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Fabricação do Iogurte
Fermentação: a lactose (o açúcar do leite) é transformada em ácido láctico, que será o agente da
coagulação do leite. São usadas duas bactérias para a transformação da lactose em ácido lático:
Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus. A fermentação ocorre a uma temperatura
de 42 a 43º C durante aproximadamente 4 horas. Nesse tempo, a formação de acidez e de aroma
é monitorada.
- Cultura do iogurte:
A cultura do iogurte é uma associação do Streptococcus thermophillus e do Lactobacillus
bulgaricus. O pH e a temperatura para o desenvolvimento do Streptococcus thermophillus estão
compreendidos em 6,8 e 38° C, enquanto que para o Lactobacillus bulgaricus estão
compreendidos em 6,0 e 43° C. O primeiro chega até 90° Dornic de acidez, enquanto que o
segundo vai até 140° Dornic. A cultura do iogurte deve conter um percentual igual dos dois
germes. Do contrário, não se obterá a consistência e a característica desejável do odor no produto
industrializado.
Só é possível manter as duas linhagens de germes em estabelecimentos que possuam laboratório
bem equipado e técnicos treinados. Isso permite que sejam observadas as características de cada
tipo. Entretanto, na associação das duas culturas, já é orientada a virulência ou força de
desenvolvimento pelos seguintes fatores:
Cada uma dessas bactérias confere ao produto uma característica especial. A bactéria deverá
apresentar germes vivos da flora normal, não podendo conter impurezas nem qualquer elemento
estranho à sua composição.
Resfriamento: quando o produto atinge a acidez desejada, ele é resfriado e enviado a outro
tanque hermético, tomando-se todo cuidado para que nenhuma das características até então
obtidas sejam perdidas.
Adição de base frutas: o produto recebe a polpa de frutas ou pedaços delas, de acordo com
suas características.
Embalagem: o iogurte é embalado em máquinas de alta tecnologia sem nenhum contato manual,
mantendo-se assim toda a sua qualidade e frescor.
Conservação: a temperatura ideal para conservação do iogurte varia de um a 10º C e seu
tempo de validade é de 35 dias.
Todas as etapas de fabricação do iogurte são acompanhadas cuidadosamente pelos técnicos do
Controle de Qualidade. Assim, os produtos finalizados são liberados para o consumidor mediante
aprovação técnica.
Iogurte
Página Inicial->Como Fabricar->Iogurte
• É um produto lácteo, ácido, que envolve o
uso de culturas simbióticas de Lactobacillus
delbruckii ssp. bulgariscus e Streptococcus
salivarus ssp. thermophillus. A proporção de
cocci para bacilli normalmente usada é de
1:1. Pode ser usada também as proporções
1:2, 1:3, 2:3. O importante é que a cultura
contenha um número maior de cocos do que
de bacilos. Esta proporção na cultura é
fundamental na produção de “flavor” e outras
características no produto final. Devido aos
efeitos de simbiose no início e antibiose no
final do processamento do iogurte nunca
devemos fazer um iogurte a partir do próprio
iogurte.
• Entre os principais componentes do “flavor”
do iogurte observa-se o ácido lático,
acetaldeído e diacetil em baixas
concentrações. O acetaldeído é o composto
mais importante no “flavor” do iogurte.
• O Lactobacillus delbruckii ssp. bulgariscus
parece ser o principal responsável pelo
aceraldeído no iogurte. Quando na proporção
de 1:1 no iogurte, a produção do aceltaldeído
é maior do que quando Lactobacillus crescem
sozinhos.
Métodos de Fabricação:
a) Incubação no envase:
Vai resultar num produto mais firme, tipo pudim, conhecido como iogurte
tradicional.
Tipos de Iogurte:
Quebra do Gel:
Aspectos Gerais
Definição
A definição deste produto gera controvérsias, mas pode ser
caracterizado como um produto que resulta da fermentação do leite
por culturas “starters”* que contenham somente o Streptococcus
thermophilus e o Lactobacillus delbrüeckii, subsp. bulgaricus. No
entanto, não se impede que o produto possa ser veículo de outra
bactéria, como Lactobacillus acidophilus, adicionado após a
elaboração do produto durante o seu resfriamento.
Qualquer que seja a definição dada, há certas características
que devem ser obedecidas para que possa ser considerado Iogurte:
- deve conter, em abundância, microorganismos vivos;
- não conter estabilizantes.
* culturas “starters”: são fermentos, inóculos e culturas láticas
usados no desenvolvimento de produtos lácteos fermentados. A
cultura pode ser constituída de uma estirpe de uma espécie
bacteriana, conhecida por cultura simples, ou pode reunir várias
estirpes e, ou, espécies, sendo chamada, assim, de cultura mista.
Fabricação do Iogurte
Embora estejam aparecendo no mercado novos produtos,
comercialmente existem dois tipos de iogurtes: tradicional e batido.
Estão listadas, a seguir, as etapas de fabricação comuns a ambos os
tipos:
1. Seleção do Leite
O leite deve apresentar:
- acidez sempre inferior a 20ºD**;
- aroma e sabor normais;
- alto teor de sólidos;
- ausência de microorganismos patogênicos e de substâncias
inibidoras da fermentação lática;
- teor de gordura padronizado.
2. Adição de Substâncias
Para que o iogurte tenha uma boa consistência, é necessário
que o leite tenha um extrato seco desengordurado de 15%. Podemos
aumentar o teor de sólidos por concentração do leite ou por adição de
leite em pó desnatado ou leite concentrado desnatado.
No caso da produção de iogurte batido, costuma-se adicionar
de 18 a 12% de açúcar para melhorar o sabor e consistência. No
Brasil, é proibida a adição de estabilizantes e espessantes.
3. Pré-aquecimento
O leite incrementado é aquecido de 50ºC a 60ºC com a
finalidade de facilitar a homogeneização.
4. Homogeneização
Esta operação melhora a qualidade do produto final, evitando a
separação da gordura além de melhorar a consistência, a
cremosidade, o sabor e a digestibilidade do Iogurte.
A pressão utilizada na homogeneização é variável entre 150 e
200atm.
5. Pasteurização
O principal objetivo da pasteurização é a destruição dos
germes patogênicos e a eliminação de grande parte da flora
microbiana normal do leite, favorecendo, desta maneira, o crescimento
dos microorganismos posteriormente inoculados. Além disso, temos a
redução do teor de oxigênio no leite, bem como a precipitação da
albumina e da globulina, favorecendo a consistência e a hidratação do
coágulo.
A pasteurização pode ser realizada a várias temperaturas e
tempos, dependendo não só do equipamento utilizado, mas também
da característica do produto final.
6. Resfriamento
A finalidade desta operação é abaixar, rapidamente, a
temperatura do leite até um valor conveniente para a inoculação do
fermento. A temperatura após o resfriamento depende da temperatura
de fermentação que, na indústria, é, geralmente, de 42ºC a 43ºC.
7. Inoculação
Após o tratamento térmico, o leite é transferido para tanques
de aço inoxidável, providos de agitador, onde é colocado, com 2 a 3%,
em peso, da cultura láctica selecionada.
Embora essas culturas possam, eventualmente, incluir
Lactobacillus lactis, Lactobacillus helveticus, Streptococcus
diacetilactis, etc., fundamentalmente o inoculo é constituído por dois
microorganismos: S. termophilus e L. bulgaricus numa proporção
numérica eqüitativa, contendo de 2 a 4 milhões de células por mililitro.
De uma forma geral, as qualidades desejáveis em uma cultura
para iogurte são: pureza; crescimento vigoroso; produção de coágulo
consistente; facilidade de conservação; ser resistente a açúcar,
bacteriófagos, penicilina e outros antibióticos; e produzir iogurte com
bom aroma e sabor.
8. Fermentação
Durante a fermentação, as bactérias do iogurte, S. termophilus
e L. bulgaricus, crescem simbioticamente, produzindo acido lático e
compostos aromáticos, além de formar o coágulo. No inicio da
fermentação, a acidez do leite (menor que 20º D) favorece o
crescimento do S. termophilus, estimulado por alguns aminoácidos
livres (especialmente a valina) produzidos pelo L. bulgaricus, o que
provoca um aumento de acidez.
Nesta fase, o S. termophilus libera acido fórmico estimulante do
desenvolvimento do L. bulgaricus.
Porcentagem de ácido lático em função do tempo de fermentação.
- Proteólise e digestão:
As proteínas do leite, que têm um alto valor biológico, são
parcialmente pré-digeridas por ação das bactérias láticas, o que
permite uma melhor digestão.
- Vitaminas:
As vitaminas do leite ajudam no desenvolvimento das bactérias láticas
que, por sua vez, produzem outras vitaminas, aumentando, assim, a
variedade de vitaminas presentes no iogurte.
- Minerais:
O iogurte apresenta uma ampla variedade de minerais, destacando-se
com maior importância o cálcio, que para além do mais apresenta uma
elevada biodisponibilidade.
AUTORES:
FABRICAÇÃO
Qualidade da matéria-prima
Desde 1998, objetivando produtos finais com excelência de qualidade, a Itambé lançou um
programa voltado para o produtor de leite, fundamentado nos 3 principais fatores que
determinam a boa qualidade da matéria-prima:
Padronização e pasteurização
O leite é bombeado ao conjunto de pasteurização, onde é pré-aquecido no pasteurizador
de placas, enviado à centrífuga, padronizado o seu teor de gordura, assegurando a
composição correta do produto final. É então pasteurizado a 73ºC, resfriado em
temperaturas que variam de 5ºC a 6ºC e estocado. Com a pasteurização, elimina-se
microorganismos que podem causar doenças ao homem e deterioração do produto.
Mistura de ingredientes
Posteriormente, o leite padronizado selecionado é bombeado para um tanque de
estocagem, quando se tem início o processo de mistura de açúcar e demais ingredientes
sólidos, fazendo-se o leite circular entre o misturador e o tanque de estocagem, até a
completa solubilização dos ingredientes.
Fermentação
À mistura adiciona-se o fermento, previamente analisado quanto às suas características
bioquímicas. Em aproximadamente 4 horas, obtém-se uma massa coagulada, com acidez,
viscosidade e sabor característico do iogurte. Ao término da coagulação, o iogurte é
revolvido mecanicamente, sendo bombeado através de resfriador e estocado a 20ºC, em
um dos tanques que alimentam a máquina de envase.
Controle de qualidade
Na fábrica, o controle é realizado em todas as fases do processo, da chegada do leite à
fábrica até a estocagem do produto final, com o objetivo de assegurar a qualidade do
produto no que se refere ao aspecto, à consistência, ao sabor e às características
microbiológicas.
FABRICAÇÃO DE IOGURTE
Introdução
FICHA TÉCNICA
Setor da Economia: Secundário
Ramo de Atividade: Indústria
Tipo do Negócio: Fabricação de Iogurte
Anexos
Entidades
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
SEPN 515, Bloco B - Edifício Ômega - Brasília - (DF)
70.770-502
Tel. (61) 448 1326 / 1327 / 1303 / 1321
Fornecedores
Equipamentos
Python Engenharia e Equipamentos Industriais Ltda
Estr. do Sacramento, 1725 - Pimentas - Guarulhos – (SP)
07263-000
Tel. (11) 6480 4222
Inoxil S/A
Av. Atalaia do Norte, 1050 - Jd. Cumbica - Guarulhos – (SP)
07240-120
Tel. (11) 6412.7866
Site da ANVISA
http://www.anvisa.gov.br
Ministério da Saúde
http://www.saude.gov.br/
O QUE É IOGURTE?
O iogurte é uma associação de germes, que vivem em simbiose formada pelo Streptococcus Thermophillu e o
lactobacillus bulgaricus. Daí vem o nome popular de coalhada búlgara.
É o leite fermentado ou coalhada medicinal. É preparado por quase todos os povos da Europa oriental (Turquia,
Bulgária, Sérvia, Grécia, România) e Arábia, onde constitui um alimento corrente e popular desde épocas
remotas, como leite de grande digestibilidade. O paladar é ótimo e tem um aroma peculiar e agradável.
Os antigos conheciam a sua preparação: a fórmula se transmitia de pai a filho e o segredo era zelosamente
guardado. Segundo a lenda, Abraão foi o primeiro a prepará-lo. Está consignado em tradução bíblica, referente
aos livros de Abraão, nos quais se diz ter um anjo ensinando o seu preparo a Abraão, a fim de curar a sua
mulher.
COMO O IOGURTE É CONHECIDO EM OUTROS PAÍSES?
O iogurte é conhecido na Albânia, com o nome de "Chutly-Yougourth", "Maya" entre os turcos, "Podkavassa"
entre os macedônios e búlgaros, "Kechla"entre os sírios e no Afeganistão e é derivado do Kisselo Mieko,
produto fabricado pelos russos e exclusivamente com leite de ovelha.
O primitivo iogurte ou verdadeiro leite azedo (Kvasseno Mleko) que se prepara exclusivamente com leite de
ovelha, como é fabricado no país de origem, é pouco conhecido atualmente, provavelmente devido a criação
pouco intensiva dos animais da raça ovina entre nós e conseqüentemente pela dificuldade de obter seu leite.
Em dezenas de trabalhos antigos e modernos, no campo da dietética, considera-se "não haver alimento
conhecido que se possa comparar à ele, especialmente com iogurte de leite concentrado (fervido durante horas
para concentrar) por suas propriedades nutritivas, digestivas e dietéticas". É considerado seis vezes mais
digerível que o leite.
Sendo o iogurte um produto biológico e de grande valor nutricional, o emprego de conservantes ou inibidores
(químicos) de fermentação deve ser excluído na sua manipulação, pois os inibidores vêm eliminar totalmente o
seu valor terapêutico e torná-lo um produto de difícil digestão.
O emprego de inibidores está se generalizando na fabricação de pudins gelatinosos. Assim, também, os
concentrados de sabores ou frutas preparadas não devem conter inibidores em porcentagens tais que possam
paralisar a ação a fermentação láctica do iogurte.
O único recurso industrial para a conservação do produto deve ser o frio e, produto proveniente de culturas
puras e assepsia completa em sua elaboração.
Tanto a um como ao outro, para melhorar a consistência, o aspecto ou para diferenciar sua composição,
poderão ser agregados ingredientes tais como ágar-ágar, gelatina, açúcar, glicose, maisena, leite em pó ou
condensado, etc. e ainda poderão ser acrescidos sabores como coco, café, chocolate, etc.
Há os produtos sofisticados os quais são acrescidos de sabores ou aromas de frutas, frutas preparadas ou em
calda ou concentradas. Estes estão em grande voga em todo o mundo, porém diminuem o seu valor
terapêutico e dietético.
O equipamento para a produção de iogurte em escala industrial deve ser relacionado de acordo com o esquema
de fabricação.
Nesse caso, tem-se tanques com agitadores, tanques de pasteurização, estufas incubadoras, equipamentos
para envasamento e fechamento dos vasilhames (copos), câmaras frigoríficas, etc.
No setor de preparação das culturas de germes, que é o mais importante das operações, deverá ter o
equipamento completo de um laboratório "bacteriológico", para as repicagens, preparo das culturas e seu
controle.
Entretanto, a cultura (start) do iogurte deve conter um percentual igual dos dois germes, do contrário não se
obterá a consistência e a característica desejável do odor no produto industrializado.
Só se consegue manter as duas linhagens de germes, naqueles estabelecimentos que possuam laboratório bem
equipado e técnicos treinados. Assim serão observadas as características de cada tipo.
Entretanto, na associação das duas culturas, já é orientada a sua virulência ou força de desenvolvimento pelos
seguintes fatores:
• % de cultura empregada;
• temperatura mantida no decorrer da fermentação;
• tempo decorrido ou permanecido na estufa.
Na fermentação do iogurte, os thermophillus se desenvolvem inicialmente com grande intensidade para dar
ambiente favorável para os bulgaricus, os quais intensificam seu desenvolvimento em seguida.
Assim, as duas culturas se completam, porém devem sempre estar em igualdade de percentagem. Para isso,
deve sempre se controlar as culturas para se certificar do seu equilíbrio, assim como as contaminações
prováveis nas mesmas.
Deve-se ter em mente que uma cultura contaminada é um desastre na produção industrial de iogurte.
De acordo com a norma sanitária o iogurte deverá ser elaborado com leite que satisfaça as especificações
previstas para o consumo, e deverá ser de ótima qualidade. As culturas deverão ser selecionadas, próprias e
mantidas em pleno vigor.
COMPOSIÇÃO DO IOGURTE
A composição do iogurte depende da classe do leite empregado, da técnica de trabalho, do grau de evaporação,
tempo de incubação, qualidade e composição da flora microbiana. O iogurte poderá ser obtido de leite de
qualquer espécie leiteira, além da de vaca, integral ou modificado, de preferência reduzido por evaporação a
2/3 do seu volume inicial. O iogurte genuíno é produzido pela associação em partes iguais, das seguintes
bactérias:
Cada uma destas bactérias confere ao produto uma característica especial. Deverá apresentar germes vivos da
flora normal. Não poderá conter impurezas nem qualquer elemento estranho à sua composição.
Seu aspecto deve ser homogêneo, de consistência pastosa e geléica, de corte liso e brilhante. Sua cor deve ser
branca, cheiro próprio, aromático e sabor fresco e ácido. A acidez titulável avaliada em ácido láctico deve ser
entre 0,5% - 1,5%, p/p, em álcool 0, 25% no máximo p/p e lipídeos dependendo do teor e concentração do
leite usado.
Com relação às características microbiológicas deve ter ausência de microorganismos causadores da
decomposição do produto.
O produto deve ser conservado em frigorífico à temperatura máxima de 10°C. não sendo permitida a adição de
substâncias conservadoras.
O iogurte deve ser acondicionado de maneira que fique ao abrigo de qualquer causa de contaminação. O
recipiente deve ser de material resistente à ação do iogurte. As características organolépticas e a composição
do produto não deverão ser alteradas pelo material do recipiente. O recipiente deverá ser hermeticamente
fechado e esterilizado industrialmente. O espaço livre não deverá exceder 5% do volume do recepiente.
AUTOR: Roberta Mara Züge, MV, Dr. Coordenadora de Projetos.Instituto de Tecnologia do Paraná, Brasil
A certificação voluntária cresceu devido a alguns fatores, como falta de confiança por parte da sociedade
nas marcas provadas, na fiscalização e na inclusão de novos requisitos, exigindo, então, novas formas de
garantia da qualidade de alimentos; razões e estratégia empresarial e também à pressão do mercado
internacional. O resultado disso é uma melhor organização de empresas preocupadas com a aceitação de
seu produto, objetivando uma melhor credibilidade e confiabilidade na sua marca.
Atualmente, frente a diversas crises alimentares, sendo a mais conhecida do setor pecuário a fraude no
leite, identificada pela Polícia Federal na operação Ouro Branco (2007), trouxe conseqüências sérias para
o setor. Dentre tantos efeitos, o mais complexo é a perda de confiança do consumidor no produto leite,
abrindo espaço para especuladores que manipulam as informações e questiona a qualidade nutricional de
todo o leite produzido no Brasil. Induzido a população a diminuir o consumo ou mesmo suprir a ingestão de
produtos de origem animal.
Ainda neste aspecto, há a preocupação do consumidor ao Bem Estar Animal (BEA). De fato, muito o Brasil
tem que avançar na sistematização de processos reconhecidos para este fim e, melhorar suas atividades
para atender aos requisitos mínimos de BEA. Mas uma grande parcela de produtores busca o BEA nas
suas propriedades, pois o estresse é, também, fator de perda de produtividade, tanto em gado de leite
quanto de corte.
Na década de 70, na Europa, foram concebidos os primeiros conceitos de produção integrada para
redução do uso de agroquímicos, na tentativa de minimizar os impactos ao meio ambiente, com o Manejo
Integrado de Pragas - MIP. Com este conceito, produtores brasileiros de maçã, por demanda dos
compradores, buscaram, no final da década de 90, com a EMBRAPA, MAPA e Inmetro a possibilidade de
implementação de um sistema de produção de maçã não convencional. Por meio destas ações foi
concebida e Produção Integrada de Frutas. Hoje conta com 18 normas de frutas publicadas.
O processo da PIF passa por avaliação da conformidade por terceira parte, ou seja, uma certificação.
Diversos Organismos de Avaliação da Conformidade - OAC estão acreditados pelo INMETRO para avaliar
a conformidade de sistemas de produção e produtos PIF. Com a certificação realizada, os produtos
recebem o selo de conformidade da fruta, com a logomarca PIF Brasil do MAPA, logo INMETRO e do
organismo certificador.
No mesmo sentido das frutas, outras cadeias de produtos agropecuários demandaram processos
semelhantes. Assim, o processo foi ampliando integrando cadeias das áreas vegetais (além de frutas) e
animais. Para estas cadeias, as normas ainda estão em fase de elaboração e teste dos requisitos, o que
posteriormente irão proporcionar que produtos brasileiros, como leite, carne, soja, e outros sejam
certificados, atendendo a demanda de consumidores e mercados mais exigentes.
Diversos programas de qualificação de leite já são executados no Brasil. Com destaque há os laticínios
e/ou cooperativas que pagam diferencialmente por qualidade do leite, sendo a contagem de células
somáticas e teores de proteína e/ou gordura, de modo geral, os itens utilizados para a diferenciação de
bonificação e penalização ao produtor, conforme os resultados dos ensaios laboratoriais.
Os processos, acima citados, não são identificados como um produto de qualidade. Eles servem,
principalmente, para diferenciação do leite pelos laticínios. Estes, por meio da qualificação do leite, têm
como segregá-los para distintas linhas de produtos, podendo selecionar o padrão de leite necessário para
cada processo específico, como já ocorre em diversos laticínios. No entanto, o consumidor não possui
ferramentas que possa qualificar os produtos lácteos no momento da compra. Muito menos aos aspectos
não tangíveis aos produtos, como o sistema de produção no qual estava inserido o rebanho ou mesmo o
tipo de alimentação e controles veterinários e sanitários.
PI LEITE BOVINO
Após a bem sucedida experiência com a PIF, que já contemplou diversas espécies frutíferas, foi
demandada a criação de um programa semelhante para o leite bovino. O setor leiteiro já preconizava
requisitos de qualidade, diversas iniciativas já são empregadas para melhor remuneração em termos de
qualidade do leite, avaliado por meio de ensaios laboratoriais. Para tanto, houve a criação da "Rede
Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite", compostas por laboratórios que têm a
incumbência de avaliar a qualidade do leite, sendo que todos devem ser oficialmente credenciados pelo
MAPA.
Os laboratórios da RBQL realizam as análises oficiais do leite. Este deve ser amostrado e imediatamente
enviado ao laboratório, por meio de metodologia específica e conservação padrão. Os resultados são
também utilizados para ação dos serviços oficiais brasileiros de fiscalização. Os laudos das análises são
utilizados pelas indústrias que passaram a premiar pela qualidade os produtores que atingem padrões
estabelecidos. Os ensaios realizados são: contagem bacteriana total (CBT- para amostras de tanque de
resfriamento); contagem de células somáticas (CCS), avaliação da concentração de proteína, gordura,
sólidos totais, lactose, crioscopia, uréia e em alguns laboratórios a presença de inibidores (beta
lactâmicos).
Entre as exigências de qualidade do produto, a IN 51, passou a exigir o resfriamento do leite até a usina de
beneficiamento. Inicialmente esta medida causou temor e muita discussão, alegando-se que seria
excludente aos pequenos produtores. No entanto, em diversas partes da Federação, ela vem sendo
cumprida a contento, e algumas iniciativas, como os tanques comunitários, permitiram que pequenos
produtores atendessem a exigência.
Como citado, o setor lácteo possui legislação nacional e alguns controles de qualidade do produto já
estabelecidos. Com isto a apresentação da PI leite não foi recebida com impacto negativo ou temores por
parte do setor. O projeto, quando apresentado aos segmentos da cadeia do leite, sempre foi muito
discutido, mas recebido como necessidade de diferenciação de qualidade do leite.
Estas entidades indicaram técnicos, que formaram o comitê gestor. Por um período de um ano, houve
reuniões do comitê para elaboração e discussão dos requisitos que farão à base na norma técnica. O
documento, ainda em fase de rascunho, conta com diversos itens divididos em áreas:
1.Capacitação
2. Organização de produtores
3. Recursos naturais
4. Requisitos dos animais
5. Manejo sanitário
7. Assistência técnica
8. Registros
O documento se apresenta em versão preliminar, pois está sendo testado e validado em oito propriedades
piloto. Do mesmo modo, ainda deverá passar por alterações após a publicação do Marco Legal de
Produção Integrada pelo MAPA.
Esta validação está sendo realizada em oito propriedades rurais, na região de Campos Gerais no Paraná.
Para a seleção destas, foram visitadas 22 propriedades, que haviam sido indicadas pelos representantes
do setor produtivo, compostos pelo do comitê gestor. Durante as visitas, foi preenchido um questionário,
no qual item como atendimento a requisitos legais foi identificado e disponibilidade do produtor em
participar do projeto. Importante salientar que, neste momento, não há perspectivas de bonificação do leite
em produção integrada por parte dos laticínios compradores do leite.
Do mesmo modo, a seleção das oito propriedades foi realizada também contemplando os diferentes
sistemas produtivos; pasto, confinado e semi-confinado. No mesmo sentido, que houvesse propriedades
com diferentes raças especializadas com tamanhos de rebanho e volumes de produção distintos. Esta
seleção foi realizada pelo comitê gestor, que é formado por todas as instituições participantes do projeto.
Diversas dificuldades foram encontradas na implementação dos requisitos da norma durante o projeto
piloto. Dentre eles, podem-se citar: realização de todos os controles e registros; descarte de teteiras e de
lixo (orgânico e reciclável); descarte adequado de perfuro-cortantes e medicamentos vencidos e frascos;
área de descarte de carcaças; comercialização de bezerros machos, comprovações de treinamentos dos
colaboradores; atendimentos a todos os requisitos ambientais e trabalhistas entre outras.
No entanto, itens como tratamentos de dejetos, que de modo geral, é em grande quantidade em
propriedades de leite, não tem sido de difícil cumprimento. O tratamento adequado dos dejetos reverte na
adequado adubação das pastagens ou áreas de plantio. Do mesmo modo, o cumprimento da IN 51 tem
sido constante. A segregação de leite com resíduos de antibióticos possui sistemáticas estabelecidas e
cumpridas em todas as propriedades do projeto. Por outro lado, em outros tratamentos veterinários nem
sempre são cumpridos os períodos de carência.
Após o levantamento, os produtores terão a indicação das principais pragas identificadas, bem como das
medidas a serem adotadas para o seu controle. A opção do projeto é que as medidas de controle
indicadas expressem o conceito de Manejo Integrado de Pragas - MIP, que prevê a eliminação das
infestações já existentes com a utilização de produtos adequados, sem abrir mão da adoção de medidas
preventivas da penetração e instalação das pragas, bem como de medidas corretivas do meio ambiente,
buscando-se eliminar os fatores que estão facilitando o desenvolvimento dessas pragas. Também é
exigido que o método de controle leve em conta a viabilidade econômica, a saúde dos colaboradores e
consumidores, a segurança e bem estar animal, assim como a preservação das do meio ambiente.
A responsabilidade do levantamento está sendo realizado pela SANEX. A empresa desenvolveu uma
metodologia de controle de pragas denominada Programa Sanex de Controle de Pragas - PSCP, cujo
conceito guarda uma estreita relação com o MIP. O PSCP também leva em conta os requisitos das
normas ISO NBR 9001 (Sistema de Gestão da Qualidade), ISO NBR 14001 (Sistema de Gestão
Ambiental), OHSAS 18001 (Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional), NBR 16001/SA 8000
(Responsabilidade Social), ISO NBR 22001 (Sistema de Gestão da Segurança de Alimentos), além de ser
compatível com o APPCC (Análise de Pontos Críticos de Controle), BPF (Boas Práticas de Fabricação) e
GLOBALGAP (Good Agricultural Practices) norma privada destinada a fornecedores de grandes cadeias
do comércio varejista europeu.
A respeito da abordagem da segurança do trabalho nas propriedades, revela-se uma rusticidade nas
relações trabalhistas. Nos produtores rurais, observou-se a falta de conhecimento dos riscos inerentes às
atividades rotineiras e às instalações; porém, ressalta-se a boa vontade e perspectiva de melhoria quanto
a implementação de procedimentos e controles de segurança por parte dos mesmos. Diante disso, foi
realizado um levantamento dos requisitos da legislação trabalhista sob a forma da Norma
Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração
Florestal e Aqüicultura - NR 31. Elaborado em forma de check list eletrônico, esse levantamento objetiva
facilitar a aplicação dos itens da norma tanto para os extensionistas quanto para os produtores rurais, e,
além disso, se tornar um aliado na gestão da segurança do trabalho no contexto de produção integrada de
leite.
Para tanto, o princípio básico a ser aplicado é a realização do Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais, que abrange a exposição dos colaboradores a riscos químicos, físicos, biológicos e
ergonômicos em todos os setores da propriedade, e resulta em procedimentos a serem tomados para
minimização de riscos. Todavia, ainda não há o discernimento da importância de se fazer o PPRA, uma
vez que apenas duas, das oito propriedades visitadas realizam o programa; e, mesmo na presença de um
PPRA bem estruturado, há dificuldade na assimilação das exigências mínimas para mudança do padrão
trabalhista em conformidade com a NR 31. É salutar que, a partir do momento em que a maior parte das
propriedades não possui o número mínimo de funcionários para existência de um Serviço Especializado de
Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT, há que se estabelecer um Programa de Controle de
Medicina e Segurança Ocupacional, o qual pode ser realizado por uma empresa contratada, a fim de que
se possa garantir o bem estar e saúde dos trabalhadores por meio de exames periódicos de acordo com
os riscos aos quais estão expostos.
No que tange ao controle de qualidade do leite, paralelamente aos ensaios que são realizados
rotineiramente, pela RBQL (pela APCBRH), são também realizadas análises de água, microbiológicos e
resíduos, e para o leite, estão sendo avaliados no intuito de atender o Programa de Controle de Resíduos
e Contaminantes em Leite, instituído pela Instrução Normativa n.°9, de 30/03/2007 do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Para a detecção de resíduos veterinários os seguintes princípios
são avaliados: Abamectina; Cipermetrina; Cloranfenicol; Clorpirifós; Deltrametrina; Etiona; Oxitetraciclina;
Sulfadimetoxina; Sulfametazina; Sulfamerazina; Sulfatiazol; Tetraciclina. Além da análise de multiresíduos
de pesticidas e drogas veterinárias. Também foram realizadas avaliações de qualidade do leite por meio
da determinação dos nutrientes Ca, K, Mg, Na, P, Cu, Fe, Mn e Zn, e dos contaminantes inorgânicos As,
Pb, Cd e Hg empregando as técnicas analíticas instrumentais. Ainda para atender a demanda de
qualidade são realizados os seguintes ensaios: Contagem de microrganismos aeróbios mesófilos;
Contagem de coliformes totais (NMP/ mL); Contagem de coliformes fecais (NMP/ mL); Contagem de
Staphylococcus aureus (NMP/ mL); Pesquisa de Salmonella em 25 mL. Estas análises foram realizadas
pelos laboratórios do Tecpar. Estes laboratórios possuem acreditação do Inmetro frente à norma ISO
17025, o que concede maior credibilidade e reconhecimento dos resultados obtidos.
As raças leiteiras de maior produtividade são, principalmente, de origem Européia, que foram selecionadas
e adaptadas em ambientes bem distintos da maior parte do Brasil. Com isto, as questões relativas ao
estresse, em especial calórico, são pontos críticos para a bovinocultura. Neste sentido, a adoção de
práticas que minimizem o estresse é fator de suma importância, tanto no aspecto de bem estar animal,
quanto de produtividade para o pecuarista. Animais leiteiros, em situação de estresse, têm menor
produtividade tanto em termos de volume de leite quanto em qualidade do produto. Estão mais sujeitos a
infecções e doenças, assim como diminuição da capacidade reprodutiva, com nascimentos de animais
com a saúde comprometida, além de baixa fertilidade, tanto da fêmea quanto do macho.
Dentre vários aspectos de produção e manejo, uma atenção especial é dada a questões de Bem Estar
Animal (BEA). Não há protocolo estabelecido para este processo, apenas diretrizes, de modo geral alguns
itens já são internacionalmente identificados para a produção de bovinos que representam pontos críticos
de bem-estar animal, como separação do grupo, castração e descorna, subnutrição, enfermidade, etc. Na
grande maioria dos pontos críticos o fator determinante é a carga genética para alta produção. Os itens de
BEA estão sendo aplicados nas propriedades, visando um manejo racional e que proporcionem melhor
qualidade de vida dos bovinos. Muitas propriedades fizeram alterações físicas nas instalações para
atender aos requisitos preconizados pela norma PI leite.
Muitas atividades ainda devem ser realizadas nas propriedades, assim como, maior sensibilização dos
produtores para o total cumprimento dos requisitos. Como, no momento, não há sinalização de
diferenciação do leite destas propriedades, não há um incentivo para investimentos que ainda deve ser
realizados nas áreas produtivas. No entanto, percebe-se que há preocupação em atendimento da norma
com perspectivas de diferenciação do produto, em forma de pagamento diferenciado.
Referencias
Carvalho, P.M.; Martins, P.C.; Wright, J.; Ferro, A.B. Cenários para o Leite no Brasil em 2020, 2008.
Fonte: Engormix