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Ciências Biomédicas
Caso clínico 1.
Questão 1. Qual o diagnóstico mais provável? Porquê? Explique a sua fisiopatologia e critérios de
diagnóstico.
Perturbação Delirante:
Exclui-se, pois a paciente não apresentava qualquer tipo de delírio não bizarro aquando da
entrevista e não tem histórico desse tipo de sintomas.
Perturbação Bipolar:
Diagnóstico mais provável.
Hipomania:
Comportamentos irresponsáveis (“não cumpre terapêutica”, “gastos monetários excessivos”, “não
usa preservativo”)
Irritabilidade (“heteroagressividade física e verbal”)
Discurso acelerado (“verborreia”)
“Sensação de felicidade”
Desinibição comportamental (“ líbido”)
Estado depressivo:
Humor deprimido, (“sente-se triste e instável”)
Dificuldades de relacionamento (“divorciada”, …)
Ausência de autoestima e autoconfiança (“tendência para submissão e dependência”)
Alterações do sono (“insónia”)
Ideação suicida
Perda de interesse (“Nenhum interesse, atividade intelectual e passatempo”)
Os sintomas da Perturbação Bipolar tipo II podem ser aparentemente semelhantes a uma série de
outros problemas, o que atrasa o diagnóstico da doença por anos, bem como o seu tratamento.
Entrevista
Exame físico
Exames laboratoriais (para despite de outras patologias como causa)
ÁCIDO VALPRÓICO 500 mg, comprimido, 500 mg, 2 id (10 h – 20 h) redução da dose: Ácido valpróico (500
mg + 200 mg + 500 mg)
Anticonvulsivante clássico (de largo espetro) estabilizador do humor
Objetivo:
Medicação crónica como profilaxia da alternância entre as fases hipomaníaca e depressiva (sendo
mais eficaz na prevenção de episódios hipomaníacos) da Doença Bipolar – tratamento primário
GABA (inibidor da GABA transaminase e estimulador da síntese do GABA)
geração de potenciais de ação (Bloqueio dos canais de sódio dependentes de voltagem e do canais
de cálcio dependentes de voltagem do tipo T)
Glutamato (antagonista dos recetores NMDA)
Objetivo:
Adjuvante na prevenção de episódios hipomaníacos, induzindo sedação e sonolência e
agressividade
Agonistas parciais do recetores 5-HT1A pós-sináticos nas vias mesolímbicas: atenuação das
perturbações do humor, agressividade (por serotonina nas fendas)
Bloqueio dos recetores 5-HT2 pós-sináticos nas vias mesocorticais: controlo dos sintomas negativos
(por dopamina)
Bloqueio dos recetores 5-HT2 pós-sináticos nas vias nigroestriadas: maior EPS (efeitos motores) (por
Dopamina)
Antagonista dos recetores M1: efeitos anticolinérgicos pronunciados
Nota:
Apesar de o lítio (também estabilizador do humor) ser igualmente eficaz na prevenção das crises
de hipomania, não é preferível ao valproato devido à sua janela terapêutica estreita (maior risco
de toxicidade) e devido aos seus efeitos adversos (náuseas/vómitos, bócio/hipotiroidismo e
efeitos cardíacos) que representam um elevado risco para esta paciente visto que possui gastrite
crónica, nódulos tireoideus e dislipidemia.
Objetivo:
Adjuvante na prevenção de episódios depressivos, induzindo menor isolamento social e aumento
do prazer
Agonistas parciais do recetores 5-HT1A nas vias mesolímbicas: atenuação das perturbações do humor,
agressividade (por serotonina nas fendas)
Bloqueio dos recetores 5-HT2 pós-sináticos nas vias mesocorticais: maior controlo dos sintomas
negativos (por dopamina)
Bloqueio dos recetores 5-HT2 pós-sináticos nas vias nigroestriadas: ligeira EPS (efeitos motores) (por
Dopamina)
Agonistas parciais do recetores 5-HT1A pós-sináticos nas vias mesolímbicas: atenuação das
perturbações do humor, agressividade (por serotonina nas fendas)
Bloqueio dos recetores 5-HT2 pós-sináticos nas vias mesocorticais: controlo dos sintomas negativos (por
dopamina)
Bloqueio dos recetores 5-HT2 pós-sináticos nas vias nigroestriadas: maior EPS (efeitos motores) (por
Dopamina)
Antagonista dos recetores M1: efeitos anticolinérgicos pronunciados
A toma ao jantar potencia o seu efeito, visto que a síntese de colesterol é maior durante o sono.
A rosuvastatina é mais eficaz do que a sinvastatina na redução do colesterol, daí a alteração da estatina.
A toma é única por dia pois a inibição ácida é prolongada devido à inibição irreversível das bombas de
H+.
A toma ocorre antes do pequeno-almoço (geralmente 1h antes) pois os alimentos a biodisponibilidade
oral dos IBPs.
Questão 4. Reflita sobre como deverá ser o seguimento desta doente após a alta clínica, tendo em conta o
prognóstico, o tratamento farmacológico e não farmacológico da doença. Refira quais os
parâmetros clínicos a vigiar, tendo em conta os efeitos secundários expectáveis dos
psicofármacos instituídos.
A Doença Bipolar tipo II não tem cura, pelo que o tratamento farmacológico à base de estabilizadores do
humor bem como de antipsicóticos e ansiolíticos visa apenas controlar a doença, diminuindo a
probabilidade de recaídas, tanto das crises de depressão como de hipomania.
Devem-se executar exames laboratoriais regularmente para avaliar os níveis de colesterol e avaliar o
risco CV uma vez que o ácido valpróico e os antipsicóticos induzem ponderal e de apetite como efeito
adverso.
Dosear a concentração de vit. B12 (devido ao risco de anemia por toma crónica de omeprazol).
Realizar o doseamento do ácido valpróico, não só para verificar se a paciente cumpre a sua toma, mas
também porque este fármaco induz o seu próprio metabolismo, podendo perder a eficácia e levar à
necessidade de aumentar a dose.
Nesta linha de raciocínio, monitorizar as concentrações plasmáticas de todos os outros fármacos para
averiguar a eventual necessidade de fazer ajustes às doses.
Avaliar a função hepática devido ao risco de interações medicamentosas (ex: omeprazol inibe o
metabolismo do diazepam, rosuvastatina aumenta as transaminases hepáticas).
Avaliar a função renal (toma crónica de estatinas pode provocar rabdomiólise por aumento da
fosfocinase da creatina).
Verificar se a paciente não contraiu alguma doença sexualmente transmissível (aquando dos episódios
de desinibição, em que não usa preservativo, na fase hipomaníaca).
Desenhar e manter um gráfico de humor que registe os sintomas diários de alteração do humor,
tratamentos, padrões de sono, e eventos de vida pode ajudar os pacientes e médicos a acompanhar e
tratar a perturbação bipolar de forma mais eficaz.