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Redes operativas e grupos operativos: aproximações1

Introdução

“A técnica de grupo operativo pode ser adequada a qualquer contexto, desde


que se respeite o que lhe é essencial: procurar desvelar o fazer das pessoas
nos aspectos implícitos e explícitos.“ (GAYOTTO & DOMINGUES: 2003: 30)

Instigada pelos desafios da produtividade colaborativa e por conflitos,


impasses e dificuldades de integração e na produção conjunta em redes de
educadores ambientais, nas quais participei ativamente durante dez anos,
procurei na teoria de grupos operativos de Enrique Pichon-Rivière instrumentos
e conceitos para melhor entender as dinâmicas e os desafios da interação
grupal, da produção conjunta e instrumentos de avaliação da produtividade de
grupos.
Apesar do método de coordenação de grupos operativos ter seu
desenvolvimento e aplicação em situações presenciais de comunicação e para
interações com características bem específicas, identifiquei analogias entre a
abordagem que faço das redes operativas e a abordagem de grupo operativo,
coincidências que inspiraram a explorar a possibilidade de utilizar os
indicadores de escala de avaliação do processo grupal, ou pelo menos de
alguns deles, para avaliar a produção de redes telemáticas.
Apresento a seguir algumas reflexões sobre os pontos que poderiam
apoiar esta aplicação. Como ponto inicial, considero que as comunidades
virtuais (clusters) que emergem nas redes operativas mediadas pela internet
podem ser enquadradas no conceito de grupo utilizado por Pichon-Rivière
(apud Gayotto & Domingues: 2003:22):
“Conjunto restrito de pessoas que, ligado por constantes de
tempo e espaço e articulados por sua mútua representação
interna, se propõe de forma explícita ou implícita uma tarefa,
que constitui sua finalidade, interatuando através de complexos
mecanismos de assunção e atribuição de papéis.”

1
Vivianne Amaral, jornalista, netweaver, facilitadora de comunidades presencias e telemáticas.
http://sites.google.com/site/redesoperativas/home

1
O objetivo da aplicação é um entendimento mais profundo das
dinâmicas de produção conjunta nos ambientes telemáticos das redes sociais.
Trata-se de entender como se dá a produção conjunta em ambientes
telemáticos que têm a rede distribuída como padrão organizativo.
É desafiante compreender as dinâmicas relacionais das redes
distribuídas, situação em que a relações assumem naturalmente (pois certas
características decorrem do padrão organizativo) configurações novas para
nós, acostumados com as dinâmicas participativas das redes descentralizadas,
hegemônicas há tanto tempo.
Habituados a sistemas administrados, aparentemente mais “seguros” do
ponto de vista da manutenção do design das relações de poder no sistema
social e em comunidades humanas, estranhamos quando deparamos com as
relações ditas “virtuais”, que acontecem no ciberespaço, um lugar novo.
A vinculação tem sido a tessitura do humano. Seria o ser humano “filho
do cuidado”, sem o vínculo? Desde que a vinculação foi uma estratégia
humana para a sustentabilidade da espécie, nossas experiências de interações
sociais são qualificadas pelo grau de vinculação que alcançamos. No entanto,
quando alteramos nosso layout relacional criamos possibilidades de novas
ordens emergentes, onde a vinculação pode apresentar outras especificidades.
O que tem sido observado é que nas relações telemáticas, mediadas pela
internet, a produção conjunta pode acontecer com graus superficiais de
vinculação entre as pessoas.
São novas fronteiras da experiência humana e não excluem outras de
nosso repertório cultural. Não são melhores nem piores, derivam de
circunstâncias contemporâneas e nos desafiam.

1. Afinidades entre redes operativas e grupos operativos


Pensando nos pontos de contato, naquelas semelhanças que me
permitem considerar afinidades entre os dois fenômenos / situações de
interação social (redes operativas e grupos operativos) destaco:
 A abordagem ecossistêmica entendida como a visão do grupo como
sistema aberto, instável sob a ação dos fluxos e refluxos da conversa
que se estabelece internamente e das relações externas, situacionais,

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do contexto histórico e temporal em que acontece (o aqui, agora e
comigo de cada integrante);

 A tarefa conjunta e a agenda compartilhada como instâncias


mobilizadoras que atualizam no aqui e agora as interações dos
integrantes do grupo e da rede;

 A interação da aprendizagem e da comunicação, que nos grupos são


coexistentes e cooperantes, numa inter-relação que se estabelece
desde o início das interações. O mesmo fenômeno pode ser observado
nas redes operativas, onde o ato comunicativo interpessoal e a
conversação comum quando fluídos, quando os impasses são
resolvidos, quando há esclarecimentos e há ensaios de vinculação, são
lugares onde ocorre a aprendizagem individual e coletiva.

 O desenvolvimento de sentimento de pertença para a sustentação da


atividade da rede e do grupo. Apesar de haver menor exigência de
intensidade da vinculação nas interações nas redes telemáticas do que
na interação presencial dos grupos operativos, também no ambiente
telemático há maior produtividade quando as pessoas envolvidas se
sentem participantes de um “nós”. A interação envolve reciprocidade,
resposta, recursividade.

 A interação e a comunicação como eventos geradores do processo


grupal e da rede. A emergência sistêmica se dá no campo criado pela
conversação.

 A atribuição e assunção de papéis são comuns no interjogo relacional


nas redes e nos grupos. E a circulação de papéis é também nas redes
sociais um indicador de saúde nas configurações das relações de poder.

 Coordenação sem caráter administrativo, mas facilitadora, que não seja


voltada ao controle do processo, mas ao fortalecimento da capacidade
de auto-organização.

 A questão do enquadramento, podendo-se considerar as características


das ferramentas de comunicação (assíncrona, síncrona), os rituais de
acesso: login, senha, criação de avatares; as regras: net etiqueta,

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acordos de convivência; os recortes temáticos: territórios de atuação,
como fatores que criam uma estrutura estável e demarcada para a
sustentação do dinâmico processo de interação social da rede.

Grupos operativos Redes Operativas


O grupo como um sistema aberto. A rede como um sistema aberto.
A abordagem interdisciplinar do fenômeno das redes
A abordagem interdisciplinar do fenômeno grupal.
operativas.
O padrão de relações intragrupo e do grupo com o
O padrão de relações entre os participantes da rede e da
contexto externo como fenômeno dinâmico, com
rede com o contexto externo como um fenômeno dinâmico,
emergentes, em permanente mudança, com avanços
com emergentes, em permanente mudança, com avanços
e recuos, com aspectos explícitos e aspectos
e recuos, com aspectos explícitos e aspectos implícitos.
implícitos.
Objetivos da rede, agendas e tarefas decorrentes para sua
A tarefa como um dos organizadores do grupo.
realização como organizadores da rede.
Existência em cada um de nós de um esquema Adesão por afinidade, interesses individuais e benefícios
referencial (conjunto de experiências, conhecimentos pessoais articulados com objetivos compartilhados e
e afetos com os quais o indivíduo pensa e age) que acordados, expressos em acordos de convivência,
adquire unidade através do trabalho em grupo imaginário coletivo, agenda comum (tarefas). Auto-
(Pichon-Rivière: 2000: 123). expressão e construção identitária na conversação.
Atribuição e assunção de papéis. Atribuição e assunção de papéis.
A concepção de aprendizagem: capacidade de A concepção de aprendizagem: capacidade de
compreensão e de ação transformadora da realidade. compreensão e de ação transformadora da realidade.

A unidade do aprender e ensinar. A unidade do aprender e ensinar.

A comunicação como atividade constitutiva. A comunicação recursiva: atividade constitutiva.


Enquadramento: características das ferramentas de
Enquadramento: hora, local, periodicidade dos comunicação (assíncrona, síncrona), login, senha, net
encontros, função de coordenador e observador. etiqueta, contrato social da rede, planos de trabalho,
recorte temático. Função de netweaver.

Tabela 01 - Analogia entre os grupos operativos e as redes operativas.

Pensando em perguntas para uma investigação da aplicabilidade dos


indicadores pichonianos de produção grupal em redes telemáticas, surgem as
seguintes:

 As situações de interação e vinculação que acontecem nas redes sociais


telemáticas apresentam condições para aplicação de aplicação dos
indicadores de avaliação da produção grupal desenvolvidos por Pichon-
Rivière? Caso positivo, quais indicadores podem ser utilizados e em
que situações? A informação estocada no registro da conversação
realizada pelo sistema da plataforma de comunicação informatizada
pode ser utilizada como material para análise da atividade de interação

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 social da rede (em analogia com os registros do observador na técnica
de grupo operativos)?

 Que papéis característicos da dinâmica grupal podem ser identificados?


Há papéis específicos da situação de comunicação mediada por
computador? Há papéis específicos das dinâmicas de redes sociais
distribuídas?

 Que padrões são identificados na comunicação? Há padrões específicos


da situação de comunicação mediada por computador?

 A comunicação telemática possibilita uma interação social com a mesma


riqueza comunicativa da situação presencial? Quais as características
do ato comunicativo telemático na produção conjunta?

 A assincronicidade e a mediação tecnológica afetam o processo


vincular? Como?

2. Referencial teórico para a investigação

2.1 Grupo operativo

Como referenciais teóricos estão os conceitos relativos à técnica de


coordenação de grupos operativos: grupo, Esquema Conceitual Referencial e
Operativo – ECRO, tarefa, vínculo, cone invertido, dinâmica visível, dinâmica
invisível, papéis, funções coordenador e observador, emergente, adaptação
ativa e adaptação passiva, indicadores da produção grupal.

O grupo operativo é uma abordagem do processo grupal fundamentada


na Psicologia Social de Enrique Pichon-Rivière. A técnica apóia numa
concepção de sujeito social e historicamente produzido pelo ambiente em que
vive e em constante relação dialética com ele. O sujeito é entendido como um
emergente de uma complexa rede de vínculos e relações sociais. (Gayotto &
Domingues: 1995).

Como explica Gladys Adamson:

“O sujeito da psicologia social de Enrique Pichon-Rivière é esse sujeito


descentrado, intersubjetivo, que se produz no encontro ou desencontro com o
outro. Quando Enrique Pichon Rivière pensa o sujeito, fá-lo em termos de

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"sistema aberto" (a rigor, não há nada que seja pensado por ele fora dos
termos de um sistema aberto: o indivíduo, os grupos, as instituições, as
sociedades, o ECRO). E em relação ao sujeito, trata-se de um sistema que não
é autônomo em si mesmo, trata-se de um sistema incompleto que „faz sistema
com o mundo” (Adsom: 2000)

O grupo operativo tem como fundamento uma concepção de


aprendizagem como leitura crítica da realidade, mudança pessoal e ação
transformadora do mundo. A técnica enfatiza a importância da inter-relação
entre os sujeitos, valorizando o interjogo entre os integrantes do grupo e este
como a unidade básica de interação. “O grupo operativo não está centrado nas
pessoas individualmente, nem no grupo, mas no processo de inserção do
sujeito no grupo” (Gayotto/Domingues, 1995: 29) articulando, desta forma, as
dimensões verticais e horizontais do estar no mundo.

Tem foco numa tarefa explícita, que articula o fazer juntos (ex.:
aprendizado, cura, diagnóstico de dificuldade). No interjogo desenvolvido para
a execução da tarefa, o grupo se depara com outra tarefa, implícita, subjacente
à primeira: a elaboração de ansiedades a serviço da resistência à necessidade
de mudança, inerente à constituição do grupo e ao processo de aprendizagem.

O campo grupal surge então como estrutura em movimento, deixando


claro o caráter dinâmico do grupo. A abordagem desenvolvida mostra que
execução da tarefa implica em enfrentar alguns obstáculos que se referem a
uma desconstrução de conceitos estabelecidos, uma desconstrução de
certezas adquiridas. Para os integrantes do grupo implica em enfrentar uma
dupla tarefa: trabalhar sobre o objeto-objetivo (tarefa explícita) e sobre si (tarefa
implícita), buscando romper com estereótipos e integrar o pensar, o sentir e o
agir, lidando com as contradições e as resistências à mudança, em
procedimentos de adaptação ativa, ou seja, de aprendizagem.

2.1.1 Os indicadores de produção grupal

A escala de avaliação do processo grupal desenvolvida por Pichon-


Rivière possibilita a análise das formas de interação que são geradas no grupo

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e revelam vivências sociais internalizadas. A análise do processo grupal é um
instrumento de avaliação da operatividade do grupo. Os indicadores descritos

são: afiliação e pertença; cooperação; pertinência; comunicação; aprendizagem


e tele.

1. Afiliação e pertença

A afiliação reflete a situação em que a pessoa guarda certa distância,


sem incluir-se totalmente no grupo. É um momento inicial e se transforma mais
tarde em pertença.

A pertença se caracteriza pelo sentimento de integração ao grupo, de


identificar-se com ele. Implica em incluir-se e incluir os demais no seu grupo
interno. Com o desenvolvimento da pertença é possível estabelecer-se tanto a
própria identidade como a do grupo. O sentir-se pertencente permite a
aquisição de uma referência básica e a elaboração de estratégias para
mudanças.

O indicador nos permite verificar como, por meio do processo de


interação, vai se dando a mútua representação interna, ou seja, como no
desenvolvimento da tarefa os integrantes vão se tornando habitantes do mundo
interno uns dos outros e se identificando com a tarefa. O indicador reflete a
construção mútua de vínculos e o compromisso com o grupo. O
desenvolvimento do sentimento de pertença está relacionado à passagem do
eu para o nós, pois “as necessidades do sujeito vão sofrendo um
reconhecimento por parte dos outros e uma transformação em necessidades
comuns”.

A contradição presente é “sujeito-grupo”. Os verificadores são:


frequência assídua/frequência irregular; pontualidade/atrasos constantes;
assume responsabilidade com os outros / assume responsabilidades sozinho.
(Gayotto: 2004: 215)

2. Pertinência

A pertinência reflete o grau de centramento do grupo na tarefa e


esclarecimentos da mesma, a capacidade do grupo centrar-se nos papéis
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prescritos (coordenador, observador, chefe) e nos que emergem
situacionalmente como líder de tarefa, porta voz, bode expiatório, etc.

Com este indicador analisa-se o desenvolvimento da tarefa: investimento


na exploração da pré-tarefa, elaboração e esboço do projeto, e a capacidade
criativa do grupo para sua execução. Está relacionada ao sentimento de
produtividade do grupo.

A contradição presente é “projeto-resistência às mudanças” e mostra a


atuação dos medos básicos (perda e ataque). Os verificadores são: expressa
ideias pertinentes ao tema / deixa que as dúvidas persistam; enfrenta situações
desconhecidas / frente ao novo fica sem saber o que fazer; encontra soluções
para os desafios / dá um tempo ao desafio. (Gayotto: 2004: 215)

3. Comunicação

A comunicação, juntamente com a aprendizagem, é indicador muito


importante na leitura da produção grupal. Influenciam-se mutuamente: se
ocorre problemas na comunicação, isto se reflete na aprendizagem, e as
dificuldades na aprendizagem manifestam-se na comunicação entre os
integrantes do grupo.

Nos processos comunicacionais há influência recíproca, acontecendo


intercâmbio de significados. Os elementos clássicos do modelo comunicacional
são emissor, receptor, processos de codificação e decodificação de
mensagens.

Pichon-Rivière considera toda a comunicação como bipessoal e


tripessoal, registrando que sempre entre duas pessoas existe um conteúdo
intra-subjetivo que se interpõe o terceiro na relação. Este elemento
corresponde a cenas internalizadas em nosso mundo interno, pré-existentes à
situação presente, mas que projetamos nela. Funciona como ruído na
comunicação e pode manifestar-se de diferentes formas: mal-entendidos,
segredo grupal. Provoca distorções na interação e dificultam a aquisição de um
código comum.

Este indicador possibilita analisar:

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a – os papéis e as características comunicacionais. É considerado na
análise o conteúdo da mensagem, como ela se realiza e quem a enuncia. A
contradição entre o nível verbal e pré-verbal configura os ruídos;

b – a elaboração das contradições e os pares de contradições presentes


na dinâmica grupal. Permite identificar como as pessoas se vinculam com
todos os mal-entendidos decorrentes de contradição não resolvida.

Os verificadores são: comunica-se em função dos objetivos do grupo /


comunica-se em função de interesses próprios; esclarece os mal-entendidos /
deixa acontecerem os mal-entendidos; facilita os diálogos / prefere conversas
paralelas.

4. Aprendizagem

Conforme Gayotto e Domingues (2003) através da aprendizagem


avaliam-se o grau de plasticidade grupal frente aos obstáculos, a criatividade
para elaborá-los, a superação das contradições e a possibilidade de integração
das mesmas.

A aprendizagem ocorre quando há diminuição das ansiedades básicas o


que possibilita que o grupo vislumbre seu processo, os estereótipos circulantes
e seu rompimento imprimindo um ritmo positivo à espiral da dinâmica grupal.
Está diretamente relacionada com os indicadores pertinência e comunicação.
Um desenvolvimento positivo dos três configura uma situação de adaptação
ativa.

Os verificadores são os mesmos de pertinência: expressa ideias


pertinentes ao tema / deixa que as dúvidas persistam; enfrenta situações
desconhecidas / frente ao novo fica sem saber o que fazer; encontra soluções
para os desafios / dá um tempo ao desafio. (Gayotto: 2004: 215)

5. Cooperação

Para Pichon-Rivière a cooperação se estabelece sobre a base de papéis


diferenciados. A articulação com o outro se dá a partir da discriminação deste,
de si mesmo e do outro, surgindo a possibilidade de complementaridade e,
consequentemente, de cooperação.

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Gayotto e Domingues (2003) esclarecem que cooperar não significa não
confrontar, mas não ser cúmplice daquilo que se discorda. A cooperação
abarca o confronto, pois implica na elucidação de diferenças.

A técnica operativa destaca a diferenciação como elemento importante


na cooperação: “Segundo Jasiner (1983), pertencer a um lugar não significa
estar sempre de acordo, mas poder comparar seu sentimento com o outro;
possibilita a identidade, mas funciona também como um lugar que inclui a
diferenciação.” (Gayotto & Domingues: 2003: 88)

Na dinâmica grupal faz-se necessária a articulação das necessidades


individuais e do grupo. Nesta situação muitas vezes emerge a competição, que
tem como objetivo impedir a atuação do outro, tentar ocupar o seu lugar. O
indicador comunicação permite avaliar a cooperação e competição grupal.

A articulação cooperativa decorre do rodízio dos papéis, das pessoas


explicitarem aspectos de sua personalidade e história pessoal, criando
oportunidades de complementação. A cristalização de papéis afeta a
flexibilidade necessária para a cooperatividade. Há um fortalecimento da
verticalidade em detrimento do cumprimento da tarefa.

O par contraditório presente é “horizontalidade-verticalidade”. Os


verificadores são: complementa a ação grupal / tenta impor seu próprio ritmo;
dá e solicita apoio / contenta-se com o que faz; assume papéis com
flexibilidade / repete papéis conhecidos. (Gayotto: 2004: 215)

6. Tele

A origem do conceito tele é o psicodrama de Jacob L. Moreno. Segundo


Moreno, tele seria a capacidade de se perceber objetivamente o que ocorre
nas situações e o que se passa entre as pessoas, como também, a percepção
interna entre dois indivíduos.

Para Pichon-Rivière, tele é a primeira percepção subjetiva do outro.


Caracteriza a disposição negativa ou positiva com um membro do grupo,
coordenador ou tarefa. Tem como base a percepção de qualidades reais e
pode desencadear processo transferências. A tele positiva pode superar o
afastamento entre pessoas que se relacionam.

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No cone invertido, a tele está localizada no seu vértice, sua zona mais
profunda, pois “localiza-se no implícito e tem relação com os aspectos mais
latentes da história dos sujeitos e do grupo”. Está presente em todo o processo
de aprendizagem e comunicação.

Os verificadores são: expressa sentimentos adequados à situação


grupal / evita expor sentimentos no grupo; explora ansiedades e medos
surgidos no trabalho conjunto / paralisa-se quando surgem medos e
ansiedades no grupo; contribui para fortalecer a confiança / protege-se quando
há desconfiança no grupo.

2.2 Redes sociais

Outros conceitos intrínsecos à investigação são os relativos ao campo


de estudos sobre redes sociais.

Redes de relações são inerentes às atividades humanas. Se pensarmos


no nosso cotidiano, com o foco nas relações que sustentam nossas rotinas,
veremos emergir conjuntos de redes. Todas as atividades de interação social
dão origem a redes de relações. São redes espontâneas, que derivam da
sociabilidade humana. Elas estão aí o tempo inteiro, apenas não costumamos
focar nosso olhar sobre elas, vendo-as como um sistema vivo e dinâmico,
mas são elas que dão sustentação as nossas vidas e a produzem diariamente.

A popularização atual da expressão exige sua contextualização.


Conforme Sônia Acioli (2007):

“Falar em redes significa trabalhar com concepções variadas nas


quais parecem misturar-se idéias baseadas no senso comum, na
experiência cotidiana do mundo globalizado ou ainda em determinado
referencial teórico-conceitual. Existe, portanto uma diversidade de
definições, que, no entanto parecem conter um núcleo semelhante
relacionado à imagem de fios, malhas, teias que formam um tecido
comum”.

E o que é uma rede? Do ponto de vista morfológico, estrutural, podemos


imaginar uma rede de pescar, com linhas se entrecruzando, formando um nó,
um ponto de encontro, e formando outro nó, outro ponto de conexão e assim
por diante. Quando falamos de organizações e pessoas que se articulam em

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rede estamos dizendo que as relações internas do seu sistema de relações,
dos elementos que as formam, se dão como numa rede, a partir de conexões,
ponto a ponto, entre as pessoas e entre as instituições.

Fritjof Capra (2002) mostra a amplitude do conceito e a abrangência


significados que a metáfora rede abarca:

“Uma rede é um padrão de relacionamentos que conecta vários nós


ou centros a muitos outros centros. São conexões de vários pontos
para vários outros, não de um ponto para outros. Pode ser um padrão
de reações químicas, de variáveis econômicas, uma teia alimentar de
relacionamentos entre predador e presa, a rede neural do cérebro ou
os complexos relacionamentos sociais de uma comunidade.”

A percepção da rede como padrão organizativo é um ponto essencial


para sua desmistificação. Esta abordagem também é verificada em Castells
(2003: 28) que afirma: “A Internet não é simplesmente uma tecnologia: é um
meio de comunicação e é a infraestrutura material de determinada forma
organizacional: a rede”. (grifo meu)

O conceito vem sendo utilizado em diversos campos do conhecimento e


da ciência: estatística, matemática, antropologia, psicologia, ecologia, estudos
de organizações, epidemologia, linguística, ciências políticas, mas torna-se
popular a partir dos anos 80, no século XX, como tendência hegemônica para
organização de sistemas abertos e processos de comunicação na sociedade
globalizada e informacional.

Os primeiros estudos de identificação de redes sociais foram


desenvolvidos na década de 30, pelo antropólogo W. Lloyd Warner e pelo
psicólogo Elton Mayo, ambos australianos, numa investigação realizada na
fábrica Hawthorne, em Chicago, quando observaram o comportamento de um
grupo de trabalhadores no ambiente da fábrica. Foram utilizados sociogramas
para registrar as estruturas informais de relacionamento dos grupos
pesquisados. (SILVA, 2003, p. 26).

Simultaneamente, Warner iniciou um trabalho de pesquisa numa


pequena cidade norte americana (Newburyport), com o objetivo de realizar um
estudo antropológico de uma comunidade urbana. No relatório do estudo,
conforme Scoott (apud SILVA, 2003, p. 30) acontece um dos primeiros usos da
12
terminologia redes para descrever a estruturação em subgrupos de sociedades
inteiras.

Destaco também a contribuição de Janet Jacobs, na década de 60, com


o uso da expressão capital social articulado com o conceito de redes, em seu
livro "Morte e Vida das Grandes Cidades Americanas":

"Para a autogestão de um lugar funcionar, acima de qualquer


flutuação da população deve haver a permanência das pessoas que
forjaram a rede de relações do bairro. Essas redes são o capital
social urbano insubstituível. Quando se perde esse capital, pelo
motivo que for, a renda gerada por ele desaparece e não volta senão
quando se acumular, lenta e ocasionalmente, um novo capital"
(Jacobs, 1961: 151 apud Franco, 2009)

Igualmente importante é a contribuição do sociólogo Niklas Luhmann


que aplica o conceito de autopoiese, característico das redes vivas, aos
sistemas sociais. Sua preocupação é identificar a comunicação como o
elemento central das redes sociais:

“Os sistemas sociais usam a comunicação como seu modo particular


de reprodução autopoiética. Seus elementos são comunicações
produzidas e reproduzidas de modo recorrente (recursively) por uma
rede de comunicações, e que não podem existir fora de tal rede.”
(apud Capra: 2002: 94)

Silva (2003) aponta que a partir de 1969 houve uma aceleração no


desenvolvimento e uso do conceito de redes sociais na Antropologia e na
Sociologia.

Sua emergência como conceito instrumental para a percepção e análise


das relações sociais, não é uma invenção, decorre do layout em rede
distribuída do padrão tecnológico da comunicação atual. O conceito expressa
um fenômeno constitutivo da vida social: a formação de redes de interações
entre as pessoas.

Assim, a rede como padrão organizativo é mais uma descoberta que


uma invenção. Sua descoberta decorre de uma afluência de diversos
fenômenos como a evolução tecnológica da comunicação, o avanço científico
em diversos campos do conhecimento. Entre eles a física quântica, os estudos

13
sobre fractais, a cibernética, a epistemologia da complexidade, a biologia do
conhecimento, a antropologia e a estruturação de um campo de estudo
científico voltado para o estudo das redes sociais. Como contexto, a
globalização, evento econômico, cultural e social se desenvolvendo em rede na
escala planetária.

Como o design das tecnologias de comunicação telemática, a rede


possibilita a coordenação de ações descentralizadas e autônomas, dando
suporte à mundialização do capitalismo, aos fluxos de capital, de ideias, de
conhecimento, de patrimônio imaterial, a intensificação das relações humanas
e sua desterritorialização biogeográfica. A novidade que se apresenta é a
combinação dos dois, a inter-relação humana e a tecnologia, gerando redes
híbridas, dispositivos culturais sociotécnicos.

2.2.1 O padrão organizativo rede

Com tantas aplicações, para entender o padrão organizativo rede é


melhor desterritorializá-lo, para identificar seus princípios.

Virtualmente o padrão é um conjunto de princípios, um determinado


desenho de ordenamento dos fluxos entre os elementos conectados de um
sistema. Ele se atualiza em estrutura, em situação presente. As relações entre
o padrão e sua atualização, a estrutura de determinado fenômeno e o próprio
fenômeno, são recursivas. A atualização é o aqui-agora, situação em que o
padrão se corporifica, toma uma forma, na interação com o contexto objetivo e
subjetivo em que está sendo acionado. Não há um modelo de rede, o que
temos é um conjunto de princípios que vai dando origem a estruturas muito
plásticas, caminhos de fluição entre pontos conectados

Os princípios mais gerais do padrão rede, quando aplicados às


interações humanas, são interdependência, ordem emergente, comunicação
distribuída e recursiva, auto-organização e a existência de pelo menos um
“objeto”. Pierre Lévy (2005: 123) denomina “objeto” o elemento de ligação
dinâmica do sujeito coletivo, que dá ensejo à colaboração. “Para desempenhar
seu papel antropológico, o objeto deve passar de mão em mão, de sujeito a
sujeito e subtrair-se à expropriação territorial, a identificação a um nome, à
exclusividade ou à exclusão”.

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O autor considera que para o ser humano a relação com o “objeto”
resulta de uma virtualização das relações de predação, de dominância e de
ocupação exclusiva. O “objeto” pode ser identificado através de seu poder de
catálise das relações sociais e de indução da inteligência coletiva. Ele traça as
relações mantidas pelos seres humanos uns frente aos outros. Seu
funcionamento como mediador da inteligência coletiva implica sempre num
contrato, uma regra, uma convenção. (LEVY: 2005)

Os objetivos que mobilizam a articulação das redes operativas podem


ser considerados “objetos” na medida em que funcionam como vetores da
integração, pois são partilhados por todos e mobilizam as pessoas para a
interação. Da mesma forma, as agendas compartilhadas, as tarefas.

Os princípios são virtuais, estão em potência, muitas vezes não se


realizam, por razões culturais e políticas, apesar do fascínio que exercem sobre
as pessoas. Há fantasias de que o padrão gera igualdade, no entanto, o
ambiente das redes sociais é marcado por assimetrias de conhecimento e de
inteligência social2, diferenças na habilidade de comunicação, no domínio das
tecnologias e ferramentas que mediam o ato comunicativo, de capacidade
individual de tecer conexões.

As configurações das redes assumem diferentes formas, dependendo do


contexto onde são acionadas, da cultura política de seus participantes, do uso
que fazem da comunicação, da conectividade alcançada e dos objetivos que
motivam sua criação.

As dinâmicas típicas do padrão organizativo são movimentos que


acontecem (emergem no campo biopsicocultural da rede) e não estão
relacionadas aos conteúdos das conversações, e sim como acontecem com as
interações. Há pré-requisitos para que surjam e se desenvolvam entre si como
a quantidade de pessoas em interação e os graus de distribuição na
comunicação. Entre as dinâmicas em investigação pelos especialistas da nova
ciência de redes estão:

2
Inteligência social: capacidade de relacionarmos com as pessoas em nosso redor, em nível
individual, seja em pequenos grupos, seja em grandes grupos, competência para interação
saudável e produtiva. (BUZAN: 2005).

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“o clustering (aglomeramento), o swarming (enxameamento), a
auto-regulação sistêmica, a produção de ordem emergente
e/ou a desconstituição de ordem preexistente (ou
remanescente) e a redução do tamanho (social) do mundo
(crunch)”. (FRANCO, 2008).

2.2.2 As redes operativas

O conceito de rede operativa é um recorte que faço no campo das


redes sociais. Normalmente apresentam a topologia de rede descentralizada,
com instâncias de coordenação e têm como um dos objetivos a distribuição e
compartilhamento de informação como estratégia para o cumprimento de um
objetivo maior. O conceito aparece em Martinho (2004: 94) quando procura
traçar uma distinção de tipos de redes: “Quanto ao escopo da ação, as redes
também podem ser classificadas em dois tipos gerais: redes de troca de
informação e redes operativas.”

Martinho caracteriza as redes de troca de informação como aquelas cuja


ação é constituir um ambiente de troca de informações, veiculação de notícias,
intercâmbio de conhecimento. Já as redes operativas seriam as que
desenvolvem estudos e pesquisas, estabelecem e conduzem processo de
interlocução e negociação política, acompanham políticas públicas, promovem
capacitações e formação, atuam na defesa de direitos sociais e causas
coletivas e, no caso das redes de economia solidária, produzem e distribuem
bens. (Martinho, 2004, 94-95). É uma visão relacionada às redes existentes no
universo da sociedade civil brasileira, e o conceito de rede operativa que
elabora tem na ação política e na mobilização social um forte constituinte.

Re-editei o conceito, incluindo a distribuição e compartilhamento de


informação como uma atividade das redes operativas e incorporando a
comunicação telemática, intensamente presente no fenômeno das redes atuais
e que lhes confere características distintas daquelas redes sociais que não a
utilizam. São redes sociotécnicas, um hibridismo entre teias de interação social
e tecnologia de comunicação assistida por internet, que possibilita crescente
grau de conectividade e amplia a possibilidade de distribuição da comunicação.

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Na formulação que faço do conceito de redes operativas, assume
importância a existência de uma agenda compartilhada, gerando tarefas: redes
operativas são comunidades de indivíduos, que se relacionam de forma
coordenada e autônoma, em situações telemáticas e presenciais de
comunicação, para a realização de objetivos compartilhados.

Algumas características das redes operativas:

 Objetivos compartilhados, construídos coletivamente,

 Múltiplos níveis de organização e ação,

 Dinamismo e intencionalidade dos envolvidos,

 Coexistência de diferentes,

 Produção, reedição e circulação de informação,

 Desconcentração do poder,

 Iniciativas múltiplas e simultâneas,

 Tensão entre estruturas verticais & processos horizontais,

 Tensão entre comportamentos de competição & cooperação,

 Composição de singularidades,

 Espaço de aprendizagem permanente,

 Ambiente fértil para parcerias, oportunidade para relações multilaterais,

 Evolução coletiva & individual para a complexidade,

 Configuração dinâmica e mutante,

 Produção conjunta,

 Diversos focos de iniciativa atuando ao mesmo tempo, de forma autônoma,


e com interdependência decorrente dos objetivos comuns,

 A função de netweaver, de facilitador.

O conceito que oponho a redes operativas, no sentido em que utilizo a


expressão, é o de redes de sociabilidade, aquelas com base em plataformas de

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comunicação propícias para a interação social, para fazer amigos, vida social.
Orkut, Facebook, Windows Live.

3. Os limites da comunicação telemática

No desenvolvimento das atividades de netweaver constatei uma


frequente insatisfação das pessoas com a comunicação telemática, como se a
mesma fosse insuficiente para atender os requisitos de interação social para
que as relações “virtuais” fossem consideradas “reais”. Observei também a
qualidade vincular que os encontros presenciais traziam às redes sociais cuja
comunicação era mediada pela internet. Os laços entre as pessoas se
fortaleciam a cada encontro presencial e iam perdendo energia à medida que
os contatos presenciais se tornavam raros ou acontecia grande espaço de
tempo entre os encontros.

Encontrei uma explicação para o fenômeno da insatisfação ao ler os


estudos sobre comunicação realizados pelos pesquisadores do Instituto de
Pesquisa Mental de Palo Alto, Califórnia. Paul Watzlawick, Janet Helmick
Beavin e Don D. Jackson, no livro Pragmática da Comunicação Humana: um
estudo de padrões, patologias e paradoxos da interação.

Os autores discutem os efeitos comportamentais da comunicação


humana, com ênfase nas desordens de comportamento. A temática do livro,
aparentemente está distante do escopo deste trabalho, mas seus capítulos
iniciais apresentam conceitos básicos da teoria da informação numa
abordagem sistêmica que muito contribuíram para que eu entendesse o
fenômeno que percebia em relação à comunicação telemática e a satisfação
das pessoas com ela.

Os autores apresentam o caráter complexo do ato comunicativo, em


duas dimensões: a analógica ou não verbal e a digital, arbitrária, verbal.

A dimensão analógica está relacionada a tudo que está presente no ato


comunicativo e não é código linguístico. A dimensão digital ou verbal está
relacionada ao código linguístico. Enquanto a dimensão verbal se refere ao

18
19
conteúdo da conversa, a dimensão analógica traz informação sobre a relação
entre os comunicantes.

A comunicação analógica é toda comunicação não verbal que acontece


num ato comunicativo. Os pesquisadores consideram que o termo não verbal é
equívoco para explicar o amplo sentido da comunicação analógica, a qual
abrange.

“posturas, gestos, expressão facial, inflexão de voz, seqüência, ritmo


e cadência das próprias palavras, e qualquer outra manifestação não-
verbal de que o organismo seja capaz, assim como as pistas
comunicacionais infalivelmente presentes em qualquer contexto em
que uma interação ocorra”. (Watzlawick et alli: 2007: 57)

Como os dispositivos de comunicação na internet não têm como traduzir


ou integrar dimensão analógica do ato comunicativo, os comunicantes sentem-
se insatisfeitos, pois a tecnologia, pelo menos em seu estagio atual, não
possibilita o ato comunicativo completo. Esta insuficiência certamente influencia
diversos aspectos da interação grupal nas redes sociais, entre eles: a
passagem para a grupalidade, no surgimento e fortalecimento do sentimento
de pertença, a vinculação entre os integrantes.

4. Experimento com os indicadores

Realizei uma tentativa de aplicação dos indicadores de avaliação da


produção grupal na lista de discussão da Rede Brasileira de Educação
Ambiental – REBEA.

Foram analisadas 320 mensagens postadas no mês de março de 2007.


Destas, 49 geraram alguma postagem encadeada, mas não necessariamente
dando início a uma conversa. A análise demonstrou que a distribuição de
informação predomina, havendo poucos atos comunicativos completos. Muitas
vezes, apesar de haver enunciação, a interação não se completa enquanto
processo circular, recursivo e interativo, pois ninguém responde ou comenta a
maioria das mensagens postadas. Nas conversas encadeadas quando há
discordância de ideias, há deboches e ofensas pessoais, o que também
desestimula iniciativas de interação.

20
O campo operativo da REBEA é a Educação Ambiental (EA) – as
conversações realizadas na lista de discussão poderiam ser um instrumento
para esclarecimento de questões pertinentes ao campo bem como da
ansiedade dos educadores em relação aos desafios da prática da EA. Algumas
destas ansiedades são geradas pela crise ambiental propriamente dita, outras
se situam na dificuldade pessoal de coerência (integração do sentir, pensar,
agir) entre os princípios ecológicos adotados intelectualmente e a forma de vida
possível na sociedade urbana contemporânea, além das inseguranças e
desafios próprios do campo profissional em constituição.

OS TIPOS DE COMUNICAÇÃO
OPORTUNIDADES DE TRABALHO, EMPREGOS
DENÚNCIAS
REPASSE DE NOTÍCIAS
DIVULGAÇÃO DE CURSOS
DIVULGAÇÃO DE AÇÕES GOVERNAMENTAIS
DIVULGAÇÃO DE EVENTOS
DIVULGAÇÃO DE EDITAIS
DIVULGAÇÃO DE TEXTOS E LIVROS
DIVULGAÇÃO DE SITES
DIVULGAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
CONVERSAS SOBRE TEMAS AMBIENTAIS DA ATUALIDADE
AVISOS DE PAUTA
RELEASE
CLIPAGEM
CAMPANHAS ONLINE
CONVOCAÇÃO PARA ATIVIDADE DA REBEA - VI FÓRUM
Tabela 01 – Tipos de comunicação na lista da REBEA – março de 2007.

A distribuição da informação, basicamente divulgação de eventos, sites,


editais textos, livros, revistas, encaminhamento de notícias, cursos, é realizado
por um pequeno e constante número de pessoas que monopoliza o espaço da
rede. Mesmo aqueles que não postam mensagens estão, hipoteticamente,
acompanhando o movimento que acontece.

Apesar da lista de discussão ser um dispositivo que permite a


comunicação entre muitas pessoas ao mesmo tempo, a maioria dos membros

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da REBEA se comporta como audiência passiva e não atua como um grupo
com alguma coesão. O status é de agrupamento.

É importante destacar que na interação assíncrona que caracteriza as


listas de discussão, cada pessoa age sobre o mesmo objeto em momentos
diferentes, podendo verificar as modificações sofridas anteriormente. Além,
disso, é uma interação à distância, ou seja, pressupõe a utilização de alguma
tecnologia que permita a comunicação entre os indivíduos. Estas duas
características criam um campo comunicacional diferente do campo presencial.
Nas relações telemáticas, determinados benefícios e objetivos pessoais podem
ser alcançados com baixa interação e mínima vinculação. Por exemplo: o
objetivo de estar informado e atualizado pode ser conseguindo apenas com a
escuta atenta em listas de discussões temáticas e plataformas de rede sociais.
Basta se cadastrar e acompanhar silenciosamente a conversação, sem
nenhum esforço de interação.

No experimento da REBEA considerei questões como a moderação ou


não do fluxo das mensagens, as regras para cadastramento na lista, as regras
de convivência da rede, a net etiqueta, o objetivo da rede e a forma como
função similar ao enquadramento no grupo operativo.

No processo da rede, alguns dos membros assumem papéis de


administração da lista, animação e moderação da comunicação e outros típicos
da dinâmica grupal. No caso da REBEA, a percepção da diferença entre
moderador/administrador da lista, líder de tarefa e facilitador é confusa.

A tentativa de aplicar os indicadores revelou a não existência de


interação e a conversação quando acontece está centralizada em alguns
integrantes. A distribuição de informação sem nenhum comentário, apenas
encaminhamentos de mensagem, pode ser considerada uma comunicação no
padrão um para todos, autoritária. E também pode ser vista como uma ação de
compartilhamento.

Em relação à afiliação e pertença, predomina entre os integrantes o


status de agrupamento, com ausência nas conversas. Baixa pertinência
verificada pela inexistência de tarefas conjuntas e pouca expressão de idéias.

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A comunicação e a aprendizagem são bastante afetadas pela baixa
interação. Verifica-se a comunicação egocêntrica, muitos são ausentes, estão
na lista porque um dia se cadastraram. Outros se colocam no papel de
observadores silenciosos. A grande maioria apenas faz a colheita das
informações e poucos compartilham.

Eventualmente acontecem discussões, brigas, provocadas por


divergência de idéias e visões, revelando baixa capacidade de aprendizagem e
dificuldade de conviver com as contradições. As interações são mediadas por
estereótipos.

Esta configuração comunicacional afeta a cooperação impedindo a


descoberta de complementaridades e a articulação conjunta das necessidades.

A tele é o indicador mais difícil de interpretar na lista, pois é um


fenômeno de caráter não verbal.

A análise revelou que podemos estar conectados e não haver interação


e nem comunicação. O ato comunicativo constitui uma sequência, um
encadeamento, para que se estabeleça a circularidade de papéis emissor-
receptor, essencial para o diálogo. No caso da REBEA, no período analisado, a
tentativa de aplicação dos indicadores mostrou que:

- como são poucos os atos comunicativos completos, não há interação


social, nem a geração de agrupamentos (clusters), comunidades de
prática e de aprendizagem, tarefas e produção conjunta,

- prevalece uma cultura de adesão, subordinação e omissão,

- há valorização dos benefícios pessoais de acesso à informação


estratégica para atividades profissionais e políticas em detrimento da co-
responsabilidade em relação aos objetivos da Rede,

- a rede se configura como um difusor de informação e não como uma


rede social distribuída, com objetivos e agendas compartilhadas,
gerando comunidades de aprendizagem, conhecimento e mudança,

- há uma afinidade superficial (somos todos educadores ambientais) que


não se sustenta quando há aprofundamento da interação,

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- a repetição de temas e práticas gera isolamento social, narcisismo e um
fantasioso sentimento de importância da educação ambiental,

- temas essenciais para comunidade de educadores ambientais, como a


profissionalização do campo, financiamento e representação política não
conseguem se sustentar na conversação da rede,

- as divergências de visão de mundo e de proposições são recebidas


como ameaças, resultando em bate-boca e conflitos que não são
esclarecidos de forma a gerarem aprendizagem.

O experimento foi uma importante oportunidade de aprendizado sobre


as dinâmicas de interação e vinculação em redes telemáticas.

Evidenciou que tanto quanto os grupos e redes sociais presenciais, a


redes baseadas na internet para se tornarem efetivamente redes de
conversações, ambientes de encontros humanos ricos de aprendizagem,
necessitam de interações sociais que estão baseadas em acolhimento,
confiança, pertença e cooperação. A sustentabilidade de qualquer rede social
(sua re-produção e re-novação) depende do acontecimento de interações
sociais (comunicação, afiliação e cooperação), e da qualidade e teor dessas
interações (pertença, pertinência, aprendizagem).

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