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Glossário de morfologia dentária: tradução para português da terminologia usada em

inglês
Autor(es): Marado, Luís Miguel; Cunha, Cláudia; Silva, Ana Maria
Publicado por: Imprensa da Universidade de Coimbra
URL URI:http://hdl.handle.net/10316.2/42125
persistente:
DOI: DOI:http://doi.org/10.14195/2182-7982_32_5

Accessed : 9-Apr-2019 19:56:44

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Glossário de morfologia dentária - tradução para
português da terminologia usada em inglês 77

Dental morphology glossary - Portuguese translation


of terminology used in the English language
Luís Miguel Marado1*, Cláudia Cunha2,3, Ana Maria Silva3-5

Resumo A tradução de termos científicos é Abstract Translating scientific terminology


necessária para a adequação da “linguagem is necessar y to adapt the “specialized
de especialidade” de cada área científica a vocabulary” of each scientific field to any
cada idioma. Para que a língua portuguesa language. Linguistic harmony — achieved
possa ser usada em comunicação científica through glossaries for each scientific
e internacional (em países de língua field — is necessar y for Por tuguese
oficial portuguesa e em territórios onde to be used as a scientific international
essa língua está amplamente difundida), communication language (in the countries
1
é necessário encontrar harmonização where Portuguese is the official language

1
Lab2PT - Laboratório de Paisagens, Património e Território, Unidade de Arqueologia da Universidade do
Minho, Braga, Portugal.
2
Programa de Capacitação Institucional MCTI/MPEG, Coordenação de Ciências Humanas, Museu Paraense
Emílio Goeldi, Belém, Pará, Brasil.
3
Laboratório de Pré-história, Centro de Investigação em Antropologia e Saúde, Departamento de Ciências
da Vida, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal.
4
UNIARQ - WAPS. Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal
5
Laboratório de Antropologia Forense, Centro de Ecologia Funcional, Departamento de Ciências da Vida,
Universidade de Coimbra , Coimbra, Portugal
*
Corresponding author: luismarado@gmail.com

DOI: http://doi.org/10.14195/2182-7982_32_5
Recebido a 15 de novembro de 2015. Aceite a 16 de junho de 2016
linguística, através de glossários relativos a and other territories where this language
cada área científica. O objetivo deste artigo is widely divulged). The present work
é a tradução sistemática para português aims at systematically translating English
dos termos científicos usados em inglês na scientific words used to describe dental
descrição morfológica e anatómica dentária morphology and anatomy into Portuguese.
em Antropologia. A tradução dos 56 The use of literal translations or borrowing
78 termos considerados evitou, tanto quanto was usually avoided when translating the
possível, a tradução literal ou por decalque. 56 words considered. The etymological
Os termos produzidos consideram a raiz origin of each English term was analyzed.
Luís Miguel Marado, Cláudia Cunha, Ana Maria Silva

etimológica (greco-latina) dos vocábulos Suggested lexical units allow adequate


ingleses. As unidades lexicais sugeridas description of the translated morphological
permitem a adequada descrição dos and anatomical elements.
elementos morfológicos e anatómicos
considerados.

Palavras-chave: Antropologia dentária; Keywords: Dental anthropology; dental non-


caracteres dentários não-métricos; escrita metric traits; Portuguese scientific writing.
científica em português.

Introdução conhecimento especializado) adequada


e concisa entre especialistas duma área
O uso de vocábulos estrangeiros na científica ou do saber (Santos, 2012). Para
literatura científica em português pode que seja possível essa otimização, são
ter consequências negativas. Apesar do necessárias a harmonização linguística e
seu reconhecimento no “Dicionário da a criação de glossários para a organização
Língua Portuguesa Contemporânea”, das áreas científicas (A. Jesus, 2012).
o uso de empréstimos na linguagem Para criar uma linguagem de
científica pode prejudicar o português, especialidade afeta a cada língua,
que perde capacidade enquanto língua é necessário recorrer à tradução,
de comunicação em ciência e de principalmente em áreas do conhe­
comunicação internacional (Gonçalves, cimento que tiveram sua sistematização
2006). em países falantes de língua diversa.
A cada área do saber corresponde A tradução de termos estrangeiros
uma linguagem de especialidade. de contextos científicos para língua
Esta “linguagem de especialidade”, vernácula é, no entanto, problemática.
ou metalinguagem, corresponde à A tradução exige da parte do tradutor não
otimização da comunicação (repre­ apenas domínio das línguas envolvidas,
sentação, sistematização e transmissão de mas também a capacidade de adequar
os conteúdos que resultam da tradução sempre que a terminologia resultante
ao público e ao contexto linguístico de fosse incapaz de transmitir a mesma
destino (Santos, 2012). Sendo que os informação no contexto linguístico de
termos de uma área científica (bem como destino, como sucede frequentemente.
os estrangeirismos e suas propostas de No caso de as palavras a traduzir
tradução) geram comummente debate, serem compostas (através de prefixação, 79
não apenas entre terminólogos, mas sufixação, ou parassíntese) por elementos
também entre os profissionais da área (A. derivados das línguas clássicas (Latim

Glossário de morfologia dentária - tradução para português da terminologia usada em inglês


Jesus, 2012). Consequentemente, obter e Grego), considerou-se a evolução
traduções de sucesso é uma tarefa difícil etimológica de palavras portuguesas
e que deve ser bem sustentada. que usam os mesmos elementos.
O objetivo do presente trabalho
é aplicar um método sistemático de
tradução para a língua portuguesa
de termos em inglês usados nas Glossário
áreas da mor fologia e anatomia
dentárias, incluindo a sua descrição e Os termos que se refiram a pontos
contextualização. Os termos resultantes de referência invariáveis, como as
(ver Apêndice 1) serão adequados para cúspides principais, serão considerados
uso no contexto académico e científico correspondentes à anatomia dentária.
da Antropologia Dentária. Este contexto No que respeita à anatomia, os termos
inclui o âmbito pedagógico, dissertações, que requerem menção são os que têm
teses, publicações e reuniões científicas, origem paleontológica, referindo-se à
entre outros. teoria tritubercular da evolução dentária,
apesar das posteriores sugestões à sua
alteração (vide Scott e Turner, 1997).
A restante terminologia anatómica tem
Métodos já equivalentes vernáculos consagrados,
como cúspide (“cusp”), fossa (“fossa”),
Na tradução da terminolo gia crista (“ridge”), lobo (“lobe”) ou sulco
morfológica e anatómica da dentição, (“groove”) (p. ex.: Pereira, 2009; Nelson e
procurou-se que as unidades lexi­c ais Ash, 2012).
resultantes descrevessem adequa­ A terminologia correspondente à
damente o componente morfo­lógico morfologia dentária, principal foco deste
ou anatómico a que dizem respeito. trabalho, será abordada exaustivamente.
Evitou-se a tradução literal e o decalque Pretende-se assim incluir termos de
tradução literal, termos cuja tradução Turner, 1997) — e por facilitar assim a sua
é nova, para além daqueles traduzidos adoção na terminologia antropológica
insatisfatoriamente no passado. portuguesa.

Ä Accessory marginal tubercles ÄCanine mesial ridge — do inglês


80 — do inglês accessory, acessórios mesial, mesial; e ridge, crista.
ou acessórias; marginal, marginais; e Tradução: crista mesial defletida
tubercles, tubérculos. Ou Premolar mesial (do canino).
Luís Miguel Marado, Cláudia Cunha, Ana Maria Silva

and distal accessory cusps — do inglês Também conhecido por “Bushman


premolar, pré-molar; mesial, mesial; distal, canine”, canino bosquímano, este
distal; accessory, acessórios ou acessórias; carácter discreto refere-se à presença de
e cusps, cúspides. uma deflexão distal na porção da crista
Tradução: tubérculos marginais mesial que converge para a proeminência
acessórios. cingular (Turner et al., 1991; Scott e Turner,
A tradução literal do termo “accessory 1997).
marginal tubercles” proporciona uma
interpretação vernácula válida da ÄCarabelli’s trait — do investigador
variação morfológica que pode estar húngaro Georg Carabelli; do inglês ’s,
presente nos pré-molares superiores. elemento de formação do possessivo; e
Este carácter discreto consiste na trait, carácter.
presença de tubérculos entre as Tradução: carácter de Carabelli.
cúspides bucal e lingual dos pré- O carácter de Carabelli consiste numa
molares superiores nas margens distais variável que pode ter várias formas: em
e linguais (Turner et al., 1991; Scott e cova, tubérculo, ou cúspide de ápice
Turner, 1997). livre (Turner et al., 1991; Scott e Turner,
1997). A sua tradução literal (desta versão
ÄAnterior fovea — do inglês anterior, da designação em inglês do carácter)
anterior; e fovea, fóvea ou fossa. permite abarcar toda a diversidade que
Tradução: fóvea anterior. a variável contém. Outras versões em
A expressão em inglês permite uma inglês (como “Carabelli’s tubercle” ou
tradução literal devido à sua eficácia em “Carabelli’s cusp”) devem ser traduzidas
transmitir a definição deste carácter não- da mesma forma.
métrico — uma fossa anterior às cúspides
do trigonídeo, que ocorre distalmente ÄCongenital absence — do inglês
em relação à margem mesial dos molares congenital, congénita; e absence,
inferiores (Turner et al., 1991; Scott e ausência.
Tradução: agenesia ou ausência Tradução: crista desviada.
congénita. Este carácter consiste numa deviação
A agenesia pode afetar diversos da crista oclusal do metaconídeo, cúspide
dentes. No caso dos incisivos laterais 2 dos molares inferiores. A crista oclusal
superiores e dos terceiros molares, pode liga o ápex da cúspide à fossa central do
estar ligada à formação de dentes em molar. Contudo, no caso desta variável, 81
cavilha (peg-shaped, cf. abaixo), num a crista encontra-se desviada para uma
contínuo que termina na ausência posição mais mesial e, aproximadamente

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congénita desses elementos. Outros a meio do seu curso, desvia-se para a
dentes afetados são os incisivos centrais fossa central do dente (Turner et al., 1991;
inferiores e os segundos pré-molares Scott e Turner, 1997).
(Turner et al., 1991).
ÄDistal accessory ridge — do inglês
Ä Cusp number — do inglês cusp, distal, distal; accessory, acessório ou
cúspide; e number, número. acessória; e ridge, crista.
Tradução: número de cúspides. Tradução: crista distal acessória.
O número de cúspides nos molares A crista distal acessória dos caninos
inferiores considera a variação possível ocorre na fossa entre a crista central e a
entre quatro e seis cúspides. Assume-se crista marginal distal da faceta lingual do
a presença do protoconídeo (cúspide canino (Turner et al., 1991; Scott e Turner,
1, ou C1), do metaconídeo (C2), do 1997). A tradução literal transmite a sua
hipoconídeo (C3) e do entoconídeo (C4). localização com a mesma precisão que o
Deve registar-se a possível presença do termo original.
hipoconulídeo (C5) e do entoconulídeo
(C6), mas não a do metaconulídeo (C7) Ä Distal trigonid crest — do
(Turner et al., 1991). Frequentemente inglês distal, distal; trigonid (do grego
esta variável corresponde à classificação treis ou tria, três; gonia, ângulo; e -id,
do hipoconulídeo (C5), cuja ausência sufixo patronímico, exemplificado em
é mais relevante para a comparação “entoconid”); e crest, crista.
entre populações, ignorando-se o Tr a d u ç ã o : c r i s t a d i s t a l d o
entoconulídeo (C7), que é registado trigonídeo.
separadamente (Scott e Turner, 1997). Esta crista localiza-se nos molares
inferiores, mais especificamente na
Ä Deflecting wrinkle — do inglês porção distal do trigonídeo, unindo
deflecting, defletindo ou que deflete; e bucolingualmente o protoconídeo (C1)
wrinkle, ruga. e o metaconídeo (C2) na parte distal,
próxima do centro do dente (Turner et regista-se na superfície bucal dos molares
al., 1991; Scott e Turner, 1997). superiores) (Turner et al., 1991; Scott e
Turner, 1997). A tradução literal do termo
Ä Distosagittal ridge — do inglês inglês adequa-se por transmitir o mesmo
distosagittal, disto-sagital; e ridge, crista. conceito sem perda de significado.
82 Tradução: crista disto-sagital.
Esta crista, também conhecida por ÄEntoconid — do grego entos, que
pré-molar uto-asteca, caracteriza-se está dentro; konos, cone ou cónico; e -id,
Luís Miguel Marado, Cláudia Cunha, Ana Maria Silva

por uma maior rotação distobucal do sufixo patronímico.


paracone (C2) do primeiro pré-molar, com Tradução: entoconídeo.
a presença de uma crista distal que se O elemento ento- tem o paralelo
estende até ao sulco sagital, criando uma vernáculo “enterócito”, que exemplifica a
fossa entre esta crista e a crista distal do sua utilização em português. O elemento
paracone (cúspide 2 do molar superior) “cone” está exemplificado na tradução
(Turner et al., 1991; Scott e Turner, 1997). de “hypocone”. O sufixo id, ou o seu
equivalente plural idae, é traduzido em
Ä Double-shoveling — do inglês português por ídeo(s) ou ídea(s); por
double, duplo ou dupla; e do gerúndio exemplo: “canídeo”, “hominídeo”.
de shovel, pá. O e nto co n í d e o é a c úsp i d e
Tradução: cristas labiais marginais. distolingual, ou cúspide 4, dos molares
As cristas labiais marginais são o inferiores. A sua designação refere-se à
paralelo da dentição em pá; neste caso posição na face distal e lingual (interna)
as cristas formam-se nas margens labiais do dente.
do dente, e podem ocorrer em todos os
incisivos, bem como nos caninos e pré- ÄEntoconulid — do grego entos, que
molares superiores (Turner et al., 1991; está dentro; konos, cone ou cónico; do
Scott e Turner, 1997). latim -ulus, sufixo formativo diminutivo; e
do grego id, sufixo patronímico.
Ä Enamel extensions — do inglês Tradução: entoconulídeo.
enamel, esmalte; e extensions, extensões. “Ento” e –id estão exemplificados
Tradução: extensões de esmalte. acima na tradução de “entoconid”. O
Este carácter consiste na alteração da elemento “cone” está exemplificado na
linha cimento-esmalte, ou linha cervical tradução de “hypocone”. O elemento “ule”
do esmalte, com uma lingueta de esmalte é exemplificado em “glóbulo” ou “nódulo”.
a projetar-se na direção da bifurcação O entoconulídeo corresponde
das raízes dos molares (habitualmente à cúspide 6, uma cúspide acessória
distal dos molares inferiores localizada ÄHypocone — do grego hypos, sob;
lingualmente à cúspide 5 (Turner et al., e konos, -cone ou cónico.
1991; Scott e Turner, 1997). Tradução: hipocone.
O elemento hipo- surge em portu­
Ä Foramina mentales — do latim guês, em vocábulos como “hipoderme”
foramina, perfurações ou forâmenes; ou “hipotálamo”. O elemento cone é 83
e mentales, referentes ao mento ou usado em português em palavras com
mentais. raiz etimológica semelhante, como é

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Tradução: forâmenes mentais. exemplo a palavra “queratocone”.
Os forâmenes mentais são perfura­ A cúspide distolingual ou cúspide 4
ções bilaterais na face bucal da dos molares superiores é designada por
mandíbula, na região pré-molar, por hipocone (C4), podendo estar presente,
onde se dá a passagem de nervos e diminuída/reduzida ou ausente (Turner
vasos sanguíneos. Normalmente são et al., 1991; Scott e Turner, 1997).
simétricos, tendo uma per furação
em cada lado. Podem ser duplos ou Ä Hypoconid — do grego hypos,
múltiplos, fenómeno que normalmente sob; konos, cone ou cónico; e -id, sufixo
é unilateral (Hauser e De Stefano, 1989). patronímico.
Tradução: hipoconídeo.
ÄGroove pattern — do inglês groove, O sufixo id está exemplificado em
sulco; e pattern, padrão. “entoconid”. Os restantes elementos
Tradução: padrão de cúspides. estão exemplificados em “hypocone”.
Esta variável refere-se ao arranjo O hipoconídeo é a cúspide distobucal,
entre a fossa central e os sulcos ou cúspide 3, dos molares inferiores. O
acessórios dos molares inferiores, que seu nome deriva da posição suboclusal
decorre da aproximação de diferentes aquando do seu surgimento na evolução
cúspides nessa fossa: os sulcos formam da dentição mamífera (Scott e Turner,
um “y” quando o metaconídeo (C2) e 1997).
o hipoconídeo (C3) estão em contacto
direto; formam um “x” quando o ÄHypoconulid — do grego hypos,
protoconídeo (C1) e o entoconídeo sob; konos, cone ou cónico; do latim -ulus,
(C4) se encontram; e um “+” quando sufixo formativo diminutivo; e do grego
todas as cúspides se tocam na fossa -id, sufixo patronímico.
central (Turner et al., 1991; Scott e Tradução: hipoconulídeo.
Turner, 1997). Os primeiros elementos encontram-
se exemplificados em “hypocone”. O
elemento ulus está exemplificado em ÄLingual paracone tubercle — do
“entoconulid” e o elemento id está inglês lingual, lingual; paracone (do grego
exemplificado em “entoconid”. para, ao lado de; e konos, cone ou cónico;
O hipoconulídeo, ou cúspide 5 dos ver “paracone”); e tubercle, tubérculo.
molares inferiores, é uma cúspide oclusal Tradução: tubérculo lingual do
84 distal de tamanho variável (Turner et al., paracone.
1991; Scott e Turner, 1997). Es te tub érculo f az par te dos
tubérculos acessórios da margem
Luís Miguel Marado, Cláudia Cunha, Ana Maria Silva

ÄInterruption grooves — do inglês mesial (TAMM) e tem uma localização


interruption, interrupção; e grooves, para mesial e lingual da crista oclusal do
sulcos. paracone (Kanazawa et al., 1990; Scott e
Tradução: sulco lingual. Turner, 1997).
O sulco palatino refere-se a um
carácter discreto muito variável que Ä Mandibular torus — do inglês
pode afetar várias regiões anatómicas mandibular, mandibular; e do latim torus,
dentárias — as margens linguais, o saliência ou toro.
cíngulo, a junção cimento-esmalte, a Tradução: toro mandibular, ou
raiz — consoante a sua posição e a sua exostose mandibular.
extensão (Turner et al., 1991; Scott e A face lingual da mandíbula, mais
Turner, 1997). comummente nas regiões do canino
e do pré-molar, pode apresentar
ÄLabial convexity — do inglês labial, nódulos ósseos que se denominam
labial; e convexity, convexidade. toros mandibulares, ou exostoses
Tradução: convexidade labial. mandibulares, normalmente bilaterais
A convexidade labial permite a (Turner et al., 1991).
tradução literal, já que esta unidade
lexical tem um significado equivalente Ä Maxillary premolar accessory
e m am b as as lín guas (in gl ê s e ridges — do inglês maxillary, do maxilar;
português), descrevendo o carácter premolar, pré-molar; accessory, acessórias
não-métrico em causa: a superfície ou acessórios; e ridges, cristas.
labial dos incisivos superiores Tradução: cristas acessórias (dos
apresenta-se lisa ou com vários graus pré-molares superiores).
de convexidade na área média do dente As cristas acessórias são eminências
(e não nas margens, que podem estar que podem estar presentes nos lobos
alteradas pelas cristas labiais marginais) acessórios (entre a crista oclusal e as
(Turner et al., 1991). cristas mesial e distal) da cúspide bucal
dos pré-molares superiores, e podem ou cónico, traduzido acima); e tubercle,
atingir a fossa central ou estar truncadas tubérculo.
(Scott e Turner, 1997; Burnett et al., 2010). Tradução: tubérculo mesial do
A tradução literal da expressão em paracone.
inglês é adotada por permitir expressar Es te tub érculo f az par te dos
completamente em por tuguês tubérculos acessórios da margem mesial 85
as carac terís ticas des ta variável (ver acima) dos molares superiores e é
morfológica. independente da crista mesial acessória

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do paracone (Kanazawa et al., 1990; Scott
ÄMesial accessory tubercle — do e Turner, 1997).
inglês mesial, mesial; accessory, acessório
ou acessória; e tubercle, tubérculo. ÄMetacone — do grego meta, por
Tr a du ç ã o: t u b é r c u l o m e s i a l detrás de; e konos, cone ou cónico.
acessório. Tradução: metacone.
Es te tub érculo f az par te dos Os elementos (meta- e -cone) são, mais
tubérculos acessórios da margem mesial, uma vez, usados na língua portuguesa.
localizando-se entre o tubérculo mesial Por exemplo: “metáfora” (vide “Hypocone”
do paracone e o protocónulo (Kanazawa acima para exemplo com sufixo cone).
et al., 1990; Scott e Turner, 1997). Sinónimo de cúspide distobucal ou
cúspide 3 do molar superior. Cúspide
ÄMesial marginal accessory tubercles localizada posteriormente ao paracone,
— do inglês mesial, mesiais; marginal, considerada a terceira cúspide principal
marginais; accessory, acessórios ou na evolução dentária (Scott e Turner,
acessórias; e tubercles, tubérculos. 1997).
Tradução: tubérculos acessórios
da margem mesial (TAMM). ÄMetaconid — do grego meta, por
E s tes quatro tub ércul os têm detrás de; konos, cone ou cónico; e -id,
designações independentes (p. ex.: ver sufixo patronímico.
próximos termos), mas são coletivamente Tradução: metaconídeo.
designados de acordo com a sua posição O uso destes elementos na língua
nos molares superiores (Kanazawa et al., portuguesa está exemplificado em
1990; Scott e Turner, 1997). “metacone”, “hypocone” e “entoconid”,
respetivamente.
ÄMesial paracone tubercle — do O metaconídeo pode também ser
inglês mesial, mesial; paracone (do designado por cúspide mesiolingual
grego para, ao lado de; e konos, cone dos molares inferiores ou cúspide
2. É o terceiro elemento cónico da O metaconulídeo é mais uma
evolução dentária, que é considerada cúspide acessória do molar inferior, a
a segunda cúspide devido ao cúspide 7, localizada lingualmente, entre
desaparecimento do paraconídeo o metaconídeo (C2) e o entoconídeo (C4)
(“paraconid”; elementos para- e -cone (Turner et al., 1991; Scott e Turner, 1997).
86 identificados e exemplificados abaixo,
em “paracone”; elemento -id identificado Ä Midline diastema — do inglês
em entoconídeo), prévio à evolução midline, linha média ou plano medial; e
Luís Miguel Marado, Cláudia Cunha, Ana Maria Silva

hominídea (Scott e Turner, 1997). diastema, diastema.


Tradução: diastema na linha média.
ÄMetaconule — do grego meta, por Este termo permite uma tradução
detrás de; konos, cone ou cónico; e do literal por designar um espaço entre os
latim -ulus, sufixo formativo diminutivo. incisivos superiores, na linha média (Irish,
Tradução: metacónulo. 1998).
O primeiro elemento está
exemplificado em “metacone”, o ÄMid (or middle) trigonid crest — do
segundo em “hypocone” e –ule está inglês mid (ou middle), meio ou médio;
exemplificado em “entoconulid”. trigonid (do grego treis ou tria, três; gonia,
A cúspide distal, ou cúspide 5 dos ângulo; e -id, sufixo patronímico; ver
molares superiores representa uma “trigonid”); e crest, crista.
cúspide que pode estar presente Tr a d u ç ã o : c r i s t a m é d i a d o
entre o metacone (C3) e o hipocone trigonídeo.
(C4) (Turner et al., 1991; Scott e Turner, Esta variável corresponde a uma crista
1997). que une bucolingualmente a porção
média das duas cúspides do trigonídeo, o
Ä Metaconulid — do grego meta, protoconídeo (C1) e o metaconídeo (C2),
por detrás de; konos, cone ou cónico; do nos molares inferiores (Wu e Turner, 1993).
latim -ulus, sufixo formativo diminutivo; e
do grego -id, sufixo patronímico. Ä Mylohyoid bridge — do grego
Tradução: metaconulídeo. mylo, molar; do inglês hyoid, hioide; e
O elemento “meta” está exem­ bridge, ponte.
plificado em “metacone”. Em “hypocone” Tradução: ponte milo-hióidea.
exemplificou-se o uso em português do A face interna do ramo mandibular
elemento “cone”. Ulus foi exemplificado apresenta um sulco, o sulco milo-hióideo,
em “entoconulid”, enquanto id foi que se prolonga póstero-anteriormente
representado em “entoconid”. a partir do forâmen mandibular. Nesse
sulco, onde passa um nervo e vasos (agora considerada o elemento primitivo
sanguíneos, pode ocorrer a formação de da dentição reptiliana [Scott e Turner,
uma ou mais pontes ósseas (Hauser e De 1997]).
Stefano, 1989).
ÄParastyle — do grego para, ao lado
Ä Odontome — do grego odon, de; e stylos, coluna. 87
dente; e -ome, sufixo que significa massa Tradução: parastilo.
ou tumor. Exemplo de uso em português do

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Tradução: tubérculo cónico. elemento etimológico para- encontra-se
O tubérculo cónico é uma projeção acima, em “paracone”. O elemento final
oclusal de dentina e esmalte que ocorre tem exemplo de uso em “octostilo”.
nos pré-molares, em associação com a O parastilo é um tubérculo ou cúspide
crista média desses dentes (Turner et al., paramolar, raramente presente na
1991; Scott e Turner, 1997). superfície bucal de molares, sobretudo
superiores (Turner et al., 1991; Scott e
ÄPalatine torus — do inglês palatine, Turner, 1997).
palatal ou palatino; e do latim torus,
saliência ou toro. ÄPeg-shaped incisor/third molar —
Tr a du ç ã o: t o r o p a l at i n o o u do inglês peg, cavilha; shaped, elemento
exostose palatina. de formação de palavras que indica
O toro palatino é uma saliência óssea forma; incisor, incisivo; third, terceiro; e
que se forma linearmente ao longo da molar, molar.
sutura palatina (Turner et al., 1991). Tradução: incisivo/terceiro molar
em cavilha.
ÄParacone — do grego para, ao lado Os incisivos laterais superiores e os
de; e konos, cone ou cónico. terceiros molares podem estar alterados
Tradução: paracone. no tamanho (reduzidos) e na forma, uma
Ambos os elementos (para- e -cone) variação que no seu extremo conduz à
são usados na língua Portuguesa. Como sua ausência (ver “congenital absence”)
exemplo: “paralelo” (vide “Hypocone” (Turner et al., 1991; Scott e Turner, 1997).
para exemplo com sufixo cone).
O paracone é sinónimo de cúspide ÄPremolar lingual cusp variation —
mesiobucal ou cúspide 2 do molar do inglês premolar, pré-molar; lingual,
superior. Elemento do tipo cúspide lingual; cusp, cúspide; variation, variação.
paralelo ao protocone (C1), sendo assim Tradução: variação das cúspides
a segunda cúspide na evolução dentária linguais.
A variação deste carácter é registada cúspide 1. É o elemento cónico primário
através da observação do número e do na evolução dentária dos répteis, de
tamanho relativo das cúspides linguais onde evoluiu a dentição mamífera (Scott
dos pré-molares inferiores (Turner et al., e Turner, 1997).
1991; Scott e Turner, 1997).
88 ÄProtoconule — do grego protos,
Ä Protocone — do grego protos, primeiro ou primário; konos, cone ou
primeiro ou primário; e konos, cone ou cónico; e do latim -ulus, sufixo formativo
Luís Miguel Marado, Cláudia Cunha, Ana Maria Silva

cónico. diminutivo.
Tradução: protocone. Tradução: protocónulo.
O elemento proto- é usado em Os elementos têm paralelos usados
por tuguês em palavras com raiz em português, exemplificados em
etimológica semelhante, como é “protocone” (primeiro elemento),
exemplo a palavra “protozoário” (vide “hypocone” (segundo elemento) e
“Hypocone” para exemplo com sufixo “entoconulid” (elemento final).
-cone). O protocónulo é parte dos tubérculos
O protocone é sinónimo de cúspide acessórios da margem mesial, sendo
mesiolingual ou cúspide 1 do molar uma hipertrofia da crista mesial acessória
superior. Designa o elemento cónico do paracone (C2) (Kanazawa et al., 1990;
primário na evolução dentária, o dente Scott e Turner, 1997).
reptiliano (apesar de esta cúspide
ser atualmente reconhecida como o Ä Protostylid — do grego protos,
segundo elemento na evolução dentária: primeiro ou primário; stylos, coluna; e -id,
Scott e Turner, 1997). sufixo patronímico.
Tradução: protostilídeo.
Ä Protoconid — do grego protos, O elemento “proto” está
primeiro ou primário; konos, cone ou exemplificado em “protocone”, enquanto
cónico; e -id, sufixo patronímico. stylos está representado em “parastyle”.
Tradução: protoconídeo. Para exemplificação do uso de id em
O elemento “proto” está português, veja-se “entoconid”.
exemplificado acima, em “protocone”. O O protostilídeo consiste numa variá­
elemento “cone” está exemplificado em vel entre uma depressão e uma cúspide
“hypocone” e o elemento -id está de ápice livre localizada no (ou próxima
exemplificado em “entoconid”. do) sulco entre o protoconídeo (C1) e o
O proto coníde o é a cúspide hipoconídeo (C3) dos molares inferiores
mesiobucal dos molares inferiores, a (Turner et al., 1991; Scott e Turner, 1997).
ÄRadical number — do inglês radical, ÄShoveling — gerúndio da palavra
radical ou radicais; e number, número. inglesa shovel, pá.
Tradução: número de radicais. Tradução: dente (incisivo central,
Além da variação no número de incisivo lateral, ou canino) em pá, ou
raízes (ver “root number”), o número de cristas linguais marginais.
elementos básicos da raiz, os radicais, A dentição em pá caracteriza-se pela 89
pode variar em todos os dentes. Os formação de cristas linguais marginais
radicais definem-se como divisões de incisivos e de caninos, criando uma

Glossário de morfologia dentária - tradução para português da terminologia usada em inglês


radiculares sem separação e observam- morfologia semelhante à forma de uma
se através da formação de sulcos de pá (Turner et al., 1991; Scott e Turner,
desenvolvimento que os distinguem 1997).
(Turner et al., 1991).
Ä Talonid — do francês talon,
ÄRocker jaw — do inglês rocker, que calcanhar, que por sua vez tem origem
oscila; e jaw, maxilar. no latim talus, calcanhar; e -id, sufixo
Tradução: oscilação mandibular. patronímico.
Por vezes a curvatura inferior do ramo Tradução: talonídeo.
horizontal da mandíbula é convexa ao A palavra talon tem o equivalente
ponto da mandíbula oscilar sobre uma vernáculo “talão”, do qual provém um
superfície lisa horizontal, em vez de adjetivo que usa o elemento talon-,
apresentar o mento (queixo) e os gónios “talonado”. O último elemento está
(ângulos posteriores da mandíbula) exemplificado em “entoconid”.
salientes que se dispõem como um tripé, O talonídeo é uma adição suboclusal
impedindo esse movimento (Scott e ao reduzido trigonídeo (devido à perda
Turner, 1997). do paraconídeo), que no decurso da
evolução dentária mamífera atingiu uma
ÄRoot number — do inglês root, raiz; posição oclusal (Scott e Turner, 1997).
e number, número.
Tradução: número de raízes. ÄTomes’ root — do investigador
Vários dentes podem apresentar britânico Charles Sissmore Tomes; do
variação do número de raízes, quer pelo inglês ’s, elemento de formação do
aumento, quer pela diminuição do seu possessivo; e root, raiz.
número em relação ao habitual (Turner Tradução: raiz de Tomes.
et al., 1991; Scott e Turner, 1997). Este carácter radicular consiste na
divisão, parcial ou total, em duas raízes
no primeiro pré-molar inferior e foi
originalmente descrito por Tomes (Turner Ä Trigonid — do grego treis ou
et al., 1991; Scott e Turner, 1997). tria, três; gonia, ângulo; e -id, sufixo
patronímico.
Ä Torsomolar angle — do inglês Tradução: trigonídeo.
torsion, torção; molar, molar; e angle, Os dois primeiros elementos
90 ângulo. correspondem ao vocábulo “trigon” e
Tradução: rotação do terceiro estão exemplificados acima. O último
molar. está exemplificado em “entoconid”.
Luís Miguel Marado, Cláudia Cunha, Ana Maria Silva

Esta variável discreta corresponde O trigonídeo é o equivalente ao


ao grau de rotação bucal ou lingual do trígono no molar inferior. Corresponde
terceiro molar em relação a uma linha à transição evolutiva entre o dente
traçada entre o meio do primeiro e do cónico dos répteis e os molares de
segundo molar (Turner et al., 1991). morfologia complexa dos mamíferos,
e dos hominídeos em particular. Tem
ÄTricuspid premolars — do inglês a particularidade de ter perdido o
tricuspid, tricúspide; e premolar, pré- elemento mesial, o paraconídeo, na
molar. linhagem que deu origem aos primatas
Tradução: pré-molar tricúspide. (Scott e Turner, 1997).
A rara presença do hipocone nos
pré-molares superiores (que possuem Ä Tuberculum dentale — do latim
habitualmente duas cúspides, o tuberculum, tub érculo; e dentale,
protocone e o paracone) define este dentário.
carácter, um pré-molar com três cúspides Tr a d u ç ã o : p r o e m i n ê n c i a s
(Turner et al., 1991). cingulares.
A s p ro e m in ê n c ia s c in g u la re s
ÄTrigon — do grego treis ou tria, três; referem-se à presença de conjuntos de
e gonia, ângulo. cristas ou de tubérculos no cíngulo de
Tradução: trígono. incisivos ou caninos superiores (Turner
Tanto o elemento tri- (p. ex.: “triân­ et al., 1991; Scott e Turner, 1997). A
gulo”) como o elemento gono (p. ex.: tradução literal é inadequada por não
“polígono”) são usados em português. transmitir a diversidade de elementos
O trígono é o conjunto das três morfológicos, quer em forma, quer
cúspides dos molares superiores que em número, que este carácter pode
estão na origem da transição evolutiva do apresentar.
dente cónico reptiliano para a dentição
mamífera (Scott e Turner, 1997).
ÄWinging — gerúndio da palavra correta descrição terminológica de
inglesa wing, asa. todos os conceitos comuns nos ramos
Tradução: rotação mesiolingual. da morfologia e anatomia dentárias.
Este carácter discreto consiste na O propósito do presente trabalho foi
rotação bilateral dos incisivos centrais, o de dar resposta à necessidade dessa
normalmente superiores, que envolve tradução. 91
a deslocação das margens mesiais O trabalho doutoral de Pereira (2009),
no sentido palatino (ou lingual) e das no qual todos os termos abordados

Glossário de morfologia dentária - tradução para português da terminologia usada em inglês


margens distais no sentido bucal ou estão traduzidos, consiste numa
labial (Turner et al., 1991; Scott e Turner, tentativa abrangente de produzir essa
1997). tradução sistemática. Porém, abundam
as traduções literais (“alado” em
substituição de “winging”, p. ex.) ou por
analogia com o vocábulo em castelhano
Conclusões (“trigónido” e “protostílido”, como
tradução de “trigonid” e “protostylid”, p.
Na literatura científica em português, ex.), aparentemente sem consideração
o uso de terminologia inglesa de pelo sentido original dos termos em
mor fologia dentária é recorrente, inglês, ou pela evolução morfológica de
sobretudo no âmbito das dissertações palavras portuguesas com a mesma raiz
(p. ex.: Silva, 2002; Marado, 2010; Tinoco, etimológica.
2010; Cunha, 2011; C. Jesus, 2012; Pinto, Também Marado (2010) procurou
2012; Coelho, 2013; Rodrigues, 2013). adaptar alguns vocábulos, sobretudo
Alguns caracteres discretos da dentição através do empréstimo parcial, i.e., a
permitem uma tradução literal que manutenção de vocábulos ingleses
conserva o sentido original do vocábulo na designação de caracteres discr
em inglês (como “cusp number”, ou etos (“double shoveling” traduzido como
“número de cúspides” em português). “shoveling duplo”; “distal trigonid crest”
Tais caracteres discretos dentários são equivale a “crista distal ‘trigonid’”).
usados nalguns trabalhos publicados (p. O autor também recorreu ao decalque
ex. Ferreira et al., 2005; Silva et al., 2006) (“o dontoma” como tradução de
e nalgumas dissertações (p. ex.: Tereso, “odontome”), e ainda a traduções que
2009; Leandro, 2011). não consideraram a raiz etimológica das
É necessária, ainda assim, uma palavras em inglês (“ponte mielohióide”
tradução sistemática, que proponha como tradução de “mylohyoid bridge”).
vocábulos em português com uma Tais abordagens não procuram encontrar
palavras vernáculas equivalentes que observaram caracteres discretos da
permitam abdicar da referência original dentição (p. ex.: Marado, 2010; Tinoco,
ao vocábulo em inglês. O caso particular 2010; Cunha, 2011; C. Jesus, 2012; Pinto,
de “odontoma” suscita confusão; um 2012; Coelho, 2013; Rodrigues, 2013) —
odontoma é um hamartoma (malformação justifica a criação deste glossário, que
92 semelhante a um tumor benigno) no osso visa definir tão completamente quanto
alveolar (Oliveira et al., 2001; Koregol et al., possível a “linguagem de especialidade”
2014) e não um tubérculo cónico oclusal em português da morfologia dentária,
Luís Miguel Marado, Cláudia Cunha, Ana Maria Silva

(raramente presente em pré-molares e, recorrendo a expressões vernáculas


muito raramente, em molares ou noutros válidas e a neologismos que respeitam a
dentes) (Silva, 2002; Turner et al., 1991). etimologia dos termos originais.
A harmonização linguística pode A consagração das traduções surge
surgir com a própria adoção de com o seu uso continuado (A. Jesus,
estrangeirismos ou empréstimos, tal como 2012). Assim, sugere-se a adoção da termi­
através da coexistência de expressões nologia em português deste glossário,
vernáculas e estrangeiras (A. Jesus, 2012). após a sua apreciação e discussão, para
Esses pareciam ser os caminhos seguidos uma crescente compreensão e facilidade
na produção académica em Portugal (p. de utilização dos conceitos da subárea da
ex.: Silva, 2002; Marado, 2010; Cunha, 2011; morfologia dentária.
C. Jesus, 2012; Pinto, 2012; Coelho, 2013;
Rodrigues, 2013) e no Brasil (p. ex.: Tinoco,
2010). Essas opções poderiam estar
relacionadas com a escassa expansão Agradecimentos
da morfologia dentária na Antropologia
lusófona e com o relativamente reduzido A Professora Doutora Ana Luísa Santos
grau de especialização (em morfologia inspirou a criação deste glossário em
dentária) da maioria dos estudos. meados de 2010, aquando da realização
Os trabalhos mais aprofundados sobre das defesas de projeto doutoral de LMM
morfologia dentária de autores lusófonos e CC.
são muito recentes e foram escritos em Agradecemos à revisão anónima que
inglês (vide Marado, 2014; Cunha, 2015). permitiu melhorar o presente trabalho.
A recente expansão da morfologia O Professor G. Richard Scott contribuiu
dentária no contexto dos estudos com ideias úteis para a definição e
p a l e o a nt ro p o l ó g i co s e m lín gu a tradução dos conceitos abordados, pelo
portuguesa — evidente pela quantidade que merece a nossa profunda gratidão.
de dissertações recentes nas quais se
Este trabalho tem o apoio financeiro do Cunha, C. M. S. 2015. Crossing the river: the
Projeto Lab2PT — Laboratório de Paisagens, dental morphology of Chalcolithic
Património e Território-AUR/04509; do populations in the middle Guadiana. Tese
Centro de Investigação em Antropologia de Doutoramento em Antropologia,
e Saúde (CIAS) - UID/ANT/00283/2013; e Departamento de Ciências da Vida,
da Fundação para a Ciência e Tecnologia Faculdade de Ciências e Tecnologia, 93
(FCT), através de fundos nacionais e, Universidade de Coimbra.

quando aplicável, do cofinanciamento do Cunha, H. 2011. Mértola: no caminho do

Glossário de morfologia dentária - tradução para português da terminologia usada em inglês


passado. Dissertação de Mestrado
FEDER, no âmbito dos novos acordos de
em Evolução e Biologia Humanas,
parceria PT2020 e COMPETE 2020 — POCI-
Departamento de Ciências da Vida,
01-0145-FEDER-007528.
Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Este trabalho teve também apoio
Universidade de Coimbra.
financeiro do Programa de Capacitação
Ferreira, M. T.; Neves, M. J.; Silva, A. M. 2005.
Institucional MCTI/MPEG, Coordenação
Restos dentários de um indivíduo
de Ciências Humanas, Museu Paraense
exumado em contexto de lixeira
Emílio Goeldi, Belém, Pará, Brasil, através
islâmica: morfologia, patologia e
de bolsa de pesquisa PCI para um dos
questões sócio-económicas. XELB, 6:
autores (CC). 219–226.
Gonçalves, R. 2006. Estrangeirismos de
domínios científicos e técnicos no DLPC.
In: Cabré, M. T.; Estopà, R.; Tebé, C. (eds.)
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Luís Miguel Marado, Cláudia Cunha, Ana Maria Silva

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uma amostra exumada da antiga uc.pt/handle/10316/20825.
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Faculdade de Ciências e Tecnologia, Estudo paleoantropologógico de um
Universidade de Coimbra. ossário exumado da Igreja Matriz de São
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de Mestrado em Evolução e Biologia exumada no Largo Cândido dos Reis
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Shantarîn. Enfermidade e saúde Tecnologia, Universidade de Coimbra. 95
numa amostra esquelética de adultos. Tinoco, R. L. R. 2010. Antropologia Dental:
Dissertação de Mestrado em Evolução Traços não-métricos de uma amostra

Glossário de morfologia dentária - tradução para português da terminologia usada em inglês


e Biologia Humanas, Departamento brasileira. Dissertação de Mestrado
de Ciências da Vida, Faculdade de em Biologia Buco-Dental, área de
Ciências e Tecnologia, Universidade de concentração em Odontologia Legal e
Coimbra. Deontologia, Faculdade de Odontologia
Santos, M. T. 2012. Tradução, divulgação de Piricicaba, Universidade Estadual de
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da Samarra: análise antropológica dos
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Arqueologia, 9(2): 157–169.
Tereso, S. 2009. Memórias no Largo: estudo
de uma amostra osteológica humana
Apêndice 1.
Glossário breve de terminologia anatómica e morfológica dentária traduzida do inglês para o
português (vocábulos em português por ordem alfabética)
Português Inglês Português Inglês
Agenesia, Ausência
Congenital absence Número de raízes Root number
congénita
96 Carácter de Carabelli Carabelli’s trait Oscilação mandibular Rocker jaw
Convexidade labial Labial convexity Padrão de cúspides Groove pattern
Crista desviada Deflecting wrinkle Paracone Paracone
Luís Miguel Marado, Cláudia Cunha, Ana Maria Silva

Crista distal acessória Distal accessory ridge Parastilo Parastyle


Crista distal do
Distal trigonid crest Ponte milo-hióidea Mylohyoid bridge
trigonídeo
Crista disto-sagital Distosagittal ridge Pré-molar tricúspide Tricuspid premolars
Crista média do Proeminências
Mid(dle) trigonid crest Tuberculum dentale
trigonídeo cingulares
Crista mesial defletida Canine mesial ridge Protocone Protocone
Maxillary premolar
Cristas acessórias Protoconídeo Protoconid
accessory ridges
Cristas labiais marginais Double-shoveling Protocónulo Protoconule
Diastema na linha média Midline diastema Protostilídeo Protostylid
(Dente) em cavilha Peg-shaped Raiz de Tomes Tomes’ root
(Dente) em pá, Rotação do terceiro
Shoveling Torsomolar angle
Cristas linguais marginais molar
Entoconídeo Entoconid Rotação mesiolingual Winging
Entoconulídeo Entoconulid Sulco lingual Interruption grooves
Extensões de esmalte Enamel extensions Talonídeo Talonid
Toro mandibular;
Forames mentais Foramina mentales Mandibular torus
Exostose mandibular
Toro palatino;
Fóvea anterior Anterior fovea Palatine torus
Exostose palatina
Hipocone Hypocone Trigonídeo Trigonid
Hipoconídeo Hypoconid Trígono Trigon
Hipoconulídeo Hypoconulid Tubérculo cónico Odontome
Tubérculo lingual do Lingual paracone
Metacone Metacone
paracone tubercle
Tubérculo mesial Mesial accessory
Metaconídeo Metaconid
acessório tubercle
Tubérculo mesial do Mesial paracone
Metaconulídeo Metaconulid
paracone tubercle
Tubérculos acessórios da Mesial marginal
Metacónulo Metaconule
margem mesial accessory tubercles
Tubérculos marginais Accessory marginal
Número de cúspides Cusp number
acessórios tubercles
Variação das cúspides Premolar lingual cusp
Número de radicais Radical number
linguais variation

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