Sunteți pe pagina 1din 33

A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental

2 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental


3 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
4 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
A produção mineral brasileira, cinco séculos de impacto ambiental
Luis Enrique Sánchez

como citar:

Sánchez, L.E. A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto


Ambiental. In: W.C. Ribeiro (Org.), Patrimônio Ambiental Brasileiro, p. 125-
163. São Paulo: Edusp/Imprensa Oficial, 2003. Coleção Uspiana Brasil 500
Anos.

A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental


1. O período colonial

1.1 Primórdios

Ao se depararem com tão vasto e desconhecido território, os primeiros colonizadores


devem ter sonhado, como seus vizinhos espanhóis, com fabulosas riquezas na forma de ouro e
prata ou pedras preciosas reluzentes. Tiveram que se contentar com recursos vegetais,
derrubando pilhas e pilhas de pau-brasil. Ao contrário das civilizações andinas ou da Meso-
América, os habitantes destas paragens não eram mineradores. Conheciam bem o mato e os
bichos, mas as pedras mal serviam para fabricar pontas de flechas.

Desconhecido o território, e sendo a fachada atlântica coberta de densa floresta, a única


maneira de encontrar metais preciosos seria perguntando aos índios. Como estes não se
interessavam pelo assunto, bem que tentaram os portugueses, organizando algumas expedições, a
mando de Martim Afonso de Souza, todas infrutíferas.

Mas o europeu do século XVI não se adaptaria a um modo de vida baseado


exclusivamente no vegetal – e complementado pelo animal no que tange à alimentação. No
Velho Mundo e em especial no montanhoso Portugal, morava-se em sólidas construções de
pedra e aqui os colonizadores julgavam merecer algo mais sólido que uma choupana. A primeira
mineração brasileira deve ter sido a de conchas calcárias na Baía de Todos os Santos, para a
fabricação de cal à época da fundação de Salvador (GUIMARÃES, 1981:51). Datam dessa época
os primeiros impactos ambientais da mineração, com a derrubada da vegetação e a queima de
lenha nos fornos de cal. Afetado também deve ter sido o patrimônio arqueológico, já que muita
concha deve ter sido extraída de sambaquis.1 Naturalmente também foi minerada argila desde
essa época, para a fabricação de telhas, vendidas a "dois mil réis o milheiro". Data de 1575 a
primeira autorização para funcionamento de uma olaria na cidade de São Paulo (HERRMANN,
1995:113). O mesmo ocorria nos outros povoados da colônia, substituindo o sapé por um
material mais sólido e duradouro.

Embora as notícias das fabulosas minas de ouro e prata que corriam em Portugal não
passassem justamente disso, fábulas, os colonos tinham necessidade de outros recursos minerais,
além da matéria-prima para cal e de telhas e tijolos. Não usavam pedras para construção, já que o
intemperismo atuante nestas terras tropicais de clima úmido havia criado espessa camada de solo,
e nos locais onde havia afloramentos rochosos tratava-se do duro gnaisse e do granito e não do
brando calcário abundante na Europa.

No entanto, faltava ferro para fabricar as indispensáveis ferramentas. Nas proximidades


de São Paulo, no Planalto de Piratininga, um certo Bartolomeu Fernandes2, ferreiro de profissão,
teria sabido aproveitar depósitos de limonita já nos anos 1550 (GUIMARÃES, 1981:54)3. Essas
minas logo foram suplantadas pela descoberta das jazidas de Araçoiaba, próximo a Sorocaba, no
local depois conhecido como Fazenda Ipanema. Ali, em 1590, Afonso Sardinha construiu
pequeno forno. Ambas iniciativas utilizavam técnica rudimentar, semelhantes aos “fornos de
barranco”, ainda empregados na fabricação de cal em algumas regiões do país.

1
O que não deixa de ser uma reciclagem de resíduos, prática assaz moderna.
2
Outras fontes o chamam Bartolomeu Gonçalves (ABM, 1989).
3
Outras fontes datam esse primeiro forno de 1606 (CVRD, 1992:31, citando Sérgio Buarque de Hollanda).
LANDGRAF, TSHIPTSCHIN e GOLDENSTEIN (1994:109) também adotam a data do início do século XVII e
localizam esse primitivo forno na atual avenida Marginal Pinheiros, proximidades da ponte João Dias. Seus
vestígios foram atingidos por essas obras viárias.
6 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
Entretanto, "minério", na época, designava apenas os metais preciosos. Embora ninguém
tivesse encontrado ouro ou prata, havia até legislação que regulamentava a assunto, as Ordenações
Manuelinas. Quando esteve sob domínio da coroa espanhola (1580-1640), Portugal mudou a
legislação mineral. Sob Felipe II, em 15 de agosto de 1603, passaram a vigorar as Ordenações
Filipinas, que permitiam explicitamente a busca de minérios em "herdade alheia". Restabelecida a
autonomia portuguesa, foi confirmado este regime dominial4, somente interrompido entre 1891 e
1934. Este regime visa incentivar a prospecção mineral, concedendo prioridade ao descobridor de
uma jazida.

Ouro foi efetivamente encontrado, mas ainda não em quantidades fabulosas. Em meados
do século XVII já havia extração de ouro em São Paulo, nos córregos que drenavam o Pico do
Jaraguá e em "Ibituruna" (hoje Voturuna, nas imediações de Araçariguama). Já havia, inclusive,
uma Casa de Fundição instalada em São Paulo. No final do século, o leste do Paraná foi rico
produtor de ouro e a Casa da Fundição de Paranaguá chegou a arrecadar 22 kg anuais a título de
quinto (GUIMARÃES, 1982:64), o que supõe uma produção oficial de 110 kg. Evidentemente
naquela época, como agora, apenas uma parte da produção era declarada.

Na virada do século, o bandeirante Borba Gato (ou talvez Antônio Rodrigues Arzão) se
declara descobridor de "minas riquíssimas" em Minas Gerais – era o início de um novo ciclo
econômico no país.5

1.2 O ciclo do ouro

Tão importante foi a extração do ouro no século XVII que os manuais de História
definem um novo ciclo econômico, que trouxe consigo o povoamento de vastas porções do
interior do país e deixou muitas marcas. Marcas, por exemplo, na toponímia, em cidades como
Lavras, Datas, Catas Altas, Ouro Preto e outras. Marcas na cultura, que floresceu financiada pela
renda auferida com o ouro, nas igrejas mineiras, do Rio de Janeiro e da Bahia, nas chamadas
cidades históricas e em muitos outros campos. Mas o ciclo do ouro deixou também marcas no
ambiente, seja em decorrência direta da extração do minério, seja devido ao afluxo de pessoas e
seu estabelecimento nas novas regiões.

O Brasil foi o maior produtor mundial de ouro durante o século XVIII, respondendo por
mais da metade de toda a produção. Um importante estudioso da questão mineral no Brasil no
início deste século, João Pandiá Calógeras, estima em cerca de 982 toneladas a quantidade de
ouro produzida no país durante o século XVIII (GUIMARÃES, 1981:81). Evidentemente
qualquer estimativa é uma mera aproximação, dada a facilidade de desvio e contrabando do
metal.

No início foi lavrado o ouro que se concentrava nos leitos e nas margens dos rios das
regiões montanhosas de Minas Gerais. O cascalho e a areia eram escavados dos leitos durante a
estação seca e transportados para as margens, formando pilhas chamadas mundéus; em seguida o
ouro era concentrado pelo simples emprego de uma bateia. Também era comum o desvio de
riachos, para facilitar o trabalho de escavação do leito. O ouro também se encontrava nas
encostas, em formações intemperizadas denominadas grupiaras, facilmente escaváveis à mão ou
desagregadas com o auxílio de água. Neste caso, eram escavadas canaletas para conduzir a água

4
Regime jurídico no qual a propriedade do solo distingue-se da propriedade do subsolo, cujo domínio é
atribuído ao Estado. Ver HERRMANN (1995:42-49).
5
Há discrepância sobre a data e o autor da descoberta do ouro das Gerais. HOLANDA (1960:259) considera ter
sido Arzão.
7 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
de pontos mais altos. Finalmente, algum ouro foi extraído através de lavra subterrânea de filões
auríferos primários, mas a técnica era rudimentar e não permitia escavações muito profundas nem
galerias muito longas.6

Com tais técnicas, não admira que ainda hoje a paisagem da zona aurífera de Minas
Gerais mostre encostas com perfis totalmente desordenados e freqüentes ravinas de erosão.
Claro que também a agricultura e a pecuária contribuíram, mas o papel da mineração histórica foi
significativo. DEAN (1997:115) estima que nada menos que 400 mil hectares de terras teriam
sido afetados pelos trabalhos de mineração. Viajantes que percorreram a região no início do
século XIX, quando a produção de ouro já diminuíra enormemente, relataram tanto a decadência
como os danos; SAINT-HILAIRE, por exemplo, descreve uma vista de Vila Rica, “onde o
terreno revolvido e despojado de vegetação deixa por toda a parte lobrigar vestígios aflitivos dos
trabalhos mineiros” (1975:70). Mesmo na atualidade, nas montanhas ao redor de Ouro Preto, são
visíveis as alterações na paisagem causadas pela extração de ouro.

Outra conseqüência ambiental direta foi a radical alteração da morfologia dos leitos de
rios e de planícies de inundação, com os correspondentes impactos sobre o ecossistema aquático
e a reprodução de peixes. Novamente é SAINT-HILAIRE quem observa que o “Rio de Ouro
Preto, pequeno curso, cujas águas, pouco abundantes, são sem cessar divididas e subdivididas
pelos faiscadores, e cujo leito, de um vermelho escuro, não apresenta mais que filetes de água que
correm entre montes de seixos enegrecidos, resíduo das lavagens” (1975:69). Além de remover a
vegetação ciliar, de poluir as águas com partículas devido ao revolvimento do fundo e das
margens, muitos córregos eram desviados para levar água aos locais de extração, através de
verdadeiros aquedutos feitos de troncos de árvores. A carga de sedimentos aumentou tanto que,
desde essa época “os rios Sabará e das Velhas começavam a tornar-se lamacentos” (DEAN,
1997:113). O rio das Velhas continuou poluído com rejeitos da mineração de ouro e ferro até o
final do século XX.

Nem só de ouro viveu o ciclo do ouro. De diamantes também, substância da qual o país
também foi o maior produtor mundial, até a descoberta dos depósitos sul-africanos. A descoberta
de diamantes em Minas Gerais foi oficialmente anunciada em 1728 (ESCHWEGE, 1979, v.2:87).
Os métodos de lavra se assemelhavam aos do ouro, com extração de cascalhos de leitos de rio ou
escavações nas vertentes, com a ajuda de água. Ainda hoje pode-se encontrar, na região de
Diamantina, garimpos que funcionam de modo muito parecido ao de antigamente, distinguindo-
se somente pelo emprego de bombas d’água ou de jatos de água para desagregação do solo.

Pedras preciosas foram descobertas em 1760 nas imediações de Vila Rica, onde o topázio
ainda hoje é explorado. Mais tarde, outras pedras foram descobertas no nordeste mineiro, até
hoje importante região produtora. Em se tratando de gemas, a extração é muito seletiva e sempre
manual, ou seja, os depósitos são também trabalhados por garimpeiros. Nos séculos XVIII e
XIX, as técnicas de lavra não eram muito diferentes daquelas utilizadas para extrair o ouro das
encostas, se bem que os volumes de solo removidos devam ter sido bem menores. O
escorregamento de solo e rocha nas encostas afetadas pela mineração é um impacto descrito por
SPIX e MARTIUS (1981, v.1:200), que visitaram uma mina de topázio: “logo atrás da Fazenda
Lana, há uma colina, numa de cujas encostas, em perímetro de mais de 4000 m2 e até a altitude de
sessenta pés, o terno está tão amolecido pela chuva e pela água ali trazida artificialmente, que
parece papa e toda essa massa, sem se desmanchar, está deslizando para baixo.” Uma vez que os

6
Isto não significa que não existissem conhecimentos técnicos para tal. Muitos séculos antes, os romanos já
empregavam técnicas sofisticadas de mineração subterrânea, relatadas por autores como Estrabão e Plínio, que,
aliás, já citavam o assoreamento como uma das conseqüências da extração e lavagem de ouro (SUTHERLAND,
1969:95).
8 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
mesmos métodos de desmonte com ajuda de água eram utilizados na mineração de ouro, e dadas
condições semelhantes de relevo, é de se esperar que este tipo de impacto ambiental também
fosse comum em diversas minas de ouro.

Outros minerais não foram objeto de extração significativa, à parte os sempre necessários
materiais de construção, como argila para telhas, tijolos e paredes de taipa, calcário para
fabricação de cal empregada em argamassas e pintura e algumas pedras. Muita pedra de cantaria
era importada já lavrada de Portugal, e utilizada em construções onde se requeria precisão de
corte e acabamento, como arcos de pontes e abóbadas (KATINSKY, 1994:79). A igreja de Nossa
Senhora da Conceição da Praia, em Salvador, foi inteiramente encomendada, em 1736, a Eugênio
da Mota, pedreiro português, que, por sua vez, encomendou pedras-de-lioz (um calcário) a
Manuel Vicente, dono de uma pedreira nas proximidades de Lisboa (BAZIN, 1958, v.2:23).
Quanto à cal, ainda era em grande parte produzida a partir de conchas; os viajantes que
embarcavam no Rio de Janeiro rumo ao início da estrada de Minas Gerais, no fundo da baía da
Guanabara, podiam ver escravos em pé nas águas rasas, extraindo conchas (SAINT-HILAIRE,
1975:187).

O importante, sob o ponto de vista da Coroa, era a produção de ouro, que passara a
decair. Entendia-se que uma das principais causas desse declínio era o desconhecimento de
técnicas adequadas de lavra, diagnóstico no qual coincidiam diversos especialistas da época, como
o diretor do Real Museu da Ajuda, de Lisboa. Na visão de FIGUEIRÔA (1995:36), diferentes
iniciativas tomadas pela elite portuguesa a partir da ascenção do Marquês de Pombal calcaram-se
"na ênfase no poder da ciência na solução de questões concretas". Dentre os problemas na
ordem do dia "os relacionados à Agricultura, em primeiro lugar, e os relativos à Mineração,
secundariamente (...) compunham a agenda de preocupações que cumpria atender." Uma
providência foi enviar três diplomados da Universidade de Coimbra em longa viagem de estudo
pela Europa, entre 1790 e 1799. Dois brasileiros se destacaram nessa tarefa prática, Manoel
Ferreira da Câmara de Bethencourt e Sá, conhecido como o Intendente Câmara devido à sua
posterior função de "Intendente das Minas da Capitania de Minas Gerais e do Serro Frio" e José
Bonifácio de Andrada e Silva.

José Bonifácio, além de seu trabalho de mineralogista e de destacado papel político na


história do país, foi uma das primeiras vozes a alertar para o que hoje chamamos de problemas
ambientais. Preocupava-lhe o uso prudente dos recursos da natureza, que deveria ser explorada
com técnicas adequadas: "nossas numerosas minas, por falta de trabalhadores ativos e instruídos,
estão desconhecidas ou mal aproveitadas; nossas preciosas matas vão desaparecendo, vítimas do
fogo e do machado (...)" (citado por PÁDUA, 1987:26). Coube a José Bonifácio baixar instruções
ordenando o reflorestamento da costa brasileira, quando assumiu o cargo de Intendente Geral
das Minas e Metais do Reino. A legislação lhe dava essa prerrogativa. Mudado em 1802, o
Regimento das Minas e Estabelecimentos Metálicos atribuiu ao Intendente das Minas a
administração “das matas e bosques”, haja vista que “sem madeiras, lenhas e o carvão em
abastança, não poderão as ferrarias trabalhar aturadamente” (citado por HERRMANN,
1995:129).

Os impactos ambientais indiretos do ciclo do ouro foram muito maiores que a


degradação dos solos ou a poluição das águas, pois foram conseqüência da ocupação do território

7
“Próximo de algumas ilhas vimos negros que, metidos n'água até a cintura, juntavam conchas de mariscos.
Como não há rochas calcáreas nas proximidades do Rio de Janeiro, substituem-lhes a cal pela obtida das
conchas. Para preparar a cal, elevam-se grandes cones colocando alternativamente, umas sobre as outras,
camadas espessas de conchas e lenha, e põe-se fogo. O trabalho de colher mariscos na água é dos mais
desfavoráveis à saúde dos negros, e freqüentemente lhes causa perigosas moléstias.”
9 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
e do crescimento da população. Tal crescimento, impulsionado pela mineração, foi muito maior
que o verificado no início da colonização, e era tanto vegetativo quanto alimentado pela chegada
ininterrupta de novos escravos e de portugueses à busca de enriquecimento fácil. Era necessário
alimentar toda essa força de trabalho envolvida na mineração. Como a agricultura no Brasil
sempre se fez em detrimento da floresta, boa parte dos alimentos vinha de longe, de lavouras
recém-abertas. Já as terras desmatadas havia mais tempo, nas quais a vegetação começava a se
reestabelecer, eram novamente queimadas, o que faz DEAN (1997:116) afirmar que “essa
modificação e a remoção exploratória, hidráulica e manual da superfície dos solos da floresta
sugerem que o empreendimento minerador do século XVIII exigiu muito mais da Mata Atlântica
que os primeiros dois séculos de lavoura de subsistência”.

Outro recurso importante explotado no final do século XVII e início do XIX é o salitre,
principal componente da pólvora. Dadas as restrições impostas por Portugal ao desenvolvimento
econômico da colônia, somente no final do século foi incentivada a produção, com o objetivo de
atender à demanda da metrópole. Em 1808 é criada a Fábrica Real de Pólvora do Rio de Janeiro,
seguida de outra, em Vila Rica. As principais salitreiras naturais eram as cavernas calcárias, de
onde eram retiradas as “terras salitrosas”, que eram lavadas e tratadas fora das cavernas. Diversas
regiões de Minas Gerais forneceram salitre, correspondendo os atuais município de Arcos, Sete
Lagoas, Cordisburgo, Montes Claros, Coração de Jesus e outros situados na região calcária do
vale do São Francisco (GOMES e PILÓ, 1992:86). É possível encontrar marcas dessas
escavações em inúmeras cavernas, algumas delas também depósitos fossilíferos, de modo que
sítios paleontológicos do Pleistoceno foram destruídos ou mutilados devido à explotação de
salitre, e provavelmente o mesmo aconteceu com evidências arqueológicas.

2. O Império

A chegada de D. João VI e seu séquito causou mudanças na vida da colônia. Abre-se uma
era de estudo da natureza brasileira, em parte ainda seguindo o ideal iluminista e em parte com
propósitos práticos: era necessário introduzir melhorias técnicas na extração de minerais, pois a
renda decorrente da produção de ouro continuava declinando.

Também a siderurgia passou a interessar, uma vez que o ferro é a principal matéria-prima
não só na fabricação de instrumentos agrícolas como também de armas. Já em 1808 criou-se a
Real Fábrica de Ferro do Morro do Pilar, no distrito diamantino e em 1810 vieram ao Brasil
especialistas alemães que José Bonifácio havia contratado em Portugal. Dentre estes, Feldner,
Varnhagen e Eschwege. Varnhagen foi enviado à Fazenda Ipanema, para estudar as jazidas de
ferro, e já em 1810 novo decreto criava a Real Fábrica de Ferro de Ipanema. Eschwege, enviado
para Minas Gerais, viajou extensivamente e muito contribuiu para o conhecimento geológico da
província; além disso, fundou sua própria empresa siderúrgica, a Fábrica Patriótica do Prata, em
Congonhas do Campo. As ruínas desta fábrica encontram-se preservadas em terreno de
propriedade da empresa mineradora Ferteco, hoje pertencente à Companhia Vale do Rio Doce.
Já as instalações de Ipanema, parcialmente reconstruídas, estão hoje conservadas na Floresta
Nacional de Ipanema, abertas à visitação pública.

Outra iniciativa privada foi a fábrica do francês Monlevade, que começou a funcionar em
1827 em Caeté, mas nenhuma das fábricas teve vida longa. Embora deficitária, a fábrica de
Ipanema funcionou, com interrupções até 1896. A fábrica do Morro do Pilar foi fechada em
1831, dadas as dificuldades de superar as deficiências técnicas e a falta de mão-de-obra
especializada para manter os altos-fornos em funcionamento8. Proliferaram, todavia, em toda a
8
Ver GOMES (1983) e CVRD (1992).
10 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
zona ferrífera, inúmeras pequenas forjas (CVRD, 1992:122), produzindo ferro para atender à
demanda local de instrumentos agrícolas e ferramentas para mineração, enquanto o ferro
utilizado no Rio de Janeiro e em toda a zona litorânea era importado. Essa indústria só declinou
na década de 1880, quando a ferrovia chegou a Congonhas do Campo, possibilitando o
transporte de ferro importado (CVRD, 1992:125). Com a Abolição, a situação ficou ainda mais
difícil para os pequenos produtores.

A produção de ferro durante o período imperial não chegou a ponto de causar impactos
ambientais tão significativos quanto aqueles verificados na mineração de ouro. Os volumes de
minério e de materiais estéreis removidos eram muito menores. Enquanto o ouro era lavrado em
depósitos que tinham teores de no máximo vinte ou trinta gramas de metal por tonelada, o
minério de ferro era a hematita compacta, que alcança 66% de metal contido. Considerando
ainda que todo o processo de extração era feito a seco, a mineração de ferro tinha impactos
negligenciáveis sobre os recursos hídricos. O grande impacto se dava, portanto, na siderurgia,
devido ao consumo de lenha, toda ela proveniente de formações vegetais nativas. A poluição do
ar devido à queima de carvão era certamente desprezível, mesmo porque já se praticavam
amplamente as queimadas, que, dadas as dimensões das áreas afetadas, emitem muito mais
poluentes do ar.

Findo o ciclo do ouro, o Brasil continuou produzindo pequenas quantidades desse metal,
porém não mais como grande produtor mundial, tendo sido suplantado pela Austrália, África do
Sul, Estados Unidos e outros países que viveram seus próprios booms auríferos. O novo governo
entendeu que eram necessários capitais externos para dar continuidade à produção de ouro no
país, abrindo minas subterrâneas de grande profundidade, e estimulou os investimentos. Nada
menos que seis companhias foram fundadas na Inglaterra para explorar ouro no Brasil. A Imperial
Brazilian Mining Association, fundada em 1824, lavrou, durante trinta anos, a mina de Gongo Soco,
em Barão de Cocais, produzindo cerca de 13 toneladas de ouro (CVRD, 1992:116). Outros
empreendimentos não foram bem sucedidos, e um único sobreviveu não só ao século como até
hoje. Em 1830 foi fundada em Londres a St.John D’El Rey Mining Co., constituída para lavrar ouro
em São João Del Rei. A jazida não se mostrou muito promissora, e logo a empresa voltou sua
atenção para a localidade de Campos de Congonhas, hoje município de Nova Lima, que já
rendera metal durante a colônia.

A empresa adquiriu uma propriedade que pertencera ao padre Antonio Freitas, de onde o
ouro havia sido extraído desde 1725. Foi então aberta, em 1834, a mina de Morro Velho, que
funcionou continuamente por 160 anos.9 Durante o Império, foi o principal estabelecimento
minerador do país; em vinte anos, sua produção foi multiplicada, passando de 99 kg anuais em
1835 para 1337 kg em 1853 (RODRIGUES, 194:22). Tamanho crescimento foi possível devido à
introdução de novas técnicas de lavra subterrânea e de beneficiamento do minério - este era feito
através de um processo que envolvia a moagem do minério em moinhos de pilões de
acionamento hidráulico, a concentração por diferença de densidade em mesas recobertas de pele
de cabrito e a posterior amalgamação. Visitando a mina em meados do século passado,
BURMEISTER (1980:246) observou que no tratamento do minério eram empregadas 80 libras
de mercúrio para 16 pés cúbicos de minério moído, o que equivale a uma quantidade
impressionante de mercúrio disperso no ambiente por essa mina.

Os rejeitos do beneficiamento foram durante décadas lançados na rede hidrográfica local


(afluente do rio das Velhas), e além de partículas sólidas, continham mercúrio. O escoramento da
mina era todo feito com madeira, extraída das ainda abundantes matas locais. Nas condições de
umidade da mina, o madeiramento durava pouco e tinha de ser substituído. Ocasionalmente
9
A empresa tem planos de paralisar a produção no segundo semestre de 2002.
11 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
havia incêndios. A partir de 1884, com a chegada de um novo diretor inglês, o engenheiro
Chalmers, houve grande ampliação das atividades, a empresa represou pequenos rios das
imediações, construindo usinas hidroelétricas10 e instalou uma infra-estrutura urbana e serviços de
saúde e educação. A St.John D’El Rey Mining Co. contou com privilégios fiscais, incluindo, desde
1859 até o final do Império, a isenção completa de impostos (GROSSI, 1981:38). Em 1881 foi
visitada por D.Pedro II, que desceu a 457 metros de profundidade, e em 1884, contratou o
primeiro engenheiro brasileiro - até então, todos eram ingleses (CARVALHO, 1978:84).

Nos anos 1860, quando a produção anual média de ouro era da ordem de 2 toneladas
(GUIMARÃES, 1981:89) outras companhias auríferas se instalaram em Minas Gerais: a Dom
Pedro North d’El Rey Gold Mining Company funcionou durante catorze anos em Mariana; a Santa
Bárbara Gold Mining Company produziu 2,7 toneladas em vinte e dois anos, ao passo que outras
empresas, todas de capital inglês, não tiveram sucesso e funcionaram durante poucos anos.
Capitais franceses deram origem a novas atividades nas minas da Passagem, em Mariana (CVRD,
1992:118-119), que funcionaram durante boa parte do século XX e hoje podem ser visitadas
turisticamente.

Várias ocorrências minerais foram identificadas no decorrer do século XIX, quando


naturalistas e engenheiros descobriram depósitos de carvão, chumbo, cobre, manganês, estanho,
caulim e mais ouro. No entanto, esses depósitos foram objeto de pequenos trabalhos de lavra,
que provavelmente não causaram impactos ambientais significativos.

3. Industrialização

O aproveitamento de minerais metálicos, não-metálicos e combustíveis foi essencial no


processo de industrialização. Na Inglaterra, a Revolução Industrial pôde apoiar-se na oferta
crescente e abundante de carvão, enquanto no continente europeu as primeiras regiões industriais
foram aquelas que contavam recursos minerais. A industrialização brasileira, mais tardia,
necessitou importar ferro e outras matérias-primas, mas o aproveitamento dos recursos minerais
locais foi e continua sendo de grande importância.

Em 1930 e 1950, período de grande crescimento da produção industrial brasileira, ferro,


carvão, ouro e calcário respondiam juntos, respectivamente, por 90% e 70% do valor da
produção mineral brasileira (CVRD, 1992:203-204). A produção foi se diversificando em paralelo
ao desenvolvimento da indústria, consumidora de diferentes minerais metálicos e não metálicos.
Um excepcional aumento da produção de muitos bens minerais ocorreu a partir da década de 60,
como mostra a Figura 1.

3.1 Recursos para a indústria

Embora o Brasil seja grande exportador de alguns recursos minerais, como o ferro e o
alumínio, também é grande importador, como o foi durante a maior parte do século XX.
Investimentos privados e estatais, que foram mudando o perfil da economia brasileira, também
foram aplicados ao desenvolvimento de recursos minerais e ao estabelecimento de infra-estrutura
que viabilizasse sua explotação. Os impactos ambientais da produção de alguns bens minerais
importantes no país serão discutidos a seguir.

10
Uma delas foi transformada em centro de educação ambiental e pode ser visitada, assim como o Centro de
Memória da empresa, instalado no antigo casarão colonial de onde era administrada a mina.
12 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
O ferro e a siderurgia

No início do século já se tinha consciência que os depósitos de mineral de ferro do


Quadrilátero Ferrífero estavam entre os mais importantes do mundo. O Serviço Geológico e
Mineralógico do Brasil, criado em 1907, realizou, no ano seguinte, levantamento das reservas de
ferro e manganês, estimando aquelas em aproximadamente quatro bilhões de toneladas, o que
correspondia a cerca de um quarto das reservas mundiais da época (FIGUEIRÔA, 1995:223). No
entanto, o aproveitamento dessas reservas necessitava, por uma lado, infra-estrutura de
transporte e, por outro, capacidade siderúrgica de transformar o minério em ferro-gusa e aço.

Não foram poucas as tentativas de estabelecer um grande empreendimento siderúrgico.


Pequenas usinas funcionaram, com diferentes graus de sucesso, desde 1888, quando foi fundada
a Usina Esperança, no atual município de Itabirito, "a pouca distância da jazida (...), com
abundantes matos na proximidade, com energia hidráulica mais do que suficiente para sua operação e
ampliação, a 500 m da estação Esperança da atual Estrada de Ferro Central do Brasil" (GOMES,
1983:142, grifos meus). Assim, além do capital e da tecnologia, os ingredientes básicos estavam
reunidos: matéria-prima (minério de ferro), carvão vegetal (redutor e combustível), energia
elétrica e infra-estrutura de transporte.

A siderurgia brasileira começou a carvão vegetal e parte dela assim funciona até hoje. A
usina Esperança consumia cerca de 3,5 m3 de carvão por tonelada de gusa produzida, e as matas
da região forneciam 320 m3 por alqueire (GOMES, 1983:143). O custo do carvão era maior que o
do minério.

Subsídios governamentais e outros incentivos vieram a partir de 191011, e possibilitaram a


construção de diversas pequenas usinas no Quadrilátero Ferrífero - em Rio Acima, Caeté, Santa
Bárbara. A principal foi a usina da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, inicialmente instalada
em Sabará, onde começou a funcionar em 1920. Já então se falava em plantio florestal, única
forma de garantir o suprimento de carvão vegetal (GOMES, 1983:191). Entre 1920 e 1930 a
produção de ferro-gusa mais que duplicou e a de aço foi multiplicada por quatro (CVRD,
1992:161). Diversos empreendimentos siderúrgicos surgiram nos anos trinta, em Minas Gerais,
Barra Mansa (Estado do Rio de Janeiro) e São Paulo, mas a grande siderurgia a carvão mineral
somente teria início com a inauguração da Companhia Siderúrgica Nacional em 1946.

Por outro lado, os depósitos de minério de ferro atraíram a atenção de investidores


estrangeiros, que adquiriram vastas extensões de terra12. Uma dessas empresas, a Itabira Iron Ore
Company, de capital inglês, recebeu em 1911 autorização do governo brasileiro para funcionar no
país (CVRD, 1992:155). A empresa pretendia exportar minério, e para isso havia adquirido ações
da Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas, fundada em 1902 por capitalistas brasileiros, e
cujo projeto ferroviário ainda estava em construção. No entanto, a Itabira Iron não concretizou
seus projetos, seja devido à oposição política do governo estadual, seja devido à dificuldade de
levantar capitais. A produção em grande escala de minério de ferro para exportação só foi
materializada a partir de 1942, quando, em plena guerra mundial, os governos brasileiro, britânico
e americano firmaram um acordo que previa a transferência das jazidas para uma empresa
brasileira, e o financiamento do equipamento da ferrovia e das futuras minas. Foi então criada,
pelo governo brasileiro, a Companhia Vale do Rio Doce, com participação acionária americana

11
Através do Decreto 8.019, o Presidente Nilo Peçanha concedia isenção fiscal, redução de fretes em ferrovias
federais, tarifas reduzidas em portos federais e outras vantagens.
12
A Constituição republicana de 1891, por influência dos cafeicultores, havia modificado o regime jurídico que
regulava os bens minerais. A partir dessa data - e até 1934 - era o proprietário da terra que tinha prioridade na
exploração mineral.
13 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
(CVRD, 1992:187-188). Em meados da década, a empresa já se tornara a principal exportadora
de minério de ferro, mas diversas outras empresas também produziam para o mercado interno.

O minério produzido era do tipo granulado, empregado diretamente em altos-fornos. As


especificações técnicas para esse produto exigem que ele esteja acima de um determinado
tamanho mínimo, mas no processo de extração e beneficiamento do minério há inevitavelmente
a produção de material de granulometria menor, os finos. Este material originava um problema
ambiental, já que era facilmente transportado pelo vento e carreado pelas águas de chuva,
causando poluição do ar e da água. A aglomeração desses finos, através dos processos de
sinterização e pelotização permitiu seu aproveitamento econômico. Posteriormente outro avanço
tecnológico importante consistiu na lavra do itabirito - rocha contendo hematita e quartzo13 - e
seu beneficiamento por flotação14, o que possibilita a recuperação da hematita, gerando rejeitos
(essencialmente partículas de quartzo) que são armazenados em bacias formadas por barramentos
de cursos d’água. A primeira usina de beneficiamento de itabirito foi inaugurada pela Companhia
Vale do Rio Doce em 197315. As barragens são necessárias para reter os rejeitos, que, de outra
forma, seriam lançados nos rios, mas também constituem um problema ambiental, uma vez que
interrompem o fluxo de água dos rios e promovem o assoreamento das bacias de retenção.

A produção de minério de ferro vem crescendo ininterruptamente desde então, e os


problemas ambientais aumentaram quase que proporcionalmente. Poluição do ar devido à grande
quantidade de finos nas minas, poluição do ar devido ao arraste pelo vento das partículas finas
durante o transporte ferroviário e embarque portuário, alterações dos ecossistemas aquáticos
devido à construção de barragens, impacto visual e alto consumo de eletricidade figuram entre os
principais problemas decorrentes.16

Carvão

O carvão nacional é de má qualidade. Tem baixo poder calorífico, alto teor de cinzas e de
enxofre. As jazidas de carvão do sul de Santa Catarina eram conhecidas desde os anos 1830 e
explotadas desde o final do século. Somente a partir de 1920, contudo, com a inauguração da
Estrada de Ferro Teresa Cristina, ligando a região carbonífera ao porto de Imbituba, a produção
pôde se expandir de modo significativo. Com o advento da Segunda Guerra, a produção tomou
novo impulso, mas só foi efetivamente alavancada depois de 1946, fornecendo carvão para a
usina de Volta Redonda. Novo crescimento da produção ocorreu em meados da década de
setenta, devido ao aumento dos preços do petróleo, o que ensejou uma política governamental
voltada para o aproveitamento de recursos nacionais. O apogeu do carvão catarinense se deu em
1986, quando cerca de 18 milhões de toneladas foram extraídas; a partir de então o declínio foi
constante, recuperando-se um pouco a produção no final do século XX.

Também no Rio Grande do Sul há extração de carvão, utilizado principalmente para


geração de energia elétrica. A principal mina na atualidade é Candiota, próximo à fronteira com o

13
Hematita é óxido de ferro (Fe2O3), um mineral que contém 66% de ferro. Já o itabirito é uma rocha que
contém hematita e quartzo (SiO2), contendo, portanto, menor teor de ferro. Os itabiritos do Quadrilátero
Ferrífero têm proporções variáveis de quartzo, sendo geralmente classificados em itabiritos ricos e pobres,
conforme o teor de ferro.
14
Processo físico-químico de tratamento através do qual, em uma coluna d’água, com o auxílio de produtos
químicos que modificam as propriedades superficiais das partículas, faz-se flutuar as partículas mais leves
(quartzo), separando-as da hematita, mais pesada.
15
Uma descrição simplificada das inovações tecnológicas na mineração de ferro pode ser encontrada em CVRD
(1992a).
16
O consumo de energia na mineração de ferro cresceu bastante devido ao aproveitamento de finos e do itabirito,
o que tem inclusive levado as empresas a investir em geração própria.
14 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
Uruguai, que teve sua produção expandida a partir de 1989, quando foi ampliada a usina
termoelétrica abastecida por ela; na ocasião, a mina passou a produzir cerca de 1,8 milhão de
toneladas anuais No plano mundial, porém, a produção brasileira sempre foi muito pequena e
atualmente, o país é importador desse minério.

Décadas de extração de carvão em Santa Catarina causaram alguns dos mais graves
impactos ambientais devidos à mineração no país. Embora as práticas de gestão das empresas
carboníferas não fossem significativamente diferentes nem piores que as de outros segmentos do
setor mineral, as características do minério foram responsáveis pelo acúmulo de um grande
passivo ambiental, estimado em mais de 112 milhões de dólares (SÁNCHEZ et al., 1994:75). A
região foi declarada, pelo governo federal, como “área crítica de poluição”, um reconhecimento
oficial de seu estado de degradação ambiental.

São várias as razões para tal situação. Em primeiro lugar, a espessura das camadas de
carvão é reduzida, o que obriga a extração das rochas que se apresentam intercaladas. Separado
do carvão na boca da mina, este material constitui um rejeito, que é descartado a céu aberto. O
problema é que o rejeito contém sulfeto de ferro, na forma de pirita. Este mineral, em contato
com o ar e a água, oxida-se, formando ácido sulfúrico, um problema comum em muitas regiões
mineiras e conhecido como drenagem ácida. Como os rejeitos estão espalhados na beira de rios e
em diferentes locais, as fontes de poluição são muitas e os rios, extremamente ácidos.

Mas, além da drenagem ácida, diversos outros problemas ambientais decorreram da


extração e utilização do carvão na região, como degradação do solo, subsidência (abatimento das
camadas rochosas subterrâneas com repercussão na superfície), destruição de hábitats
significativos (especialmente áreas úmidas, regionalmente conhecidas como banhados) e poluição
do ar, causando também impactos negativos na economia regional.

Felizmente os problemas de drenagem ácida não são muito comuns no Brasil, ocorrendo
em escala regional somente na bacia carbonífera de Santa Catarina. O problema também foi
identificado em escala local na área de influência de certas minas isoladas, como minas de carvão
do Rio Grande do Sul, onde pode ser observado em Candiota, e na mina de urânio do planalto
de Poços de Caldas, já desativada, mas cujas águas de drenagem continuam ácidas (SOUZA e
SÁNCHEZ, 1996).

Chumbo

A mineração de chumbo, hoje praticamente desativada no Brasil17, também deixou um


passivo ambiental significativo. Os riscos à saúde provocados por esse metal são hoje bem
conhecidos, e alguns de seus usos foram praticamente banidos, como no caso das tintas. Todavia,
ainda não se encontrou um substituto à altura para seu emprego em baterias e acumuladores, de
modo que o chumbo ainda é um metal largamente consumido. Seu preço relativamente alto faz
com que a taxa de reciclagem seja apreciável.

No início do século, o chumbo era um metal valioso e de muitos usos. O Brasil exportava
minério produzido no vale do Ribeira e só foi construir uma usina metalúrgica desse metal em
1936, no local conhecido como Morro do Chumbo, em Iporanga (hoje dentro do parque
Estadual Turístico do Alto Ribeira), mas que teve duração efêmera. O Instituto de Pesquisas
Tecnológicas - IPT construiu depois uma usina em Apiaí, cujos restos ainda jazem à beira da
estrada que leva a Iporanga. A extração avançou no Paraná, onde uma usina de beneficiamento e
uma metalurgia foram construídas à beira do rio Ribeira, em Adrianópolis, pela empresa
17
Hoje em dia chumbo somente é produzido como subproduto da mineração de zinco.
15 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
Plumbum, que também produzia prata e ouro provenientes dos mesmos minérios. Apesar de
muitos investimentos públicos em mapeamento geológico e prospecção mineral, todas as
atividades acabaram sendo encerradas em 1995.

Os rejeitos do beneficiamento da usina de Adrianópolis sempre foram lançados


diretamente no rio, assim como a drenagem das minas, que fluía para o ribeirão do Rocha, o rio
Betari e outros tributários do Ribeira. Estudos feitos pela agência ambiental paulista Cetesb em
1986 desde a região mineira até a zona lagunar de Cananéia-Iguape identificaram altas
concentrações de chumbo e cádmio nos sedimentos e em diversas espécies de peixes. Em várias
estações de coleta, o estudo constatou que a concentração de chumbo na água era dezenas de
vezes mais alta que o recomendado para proteção da vida aquática, o mesmo acontecendo com a
concentração desse metal nos sedimentos (EYSINK et al, 1988:8-9).

Em Boquira, no sertão da Bahia, a Plumbum montou outra mina e usina de


beneficiamento, hoje também fechada. A metalurgia foi construída em Santo Amaro da
Purificação, no Recôncavo, tendo funcionado entre 1960 e 1993. A poluição do ar e do estuário
do rio Subaé foi foco de ásperos debates locais. Já em dezembro de 1961, O Archote, jornal local,
trazia, na primeira página: "Cobrac: fábrica de chumbo e de morte", informando que, além dos
riscos à saúde da população, "o veneno contido nos gases emanados da fábrica de chumbo seria
o responsável pela morte de cerca de 250 burros, 200 cabeças de gado vacum, além de grande
quantidade de outros animais"18. Ao fechar, a empresa deixou cerca de 500 mil toneladas de
escória contendo chumbo e cádmio depositadas em sua propriedade, que foram parcialmente
utilizadas pela Prefeitura e pelo Departamento de Estradas de Rodagem em diferentes aterros,
espalhando desta forma os focos de contaminação (ANJOS e SÁNCHEZ, 1998:1).

Estanho

A produção de estanho em grande escala é recente no Brasil, tendo atingido importância


econômica somente na década de 1970. Embora tivesse havido lavra em pequena escala no Rio
Grande do Sul e em Minas Gerais, foi somente com a descoberta das jazidas aluvionares de
Rondônia, em 1952, que este segmento tomou impulso. Já no ano seguinte foi construída uma
usina metalúrgica em Volta Redonda, mas a produção em Rondônia começou somente em 1959
(ANDRADE, 1993:141).

Tratava-se de produção de garimpo, viabilizada pelos altos preços do estanho na época, o


que tornava possível o escoamento da produção através de pequenos aviões, já que a região não
era então servida por rodovias. Em 1970 a garimpagem foi proibida em Rondônia e a empresa
Paranapanema cresceu, comprando participação acionária de pequenas empresas. Em 1978 esta
empresa descobriu o depósito de Pitinga, situado ao norte de Manaus, que se transformou na
maior mina de estanho do mundo, e possibilitou que o país, de importador, passasse a primeiro
produtor mundial no ano de 1987 (ANDRADE, 1993:143). Nesse mesmo ano, a descoberta do
garimpo de Bom Futuro, em Rondônia, atraiu milhares de garimpeiros, que entraram em conflito
com as empresas de mineração. Jazidas aluvionares também foram descobertas na zona do rio
Xingu, no Pará, mas desde 1996 a produção brasileira começou a declinar.

Tanto a mineração empresarial quanto a garimpagem causaram impactos ambientais


significativos. Como as jazidas são aluvionares, a lavra se faz por escavação mecânica ou
desmonte hidráulico ao longo dos igarapés. Primeiro inexistente, depois ineficaz, o controle
ambiental não evitou o lançamento de grandes cargas de sedimentos nos corpos d´água, seja de

18
O Archote, ano II, no. 13, pg. 1, 16 de dezembro de 1961.
16 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
partículas revolvidas durante as operações de lavra, seja de minerais rejeitados pela operação de
beneficiamento de minério, feita por métodos gravíticos, sem uso de reagentes químicos.

Também a remoção da vegetação das planícies aluvionares deve ser debitada das
atividades de mineração, sendo a revegetação das áreas degradadas ainda incipiente. Em Pitinga, a
ruptura, em 1993, de uma barragem construída para reter os rejeitos levou à liberação súbita de
grande quantidade de partículas, com conseqüências para as comunidades indígenas situadas a
jusante. Aliás, os conflitos com os índios sempre foram freqüentes em Pitinga. A região da jazida
era ocupada pelos Waimiri-Atroari, que já haviam sofrido os impactos da construção da rodovia
Manaus-Boa Vista e da usina hidroelétrica de Balbina. Porém, na demarcação da reserva indígena,
em 1981, as áreas das jazidas foram excluídas (ANDRADE, 1989:45), mas a estrada de acesso
atravessou a terra indígena. Em várias ocasiões os Waimiri-Atroari fecharam essa estrada de
acesso à mina, até chegarem a um acordo com a empresa. Em 1990, uma juíza federal chegou a
ordenar o fechamento da estrada, acatando solicitação do Ministério Público, mas essa liminar foi
logo suspensa. Também as empresas instaladas em Rondônia e no Pará tiveram problemas com
os indígenas, já que muitas áreas de pesquisa mineral e mesmo de lavra localizam-se no interior
de reservas indígenas ou em áreas consideradas como tal.

Ouro

A produção brasileira de ouro ficou praticamente estagnada desde a República até meados
dos anos de 1980. O ano de 1979 registrou uma das menores produções, apenas 3,3 toneladas.
No entanto, a partir dessa época o preço do metal no mercado internacional aumentou
significativamente. Enquanto a onça-troy valia cerca de US$35 em 1970, sua cotação alcançou
US$ 240 em 1978 e saltou para US$ 406 no ano seguinte (HANAI, 1993:228).

Os novos preços levaram à abertura de novas minas em todo o mundo. No Brasil,


durante os anos de 1980, a Mineração Morro Velho abriu novas minas em Minas Gerais e na
Bahia, a Companhia Vale do Rio Doce entrou no negócio, abrindo minas na Bahia e no Pará e
diversas associações entre empresas nacionais e estrangeiras foram feitas, resultando em novas
minas em Goiás, Minas Gerais e outros locais. No início da década de noventa a produção já
atingia 34 toneladas anuais, subindo depois para 60 toneladas.

Em paralelo, houve uma nova corrida do ouro, que levou milhares de garimpeiros à
Amazônia, às franjas do Pantanal e a outras regiões do país. Se Serra Pelada atraiu a curiosidade
de todos como verdadeiro formigueiro humano, milhares de garimpeiros poluíram o Tapajós e o
Cuiabá, e outros invadiram terras indígenas. Em 1973 a produção garimpeira era da ordem de 6
toneladas anuais (HANAI, 1993:233), e em 1989 chegou a 90 toneladas - trata-se, naturalmente,
de dados aproximados, outras fontes citam até 158 toneladas nesse ano e mesmo valores
superiores a 200 toneladas (FERREIRA e APPEL, 1992:23-24). A partir do pico de 1989 a
produção garimpeira só declinou, chegando a menos de 20 toneladas em 199719 e certamente
decaiu ainda mais desde então.

Os impactos ambientais decorrentes dessa vertiginosa expansão da produção foram


assustadores. O garimpeiro dos anos oitenta não era mais o solitário bateador. As técnicas
rudimentares deram lugar ao uso de bombas de sucção, tratores e carregadeiras, moinhos e outras
máquinas, cuja aquisição demanda um certo capital, inacessível à maioria. As relações de
produção no garimpo passaram a se assemelhar às de patrão e empregado, mas nunca foram
mediadas pela legislação trabalhista. Nesse contexto, o meio ambiente não poderia ser senão um
fator completamente estranho à esfera de preocupações do mundo garimpeiro.
19
Fonte: Departamento Nacional da Produção Mineral.
17 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
Fontes: Dados de 1960 a 2000 extraídos de
DNPM, Anuário Mineral Brasileiro, edições de
1972, 1976, 1981, 1986, 1991, 1996 e 2001
(exceto produção de ouro em 2000, dados
do DNPM, Sumário Mineral Brasileiro, edição
2002); dados de 1930 a 1955 de CVRD
(1992b), A Mineração no Brasil e a Companhia
Vale do Rio Doce.

Como o garimpeiro extrai essencialmente minério aluvionar, através do uso de


equipamentos pesados, o garimpo contribuiu para eliminar a vegetação das margens de rios e das
planícies de inundação. O manuseio indiscriminado de óleo diesel e de lubrificantes e os muitos
vazamentos dos equipamentos de segunda mão disseminaram óleos e graxas nas águas e no solo.
A alteração dos leitos dos rios e da morfologia das margens mudou localmente o regime hídrico e
a carga de sedimentos dos rios aumentou muito, devido não só ao desmatamento como também
à dragagem dos cascalhos auríferos. Mas o principal problema é o emprego do mercúrio, metal
extremamente tóxico, para separar o ouro da ganga.

O mercúrio é utilizado nos garimpos em grandes quantidades devido à sua propriedade


de formar um amálgama com o ouro livre, separando assim pequenas partículas de ouro que não
podem ser separadas simplesmente por diferença de densidade. O amálgama é em seguida
queimado, liberando o ouro, enquanto o mercúrio é volatilizado. Desta forma, o mercúrio é
dispersado no ar, depois de já ter sido disseminado na água e no solo.

As importações brasileiras de mercúrio (o país não produz esse metal) mais do que
dobraram entre 1979 e 1989. Com o uso industrial em declínio devido a restrições ambientais,
estima-se que somente em 1989 nada menos que 168 toneladas foram consumidas (e dispersas no
18 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
ambiente) pelo garimpo (FERREIRA e APPEL, 1992:27). Por outro lado, LACERDA e
SALOMONS (1992:63) estimam as emissões em 300 toneladas anuais.

Diferentes estudos20 realizados nas regiões garimpeiras mostraram a concentração de


mercúrio no ar, em sedimentos, na biota (especialmente plantas aquáticas e peixes carnívoros) e
em seres humanos, mostrando que muitas vezes esses valores são superiores àqueles
recomendados para proteção da saúde humana e dos ecossistemas.

Os investimentos na mineração empresarial de ouro levaram à abertura de minas e usinas


de concentração mais modernas, cujos projetos já incorporavam uma estratégia de minimização
dos impactos ambientais. Contudo, antes da recente fase de aumento da produção, a mineração
de ouro no Quadrilátero Ferrífero era importante fonte de poluição das águas e do ar. Os rejeitos
dos processos de concentração de minério não eram armazenados em bacias de retenção, como o
são hoje, mas lançados diretamente nos rios, e continham arsênio, entre outros poluentes
significativos. Alguns depósitos de rejeitos permanecem como passivo ambiental nessa região.

Alumínio

Também no segmento do alumínio a importância adquirida pelo Brasil no cenário


econômico mundial é recente, graças às grandes jazidas de bauxita existentes na Amazônia
Oriental. A indústria no alumínio no Brasil começou na década de trinta, quando foram abertas
minas em Poços de Caldas (1935) e Ouro Preto. Nesta cidade, no distrito de Saramenha, em 1934
começou a ser construída uma fábrica de alumínio, que produziu seu primeiro lingote somente
em 1945 (ACERO, 1993:27) e foi logo vendida para a empresa Alcan, que ali opera até hoje.
Depois foram construídas fábricas em Mairinque, atual município de Alumínio (Companhia
Brasileira de Alumínio, em 1941) e Poços de Caldas (Alcoa, em 1970), para atender à demanda
interna.

Foi somente a partir da década de 1970 que os grandes projetos começaram a ser
concebidos, em função da descoberta, pela Alcan, das jazidas de Trombetas, no Pará. Essas
reservas são explotadas pela Mineração Rio do Norte, um consórcio de grandes produtores de
alumínio liderado pela Companhia Vale do Rio Doce. Essa mina foi objeto de uma grande
controvérsia ambiental nos anos oitenta, pois seu projeto de engenharia não levou em conta
alternativas que minimizassem os impacto. Os rejeitos do beneficiamento do minério eram
lançados em um lago natural à beira do rio Trombetas, o lago Batata, causando seu assoreamento
e impactos sobre a fauna e flora. A usina de beneficiamento foi transferida para a área da mina,
situada a cerca de 30 km de distância e os rejeitos passaram a ser dispostos em setores já lavrados
da mina. O lago Batata é até hoje objeto de um programa de recuperação ambiental.

Grandes usinas de alumina e alumínio foram construídas em Barcarena (Albrás e


Alunorte), São Luís (Alumar), alimentadas com energia elétrica produzida em Tucuruí. Mais que
em outros segmentos da indústria mineral, aqui a transformação da matéria-prima mineral é
eletrointensiva, causando impactos ambientais indiretos muito significativos - justamente aqueles
que ocorrem nas áreas afetadas pelas usinas hidroelétricas e pelas linhas de transmissão. Por
razões ambientais, há mais de uma década se arrasta a tentativa da Companhia Brasileira de
Alumínio de construir uma usina hidroelétrica de 250 MW no rio Ribeira, na divisa entre São
Paulo e Paraná.

20
O trabalho de LACERDA e SALOMONS (1992), publicado logo após o ápice da produção aurífera
garimpeira, sintetiza vários estudos realizados até então.
19 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
As empresas de mineração de bauxita estão entre as mais avançadas no Brasil em termos
de recuperação de áreas degradadas, especialmente quanto à revegetação com espécies nativas.
No entanto, os impactos das fases subseqüentes, a saber a produção de alumina e de alumínio
fundido, são bastante significativos, como, de resto, no mundo inteiro. Dentre os principais
problemas figuram a produção de grandes quantidades de resíduos sólidos (a chamada lama
vermelha, resíduo alcalino) e as emissões de poluentes atmosféricos, especialmente o flúor. Com
exceção das usinas de São Luís e de Barcarena, mais modernas, as usinas brasileiras de alumínio
utilizam a tecnologia das células eletrolíticas denominadas Soderberg, intrinsecamente mais
poluente.

Rochas carbonáticas

O calcário e o dolomito são usados fundamentalmente para duas finalidades: fabricação


de cimento e de cal. Em ambos os casos o minério é tratado termicamente em fornos, com
adição de diferentes insumos, no caso do cimento. A matéria-prima é amplamente distribuída no
país, com importantes ocorrências em São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e Bahia, além de inúmeras ocorrências de menor porte em outros estados.

A particularidade dos impactos ambientais da extração de rochas carbonáticas decorre de


características intrínsecas a essas rochas: como são solúveis, formam um tipo de relevo
característico - denominado carste -, onde são comuns cavernas, rios subterrâneos, cânions e
paredões rochosos, o que faz com que a paisagem adquira caráter de exceção, contrapondo-se às
paisagens banais que dominam o território (AB’SÁBER,1977:1). Estas paisagens cársticas muitas
vezes abrigam cavernas, sítios paleontológicos e arqueológicos, que ocasionalmente são ou
podem ser destruídos ou alterados pela atividade mineradora.

Há diversos casos de destruição total ou parcial de cavernas pela atividade minerária,


podendo-se citar gruta do Trevo (Sete Lagoas), gruta da Agonia (Itacarambi), gruta da Igrejinha
(Ouro Preto) e gruta do Éden (Pains), todas em Minas Gerais (PILÓ, 1999:54) e a destruição
total da Lapa Vermelha de Lagoa Santa, importante sítio arqueológico e paleontológico, estudado
desde meados do século passado por Lund. Em São Paulo, a gruta da Fenda Azul (Iporanga), que
continha raros exemplares de estalactites azuis, foi destruída. No Paraná, várias grutas situadas na
Região Metropolitana de Curitiba foram destruídas ou tiveram suas entradas afetadas;
SESSEGOLO et al. (1996:6) contabilizam 39 cavidades totalmente destruídas e 15 parcialmente,
o que, em termos de “densidade de destruição”, deve superar de longe o ocorrido em outras
regiões cársticas brasileiras.

Outro problema associado à mineração de calcário é o da remoção da vegetação, uma vez


que esta muitas vezes reveste-se de caráter particular nas áreas de afloramentos de calcário,
principalmente quando associada com alguma feição de relevo como um paredão. A fertilidade
natural dos solos desenvolvidos sobre rochas carbonáticas - em contraste com os solos
majoritariamente ácidos da maior parte do território - também contribui para o desenvolvimento
de características particulares da vegetação.

O combustível usado na calcinação e nos fornos de cimento é outra fonte de impactos


ambientais. Durante muito tempo, as calcinações empregaram lenha proveniente de formações
vegetais nativas. Algumas atualmente queimam pneus e outros resíduos em fornos que não estão
equipados para uma queima segura - ainda hoje a maioria das empresas produtoras de cal são de
pequeno porte e utilizam tecnologia muito poluente. Já as empresas de cimento, um setor mais
intensivo em capital, estão mais bem aparelhadas para queimar resíduos industriais, o que já é
autorizado em alguns estados como Paraná e Minas Gerais; tradicionalmente, o combustível

20 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental


empregado é carvão mineral ou óleo combustível. Paulatinamente, os fornos de cimento estão
sendo convertidos em equipamentos de co-processamento de resíduos, incluindo escórias de
altos-fornos (que, por sua vez, já contêm grande quantidade de carbonatos, uma vez que o
calcário é utilizado nesses altos-fornos) e cinzas de centrais térmicas a carvão, além de borras de
tintas e outros resíduos industriais.

A emissão de poeira pelas chaminés das fábricas de cimento representou, em diferentes


casos, um exemplo público da poluição industrial. No início da década de 1980, a imprensa
denunciava o problema na localidade de Perus, município de São Paulo e em Contagem, Minas
Gerais. Esta última fábrica foi objeto de uma tentativa de fechamento por parte das autoridades
locais, mas a iniciativa foi sustada pelo governo federal, invocando o Decreto-Lei 1.413/75, que
lhe atribuía competência exclusiva para determinar a suspensão das atividades de indústrias
consideradas “de interesse à segurança nacional”. Ambas fecharam, antiquadas e obsoletas. A
fábrica de Perus havia sido a primeira a funcionar regularmente no Brasil, desde 1924
(GUIMARÃES, 1981:107).

Finalmente, ainda persistem problemas ligados à extração de conchas no litoral. Em Santa


Catarina conchas são extraídas das lagoas litorâneas para fabricação de cal. Na baía de Todos os
Santos até há pouco tempo uma fábrica de cimento se abastecia dessas conchas dragadas, e na
lagoa de Araruama, no litoral do Rio de Janeiro, a Companhia Nacional de Álcalis, que fabrica
barrilha (carbonato de sódio) em Arraial do Cabo, extrai há quarenta anos conchas de praias e do
fundo da lagoa. Essas atividades causam impactos importantes no meio aquático.

Materiais de construção

Areia de construção e brita classificam-se em segundo lugar entre os bens minerais mais
importantes do país, em termos de quantidade produzida. A produção de agregados (como são
chamados conjuntamente areia de construção e brita) no Brasil atingiu 257 milhões de toneladas
em 199821. Consumidos exclusivamente no mercado interno, já que são matérias-primas
abundantes, os agregados são produzidos em todas as regiões onde há demanda; por isso, a maior
parte das pedreiras e cavas de areia localiza-se nas proximidades das cidades, haja vista que o
custo de transporte onera muito o preço final do produto.

A localização é fator que explica muitos dos impactos causados por essa atividade. A
presença de moradores na vizinhança faz com que problemas como ruídos, vibrações e emissão
de poeiras sejam vistos como mais importantes que o mesmo tipo de problema causado por uma
mina situada em zona rural. Além disso, o impacto visual e o incômodo causado pelo intenso
tráfego de caminhões contribuem para aumentar uma percepção pública negativa da mineração
de agregados. Várias pedreiras já tiveram suas atividades paralisadas em decorrência de conflitos
com a população.

A produção de areia e brita cresceu no Brasil em decorrência da adoção de métodos


construtivos que empregam o cimento Portland e o concreto. Tradicionalmente, os principais
materiais de construção empregados no Brasil, tanto nas zonas rurais quanto urbanas, foram a
madeira e a argila. O uso de pedra de cantaria era restrito a construções de importância, como
fortes, igrejas e certos edifícios públicos, e mesmo nesses casos, era empregado com parcimônia,

21
Repartidas em 105 milhões de toneladas de brita e 152 milhões de toneladas de areia de construção (fonte:
ANEPAC, Associação Nacional de Produtores de Agregados). Para comparação, foram produzidas, no mesmo
ano, 199 milhões de toneladas de concentrado de minério de ferro (fonte: Departamento Nacional da Produção
Mineral, Sumário Mineral 1998).
21 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
nas fundações e certos elementos estruturais. O principal uso da pedra era para calçamento das
ruas de algumas cidades importantes.

A argila, na forma de taipa, pau-a-pique ou tijolos e, ocasionalmente, telhas, era o material


predominante, e raramente passava por algum processo industrial, como a fabricação de
cerâmica. SPIX e MARTIUS, ao chegarem a São Paulo, no ano de 1817, notaram que “aqui
raramente se constrói com tijolo, ainda menos com cantaria”, predominando a taipa
(1981,v.1:137). Belo Horizonte, fundada como cidade planejada em 1897, foi construída em
grande parte com materiais importados, inclusive telhas e manilhas, além de cimento e ferro
(GOMES, 1983:148). Com a difusão do concreto, a partir do início do século, a demanda por
pedra britada e areia passou a crescer, quase que ininterruptamente. Centenas de pedreiras e
portos de areia foram abertos. Hoje, muitos já foram incorporados ao tecido urbano,
transformados em parques ou áreas edificadas, sendo às vezes difícil distinguir esses locais na
paisagem urbana.

A extração de areia se faz em diferentes situações (i) leito de rios, (ii) planícies aluviais, (iii)
solos intemperizados de rochas graníticas. A lavra nos leitos dos rios contribui para o aumento da
turbidez da água e para o soterramento das comunidades faunísticas que vivem no fundo do leito;
no entanto, a maioria dos rios das regiões Sudeste e Sul encontra-se hoje assoreada devido ao
desmatamento promovido pela agricultura e pecuária, de modo que a lavra de areia contribui para
ampliar o canal de escoamento. Nas planícies aluviais e na lavra de rochas intemperizadas, a areia
é desagregada com jatos d’água e bombeada para caixas onde se faz a separação das argilas e
siltes; estas partículas finas são armazenadas em áreas já lavradas.

Em um trecho da planície aluvionar do rio Paraíba do Sul, um estudo comparativo


baseado na interpretação de fotografias aéreas obtidas em diferentes momentos desde 1962
(SANTO e SÁNCHEZ, 2002:628) mostrou a alteração da morfologia do rio, a remoção de
vegetação nativa e o avanço da lavra sobre a área de preservação permanente na margem do rio,
dentre outros impactos.

Grande impacto é causado pelo transporte de areia em rodovias, devido ao intenso


volume de tráfego e ao péssimo estado de conservação de grande parte dos caminhões usados
nesse transporte. Algumas minas exauridas têm sido usadas para depósito de resíduos urbanos ou
industriais, o que prolonga os impactos ambientais para além do período de podução de areia.

Outros bens minerais

Diversas outras substâncias minerais são produzidas em quantidades significativas no


Brasil, como mostra a Figura 1. Em termos de volume produzido, a mais importante é a rocha
fosfática, utilizada para produção de fertilizantes fosfatados. Sua produção teve início no Brasil
no final dos anos de 1930, quando começou a ser lavrada a jazida de Jacupiranga (atual Cajati), no
Vale do Ribeira. O esgotamento do minério de alto teor quase paralisou a mina, e a produção
desse minério só tomou impulso nos anos de 1970, quando a tecnologia para beneficiá-lo foi
desenvolvida pela Escola Politécnica; o minério é diferente daquele que ocorre nas principais
jazidas mundiais, e seu aproveitamento somente foi possível após o desenvolvimento de novo
processo tecnológico. Alguns dos principais impactos ambientais estão relacionados à fase de
processamento industrial do concentrado, com emissão atmosférica de ácido sulfúrico e material
particulado, além do risco de poluição das águas subterrâneas. Na mina, um impacto importante
se dá sobre a qualidade das águas, já que o fosfato é um nutriente e pode facilmente causar
eutrofização dos corpos d’água. As fábricas de fertilizantes construídas em Cubatão a partir do

22 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental


dos anos de 1970, visando a utilização de minério importado, estão entre as principais fontes de
poluição atmosférica desse município.

O caulim é um mineral industrial cuja produção aumentou significativamente no país com


a implantação de grandes projetos de exportação na região amazônica. O beneficiamento do
minério, ao utilizar alguns reagentes químicos, é uma fase em que os impactos potenciais são mais
significativos. Quanto ao amianto, quase toda a produção brasileira está concentrada em uma
única mina, situada em Canabrava, GO. Dados os riscos ocupacionais dessa substância, a
empresa adota desde os anos setenta diversos mecanismos de controle de emissão das fibras que,
ao protegerem o ambiente de trabalho, também protegem o ambiente externo.

Rochas ornamentais e pedras de revestimento são produzidas em inúmeras pequenas


minas em várias partes do Brasil, muitas vezes em pequena escala e utilizando métodos
rudimentares. Os granitos (termo comercial que designa diferentes rochas) são geralmente
produzidos a partir de grandes blocos aflorantes, os matacões. Sua extração modifica a paisagem
e causa erosão, pode interferir na atividade agrícola e muitas vezes requer a remoção de vegetação
natural. O beneficiamento do granito é feito em instalações de serragem que geram um efluente
contendo pó de rocha e resíduos de ferro (granalha). Já os mármores são usualmente extraídos
usando fios diamantados que cortam blocos diretamente do próprio maciço rochoso; estes
blocos são em seguida serrados de forma similar aos granitos. As chamadas pedras de
revestimento (por exemplo: ardósias, os gnaisses conhecidos como pedra miracema e pedra
madeira, os quartzitos conhecidos como pedra São Tomé etc.) são produzidas de maneira quase
artesanal e posteriormente talhadas à mão com técnicas de cantaria. Em todos os casos, os
impactos relativos à produção dessas rochas se referem principalmente ao desmatamento, à
erosão e ao impacto visual.

Os chamados metais básicos - cobre, níquel e zinco (além do chumbo) - são produzidos
em quantidades relativamente pequenas no Brasil. Problemas ambientais devidos à mineração
desses metais incluem a drenagem ácida e a emissão de dióxido de enxofre na etapa de fundição
do concentrado. Em uma mina subterrânea de zinco situada em Vazante, MG, houve uma
controvérsia acerca dos possíveis impactos sobre ma caverna próxima, a Lapa Nova. Depois de
negociação com o órgão ambiental, foi delimitada uma área de proteção. Nesse mesmo local, o
bombeamento de água subterrânea secou pequenos lagos superficiais e levou ao surgimento de
dolinas (depressões fechadas típicas de relevo cárstico), com danos às fazendas próximas.

A produção brasileira de níquel tem crescido, enquanto a de cobre nunca foi significativa.
No entanto, as jazidas descobertas em Carajás deverão entrar em produção ainda na primeira
década do século XXI, transformando o país em importante produtor desse metal.

Qualquer que seja o tipo de bem mineral explotado, um dos problemas mais comuns têm
sido a interferência com formações vegetais naturais. Este problema é indissociável da mineração,
mas, apesar do Código Florestal estabelecer restrições para o corte de vegetação nativa desde
1965, somente vinte anos depois passou, na prática, a ser aplicado para empreendimentos
mineiros (ou quaisquer outros). Hoje a tendência é compensar os desmatamentos com a
preservação de uma área equivalente ou através da promoção da revegetação de uma área maior
que aquela afetada pelo empreendimento.

23 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental


Figura 2 - Principais Áreas de Mineração no Brasil

3.2 Conflitos sócio-ambientais

Foi no final dos anos de 1970 que alguns setores da sociedade se conscientizaram dos
impactos ambientais da mineração e começaram a surgir contestações aqui e ali. O poeta
Drummond, que já se queixava dos estragos feitos pela Companhia Vale do Rio Doce na
paisagem de sua Itabira natal, também protestou contra o projeto das Minerações Brasileiras
Reunidas de mudar o horizonte das Alterosas. Nos automóveis da capital, via-se colantes com os
dizeres "Olhe bem as montanhas..." Olhe-as bem porque poderiam desaparecer, já que a Serra do
Curral, que forma o belo horizonte ao sul da capital mineira, é constituída em boa parte de
minério de ferro e o projeto de expansão da mina de Águas Claras pretendia alterar o perfil da
serra. Escreveu Drummond:
Proibido escalar. Proibido sentir
o ar de liberdade destes cimos,
24 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
proibido viver a selvagem intimidade destas pedras
que se vão desfazendo em forma de dinheiro.
Esta serra tem dono. Não mais a natureza
a governa. Desfaz-se, com o minério,
uma antiga aliança, um rito da cidade. 22

No Vale do Ribeira, em São Paulo, a maior parte da área do Parque Estadual Turístico do
Alto Ribeira, estava coberta por alvarás de pesquisa mineral ou mesmo autorizações de lavra, e
quatro pequenas minas funcionavam em seu interior. Até mesmo uma porção do Parque havia
sido desmembrada por decreto estadual e concedida a uma companhia de cimento, um ato
claramente ilegal (SÁNCHEZ, 1984:27). Uma campanha, lançada em 1980, pela Sociedade
Brasileira de Espeleologia, teve boa repercussão na imprensa e junto a certos setores
governamentais, tendo conseguido evitar a multiplicação das atividades de mineração e mesmo a
suspensão de algumas que estavam em funcionamento.

Nestes exemplos estão presentes dois dentre os mais importantes tipos de conflito sócio-
ambiental em torno da mineração: por um lado, incômodos e poluição em áreas urbanas; por
outro, o conflito entre a apropriação dos recursos minerais em contraposição a outros usos dos
recursos naturais, particularmente seu uso indireto na forma de unidades de conservação.

Em ambas as situações os conflitos se multiplicaram. Várias minerações em áreas urbanas


acabaram sendo fechadas, por não ter sido possível encontrar uma solução que tornasse viável
seu funcionamento. Em muitas áreas que guardavam parte de suas características naturais, em
especial a cobertura vegetal, acabou vigorando o ponto de vista conservacionista, em outras foi o
inverso.

A partir dos anos de 1980, a legislação também mudou, e a proteção ambiental ganhou
nova força. As empresas reagiram de modo muito variado às pressões sociais e às demandas
legais. Algumas adotaram uma postura de grande respeito e chegaram a antecipar-se a exigências
legais, fazendo mais do que eram obrigadas. Um exemplo é a Companhia Geral de Minas,
pertencente à Alcoa Alumínio S.A., que desde 1978 passou a recuperar áreas mineradas, algo que
somente se tornaria exigível legalmente em 1989. Um contra-exemplo (dentre vários) é dado por
uma mineradora instalada em Sete Lagoas, ao norte de Belo Horizonte, que deliberadamente
destruiu um sítio arqueológico muito importante, um arco de calcário coberto de pinturas
rupestres.

Com a maior abrangência da legislação ambiental, a partir da aprovação da Lei da Política


Nacional do Meio Ambiente, em 1981, e com o fortalecimento dos meios jurídicos processuais,
com a da Lei dos Interesses Difusos de 1985 e a nova Constituição Federal de 1988, que atribuiu
novos papéis ao Ministério Público, os conflitos tornaram-se mais explícitos e sua solução passou
a ser mediada por via administrativa ou pelo contencioso jurídico.

Diversos casos ocorridos desde o final dos anos de 1980 ilustram uma nova situação. Um
dos primeiros empreendimentos de grande porte a ser submetido às exigências de licenciamento
prévio através da avaliação de impacto ambiental foi o projeto de expansão da mina de fosfato da
Arafértil, em Araxá, MG, apresentado à FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, à
mesma época que um projeto dessa empresa que visava construir uma fábrica de ácido sulfúrico
em sua unidade de industrialização do minério. Devido à mobilização da comunidade, o projeto

22
Carlos Drummond de Andrade, "Triste Horizonte", in Discurso de Primavera e algumas sombras. Record, Rio
de Janeiro, 1977.
25 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
da fábrica de ácido não foi licenciado, e o de expansão da mina acabou modificado - depois de
negociação entre as partes interessadas - reduzindo-se a área que a empresa pretendia desmatar.

Outro caso que ganhou os jornais foi o da Camargo Corrêa Industrial, que apresentou um
projeto de construção de uma fábrica de cimento e abertura de uma mina de calcário no Mato
Grosso do Sul. Neste caso, depois de concedida a licença ambiental, uma ONG local argumentou
que o potencial espeleológico da área de influência do empreendimento não havia sido
convenientemente caracterizado no estudo de impacto ambiental, o que levou o Ministério
Público a abrir um inquérito civil, que resultou na concordância da empresa em realizar estudos
complementares. Estes estudos acabaram demonstrando que não havia cavernas na área da mina
e aquelas existentes nas proximidades não sofreriam impacto significativo.

Vários outros casos envolvendo novos projetos de mineração foram submetidos à


avaliação de seus impactos antes que fossem tomadas decisões quanto à sua aprovação. Em
muitos casos esses projetos foram aprovados (freqüentemente com modificações ou
condicionantes), em outros, foram reprovados por insuficiência técnica ou devido à importância
de seus impactos. Em muitos estados, como Bahia, Minas Gerais e São Paulo, a sociedade civil
participa diretamente do processo decisório, e pode levar a uma decisão contrária aos interesses
das empresas, como ocorreu com um projeto de uma nova pedreira na Região Metropolitana de
São Paulo (DIAS e SÁNCHEZ, 1999:87) e da expansão de uma mina de calcário na Floresta
Nacional de Ipanema..

Em vários locais a sociedade se organizou para debater, negociar ou mesmo se opor a


atividades de mineração. Um “Movimento pelo fechamento de pedreiras” surgiu em São Paulo,
enquanto a “lista suja” da AMDA - Associação Mineira de Defesa do Ambiente, divulgada
anualmente com as principais empresas ou órgãos governamentais considerados os maiores
responsáveis pela degradação ambiental no Estado, freqüentemente tem incluído empresas de
mineração.

A modernização da legislação ambiental foi, de certo modo, uma resposta à demanda da


sociedade, mas foi principalmente sua aplicação a situações concretas que decorreu da pressão
dos interessados. Na mineração isto se manifestou não somente com relação ao licenciamento de
novos empreendimentos, mas também na solução de problemas críticos em minas em
funcionamento. Assim, no Estado de Minas Gerais, a Fundação Estadual de Meio Ambiente,
firmou, no início dos anos oitenta, termos de compromisso com várias empresas, estabelecendo
um cronograma para a implantação de medidas corretivas, tais como construção de barragens de
rejeitos (por exemplo, mina de Morro Velho), instalação de filtros para redução das emissões
atmosféricas (por exemplo, fábrica de cimento Soeicom), tratamento de efluentes (por exemplo,
Cia. Mineira de Metais) ou preservação do patrimônio espelelológico.

Os novos meios processuais instituídos em 1985 (ação civil pública) e o fortalecimento do


papel do Ministério Público na garantia do exercício dos direitos a um ambiente saudável, com a
nova Constituição Federal de 1988, também resultaram de pressões de parcela da opinião pública.
O Ministério Público tornou-se ator importante em matéria ambiental e em vários casos
envolveu-se com atividades de mineração. Já em 1985 foi instaurado inquérito civil para apurar a
atuação da Companhia Vale do Rio Doce em Itabira, o que redundou em ação civil pública
proposta no ano seguinte, resultando em acordo firmado pela Companhia e outras partes em
1993. Para CAVALCANTI (1996:306), uma das principais razões que levaram a empresa a
implantar medidas de controle de emissões, de recuperação de áreas degradadas e um programa
de monitoramento ambiental prende-se à existência dessa ação, ao mesmo tempo que era

26 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental


solicitado um financiamento junto ao Banco Mundial; uma ação judicial em curso é considerada
um empecilho à concessão de empréstimo por parte deste agente financiador.

Outro conflito social na área do minério de ferro ocorreu no porto de Tubarão, terminal
de exportação e local de fabricação de pelotas construído nos anos de 1960, onde depois seria
instalada a Companhia Siderúrgica de Tubarão. Devido à sua localização em relação à cidade de
Vitória, os ventos predominantes sopram do terminal para a área urbana, transportando os
poluentes atmosféricos gerados no terminal, nas usinas de pelotização e na siderúrgica. As
concentrações de poluentes na cidade atingiram níveis elevados, suscitando inúmeras reclamações
da população, com importante repercussão na imprensa local. Termos de compromisso firmados
entre a mineradora, a siderúrgica e os poderes públicos municipal e estadual levaram à
implantação de diversos sistemas de controle. Os conflitos, em decorrência, também foram
reduzidos, sem ter, contudo, desaparecido.

Muitas outras ações civis públicas foram abertas por promotores públicos contra
empresas de mineração, grandes e pequenas, seja para apurar danos já causados ao ambiente, seja
com objetivo cautelar, visando impedir a ocorrência de danos. No entanto, a legislação que caiu
de mão cheia sobre a mineração empresarial, passou ao largo do garimpo, válvula de escape da
crise social e econômica. Mais de dois terços dos estudos de impacto ambiental apresentados no
Estado de Minas Gerais entre 1987 e 1998 o foram para empreendimentos de mineração23 e o
mesmo ocorreu nos primeiros anos de aplicação da avaliação de impacto ambiental no Estado de
São Paulo (SÁNCHEZ, 1990:463). Tais cifras, muito desproporcionais ao peso do setor mineral
na economia de ambos os estados, refletem, ao menos em parte, a pressão da opinião pública e a
imagem negativa da mineração. Já o garimpo, teoricamente sujeito à mesma regulamentação,
nunca foi enquadrado. Inexistiu ou foi muito fraca a pressão das comunidades locais ou da
opinião pública e os principais conflitos se deram com indígenas, desde sempre desprezados pelas
elites.

No entanto, apesar do aparato burocrático e da atuação do Ministério Público, o


cumprimento da legislação e mesmo das condições impostas pelo órgão ambiental após a
concessão da licença é freqüentemente insatisfatório, como mostrou um estudo realizado em seis
casos selecionados ao acaso dentre os empreendimentos de mineração que foram submetidos ao
processo de avaliação de impacto ambiental no Estado de São Paulo (DIAS e SÁNCHEZ,
2000:21). Não somente muitas das condições estabelecidas nas licenças ambientais são
sistematicamente ignoradas, como também são deliberadamente não fiscalizadas.

4. O período recente

A produção mineral brasileira cresceu muito nos últimos trinta anos, apesar de recessão e
crises econômicas. O Brasil se posiciona como o quinto ou sexto maior produtor mundial de
bens minerais (excluídos petróleo e gás)24 e a perspectiva é que, com novos investimentos
previstos ou realizados recentemente, a produção aumente. O valor da produção mineral
brasileira (excluídos petróleo e gás) foi da ordem de US$ 8,4 bilhões em 1997, enquanto o valor
agregado atingiu US$ 3,5 bilhões, para um produto interno bruto estimado em US$ 803 bilhões.25

23
J.F Prado, com. pess., agosto 1999.
24
Atrás, respectivamente de Austrália, China, Estados Unidos, África do Sul e Rússia. Deve-se ter em mente,
todavia, que as comparações internacionais são fortemente afetadas pelas variações da cotação do dólar em
países como o Brasil e a Rússia, assim como pela depreciação do rand sul-africano.
25
As estatísticas econômicas no Brasil sempre tiveram boa dose de ficção. No caso da mineração, as
dificuldades decorrem não só porque a produção informal dos garimpos é difícil de ser contabilizada, como
27 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
Porém, o produto da transformação mineral (ou seja, a primeira transformação industrial dos
bens minerais, como produção de metais, fertilizantes, cimento, cal, etc., muitas vezes realizado
na própria área da mina) atingiu US$ 43 bilhões no ano 2000, cerca de 8,5% do Produto Interno
Bruto (Barreto, 2001:12).

Nos anos de 1990 a postura das empresas de mineração face aos problemas ambientais
mudou consideravelmente. No entanto, a dualidade social brasileira também se manifesta nos
principais segmentos da economia e o setor mineral não poderia ser diferente. Enquanto grandes
empresas adotam práticas modernas de gestão ambiental e, em muitos casos, reduzem
efetivamente seu impacto ambiental, centenas de pequenas empresas continuam funcionando à
margem das exigências legais.

O cenário de crescente globalização tem levado os setores mais dinâmicos a mudar


posturas e práticas. A difusão mundial dos sistemas de gestão ambiental e das normas ISO 14000
foi percebida como uma oportunidade estratégica por algumas grandes empresas. Foi a
Companhia Vale do Rio Doce, ainda como empresa estatal, a grande impulsionadora da
participação brasileira no comitê internacional que trabalha na preparação dessas normas,
articulando o GANA – Grupo de Apoio à Normalização Ambiental, um conjunto de grandes
empresas que se organizou para influenciar a elaboração das normas. Até então, a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (representante oficial do país na ISO – International Organization for
Standardization) tinha se mostrado apática e desinteressada pelo assunto, mas desde a constituição
do GANA a delegação brasileira tem tido atuação importante nos trabalhos de preparação das
normas.

Assim, algumas das primeiras empresas brasileiras certificadas segundo a norma 14001
são do setor de mineração e, em alguns casos, essas empresas têm sido pioneiras mundiais em
seus segmentos. Seu papel exportador e o temor de eventuais sanções e restrições impostas por
clientes internacionais fornecem certamente uma boa explicação para esse movimento da parte de
algumas empresas que, ainda no início da década de noventa, estavam longe de se distinguir por
ações significativas em termos de proteção ambiental. Ao contrário, ainda era possível observar o
lançamento direto nos rios de efluentes líquidos sem tratamento, grande emissão de poeiras,
ruído excessivo e vários outros problemas.

O movimento modernizador atingiu também algumas empresas dos segmentos de


minerais industriais, cimenteiro e de materiais de construção. Aquisições de empresas nacionais
por grandes grupos multinacionais acabaram introduzindo novas práticas de gestão ambiental em
segmentos até então dominados por empresas familiares e conservadoras.

5. Cenários

Uma perspectiva histórica auxilia não somente o entendimento da situação atual da


mineração brasileira em termos de gestão ambiental, mas também permite a construção de alguns
cenários para o futuro próximo. Nesta seção serão abordados alguns elementos-chave para a
construção desse cenário, sendo apontadas tendências e problemas ainda mal resolvidos.

também devido ao subfaturamento ou mesmo sonegação fiscal em segmentos como o da areia para construção
civil, argila para cerâmica vermelha, calcário para corretivo de solo e cal, rochas ornamentais e outros bens.
28 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
O primeiro elemento é a tendência de aumento da produção de bens minerais, tanto para
exportação quanto para abastecimento do mercado interno.26 Não será tão logo que
considerações ambientais imporão um aumento substancial nas taxas de reciclagem de minerais.
Por muito tempo a reciclagem continuará a desempenhar um papel ainda marginal, embora
crescente, no fluxo mundial de matérias-primas minerais, de modo que a demanda deverá ser
suprida pela produção das minas. Por outro lado, nem todos os bens minerais são recicláveis.
Alguns são completamente consumidos, como é o caso dos combustíveis fósseis e dos
fertilizantes; outros entram em pequena proporção na composição de produtos de consumo,
como os pigmentos minerais usados em tintas e sua reciclagem não pode ser vislumbrada a curto
prazo, haja vista que, após o uso, esses produtos são dispersados. Também deve ser considerado,
contudo, que nos segmentos dos metais, do vidro, da cerâmica, dos materiais de construção, a
reciclagem tende a crescer, e que as próprias empresas de mineração poderão se dedicar a essa
atividade.

Um segundo elemento de importância é a possibilidade de que o uso de certos minerais


venha a ser severamente regulamentado ou mesmo proibido. A proibição já ocorre para o
amianto em países da Europa. Já as restrições ao uso de alguns metais de elevada toxicidade
como o mercúrio, o cádmio e o chumbo, poderão estimular a pesquisa de materiais substitutos e
reduzir a demanda desses metais. A utilização do chumbo em tintas já foi quase abolida, mas esse
metal ainda é largamente utilizado na fabricação de baterias de automóveis. O uso do mercúrio
em lâmpadas já sofre a concorrência de outras substâncias.

Um terceiro elemento central para a construção de um cenário de médio prazo da


economia mineral brasileira é a tendência de um aumento das exigências impostas pela
regulamentação ambiental. A responsabilidade civil ambiental já está bem estabelecida na
legislação brasileira, ao passo que a responsabilidade penal em matéria ambiental foi
recentemente sistematizada e ampliada27. Nesse sentido, o país deve acompanhar a tendência
mundial de fortalecimento da legislação ambiental, que já tem durado pelo menos 40 anos.
Embora a capacidade de fiscalização do Estado esteja enfraquecida, o Judiciário tem, lenta mas
firmemente, feito valer a lei, e a sociedade civil tem sido capaz de incorporar o direito a um
ambiente saudável à prática da cidadania (SILVA-SÁNCHEZ, 2000).

Já as empresas têm reagido às demandas sociais incorporando em maior ou menor grau a


variável ambiental em suas estratégias (SANCHES, 1997: 43; SÁNCHEZ, 1998: 521). No campo
da mineração, é provável que a tendência de expansão da adoção dos sistemas de gestão
ambiental, integrados aos sistemas de gestão da qualidade e de segurança e saúde do trabalho,
continue por parte das grandes firmas. Entretanto, o que acontecerá nesse campo com os
pequenos e médios mineradores é matéria para especulação. Um cenário otimista apontaria que,
por exigências de mercado, as pequenas e médias empresas deveriam melhorar suas práticas de
gestão para, no mínimo, atuar dentro da lei. Tal perspectiva baseia-se na expectativa de que a
adoção dos sistemas de gestão ambiental pelas grandes empresas terá um efeito multiplicador,
uma vez que estas exigirão dos seus fornecedores que se adequem à legislação - por exemplo, a
indústria automobilística exigirá de seus fornecedores de vidro ou de baterias, que melhorem sua
conduta ambiental; estes, por sua vez, farão o mesmo com seus fornecedores de areia ou de
chumbo. Além disso, num cenário otimista, pode-se esperar a abertura de muitas empresas a um

26
No caso particular de agregados, assim como no setor de cimento, há uma grande demanda reprimida, dada
sobretudo pelo déficit habitacional. O consumo anual per capita de agregados é da ordem de 1,5 tonelada no
Brasil, enquanto nos EUA o consumo atinge cerca de 10 toneladas/ano por habitante.
27
Lei Federal 9.605/98.
29 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
verdadeiro diálogo com as comunidades28, ou pelo menos uma maior permeabilidade dessas
empresas às inquietações e demandas da comunidade. Já um cenário pessimista apontaria para
uma crescente dualização, onde empresas bem organizadas (majoritariamente de grande porte e
com participação acionária de capital externo) atuarão dentro de princípios de boa prática
ambiental, enquanto inúmeras empresas mal organizadas (principalmente de pequeno porte)
continuarão a agir como atualmente.

Nas empresas mais avançadas, as boas práticas de gestão implicarão um desenvolvimento


tecnológico, visando atingir diversos objetivos de melhoria de seu desempenho ambiental, tais
como: (i) reuso crescente de água; (ii) redução do consumo energético por tonelada de minério
produzida; (iii) desenvolvimento de novos métodos de disposição segura de rejeitos, substituindo
ou aprimorando as atuais barragens de rejeitos; (iv) melhoria dos sistemas de monitoramento
ambiental, atualmente muito incipientes (na maior parte dos casos), introduzindo sistemas
automáticos de monitoramento contínuo e transmissão de dados.

A recuperação de áreas degradadas é um campo nebuloso. As exigências legais brasileiras


são deficientes e ineficazes. Os bons exemplos de recuperação ambiental se explicam quase
sempre por razões de política própria das empresas. Não se vislumbra, a curto prazo, uma ação
mais efetiva do Estado nesse campo - por exemplo introduzindo mudanças legais para que as
empresas apresentem garantias financeiras para recuperação de áreas. Tampouco existe uma
regulamentação brasileira sobre fechamento de minas, estabelecendo responsabilidade pelos
impactos residuais - segundo a legislação atual, tudo se passa como se as minas não se
esgotassem, não há provisões legais para a fase de desativação, questões cruciais como o que
fazer com depósitos de estéreis e de rejeitos, com escavações subterrâneas ou grandes cavas a céu
aberto, ou com áreas contaminadas, estão ausentes da regulamentação, embora presentes nos
debates.

Por outro lado, parece inevitável que a abertura de novas minas resulte em conflitos com
comunidades locais, organizações não-governamentais e outras partes interessadas. A pesquisa
mineral em áreas restritas, como unidades de conservação, será certamente motivo de discórdia
entre empresas de mineração, governos e outros, já que o número dessas unidades deve
provavelmente ser ampliado e muitas delas têm sido criadas em zonas de interesse mineral ou
mesmo em locais onde já há atividade de pesquisa ou de lavra. Da mesma forma, a mineração em
terras indígenas suscitará ásperos debates.

Finalmente, uma pergunta raramente feita: o que acontecerá com o patrimônio histórico
industrial da mineração à medida que mais minas forem sendo desativadas? Num país que
desprestigia a memória, onde mesmo o patrimônio histórico monumental é dilapidado, é de se
temer pelo futuro do patrimônio legado pela mineração. Já quase não há vestígios da mineração
de ouro em São Paulo ou no Paraná. Mesmo em Minas Gerais os testemunhos vivos da história
da mineração são mínimos e, em geral, mal cuidados. Em Santa Catarina, depois de quase um
século de mineração de carvão, pouco resta além do passivo ambiental.

A mineração contribuiu de modo significativo para a formação econômica do país. Os


grandes projetos de hoje devem muito às inúmeras minas que, pequenas para os padrões atuais,
foram fundamentais para a o desenvolvimento tecnológico e a capacitação técnica de

28
Entenda-se, naturalmente, superar as práticas atuais de relações públicas, que pouco ou nada têm a ver com o
diálogo; este pressupõe inicialmente a escuta e a compreensão da posição das partes interessadas e não um
discurso publicitário. Um diálogo num nível mais elevado também se afasta das práticas reivindicatórias de
muitas prefeituras frente às grandes empresas, que nada mais faz que reproduzir a postura clientelista da política
e dos políticos locais.
30 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental
profissionais nas áreas de geologia, engenharia de minas, civil e metalúrgica, entre outras. A
preservação da memória mineira - por exemplo através da implantação de museus e centros de
documentação mineiros - em tantos lugares como o Vale do Ribeira, a região do cobre do Rio
Grande do Sul, as zonas produtoras de chumbo e cromo na Bahia, de tungstênio no Rio Grande
do Norte, os inúmeros locais de produção passada de ouro, não somente permitiria resgatar os
aspectos técnicos, sociais e culturais ligados à mineração, como também se tornariam pólos de
interesse turístico.

A mineração brasileira tem futuro, mas também tem um passado que não é somente um
passivo ambiental.

Agradecimentos

Agradeço ao geólogo Éder Luiz Santo pelo apoio na preparação do mapa.

Referências

ABM, Associação Brasileira de Metais, 1989. Metalurgia e desenvolvimento: a corrida dos metais no Brasil.
São Paulo, 107p.

Ab’Sáber, A.N. 1977. Diretrizes para uma política de preservação de reservas naturais no Estado
de São Paulo. Geografia e Planejamento 30:1-8. Inst. Geografia da Univ. São Paulo.

Acero, L. 1993. O caso da indústria da bauxita, da alumina e do alumínio no Brasil. In: H. Rattner
et al., Impactos ambientais, mineração e metalurgia. CETEM, Rio de Janeiro, p. 19-116.

Andrade, M.C. 1989. A cassiterita nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. CNPq, Recife, 115p.

Andrade, T. 1993. Mineração e meio ambiente no Brasil: o caso do estanho. In: H. Rattner et al.,
Impactos ambientais, mineração e metalurgia. CETEM, Rio de Janeiro, p. 117-174.

Anjos, J.A.S.A. e Sánchez, L.E. 1998. Estratégias para remediação de um sítio contaminado por
metais pesados: estudo de caso. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, BT/PMI/096:1-12.

Barreto, M.L. (org.) 2001. Mineração e desenvolvimento sustentável: desafios para o Brasil. CETEM, Rio
de Janeiro, 215p.

Bazin, G. 1958. L’architecture religieuse baroque au Brésil. Plon, Paris, v.2, 170p.

Burmeister, H. 1980. Viagem ao Brasil. Itatiaia/EDUSP, Belo Horizonte/São Paulo, 372p.

Carvalho, J.M. 1978. A Escola de Minas de Ouro Preto: o peso da glória. Ed. Nacional/FINEP, São
Paulo, Rio de Janeiro, 176p.

Cavalcanti, R.N. 1996. A mineração e o desenvolvimento sustentável: casos da Companhia Vale do Rio Doce.
Tese doutoramento, Escola Politécnica da USP, 432p.

CVRD, Companhia Vale do Rio Doce. 1992. A mineração no Brasil e a Companhia Vale do Rio Doce.
CVRD, Rio de Janeiro, 640p.

31 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental


CVRD, Companhia Vale do Rio Doce. 1992a. Companhia Vale do Rio Doce: 50 anos de história.
CVRD, Rio de Janeiro, 300p.

Dean, W. 1997. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. Companhia das
Letras, São Paulo, 484p.

Dias, E.G.C.S. e Sánchez, L.E. 1999. A participação pública versus os procedimentos


burocráticos no processo de avaliação de impactos ambientais de uma pedreira. Revista de
Administração Pública 33(4):81-91.

Dias, E.G.C.S.; Sánchez, L.E. 2000. Environmental impact assessment: evaluating the follow-up
phase. In: R.K. Singhal; A.K. Mehrotra, Environmental issues and management of waste in energy and
mineral production. Balkema, Rotterdam, pp. 21-28.

Eschwege, W.L. 1979. Pluto brasiliensis. Itatiaia/EDUSP, Belo Horizonte/São Paulo, 2v. 528p.

Eysink, G. et al. 1988. Metais pesados no vale do Ribeira e em Iguape-Cananéia. Ambiente 2(1):6-
13.

Ferreira, R.C.H. e Appel, L.E. 1992. Fontes e usos de mercúrio no Brasil. Estudos e Documentos
13:1-33. CETEM, Rio de Janeiro.

Figueirôa, S.F.M. 1995. As ciências geológicas no Brasil: uma história social e institucional, 1875-1934.
Hucitec, São Paulo, 270p.

Gomes, F.M. 1983. História da siderurgia no Brasil. Itatiaia/EDUSP, Belo Horizonte/São Paulo,
409p.

Gomes, M.C.A. e Piló, L.B. 1992. As minas de salitre: a exploração econômica das cavernas em
Minas Gerais nos fins do período colonial. Espeleo-Tema 16:83-93.

Grossi, Y.S. 1981. Mina de Morro Velho: a extração do homem. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 265p.

Guimarães, J.E.P. 1981. Epítome da história da mineração. Art Editora/Sec. Estadual da Cultura, São
Paulo, 173p.

Hanai. M. 1993. Mineração industrial, garimpo de ouro e meio ambiente no Brasil. In: H. Rattner
et al., Impactos ambientais, mineração e metalurgia. CETEM, Rio de Janeiro, p. 175-244.

Hermann, H. 1995. Mineração e meio ambiente: metamorfoses jurídico-institucionais. Tese de doutorado,


Inst. Geociências e Ciências Exatas, UNESP, 355p.

Holanda, S.B. 1960. História geral da civilização brasileira, t.1, v.2. DIFEL, São Paulo.

Katinsky, J.R. 1994. Sistemas construtivos coloniais. In: M.Vargas (org.), História da técnica e da
tecnologia no Brasil. Editora UNESP, São Paulo, p.63-94.

Lacerda, L.D. e Salomons, W. 1992. Mercúrio na Amazônia. Uma bomba relógio química?
Tecnologia ambiental 3:1-78. CETEM, Rio de Janeiro.

32 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental


Landgraf, F.; Tshiptschin, A.P. e Goldenstein, H. 1994. Notas sobre a história da metalurgia no
Brasil (1500-1850). In: M. Vargas (org.), História da técnica e da tecnologia no Brasil. Ed. UNESP,
p. 107-129.

Pádua, J.A. 1987. Natureza e projeto nacional: as origens da ecologia política no Brasil. In: J.A.
Pádua (org.), Ecologia e política no Brasil. Espaço e Tempo/IUPERJ, Rio de Janeiro, p.11-62.

Piló, L.B. 1999. Ambientes cársticos de Minas Gerais. O Carste 11(3):50-58.

Rodrigues, C. 1994. Aqui começou o ciclo do ouro no Brasil. Brasil Mineral 118:22-26.

Saint-Hilaire, A. 1975. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Itatiaia/EDUSP,
Belo Horizonte/São Paulo, 378p.

Sanches, C.S. 1997. Evolução das práticas ambientais em empresas industriais: um modelo
genérico. In: IV Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente, São Paulo, Anais, pp.
43-62.

Sánchez, L.E. 1984. Mineração ou preservação no Alto Vale do Ribeira/SP? Ciência da Terra
10:26-29.

Sánchez, L.E. 1990. Considerações preliminares sobre a aplicação da avaliação de impacto


ambiental a atividades de mineração no Estado de São Paulo. In: Cong. Ítalo-Bras. Eng. Minas I,
Cagliari, Anais, p. 463-483.

Sánchez, L.E.; Hennies, W.T.; Eston, S.M.; Menezes, C.B. 1994. Cumulative impacts and
environmental liabilities in the Santa Catarina Coalfield in Southern Brazil. In: Third Int. Conf.
Environmental Issues and Waste Mngt in Energy and Mineral Production, Perth, Proceedings, p. 75-85.

Sánchez, L.E. 1998. Industry response to the challenge of sustainability: the case of Canadian
nonferrous mining sector. Environmental Management 22(4):521-531.

Sessegolo, G.C. et al. 1996. A degradação ambiental de cavernas na Região Metropolitana de


Curitiba - PR. In: G.C. Sessegolo, L.F.S. Rocha e V. Theulen (org.), Cavernas do Paraná. GEEP-
Acungui, Curitiba, p. 5-8.

Silva-Sánchez, S.S. 2000. Cidadania ambiental: novos direitos no Brasil. Humanitas/Annablume, São
Paulo, 202p.

Souza, V.P.; Sánchez, L.E. 1996. Drenagens ácidas do estéril piritoso da mina de urânio de Poços
de Caldas: interpretação e implicações ambientais. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP,
BT/PMI/050, São Paulo, 32p.

Spix, J.B.; Martius, C.F.P. 1981. Viagem pelo Brasil 1817-1820. Itatiaia/EDUSP, Belo
Horizonte/São Paulo, v.1, 262p.

Sutherland, C.H.V. 1969. Gold, its beauty, power and allure. Thames and Hudson, 3ra. ed., 196p.

33 A Produção Mineral Brasileira: Cinco Séculos de Impacto Ambiental

S-ar putea să vă placă și