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No texto Para uma pedagogia da metáfora, Paes inicialmente constrói seu discurso a
partir de uma citação literária – provinda de Blaise Pascal – e a vida cotidiana – no que diz
respeito às primeiras experiências e visão de mundo –, construindo um paralelo que evidencia
a similaridade entre ambos pontos que seguem um mesmo caminho: o de ilustrar a dinâmica do
processo metafórica.
Pascal em suas leituras sobre as escrituras cristãs, defende que nesses textos o que é dito
não pode ser levado ao pé da letra, deve-se manter o sentido literal e o sentido figurado para
então conceber a mensagem das escrituras, a metáfora espiritual por meio dos eventos
concretos. Ao aproximar aquilo que é icônico, intangível com a realidade, o que é tratado não
alcança as expectativas do leitor, gerando pela figura do retrato: “Um retrato traz ausência e
presença, prazer e desprazer. A realidade exclui a ausência e o desprazer”. Essa percepção de
valorização do que é figurado em detrimento do figurante, segundo Paes, no processo
metafórico passam a se relacionar de maneira equilibrada.
Paes em seu segundo ponto recorre às experiências da vida cotidiana, o jogo de encobrir
e descobrir o rosto de adultos para as crianças, e então relaciona os sentimentos de prazer – ao
e desprazer com os “figurativos” de Pascal, atentando ao fato de tal brincadeira guarda regras
– que podem ser homologadas com os riscos do processo da metáfora –, caso demore para
mostrar o rosto a criança chorará e se for rápido demais não irá perceber o desaparecimento.