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2019
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da república no Brasil.
2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
No quinto capítulo, Carvalho realiza uma análise sobre os símbolos nacionais que
foram impostos, destacando que houve uma batalha intensa para introdução dos determinados
símbolos, principalmente em torno da bandeira e do hino nacional, que “no caso da bandeira a
vitória pertenceu a uma facção positivista, incorporando elementos da tradição imperial. No
caso do hino, a vitória da tradição foi total...” (1995, p.109). Carvalho descreve que durante o
inesperado 15 de novembro, as tropas não possuíam bandeira e utilizaram como hino
simplesmente a Marselhesa, posteriormente o movimento republicano brasileiro
descaracterizou a bandeira imperial devida os emblemas nela contidos. Segundo Carvalho a
maior resistência e que gerou maior polêmica, foi a introdução da divisa “Ordem e
Progresso”, até hoje presente no símbolo nacional. Consequente, Carvalho aborda sobre o
hino, afirmando que foi “uma vitória popular, a talvez a única intervenção vitoriosa do povo”.
O sexto e último capítulo abordado pelo autor, Os positivistas e a manipulação do
imaginário é uma análise do pensamento filosófico positivista que se envolveu fortemente nas
disputas simbólicas da construção da República brasileira. Segundo Carvalho, a corrente
filosófica submeteu características marcantes na história brasileira, principalmente através da
manipulação de símbolos, se apropriam e interagiram com as diversas camadas sociais do
período.
Assim, em uma obra que é composta de seis capítulos, em que cada capítulo o autor
reafirma sua tese em “estudo anterior”, que não houve participação pública na implantação do
processo da república. Segundo Carvalho, no Brasil existiam sob o novo regime três correntes
ideológicas que disputavam um modelo de governo. Sendo elas, o liberalismo, o jacobinismo
e o positivismo, tendo se destacado por volta da “virada do século”, o liberalismo. O autor
descreve cada um dos modelos, no qual serão manifestadas através de alegorias, mitos e
símbolos. Segundo Carvalho, “a discussão dos símbolos e de seu conteúdo poderá fornecer
elementos preciosos para entender a visão de República que lhes estava por trás, ou mesmo a
visão de sociedade, de História...” (p.13). A análise constituída pelo autor destes modelos
políticos e filosóficos na construção do ideário republicano brasileiro é objetiva e apresenta
coerência, Carvalho aproveita muito bem o seu objeto de pesquisa.