Sunteți pe pagina 1din 4

Cantigas de escárnio e maldizer

Tópicos de conteúdo: a dimensão satírica – a paródia do amor cortês e a crítica de


costumes.
Paródia do amor cortês: composições em que se parodia a cantiga de amor, ridicularizando os
principais tópicos deste género da lírica trovadoresca: a superioridade da «senhor», o respeito
que por ela sente o trovador; o elogio da sua beleza, do seu prez (dignidade moral).

A paródia do amor cortês - «Roi Queimado morreu com amor»

Roi Queimado morreu con amor


en seus cantares, par Sancta Maria,
por ũa dona que gran ben queria:
e, por se meter por mais trobador,
porque lhe ela non quis ben fazer,
feze-s'el en seus cantares morrer,
mais resurgiu depois ao tercer dia!

Esto fez el por ũa sa senhor


que quer gran ben, e mais vos en diria:
por que cuida que faz i maestria,
enos cantares que faz, á sabor
de morrer i e des i d'ar viver;
esto faz el que x'o pode fazer,
mais outr'omem per ren' nono faria.

E non á já de sa morte pavor,


senon sa morte mais la temeria,
mais sabe ben, per sa sabedoria,
que viverá, des quando morto for,
e faz-[s'] en seu cantar morte prender,
des i ar vive: vedes que poder
que lhi Deus deu, mais que non cuidaria.

E, se mi Deus a mim desse poder


qual oj'el á, pois morrer, de viver,
já mais morte nunca temeria.

Alvo da crítica: a crítica recai sobre o trovador Roi Queimado.

Sátira apresentada:

1) Roi Queimado morreu de amor e ressuscitou ao terceiro dia. Satiriza-se, portanto, o


tema da morte por amor, ou seja, faz-se a paródia do amor cortês, tão caro à poesia
provençal e às cantigas de amor galaico-portuguesas.
2) Roi Queimado não é bom poeta, o que é destacado ironicamente por meio da
afirmação: «por que cuida que faz / maestria / enos cantares que faz.»

1
O poema pode ser dividido em três partes:

1ª parte – 1ª estrofe – Roi Queimado, para mostrar ser melhor trovador do que os outros e amar
mais a sua dama, morreu de amor por ela.

2ª parte – 2ª estrofe – Roi Queimado fez isso porque assim mostra mais engenho do que os
outros trovadores.

3ª parte – 3ª e 4ª estrofes – ele é um eleito de Deus, pois morreu e ressuscitou; o trovador, se


tivesse esse poder, não temeria a morte e ressuscitaria como ele.

Ai, dona fea, foste-vos queixar


que vos nunca louv'en (o) meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
en que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!

Dona fea, se Deus me perdon,


pois avedes (a) tan gran coraçon
que vos eu loe, en esta razon
vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei


en meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já un bon cantar farei,
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!

O sujeito lírico dirige-se a uma velha, feia e louca, que ambiciona ser cantada à maneira
provençal, ou seja, celebrada como se de uma deusa se tratasse. Declara estar disposto a fazê-
lo sem faltar à verdade, descrevendo-a exatamente como ela é.

Alvo da sátira: Ridiculariza-se o panegírico frequentemente dirigido às mulheres cantadas


nas cantigas de amor. Descreve-se a mulher não como um ser perfeito, quase divino, mas
antes como alguém com vários defeitos físicos e psicológicos.

2
Don Foão, que eu sei que á preço de livão,
vedes que fez ena guerra (daquesto soo certão):
sol que viu os genetes, come boi que fer tavão,
sacudiu-se e revolveu-se, al-
çou rab'e foi sa vía a Portugal.

Don Foão, que eu sei que á preço de ligeiro,


vedes que fez ena guerra (daquesto son verdadeiro):
sol que viu os genetes, come bezerro tenreiro,
sacudiu-se e revolveu-se, al-
çou rab'e foi sa vía a Portugal.

Don Foão, que eu sei que á prez de liveldade,


vedes que fez ena guerra (sabede-o por verdade):
sol que viu os genetes, come can que sal de grade,
sacudiu-se e revolveu-se, al-
çou rab'e foi sa vía a Portugal.

Segundo Carolina Michaelis, o poeta alude ao fidalgo português D. João Pires de


Vasconcelos, que tinha a alcunha de «Tenreiro» e que fugiu vergonhosamente do campo
de batalha.
No âmbito da crítica de costumes, o poema aborda a crítica à decadência da nobreza.

Crítica de costumes: (o poema tem duas estrofes)


«Un infançon mi á convidado»

Un infançon1 mi á convidado2
que seja seu jantar loado
par mi3, mais eu nono ei guisado4;
e direi-vos por que mi aven5:
ca6 já des antan’ei jurado7
que nunca diga de mal bem.

Diss’el, poi-lo jantar foi dado:


- Load’este jantar onrado!
Dix’eu: - Faria-o de grado,

1
Infançon: infanção, nobre de segunda categoria;
2
convidou-me;
3
A louvar o jantar que me ofereceu;
4
Mas eu não acho justo fazê-lo;
5
Porquê;
6
Porque.
7
Desde há muito que jurei.

3
mais jurei antan’en Jaen8,
na oeste9, quando fui cruzado,10
que nunca diga de mal ben.

A cantiga narra um episódio da vida do trovador/narrador: foi convidado para jantar com um
«infançon» que pretendeu que o seu convidado gabasse o jantar; mas dada a fraca qualidade
que o convidado viu nele, sentiu-se incapaz de o louvar, e justificou-se com um juramento que
tinha feito no passado, quando fora soldado numa campanha militar, em Jaen – nunca diria bem
do que era mau.

Refere quem é criticado e o motivo da crítica.


Critica-se um infanção que, sendo pobre, apresentou um pobre jantar pretendendo que se
tratava de uma boa refeição: por isso é ridicularizado.
A censura do jantar só não é declarada porque o convidado está impedido, por juramento, de
mentir.

8
Localidade no sul de Espanha, na época na fronteira entre cristãos e muçulmanos, uma zona de guerra;
Jaen foi conquistada aos muçulmanos, em 1246.
9
Exército.
10
Soldado na luta contra os muçulmanos, que ocupavam grande parte do Sul da Península Ibérica.

S-ar putea să vă placă și