdade e
sem qualquer fiscalização eficiente, há nítida violação aos princípios administrativos prescritos
no art. 37, da CF e na Lei Federal nº 8.666/1993, razões pelas quais o concurso público deve
ser anulado. Requereu, liminarmente, que seja determinada “a imediata suspensão do
concurso público e de todo e qualquer ato administrativo decorrente do EDITAL Nº 05/20118,
da Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão do Estado de Sergipe,
proibindo o ente estatal de dar seguimento às demais etapas do concurso, mais precisamente a
partir do TESTE FÍSICO”; eao final, a confirmação da liminar coma declaração “de nulidade do
ato administrativo de realização das provas do concurso público da Polícia Militar de Sergipe
realizadas no dia 1º de julho de 2018, assegurando que novo certame seja realizado com a
certeza de aplicação de todas as normas do edital, especialmente, com fiscalização adequada
e sem qualquer interferência externa”. Com a inicial vieram documentos.

Tutela de urgência denegada às fls. 110/113.

Juntada de novos documentos pelo autor às fls. 123/1713 e 1721/1767.

Assinado eletronicamente por Manoel Costa Neto, Juiz(a) de 1ª Vara Cível de São Cristóvão,
em 03/05/2019 às 13:53:46, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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Devidamente citado, o Estado de Sergipe apresentou contestação arguindo,
preliminarmente, a inépcia da petição inicial, visto que o encadeamento de ideias apresentadas
pelo Autor se mostra incoerente, bem como não é possível compreender qual a sua real
intenção. No mérito, sustentoua ausência de comprovação dos fatos alegados, dado que o A
utor não provou a ocorrência de suposta interferência externa após a contenção da fraude pela
PM/SE e pelo IBFC, afirma a inexistência de violação aos princípios da administração pública,
uma vez que não houve omissão do Poder Público, o qual realizou efetiva fiscalização. Aduz
que a tentativade fraude é fato incontrolável por qualquer ente público ou banca examinadora,
porém para comprovação de prejuízo a lisura do certame se faz necessário mais que
demonstrar uma tentativa de fraude ou reproduzir notícias veiculadas pela imprensa. De fato
foram presos dois candidatos, os quais já haviam sido presos por outra tentativa de fraude no
concurso público da PM/PI. No entanto, afirma que a PM/SE e a IBFC, antes e durante a prova,
já tinham conhecimento que os suspeitos, oriundos do Estado de Pernambuco, viriam a
Sergipe para tentar fraudar o exame e adotaram todas as providências necessárias para
impedir sua ocorrência, tendo obtido êxito. A fraude foi controlada e a incolumidade do
concurso foi efetivamente mantida, com a preservação da igualdade entre os concorrentes. A
lém dos 02 irmãos presos, foram eliminados sumariamente do concurso 78 candidatos, por
diversos fatores previstos no edital, sendo que 23 deles pelo cruzamento dos gabaritos
realizados pela auditoria interna da IBFC, sistema de prevenção às fraudes utilizado pelo IBFC,
consistente na identidade de questões corretas e daquelas marcadas como incorretas. Juntou
documentos.

De seu turno a Ré IBFC, devidamente citada, apresentou contestação arguindo,


preliminarmente, sua ilegitimidade passiva, uma vez que, segundo o Edital do concurso, cabe
ao Estado de Sergipe o provimento dos candidatos nos efetivos cargos, sendo aRé um mero
executor de ordens do ente público. Costuma adotar uma série de precauções e métodos de
vigilância nas provas que aplica, bem como possui reputação ilibada e larga experiência na
realização de diversos concursos junto a diversos órgãos públicos, dentre os quais, “Ministério
Público do Estado de São Paulo; ao Exército Brasileiro; a Policia Militar do Estado do Rio de
Janeiro; a Controladoria Geral do Estado de Minas Gerais; o TCM Tribunal de Contas do
Município do Rio de Janeiro, TJPR Tribunal de Justiça do Paraná, TJPE Tribunal de Justiça de
Pernambuco...”. Além do sistema de vigilância, adota como complementação de seu sistema
de prevenção à fraude o método de auditoria interna, o qual consiste na análise estatística dos
gabaritos dos candidatos, com a finalidade de detectar gabaritos idênticos entre si em
acentuado percentual de conteúdo, o que comprovaria a ocorrência de fraude, isso porque o
elevado número de coincidências seria matematicamente e estatisticamente impossível. Diante
de uma prova objetiva de múltipla escolha, a qual foi realizada por 53.985 candidatos, com 90
questões, em que das 04(quatro) alternativas, 03(três) delas estão erradas, "grita aos olhos o
porquê de um grupo de candidatos errou as mesmas questões, tendo como fato agravante a
marcação das mesmas alternativas erradas". Considerando que os candidatos que acertaram
as questões tinham conhecimento para tanto e que não se pode tirar conclusões negativas
sobre o bom desempenho, caberia apenas como meio de analisar eventuais fraudes, a
avaliação das mesmas questões erradas em mesma alternativa marcada, o que no certame
sob análise foi constatado, conforme trabalho de auditoria interna. Salienta que, conforme
veiculado pela Folha de São Paulo, no ENEM também utilizou análise estatística para
identificar provas suspeitas. Em conjunto com a PM/SE, ciente de nomes de candidatos que em
outros certames foram suspeitos de tentativa de fraude, adotou os cuidados necessários para
efetiva fiscalização, inclusive reunindo os candidatos suspeitos em determinadas salas, a fim
serem acompanhados por policiais militares descaracterizados, conforme termo de depoimento
em Inquérito Policial acostado nos autos. Logo, além de terem sido previstas as fraudes, as
mesmas foram combatidas pelo IBFC. Além dos mecanismos de praxe utilizados pelo instituto,
os candidatos sequer puderam se retirar da sala com o caderno de questões, conforme item
8.29 do Edital nº 04/2018.

Assinado eletronicamente por Manoel Costa Neto, Juiz(a) de 1ª Vara Cível de São Cristóvão,
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Providências preliminares da parte autora basicamente reiterativas da peça pórtico.

Intimados para apontarem os pontos controvertidos dependentes de prova oral e


informar acerca do interesse em produzir provas em Juízo, apenas o Autor se manifestou
pugnando pelo deferimento do requerimento formulado na exordial, consistente na juntada do
inquérito policial que investiga a fraude.

É o que importa relatar. FUNDAMENTO E DECIDO.

Vislumbro a desnecessidade de instrução do feito, visto que a matéria pode ser de


plano apreciada, embora composta por elementos de fato e de direito. Os aspectos fáticos
iniciam-se pelo exame da documentação acostada em sua fase regular, não havendo
necessidade de produção de prova oral em audiência, ensejando a possibilidade de julgamento
antecipado da lide, encaixando o pedido autoral no inciso I do art. 355 do Diploma Processual
Civil.

Após a fase postulatória, o Juiz deve observar detidamente a questão. Sentindo-se


suficientemente convencido dos fatos expostos pelas partes e observando não carecerem de
produção de provas, deverá antecipar o julgamento da demanda. Da mesma forma agirá
quando as provas documentais anexadas aos autos pelo autor o levarem ao exaurimento da
cognição acerca dos fatos expostos.

Não há que se falar em cerceamento de defesa, caso se tenha certeza da


prescindibilidade da audiência instrutória, estando o Magistrado suficientemente convencido
para prolatar sentença, espalhando seu juízo de certeza.

É certo que o Magistrado ao apreciar a possibilidade ou não de julgar


antecipadamente a lide, em especial, deve se ater a presença de seus pressupostos e
requisitos, sendo que, após configurados, não é lícito ao Juiz deixar de julgar antecipadamente.

Para corroborar estas alegações, recorro ao jurista Sálvio de Figueiredo Teixeira,


citado por Joel Dias Figueira Jr. : “(...) quando adequado, o julgamento antecipado não é
faculdade, mas dever que a lei impõe ao julgador.” E mais: “Desde que a hipótese em
concreto se enquadre nos moldes dos incisos I e II do art. 330, o julgamento se faz
mister sem que se verifique qualquer tipo de cerceamento. Trata-se, portanto, de dever
do juiz e não de faculdade ou simples liberalidade.”

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A Jurisprudência é assente:

“(…)1. O julgamento antecipado da lide (art. 330, I, CPC), não implica cerceamento
de defesa, se desnecessária a instrução probatória. (Precedentes). 2. O art. 131, do
CPC consagra o princípio da persuasão racional, valendo-se o magistrado do seu
livre convencimento, que utiliza-se dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos
pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável ao caso concreto,
rejeitando diligências que delongam o julgamento desnecessariamente. Trata-se de
remédio processual que conspira a favor do princípio da celeridade do
processo.(…)”(AgRg no REsp 417830 / DF; AGREsp 2002/0019750-3 Ministro LUIZ
FUX T1 – PRIMEIRA TURMA DJ 17.02.2003 p. 228)

Nesse sentido:

"PROCESSO CIVIL - DESNECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVAS -


INDEFERIMENTO DE PEDIDO DE REALIZAÇÃO DE PROVA PERICIAL E
TESTEMUNHAL - CERCEAMENTO DE DEFESA - INOCORRÊNCIA- Cabe ao juiz,
de ofício ou a requerimento das partes, indeferir as diligências inúteis ou meramente
protelatórias, decisão essa que não viola o princípio constitucional da ampla defesa e
do contraditório, se a questão de mérito é unicamente de direito, ou, sendo de direito
e de fato, não houver necessidade de produção de provas, tendo em vista os
documentos já carreados para os autos." (TJMG - Agravo nº 000.166.042- 2/00 -
Comarca de Belo Horizonte Relator Des. José Antonino Baía Borges - Pub.
07/04/2000). Desta feita, afasta-se a argüição de cerceamento de defesa.” (Apelação
nº 7872/2009. De. Rel . José Alves Neto)

Apenas para impedir eventuais motivações recursais, quanto a prescindibilidade de


audiência instrutória, esclareço que a prova em juízo deve se prender a fatos Pertinentes,
Necessários e Relevantes à formação da convicção do Juiz.

A análise daquilo que seja “ponto controvertido” a ser demonstrado quando da


audiência de instrução de julgamento passa pela existência de “fato” que seja “dependente de
prova oral”. Não se pode conceber que haja fato controverso, quando este se faz dissipar por
prova documental ou pericial.

A audiência instrutória, apesar de ser corolário do Princípio do Contraditório e da


Ampla Defesa, não deve ser utilizada como instrumento de postergação de feitos ou satisfação
pessoal da parte de ser ouvido pelo Juiz. A Audiência de Instrução deve ser utilizada apenas
para a colheita de prova oral imprescindível ao julgamento.

Os pontos dependentes de prova oral também não podem advir de avaliações


subjetivas. O Testemunho compromissado ou descompromissado se prende a FATOS, e não a
roupagem jurídica do fato.

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Neste sentido o Tribunal de Justiça de Sergipe, sendo Relator o Des. José Alves
Neto, já se pronunciou a respeito, em semelhantes casos julgados por este Juízo:

“Insubsistente se faz este argumento, pois, de acordo com o art. 130 do CPC, cabe
ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à
instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
Sendo o juiz o destinatário da prova, somente a ele cumpre aferir sobre a
necessidade ou não de sua realização (Theotônio Negrão, CPC e Legislação
processual em vigor, nota 1 ao art. 130, 27ª edição, 1996). Reza o art. 330, I, do
CPC, que O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença, quando a
questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não
houver necessidade de produzir prova em audiência. 'In casu', o douto magistrado
singular ressaltou que estamos diante de uma questão de fato e de direito, mas que
não precisa de instrução ou maiores provas, posto que, o que foi angariado nos
autos, ou seja, os documentos anexados, permitem ao Juiz decidir a lide.”

Os ensinamentos do doutrinador processualista civil, Misael Montenegro Filho, em


curso de Direito Processual Civil, volume 1: teoria geral do processo e processo de
conhecimento – 5. ed. - São Paulo: Atlas, 2009, pág. 204, são:

“Entendemos que o julgamento antecipado da lide é medida que se impõe quando


for a hipótese, em atenção aos primados da celeridade, da economia processual e
da razoável duração do processo, evitando a prática de atos procrastinatórios, que
afastam a parte da prestação jurisdicional desejada. Deferir a prestação jurisdicional
não é apenas garantir a prolação da sentença de mérito, mas, em complemento, que
esse pronunciamento seja apresentado no momento devido, sem alongamentos
descabidos.”

O Magistrado não precisa anunciar o Julgamento Antecipado da Lide pois quem já


faz isto de forma clara é a própria Lei Processual, sendo uma das opções possíveis ao final da
Fase Postulatória do Processo de Conhecimento. Não haverá surpresa para qualquer das
partes. Tampouco se constitui em Cerceamento de Defesa para o Réu que eventualmente
protestou por prova pericial.

Segundo o preceito constitucional, ninguém é obrigado a fazer (ou deixar de fazer)


senão em virtude da lei”. Isto é a Regra de Clausura ou Fechamento hermético do Direito: “tudo
que não estiver juridicamente proibido, ou obrigado, está juridicamente permitido.” É o
“DIREITO DE NÃO TER DEVER”.

Ora, PONTO CONTROVERTIDO é exclusivamente FATO, e não roupagem jurídica


do fato.

O CPC informa com excepcionalidade que, QUANDO O FATO JÁ ESTIVER


PROVADO POR DOCUMENTO OU POR CONFISSÃO, não se admitirá a prova Oral.
Realmente, se o documento é autêntico e não houve impugnação quanto à sua veracidade,

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haverá dispensa da prova oral, pois ele é suficiente para fornecer os dados esclarecedores do
litígio.

A audiência de instrução não deve ser obra de mero capricho das partes, mas
precisa ser necessária e útil.

Veja a posição do STJ:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.


CARGO EM COMISSÃO. VERBAS DE REPRESENTAÇÃO. DISPOSITIVO
VIOLADO NÃO DEMONSTRADO. INCIDÊNCIA, POR ANALOGIA, DA SÚMULA N.
284/STF. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. POSSIBILIDADE. SUFICIÊNCIA
DA PROVA DOCUMENTAL.

1. Incidência da Súmula n. 284 do Supremo Tribunal Federal, por analogia, pois em


momento algum foi citado dispositivo de legislação infraconstitucional federal
eventualmente vinculado as essas teses (fundamentação deficiente).

2. Os órgãos julgadores não estão obrigados a examinar todas as teses levantadas


pelo jurisdicionado durante um processo judicial, bastando que as decisões
proferidas estejam devida e coerentemente fundamentadas, em obediência ao que
determina o art. 93, inc. IX, da Lei Maior. Isso não caracteriza ofensa aos arts. 128,
458 e 535 do CPC. Neste sentido, existem diversos precedentes desta Corte.

3. Não existe cerceamento de defesa quando a instância ordinária após apreciação


das provas constantes nos autos, decide julgar o processo de forma antecipada, pois
os fatos apresentam-se suficientemente demonstrados.

4. Na sentença de mérito o juiz esclarece a que os argumentos presentes na inicial e


nas contestações bastam para julgar antecipadamente a lide, pois as questões sobre
as quais as partes controvertem são exclusivamente de direito e encontram-se
comprovadas documentalmente. (fl. 522)

5. A formação de coisa julgada material em desfavor da parte autora, longe de ser


pena demasiada, é mera conseqüência de sua desídia na formação do conjunto
probatório, desídia esta que não justifica a anulação de sentença proferida nos
termos da lei.

6. Recurso especial a que se nega provimento.

REsp 1192979 / SP. RECURSO ESPECIAL 2010/0080570-3

Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141)

Data do Julgamento 02/09/2010

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL


RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE
RECURSAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
DEFESA PRELIMINAR. ART. 17, § 7º, DA LIA. NULIDADE RELATIVA. AUSÊNCIA
DE PREJUÍZO. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. PRECLUSÃO. AGRAVO NÃO
PROVIDO.
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1. Embargos declaratórios recebidos como agravo regimental, dado o seu caráter
manifestamente infringente, em observância aos princípios da fungibilidade recursal.
Precedentes do STJ.

2. O juízo singular, soberano na análise de fatos e provas, de forma fundamentada,


entendeu pela possibilidade de proferir julgamento antecipado. Alterar esse
entendimento, implicaria, além de revolvimento do conjunto fático-probatório para se
concluir pela necessidade de instrução do feito, procedimento defeso nesta via
recursal, a teor da Súmula 7/STJ, violação ao princípio do livre convencimento
motivado.

3. In casu, não há falar em cerceamento de defesa ou violação ao devido processo


legal, consoante entendimento deste Superior Tribunal de Justiça acerca
prescindibilidade da defesa prévia, dependendo a declaração de nulidade pela sua
ausência de efetivo prejuízo, o que não ocorreu na espécie, tendo em vista a
amplitude da manifestação defensiva contida na manifestação preliminar recebida
como contestação. Ademais, o aresto recorrido assentou pela imprescindibilidade da
defesa prévia, razão pela qual anulou a sentença. Não analisou, para concluir nesse
sentido, o quadro fático do caso concreto, motivo por que não se aplica, neste
aspecto, a Súmula 7/STJ.

4. "A falta da notificação prevista no art. 17, § 7º, da Lei 8.429/1992 não invalida os
atos processuais ulteriores, salvo quando ocorrer efetivo prejuízo"(REsp
1.034.511/CE).

5. Da interpretação sistemática da Lei 8.429/92, especialmente do art. 17, § 10, que


prevê a interposição de agravo de instrumento contra decisão que recebe a petição
inicial, infere-se que eventual nulidade pela ausência da notificação prévia do réu
(art. 17, § 7º) será relativa, precluindo caso não arguida na primeira oportunidade.

6. Não está o magistrado, no exercício da judicatura, limitado às razões expendidas


no apelo especial, podendo, por fundamento diverso, conhecer da violação ao
dispositivo da lei federal, atendido sempre o princípio do livre convencimento
motivado.

7. Vige a regra geral da independência das esferas cível, administrativa e penal na


responsabilização por fatos ilícitos. Contudo, referida independência resta obstada
em situações de inexistência do fato ou de negativa de autoria, nos termos do art.
935 do CC e 66 do CPP. Neste ponto, ademais, configurada a indevida inovação
recursal, vedada nas razões de agravo regimental e embargos de declaração, não
podendo ser apreciada pelo Superior Tribunal de Justiça, sob pena de supressão de
instância.

8. Agravo regimental não provido.

EDcl no Resp 1194009/SP

Do Acórdão citado consta claramente a lição jurídica:

É possível que o Juiz entenda desnecessária a produção de certas provas a teor do


caderno probatório já formado nos autos (até porque os momentos adequados para
a produção de provas e para o pedido de produção de provas, salvo em relação a

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fatos novos ou a fatos que se tornem controversos em momento posterior, além de
eventual necessidade de convencimento do próprio Juiz, são a inicial e a
contestação) e da natureza eminentemente de direito dasquestões suscitadas,
levando, com isso, à promoção do julgamento antecipado da lide sem que isto
caracterize cerceamento de defesa.

No caso dos autos, o Juiz instrutor e sentenciante foi claro ao dizer que nenhum dos
fatos que o ora recorrente pretendia demonstrar com as provas cuja produção foi
indeferida eram bastantes para interferir no deslinde da matéria controvertida.

No caso em voga, acerca da necessidade de dilação probatória, notadamente no


que diz respeito à produção de prova em audiência de instrução, tem-se que o presente feito se
encontra apto a receber, já neste momento, apreciação quanto ao seu mérito.

Ressalto que oportunizada a produção de provas, os réus não apresentaram


requerimento neste sentido.

Em relação ao requerimento do Autor para a juntada de cópia do Inquérito Policial


pelo Estado de Sergipe, vejo que se cuida de mera informação inquisitorial de natureza criminal
, sem submissão ao contraditório pleno,além de que os elementos constantes destesautos já
são suficientes para averiguar a lisura ou não do certame. Ademais, salvo decretação de sigilo,
o que não foi comprovado, os autos de Inquérito Policial são públicos, inclusive podendo ser
examinados por advogado, mesmo sem procuração, ainda que conclusos à autoridade,
podendo o causídico copiar peças e tomar apontamentos, conforme art. 7º, XIV da Lei nº
8.906/94 (Estatuto da OAB).

Portanto, INDEFIROo aludido requerimento.

Assim sendo, nos termos do art. 355, inc. I do CPC, tem-se que o processo deve ser
julgado no estado em que se encontra.

Preliminarmente, arguiuo Estado de Sergipe a inépcia da inicial, poiso


encadeamento de ideias apresentadas pelo Autor se mostra incoerente, não sendo possível
compreender qual a real pretensão.

Instado a se manifestar, em sede de reproche à contestação, o Autor se limitou a


ratificar os termos da inicial.

A petição inicial, também chamada de peça de ingresso, dentre outras


denominações, é considerada como o ato jurídico-processual mais importante praticado pela
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parte autora dentro do processo, isto porque, em regra, define os limites da litiscontestatioem
relação ao titular do direito perseguido, além de ser o ato por intermédio do qual provoca-se a
jurisdição a ser exercida pelo Estado-Juiz.

Como se não bastasse, a petição inicial, em uma análise mais ampla, representa o
próprio exercício do direito de ação, pois é ato introdutório do processo, ao qual os demais irão
se seguir e manter estreita correlação com o objetivo de alcançar o fim maior do processo, qual
seja, a tutela jurisdicional através da sentença de mérito.

No dizer de Humberto Theodoro Júnior, "O veículo de manifestação formal da


demanda é a petição inicial, que revela ao juiz a lide e contém o pedido da providência
jurisdicional, frente ao réu, que o autor julga necessária para compor o litígio"
(THEODORO JÚNIOR, 2000:313).

A legislação exige a exposição, ainda que sucinta, da causa de pedir, um dos


elementos da ação que, como se sabe, por definição, vem a ser o fato ou fundamento jurídico
do qual decorre a pretensão que o autor pretende deduzir em Juízo.

Na lição de ARRUDA ALVIM, “a formulação contida na inicial, na causa petendi,


constitui o fundamento jurídico da demanda. O autor deve demonstrar que os fatos
descritos levam necessariamente à conclusão ou conclusões pedidas, isto é, a relação
de causa e efeito entre os fatos jurídicos e o pedido, ou seja, suas consequências”.(in
Manual de Direito Processual Civil, vol. I, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1977, págs.
255/256).

Em que pese tenha o Autor mencionado na exordial diversos fatos que não possuem
relação direta com a presente demanda, como a anulação de questões e a existência de
conflito entre decisões liminares concernentes ao certame concedidas por diferentes Juízo, é
perfeitamente perceptível que a pretensão de anulação do concurso formulada pelo autor se
relaciona com a ocorrência da suposta fraude por ele narrada.

Portanto, REJEITO a preliminar de inépcia da inicial.

A Ré IBFC arguiuque não possuir legitimidade passivapara figurar no polo passivo


da ação, já que, segundo o edital, cabe ao Estado de Sergipe o provimento dos candidatos nos
efetivos cargos, sendo o réu um "mero executor de ordens do ente público".

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Como dito alhures, em sede de manifestação à contestação, o Autor se limitou a
reafirmar os termos da inicial, não se manifestando especificamente sobre a preliminar em
comento.

Inicialmente, convém trazer uma breve explanação acerca do direito de ação e suas
condições de exercício.

Conceitualmente a ação é um direito público, subjetivo, autônomo e principalmente


abstrato, porque deve guarda superficial relação com o direito material invocado pela parte, que
só será auferido ao final, julgando procedente ou improcedente o pedido.

Após teorizar sobre as Condições da Ação tendo como pivô Enrico Túlio Liebmam, e
com fundamento no CPC/73, a doutrina pátria chegou à conclusão de que três são as
condições da ação: A Legitimidade, informada pelo devedor do direito material pretendido,
observe que a percepção do juiz deve alcançar tão somente a relação e o pedido informado
pelo autor; o Interesse, que é apresentado como a pretensão subjetivamente razoável, o
provimento jurisdicional deve ser útil, necessário e adequado, sob pena de esvaziar o comando
sentencial em prestação inalcançável ou desnecessária; a Possibilidade Jurídica do Pedido
deve ser entendida sob dois aspectos: o primeiro quanto ao pedido propriamente dito, e o
segundo, quanto à causa de pedir/fundamento jurídico.

Ocorre que, com o advento doCPC de 2015, a possibilidade jurídica do pedido


deixou de ser figurar entre as chamadas “condições da ação”, refletindo o entendimento
doutrinário de que a impossibilidade do pedido é causa de decisão de mérito e não de juízo de
admissibilidade.

Não é demasiado relembrar que legitimatio ad causam, ou legitimação para agir,


constitui a segunda das condições da ação. BUZAID denomina-a de “pertinência subjetiva da
ação”, porquanto consiste na individualização daquele a quem pertence o interesse de agir e
daquele em frente ao qual se formula a pretensão levada ao judiciário. A legitimação para agir
diz respeito à posição de autor e réu em relação a um litígio. Só os titulares dos interesses em
conflito têm direito à prestação jurisdicional e ficam obrigados a subordinar-se ao poder ou
imperiumestatal. Em suma, legitimação ad causamsignifica existência de pretensão
subjetivamente razoável.

O reconhecimento da legitimidade não importa no reconhecimento da procedência


do pedido. Trata-se de análise superficial quantos aos titulares do direito subjetivo.

Preciosa também é a lição de Athos Gusmão Carneiro: “Consiste a legitimação


para a causa na coincidência entre a pessoa do autor e a pessoa a quem, em tese, a lei

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atribui a titularidade dapretensão deduzida em juízo, e a coincidência entre a pessoa do
réu e a pessoa contra quem, em tese, pode ser oposta tal pretensão.”(Intervenção de
Terceiros, 8ªed., Ed. Saraiva, 1996, p. 25).

Em relação ao modo de se verificar a ocorrência das condições da ação, tem


prevalecido na jurisprudência pátria o entendimento de que o exame das condições da ação
deve ser feito em abstrato, ou seja, pela versão dos fatos trazidas na petição inicial, in statu
assertionis(teoria da asserção).

Esse é o entendimento do STJ, in verbis:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


INDENIZATÓRIA. ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. MATÉRIA QUE
DEMANDA REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STF. APLICAÇÃO DA TEORIA DA
ASSERÇÃO. SÚMULA 83/STJ. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A análise da
pretensão recursal sobre a alegada ilegitimidade passiva demanda, no caso,
reexame do conjunto fático-probatório. Incidência da Súmula 7/STJ. 2. O
entendimento desta Corte Superior é pacífico no sentido de que as condições
da ação, incluindo a legitimidade ad causam, devem ser aferidas in status
assertionis, ou seja, à luz exclusivamente da narrativa constante na petição
inicial.3. Agravo regimental não provido.(STJ - AgRg no AREsp: 655283 RJ
2015/0014428-8, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento:
10/03/2015, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/03/2015).

Pois bem. Feito esses primeiros esclarecimentos doutrinários, passo a averiguação


da preliminar arguida no caso concreto.

Embora não seja responsável pelo provimento dos cargos públicos em si, como
contratado pelo Poder Público para prestação de serviço consistente na organização e
realização de provas que serão utilizadas para selecionar futuros servidores públicos, a Ré
IBFC atua em nome e a serviço da Administração e por isso tem a obrigação de adotar todos
os procedimentos necessários para que as provas sejam realizadas com observância das
normas do edital e dos princípios administrativos, de modo a assegurar a lisura e transparência
do processo seletivo.

Portanto, arguiu o Autor a ocorrência de fraude que maculou a legitimidade da


seleção cuja organização das provas é de responsabilidade do réu, patente é o seu interesse
jurídico e sua pertinência subjetiva no polo passivo, razão pela qual REJEITOa preliminar de
carência de ação.

Defiro a gratuidadeda justiça pleiteada pelo Autor.

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Não há outras irregularidades, nulidades ou questões processuais a serem
enfrentadas. Feito em ordem, passo a analisar o méritoda questão.

A controvérsia dos autos gira em torno da ocorrência de lesão aos princípios básicos
que norteiam o Concurso Público da PM/SE, em razão de interferência externa no desempenho
de diversos candidatos que realizaram a prova objetiva prejudicando os demais candidatos
inscritos, o que findou por comprometer a higidez e lisura de todo o certame.

O art. 37, caput e inciso IIda CF/88 dispõe que:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia


em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração;

O inciso II do art. 37 da CF/88 estabelece o princípio do acesso universal aos


cargos e empregos públicos, o que significa que não pode o Poder Público destiná-los a
determinado grupo de favorecidos. É nesse sentido que o concurso público foi eleito pela
Constituição como o instrumento necessário para garantir a isonomia e a impessoalidade na
seleção dos indivíduos que ocuparão os cargos e empregos públicos.

Nas palavras de Hugo Nigro Mazzilli, afinalidade do concurso "é assegurar


igualdade de condições para todos os concorrentes, evitando-se favorecimentos ou
discriminações, e permitindo-se à administração selecione os melhores". (Doutrinas
Essenciais Direito Administrativo. Editorial Revista dos Tribunais. Editora: RT. VOLUME VII-
Agentes Públicos Improbidade. Capítulo 2 - Concurso Público 37. Concurso Público na
1
Administração) .

De acordo com o magistério de Marçal Justen Filho, o concurso público possui a


natureza de procedimento administrativo subordinado a um ato prévio (edital) sendo "norteado
pelos princípios da objetividade, da isonomia, da impessoalidade, da legalidade, da
publicidade e do controle público [...]". (Curso de direito administrativo. Editora: Revista
2
dos Tribunais. Ed. 2018) .

No que pertine aos princípios, estes são os alicerçadores da ciência jurídica, base de
toda a construção do Direito, já foram tidos como meros instrumentos de interpretação e
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integração das regras legais. Era a estreiteza da visão positivista que atribuía ao direito posto
caráter preponderante em nossa ciência.

Hoje, contudo, vivemos um período pós-positivista, sendo certo que os Princípios


deixaram de ser vistos como mero complemento das regras e passaram a ser também
considerados normas cogentes (fazendo-se mistera distinção entre normas princípios e normas
disposições), impondo-se, sem dúvida, sua estrita observância. Ouso dizer que a tão difundida
Norma Hipotética Fundamental de Kelsen, não é a Constituição, mas sim aquilo que deve ser
tido como Ordenamento Constitucional que não minha visão é composto pelos Princípios.

"Os princípios, a exemplo das regras, carregam consigo acentuado grau de


imperatividade, exigindo a necessária conformação de qualquer conduta aos
seus ditames, o que denota o seu caráter normativo (dever ser). Sendo cogente
a observância dos princípios, qualquer ato que deles destoe será inválido,
conseqüência esta que representa a sanção pra inobservância de um padrão
normativo cuja relevância é obrigatória." (Emerson Garcia e Rogério Pacheco
Alves, Improbidade Adminitrativa, 2ª ed. 2004, Lumem Juris, p.43).

A moderna doutrina constitucional que, segundo Paulo Bonavides, Robert Alexy,


entre outros, tem afirmado que os princípios não são destituídos, como outrora imaginado, de
força normativa, vale dizer, não são meras orientações. Em absoluto não. Mas, ao revés, são, a
bem da verdade, normas-princípios, integram o conceito do gênero norma jurídica, da qual são
espécies as citadas normas-princípios e normas-regras.

Princípios significam um conjunto de regras e preceitos que se fixam para servir de


norma a toda espécie de ação jurídica. Servem de base para o Direito, e como salienta Ivo
Dantas, é:

“categoria lógica e, tanto quanto possível universal, muito embora não


possamos esquecer que, antes de tudo, quando incorporados a um sistema
jurídico-constitucional-positivo, refletem a própria estrutura ideológica do
Estado, como tal, representativa dos valores consagrados por uma
determinada sociedade”. (DANTAS, Ivo. Princípios constitucionais e
interpretação constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 1995. p. 59).

Enfim, percebe-se que os princípios são os mandamentos nucleares e fundamentais


de um sistema, a base fundamental do ordenamento normativo, cuja condição para que uma
regra seja tida como princípio é sua capacidade de transcendentalidade. Nesse sentido, é
lapidar a conceituação de Celso Antônio Bandeira de Melo:

“Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição


fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito
e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente
por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere
a tônica e lhe dá sentido”. (MELO. Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito
Administrativo. 5 ed. São Paulo: Malheiros, 1994. p. 450 )

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Dado o enfoque jurídico, é preciso ter-se em mente, que atualmente, a natureza
jurídica dos princípios é eminentemente normativa, apesar de não ter sido essa a postura dos
doutrinadores ao longo do tempo.

Entre esses, por ser pertinente in casu, cabe tecer considerações sobre o postulado
da legalidade, esta entendida em seu sentido amplo, ou seja, sendo considerado como lei todo
o ordenamento jurídico e, em especial, a Constituição Federal, correspondendo ao que a
doutrina modernamente chama de Juridicidade.

Pelo Princípio da Legalidade (Juridicidade), a Administração deve observar


estritamente o ordenamento Jurídico, não podendo agir senão quando e conforme permitido
pelas Leis e pela Constituição.

Celso Antônio Bandeira de Meloafirma que:

"Assim, o princípio da legalidade é o da completa submissão da Administração


às leis. Esta deve tão-somente obedecê-las, cumpri-las, pô-las em prática. Daí
que a atividade de todos os seus agentes, desde o que lhe ocupa a cúspide,
isto é, o Presidente da República, até o mais modesto dos servidores, só pode
ser a de dóceis, reverentes, obsequiosos cumpridores das disposições gerais
fixadas pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhes compete no
Direito brasileiro. Michel Stassinopoulos, em fórmula sintética e feliz, esclarece
que, além de não poder atuar contra legem ou praeter legem, a Administração
só pode agir secundum legem. (Curso de Direito Administrativo Brasileiro, 17ª
ed. Malheiros, 2004, p.92).

Assim, na prática de seus atos, a Administração jamais pode agir contra o


ordenamento, o que, sem dúvida, lesa o próprio Estado Democrático de Direito.

No que pertine ao particular, é permitido fazer tudo aquilo que a lei não proíbe,
sendo-lhe aplicado o princípio da autonomia da vontade. Tal idéia é expressa de forma lapidar
por Hely Lopes Meirelles (1996:82) e corresponde ao que já vinha explícito no artigo 4º da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789:

“...a liberdade consiste em fazer tudo aquilo que não prejudica a outrem;
assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem outros limites
que os que asseguram aos membros da sociedade o gozo desses mesmos
direitos. Esses limites somente podem ser estabelecidos por lei”.

Do exposto acima é possível concluir que para que um ato administrativo seja
considerado válido deverá ser praticado de acordo com a legalidade. Ausente este requisito, o

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ato poderá ser anulado pela própria administração oupelo Poder Judiciário. Nesse último
sentido, o inciso XXXV do art. 5º da CF estabelece que nem mesmoa lei poderá excluir da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

Tal atuação do Poder Judiciário não se configura em ofensa ao princípio da


separação dos Poderes, antes consiste no exercício de prerrogativa constitucional que lhe
permite o controle de legalidade dos atos administrativos, isso mediante provocação do
administrado e da coletividade atingidos em seus direitos por ação ou omissão Estatal.

Insta salientar que poucos atos administrativos exigem tanto respaldo legal quanto o
processo seletivo de um concurso, pois é meio de ingresso de um agente público, devendo o
ente responsável pelo concurso, bem como a própria Banca do certame, a qual faz as vezes da
administração, obedecerem ao princípio da legalidade e da vinculação ao edital do concurso
público que é a sua lei.

Incasu, é incontroverso que o Autor é um dos participantes do certame realizado pelo


Estado de Sergipe e organizado pelo IBFC para o cargo de soldado da polícia militar do Estado
de Sergipe. Outrossim, é fato público e notório, no âmbito do Estado de Sergipe, a prisão de
pessoas envolvidas em esquema supostamente criminoso para tentar fraudar o aludido
certame. Nesse sentido junta o autor diversas reportagens veiculadas pela imprensa local que
comprovam que o fato foi noticiado amplamente.

Uma vez demonstrado que o concurso público em análise foi alvo de atuação
criminosa no sentido de o fraudar, incumbe ao Poder Público e a Banca organizadora
demonstrar que os atos praticados não comprometeram a legalidade do certame.

Assiste razão aos Réus quando afirmam a impossibilidade do ente público ou da


banca examinadora de impedir que ocorram tentativas de fraude aos concursos públicos, isso
porque, por óbvio, os intentos criminosos e a conduta voltada para a sua concretização estão
afetos somente a esfera dos próprios transgressores. No entanto, incumbe à Administração
Pública e àqueles que estão a seu serviço a adoção de medidas eficazes de fiscalização, a fim
de que as tentativas de fraude sejam frustradas e os efeitos delas decorrentes neutralizados.

No entanto, não se pode olvidar a possibilidade de, mesmo com adoção de medidas
prevenção e fiscalização, ocorram a prática de atos ilegais que, mesmo sendo descobertos,
produzam efeitos que sejam impossíveis de serem revertidos e comprometam a incolumidade
do certame.

Nessas situações a administração poderá (poder-dever), em observância do


Princípio da Juridicidade e seus corolários, mais especificamente dos princípios da isonomia e
da moralidade administrativa, exercer a autotutela e anular o procedimento administrativo
eivado de vício.

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Os Réus sustentaram que os suspeitos de tentativa de fraude, antes mesmo da
realização das provas, já estariam sendo monitorados pela banca organizadora e pela PM/SE
que haviam recebido informações que os mesmos viriam ao Estado de Sergipe para praticar o
crime, e que diante disso adotaram os cuidados necessários para efetiva fiscalização, inclusive
reunindo os candidatos suspeitos em determinadas salas, a fim serem acompanhados por
policiais militares descaracterizados, e que diante das providências adotadas teriam impedido o
êxito da fraude.

A afirmativa dos Réus, além de não estar comprovada pelo contexto probatório dos
autos, se constitui em uma conclusão inocente, diante da magnitude de uma Organização
Criminosa que roda o país inteiro apenas com o objetivo de fraudar concursos públicos.
Explico.

Apenas a título de esclarecimento, temos as iniciais informações obtidas pela


autoridade policial na investigação do suposto delito. Chamam a atenção a amplitude do
potencial alcance da fraude perpetrada pelo grupo criminoso descoberto pela polícia. Não é
crível que a Divisão de Inteligência e Planejamento Policial - DIPOL tivesse informações sobre
os suspeitos que foram presos em flagrante portando equipamento eletrônico para fraudarem o
concurso. Di-lo isto porque sequer buscaram obstar a atuação, sendo o suspeito flagrado ao
mero acaso, pelo fato do Fiscal notar barulho no braço engessado do candidato.

Os suspeitos presos eram candidatos que haviam prometido pagar a terceiros a


importância de R$ 20.000,00, cada um, pela aprovação no concurso público, e teriam recebido
informações sigilosas sobre gabarito das provas, cuja informação se encontrava codificada em
mensagem de texto dos celulares apreendidos.

Tal fato levanta uma série de indagações não respondidas pelos Réus, e que
colocam em cheque a incolumidade do concurso.

- Como o grupo criminoso teve acesso ao gabarito do certame?

- Houve a participação de empregados da empresa organizadora?

- Quantas pessoas receberam o gabarito?

- Como e quando as respostas foram repassadas para os candidatos?

Os Réus tentam demonstrar que neutralizaram os efeitos da ação criminosa ao


utilizar metodologia de auditoria interna pela banca examinadora consistente na comparação
estatística de resposta aos gabaritos, tendo sido eliminado 23 candidatos cujas respostas
apresentavam índice de similitude estatisticamente improváveis.

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Patente a CONFISSÃO DE QUE HOUVE A FRAUDE! Seria bastante apenas um
caso, mas os Réus afastaram 78 candidatos, sendo 23 como diretamente envolvidos na
Organização Criminosa.

Não se cuidou de MERA TENTATIVA, mas de ocorrência fraudulente comprovada e


flagrada.

O limite dos beneficiados pela Fraude foi inocentemente estimada pelos Réus.

Em nenhum momento a Ré IBFC apresentou o relatório ou o laudo da suposta


auditoria interna realizada demonstrando a comparação das respostas entre os candidatos e a
aplicação dos critérios matemáticos e estatísticos que embasaram a eliminação de candidatos
por fraude. Tudo ficou apenas na retórica...

Apenas o Estado de Sergipe apresentou um documento relacionado à suposta


auditoria, qual seja, uma simplória lista de eliminação de candidatos, onde consta como motivo
da eliminação de alguns o motivo invocado pela auditoria, sem maiores explicações.

Ademais, é possível questionar a própria metodologia de auditoria utilizada, a qual


segundo a Ré IBFC consiste na comparação do índice de correspondência de marcação das
alternativas erradas, isso porque não se sabe quando e de que forma as respostas chegaram
ao conhecimento daqueles que participaram da fraude.

Sendo assim, aparentemente, nada impede, por exemplo, que na marcação das
respostas erradas aqueles que obtiveram conhecimento prévio das respostas corretas tenham
resolvido marcar alternativas aleatórias a fim de se diferenciar. De mais a mais, chama atenção
na lista de pessoas eliminadas fornecida pelo Estado de Sergipe, o número de pessoas que
foram pegas portanto celulares e aparelhos eletrônicos (não identificados na lista) durante a
prova.

Diante do exposto resta evidente que os Réus não conseguiram comprovar


satisfatoriamente que as medidas adotadas por eles foram capazes de neutralizar os efeitos da
fraude praticada no Concurso da PM/SE.

Consoante demonstrado, fica evidente que diante da fraude ocorrida os réus não são
capazes de garantir de forma razoável e satisfatória a preservação daigualdade de condições
para todos os concorrentes e consequentemente o favorecimento de alguns por meio de
utilização de expedientes ilegais.

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Restou maculada a incolumidade do certame com ofensa ao princípio da moralidade
administrativa que garante aos candidatos a participação em concurso público hígido,
transparante e livre de fundadas suspeitas de fraude.

Verificando a lesividade dos atos ilegais praticados os quais atingiram o certame em


sua legalidade, especialmente no âmbito da moralidade administrativa e da isonomia, incumbia
ao Estado de Sergipe adotar as medidas necessárias para anular o concurso público a fim de
resguardar os interesses da coletividade, dos demais candidatos.

É certo que a realização de um novo processo seletivo gera gastos expressivos aos
cofres públicos, notadamente em notório momento de crise financeira pela qual passa o Estado
de Sergipe, no entanto convalidação de um procedimento administrativo eivado de vícios atinge
interesses muito mais caros a sociedade.

Não se trata apenas da proteção dos interesses do autor ou dos demais candidatos,
mas sim de resguardar o interesses de toda a coletividade de que as pessoas mais capazes
venham desempenhar a atividade policial, não se podendo correr o risco que tão importante
atividade seja realizada por policiais desonestos que “compraram” suas vagas no concurso.

Ainda no tocante a necessidade de resguardar o interesse da coletividade,


irretocáveis são as palavras de Marçal Justem Filho:

"O controle público é da essência do concurso público. Significa que a


realização do concurso público envolve o interesse coletivo, e todos os
integrantes da comunidade têm interesse na condução ilibada e perfeita do
concurso [...]"(Curso de direito administrativo. Editora: Revista dos Tribunais. Ed.
3
2018)

No que se refere ao pedido do autor para obrigar o Estado de Sergipe a realizar


novo certame, o mesmo não merece acolhida, isso porque a realização de novo concurso
público pelo Estado de Sergipe depende da avaliação da conveniência e oportunidade do ato
pelo Poder Público, não podendo o Poder Judiciário substituir o mérito da decisão
administrativa.

Diante do exposto, e considerando tudo quanto mais dos autos consta, JULGO
PROCEDENTE em parte o pedido para DECLARAR a nulidade da etapa de aplicação das
provas objetivas do Concurso Público da Polícia Militar de Sergipe realizadas no dia 1º de julho
de 2018, e consequentemente das etapas posteriores dela decorrentes.

Assinado eletronicamente por Manoel Costa Neto, Juiz(a) de 1ª Vara Cível de São Cristóvão,
em 03/05/2019 às 13:53:46, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
Conferência em www.tjse.jus.br/portal/servicos/judiciais/autenticacao-de-documentos. Número de Consulta: 2019001083219-96. fl: 19/21
Outrossim, verificada em sede de cognição exauriente a presença dos requisitos
previstos no art. 300 do CPC, conforme fundamentação supra, DEFIRO ANTECIPAÇÃO DOS
EFEITOS DA TUTELA e determino aimediata suspensão do concurso públicoe de todo e
qualquer ato administrativo decorrente do EDITAL Nº 05/2018, da Secretaria de Estado do
Planejamento, Orçamento e Gestão do Estado de Sergipe, que vise dar seguimento as etapas
do concurso pendentes de serem realizadas.

Condeno os Réus ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios


que fixo em R$ 2.000,00, levando em conta do trabalho desenvolvido, o esforço empreendido,
e a exorbitância do valor atribuído aleatoriamente à causa.

Com o trânsito em julgado, certifique-se e, não existindo outros requerimentos


arquivem-se.

P.R.I.

https://proview.thomsonreuters.com/launchapp/title/rt/monografias/81352064/v7/document/83510028/anc

https://proview.thomsonreuters.com/launchapp/title/rt/monografias/91049397/v13/document/157101039/a

https://proview.thomsonreuters.com/launchapp/title/rt/monografias/91049397/v13/document/157101039/a

Documento assinado eletronicamente por Manoel Costa Neto, Juiz(a) de 1ª Vara Cível
de São Cristóvão, em 03/05/2019, às 13:53:46, conforme art. 1º, III, "b", da Lei
11.419/2006.

Assinado eletronicamente por Manoel Costa Neto, Juiz(a) de 1ª Vara Cível de São Cristóvão,
em 03/05/2019 às 13:53:46, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
Conferência em www.tjse.jus.br/portal/servicos/judiciais/autenticacao-de-documentos. Número de Consulta: 2019001083219-96. fl: 20/21
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Assinado eletronicamente por Manoel Costa Neto, Juiz(a) de 1ª Vara Cível de São Cristóvão,
em 03/05/2019 às 13:53:46, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
Conferência em www.tjse.jus.br/portal/servicos/judiciais/autenticacao-de-documentos. Número de Consulta: 2019001083219-96. fl: 21/21

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