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Cooperar

Ano VIII – Nº 25 // JAN/FEV/MAR 2019

SABER

v is t a d o c oo p e ra t ivismo
A re

Sementes
Cooperativas promovem a inclusão
de pessoas com deficiência

Três Poderes
Quem tem DNA cooperativista
no novo governo?

Intercooperação
Lições de cidadania
no interior do Tocantins
Números

EDITORIAL
Junte-se a muitas cooperativas desta A MARCA DA
que já estão usando o SomosCoop.
edição
Co o p e r a ç ã o
9
cooperativas
foram citadas nesta
revista. Juntas elas
Amigo cooperativista,

Você sabia que o ministro da


ainda revitalizaram o lixão da ci-
dade, de que aterro sanitário foi
transformado em um praça eco-
abrangem 4 regiões do Saúde já foi presidente de uma lógica. Um exemplo a ser seguido
Brasil: Centro-Oeste, Unimed? Que o ministro da Casa por todo o Brasil.
Sudeste, Nordeste e Sul.
Civil, Ônyx Lorenzoni já propôs
um projeto de lei favorável ao Também trazemos nesta edição

6
cooperativismo? Que a ministra matérias sobre o trabalho de in-
da Agricultura Tereza Cristina já clusão realizado por nossas coo-
nos recebeu duas vezes para fa- perativas e sobre o 14º Congres-
lar sobre a pauta das coopera- so Brasileiro do Cooperativismo
tivas brasileiras? Essas e outras (CBC), que traçará os objetivos
ramos do cooperativismo boas notícias você ficará sabendo de curto, médio e longo prazos
estão representados: nesta edição da Saber Cooperar, do nosso movimento. O evento
Agropecuário, Crédito, que traz um perfil diferente dos está mobilizando toda a equipe
Educacional, Especial, ministros e tomadores de decisão da Casa do Cooperativismo, que
Infraestrutura e Saúde. do governo Bolsonaro. Até hoje,
se uniu para tornar esse momento
nenhum veículo de comunicação
enriquecedor e inesquecível para
tinha mostrado quais dessas lide-
COMO ACESSAR OS
todos nós. Será imperdível, por
ranças conheciam de perto o coo-
RECURSOS MULTIMÍDIA isso esperamos encontrar todos
Quanto mais cooperativas aderirem, mais alcance, perativismo. Mas nós trouxemos
vocês, aqui em Brasília, durante o
isso pra você, a partir de um estu-
mais oportunidades, mais resultados. do realizado pela equipe de cien-
14º CBC. E atenção: caso você
Carimbo SomosCoop. Juntos por mais histórias de sucesso. tistas políticos da Organização das
não possa participar, não fique
Cooperativas Brasileiras (OCB). triste. A próxima edição da Saber
Cooperar será 100% dedicada a
Sua cooperativa também já faz parte do movimento? apresentar um resumo dos resul-
De Brasília, voamos até o interior
Compartilhe com a gente. do Tocantins para contar a histó- tados e das principais discussões
ria do município de Pedro Afonso do CBC – uma forma de incluir-
– uma cidadela agrícola transfor- mos toda a base nesse importan-
mada na capital da soja do esta- te fórum de debates cooperati-
do graças ao cooperativismo e à vista. cooperativista. Além disso,
Tendo o aplicativo QR Code intercooperação de três coope- você poderá acompanhar, de 8
instalado em seu celular, a 10 de maio, as notícias e trans-
rativas. Juntas, elas conseguiram
basta abri-lo e direcionar missões ao vivo, direto do CBC,
a câmera do aparelho em
aumentar o Índice de Desenvol-
direção ao código. vimento Humano (IDH) da região, em nossas redes sociais.
Escaneie e espere o melhoraram a qualidade da edu-
aplicativo direcioná-lo para cação, trouxeram acesso ao cré- MÁRCIO LOPES DE FREITAS
o conteúdo. dito, apoiaram projetos sociais e Presidente do Sistema OCB

«3
SISTEMA OCB
No Brasil, o movimento cooperativista é representado oficialmente pelo Sistema OCB,

NESTA

42
composto por três entidades complementares entre si:

i çã o
10
d
✓✓ Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop) – órgão de representação

E
sindical das cooperativas, composto também por federações e sindicatos.
ANO VIII • Nº 25 • JAN/FEV/MAR 2019 ✓✓ Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) – entidade representativa do
ISSN 2317-5109 cooperativismo no país, responsável pela promoção, pelo fomento e pela defesa
do sistema cooperativista em todas as instâncias políticas e institucionais, no
Brasil e no exterior.
SESCOOP
CONSELHO NACIONAL
• Márcio Lopes de Freitas – presidente
✓✓ Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) –
integrante do Sistema S, responsável pela formação profissional, pela promoção
Perfil
social e pelo monitoramento das cooperativas. MARA GABRILLI: UMA
REPRESENTANTES OCB
SENADORA PELA IGUALDADE
Região Centro-Oeste
• Celso Ramos Régis – titular
• Remy Gorga Neto – suplente
Três Poderes
TEM MARCA DA COOPERAÇÃO
Regiões Norte e Nordeste
• Ricardo Benedito Khouri – titular
NO NOVO XADREZ POLÍTICO

50
• Malaquias Ancelmo de Oliveira – suplente
Região Sudeste

6
• Ronaldo Ernesto Scucato – titular
• Carlos André Santos de Oliveira – suplente
Região Sul
• Luiz Vicente Suzin – titular
• Leonardo Boesche – suplente Entrevista
Conselheiros Representantes dos Empregados em Cooperativas
CAPACITAR PARA CRESCER
• João Edilson de Oliveira – titular
• Luizita Fonseca Leite Pina – suplente

REPRESENTANTES DO EXECUTIVO A revista Saber Cooperar é uma publicação do Sistema OCB, realizada com recursos Nossos
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
• Najara Flauzino Ferro – titular
do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e distribuída
gratuitamente em todo o Brasil. direitos

28
Ministério da Economia
• Alberto Alves Silva de Oliveira – titular Gerente de Comunicação: POR QUE AS
• Andréia Lúcia Araújo da Crus de Carvalho – suplente COOPERATIVAS
Daniela Lemke

18
• Dênio Aparecido Ramos – titular PRECISAM DE
• Alex Pereira Freitas – suplente Conselho Editorial: UM SINDICATO
• Thaisis Barboza de Souza – titular
• Roberta Carolina Rios Bosco Soares – suplente Fernando Ripari, Juliana Gomes de Carvalho, Karla Oliveira, Malaquias Ancelmo de FORTE?
Oliveira, Maria José de Andrade Leão, Renato Nobile, Rosana Vargas, Samuel Zanello
Sementes SomosCoop
• Carlos Felipe Alencastro F. de Carvalho – titular
• Joel Amaral Júnior – suplente Milléo Filho e Tânia Zanella
Jornalista responsável: Gisele James
CONSELHO FISCAL DO SESCOOP NINGUÉM FICA DE FORA RECEITA PARA O
REPRESENTANTES DA OCB Colaboração: Gabriela Prado, Aurélio Prado e Ana Suelen Troiano
• José Arilo Carneiro Pereira – titular
DESENVOLVIMENTO
• André Pacelli Bezerra Viana – titular Projeto editorial: Farol Conteúdo Inteligente
• Ary Célio de Oliveira – suplente Edição: Guaíra Flor
• Jeferson Adonias Smaniotto – suplente
Projeto gráfico: Chica Magalhães
Conselheiros representantes dos empregados em cooperativas
Reportagens: Amanda Cieglinsk, Guaíra Flor, Kelly Ikuma, Lilian Beraldo, Naiara Leão,
• Evaristo Lunz Gomes – titular
Paula Andrade, Tchérena Guimarães

41
REPRESENTANTES DO EXECUTIVO Fotos: Lula Lopes e Jessica Soares
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Ilustrações: Kleber Sales
• Paula Lobo Ferreira de Assis – titular

32
• Thiago Vinícius Pinheiro da Silva – suplente Revisão: Luciana Pereira

Ministério da Economia Impressão: Mais Soluções Gráficas Eirele ME

24
• Ricardo da Costa Nunes – titular Tiragem: 12 mil exemplares
• Luciana Maria Rocha Moreira – suplente
• Alessandro Roosevelt Silva Ribeiro – titular
• Rogério Nagamine Costanzi – suplente
Sistema OCB: Setor de Autarquias Sul – SAUS Qd. 4 Bloco “I” CEP 70070-936 – Brasília-DF
(Brasil) – Telefone: +55 (61) 3217-2119. E-mail: revistasabercooperar@sescoop.coop.br
Congresso Intercooperação Artigo
O FUTURO É AGORA! REDE DO BEM O S DO COOPERATIVISMO
CAPACITAR
No atual contexto de reformas
ENTREVISTA
o governo federal e as cooperati- promoção da cultura cooperativis-
políticas e econômicas, qual seria

r
vas brasileiras esperavam alcançar ta e para a formação profissional

c e
o principal desafio do Sescoop?

s
um novo patamar de gestão e pro- e desenvolvimento gerencial das

c r e
fissionalização da base de coope- cooperativas e seus associados. V.S: As cooperativas têm, em seu

a
rados e colaboradores. Mas será Investindo fortemente em estra-

r
DNA, o empreendedorismo. A

p a
que isso de fato aconteceu? tégia e na integração do sistema, formação de profissionais com
o Sescoop vem pavimentando o essa característica é fundamental
Para discutir os reais impactos do caminho para o desenvolvimento para o nosso desenvolvimento
Sescoop no cotidiano das coope- contínuo do modelo cooperativis- econômico e para a diminuição
rativas brasileiras, entrevistamos ta brasileiro, que apresenta índices da dependência estatal. E esse é
dois profissionais da Lei: o ex-mi- de crescimento surpreendentes. justamente um dos objetivos es-
nistro-chefe da Controladoria Ge- tratégicos do Sescoop: capacitar
ral da União (CGU) Valdir Simão, Aldo Leite: Antes da criação do pessoas. Ao participar de vários
que também já ocupou o cargo Sescoop, os empreendimentos segmentos da economia nacio-
CONHEÇA UM POUCO MAIS DO SESCOOP E DE de ministro do Planejamento, Or- cooperativos não tinham o suporte nal, o sistema cooperativista con-
çamento e Gestão (2015-2016); e adequado e específico para suas
SEUS IMPACTOS NO DIA A DIA DAS COOPERATIVAS o assessor jurídico do Sescoop, necessidades de aperfeiçoamento
tribui para estimular a produtivi-
dade e competitividade, em prol
BRASILEIRAS SOB A ÓTICA DE DOIS HOMENS DAS LEIS Aldo Leite. da gestão e capacitação de seus do consumidor e do país.
empregados. A depender do ramo
Saber Cooperar: O que mudou de atuação, elas tinham de buscar A.L: A economia brasileira está
Por Paula Andrade Em atividade desde 1999, para as cooperativas brasileiras ajuda em diversas outras institui-

T
passando por um processo de res-
o Sescoop foi criado para após a criação do Sescoop? ções – públicas ou privadas – que significação. Diversos processos
oda cooperativa já nasce com não compreendiam muito bem a
aperfeiçoar a governança, a Valdir Simão: A partir da cria- estão sendo reestruturados e a
algumas marcas inerentes ao gestão e as atividades de res- essência e os princípios coope-
ção do Sescoop, o sistema qualificação profissional é o eixo
nosso DNA: qualidade, força ponsabilidade socioambiental rativistas, como a autogestão e
cooperativista passou a motor desse processo. Nesse sen-
e integridade são algumas das cooperativas brasileiras. a estrutura de governança pró-
contar com um instru- tido, o Sescoop pode contribuir
delas. Outras características Até então, nosso modelo pria das cooperativas. O Sescoop
mento para a significativamente para o cresci-
são desenvolvidas com o tempo, de negócios avança- mudou esse quadro e passou a mento e aumento da importância
como a excelência da gestão, a efi- va de forma intuitiva, desempenhar um papel impor- das cooperativas na economia
cácia dos processos e a habilidade sem um modelo de tantíssimo na oferta de soluções brasileira, criando novas oportuni-
de olhar de maneira estratégica e governança e plane- para a sustentabilidade do nosso dades de geração de renda e tra-
sustentável para a condução dos jamento estratégico modelo de negócios [veja encar- balho para a população.
negócios. E é para ajudar o coo- estruturados. Com te especial sobre o Sescoop].
perativismo a evoluir nesses últi- o lançamento do
mos aspectos que contamos com “S” cooperativista,
o apoio do Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo

Valdir
(Sescoop) – serviço social autôno-
mo, com personalidade jurídica de
direito privado, instituído a partir
da Medida Provisória nº 1.715/98,
e respectivas reedições. Simão
Advogado, ex-ministro-chefe

Termo que define um grupo


Aldo da Controladoria Geral da
União (CGU) e ex-ministro
do Planejamento Orçamento
de instituições paraestatais
dedicadas à capacitação,
assistência social, consultoria,
Leite e Gestão

Ilustração: Kleber Sales


pesquisa e assistência técnica
da principais categorias
Advogado e assessor
econômicas existentes jurídico do Sescoop
no país, incluindo o Nacional
cooperativismo.

6 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 7


o Sescoop já vem trabalhando nes- sustentável. O cooperativismo já
E em relação à melhora da
eficiência e da gestão das
cooperativas, qual é o papel
cooperativistas. Portanto, tem um
impacto mais positivo no ambien-
te no qual está inserido, pois visa
Curiosidade sa tônica há alguns anos. Criamos,
por exemplo, um centro de servi-
ços compartilhados que centralizou
é compreendido pela sociedade
e pelos governos como modelo
de negócio capaz de gerar valor
desempenhado pelo Sescoop? garantir a execução dos objetivos O Sescoop é parte do Sistema na unidade nacional, em Brasília, os aos associados e produzir bens e
sociais e assegurar a gestão das OCB, composto por três
V.S: O papel é central, de iden- instituições complementares entre
serviços de processamento da fo- serviços de qualidade. Também
tificação e disseminação de boas cooperativas de modo sustentá- lha de pagamento e contabilidade gera oportunidade de entrada no
si, mas com desafios distintos:
práticas de gestão e formação de vel, e em consecução dos estados. Com isso, consegui- mercado de trabalho para aqueles
pessoas, o que garante eficiência com os interesses MISSÃO mos liberar as equipes das unida- que pretendem desenvolver deter-
e entrega de bons resultados. dos associados. As • Sescoop – promover a des estaduais, que são reduzidas, minada atividade econômica, mas
boas práticas da cultura cooperativista e o para se dedicarem ao atendimento dependem de algum tipo de coo-
A.L: O Sescoop detém papel governança cooperati- aperfeiçoamento da gestão das cooperativas. Destaco, ainda, peração para isso. Esse desenvolvi-
importantíssimo na melhoria da vista – além de seguir os prin- para o desenvolvimento das que outras iniciativas estão em pro- mento contínuo tem como motor
cípios gerais e as boas práticas cooperativas brasileiras. cesso de reflexão e discussão inter-
gestão e da governança dos em- propulsor o Sescoop, seja na for-
• OCB – promover um
preendimentos cooperativos, de governança e gestão – obser- na. Estamos, inclusive, dialogando mação profissional ou na qualifica-
ambiente favorável para
ajudando inclusive na projeção vam princípios próprios, entre os o desenvolvimento das com alguns ministérios do novo ção gerencial das cooperativas.
das cooperativas brasileiras no quais ressalto a autogestão, bem cooperativas brasileiras, governo, no sentido de estruturar
cenário econômico nacional e como diversos outros regramen- por meio da representação uma cadeia de formação e quali- A.L: Minhas expectativas para o
internacional. Fazemos isso por tos próprios disciplinados na pró- político-institucional. ficação profissional que fomente Sistema Cooperativista Nacional
meio de programas próprios de pria Lei nº 5.764/71. Além disso e • CNCoop – defender o a sustentabilidade, colocação ou são as melhores possíveis, já que é
capacitação – como o Programa a depender do ramo de atuação, cooperativismo e os interesses recolocação profissional dos traba- visível e significativo o crescimen-
observam-se regras/resoluções de da categoria econômica das lhadores de cooperativas.
de Desenvolvimento da Gestão to e participação das cooperativas
cooperativas brasileiras.
Cooperativa (PDGC) –, mas tam- agentes públicos normalizadores, no cenário econômico nacional e
bém por intermédio de parcerias a exemplo do Banco Central, para Quais são as expectativas para internacional. O mundo tem bus-
firmadas com diversos atores na- as instituições financeiras coope- o Sescoop e para as nossas cado alternativas para um cresci-
cionais – como Banco Central do rativas e da Agência Nacional de estar em constante processo de cooperativas nos próximos anos? mento consciente e sustentável. E
Brasil, a Empresa Brasileira de Saúde Suplementar (ANS) para as evolução e interconexão. As fer- V.S: Tenho confiança que o siste- cada vez mais, pessoas e organiza-
Pesquisa Agropecuária (Embra- cooperativas de saúde. Por isso o ramentas e os resultados obtidos ma continuará crescendo de forma ções engajam-se nesse propósito.
pa), Fundação Unimed, Fundação Sescoop fomenta tão fortemente pelo Sescoop precisam ser mais Segundo estudo da Nielsen Global
Sicredi, entre outros. Também o aperfeiçoamento e as boas prá- bem divulgados à sociedade. de Responsabilidade Social Cor-
firmamos parcerias voltadas para ticas de governança e gestão nas Temos muito a contribuir com a porativa, 66% dos consumidores
o fortalecimento do cooperativis- Expressão inglesa que pode cooperativas. Acreditamos que es- sociedade e a economia brasilei- estão dispostos a pagar mais por
mo com atores internacionais, a ser livremente traduzida como
sas boas práticas ajudarão no avan- ras, e precisamos divulgar melhor produtos e serviços advindos de
“prestação de contas” ou
exemplo da Organização das Na- “responsabilização da gestão.” ço e no fortalecimento das coope- nossas ações. instituições/empresas comprometi-
ções Unidas (Onu), do Programa Consiste na boa prática de rativas e, com isso, a comunidade das com impacto social e ambien-
das Nações Unidas para o Desen- apresentar aos públicos interessados em volta da cooperativa também Sabemos que toda e qualquer tal positivos. E o cooperativismo é
volvimento (Pnud), da Confedera- (acionistas, clientes, fornecedores
será beneficiada. organização, seja privada ou uma alternativa extremamente co-
etc.) os resultados financeiros e as
ção Nacional das Cooperativas da decisões estratégicas tomados por
pública, pode e deve otimizar nectada, desde o início, com esse
Alemanha (DGRV), entre outros. uma organização, pública ou privada, Todos os anos, o Sescoop realiza recursos e revisitar seus custos tema e com seus princípios, já que
durante a condução dos negócios. a capacitação técnica de milhares periodicamente. Na sua opinião, estamos falando de adesão livre
Existe diferença entre a chamada de cooperados e trabalhadores de como o Sescoop pode melhorar e voluntária, gestão democrática,
“governança cooperativista” e cooperativas. Na sua opinião, a for- nesse sentido?
intercooperação, interesse pela co-
a governança corporativa das ma de atuação e disponibilização V.S: Inovando e refletindo conti- munidade, entre outros temas.
empresas tradicionais? A.L: Não obstante os princípios dessas informações está satisfató- nuamente sobre o seu modelo de
aplicáveis às boas práticas de go-
V.S: Governança, gestão de ris- ria? Em que é possível melhorar? atuação, para identificar novas for- Especificamente em relação ao
cos e controles são ferramentas vernança e gestão, sejam univer- mas de atuação, em especial com Sescoop, posso afirmar com a
essenciais para organizações de sais, transversais e essenciais, te- V.S: É satisfatória, mas sempre é a utilização de tecnologia, bem certeza de quem trabalha há 10
qualquer natureza, públicas ou mos de ter a clareza: enquanto o possível melhorar, com olhar vol- como para gerar sinergia na utili- anos no Sistema S: fazemos mui-
privadas, de fins lucrativos ou não. modelo de governança corporativa tado para as novas tecnologias e zação dos recursos e das estrutu- ta diferença na vida dos dirigen-
Os princípios da boa governança visa atender aos interesses dos só- para as necessidades do merca- ras de cada unidade de negócio. tes, cooperados e empregados
aplicados em empresas privadas cios ou acionistas das sociedades do, em constante evolução. das cooperativas. Os números de
devem ser aplicados também nas empresarias em geral, a governan- A.L: Como já dito, toda e qualquer crescimento do cooperativismo
cooperativas, para garantir um ça cooperativista é um modelo de A.L: Sabemos que a atuação e organização, seja ela pública ou são fruto direto da atuação do
processo decisório equilibrado, direcionamento estratégico funda- disponibilização das informações, privada, deve promover e incenti- Sescoop na melhoria da gestão e
transparência e accountability. mentado nos valores e princípios em qualquer instituição, precisam var a otimização de seus recursos. E governança das cooperativas.

8 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 9


Por Amanda Cieglinski
TRÊS PODERES
MINISTRO DA SAÚDE DO GOVERNO BOLSONARO FOI PRESIDENTE DE COOPERATIVA,

E
MINISTRA DA AGRICULTURA RESPEITA NOSSA FORÇA NO CAMPO E SECRETÁRIO DE m política, é preciso estar
DESENVOLVIMENTO SOCIAL TEM FORTES LAÇOS COM NOSSO MOVIMENTO. ENTENDA sempre um passo à frente.
Justamente por isso, antes
ONDE O COOPERATIVISMO ESTÁ PRESENTE NA ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS
mesmo de o primeiro es-
calão do governo Jair Bol-
sonaro tomar posse, os analistas

TEM MARCA DA
políticos da Casa do Cooperati-
vismo começaram a montar um
mapa estratégico do novo pano-

Foto Sistema OCB


rama político. Desafio? Conhe-
cer um pouco da história políti-

COOPERAÇÃO o v o
ca, dos interesses e do foco das

no n
pessoas-chave com as quais pre-
cisariam estabelecer um diálogo Márcio Lopes de Freitas apresenta propostas cooperativistas
propositivo. Um trabalho investi- à ministra Tereza Cristina, da Agricultura
gativo, que exige muito diálogo,
pesquisa e conhecimento do uni-
verso do Poder Público.

r e z
Nacional eleito (quadro da pági-

d
O primeiro desafio da equipe foi

xa
traçar um perfil de cada ministro, na 21). Por fim, nossos cientistas
além dos secretários e tomadores políticos localizaram – dentro da
de decisões de interesse do setor estrutura remodelada dos ministé-
cooperativista. Logo em seguida, rios —quais são as áreas relaciona-
eles se debruçaram sobre a lista das com o cooperativismo. Todo
dos novos deputados e senadores esse estudo foi sistematizado na

o
publicação Cooperativismo e o

c
para traçar o perfil do Congresso

t i

Foto: Divulgação
Novo Governo, lançada em feve-

pol i
reiro pela Organização das Coo-
perativas Brasileiras (OCB).

“A ideia dessa pesquisa é servir


de base para a nossa atuação,
tanto no Executivo quanto no Le-
gislativo”, explica a gerente de
Relações Institucionais do Siste-
ma OCB, Fabíola Nader Motta.
“Sempre que acontece uma troca
de governo, é importante traba-
lhar o fortalecimento da imagem,
do diálogo e do reconhecimento
da importância do cooperativis-
mo para o Brasil como um todo.
Economicamente, mas também
socialmente, como parte da
agenda estratégica do país.”

10 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 11


Com a fusão de alguns ministé- no cooperativismo como forma como uma prioridade importan-
rios e a extinção de outros, novas de realização. Não do eu, não do te para o desenvolvimento de
estruturas surgiram e vão estar sob você, mas do nosso, como instru- pequenos e médios produtores
o radar institucional da Casa do
mento de construção coletiva para rurais. Além de Tereza Cristina, o
Cooperativismo. A partir dessa re-
a execução de inúmeras frentes.” próprio secretário executivo do
configuração, o estudo do Sistema
ministério, Marcos Montes, tam-
OCB indica 108 cargos de interes- Cumprindo promessa de campanha, o governo reduziu
o número de ministérios, que passaram de 29 para 22. Outro nome importante a ser bém tem proximidade com o se-
se do cooperativismo e identifica
Algumas pastas foram fundidas; e outras, extintas. acompanhado nesse núcleo duro tor, fez parte da Frencoop e já se
os quatro principais núcleos de
do governo é o do deputado reuniu com as lideranças do Siste-
decisão do governo: o econômico,
Onyx Lorenzoni, que desempe- ma OCB para tratar das principais
liderado pelo ministro Paulo Gue-
des; o militar, centrado na figura do nha um papel vital de relaciona- pautas do cooperativismo – entre
general Augusto Heleno, do Gabi- mento entre o Palácio do Planalto elas o crédito e o seguro rural.
nete de Segurança Institucional; o e o Congresso Nacional, inclusive
político, comandado pelo minis- tendo participado ativamente nas Outra novidade na pasta é a mu-
eleições dos novos presidentes consolidada, o ministro da Casa dança do antigo Departamento
tro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni;
da Câmara e do Senado. Civil não apenas conhece bem o de Cooperativismo, que ganhou
e o da Segurança, que tem como
cooperativismo e o trabalho da o status de secretaria e hoje aten-
protagonista Sérgio Moro (veja
“Por sermos uma entidade de OCB, como propôs um projeto de pelo nome de Secretária de
quadro com o perfil de algumas
representação política aparti- de lei – que acabou arquivado Agricultura Familiar e Cooperati-
pessoas-chave do novo governo).
“JÁ ESTAMOS DESENHANDO ESTRATÉGIAS DE APROXIMAÇÃO dária, fazemos questão de man- – autorizando as cooperativas vismo. O comando da secretaria
habitacionais a utilizarem os re-
Um destaque positivo para o se- COM OS MINISTROS QUE PERTENCEM AO NÚCLEO DURO DO ter boas relações com as prin- ficou com Fernando Schwanke
cipais lideranças de todos os cursos do FGTS”, acrescenta. e a direção do Departamento
tor é o comando do Ministério
da Saúde, a cargo do médico e
GOVERNO. AFINAL, DEPENDE EM MUITO DELES A APROVAÇÃO partidos, por isso já tínhamos de Cooperativismo, com Márcio
Já os ministros que vieram de fora
ex-deputado Henrique Mandetta, DE PAUTAS IMPORTANTES, NÃO SÓ PARA O NOSSO MOVIMENTO, portas abertas com muitos dos Madalena. O desafio assumido
ex-presidente da Unimed Campo políticos que assumiram cargos do meio político, como Moro, é o de trabalhar o cooperativis-
Grande (MS). Já em seu discurso
MAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO BRASIL, COMO A REFORMA importantes no novo governo”, Heleno e Guedes, ainda não têm mo – de todos os portes – com
de posse, ele citou nominalmente TRIBUTÁRIA E A REFORMA DA PREVIDÊNCIA” destaca a gerente de Relações ligações diretas com o cooperati- foco em gerar renda para os coo-
a importância do cooperativismo: Institucionais da OCB. É o caso vismo. “Já estamos desenhando perados por meio de uma maior
“Vai aqui o meu respeito à OCB Fabíola Nader Motta, de Lorenzoni, por exemplo. “Por estratégias de aproximação com presença em mercados nacionais
e a todos aqueles que militam gerente de Relações Institucionais da OCB já ter uma trajetória parlamentar os ministros que pertencem ao nú- e internacionais.
cleo duro do governo. Afinal, de-
pende muito deles a aprovação de
pautas importantes, não só para o
nosso movimento, mas para o de-
senvolvimento do Brasil, como a
reforma tributária e a reforma da
previdência”, analisa a gestora.

Proximidade com
o agronegócio
No Ministério da Agricultura, que
sempre teve relações muito estrei-
tas com o setor, o comando está
com a deputada Tereza Cristina,
membro muito atuante da Frente
Parlamentar do Cooperativismo
(Frencoop) e ex-presidente da
Frente Parlamentar da Agrope-
cuária (FPA). Em seus discursos,
ela destacou o cooperativismo

12 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 13


NÚCLEO DE DECISÃO
O trabalho realizado já tem rendi-
do frutos. Em fevereiro, a ministra
Tereza Cristina recebeu do Sistema
Cidadania
da OCB o Plano de Desenvolvi- Ainda mirando as novas estrutu-
mento Cooperativo do Semiárido ras, o novo Ministério da Cidada-
Brasileiro, que comporá a estraté- nia também merece atenção do
gia do governo para a região, for- cooperativismo. A pasta, que está
mada pelos estados de Alagoas, sob o comando de Osmar Terra,
Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraí- passou a integrar políticas de de-
ba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande senvolvimento social, cultura e es-
do Norte e Sergipe. O plano traça porte, e designou um secretário
um panorama macro com sete ei- ECONOMIA MILITAR
especial para cada uma das áreas. Paulo Guedes, General Augusto Heleno,
xos de desenvolvimento que pos- No caso do desenvolvimento so- Ministro da Economia Ministro do Gabinete
sam contribuir para o progresso ru- cial, o escolhido foi o ex-deputado de Segurança Institucional
ral sustentável, o fortalecimento de federal Lelo Coimbra, que foi Di-
atividades agroindustriais, a conso- retor da Frencoop e nutre relações
lidação e expansão da infraestrutu- muito próximas com o cooperati-
ra regional e a organização social. vismo. Ele foi o responsável pela
relatoria do Projeto da Lei Geral Presidente Jair Bolsonaro
Mais recentemente, em abril, o pre- do setor (PL nº 519/2015), na Co-
sidente do Sistema OCB, Márcio missão de Trabalho da Câmara dos
Lopes de Freitas, entregou à minis- Deputados.
tra a versão impressa das propostas Faça o download da
do sistema cooperativista ao Pla- publicação e veja
Vale destacar ainda que a secre-
todas as propostas
no Agrícola e Pecuário e ao Pla- do Sistema OCB taria de Lelo absorveu também as SEGURANÇA POLÍTICA
no Safra da Agricultura Familiar para o Plano Agrícola atribuições de outras seis secreta- Sérgio Moro, Onix Lorenzoni,
– 2019/2020. Entre as sugestões e Pecuário e para rias. As mais importantes para o Ministro da Justiça e Ministro-Chefe da Casa Civil
apresentadas, destacam-se redu- o Plano Safra da Segurança Pública
Agricultura Familiar cooperativismo são: a Secretaria
zir as das taxas de juros do custeio Nacional de Inclusão Social e Pro-
agropecuário e restabelecer a me- dutiva Urbana, que tem o depar-
todologia de cálculo da exigi- tamento de economia solidária; extinto Ministério do Trabalho, e “É HORA DE PERGUNTARMOS NÃO O QUE O BRASIL PODE
bilidade de crédito rural para a Secretaria Nacional de Inclusão
média mensal. Social e Produtiva Urbana, que
agora tem status de departamen- FAZER PELO COOPERATIVISMO, MAS O QUE NÓS PODEMOS
to. “A secretaria perde status em FAZER PELO PAÍS. O BRASIL PRECISA DO COOPERATIVISMO
lida com os assuntos relacionados termos de cargos, passando a ser
às compras institucionais da agri- um departamento, mas vai con- E NÃO VAMOS SER OMISSOS. ESTAREMOS PRESENTES E
cultura familiar no Programa de tinuar discutindo questões sobre ATUAREMOS PARA AJUDAR O PAÍS A SAIR DESSE NÓ QUE SE
Aquisição de Alimentos (PAA); e
a Secretaria Nacional de Econo-
o cooperativismo. Antes, quando FORMOU NESSES ÚLTIMOS ANOS”
fazia parte da estrutura do Minis-
mia Solidária, que antes estava no tério do Trabalho, havia por ve- Evair de Melo,
zes uma dificuldade de diálogo. presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo
Agora, a sinalização tem sido po-
sitiva para uma maior aproxima-
ção”, aponta a gerente institucio-
nal do Sistema OCB.

14 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 15


Ainda na área econômica, há, por NOVO CONGRESSO expectativa que os parlamentares
trazem consigo”, defende o deputado.
parte do governo, um novo olhar NACIONAL
em relação ao comércio exterior
Evair está em seu segundo mandato
e à abertura de mercados, o que Renovação foi o recado que veio e tem uma atuação parlamentar forte
pode impactar o cooperativismo das urnas em 2018. A 56ª Legislatura no tema do cooperativismo. Ele
de diferentes maneiras. Se, por começa com 85% de renovação conta que está fazendo um trabalho
um lado, a busca por novos mer-
Pontos de Ainda de olho na pauta do gover- no Senado e 47% na Câmara dos de “catequese” para apresentar os
cados pode significar expansão no, a agenda de reformas entra Deputados. Entre os deputados pilares do cooperativismo aos novos
dos negócios, por outro, há o im- também como um ponto de aten- eleitos, 115 estão em seu primeiro parlamentares e defende que o
atenção pacto da importação de produtos.

Para alguns setores, como o da


ção. A primeira já encaminhada
para ser debatida pelo Congresso
mandato eletivo, o que representa
quase metade dos novos eleitos. O
perfil do novo Legislativo e as ações
movimento deve ser gradativo para
crescer de forma consistente.
Nacional é a da Previdência, que
Além dos nomes que devem ser produção de leite, por exemplo, tem atenção total do governo e prioritárias para o cooperativismo no “No sentido macro, a grande
observados no governo Bolsona- há uma discrepância competitiva está sendo acompanhada pela Congresso Nacional também estão contribuição do cooperativismo para
ro, o estudo lista também “pontos com produtores de outras regiões. Gerência Institucional do Sistema no estudo elaborado pela Gerência o Brasil é apresentar um modelo
de atenção” entre os principais É necessário desburocratizar e ga- OCB. “Nosso posicionamento Institucional do Sistema OCB. de organização social que dialogue
temas e ações nesse início de ges- rantir mais infraestrutura para pro- tem sido favorável à reforma, mas com todo o território nacional. É um
tão que podem impactar o setor porcionar a competitividade – de- ao mesmo tempo a gente tem “É um desafio ter novos parlamentares modelo de organização coletivo que
do cooperativismo. Na economia, mandas que já foram levadas pelo atenção às questões que podem chegando, e muitos até de primeiro consegue organizar o setor produtivo
o destaque é um menor ímpeto Sistema OCB ao novo governo: afetar as cooperativas”, completa mandato. Nossos analistas estão e de serviços, consegue distribuir
do governo nas políticas de sub- “Nós fizemos um posicionamento Fabíola. Na esteira, uma possível fazendo um trabalho sistemático renda e conseguiu sobreviver com
sídio e financiamento público, em e abrimos uma mesa de conversa, reforma tributária será um ponto de aproximação com esses novos transparência e retidão, mesmo nas
alinhamento com o discurso libe- e o indicativo inicial foi muito posi- de grande atenção para o setor, deputados e senadores, apresentando adversidades políticas e econômicas
ral do ministro Paulo Guedes. tivo de que o governo vai se aten- uma vez que poderá afetar dire- o cooperativismo, a OCB e explicando que o país passou”, aponta o
tar para isso, para dar o suporte tamente os negócios do coope- como é o funcionamento das frentes parlamentar.
“Há uma discussão muito forte no necessário para que a competição rado – de forma positiva ou ne- parlamentares”, explica Fabíola.
governo sobre a redução de sua seja justa”, diz Fabíola. gativa, a depender do teor. Entre as pautas prioritárias para o
participação na economia para A gestora destaca o trabalho que vem Legislativo, Evair de Melo destaca que

Reformas à vista
diversos setores, seja nas políti- sendo feito para a reinstalação da o “sonho” seria a consolidação do
cas de subsídio, crédito agrícola e Frente Parlamentar do Cooperativismo ato cooperativo (PLP nº 271/2005).
energia elétrica”, aponta Fabíola. (Frencoop). Nossa Frente já tem novos Ele também aponta a necessidade de
Historicamente, o setor agrícola diretores e presidente – cargo que acompanhar de perto as reformas que
tem contado com programas de nesta Legislatura foi assumido pelo
Outra discussão que merece aten- tramitarão nas Casas.
suporte na área de crédito e se- deputado Evair de Melo (ES). “Os
ção – e que já vem desde os go-
guro agrícola, além do subsídio parlamentares que chegam à Casa
vernos Dilma Rousseff e Michel “É hora de perguntarmos não o que o
de energia elétrica para irrigação. vieram com espírito de mudança, mas
Temer – é um possível corte nas Brasil pode fazer pelo cooperativismo,
verbas do Sistema S. O Siste- trazem consigo muita responsabilidade mas o que nós podemos fazer
“O governo já iniciou esse proces- com a coisa pública, exigindo
ma OCB participa da estrutura pelo país. O Brasil precisa do
so de mudança, mas não sabemos transparência, retidão e um diálogo
por meio do Serviço Nacional de cooperativismo e não vamos ser
com qual velocidade. É importan- franco e republicano com a sociedade.
Aprendizagem do Cooperativis- omissos. Estaremos presentes e
te estarmos atentos a movimentos A agenda do cooperativismo e a
mo (Sescoop), e possíveis mudan- atuaremos para ajudar o país a sair
programas dessa natureza, por- forma como ele opera faz uma entrega
ças podem impactar os trabalhos desse nó que se formou nesses últimos
que eles podem impactar forte- exatamente na linha dessa nova
desenvolvidos pela entidade. anos”, defende o deputado.
mente os negócios de nossas coo-
perativas. Nós estamos realizando
“Nosso “S” tem participação pe-
diálogos com o governo, ou para
quena dentro do orçamento geral,
minimizar cortes, ou para fazê-los
mas é um orçamento importante
de forma mais gradual”, destaca a
para fortalecer a gestão das coo-
gerente da OCB.
perativas, que não deve ser des-
viado para outras finalidades”, ex-
plica a gestora.

16 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 17


SEMENTES

Abrindo
Por Naiara Leão

A
os vinte e poucos anos, Carlos Alberto de Oli-

portas

NINGUÉM
veira quase desistiu de sua terra natal. Apesar
do amor pela Paraíba, pensava em mudar-se
para o Rio de Janeiro ou São Paulo em busca
de oportunidades de trabalho. Carlos Alberto é
deficiente físico. Nasceu sem um segmento de um dos Na Coppd de Carlos Alber-
braços, que termina no cotovelo – e essa característica to, os cooperados atuam na
acabava por fechar portas no mercado de trabalho. Sua área de um estacionamento
sorte, no entanto, começou a mudar quando conseguiu tarifado pelo município, co-
nhecida como Zona Azul, por
o primeiro emprego como porteiro. Três anos depois,
meio de um convênio com a
mais consciente de que a deficiência não lhe limitava
prefeitura. Atualmente, são
profissionalmente, juntou-se à Cooperativa Paraibana
19 deficientes físicos traba-
dos Portadores de Deficiência (Coppd), em Campina

a
lhando no local. A parceria
Grande. Desde então, trabalha organizando o estacio-

c
existe há 20 anos, mas era

fi
namento rotativo da cidade, a chamada Zona Azul.
celebrada por meio de uma
ONG. Em 2009, uma mudan-
“Gosto demais de trabalhar aqui, porque estou em con-
ça na legislação exigiu a des-
tato com o público, atendendo. A maioria das pessoas
continuidade do contrato e
da cidade já me conhece, pergunta pelas vagas e até
foi então que os trabalhado-
deixa a chave do carro comigo, porque passamos con-
res se organizaram em uma
fiança”, conta, sorridente.
cooperativa para seguirem
exercendo sua atividade.
A história de Carlos Alberto é uma em meio a diversas
iniciativas cooperativistas de inclusão social espalhadas Para muitos deles, a Coppd
pelo país. Algumas, como a Coppd, são cooperativas apresentou a oportunidade
voltadas especialmente para a colocação de deficientes do primeiro emprego. Foi
no mercado de trabalho. Outras cuidam de outras mino- assim com Gisele Rodrigues,
rias, como mulheres, dependentes químicos ou, no caso

a
cooperada há um ano e

r
da Coopereso de Sorocaba (SP), presidiários. Existem, meio. “Tenho deficiência em

f o
ainda, as cooperativas como a Unimed Londrina, que uma das pernas, encurtada
buscam ativamente inserir deficientes em seu quadro de e mais fina, por isso manco

de
colaboradores. um pouco. Tentei arrumar
ENTENDA COMO O COOPERATIVISMO
trabalho em várias empresas
AJUDA A INCLUIR PESSOAS COM Tais iniciativas são importantes para aumentar a represen- e nunca consegui. Aqui eu
DEFICIÊNCIA E EGRESSOS DO SISTEMA tatividade de grupos que têm dificuldade para se inserir no gosto de trabalhar porque
mercado de trabalho brasileiro. No caso das pessoas com é tranquilo e os clientes nos
PRISIONAL DANDO A ESSES E OUTROS algum tipo de deficiência, apenas 1% (cerca de 403 mil) es- tratam bem”, diz.
GRUPOS MARGINALIZADOS NOVAS tão formalmente empregadas, segundo dados do Institu-
PERSPECTIVAS DE VIDA to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um número Segundo o presidente Jean
inexpressivo, considerando a Lei de Cotas (nº 8.213/1991), Araújo Gomes, a cooperati-
que determina: pelo menos 2% dos colaboradores de em- va oferece uma alternativa
presas com mais de cem funcionários devem ser pessoas mais estável aos cooperados
com deficiência. Esse número está longe de ser realidade. do que empresas comuns.
“Há mais de três anos que a
Essa inclusão cooperativista, portanto, cumpre um impor- fiscalização [da Lei de Cotas]
tante papel social. E ainda gera cooperação interna nas parou de acontecer por aqui
empresas, na educação, no aperfeiçoamento constante e e as empresas tradicionais
no interesse pela comunidade. Conheça a seguir a história aumentaram as demissões
de três cooperativas que já descobriram o poder da inclu- de deficientes. Como coo-
são e como seus benefícios atingem não apenas os grupos perativa, damos estabilida-
marginalizados, mas toda a comunidade ao seu redor. de e continuidade”, conta.

18 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 19


tão, contatou a instituição social
que ela frequenta e pediu para
reforçarem o ensino. Em pouco
tempo, ela estava adaptada.

Em outro caso, uma funcionária


com deficiência inicialmente de-
signada para a recepção mos-
“COMO TODO trou-se tímida e foi realocada
para uma função administrativa.

MUNDO É “Agora ela está dando show, a


gerente está adorando o trabalho

DONO, CADA
dela. É só questão de adapta-
ção”, conta Fabianne.

UM DÁ O SEU A primeira colaboradora do pro-


jeto que chegou à Unimed Lon-

MELHOR PARA Gisele Rodrigues, 30


drina, em 2016, foi Gracielle
Nicolino, que tem deficiência in-
telectual e atua na farmácia. Sua
A COOPERATIVA colaboração deu tão certo que,
recentemente, o setor pediu por

CRESCER E ABRIR Compromisso


desenvolvimento humano, o se-
tor de responsabilidade social,
mais uma contratação. “Ela é uma
querida, abriu portas para outras

PORTAS PARA
um psicólogo ou assistente social pessoas, e agora é ela quem en-

muito além e, em muitos casos, um familiar sina e dá direcionamento à nova


ares

do candidato discutem suas ha- funcionária”, diz Fabianne.


MAIS PESSOAS”
Fotos: Jéssica So

bilidades e restrições para checar

CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA,


34 anos, cooperado da Coppd
Carlos Alberto Oliveira, 34
da legislação se ele está apto para determina-
da vaga. Se necessário, contam
A gerente destaca, ainda, como
as contratações são benéficas não
só para os contratados, mas para
também com intérprete de Li-
bras. “Temos um trabalho deta- os demais funcionários e até para
A Unimed Londrina, no Paraná, lhado para que eles consigam ter as instituições sociais da cidade.
sempre teve colaboradores com uma função adaptada às suas li- “Os funcionários só se surpreen-
A segurança de emprego e a de doação de equipamentos or-
limitações físicas, mas em 2016 mitações, mas também sintam-se dem positivamente. Mesmo
possibilidade de crescimento topédicos, como cadeira de ro-
implantou um programa específi- desafiados”, explica. quando alguém tem dificuldade,
também são pontos destacados das, de banho e muletas a pes- co para ampliar o quadro com a eles apoiam a adaptação e isso
por Carlos Alberto: “o modelo de soas necessitadas. Uma iniciativa inclusão de pessoas com deficiên- Além disso, o candidato é en- muda o olhar deles para serem
cooperativa é bom porque é es- apresentada à sociedade, inclu- cia intelectual e deficiência auditi- caminhado para conhecer sua mais pacientes e trabalharem em
tável. Como todo mundo é dono, sive, no Dia C. Dessa forma, eles va severa e profunda. Atualmente, potencial área de trabalho. “Ele equipe. É motivador.” Ela conta,
cada um dá o seu melhor para a estendem os benefícios da coo-
cooperativa crescer e abrir portas cerca de 5% dos seus mais de 600 é levado à área para fazer um ainda, que no início da contrata-
perativa a toda a comunidade e colaboradores possuem alguma ção de deficientes auditivos foi
para mais pessoas”, afirma. reconhecimento, ver se sente-se
não somente aos cooperados. deficiência. Eles estão alocados preciso contar com intérpretes
bem ali. Afinal, ele também tem
Essas portas são abertas, inclusi- em áreas diversas, como apoio de aceitar a Unimed, não é só a de Libras, mas que agora muitos
O presidente destaca, que para operacional, financeiro, gestão de funcionários decidiram fazer o
ve, para não cooperados. A Co- Unimed aceitá-lo”, diz.
Conheça o realizarem tantas atividades, o contas, atendimento, SAC, farmá- curso disponibilizado pela coope-
ppd encaminha interessados para
programa social do suporte do Sistema OCB/PB é cia e controladoria. Uma vez contratados, esses no- rativa para se comunicarem com
vagas em outras empresas, como
cooperativismo fundamental. “Aqui no Nordeste vos profissionais passam por um os colegas surdos.
empresas de ônibus, hospitais e
indústrias. “Há pouca procura, não se trabalha tanto em coope- Conforme explica a gerente de período de adaptação acompa-
mas dos pedidos de empresas rativas, não se conhece o coope- Responsabilidade Social, Fa- nhado de perto pelo chefe dire- Para ela, a iniciativa mostra o
que já recebemos, 99% conse- rativismo a fundo. Então, o apoio bianne Piojetti, o Projeto Unir é to. Houve funcionária com defi- compromisso da Unimed com
guimos encaminhar”, conta Jean. deles é essencial. Sempre que focado em duas etapas: a sele- ciência intelectual, por exemplo, um dos sete princípios coopera-
precisamos de informação, eles ção e, em seguida, a adaptação que apresentou dificuldade de tivistas: o interesse pela comuni-
Além de colaborar com a inclu- vêm, oferecem cursos e nos aju- da pessoa com deficiência. Du- leitura, habilidade necessária dade. “Muitas empresas buscam
são, a Coppd tem um projeto dam”, afirma o presidente. rante a seleção, a assessoria de para sua função. A Unimed, en- só preencher a cota exigida por

20 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 21


FIQUE

Foto: Unimed Londrina


lei, mas o que elas têm feito pelo
aprendizado e pela permanência
desses colaboradores? Aqui te- LIGADO
mos um interesse genuíno pela As cooperativas
comunidade”, diz. apresentadas nessa
matéria ajudam a cumprir
os seguintes Objetivos de
“Em Londrina, chegamos a esti- Desenvolvimento Sustentável
mular que as instituições sociais da Agenda 2030:
olhem para as pessoas assistidas
por elas como potenciais profis- 1. Erradicação
sionais. No começo, tínhamos difi- da Pobreza
culdade de conseguir indicações,

Foto: Coopereso
até currículos, mas agora eles tam-
bém despertaram-se para uma 8. Trabalho Decente e
organização nesse sentido. É um Crescimento Econômico
projeto social completo”, afirma.

Além do Projeto Unir, a Unimed 10. Redução das


Londrina também participa da Desigualdades
campanha da Unimed Nacional Ex-detentos agora cuidam das praças e espaço públicos de Sorocaba
Eu ajudo na Lata desde 2013, e
já doou mais de cem cadeiras de
rodas a mais de 30 instituições.

“PARA NÓS, PRINCÍPIOS


Derrubando COOPERATIVISTAS
Gracielle Nicolino
TRABALHAR COM
preconceitos PESSOAS COM Além do emprego, a Coopereso
E AGENDA 2030
A inclusão econômica e
oferece apoio psicológico e assis- comunitária de grupos em
A Cooperativa de Egressos e Fa-
miliares de Egressos (Coopereso)
Foram três anos difíceis, até que
em 2007 a Coopereso firmou
Atualmente, há 110 cooperados
na Coopereso, mas o número já
DEFICIÊNCIAS tência social. “Trabalhamos com
núcleo familiar, tentamos decifrar
situação de vulnerabilidade
social atende ao 7º princípio
de Sorocaba (SP) surgiu em 2004
É UM GANHO,
chegou a 190. Segundo Miraci, se a pessoa tem problema com os cooperativista, o “interesse pela
com o objetivo de ajudar ex-presi- convênio com o município para
filhos, com os pais e buscamos dar comunidade.” Além disso, ao
diários – chamados egressos por- realizar a manutenção de praças o modelo cooperativo funciona
uma assistência completa.” estimular o aperfeiçoamento
bem porque “cada componente,
PORQUE AS
que deixaram o sistema prisional e espaços públicos – com podas, contínuo de seus cooperados
– a conseguirem trabalho. “A ci- jardinagem e pequenos reparos. cada pessoa é importante, tanto
Com o tempo, alguns encontram ou funcionários, atende ao
dade era preconceituosa em rela- A partir dessa chance, os egres- para o projeto coletivo quanto
emprego noutras empresas; ou- 5º princípio, que se refere
ção a essas pessoas e não oferecia
possibilidades de emprego”, lem-
sos puderam mudar o olhar da
população sobre sua categoria.
para construir nova perspectiva
de vida.” O índice de reincidên- DIFICULDADES tros tornaram-se empresários;
e os que deixam a cooperativa
à promoção de “Educação,
Formação e Informação.”

SÃO RESOLVIDAS
bra a presidente Miraci Cugler. cia entre os que passaram pela a indicam para novas pessoas e
“Há dez anos, quando se forma- cooperativa é de apenas 1%. vão renovando as oportunidades. Mas não é só isso. O trabalho
A ideia de criar uma cooperativa ram as equipes nas praças públicas Há ainda aqueles que seguem na com grupos socialmente
surgiu em reuniões de egressos
com a equipe da Fundação de Am-
para fazer as atividades, os mora-
dores chamavam a viatura para sa-
“Tentamos passar para o egres-
so que há uma oportunidade de POR TODOS E cooperativa e se envolvem com
sua gestão, tornando-se também
ou economicamente
marginalizados também tem
vida dentro da legalidade. Nos
NOS TORNAM
paro ao Preso (Funap). No entanto, diretores, conselheiros e gesto- tudo a ver com os objetivos da
ber o porquê de aquelas pessoas seis primeiros meses, a pessoa
os primeiros anos de trabalho mos- res. “Numa cooperativa o que se Agenda 2030 da Organização
estarem ali, pois temiam que se sai do sistema prisional revolta-
traram que vencer o desafio do prega é que todos somos iguais. das Nações Unidas (ONU),
preconceito não seria fácil. A pro-
posta de uma cooperativa de reci-
juntassem para furtar as casas ao
redor. Hoje é o contrário. Quando
da contra o Estado, sentindo que
não fizeram nada por ela. Quan- MAIS UNIDOS.” Quem vem demonstrando inte-
resse, acaba por encabeçar fun-
que têm sido incentivados
por entidades cooperativas
clagem não vingou porque muitos a comunidade tem problema em do encontra essa oportunidade, ções, e assim temos crescido para internacionais por proporem
comerciantes temiam furtos e não uma praça, ligam e pergunta onde ela tem uma mudança de men- FABIANNE PIOJETTI, nos sentirmos parte da sociedade metas muito similares às
queriam os egressos circulando está a nossa equipe para resolver talidade, um resultado positivo e gerente de Responsabilidade e integrarmos mais pessoas”, re- que as cooperativas já vêm
por seus estabelecimentos. aquele problema.” sai abraçando a causa”, diz. Social da Unimed Londrina sume a presidente. realizando há anos.

22 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 23


CONGRESSO
Durante o 14º CBC, os partici- propostas de diretrizes estraté-
pantes terão a oportunidade de gicas que ajudem a aprimorar a
assistir a palestras e discutir pro- situação das cooperativas, dos
postas para superar os principais cooperados e do cooperativismo
desafios apresentados. Também de modo mais amplo.
serão oferecidas oficinas e apre-
sentações de casos de sucesso Na manhã do terceiro dia, será
que servirão para estimular o de- realizada a plenária onde as
bate e a troca de ideias. propostas do dia anterior serão
apresentadas, discutidas e priori-
zadas – chegando a um conjunto
REPRESENTATIVIDADE de diretrizes para maior competi-
tividade e integridade do coope-
Depois da abertura oficial, que rativismo no futuro.
contará com a participação dos

O FUTURO a !
diretores e do presidente do Sis- “Esperamos reunir um núme-
tema OCB, do presidente da ACI ro grande de representantes de
e de representantes do novo Go- cooperativas de todo o Brasil para
verno, os participantes poderão se garantir a diversidade de ideia e
opiniões sobre os temas a serem

r
concentrar nas palestras, oficinas e

o
debatidos”, explica o superin-

g
apresentações de casos de sucesso

é a
relacionados aos seis temas princi- tendente. “É justamente essa di-
pais do congresso. Esses eventos versidade que contribui para dar
ocorrerão na tarde do primeiro dia unidade ao movimento, além de
e na manhã do segundo. um senso de pertencimento e de
reponsabilidade mútua pelo futu-
Na tarde do segundo dia, se- ro do cooperativismo.”

DIRIGENTES, REPRESENTANTES rão realizadas reuniões temáti-


cas com os congressistas. Esses Os nomes dos palestrantes do
DE UNIDADES ESTADUAIS E encontros são a oportunida- congresso serão divulgados em
COOPERADOS REÚNEM-SE de de aprofundar a discussão, breve no site do evento.
com a elaboração e votação de www.cbc.coop.br
NA CAPITAL FEDERAL PARA
DISCUTIR OS RUMOS DO
COOPERATIVISMO NO ANO EM
QUE A OCB COMPLETA 50 ANOS

Por Lilian Beraldo cooperativas e será o principal “A competitividade é a capaci-

É
resultado do 14º Congresso Bra- dade de a cooperativa formular

Importante
tempo de pensar no ama- sileiro do Cooperativismo (CBC). e implementar estratégias con-
nhã! Para ser reconhecido correnciais, que lhe permitam
até 2025 por sua compe- Com o mote “O cooperativismo ampliar ou conservar, de forma
titividade, integridade e do futuro se constrói agora”, o duradoura, uma posição sus- Para ser congressista, ter direito a fala e
capacidade de deixar as próximo CBC terá seis temas tentável no mercado.” explica a voto, é necessário ser dirigente de uma
pessoas felizes, o cooperativis- principais: comunicação; gover- Nobile. “ Sem competitividade, cooperativa (singular, central/federação
mo precisa planejar seu futuro. É nança e gestão; inovação; inter- não há como as cooperativas ou confederação) ativa e regular com a
por isso que, de 8 a 10 de maio, cooperação; mercado; e repre- prosperarem. Mas elas preci- OCB. Vale lembrar que somente será aceita
representantes das cooperativas sentação. sam fazer isso mantendo sua uma inscrição por CNPJ. Também serão
brasileiras de todo o Brasil se identidade de cooperativa, ou disponibilizadas vagas para observadores.
reunirão, em Brasília, para defi- Para o superintendente do Siste- seja, a sua integridade, respei-
nir as diretrizes estratégicas do ma OCB, Renato Nobile, o grande tando os princípios cooperati-
nosso movimento. O documento desafio está em aliar a manuten- vistas e o diferencial que pos-
servirá de insumo para a atuação ção da identidade cooperativista suem com relação às empresas
do Sistema OCB e das próprias e a busca por competitividade. convencionais.”

24 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 25


Conheça os temas centrais do 14º CBC
foco das discussões sobre a
comunicação o modo como o
Sistema OCB e as cooperativas
estão lidando com as novas
tecnologias da informação e
comunicação. Para completar,
identificaremos quais são
INTERCOOPERAÇÃO MERCADO
os melhores caminhos para REPRESENTAÇÃO
promover o reconhecimento As mudanças na política
Um dos princípios internacionais
e dar visibilidade ao econômica brasileira e seus Qual é o papel de representação
do cooperativismo, a
cooperativismo. impactos nos mercados de da OCB perante o público
intercooperação, é um desafio
abrangência das cooperativas externo (tomadores de decisão
COMUNICAÇÃO INOVAÇÃO constante do nosso setor. As
oportunidades de negócios e estão na pauta de debates e formadores de opinião) e o
as trocas de conhecimentos são desse tema. Traremos público interno (cooperativas e
Transformar o cooperativismo A sobrevivência de negócios
inúmeras e as formas de melhor especialistas para falar sobre conselhos de ramos), em âmbito
em uma pauta nacional, e organizações passa pela
explorá-las para fomentar o os impactos das reformas nacional e também estadual? Em
difundindo o seu real significado inovação, que pode ser
desenvolvimento econômico e que estão por vir e dos um ano de mudanças de governo
e sua enorme relevância para o definida como o “futuro
institucional das cooperativas cenários de privatizações, e eleição de um novo Congresso
desenvolvimento da economia desejável acontecendo agora.”
são foco desse tema. Os redução de subsídios, Nacional, como podemos
brasileira e de nossa sociedade. Vários desafios se impõem,
debates devem abordar tanto investimentos em infraestrutura aproximar o cooperativismo da
Essa é uma das questões centrais como a necessidade de
a intercooperação intersetorial, e alterações nos tributos. pauta nacional e estadual? Que
a serem debatidas durante o desburocratização de estruturas
com ênfase nos exemplos Também serão abordados legislações e regulações urgem
14º CBC. Vamos pensar, ainda, e processos, num mundo
e nas vantagens de efetuar novos mercados nos quais o ser alteradas? Como podemos
em estratégias para disseminar onde emergem modelos de
a cooperação entre ramos cooperativismo pode atuar ou conhecer melhor os pleitos da
informações sobre a qualidade negócios mais ágeis, flexíveis
diferentes do cooperativismo,
de nossos produtos e serviços; e disruptivos. Como podemos aumentar sua participação, base cooperativista e ter acesso
quanto a intercooperação
desfazer conceitos equivocados tornar o cooperativismo um como, por exemplo como: aos dados que serão o insumo
setorial, por meio de modelos
e divulgar nossos valores e terreno fértil para o surgimento cooperativismo de plataforma; para defesa e representação
e boas práticas que conseguem
princípios. Também está no de inovações em larga, média internacionalização; geração de nosso setor? Essas são
trazer benefícios a cooperativas
e pequena escala? Afinal, distribuída; e contratações algumas das questões a
antes tidas como concorrentes.
queremos ser protagonistas públicas. debater durante o 14º CBC.
no desenvolvimento de novas
GOVERNANÇA tecnologias.
E GESTÃO
QUEM PARTICIPARÁ superintendentes das Organizações Estaduais
de Cooperativas; e conselheiros da OCB.
O objetivo aqui é discutir, entre DO EVENTO
outras questões, a preparação
OBSERVADORES: convidados do
das cooperativas para a
transformação digital; o desafio 1500 pessoas são esperadas no 14º CBC. Sistema OCB, academia, organismos
de cativar novas gerações e Veja em qual categoria você se encaixa: internacionais, entidades públicas e privadas,
desenvolver novas lideranças fundações e institutos ligados
diante do envelhecimento do CONGRESSISTAS: dirigentes das ao cooperativismo.
quadro social das cooperativas; cooperativas brasileiras ativas e regulares
como torná-las mais ágeis e com o Sistema OCB e grupo de jovens e CONVIDADOS DE HONRA: autoridades
competitivas sem perder de mulheres de cooperativas brasileiras ativas e nacionais e internacionais presentes.
vista os princípios e valores regulares.
cooperativistas. Nosso desafio: EQUIPE TÉCNICA: colaboradores do Sistema
romper com estruturas CORPO DIRETIVO: diretoria executiva OCB; especialistas temáticos; e o coordenador
hierarquizadas; e modernizar e colegiada da OCB; presidentes e técnico do 14º CBC.
nossa gestão.

26 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 27


RECEITA PARA
Conheça os órgãos públicos que participaram
SOMOSCOOP
Ainda segundo a gestora, a aproxi-
mação entre a base cooperativista do programa Conhecer para Cooperar – Ramo
e o órgão regulador traz benefícios Saúde (em ordem alfabética)
para ambas as partes. “É impor-
tante que as cooperativas de- • Agência Nacional de Saúde Suplementar

n t o
monstrem suas necessidades para (ANS) – agência reguladora vinculada ao

i m e
discutirmos o que poderia ser me-

v
Ministério da Saúde responsável pelo setor

v o l
lhorado na matéria regulatória, a de planos de saúde no Brasil. De forma

s e n
fim de conseguirmos um mercado

e
simplificada, a regulação pode ser entendida

o d
eficiente para os dois lados. Afinal, como um conjunto de medidas e ações do
a Agência atua como o regulador Governo que envolvem a criação de normas,
de um mercado que leva em con- o controle e a fiscalização de segmentos
sideração; três cenários diferentes: de mercado explorados por empresas para
beneficiário, prestador de serviço assegurar o interesse público.
e operadora.” 
• Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) – fundado

COOPERATIVAS DE SAÚDE governo federal e os órgãos


Resultados em 1952, é um dos maiores bancos de
desenvolvimento do mundo e, hoje, o
principal instrumento do Governo Federal
LISTAM 9 MEDIDAS CAPAZES
DE ALAVANCAR O SETOR.
reguladores do setor sobre
as especificidades do nosso
modelo de negócios. E foi
concretos para o financiamento de longo prazo e
investimento em todos os segmentos da
economia brasileira.
DOCUMENTO É FRUTO DE UM justamente para enfrentar
O retorno da imersão de agen- • Banco Regional de Desenvolvimento do
PROJETO DE APROXIMAÇÃO esse último problema, que
Extremo Sul (BRDE) – instituição financeira
o Sistema OCB convidou tes públicos no ramo saúde já
QUE LEVOU REPRESENTANTES representantes de cinco ór- começou a trazer resultados para pública de fomento, controlada pelos três
DA ANS, MINISTÉRIO DA gãos-chave do governo (veja o cooperativismo brasileiro. Um estados da região Sul do País. Seus objetivos
deles foi o avanço nas discussões principais são apoiar e acompanhar o
SAÚDE, CAD E E BANCOS quadro) para uma imersão no
desenvolvimento de projetos para aumentar
universo cooperativista. Durante com o Banco Nacional do Desen-
PÚBLICOS PARA CONHECER onze meses, eles participaram do proje- volvimento Econômico e Social a competitividade de empreendimentos de
A BASE COOPERATIVISTA, O to Conhecer para Cooperar – Ramo Saúde, (BNDES) sobre aprovação de li- todos os portes na região.
nhas de crédito para as nossas
CONHECER PARA COOPERAR criado justamente para aproximar tomado- • Conselho Administrativo de Defesa
res de decisão e formadores de opinião da cooperativas de saúde.
Econômica (CADE) –  autarquia federal,
realidade das nossas cooperativas. vinculada ao Ministério da Justiça, que tem

Q
Outra conquista importante: a Or-
por missão zelar pela livre concorrência no
uando o assunto é cooperativismo O projeto – realizado pela Casa do Coo- ganização das Cooperativas Bra-
mercado, sendo a entidade responsável,
de saúde, nós somos os pioneiros. perativismo em parceria com a Faculdade sileiras (OCB) foi convidada a par-
ticipar de câmaras e conselhos do no âmbito do Poder Executivo, não só por
Foi aqui mesmo, no Brasil, que sur- Unimed – levou profissionais e gestores
Ministério da Saúde – o que já co- investigar e decidir, em última instância,
giu a primeira cooperativa desse para ver de perto a realidade das coope-
meçou a acontecer extraoficialmen- sobre a matéria concorrencial, como também
setor do mundo: a União dos Médi- rativas médicas e odontológicas de seis
te. Para completar, as cooperativas fomentar e disseminar a cultura da livre
cos (Unimed), na cidade de Santos, em São estados: Minas Gerais; Goiás; São Paulo;
envolvidas no programa ampliaram concorrência. 
Paulo. O ano era 1967 e, de lá para cá, a Ceará; Paraná e Santa Catarina. Eles tam-
ideia ganhou asas. Hoje, centenas de milha- bém passaram por um módulo teórico e o diálogo entre si e caminham para • Ministério da Saúde – órgão do Poder
res de pessoas em todo o mundo confiam outro de encerramento, em Brasília. “Um novos projetos de intercooperação. Executivo Federal responsável pela
sua saúde a uma cooperativa. Somente no dos aspectos que mais me chamaram a organização e elaboração de planos e
Brasil, são quase 25 milhões de pacientes atenção foi o foco no usuário dos serviços “Terminamos esse projeto mais políticas públicas voltados para a promoção,
atendidos por 240 mil cooperados – uma médicos oferecidos pelas cooperativas. próximos das outras cooperativas a prevenção e a assistência à saúde dos
rede médica e odontológica que já cobre Apesar de o ramo saúde ser uma ativida- e dos órgãos púbicos”, elogiou brasileiros. É função do Ministério dispor de
85% do território nacional. de de negócio, os cooperados nunca dei- o presidente da Unimed do Bra- condições para a proteção e recuperação
xaram de lado a ideia de que eles e suas sil, Orestes Pullin. “Aproximar as da saúde da população, reduzindo as
Apesar de tamanha grandeza, as cooperati- cooperativas cuidam de pessoas. Percebi pessoas e compartilhar soluções enfermidades, controlando as doenças
vas de saúde brasileiras enfrentam diversos que esses dois lados da relação se harmo- para os problemas de nossas ins- endêmicas e parasitárias, melhorando a
desafios: é preciso padronizar a qualidade nizam muito bem”, explicou Lara Brainer, tituições foi um dos principais vigilância à saúde, dando, assim, mais
do atendimento, capacitar os cooperados gerente de contratos e licitações da Agên- aprendizados do projeto Conhe-
qualidade de vida ao brasileiro.
para a gestão do negócio e esclarecer o cia Nacional de Saúde Suplementar (ANS). cer para Cooperar.”

28 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 29


Um olhar Rumo ao crescimento
1
Incentivar a criação de normativos e • Alteração de resolução, no âmbito da
regras de compliance específicas para as ANS, para permitir que as cooperativas
cooperativas de saúde. Para reforçar essa operadoras de planos de saúde possam

internacional
Após levar representantes dos órgãos públicos boa prática, contamos com o apoio da ANS, que oferecer parte de seus ativos garantidores,
para conhecer as particularidades do nosso mode- poderia estabelecer normativos e regras mínimas que lastreiam suas provisões técnicas,
lo de negócios, ficou bem clara para todos os en- obrigatórias de governança para o setor. como garantia de financiamento obtido
junto ao BNDES.

2
volvidos a necessidade de demonstrar – por meio
Uma verdadeira bagagem de Conseguir, junto aos poderes Executivo,

4
de leis específicas e políticas públicas – que o mo- Legislativo e Judiciário, entendimento Reconhecimento efetivo, por todos os
experiências foi embarcada na
mala do diretor executivo do
delo cooperativista de gestão é bem diferente dos e normas que tragam o adequado órgãos governamentais, da Organização
Instituto Europeu de Pesquisa em modelos utilizados por empresas tradicionais: o tratamento tributário às operações praticadas das Cooperativas Brasileiras (OCB) como
Cooperativas e Empresas Sociais, foco não está no lucro, e sim no crescimento dos pelas cooperativas, conceituando o ato uma entidade de fomento e defesa do modelo
o italiano Gianluca Salvatori. Ele cooperados e da coletividade. cooperativo e estabelecendo as regras de cooperativo brasileiro, em consonância com
foi convidado a participar do regime tributário do nosso tipo societário. A a legislação cooperativa vigente e com a
encerramento do projeto Conhecer Com esse intuito, o Sistema OCB elaborou um do- atual legislação prevê a criação de uma lei Constituição Federal. O Sistema OCB entende
para Cooperar e falou sobre o cumento com 9 sugestões de medidas que ajuda- que discipline o que é um ato cooperativo, que há campo para avanços no setor da saúde,
cooperativismo de saúde em outros mas ainda não existe um entendimento semelhante ao que já ocorre, como uma firme
riam a fortalecer o cooperativismo de saúde no Bra-
países e, especialmente, na Itália. legal sistematizado sobre a assunto. Isso realidade, nos setores crédito, agropecuário,
sil. Ele foi entregue ao BNDES, Ministério da Saúde
gera insegurança legal e tributária para as transporte e infraestrutura;
“Na minha terra natal, as e, em breve, será enviado a outros órgãos públicos. cooperativas, especialmente no ramo Saúde.

5
cooperativas de saúde são muito Confira: Reconhecimento efetivo, pelo Ministério da

3
recentes e ainda não têm força. No campo regulatório: Saúde, do cooperativismo como parceiro
Pelo que pude perceber, no Brasil Revisão, pela ANS, da política de Notificação do Poder Público no fortalecimento do
a saúde pública só se desenvolveu de Investigação Preliminar (NIP), cujo Sistema Único de Saúde (SUS) e no atendimento
tardiamente, o que permitiu a principal objetivo é solucionar conflitos entre de qualidade. Há municípios nos quais a
criação de um sistema cooperativo beneficiários e operadoras de planos privados parceria é histórica e benéfica para todos,
importante na área da saúde”, de assistência à saúde. Sugerimos que a em especial para os usuários dos serviços
explica. Agência priorize o caráter educativo e públicos de saúde, atendidos com extrema
Já na Itália, segundo ele, a história corretivo dessa ferramenta; qualidade por profissionais de saúde associados
é completamente diferente. “Nós em cooperativas;
• Proporcionalidade dos valores

6
sempre tivemos um sistema público
das multas com base na Desenvolver atividades de formação e
de saúde de grandes dimensões e
relevância do incidente (ou educação no setor de saúde em parceria
pequenos sistemas cooperativos de
reincidente) gerador; com o Serviço Nacional de Aprendizagem
atendimento à população.”
do Cooperativismo (Sescoop) e com a Fundação/
Para Salvatori, o principal • Tratamento adequado e isonômico Faculdade Unimed;
aprendizado do projeto foi entre as operadoras, respeitando as

7
compreender como as cooperativas características e dimensões de cada Participação da OCB em câmaras, conselhos
de saúde brasileiras aprenderam a negócio, diferenciando exigências e grupos técnicos na ANS e no Ministério
gerenciar organizações complexas, entre medicina e odontologia; da Saúde. Atualmente, o Sistema OCB
como hospitais. participa de 75 câmaras, fóruns e demais
• Maior estabilidade nas normas para efeito instâncias deliberativas do Poder Executivo,
“Nunca tivemos uma escola para a de adequações e cumprimento, uma vez sendo que nenhum deles é na área da saúde;
formação de gestores capazes de que a frequência de alterações atuais

8
gerenciar um hospital. Com certeza, dificulta a otimização dos processos e Incentivar a mudança, cada vez mais rápida
nos próximos anos, começaremos a balizamento de referenciais; e necessária, nos modelos assistencial e
fazer isso de forma intercooperativa de financiamento da saúde brasileira. Esse
e levaremos muito do que • Revisão dos indicadores componentes movimento de mudança já tem sido feito pelo
aprendemos com a experiência das do Índice de Desempenho de Saúde sistema cooperativo de saúde, mas é necessária
cooperativas brasileiras”, declara. Suplementar (IDSS), que indicam se a uma melhor coordenação dos esforços e
atuação das operadoras de saúde está em recursos;
conformidade com o estabelecido pela ANS.

9
Sugerimos a revisão desses indicadores Aprovar, no âmbito do BNDES, adequações
principalmente no que tange aos prazos e às de linhas de crédito voltadas para o setor de
mudanças na composição ano a ano; saúde, que contemplem as necessidades do
cooperativismo. A ideia é avançar nas discussões
Palavra derivada do verbo inglês “to comply”, que significa • Maior flexibilidade nos valores e prazos com o BNDES na questão de garantia de
seguir as regras estabelecidas. Estar em “compliance”, para a composição das provisões financeiras financiamento e que o processo de contratação
portanto, é estar em conformidade com as leis e os estabelecidas pela agência reguladora; seja mais simplificado e menos burocrático.
regulamentos (internos e externos) de um mercado. 

30 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 31


SALTO
INTERCOOPERAÇÃO

rt i p l o
CONHECIDA COMO Por Kelly Ikuma se uniu e há mais amizade”, desta-

D
A CAPITAL DA SOJA istante 206 quilômetros de
ca Divina Mendes, 68 anos, coope-
rada da Coapa – primeira coopera-
NO TOCANTINS, Palmas (TO), o município de
tiva a impactar a comunidade.
PEDRO AFONSO Pedro Afonso vive uma fase
de pleno desenvolvimento.
VIU O PROGRESSO Com apenas 13 mil habitan-
Criada há exatos 20 anos por um
grupo de pequenos produtores
CHEGAR COM TRÊS tes, essa pequena comunidade vi-
rurais, a Coapa ajudou a alavan-
COOPERATIVAS vencia avanços consideráveis nas
car a produção agrícola da re-
áreas de educação, meio ambiente
gião, oferecendo apoio técnico,
e agricultura. E quando pergunta-
infraestrutura para armazenagem
mos a qualquer morador o segredo
dessa boa fase, a resposta é certei- de grãos, além de núcleos de
ra: é tudo fruto da cooperação. participação focados em dois pú-
blicos até então carentes de aten-
Conhecida como a capital da soja ção: os jovens e as mulheres.
no Tocantins, Pedro Afonso viu o

Foto: Lula Lopes


progresso chegar com três coo- “A inclusão e o empoderamento
perativas: a Cooperativa Agroin- desses dois públicos foram funda-
dustrial de Tocantins (Coapa), a mentais para o desenvolvimento
Cooperativa Educacional de Pe- da comunidade”, reconhece Di-
dro Afonso (Coed) e o Sistema de vina. “Graças à cooperativa, pas-
Crédito Cooperativo (Sicredi), samos a participar da vida social
e profissional da cidade e, agora,
“Esses empreendimentos trouxe- desenvolvemos trabalhos para
ram mais movimento, emprego e melhorarmos a renda familiar. No
desenvolvimento para toda a re- grupo de mulheres, fazemos pol-
gião, e não somente para Pedro pas de frutas, doces em compo-
Afonso. Desde a chegada do coo- tas, chocolates, biscoitos, licores,
perativismo, notamos que a cidade paçocas e vendemos na feira.”
Mulheres das cooperativas de Pedro Afonso:
intercooperação para alavancar a economia do município
32 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 33
Além da Coapa, outras duas coo- que ensinamos a cooperar, a di-
perativas instalaram-se em Pedro vidir, e acreditamos nesse forma-
Afonso: a Coed, de ensino; e o to de educação. Um aluno com
Sicredi, do ramo crédito. O trio essa base será um adulto melhor.
decidiu viver, na prática, o prin- Não estamos somente preocu-
cípio da intercooperação, desen- pados com o lado educacional,
volvendo programas e ações em mas também com os valores e os
conjunto para beneficiar a comu- princípios que esses estudantes
nidade. “É uma verdadeira rede levarão para a vida adulta”, ex-
do bem”, explica Ricardo Khou- plicou a diretora-presidente da
ri, presidente da Coapa. “Traba- cooperativa, Gleide Azevedo.
lhamos unidos para promover o
desenvolvimento e a alavanca- Ainda de acordo com Gleide, as
gem da região. Além disso, por crianças e os jovens de Pedro
sermos cooperativistas, temos o Afonso exergam nas cooperativas
compromisso de deixar os recur- um mundo melhor, uma oportu-
sos gerados por nossas atividades nidade de emprego e uma ponte
aqui mesmo, na cidade, gerando para um futuro melhor. Além dis-
emprego, renda e oportunidade so, em sala de aula, aprendem a
para muitas pessoas.” administrar o próprio dinheiro e a
poupar, graças ao apoio de proje-
tos educacionais do Sicredi.

Ponte para “A atuação conjunta da Coed, da


Coapa e do Sicredi é fundamen-

o futuro tal para Pedro Afonso”, elogia


Gleide. “Somos três cooperati-
vas, trabalhamos o bem comum
da comunidade e almejamos o
Assim como em centenas de muni- crescimento pessoal e do municí-
pio. Essa integração entre as coo-
cípios brasileiros, em Pedro Afon-
perativas facilita o nosso trabalho
so as pessoas descobrem o poder
e a vida de todos.”
da cooperação desde muito cedo.

“SOMOS TRÊS COOPERATIVAS,


Praticamente todos os moradores
A coordenadora do núcleo femi-
da cidade são associados a uma
nino da unidade Sicredi de Pedro
cooperativa ou pelo menos estão
Foto: Lula Lopes

TRABALHAMOS O BEM COMUM


Afonso, Maria Ivanete Maciel, 47
sendo beneficiados por elas. É anos, concorda com a colega da
comum casais conversarem sobre Coed e acrescenta: a intercoope-

DA COMUNIDADE E ALMEJAMOS
o dia na cooperativa, trocando ração mudou a história do muni-
ideias sobre como fazê-la crescer cípio e alavancou o crescimento
ou comemorando os resultados
O CRESCIMENTO PESSOAL E DO Jovens e crianças também da região, inclusive aumentando
participam das ações apoiadas pelas alcançados. Com isso, as crianças a oferta de postos de trabalho.
cooperativas de Pedro Afonso aprendem que o cooperativismo é

MUNICÍPIO. ESSA INTEGRAÇÃO ENTRE bom, traz comida para a mesa e


alegria para toda a família.
“Quando juntamos nossas coo-
perativas, a população notou que

AS COOPERATIVAS FACILITA O NOSSO


tudo melhorou e se sentiu mais fe-
Na escola não é diferente. Es- liz, porque soube que tem o nos-
pecialmente na Cooperativa so apoio. A vida de Pedro Afonso
TRABALHO E A VIDA DE TODOS” Educacional de Pedro Afonso
(Coed), que educa os estudan-
mudou, pois agora tem mais oferta
de empregos e facilidades para a
tes da região desde o maternal população”, exemplificou Ivanete.
GLEIDE AZEVEDO até o nono ano do ensino funda-
Diretora-Presidente da Cooperativa Educacional de Pedro Afonso mental. “Trabalhamos o coope- A satisfação dos moradores e a
rativismo com todos os nossos melhora da qualidade de vida
alunos. Temos uma disciplina em

34 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 35


proporcionada pelo cooperativis- “Decidi contribuir com a pre-
mo são facilmente traduzidas no servação do meio ambiente
município pelo Índice de Desen- para mostrar aos alunos que é
volvimento Humano Municipal possível transformar o mundo
(IDHM) captado pelo Atlas do com atitudes simples, como dar
Desenvolvimento Humano no Bra- a correta destinação a materiais
sil. A taxa aferida na região supera recicláveis”, recorda.
a média brasileira, atingindo 0,732
pontos – em uma escala de zero a O professor fundou o Ama com
um, na qual quanto mais próximo um grupo de 30 alunos e decidiu
de um, maior o desenvolvimento buscar apoio do poder público e
da região (Veja quadro). das três cooperativas da cidade,
que sempre tiveram um trabalho
muito voltado para a valorização
Mudando vidas, dos projetos locais. Trabalhando
de forma intercooperativa, o pro-

realizando sonhos jeto deu início a uma pequena re-


volução na cidade.

Os jovens se engajaram e come-


A intercooperação realizada em çaram a recolher materiais, antes
Pedro Afonso já ultrapassou as ignorados, para reciclá-los. A par-
fronteiras do estado e do Brasil. tir daí, as atividades evoluíram e o
Um dos projetos apoiados pelas Ama conseguiu colocar em prática
três cooperativas da cidade está um projeto de sustentabilidade e
Indicador que monitora as mesmas levando os jovens da cidade para recuperação ambiental, dando
três dimensões do IDH Global – conhecer outras cidades brasileiras nova destinação a uma área na
longevidade, educação e renda, mas e, em breve, outros países. Trata-se qual antes funcionava um lixão. O
vai além: adequa a metodologia
global ao contexto brasileiro e à do projeto Amigos do Meio Am- espaço foi revitalizado e transfor-
disponibilidade de indicadores biente (Ama), criado pelo professor mado, em 2014, na Praça Ecológi-
nacionais. Embora meçam os Fabrício Rocha, 35 anos, em 2010. ca Pedro de Souza Pinheiro, moti-
mesmos fenômenos, os indicadores
levados em conta no IDHM são
vo de orgulho para a população.
mais adequados para avaliar o Historiador, enfermeiro e pe-
desenvolvimento dos municípios dagogo, Rocha entendeu Localizada em meio a exube-
e das regiões metropolitanas que um bom educador pode rantes exemplares de palmeiras,
Fotos: Lula Lopes

brasileiras. O índice varia de zero a


contribuir com o desenvolvi- ipês, imbaúbas e mogno-do-Pa-
um e, quanto mais próximo de um,
maior o nível de desenvolvimento mento da comunidade tam- rá, a praça é ornamentada por
humano de uma região. bém fora dos muros da escola. 500 pneus e mais de 10 mil gar-
Antigo lixão da cidade agora é um Parque Ecológico
ladeado por palmeiras, ipês, imbaúba e mogno
36 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 37
Conheça outros projetos desenvolvidos
de forma intercooperativa em Pedro
Afonso:

• Tornou-se tradição na cidade o


envolvimento das cooperativas nas causas
sociais durante todo o ano e também
no Dia C – Dia de Cooperar. Entre as
atividades executadas, destacam-se a
arrecadação e doação de alimentos, roupas
e livros a pessoas carentes da cidade e o
incentivo à comunidade e aos cooperados
Cleide, Divina e Maria Ivonete são as pioneiras Pneus jogados na rua viram canteiros nas praças do município
do projeto de intercooperação de Pedro Afonso
para o desenvolvimento de projetos
socioambientais alinhados com os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
propostos pela Organização das Nações
Unidas (ONU).
O Dia C é um compromisso das cooperativas
rafas pet recicladas. “Os alunos
brasileiras com a construção de um futuro
aprenderam que através da união mais justo e sustentável para todos. Durante
• De acordo com o professor Fabrício Rocha,
promovida pelo cooperativismo, um dia, elas realizam milhares de ações uma das metas do projeto é levar os
com o trabalho em equipe, é pos- voluntárias em todo o país para demonstrar participantes à Europa. “Nossa meta é, em
um pouco do que o cooperativismo 20 anos, chegar a Paris, de avião. Essa é uma
sível mudar a realidade. O coope-
faz, diariamente, para colaborar com o ponte que nos mostra o quanto a união, o
rativismo nos ajudou a resgatar desenvolvimento de suas comunidades. cooperativismo e o trabalho voluntário são
valores como a determinação, o importantes para o desenvolvimento de
engajamento da comunidade e a todos”, concluiu o educador.
importância do trabalho voluntá-
rio. Isso é algo firme e consisten- • Em 2018, as três cooperativas realizaram
te na formação de cada um que benfeitorias na sede Associação de Pais
passa pelo Ama”, ressaltou. e Amigos dos Excepcionais (Apae) da
cidade. Com aproximadamente 100
pessoas beneficiadas, a Apae de Pedro
Afonso realiza trabalhos educativos, de

Outros ares inclusão, saúde e assistência social voltados


a pessoas com deficiência. Por meio
Fotos: Lula Lopes

da intercooperação, somada à força do


Fabrício Rocha (C) mostra às crianças a importância trabalho voluntário, necessidades antigas
da preservação do meio ambiente e ensina a fazer da Apae, como a substituição de telhas,
O projeto criado por Rocha e recuperar a vegetação nativa da região
colocação de forro no teto dos ambientes
apoiado pelas três cooperativas e manutenção predial de espaços foram
da cidade fez mais do que trans- viabilizados. “A Apae vivia com muita
formar uma praça da cidade. Ele dificuldade. A partir da ação conjunta de
ajudou a mudar a mentalidade nossas três cooperativas, ela ganhou um
espaço maior, com salas reformadas e
dos moradores que não tinham
os participantes e abrem portas Rio de Janeiro, Fortaleza, Natal, ambiente climatizado”, enaltece Elisângela
perspectiva de crescimento. Foi Pereira, coordenadora administrativa e de
para a visita a locais, antes, ini- Aracajú, Maceió e São Paulo.
também do lixo, por meio de desenvolvimento humano da Coapa,
produtos recicláveis, que o Ama magináveis e inacessíveis para
pessoas de baixa renda. Daniela Bezerra Costa, 15 anos,
deu sentido às vidas de dezenas Elas conhecem o poder da intercooperação • Arrecadação de recursos para a construção
de adolescentes e jovens. é uma das alunas voluntárias que
do Hospital de Amor do Tocantins,
“Nestes anos de projeto, já ro- fazem parte do Ama. No grupo Um pouco mais antigo no grupo, referência no tratamento de câncer que
Expandindo o formato de atua- damos quatro regiões do País. O desde agosto de 2018, ela garan- Luiz Gustavo Bezerra Pinheiro, 16 está sendo erguido em Palmas, capital
ção, Rocha, seus alunos e vo- nosso objetivo, com isso, é propor- te que a motivação para participar anos, faz parte do Ama há seis do estado. A campanha – liderada pela
luntários recolhem latinhas, cionar que os nossos alunos conhe- veio do desejo de ajudar o próxi- anos e viu a evolução da cidade, Coapa – consiste na doação de parte da
garrafas pet e de vidro, dentre çam outras cidades através de seu mo “Depois que comecei a traba- produção de soja da safra 2018/2019. Os
bem como dos moradores. Um
próprio trabalho e esforço”, co- lhar com eles, me senti melhor. Sa- grãos doados serão comercializados e, a
outros materiais, para comercia- dos voluntários da construção da verba, destinada à construção do hospital.
lizá-los. Com o valor arrecadado, menta o professor. Vale destacar: ber que estou ajudando a alguém, praça, ele lembra que o apoio das Além dos produtores rurais, associados
são promovidas viagens, ações desde o início do projeto, o grupo fazendo doação, por menor que cooperativas tem sido fundamen- que trabalham com outras culturas também
que enriquecem culturalmente já visitou, dentre outras cidades, seja, me fez sentir melhor.” tal para os avanços da região. participam dessa corrente do bem.

38 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 39


OPINIÃO
O S
DO COOPERATIVISMO

O
POR ROBERTO Ministro Paulo Guedes muneração (folha de pagamento)
RODRIGUES tem dito que pretende das empresas de cada setor. No
cortar parcela dos recursos caso do Sescoop, por exemplo,
Coordenador do Centro de do Sistema S por consi- são recursos ​gerados e repas-
Agronegócio da FGV, Embaixador
Especial da FAO para as Cooperativas derar que podem ocorrer sados pelas cooperativas e têm
e Presidente do Lide Agronegócio. abusos em sua aplicação. Tais como destino a criação de progra-
Mulheres de diferentes cooperativas unidas por um mesmo ideal: fazer o bem
recursos estariam sendo indevi- mas de capacitação profissional
damente usados, seja na constru- para trabalhadores de cooperati-
ção de elegantes prédios sedes, vas e cooperados, qualificação da
seja em viagens ao exterior ou governança cooperativa, fortale-
até mesmo em eventos muito so- cimento da cultura cooperativista
fisticados. Como cooperativista, e promoção de iniciativas de res-
IMPACTO COMPROVADO posso falar com ​tranquilidade do
nosso S​ , o Serviço Nacional de
ponsabilidade socioambiental.

Confira o Índice de Desenvolvimento Humano de Pedro Afonso em comparação à


Ao completar 20 Aprendizagem do Cooperativis-
mo (Sescoop). ​Na OCB imperam
Para bem cumprir todos esses
papeis, o Sescoop trabalha com
média brasileira e ao estado do Tocantins anos a serviço do a transparência dos dados e a
correta aplicação dos recursos.
a autogestão determinada pelo
inciso XVIII do artigo 5º da Cons-
cooperativismo, o Tanto que a unidade nacional do tituição. Com o objetivo de miti-
IDHM IDHM Sescoop nem ao menos tem sede gar riscos e potencializar os resul-
IDHM IDHM Renda
Longevidade Educação Sescoop atende com própria, utilizando as dependên-
cia da Casa do Cooperativismo,
tados nas cooperativas, nosso S
estabeleceu uma visão integrada
Brasil 0,727 0,739 0,816 0,637 excelência milhares em Brasília, para funcionar. de governança cooperativa e de
gestão, um verdadeiro modelo
Tocantins 0, 699 0,690 0,793 0,624 de cooperativas É igualmente importante lembrar
que o TCU fiscaliza a aplicação
de direção estratégica funda-
mentado nos princípios coopera-
Pedro Afonso (TO) 0,732 0,699 0,846 0,664
brasileiras ​ dos recursos do Sistema S e, com
certeza, está «de olho» em exa-
tivistas e em consonância com os
anseios dos cooperados.
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano (Brasil – 2010)
todos os anos, geros eventuais, promovendo ​
as necessárias  punições com o Ao completar 20 anos a serviço
beneficiando direta rigor da lei em caso de desvios
encontrados. E nem poderia ser
do cooperativismo, o Sescoop
atende com excelência milhares
“Muitos falaram que não era que precisamos”, comemora o cooperativas, pretende ir mais e indiretamente diferente, visto que o Sistema S
existe para capacitar e profissio-
de cooperativas brasileiras ​todos
os anos, beneficiando direta e in-
possível que um lixão se transfor-
masse em algo tão bonito, como
garoto que, por meio do pro-
jeto, pode conhecer o mar em
longe, alçar voos maiores. Nesse
ano, a viagem será com destino
14 milhões de nalizar os diferentes setores da
economia nacional.
diretamente 14 milhões de coo-
perados e cerca de 400 mil fun-
a praça ecológica que temos
hoje. Esse projeto foi criando
uma das viagens do grupo. “Foi
uma viagem inesquecível. Sa-
à Argentina e à tríplice fronteira.
Até o momento, 80% do passeio
cooperados e cerca Também vale esclarecer que os
cionários. ​Nosso S é motivo de ​
grande orgulho, trazendo resulta-
pernas, ganhando apoiadores,
somamos forças com as coope-
bíamos que éramos capazes de
fazer, e fizemos”, completou. O
estão pagos, tudo com dinheiro
arrecadado com a coleta de ma-
de 400 mil recursos do Sistema S não são pú-
blicos, e sim privados, correspon-
dos positivos e desenvolvimento
para todo o sistema cooperativis-
rativas, que nos ajudam sempre projeto social, com a ajuda das terial reciclável. funcionários. dendo a 2,5% do montante da re- ta, com benefícios para o Brasil.

40 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 41


PERFIL

Uma
morte.” Foram 15 metros de que-
das e capotamento. Viu tudo girar
inúmeras vezes. “Lá embaixo, dei

senadora
uma apagada e acordei com meu
amigo gritando meu nome”, con-
DESDE QUE MARA GABRILLI CHEGOU AO CONGRESSO ta. “Eu sentia muita dor no pesco-
ço, não lembro de ter sentido nada

pela
NACIONAL, CADEIRANTES E DEFICIENTES FÍSICOS parecido.” O amigo e o namorado
GANHARAM UMA ALIADA QUE ENTENDE, POR EXPERIÊNCIA, tiveram apenas arranhões.
A IMPORTÂNCIA DA ACESSIBILIDADE E DA INCLUSÃO

igualdade
Já fora do carro, o namorado ten-
tava ajudá-la a encontrar uma po-

Mara
sição até o resgate chegar. “Cada
vez que respirava ou tentava mu-
dar de posição, eu gritava de dor.
Por Tchérena Guimarães Depois de duas horas e meia,

I
chegou o bombeiro e falou: “Vou
ncansável. Esse é o adjetivo tirar você daí, imobilizar sua colu-
usado pelos amigos da senado- na e serrar o carro.” Ela, então,
ra Mara Gabrilli, de São Paulo, desmaiou novamente.
para descrevê-la. E quando a
gente começa a conhecer mais Mara ainda não sabia, mas havia

Gabrilli
sobre ela, e sobre a sua trajetória, ficado tetraplégica. Tinha quebra-
logo percebe o motivo de eles do o pescoço, na quarta e quinta
escolherem essa palavra. vértebras cervicais, o que levaria
a uma lesão medular da terceira
Ser incansável faz parte da essên- à sexta vértebra, e a faria perder
cia de Mara. Ela é assim. E cada os movimentos do pescoço para
detalhe da sua história revela essa baixo. “Algumas semanas após
personalidade. “Esse pique que o acidente, quando recuperei a
ela tem, ela sempre teve”, con- plena consciência, perguntei para
ta Mansur Bassit, amigo de Mara o médico quais eram as chances
há mais de 30 anos. “Na situação de eu voltar a me mexer e ele
dela, ir pra Brasília toda semana me respondeu: 1%. Me deu uma
nos últimos oitos anos é realmente alegria muito grande, porque 1%
admirável”, exemplifica Mansur, re- não é zero!”, lembra .
ferindo-se às viagens que Mara faz
semanalmente entre São Paulo, ci- A vida não seria mais como an-
dade em que mora, e Brasília, onde tes. Mas incansável como é, logo
cumpre agenda no Congresso Na- tratou de se adaptar às mudan-
cional – antes como deputada fe- ças. “Pensei que eu tinha muito
deral e, agora, como senadora. trabalho pela frente. Sempre en-
carei tudo com muita naturalidade.
Mara viu a sua vida dar uma enor- É claro que ninguém imagina que
Foto: Acervo pessoal da deputada

me reviravolta quando tinha 26 vai sofrer um acidente, perder os


anos. No dia 21 de agosto de movimentos de um dia para outro.
1994, sofreu um grave aciden- Mas eu não fiquei buscando  ex-
te de carro na rodovia Oswaldo plicações nem motivos para ter
Cruz, entre as cidades paulistas de acontecido comigo ou perguntan-
Ubatuba e Taubaté. Ela estava no do a Deus: ‘Por que comigo?’. Em
banco do passageiro, um amigo nenhum momento fiquei contabili-
no banco traseiro, quando o moto- zando alguma coisa que pudesse
rista – seu então namorado – per- ter perdido. Preferi me concentrar
deu o controle do veículo em um naquilo que eu podia ganhar. E es-
local conhecido como “curva da tou assim até hoje”, conta.

42 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 43


Foram 50 dias na Unidade de Te-
rapia Intensiva (UTI) do Hospital
Albert Einstein (São Paulo), pre-
cisando de aparelhos para respi-
rar. Os amigos e familiares reve-
zavam-se diariamente na sala de
espera da UTI para visitá-la.

Logo que começou a respirar


sozinha, seguiu para os Estados
Unidos focada na reabilitação. A
família tinha condições financei-
ras e pôde pagar o tratamento
em um hospital referência em
casos como o seu. Assim, foram
mais dois meses e meio dedican-
do-se à recuperação até poder
voltar definitivamente ao Brasil.

Ao chegar, sentiu o impacto da


nova realidade. De cadeira de ro-
das, não conseguia se locomover

“POR QUE
pela casa dos pais e precisava de
Fotos: Acervo pessoal da deputada

alguém todo o tempo auxiliando-a


na movimentação. Foi, então, mo-
rar com uma amiga que tinha uma
casa adaptada. E foi aí que final-
COMIGO?’.
mente caiu a ficha: ela não estava
mais na própria casa, tinha um cor- EM NENHUM
po diferente, que não respondia a
seus comandos. Acabou perdendo
as referências que tinha de antes.
MOMENTO FIQUEI Mara Gabrili carregou a tocha olímpica nas

CONTABILIZANDO
Paralimpíadas do Rio de Janeiro

Recomeço meu apartamento inteiro sozi-


nha. Lixei, passei massa fina, pin-
tei paredes e teto”, diverte-se.
ALGUMA COISA O ritmo é tão intenso que é difícil
acompanhar. A jornalista Adria-
na Perri, que trabalha com Mara
Paulo, atende à população e rece-
be as demandas em seu escritório.
saúde dela, nem de toda a fisio-
terapia que ela faz. É muito disci-

QUE PUDESSE
plinada e eu acho que é por isso
Logo se apaixonou também pela há 19 anos, conta que é o tempo Ainda tem de conciliar o traba- que ela consegue superar seus
Adaptar-se à cadeira de rodas corrida e começou a se desafiar, todo assim: “Ela tem um gás ad- lho na política com uma rotina limites”, avalia o amigo Mansur.
foi difícil. Mara sempre foi agita-
da. Desde pequena, não parava
até o ponto de correr uma ultra-
maratona, de 101 quilômetros,
TER PERDIDO. mirável! As campanhas [políticas],
por exemplo, que são um momen-
diária de cuidados obrigatórios
à tetraplegia. De segunda a se- A persistência sempre lhe rendeu

PREFERI ME
quieta. Amava os movimentos. na Itália. to totalmente intenso de ativida- gunda, faz exercícios toda ma- boas conquistas. Uma delas acon-
Se retorcia, dava piruetas, cor- de, ela não para nenhum dia. Ela nhã, por no mínimo, duas horas teceu após 21 anos repetindo os
A paralisia mudou, assim, toda é quem faz tudo. É a protagonista diárias. “Se tenho um compro-
CONCENTRAR
ria e pulava. A aula de educação exercícios indicados pelos médi-
física era uma verdadeira diver- a sua relação com o corpo, mas disso tudo. A equipe se reveza... misso às 8h, acordo às 4h para
cos e fisioterapeutas: conseguiu
são. Cresceu assim. a essência continuava exata- Uma pessoa vai, acompanha uma me exercitar. Meu corpo precisa
mexer o braço. “Foi um sonho
A adolescência não foi diferente.
mente a mesma. “Nesse pon-
to, não era muito diferente de NAQUILO QUE EU viagem, outro dia é outro. E ela
não, né? Ela, incansavelmente ali,
disso para suportar o longo dia
de trabalho que vem pela fren-
realizado, imensurável e inimagi-
nável. O que senti foi proporcional
hoje, com exceção da autono-
PODIA GANHAR.
Adorava os trabalhos braçais, in- na frente, liderando tudo.” te”, explica. Apesar de morar
mia dos movimentos que perdi. sozinha, conta com uma cuida- à minha história. Algo que passeia
clusive tarefas como fazer faxina
e lavar banheiro. “Quando fui Sempre fiz questão de conti- Geralmente, de terça a quinta- dora 24 horas ao lado. por tudo que vivi”, comemora. A
morar sozinha, aos 18 anos, essa
energia inesgotável já estava in-
nuar a ter uma vida normal, com
tudo o que eu gostava de fazer. E ESTOU ASSIM -feira, Mara fica em Brasília parti-
cipando das sessões no plenário “Para cuidar dos outros a gente
conquista permitiu que pudesse
pilotar a cadeira de rodas moto-

ATÉ HOJE”
corporada em meu dia. Reformei Vou a restaurantes, shows, tra- e das comissões do Congresso tem que estar bem com a gen- rizada e não dependesse mais de
balho bastante e viajo.” Nacional. Quando está em São te mesmo. Ela não descuida da alguém para empurrá-la. “

44 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 45


Trajetória
cimento e do desenvolvimento.”  gramas de estímulo ao empreen-
Mara explica que a legislação bra- dedorismo, ao cooperativismo e
sileira é uma das melhores, mas ao trabalho autônomo, devem

politica
que ainda é preciso tirá-la do pa- prever a participação da pessoa
pel e aplicá-la na prática. “Tam- com deficiência. De acordo com
bém precisamos impedir retro- a LBI, cabe ao Poder Público dis-
cessos de direitos já adquiridos ponibilizar linhas de crédito para
nessa área. E isso se faz, muitas incentivar a acessibilidade e a in-
Na época do acidente, Mara já
vezes, nos bastidores, com muita clusão de pessoas com deficiên-
era formada em Publicidade e
conversa e convencimento.” cia no mercado de trabalho.
Propaganda e cursava Psicolo-
gia. Após se recuperar do aci-

Acessibilidade
Os empreendedores, assim,
dente, resolveu começar a clini-
também possuem um papel
car. “A experiência de ouvir as
pessoas, ligada ao fato de passar importante nessa inserção: “De-

e mercado
a ter uma deficiência, me tornou finitivamente, as empresas e
mais comprometida com o cole- cooperativas brasileiras precisam
tivo. Me mostrou uma Mara que apostar mais nesse mercado e

de trabalho
eu não conhecia: mais engajada, investir no potencial da pessoa
corajosa, com visão ampla sobre com deficiência.” Para a sena-
seu entorno. Hoje, penso em dora, existe “um imenso merca-
Foto: Acervo pessoal da deputada

melhorar não só a minha vida, do a ser explorado com novas


mas a de outras pessoas.”  oportunidades de negócios em
Para Mara Gabrilli, a inserção no
soluções para calçadas e mobili-
mercado de trabalho é uma das
A partir dessa preocupação com dade urbana, projetos culturais,
principais formas de dar dignida-
os outros, começou a entrar na de lazer, de turismo inclusivos,
de  às pessoas com deficiência.
política, sem ao menos perce- de educação e formação, de tec-
Assinatura do termo de posso como “Provar que se é capaz quando se
ber. Em 1997, fundou o Instituto senadora, em fevereiro de 2019 tem alguma deficiência física ou nologias assistivas, tecnologias
Mara Gabrilli, organização não go- intelectual não é nada fácil. São digitais, apoios e suportes.”
vernamental de apoio a atletas do vários obstáculos para superar: a
esporte paralímpico, que também Investir em acessibilidade é com-
falta de tecnologias assistivas, as
realiza pesquisas científicas sobre pletamente “necessário”, segun-
barreiras físicas dos espaços.”
paralisia e oferece orientação para do Mara. “Esse é um tema de
“Mara não foi pra política para ter vereadora na Câmara Municipal 4º lugar. “A Mara é uma pessoa preocupação mundial. A falta de
desenvolvimento social de pes- A senadora entende que não bas-
poder, dinheiro ou posição. Ela foi de São Paulo. Naquele mesmo exigente. Não de cobrança, mas acesso impacta negativamente a
soas com deficiência em situação para dar a outras pessoas com de- ano, assumiu o primeiro mandato de querer a coisa bem feita”, re- ta ofertar vagas de emprego a
de vulnerabilidade social. pessoas com deficiência, se antes qualidade de vida de qualquer ci-
ficiência a mesma chance que ela como deputada federal por São vela a jornalista Adriana, que faz
de chegar ao local de trabalho, dadão, em qualquer país do mun-
teve”, conta Mansur, que conhece Paulo. Reeleita, seguiu no man- parte de sua equipe. “Ela é a pri-
 Mas mesmo à frente de uma ONG, por exemplo, elas não tiverem do, e vai além das pessoas com
Mara desde a adolescência e cur- dato até 2018. Como deputada, meira a chegar e a última a sair.”
Mara não conseguia fazer tudo o acesso a reabilitação e educação deficiências, devido ao processo
sou faculdade de Publicidade com protocolou 57 projetos de lei, duas Em 2018, foi eleita senadora com
que pretendia. “Vi que muitas pes- devido à falta de acessibilidade. de envelhecimento da população.
ela. “A Mara é uma pessoa que propostas de emenda à Constitui- mais de 6 milhões de votos.
soas sofriam com a falta de acesso “ Não é por acaso que essas pes- Não podemos nos esquecer de
não precisava estar fazendo nada ção e foi relatora de 17 projetos
aos lugares. E não só isso: faltava de lei. Foi autora de importantes A acessibilidade sempre foi uma soas chegam ao mercado sem que o principal objetivo da Agen-
por ninguém. Ela poderia estar
informação, faltavam serviços, fal- vivendo a vida dela sem preocu- emendas em projetos do Gover- das suas principais pautas. Essa qualificação. E aí nasce o grande da 2030 da ONU é não deixar nin-
tava muita coisa. Então, decidi que pação nenhuma, mas ela escolheu no, como no Programa Nacional atenção ao tema continuará no gargalo: as empresas não con- guém para trás.” E finaliza:
já não fazia sentido trabalhar ape- esse caminho de entender a si- de Acesso ao Ensino Técnico e Senado Federal. “Entrei na política tratam porque alegam a falta de
nas para me sustentar. Era preciso tuação de quem tem dificuldades Emprego (Pronatec). Também foi para trabalhar pelos mais vulnerá- capacitação, mas, sem oportuni- “O Brasil está vivendo uma das
fazer mais”, analisa. maiores que a dela... Sem estrutu- relatora da Medida Provisória nº veis, pelas pessoas com deficiên- dades, como estas pessoas conse- maiores crises econômicas e so-
ra, sem dinheiro ou sem família.” E 550/2011, que concede crédito cia, pelos discriminados, e esse guirão se capacitar?”, questiona. ciais de nossa história. E já foi de-
Com o apoio e a insistência da orgulha-se: “Ela sempre foi aberta para financiamento de produtos trabalho me gabaritou para traba- monstrado que as cooperativas
mãe, resolveu, então, entrar de ao ser humano. Nunca fez diferen- e serviços de tecnologia assistiva. lhar por todo e qualquer cidadão. A Lei Brasileira de Inclusão, que são mais resilientes diante de crises
vez para a política, candidatan- ciação entre rico e pobre.” Agora é hora de expandir o traba- entrou em vigor em 2016 e teve e conseguem beneficiar todos seus
do-se, em 2004, a vereadora na Em 2018, recebeu o Prêmio Con- lho que venho realizando há tan- Mara como relatora, foi um im- membros. Por isso é fundamental
Câmara Municipal de São Paulo. Em 2005, Mara foi secretária da gresso em Foco de melhor parla- tos anos. Muita coisa precisa ser portante marco nesse sentido. promover políticas públicas que
Não foi eleita nesse primeiro mo- Pessoa com Deficiência e Mobili- mentar do Estado de São Paulo aprovada no Congresso, pra gente Pelo texto, ficou determinado, favoreçam e fortaleçam a coope-
mento, mas ficou como suplente. dade Reduzida. De 2007 a 2011, e, no ranking nacional, ficou em recolocar o Brasil no rumo do cres- por exemplo, que todos os pro- ração para objetivos em comum.”

46 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 47


POR QUE AS
,
RMA TRABALHISTA
NOSSOS DIREITOS
D EP O IS D A RE FO
E EMPREGADOS E contrata está, hoje, numa posição
OS ACORDOS ENTR AIS VALOR
EG AD O RE S PA SSARAM A TER M defensiva em relação aos trabalha-
EMPR S. QUEM dores. Nas últimas décadas, houve
NÇÕES COLETIVA

COOPERATIVAS
D O Q UE A S CO N VE O POR uma judicialização sem preceden-
M ES A D E N EG O CIAÇÃO AMPARAD te das relações de trabalho. E o
SENTA À PARA
SI N D IC ATO TEM MAIS SEGURANÇA empregador era sempre acusado
UM e atacado nesses processos. Essa
RDOS
FAZER BONS ACO

PRECISAM DE
atitude defensiva tem de ficar no
“Dentro de uma cooperativa, os passado. Com o apoio dos sindi-
colaboradores muitas vezes tam- catos, temos de começar a cons-
bém são sócios do negócio. En- truir uma nova relação de confian-

UM SINDICATO
tão, não existe uma separação ça entre as partes, exercitando as
clara entre os interesses do em- mudanças previstas pela reforma
pregador e dos empregados”, trabalhista”, afirma.
explica Manfred Dasenbrock, pre-
sidente da SicrediPar e da Central Para ambos os dirigentes, as en-

FORTE?
Sicredi PR/SP/RJ. Justamente por tidades que compõem o Siste-
isso, é preciso buscar acordos que ma Sindical Cooperativista (veja
tragam retornos positivos para o quadro) têm de atuar juntas para

Mudanças
cooperado e para a cooperativa fazer a correta interpretação da

F
no curto, no médio e no longo reforma trabalhista. Opinião
prazos. E esse é o papel primor- compartilhada pelo presiden-
lexibilidade! Essa é a palavra que

à vista
dial dos sindicatos patronais: re- te do Sindicato e Organização
melhor define o futuro do mer-
presentar os interesses da catego- das Cooperativas do estado do
cado de trabalho brasileiro. Da-
ria econômica das cooperativas. Mato Grosso do Sul (OCB/MS),
qui pra frente, na hora de fechar
Celso Regis. Para ele, foram
uma contratação, será necessá- Com a modernização da legisla-
Ainda segundo Dasenbrock, é abertas oportunidades que pre-
rio sentar à mesa para negociar um ção trabalhista, as cooperativas
muito importante que as repre- cisam ser aproveitadas para au-
acordo que satisfaça tanto o empre- agora podem estabelecer con-
sentações sindicais do empre- mentar a qualidade dos ambien-
gado quanto o empregador. E o que gado e do empregador possam tratos de trabalho sob medida tes de trabalho e de negócios
ficar decidido entre ambos é o que sentar ao redor de uma mesa e para cada necessidade. Pode-se nas cooperativas.
valerá nos tribunais. Com isso, espe- combinar o que fica melhor para negociar com o empregado, por
ra-se reduzir o imenso volume de todos. “Nós, como dirigentes, exemplo, que trabalhe fora das “Os sindicatos, as federações e a
ações abertas na Justiça Trabalhista. precisamos entender que esta- dependências do empregador CNCoop precisam ajudar as coo-
mos juntos com os colaboradores (teletrabalho), que seja remu- perativas a entenderem o que
Dentro desse novo cenário, os sindi- no mesmo barco. Tudo o que nerado por desempenho, que pode ser feito a partir de agora em
catos patronais ganham uma nova e for combinado com eles, e seja cumpra horários flexíveis e muito relação à contratação de pessoas.
maior relevância. Cabe a eles prestar capaz de ajudar no cumprimento mais. “O que queremos, em uma É preciso promover seminários so-
assistência às cooperativas nas nego- da missão e na manutenção dos cooperativa, é ter um ambiente bre essas novas modalidades de
ciações coletivas a fim de estabelecer valores cooperativistas, também com pessoas felizes. Para isso, trabalho e olhar para o papel das
uma relação equilibrada entre quem será muito importante para a precisamos estabelecer uma re- lideranças cooperativistas nesse
trabalha e quem emprega. Tudo isso, cooperativa”, completa. lação moderna e de confiança novo cenário”, sugere Regis.
sem deixar lacunas capazes de gerar com cada colaborador”, explica
riscos e questionamentos na Justiça. o presidente do Sistema OCB,
Márcio Lopes de Freitas.
Sindicatos Patronais
Para as cooperativas, a possibilidade são entidades que
de estabelecer relações de trabalho representam os Manfred Dasenbrock, que preside
mais modernas e seguras é de gran- empregadores, enquanto um sindicato de cooperativas de
categoria econômica,
de valor. Especialmente se conside- crédito, concorda e acrescenta: o
perante o governo
rarmos as particularidades do nosso e os sindicatos de principal desafio dos sindicatos de
modelo de negócios. trabalhadores. cooperativas é ajudar a recons-
truir a relação entre os empre-
gados e empregadores. “Quem

48 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 49


Regime de contribuição
ENTENDA COMO
São entidades de âmbito O Sistema Sindical Cooperativis- Já a Contribuição Confede- te maior folga orçamentária nas
FUNCIONA O SISTEMA SINDICAL municipal, estadual ou nacional ta é mantido pelas cooperativas rativa, que passará a ser co- cooperativas. Diferentemente da
COOPERATIVISTA que congregam as cooperativas brasileiras, por meio de uma con- brada pelos sindicatos de Contribuição Sindical, o valor da
da sua base territorial. No
Brasil, existem cerca de 40 tribuição paga anualmente em cooperativas a partir de junho Contribuição Confederativa será
A atuação sindical cooperativista é realizada Sindicatos de sindicatos de cooperativas. É favor dos sindicatos, das federa- de 2019, terá uma parcela a totalmente revertido em prol do
no município, no estado e nacionalmente. cooperativas importante explicar que, na ções e da CNCoop. Antes da re- deduzir de 20% em relação à Sistema Sindical Cooperativista.
Sem um sistema sindical constituído, as (primeiro grau) maioria dos estados brasileiros,
forma trabalhista, a Contribuição Contribuição Sindical Patro-
as Organizações Estaduais de
cooperativas não teriam representação Cooperativas (OCEs) também Sindical era compulsória e paga nal e vencimento somente no
específica como categoria econômica. são sindicatos e representam a sempre no mês de janeiro mês de junho – quando exis-
Além disso, somente as entidades nossa categoria econômica.
do sistema sindical cooperativista
possuem legitimidade para Reúnem e
representar e defender as Federações coordenam os
cooperativas em assuntos (segundo grau) sindicatos de
primeiro grau.
sindicais e trabalhistas. Em É exigido um
todo o Brasil, a representação agrupamento
sindical das cooperativas de, no mínimo,
cinco sindicatos
ocorre em três níveis:
patronais para a
criação de uma
Confederação federação.

(grau máximo)

Constituída por, no mínimo, três federações. No Brasil, a entidade


“O QUE QUEREMOS,
que integra e coordena as federações e sindicatos de cooperativas
é a Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop). EM UMA COOPERATIVA,
É TER UM AMBIENTE
Vale destacar: o sistema sindical das cooperativas COM PESSOAS
FELIZES. PARA
é parte integrante do Sistema OCB, que é
composto por três entidades: a Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB), o Serviço Nacional
de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e a
Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop). ISSO, PRECISAMOS
ESTABELECER UMA
RELAÇÃO MODERNA E
DE CONFIANÇA COM
Agora que você já conhece o Sistema Sindical CADA COLABORADOR”
Cooperativista, encontre o seu sindicato e faça
parte dele. Afinal, uma categoria unida, precisa MÁRCIO LOPES DE FREITAS,
ter um sindicato forte e representativo! Presidente do Sistema OCB

50 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 51


O QUE O SISTEMA SINDICAL PODE
FAZER POR SUA COOPERATIVA?
na aquisição de produtos e/ou relacionados à representação
Na avaliação de Manfred Dasenbrock, a mu- serviços. Isso inclui, também, sindical, oferecemos cursos
dança no modelo de contribuição do Siste- descontos para adquirir uma específicos sobre o assunto.
ma Sindical será positiva para todos. “Mui- ferramenta eletrônica de O objetivo é discutir temas
tas cooperativas confundiam a contribuição EIXO JURÍDICO assessoria em licitações. como a organização sindical, os
sindical, revertida para os sindicatos, com a O presidente da SicrediPar conflitos dessa representação
contribuição cooperativista, destinada às or- acredita que a base coope- • Assessoria e consultoria • Qualificação de equipes e as melhores formas de
rativista continuará contri- jurídicas nas áreas – a realização de palestras, mediá-los. Para completar, são
ganizações estaduais. Outras, achavam que
buindo com o Siste- trabalhista e sindical – cabe cursos e workshops técnicos estudados os aspectos legais
tudo era a mesma coisa. Agora, ficará claro
ma Sindical, como à representação sindical é outro diferencial do da representação sindical.
que a contribuição da OCE é paga em ja- sistema sindical. São ações
sempre fez. “Já oferecer orientação jurídica
neiro, e a dos sindicatos somente em junho, nessas áreas com atendimento voltados à qualificação dos • Publicações sindicais –
que está sendo tudo
o que dá maior conforto orçamentário para personalizado às cooperativas. dirigentes de cooperativas e também elaboramos cartilhas,
combinado entre as par-
a cooperativa”, avalia.
tes e os valores são acessíveis, o Para isso, contamos com de seus colaboradores sobre informes, comunicados e
profissionais especializados. os principais aspectos do boletins especiais sobre
dirigente consciente perceberá que
A Contribuição Confederativa – implemen- sindicalismo e das relações assuntos relacionados
esses recursos serão revertidos em
tada a partir deste ano – não é obrigatória, • Câmara de mediação – os trabalhistas. ao sindicalismo e as mais
benefício de todos. E cooperativis-
mas é fundamental que continue a contar sindicatos de primeiro grau recentes alterações de
mo é isso: a união do grupo para a
com a adesão de todas as cooperativas, estão se especializando • Representação em comitês leis e regulamentações da
construção de algo maior e melhor.”
diz Márcio Lopes de Freitas. “Temos de para atuar na conciliação e grupos de trabalho – está área trabalhista e sindical.
manter a atual adesão ao Sistema Sindical de conflitos que envolvam prevista a criação de comitês Assim, sua cooperativa fica
cooperativas, buscando sempre internos sobre relações sempre por dentro do que
Cooperativista para ficarmos ainda mais
uma solução amigável. trabalhistas e direito sindical está mudando na relação
fortes enquanto categoria econômica.”
nos sindicatos de cooperativas empregado-empregador.
de primeiro grau. A ideia
é reunir, nesses grupos,
profissionais para estudo e
ENTENDA AS DIFERENÇAS ENTRE A CONTRIBUIÇÃO SINDICAL E A CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA
discussão dessas matérias
EIXO NEGÓCIOS  dentro de uma ótica local.
SISTEMA SINDICAL COOPERATIVISTAREGIME DE CONTRIBUIÇÕES – TABELA COMPARATIVA
EIXO
• Assistência em negociação
CONTRIBUIÇÃO SINDICAL CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA
coletiva – após a aprovação ADMINISTRATIVO
Artigo 8º, inciso IV da Constituição Federal e da Reforma Trabalhista, as
Base Legal Artigo 578 e seguintes da CLT
Artigo 513, alínea “e” da CLT convenções e os acordos • Banco de talentos –
coletivos de trabalho ganharam disponibilização de uma
Guia de Recolhimento de Contribuição
EIXO INTELIGÊNCIA plataforma on-line, no
Boleto Bancário emitido pelo Sindicato de mais força e visibilidade. Mas
Forma de pagamento Sindical Urbana (GRCSU) emitida pela Caixa
Cooperativas (1º grau) para assinar instrumentos SINDICAL site dos sindicatos, para
Econômica Federal – CEF cadastro de profissionais que
benéficos para todos, são
Capital Social da Cooperativa (com parcela a necessários habilidade negocial • Catálogo de boas práticas desejam trabalhar no setor
Base de Cálculo Capital Social da Cooperativa sindicais – vamos reunir cooperativista, com acesso
deduzir de 20% sobre o valor calculado) e conhecimento jurídico.
A representação sindical nessa cartilha iniciativas aberto às nossas cooperativas.
 (Artigo 589, inciso I da CLT) Sindicato cooperativista tem tudo isso e desenvolvidas no meio sindical E elas também podem divulgar
(Resolução Normativa CNCoop nº 001, de
de Cooperativas: 60%Federação: que podem ser replicadas vagas para compor o seu
Forma de Rateio 13/12/2018) Sindicato de Cooperativas: 70% estará sempre ao lado da sua
15%Confederação: 5%Conta Especial
Emprego e Salário (Governo Federal): 20%
Federação: 20%; Confederação: 10% cooperativa. e, certamente, servirão de quadro de funcionários.
bússola para o fortalecimento
Vencimento(anuidade) 31 de janeiro 30 de junho • Convênios e licitações – os da nossa categoria econômica • Estrutura física – os sindicatos
sindicatos possuem convênios como um todo. também oferecem espaços
Valor da contribuição para que garantem às nossas para as cooperativas realizarem
uma cooperativa com R$ 454,73 R$ 359,02
R$ 150 mil de capital social
cooperativas – enquanto • Capacitação sindical – para eventos e palestras, mediante
Pessoas Jurídicas – descontos alinhar os conhecimentos reserva. 

52 « Revista SABER COOPERAR Revista SABER COOPERAR « 53


Construindo, juntos, o
CHARGE

futuro do cooperativismo Nosso compromisso


é desenvolver pessoas
para desenvolver cooperativas
para desenvolver o Brasil.

Só em 2018, foram mais de 500 mil pessoas capacitadas profissionalmente,


cerca de 3 milhões de pessoas beneficiadas em ações de responsabilidade
socioambiental e promoção social e 2 mil cooperativas assessoradas. Vem com a gente.

somoscooperativismo.coop.br Promovendo mudanças


que impulsionam o país.
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