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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

1 Termodinâmica

1.1 Conceitos fundamentais

Como ciência, a termodinâmica descreva a relação entre calor e trabalho - a habilidade


de mover coisas - e outras forma de energia. É a termodinâmica que está por trás da construção
de máquinas como uma geladeira, um ar condicionado ou um reator nuclear, bem como o projeto
de usinas de geração de energia, motores, refinarias, navios e aviões. É ela também que explica
as variações climáticas, o congelamento dos lagos, e porque o sorvete derrete no calor, por
exemplo.
Mas como a termodinâmica “faz” tudo isto? Como qualquer ciência física, a termodinâmica
dispõe de quantidades que a auxiliam na descrição do mundo físico e dos fenômenos térmicos
em geral, tratando do que chamamos de sistemas, que são compostos por várias partículas.
Um sistema é definido como uma região do espaço ou quantidade de fixa de matéria que
queremos estudar. Exemplos destes sistemas são as substâncias sólidas, os líquidos, os gases,
a radiação (fótons de luz). Considera-se também que o sistema em estudo pode está isolado,
fechado ou aberto em relação àquilo que podemos chamar vizinhança. Num sistema isolado
não há entrada nem saída de energia ou massa pela fronteira. Para o sistema fechado nenhuma
massa entra ou sai do sistema considerado, entretanto, a energia (calor ou trabalho) pode cruzar
a fronteira entre o sistema e a vizinhança. Finalmente, em um sistema aberto é permitido troca
de massa e energia sem restrições. A figura 1 mostra estes conceitos.

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Figura 1. Conceito de sistema e vizinhança.

Podemos acrescentar ainda que, a vizinhança é tudo aquilo que não pertence ao sistema,
mas que exerce uma influência direta em seu comportamento. Fica evidente que, no estudo de
todos os fenômenos e processos, nós estamos tentando determinar o comportamento do sistema
e sua inter-relação com a vizinhança.
O sistema também deve ser caracterizado pelo seu estado termodinâmico, ou seja, um
conjunto de propriedades físicas do sistema, como a temperatura, pressão, volume, entropia,
etc. O estado é uma condição momentânea do sistema, onde somente pode ser descrito
enquanto as propriedades deste sejam imutáveis naquele momento, ou seja, enquanto há o que
chamamos de equilíbrio térmico.
A compreensão do conceito de equilíbrio térmico precisa ser construido. Sendo assim,
vamos a ele. Sabe-se que a temperatura, qualitativamente, está relacionada com a sensação de
quente ou frio. Se, por exemplo, dois objetos, um quente e um frio, são colocados em contato,
o objeto mais quente arrefece e o mais frio aquece, até o instante em que a sensação de quente
ou frio não puder ser distinguida. Quando isto se dá, dizemos que os dois objetos estão em
equilíbrio térmico. Para exemplificar este conceito, pense em como se faz para saber se uma
pessoa está ou não com febre. Normalmente, pega-se um termômetro e o coloca em baixo do
braço da pessoa, espera-se um tempo (se diz que 3 minutos são suficientes) e depois faz-se a
leitura da temperatura. O tempo esperado é exatamente para garantir que os dois objetos
(termômetro e pessoa) atinjam o equilíbrio térmico.
Se a experiência acima for feita com mais de dois sistemas, chega-se a conclusão que o
equilíbrio térmico pode ser estabelecido entre um número arbitrário de sistemas.
Adicionalmente, constatamos aquilo que é conhecido como lei zero da termodinâmica: Dois
sistemas em equilíbrio térmico com um terceiro estão em equilíbrio térmico entre si. Este
enunciado, é tacitamente admitido em toda medição de temperatura. Então, se desejamos saber
se dois corpos apresentam a mesma temperatura não é necessário coloca-los em contato e
verificar se, por exemplo, suas dimensões mudam com o tempo. É apenas necessário verificar
se eles estão individualmente em equilíbrio térmico com um terceiro corpo. O terceiro corpo é
usualmente um termômetro.

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1.2 Lei dos gases ideais

As propriedades dos gases em densidades baixas propiciam a definição da escala de


temperatura de um gás ideal. Se comprimirmos um gás, mantendo constante a sua temperatura,
a pressão aumenta. Analogamente, se o gás expande à temperatura constante, sua pressão
diminui. Com boa aproximação, o produto entre a pressão e o volume de um gás, em densidade
baixa, é constante quando a temperatura não muda. Este resultado foi anunciado pelo físico
inglês Robert Boyle (1661) e comprovada experimentalmente pelo físico francês Edmund
Mariotte (1676), ficando conhecido como a lei de Boyle-Mariotte:

pV  const. [1]

Figura 2. Diagrama PV a uma temperatura constante.

A lei de Boyle é um caso particular da equação geral dos gases ideais:

pV  nRT [2]

Onde:
P = pressão absoluta em Pa;
V = volume em m3;
n = número de mols;
R = constante universal dos gases, R = 8,314 J/mol.K;
T = temperatura absoluta, em Kelvin.

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m
Onde, n , m e Mm são, respectivamente, a massa e a massa molar do gás.
Mm
Então, podemos inserir energia na forma de calor em um gás fazendo sua temperatura
aumentar e, pela lei dos gases, a pressão do gás ou o volume ou ambos deve aumentar na
mesma proporção. A mudança do volume e/ou pressão pode ser usada para criar trabalho, por
exemplo, movendo um pistão ou as pás de uma turbina.
As variáveis P, V e T descrevem o estado macroscópico do gás num certo instante. A
equação 2 é uma equação de estado.

Exercício 1. Qual o volume ocupado por 1 mol de gás na temperatura de 0o C e sob pressão de
1 atm.

Exercício 2. Calcular o número de moles em 1 cm3 de um certo gás a 0o C e 1 atm.

Exercício 3. Um vazo de 10 L contém gás na temperatura de 0o C e na pressão de 4 atm.


Quantos mols do gás estão no vaso.

Exercício 4. Um pesquisador transferiu uma massa de gás perfeito à temperatura de 27oC para
outro recipiente de volume 20% maior. Para que a pressão do gás nesse novo recipiente seja
igual à inicial, o pesquisador teve elevar a temperatura até quanto?

Exercício 5. Uma determinada massa gasosa, confinada em um recipiente de volume 6,0 L,


está submetida a uma pressão de 2,5 atm e sob temperatura de 27 o C. Quando a pressão é
elevada em 0,5 atm, nota-se uma contração de 1,0 L no volume. Qual a nova temperatura do
gás.

Exercício 6. Um balão esférico com diâmetro de 6 m é preenchido com Hélio à 20o C e 200 kPa.
Determine o número de moles e a massa do balão?

Exercício 7. A pressão nos pneus de um automóvel depende da temperatura do ar nos pneus.


Quando a temperatura do ar é 25o C, o manômetro registra 250 kPa. Se o volume nos pneus é
0,025 m3, determine o aumento da pressão nos pneus quando a temperatura do ar nos pneus
aumenta para 50o C. Assuma que a pressão atmosférica é 100 kPa.

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Exercício 8. Um manômetro instalado em um tanque de O 2 registra 500 kPa. Determine a


quantidade de gás no tanque se a temperatura é 28o C e pressão atmosférica 100 kPa.

Exercício 9. Um tanque de 0,82 m3 foi projetado para suportar uma pressão de 10 atm. O
tanque contém 4,2 kg de N2 e se aquece lentamente a partir da temperatura ambiente. A que
temperatura (em o
C) ele se romperá?

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1.3 Calor e energia interna

Se ao tomarmos uma xícara de café e a deixamos por um tempo sobre uma mesa, e
sairmos, ao voltarmos, percebe-se que o café esfriou, ou seja, sua temperatura diminui até
atingir a chamada temperatura ambiente que é da ordem de 300 K (ou 27 oC). De maneira
semelhante, se colocamos em contato um corpo quente e outro frio, eles, depois de algum
tempo, atingirão uma temperatura comum, intermediária entre suas temperaturas iniciais.
Durante este processo, ocorre uma passagem de calor do corpo mais quente para o mais frio.
Que transformações este fluxo de calor provoca no interior de cada corpo? Do ponto de vista
microscópico, ou seja, em nível molecular, o que é o calor? Sabemos que a temperatura de
um corpo é uma medida da energia cinética das moléculas deste corpo. Assim, quando dois
corpos são postos em contato, dá-se o encontro, na superfície que os separa, das moléculas
velozes do corpo quente com as moléculas lentas do corpo frio.

Figura 3. Transferência de calor entre dois corpos.

O calor é, portanto, uma transferência de energia entre dois corpos que inicialmente
apresentavam temperaturas diferentes. Em outras palavras, o calor é energia em movimento.
É isto que acontece quando, por exemplo, num dia frio, atritamos uma mão contra a outra para
aquecê-las.
A energia que um corpo absorve sob a forma de calor permanece dentro dele e faz sua
energia interna aumentar. Mas o que é a energia interna de um corpo? A energia interna de
um sistema relaciona-se com as suas condições intrínsecas. Num gás corresponde,
principalmente, a energia térmica associada ao movimento de agitação térmica das moléculas,
ou seja, a energia cinética molecular. Outras parcelas, como: energia potencial de configuração,
associada às forças internas conservativas e às energias cinéticas atômico-moleculares, ligadas
à rotação das moléculas, também compõem à energia interna. Então, a energia interna U inclui
todas as formas de energia do sistema e está associada ao seu estado termodinâmico.
Apesar de ser complicado dizer o que é a energia interna, podemos medir sua variação
sem dificuldades. Por analogia, vamos perguntar quanto dinheiro há em um banco. É difícil dizer,
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mas é fácil avaliar a diferença entre o que tem hoje e quanto tinha ontem. Com a energia interna
acontece o mesmo, mas a resposta para isto será dada quando avaliarmos a contabilidade de
energia de um sistema. O estudo da primeira lei da termodinâmica será útil e esclarece essa
questão.

1.4 Trabalho de expansão e diagrama pV de um gás

Em muitos tipos de motores, um gás se expande contra um pistão a fim de proporcionar


trabalho. Na máquina a vapor, por exemplo, aquece-se água numa caldeira até se transformar
em vapor. O vapor quente, então, efetua trabalho ao se expandir e impulsionar um pistão. No
motor de um automóvel, uma mistura de vapor de gasolina e de ar é inflamada, provocando
uma explosão. A elevada temperatura e a grande pressão atingida provocam a expansão rápida
do gás, que impele um pistão e fornece trabalho.

Figura 4. Exemplo de trabalho efetuado pela expansão de um gás.

Considere um gás contido num cilindro com êmbolo, como mostrado na figura 4. O
trabalho realizado pelo sistema (gás) sobre a vizinhança é:

W  F .d , onde F  p.A . Em que p é a pressão no gás e A é a área do êmbolo. Então podemos


escrever que,

W  p .A.d [3]

O produto A.d constitui a variação do volume (ΔV) sofrida pelo gás, onde V  V2  V1 . Assim,
o trabalho realizado pelo sistema, à pressão constante, é:

W  p (V2  V1 ) [4]
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Observe que a eq. 4 só poderá ser usada se a pressão do sistema não variar, ou seja, p1= p2.

Pelo exame do diagrama p-V, é evidente que o trabalho realizado durante esse processo é
representado pela área sob a curva 1-2, na figura 5.

Figura 5. Diagrama pressão-volume mostrando o trabalho realizado pelo sistema devido ao


movimento da fronteira.
Exemplo 1. Consideremos como sistema um gás contido no conjunto cilindro-êmbolo. A pressão
3
inicial é de 200 kPa e o volume inicial do gás e de 0,04 m . Coloquemos um bico de Bunsen
3
embaixo do cilindro e deixemos que o volume aumente para 0,1 m , enquanto a pressão
permanece constante. Calcular o trabalho realizado pelo sistema durante esse processo.

Resolução. Sabemos que: W  p (V2  V1 ) . Substituindo os valores temos, W = 200 kPa (01 –
3
0,04) m = 12 kJ.

Exercício 10. Três litros de um gás ideal, sob pressão de 2 atm, são aquecidos de modo que se
expandem a pressão constante até atingir o volume de 5 L. Calcular o trabalho efetuado pelo
gás.

Exercício 11. Uma bexiga vazia tem volume desprezível; cheia, o seu volume pode atingir 4.10 -
3
m3. O trabalho realizado pelo ar para encher essa bexiga, à temperatura ambiente, realizado
contra a pressão atmosférica, num lugar onde o seu valor é constante e vale 100 kPa, é no
mínimo de?

Exercício 12. Gás inicialmente em alta pressão expande-se em um cilindro, empurrando sem
atrito um pistão conectado a um eixo, transferindo dessa forma trabalho ao eixo e contra a
atmosfera, com pressão de 1 atm.

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Em uma expansão, foram obtidos os seguintes dados:

Volume do gás Pressão do gás Diferença


no cilindro (L) no cilindro (atm) de pressão (atm)
2,0 12 11
2,4 10 9
3,0 8 7
4,3 6 5
7,6 4 3

Quanto trabalho, em joules, o gás transmite ao eixo em uma expansão?

Exercício 13. A tabela a seguir fornece dados medidos para a pressão versus o volume durante
a expansão dos gases no cilindro de um motor de combustão interna. Utilizando a integração
gráfica dos dados, calcule o trabalho realizado pelos gases, em kJ.

Ponto Pressão (bar) Volume (cm3)


1 15 300
2 12 361
3 9 459
4 6 644
5 4 903
6 2 1608

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2 A Entalpia

Uma balança de farmácia não pesa apenas a pessoa que subiu nela; pesa a pessoa e
mais suas roupas. De forma similar, quando avaliamos a energia em um objeto de volume V,
temos que lembrar que este objeto deve realizar trabalho para afastar seus arredores e ocupar
seu lugar no espaço, geralmente à pressão atmosférica. A uma pressão qualquer p, o trabalho
necessário para abrir o próprio espaço é: W  pV . Isso ocorre tanto com objeto quanto com

um sistema e esse trabalho não é desprezível. Lembre-se de que, à pressão de 1 bar (1 atm), a
atmosfera exerce por metro quadrado uma força exatamente igual ao peso de uma massa de
10 toneladas, o que não é nada desprezível.
Dessa forma, a energia total de um corpo qualquer ou um gás, em seu recipiente, é sua
energia interna mais a energia extra necessária para abrir o espaço V que ele ocupa a pressão
p. Vamos chamar essa energia total de entalpia H, definida como:

H  U  pV [5]

e a diferença de entalpia entre os estados 1 e 2 é dada por:

H  H 2  H1  U   ( pV )  (U 2  p 2V2 )  (U1  p1V1 ) [6]

2.1 Energia interna e entalpia para mudança de


temperatura
Para um dado material à medida que a temperatura aumenta, U e H aumentam. Podemos
escrever para as várias transformações que:

U  mcv T [7]

H  mcp T [8]

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Onde o calor específico a volume constante cv é definido como sendo a energia requerida
para aumentar a temperatura de uma unidade de massa de uma substância de um grau quando
o volume é mantido constante. A energia requerida para fazer o mesmo quando a pressão é

mantida constante é o calor específico à pressão constante cp . Ambos são medidos em

unidades de J∕kg.K ou J∕kg.oC. Então, adicionalmente, pode-se dizer que o calor específico é uma
propriedade que serve para comparar a capacidade de armazenar energia de diferentes
substâncias.
Lembre-se de que a diferença entre ∆H e ∆U é o trabalho necessário para empurrar a
atmosfera à medida que o material se aquece e expande. Para líquidos e sólidos, a mudança de
volume é muito pequena, de forma que U  H e c p  cv .

2.2 Energia interna e entalpia para mudança de fase


A energia necessária para ferver água e dessa forma gerar vapor tem que fazer duas
coisas. Tem que fazer com que as moléculas se tornem tão ativas e energizadas que elas voem
para longe uma das outras e vençam as forças que as mantinham próximas no líquido. Mas
também tem que fazer trabalho de empurrar a atmosfera e, dessa forma, abrir o espaço para o
vapor ocupar. A energia total necessária para essa transformação é chamada de calor latente
de vaporização, hlg (kJ∕kg).
Por exemplo, para 1 kg de água se tornando vapor a 100 oC e 1 atm:

1. Energia para manter as moléculas separadas: U lg  2087 kJ (tabelado).


kg

2. Energia para empurrar a atmosfera e abrir espaço:

p (v g  v l )  101325 (1,673  0,001044 )  169 kJ . Os valores de v g e vl são tabelados.


kg

Portanto o calor latente de vaporização é, hlg  2087600  169400  2256 kJ .


kg

Observe que a água líquida dá cerca de 1600 vezes o seu volume quando na forma de
vapor, e a energia para essa expansão é da ordem de 8% da total. Dessa forma, como não se
vai do líquido ao vapor sem alterar o volume, u lg não é uma medida útil e sempre se usa hlg .

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3 Expansão adiabática de um gás

Um processo em que não há troca de calor entre o sistema e a sua vizinhança é um


processo adiabático. Imaginemos uma expansão adiabática, quase-estática (muito lenta), de
um gás num vaso termicamente isolado. O gás expande e empurra um pistão móvel, efetuando
trabalho. Uma vez que não há trocas térmicas entre o gás e a vizinhança, o trabalho efetuado é
igual à diminuição da energia interna do gás, e a temperatura do gás diminui. Como mostra a
figura 6, observe que em uma expansão (ou compressão) adiabática, p, v e T mudam.

Figura 6. Expansão adiabática de um gás ideal.

As relações entre a pressão p, o volume v e a temperatura T do gás em um processo


adiabático (e reversível) são obtidas combinando, na forma diferencial, a lei de conservação da
energia com a equação geral dos gases ideais. Resumidamente, teremos:

k 1
T2  p 2  k
 
T1  p1 
k 1
T2  v1  [9]
 
T1  v 2 
k
p 2  v1 
 
p1  v 2 

cp
Onde, k .
cv
Para gases monoatômicos, k  1,67 .

Para gases diatômicos, k  1,40 .

Para moléculas maiores, k  1,32 .

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4 O Equivalente mecânico do calor

É possível aquecer certa quantidade de água simplesmente agitando-a, ou seja, sem


aquecê-la ou colocando-a em contato com um corpo mais quente do que ela. Neste caso, o
trabalho que a força realiza agitando a água procurando vencer o atrito interno do líquido faz
aumentar sua energia interna e eleva sua temperatura. Este tipo de experiência foi realizado
pela primeira vez em 1840 por James P. Joule (1818-1889), e ficou conhecida como experiência
de Joule. Ele a repetiu diversas vezes, com o intuito de demonstrar a conversão da energia
potencial dos pesos em trabalho feito sobre a água. Seu invento mais famoso foi um dispositivo
no qual duas massas presas por um fio passavam por duas roldanas. À medida que as massas
desciam, o sistema de aletas girava, fazendo aumentar a temperatura da água no interior do
recipiente cilíndrico. Conhecendo as massas e as distâncias de queda ele determinou o trabalho
feito; medindo com precisão o aumento da temperatura da água, ele determinou o calor
produzido. Joule pôde, então, estabelecer a relação entre o trabalho e a quantidade de energia
transferida na forma de calor.

Figura 7. Experiência de Joule.

Desta experiência resulta que, para se elevar de 1o C a temperatura de 1 kg de água, é


necessário 4,186 kJ, ou seja, determinou que cada 4,186 kJ de energia correspondem a 1000
calorias. Estes joules farão a energia interna da água aumentar, ou seja, a elevação de 1 o C na
temperatura da água revela que este afluxo de energia serviu para aumentar a energia cinética
com que as moléculas da água se movimentam.
Assim, podemos afirmar que, como o calor, o trabalho é também um modo de transferir
energia. Em outras palavras, o trabalho também é energia em movimento. Além disso,
podemos dizer que o calor proveniente de um corpo mais quente e o trabalho realizado por uma
força externa sobre o sistema são duas formas diferentes de se aumentar a energia interna de
um corpo.

Exemplo 2. A fim de demonstrar a equivalência entre calor e a energia, deixa-se cair um vaso
termicamente isolado de uma altura h em relação ao solo. Se a colisão for perfeitamente
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inelástica e se toda a energia se transformar na energia interna da água, qual deve ser a altura
h para a temperatura da água seja elevada de 1o C.

Resolução. A energia cinética da água, no instante em que atinge o solo, é igual à energia
potencial inicial, m.g .h . Durante a colisão, esta energia se converte em energia térmica Q que

provoca elevação de temperatura dada por Q  m.c p T , onde c p é o calor específico da água,

que vale 4,18kJ/kg.K.

c p T
Assim, m.g.h  m.c p T ou h  ,
g

4,18kJ.(kg.K) -1 (1K )
h , h=426 m.
9,81N .kg 1
Veja que h não depende da massa de água. O valor achado é bastante grande, o que ilustra
uma das dificuldades da experiência de Joule, pois a quantidade de trabalho a ser feita tem que
ser elevada a fim de se ter variação apreciável da temperatura da água.

Exercício 14. Uma bala de chumbo, deslocando-se a 200 m/s, crava-se num bloco de madeira.
Admitindo que toda a variação de energia contribua para o aquecimento da bala, estimar a sua
temperatura, sendo de 20 o C a inicial. O calor específico (cp) do Chumbo é 0,13 kJ/kg oC.

Exercício 15. Um tanque rígido contém 3 m3 de gás hidrogênio a 250 kPa e 550 K. O gás é
resfriado até a temperatura cair a 350 K. Determine a (a) pressão final do gás e (b) a quantidade
de calor transferido. O cv do gás hidrogênio é 10,3 kJ∕kg K.

Exercício 16. Uma sala de 4 x 5 x 6 m é aquecida por um aquecedor com resistência elétrica.
É desejado que o aquecedor seja capaz de aquecer o ar de 7 para 23 o C no intervalo de 15
minutos. Assumindo que não há perdas de calor da sala e que a pressão atmosférica local é 100
kPa, determine a potência requerida pelo aquecedor. Assuma que o calor específico do ar é
constante à temperatura ambiente.
Dados: A massa molecular do ar é 28,9 g∕mol e O cv do ar é 0,718 kJ∕kg K.

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5 A primeira lei da termodinâmica

Todo sistema físico apresenta uma energia interna bem definida, que depende do seu
estado termodinâmico, ou seja, das condições em que o sistema se encontra. O estado de um
gás aprisionado num recipiente, por exemplo, é descrito por meio dos valores de seu volume,
de sua temperatura e de sua pressão. Se aquecermos esse gás, seu estado mudará e,
consequentemente, sua energia interna também será alterada.
Analisemos a seguir um sistema termodinâmico simples. Uma porção de gás está contida
num cilindro com êmbolo móvel. O gás recebe ou cede calor através da parede do cilindro e
realiza trabalho quando o êmbolo se move. Fornecendo calor a esse sistema através da ação da
chama, o gás se expande e realiza trabalho.

Figura 8. Sistema cilindro-embôlo produzindo trabalho.

Mas, sabia-se desde os primeiros estudos dos motores térmicos que o trabalho realizado
durante a expansão do gás era menor que o calor recebido pelo sistema. Isto significava que,
durante a transformação, a temperatura do sistema aumentava, evidenciando um aumento de
energia interna. A primeira lei da termodinâmica (ou lei da conservação da energia) refere-
se a esta situação, e pode ser enunciada da seguinte forma: A diferença entre o calor
recebido e o trabalho realizado é igual a mudança de energia do sistema. Algebricamente
podemos escrever:

U  Ec  E p  Q  W [10]

Onde, a variação da energia cinética, E c , deve-se a variação da velocidade do sistema. E p

é a variação da energia potencial do sistema, relaciona-se com a sua alteração em relação a um


campo de força. Considerando que no sistema não houve variação das energias potencial e
cinética, a primeira lei pode ser enunciada como mostrada na equação da figura 9.

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Figura 9. Convenção de sinais para a primeira lei da termodinâmica.

Q sendo o calor recebido pelo sistema durante a transformação e W o trabalho realizado pelo
sistema e sua variação ∆U da energia interna. Esta equação pode ser aplicada a qualquer
sistema, desde que se atribuam sinais algébricos ao calor e ao trabalho.

Q>0 - Quando o sistema recebe calor;


Q<0 - Quando o sistema fornece calor;
W>0 - Quando o sistema fornece trabalho;
W<0 - Quando o sistema recebe trabalho.

Já a variação de energia interna (∆U) é positiva quando a temperatura aumenta e negativa


quando a temperatura do sistema diminui.

Quando um sistema evolui de um estado para outro, ele pode produzir trabalho para mover

um eixo, gerar eletricidade, e assim por diante. É o chamado trabalho de eixo, We . O sistema

pode inclusive expandir, como quando a água se torna vapor; é o chamado trabalho pV, W pV .

Então, o trabalho total produzido é de dois tipos:

W  We  W pV [10]

E, de forma geral, a primeira lei pode ser escrita como:

U  E c  E p  Q  We  W pV [11]

A partir desta equação dois casos usuais podem ocorrer:

 Processos sem escoamento (em muitas situações práticas o volume do sistema


permanece constante),

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U  Ec  E p  Q  We [12]

 Processos com escoamento,

U  Ec  E p  Q  We  ( pV )

U  Ec  E p  Q  We  p 2V2  p1V1

Que resulta em:

H  Ec  E p  Q  We [13]

Exemplo 3. Faz um trabalho de 25 kJ sobre 3 kg de água agitando-se mediante uma roda de


palhetas. Durante a agitação removem-se da água 60 kJ de calor. Qual a variação da energia
interna do sistema.

Resolução. U  Q  W = (-60 kJ) – (-25 kJ) = - 35 kJ.

Exercício 17. Um gás diatômico efetua 300 J de trabalho e absorve 600 cal de calor. Qual a
variação da energia interna do gás.

Exercício 18. Um fluído contido num tanque é movimentado por um agitador. O trabalho
fornecido ao agitador é 5090 kJ e o calor transferido do tanque é 1500 kJ. Considerando o tanque
e o fluído como sistema, determine a variação da energia interna do sistema neste processo.

Exercício 19. Coloquei 1 litro de água na minha chaleira elétrica e liguei-a. Quanto tempo terei
que esperar pela fervura. Considerar que a chaleira é adiabática.
Dados: A capacidade calorífica do metal da chaleira equivale a 200 cm3 de água e a potência da
chaleira é 1250 W. No instante t=0, T=20o C.

Exercício 20. Quanto tempo levará para que toda a água da chaleira, do exercício anterior,
evapore completamente.
Exercício 21. O estado inicial de 1 mol de uma gás ideal é P 1 = 3 atm, V1 = 1 L, U1 = 456 J e
U2 = 912 J. O gás se expande a pressão constante até o volume de 3 L. Depois é resfriado, a
volume constante, até a sua pressão cair a 2 atm. (a) Mostrar este processo no diagrama PV e
calcular o trabalho efetuado pelo gás. (b) Calcular o calor trocado durante o processo.
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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Exercício 22. Um ventilador consome 20 W de potência elétrica. A vazão de ar do ventilador é


de 1,0 kg∕s. A velocidade do ar no ventilador é 8 m∕s. Determine se isto é possível.

Exercício 23. Uma sala contém 40 pessoas e para ser refrigerada precisa de ar-condicionados
tipo janela com capacidade de refrigeração de 5 kW. Uma pessoa (em descanso) dissipa calor a
uma taxa de 360 kJ∕h. Existem 10 acesas na sala, cada uma dissipa 100 W de calor. A taxa de
transferência de calor para sala através das paredes e janelas é estimada ser de 15000 kJ∕h.
Nestas condições a temperatura do ar é mantida em 21 o C. Determine o número de aparelhos
de ar-condicionados necessários.

Exercício 24. Um sistema pistão-cilindro inicialmente contém 0,5 m 3 de N2 à 400 kPa e 27o C.
Um aquecedor elétrico dentro do dispositivo é ligado e deixa passar uma corrente de 2 A por 5
minutos de uma fonte de 120 V. O gás expande à pressão constante e libera 2800 J de calor.
Determine a temperatura final do gás.
Dados: O Rgás é 0,297 kJ.m3 ∕K e o cp é 1,039 kJ∕kg K.

Exercício 25. Um bloco de ferro de 50 kg e à 90 o C, é deixado cair em um tanque isolado que


contém 0,5 m3 de água à 20o C. Determine a temperatura quando o equilíbrio térmico é
alcançado. O cp do ferro é 0,40 kJ∕kg K e o cp da água é 4,186 kJ∕kg K.

Exercício 26. Um sistema cilindro e pistão contém 2 l de nitrogênio gasoso ( cp = 1,039 kJ∕kg K)
a 3 atm. O gás é aquecido a pressão constante, de 20 o C a 199o C. Quanto calor é necessário
para aquecer o gás? A massa molecular do nitrogênio é 28 g∕mol.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

6 A segunda lei da termodinâmica

A primeira lei da termodinâmica é na verdade uma generalização do princípio de


conservação da energia, incorporando no balanço energético a quantidade de energia trocada
entre o sistema e a vizinhança na forma de calor.
Esta lei, no entanto, não contém restrições quanto à direção do fluxo de energia entre o
sistema e a sua vizinhança. Por exemplo, esta lei permite tanto a passagem de energia na forma
de calor de um corpo de temperatura maior a outro de temperatura menor quanto no sentido
inverso. Mas na natureza observa-se que é possível a passagem espontânea de energia na
forma de calor apenas de um corpo de temperatura maior a outro de temperatura menor, como
pode ser acompanhado da experiência descrita abaixo.
Imagine uma xícara contendo café quente colocada em um ambiente mais frio.
Intuitivamente, sabemos que o café esfriará até atingir a temperatura do ambiente. Poderíamos
imaginar a situação inversa? O café voltaria, espontaneamente, a esquentar, restabelecendo a
situação original? Será que isto acontece ou não? A primeira lei da termodinâmica não contém
qualquer restrição para esta impossibilidade, porque a quantidade de energia perdida pelo café
é igual à quantidade de energia ganha pelo ar.
Estamos em dúvida, não sabemos ao certo o que pode ocorrer neste caso, não é mesmo?
Para não termos mais dúvidas, vamos considerar outra experiência, para então poder responder
à questão anterior. Em uma caixa, de um lado há um gás e do outro, vácuo. Se retirarmos a
separação, veremos o gás se espalhar e ocupar todo o volume da caixa. Será que se você ficar
com a partição na mão, o gás voltará a se concentrar só de um lado da caixa? Quando isto
acontecer, você reporá a partição, restabelecendo a situação original. Mas será que isto de fato
acontece?

Figura 10. Expansão livre de um gás.

Podemos citar inúmeros processos como esses: copos que se quebram ao cair no chão,
pilhas de lanterna que se descarregam, gêlo que se derrete dentro de um copo de refrigerante,

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

e muitos outros. O que todos esses processos têm em comum é que podem ocorrer em um
sentido, mas não ocorrem, espontaneamente, no sentido oposto. A inversão de qualquer
processo acima viola a segunda lei. Em termos mais técnicos, eles são chamados de processos
irreversíveis, pois não revertem espontaneamente.
A segunda lei da termodinâmica descreve como uma sucessão de estados de equilíbrio
pode ser irreversível, de forma que o sistema não possa voltar ao seu estado original sem cobrar
um preço dos seus arredores. Por exemplo, Um cubo de gelo derretido não se refaz
espontaneamente, é preciso colocá-lo no freezer, a um determinado custo de energia.
Existem vários modos de enunciar essa lei. Uma delas, devida a Rudolph Clausius,
estabelece que:
“É impossível haver transferência espontânea de calor de um objeto frio para outro
mais quente”.
Observe a condição do termo "espontânea". Em sua geladeira, por exemplo, a todo
instante passa calor de dentro para fora, resfriando o interior e aquecendo o exterior. Mas, isso
só acontece se a geladeira estiver ligada na tomada e funcionando, isto é, consumindo energia
elétrica. O processo, portanto, não é espontâneo, precisa ser induzido.
Mas como saber se um processo viola, ou não, a segunda lei da termodinâmica? Isto é,
como saber qual é a direção em que ele pode ou não ocorrer? O conceito da entropia nos dará
a resposta.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

7 A Entropia

Entropia, conceito chave na termodinâmica, é a proporção de energia térmica em dado


sistema ou objeto que está indisponível para realizar trabalho útil devido ao movimento
randômico das moléculas que o compõe. Por exemplo, um motor a vapor recebe energia
mecânica de um fluxo de calor; entretanto, como o movimento individual das moléculas do vapor
não é previsível, o motor não é completamente eficiente. Ou seja, o motor não pode tirar toda
energia daquelas moléculas ativas para, por exemplo, levantar um peso.
A entropia pode também ser descrita como o grau de desordem do sistema (desordem
molecular). Quando um sistema fica mais desordenado, as posições das moléculas tornam-se
menos previsíveis, a entropia aumenta. Assim, fica evidente que, a entropia de uma substância
no estado sólido é menor do àquela no estado gasoso. Veja a figura abaixo.

À exemplo da pressão p, do volume v, da temperatura T e da energia interna U, a entropia

S é uma propriedade de estado de um sistema. Da mesma forma que medimos ∆U para uma
transformação, medir a variação de entropia (∆S) é o que tem importância.
Em um sistema isolado, ou seja, um sistema que não troca massa nem energia com sua
vizinhança, a entropia sempre permanece a mesma ou aumenta, ou melhor, uma mudança pode
ocorrer, ou pelo menos não é proibida, desde que:

Ssistema  0 , para um sistema isolado qualquer (conhecido como, princípio do aumento de

entropia).
e
S sistema  Svizinhança  0 , para um sistema interagindo com sua vizinhança.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Matematicamente, a entropia é a quantidade de calor trocada na fronteira do sistema,


dividido pela temperatura absoluta do sistema. Para uma transformação puramente reversível
e em processos que a temperatura local onde ocorre a troca de calor é constante, teremos,

Qrev
S sistema  [14]
Tsistema

O sub-escrito rev se refere às transformações reversíveis.


Onde Qrev é a energia recebida ou cedida como calor pelo sistema durante o processo e Tsistema
é a temperatura do sistema em Kelvin. Assim, a variação de entropia depende não só da energia
transferida na forma de calor mas também da temperatura na qual a transferência ocorre. Como
T é sempre positiva o sinal de S é igual ao sinal de Q.
Mas o que é uma transformação reversível? Chamamos de reversíveis, as
transformações que podem se efetuar em ambos os sentidos, de modo que, na volta, o sistema
é restituído ao seu estado inicial passando pelos os mesmos estados intermediários, sem que
ocorram variações definitivas no sistema e na vizinhança. As transformações puramente
mecânicas, que se realizam sem atrito e sem que se produzam choques inelásticos, são
reversíveis.
Por exemplo, imagine um gás a alta pressão expandindo-se dentro de um cilindro e, com
isso, empurrando um pistão. Se isso ocorrer sem atrito, sem perda de calor (de forma adiabática)
e reversível, temos:

W realizado pela expansão do gás = W recebido pela vizinhança.


Mas, se o pistão estiver enferrujado e não muito bem lubrificado, raspando as paredes
do cilindro, seu movimento será feito com atrito e resultando calor. Portanto a vizinhança vai
receber menos trabalho do que aquele realizado pelo gás; portanto:

W realizado pela expansão do gás > W recebido pela vizinhança.


O conceito de processos reversíveis é muito útil na descrição de processos ideais. Com o
conhecimento da eficiência de um processo ideal podemos tirar conclusões a respeito da
eficiência do processo real. Além disso, muitos processos reais se aproximam bastante de
processos ideais.

Exercício 27. Um sistema pistão-cilindro contém uma mistura líquido/vapor a 300 K. Durante
um processo à pressão constante, 750 kJ de calor é transferido para a mistura. Como resultado,
parte do líquido do cilindro vaporiza. Determine a mudança de entropia da água durante este
processo.

Exercício 28. A entropia de uma batata quente diminui quando ela esfria. Isto é uma violação
do princípio de aumento da entropia? Explique.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Exercício 29. Um dispositivo pistão-cilindro contém uma mistura líquido/vapor a 100 o C.


Durante um processo à pressão constante, 600 kJ de calor é transferido ao ar ambiente a 25 o C.
Como resultado, parte do vapor d´água contido no cilindro condensa. Determine (a) mudança
de entropia da água e (b) a mudança total da entropia devido a transferência de calor.

7.1 Entropia de substâncias puras


As substâncias puras são aquelas que possuem composição química invariável e
homogênea, independente da fase que se encontra – sólida, líquida ou vapor.
A partir de um estado padrão arbitrário para a medida de entalpia, da energia interna,
volume e para entropia, foram preparadas tabelas termodinâmicas para todas as substâncias
úteis para a engenharia, em particular para a água em alta pressão (por exemplo, em uma
caldeira) e o HFC 134a, que parece ser o material para o futuro uso nas máquinas de
refrigeração. As curvas T-s são as mais usadas depois de diagrama de Mollier (curvas p-h).
Quando a água é aquecida, por exemplo, em uma caldeira, há uma elevação da
temperatura (trecho 1-2, figura 11). Quando isto ocorre, chama-se o calor fornecido de calor
sensível. Assim o calor sensível continua a ser transferido, até que a água atinja seu ponto de
ebulição, ponto 2 (o ponto de ebulição varia de acordo com a pressão com que a caldeira irá
operar). Quando o ponto de ebulição for atingido, o calor que continua sendo transferido, pára
de provocar um aumento de temperatura na água e passa a alterar as suas propriedades físicas.
A partir desse ponto a água começa a ser transformada do estado líquido para o gasoso, que é
conhecido como vapor. O calor acrescido para a conversão da água a mesma temperatura é
chamado calor latente. O trecho 2-3 representa a transição do líquido em ebulição para o vapor
saturado. Observe que, durante a mudança de fase a temperatura e a pressão permanecem
constantes. Se mais calor for introduzido, a temperatura do vapor se eleva ainda mais e o vapor
se torna superaquecido (trecho 3-4). Consequentemente, para transformar 1 kg de água em 1
kg de vapor, é necessário adicionar tanto calor sensível como calor latente.
A água não entrará em ebulição a 100o C se a pressão for maior que a atmosférica. Por
conseguinte, a temperatura de ebulição aumentará com o aumento da pressão. A relação entre
a pressão e a temperatura do vapor saturado é bem conhecida e pode ser encontrada nas tabelas
de vapor. Por exemplo, se a água a que se está adicionando calor estiver a pressão de 1 MPa,
será necessário adicionar 762,8 kJ de calor sensível (para cada kg de água) afim de elevar sua
temperatura até o ponto de ebulição que é 179,9o C. Ainda será necessário fornecer mais 2015,3
kJ de calor latente para transformá-la em 1 kg de vapor.
As tabelas de vapor evidenciam uma das maiores vantagens em se utilizar vapor em
processos de aquecimento. A temperatura necessária para o processo, crítica em muitos casos,
pode ser atingida pela simples escolha da pressão de vapor (ver tabela de vapor no final da
apostila).
A região de saturação (trecho 2-3 da figura 11, região de duas fases) é caracterizada por
um parâmetro útil que mede a quantidade de vapor na mistura de vapor e líquido. Esse
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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

parâmetro, conhecido como título (x) ou qualidade do vapor pode ser obtido, usando o diagrama
T-S (figura 11), a partir de:

s  sl
x [15]
s v  sl

Sendo s a entropia em um ponto sobre o trecho 2-3, os sub-escritos v e l se referem a fase de


vapor e a fase líquida, respectivamente. No diagrama T-S o ponto 2 coincide com l e o ponto 3
com v.
Os geradores de vapor para injeção em poços de petróleo, geralmente, operam na região
de duas fases, produzindo vapor úmido de qualidade (ou título) de 80%, enquanto que as
caldeiras em usinas termoelétricas geram vapor superaquecido, trecho 3-4 do diagrama TS.


Figura 11. Diagrama Temperatura-Entropia para o vapor d’ água.

Exercício 30. Um cilindro com pistão contém 3 kg de água a 20o C e 10 bar. Fornecendo calor,
a água aquece, ferve, transforma-se em vapor, e o pistão se move até a temperatura atingir
300o C; todo esse processo é conduzido a 10 bar. Para esses 3 kg de fluido, calcule:

a) U;
b) Quanto trabalho foi realizado pelo fluido;
c) Quanto calor o fluido recebeu.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Exercício 31. Calcule a temperatura e a entalpia de vapor d’água a 5 MPa com qualidade de
50%.

Exercício 32. Tenho aqui um recipiente de HFC-134a 20oC e 0,1 MPa. Qual será a energia
interna por quilo de conteúdo do recipiente?
Exercício 33. Um cilindro com pistão contém 2 kg de água a 20o C e 3 bar e nada mais. Com a
pressão constante em 3 bar, aquecemos até 300 oC. Calcule o trabalho realizado pela expansão
do conteúdo desse cilindro.

Exercício 34. Para aquecer 1 t de água inicialmente a 25 o C até ponto de ebulição e depois
aquecer o vapor a 500o C, sempre a pressão atmosférica, eu preciso de quantos joules de calor?

Exercício 35. Vapor entra em uma turbina em regime permanente com vazão de 4600 kg/h. A
turbina desenvolve uma potência de 700 kW. Na entrada, a pressão é 60 bar, a temperatura de
400oC e a velocidade é 10 m/s. Na saída, a pressão é 0,1 bar (saturado) e a velocidade é 30
m/s. Calcule a taxa de transferência de calor entre a turbina e a vizinhança em kW.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

7.2 Aplicações da Entropia


7.2.1 Turbinas e compressores ideais

Exemplo 4. Calcule o trabalho necessário para comprimir adiabática e reversivelmente, a 500


kPa, uma corrente saturada de HFC-134a gasoso, a - 40º C.

Resolução. Pela primeira lei, E k e E p desprezíveis, o trabalho necessário para a

compressão é:

 We  (h2  h1 )  q , onde q = 0 (adiabático).

Como o fluido que chega ao compressor está saturado (duas fases), somente com o valor de T1
= -40O C podemos obter todas as outras propriedades termodinâmicas do fluido na entrada
do compressor pelas tabelas do estado saturado. Assim, consultando as tabelas no final da
apostila, temos:

P1= 51,14 kPa


h1 = 374,3 kJ/kg
v1 = 0,361 m3/kg
s1 = 1,765 kJ/kg.K

Para o fluido que sai do compressor, temos apenas uma propriedade, a pressão. Essa informação
não é suficiente para obtermos todas as outras propriedades. O fluido que sai do compressor é
vapor superaquecido (única fase), precisamos de duas propriedades – portanto de mais uma.
Vamos buscá-lo com auxílio da segunda lei. Para uma compressão adiabática (q=0) e reversível,
podemos escrever:

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Qrev.
S   0 , ou seja, s2 = s1
T

Isso é exatamente o que precisamos. Procurando nas tabelas as condições nas quais p 2 = 500
kPa e s2 = s1 = 1,765 kJ/kg.K, encontramos

T2 = 30o C
v2 = 0,0443 m3/kg
h2 = 421,3 kJ/kg

Portanto, o trabalho de compressão é:

 We  (h2  h1 ) = 421,3 – 374,3

We = - 47 kJ/kg

Exercício 36. Vapor a 1 MPa e 600o C entra em uma turbina adiabática, reversível, em baixa
velocidade, e sai a 100 kPa e 200 m/s. Calcule o trabalho realizado.

Exercício 37. Uma grande turbina recebe 5 kg/s de vapor de água a 600o C e 12 bar e o libera
a 0,5 bar. Espera-se que produza 4 MW. Está parecendo muito... Isso é possível? Qual é sua
eficiência comparada a uma turbina adiabática reversível?

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

8 Aplicações das leis termodinâmicas

A primeira e a segunda lei da termodinâmica aplicam-se a um grande número de


processos na natureza. A primeira lei, por exemplo, estabelece que a energia de um sistema (e
sua vizinhança), em qualquer processo natural sempre se conserva.
Isto implica, por exemplo, que é impossível construir uma máquina que gere energia “do
nada”. Uma máquina que fizesse isto seria um moto perpétuo de primeira espécie, e que não
existe justamente porque contradiz a primeira lei da termodinâmica. Assim, esta lei regula nosso
mundo, nos informando sobre as máquinas que podem ser criadas, e os processos possíveis de
ocorrer com tais máquinas.
Já a segunda lei da termodinâmica nos revela a direção dos processos naturais, ou seja,
a direção na qual eles podem ocorrer, nos revelando também que é impossível transformar calor
totalmente em trabalho num sistema, e que, portanto é impossível um motor de automóvel
apresentar rendimento de 100%, o chamado motor perpétuo de segunda espécie. Assim, esta
lei nos informa, por exemplo, qual pode ser o rendimento máximo esperado de uma máquina
térmica ou de uma geladeira, além de permitir que saibamos quais processos podem ou não
podem ocorrer na natureza, o que nos possibilita desenvolver e testar hipóteses e modelos mais
coerentes no desenvolvimento de pesquisas nos mais variados campos do conhecimento.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

9 Ciclos termodinâmicos

Dizemos que um gás executa um ciclo termodinâmico quando ele é submetido a


sucessões repetitivas de transformações termodinâmicas. Na prática, os ciclos termodinâmicos
são usados para produzir trabalho (p. ex. motores e turbinas), aquecimento ou refrigeração.
Lembrar que não é necessário que a mesma massa de gás execute cada ciclo. O principal é que
os estados termodinâmicos sejam repetitivos. Exemplo: Em um equipamento de refrigeração
(circuito fechado), a mesma massa de gás retorna para o início de cada ciclo, mas em um motor
de combustão interna ela é renovada a cada ciclo.

Figura 13. Ciclo termodinâmico.

9.1 O ciclo de Carnot e as máquinas térmicas


Pela segunda lei da termodinâmica, sabemos que o rendimento térmico de toda máquina
térmica é inferior a 100%, então qual é o ciclo de maior rendimento que podemos ter? Vamos
responder essa questão para um motor térmico que recebe calor de um reservatório térmico a
alta temperatura e rejeita calor para um a baixa temperatura, como mostrado na figura 14.
Admitamos que esse motor térmico, que opera entre os dois reservatórios térmicos, funcione
segundo um ciclo no qual todos os processos são reversíveis. Se cada processo é reversível, o
ciclo é também reversível e, se o ciclo for invertido, o motor térmico se transforma num
refrigerador.
Este ciclo é conhecido como o ciclo de Carnot, em homenagem ao engenheiro francês
Nicolas Leonard Sadi Carnot (1796-1832) que estabeleceu as bases da segunda lei da
termodinâmica. Carnot imaginou este motor térmico em 1824 e, supreendentemente, ele foi
capaz de analisar o desempenho desse tipo de máquina antes que a primeira lei e o conceito de
entropia tivessem sidos descobertos.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Figura 14. Máquina térmica de Carnot.

O ciclo de Carnot é o ciclo reversível constituído por dois processos isotérmicos (1-2 e
3-4) e dois processos adiabáticos (2-3 e 4-1). Por questões didáticas, a figura 15 representa o
ciclo de Carnot para um gás ideal, e percorrido no sentido anti-horário, embora qualquer
substância possa ser levada a executar um ciclo de Carnot e o sentido possa ser invertido.

Figura 15. Ciclo de Carnot operando com um gás ideal.

 1-2: Expansão isotérmica (T1 constante). O sistema recebe a quantidade de

energia Q1 na forma de calor e realiza trabalho W12 contra a vizinhança.


 2-3: Expansão adiabática (T1 para T2). O sistema não troca energia na forma de
calor, mas realiza trabalho W23 contra a vizinhança.
 3-4: Compressão isotérmica (T2 constante). O sistema perde a quantidade de
energia Q2 na forma de calor e recebe trabalho W34 da vizinhança.
 4-1: Compressão adiabática (T2 para T1). O sistema não troca energia na forma
de calor, mas recebe trabalho W41 da vizinhança.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

É comum dizer-se que o sistema submetido ao ciclo de Carnot absorve a quantidade de


energia Q1 de uma fonte quente (reservatório térmico à temperatura T1) e perde a quantidade
de energia Q2 para uma fonte fria (reservatório térmico à temperatura T2). Para o ciclo completo
∆U = 0, ou seja, W = Q = Q1 + Q2. Como Q2 < 0, já que representa energia que sai do sistema
na forma de calor, explicita-se o sinal de Q2 substituindo-o por –Q2. Como Q1>0, podemos
escrever que:

W = Q = |Q1|-|Q2|. Aqui, W é o trabalho total realizado pelo sistema contra a vizinhança,


e vale
W = W12 + W23 + W34 + W41

Nesta altura, é apropriado introduzir o conceito de eficiência térmica para um motor


térmico. Antes, faz-se necessário, definir máquina térmica como sendo um dispositivo que,
operando segundo um ciclo termodinâmico, realiza um trabalho líquido positivo a custa da
transferência de calor de um corpo a temperatura elevada para um corpo à temperatura baixa.
Em geral, dizemos que a eficiência é a razão entre o que é produzido (energia pretendida)
e o que é usado (energia gasta). Simplificadamente, a energia pretendida é o trabalho e a
energia gasta é o calor transferido da fonte a alta temperatura (por exemplo, produtos da
combustão numa câmara). A eficiência térmica, ou rendimento térmico de um motor, é
definido como:

Energia  pretendida
 térmico 
Energia  gasta

W Q1  Q2 Q2
 térmico    1
Q1 Q1 Q1

Esta relação pode também ser expressa em termos de potência (energia por unidade de
tempo):

W
 térmico  
Q1

Adicionalmente, Kelvin mostrou que:

Q2 T2

Q1 T1

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Então, o rendimento térmico de um ciclo de Carnot pode ser expresso em função


das temperaturas absolutas dos dois reservatórios, como mostra a equação abaixo:

T2
 Carnot  1  [15]
T1

Veja que para o ciclo de Carnot, o rendimento depende somente da temperatura da fonte

quente (T1) e da fonte fria (T2). O rendimento de Carnot,  Carnot , é o maior rendimento que um
motor térmico pode alcançar.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

9.2 Diagrama T-s para o ciclo de Carnot Ciclos termomicos

Por definição, o motor de Carnot é um motor reversível, portanto em seu funcionamento


reverso é capaz de “bombear” calor de uma fonte fria para uma fonte quente. Mas, para fazer
isso, demanda que lhe seja fornecido trabalho.
O diagrama T-s mostrado nas figuras 16 e 17 representam o motor de Carnot e o
refrigerador de Carnot, respectivamente.

Figura 16. Motor de Carnot.

Figura 17. Refrigerador de Carnot.

Em um aparelho de ar-condicionado ou em um refrigerador, o calor é bombeado de um


corpo a baixa temperatura para outro a alta temperatura. Para esses aparelhos, o que nos
interessa é quanto calor pode ser removido da fonte fria por unidade de trabalho consumida.
Essa relação é chamada de coeficiente de desempenho, ou COP (abreviação da expressão
inglesa coefficient of performance). Observando a figura 17, o COP fica:

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Q2
COP  [16]
W

Exercício 38. Um grande reservatório de calor a 100o C fornece calor para uma fonte fria a 0o
C. Um motor de Carnot está operando entre a fonte quente e a fria. Calcule o rendimento desse
motor, admitindo que as temperaturas da fonte quente e fria não se alteram.

Exercício 39. Um motor de Carnot absorve continuamente de uma fonte a 227 o C, fornece 400
W de potência e rejeita calor continuamente para uma fonte fria a 27o C. Qual a mudança de
entropia:

a) para a fonte quente?


b) para a fonte fria?
c) para o sistema total, inclusive o motor?

Exercício 40. O refrigerador de Carnot do nosso laboratório, cuja temperatura ambiente é 300
K, tem um COP de 11. Qual a temperatura de nosso refrigerador?

Exercício 41. Um motor reversível recebe calor de uma fonte quente a 500 K e rejeita calor
para uma fonte fria a 300 K. Para obtermos uma potência mecânica de 10 kW desse motor, qual
deverá ser o fluxo de calor fornecido pela fonte quente?

Exercício 42. Uma máquina de refrigeração demanda 1 kW de potência por tonelada de


refrigeração (TR).

a) Qual é o seu COP (coeficiente de desempenho)?


b) Quanto calor ela rejeita para o condensador?
c) Se o condensador operar a 15o C, qual será a mínima temperatura que esse refrigerador
conseguirá manter, admitindo-se que sua carga térmica seja de 1 TR?

Observação. 1 TR=12000 Btu/h de calor retirado da fonte fria. Uma tonelada de refrigeração é
definida como a capacidade de um sistema de refrigeração que pode transformar 1 tonelada de
água líquida em gelo em um tempo de 24 horas.

Exercício 42. Uma máquina de ar condicionado deve ser utilizada para manter o ambiente a
24o C. A carga térmica a ser removida, deste ambiente, é igual a 4 kW. Sabendo que o ambiente
externo está a 35o C, estime a potência necessária para acionar o equipamento.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

10 Tipos de Máquinas térmicas

10.1 Dispositivo ciclo fechado


Esse dispositivo térmico faz um fluido circular, aquecendo-o e vaporizando-o a alta
pressão, expandindo-o e, então resfriando-o e condensando-o, tudo feito de tal modo que possa
gerar trabalho. Tais equipamentos necessitam tanto de uma caldeira como de um
condensador.

Figura 18. Esquema simplificado de uma instalação para gerar trabalho a partir do vapor, ciclo
fechado

10.2 Dispositivo de ciclo aberto

Esse tipo de máquina comprime, aquece e vaporiza um líquido, expande-o para realizar
trabalho e finalmente, rejeita-o como vapor a baixa pressão.

Figura 19. Esquema simplificado de uma instalação para gerar trabalho a partir do vapor, ciclo
aberto

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

10.3 Dispositivo a gás de ciclo aberto


O dispositivo a gás dispensa tanto a caldeira quanto o condensador. Ele gera o gás quente
a alta pressão por meio de reações químicas de combustão.

Figura 20. Esquema simplificado de uma instalação para gerar trabalho a partir da combustão
de um gás

10.4 Refrigeradores e bombas de calor

Bombas de calor e refrigeradores têm muito em comum com os motores térmicos. A


diferença é que o ciclo é operado na direção oposta.

 O objetivo de uma bomba de calor é fornecer calor para um ambiente frio;


 O objetivo de um refrigerador é retirar calor de um ambiente quente.

Os dois processos são complementares e trabalham com o mesmo princípio. Ambos usam
uma fonte externa de energia para transferir calor de um ambiente frio para outro mais quente.
Para bombear calor de uma temperatura baixa para a temperatura ambiente, não se pode
usar água∕vapor. Deve-se empregar um fluido que evapora e condensa a baixas temperaturas.
Isso nos leva para a amônia, dióxido de enxofre, freons e, mais recentemente, os HFC’s. A
operação de um único passe não é prática com esses fluidos, de modo que temos de usar um
dispositivo que não o descarta, mas o evapora e o condensa repetidas vezes.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

11 O Ciclo de Rankine

Vamos tentar operar um ciclo de Carnot com um fluido real, digamos a água-vapor. O
diagrama TS do ciclo de Carnot na figura 21 mostra que a tarefa de absorver ou rejeitar calor
em temperatura constante (passo 2–3 e 4–1) só pode ser feito na região de duas.

Fig. 21 – Ciclo de Carnot operando com fluido real (água/vapor)

Mas problemas operacionais como cavitação nas bombas e erosão das pás de turbinas
tornam impossível operar na região de duas fases. Então, somos forçados a operar a etapa de
produção desses dispositivos na região de uma fase de vapor. Isso é feito através do ciclo de
Rankine. O caminho 1-2-3-4-5-6-1 da figura 22 representa o ciclo de Rankine ideal.

Figura 22. Ciclo ideal de Rankine.

A figura 23 mostra como se dá a operacionalização do ciclo de Rankine em uma instalação


para gerar trabalho a partir do vapor.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Figura 23. Esquema simplificado de uma instalação para gerar trabalho a partir do vapor

Desprezando as contribuições de energia potencial e cinética, a eficiência desse ciclo (tal como
no ciclo de Carnot) é dada por:

Q1  Q2 (h5  h2 )  (h6  h1)


térmico  
Q1 h5  h2

Como h1  h2 (para se comprimir um líquido bem pouco trabalho é requerido) obtém-se:

h5  h6
 [17]
h5  h1

Vejamos algumas considerações de segurança. Para garantir que na expansão o vapor


não se condense na turbina e a arruíne, ou seja, de modo que o ponto 6 na figura 24 não caia
na região de duas fases, o vapor é em geral aquecido ligeiramente além do ponto 5, por exemplo,
no ponto 5’. Nessa situação, o ciclo se torna 1-2-3-4-5’-6’-1 nesse caso, a eficiência se torna
(com h1  h2 ):

h5'  h6'
 [18]
h5'  h1

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Mas note que, assim procedendo, a eficiência se reduz, como é mostrado na figura 24.

Figura 24. Comparação da eficiência do ciclo de Rankine com o ciclo de Carnot.

Um parâmetro útil para avaliar a viabilidade prática de uma turbina é o valor do título do
vapor na saída, xturbina. Em geral o título do vapor, x = mv/mtotal, mede a quantidade de vapor
numa mistura de vapor e líquido e, portanto quanto menor for x maior a quantidade de líquido,
ou seja, valores baixos do título significam vapor com umidade excessiva. A água líquida acaba
por formar gotas que ao se chocarem com as pás da turbina, que se move a altas velocidades,
causam graves problemas de erosão. Considerações práticas para evitar erosão das pás da
turbina impõem que o título do vapor na saída da turbina deve ser superior a 88%.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

12 O Ciclo de Rankine com reaquecimento

Para nos aproximarmos mais ainda do ciclo de Carnot e evitar temperaturas


extremamente altas do ponto 5’, façamos um ciclo com reaquecimento. A figura 24 mostra o
mais simples desses ciclos, o ciclo com único reaquecimento.

Figura 25. Ciclo de Rankine com reaquecimento

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Então, a eficiência do ciclo com reaquecimento fica:

(h5  h6 )  (h7  h8 )
 térmico  [19]
(h5  h1 )  (h7  h6 )

Muitas variações e ciclos alternativos foram propostos e estão em uso, como:

 Ciclos com múltiplos reaquecimentos;


 Ciclos regenerativos;
 Uso de aquecedores de água de alimentação.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

13 O Ciclo de refrigeração por compressão de vapor

Observando o ciclo de refrigeração de Carnot 1’-2’-3-4’-1’ mostrado na figura 26a,


percebe-se que não é prático comprimir uma mistura de duas fases (trecho 1’-2’). É preferível
comprimir um gás puro. Então, deve-se transferir o ponto 1’ para o ponto 1. E ainda, desde que
a expansão adiabática reversível 3-4’ produz pouco trabalho, podemos substituir esse
complicado esquema por uma simples válvula de expansão com pouca perda de eficiência. A
válvula de expansão (processo de estrangulamento) cria uma súbita redução da pressão do
líquido quente, transformando-o em uma mistura fria de líquido e vapor. Este processo é
conhecido como efeito Joule-Thomson. Em um processo Joule-Thomson a entalpia permanece
constante. Essas duas transformações nos levam ao ciclo 1-2-3-4-1, chamado de ciclo de
refrigeração por compressão de vapor, como evidenciado esquematicamente na figura
abaixo.

Figura 26. Ciclo de refrigeração por compressão de vapor.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

No ciclo ideal por compressão de vapor, figura 26b, o refrigerante entra no compressor
no estado 1 como vapor saturado e é comprimido isentropicamente até a alta pressão do
condensador, ponto 2. A temperatura do refrigerante aumenta durante a compressão isentrópica
para um valor acima da temperatura do meio. O refrigerante entra no condensador como vapor
superaquecido no estado 2 e deixa-o como líquido saturado no estado 3, como resultado da
perda de calor (Q1) para o ambiente. O refrigerante líquido saturado, estado 3, é estrangulado
para a pressão do evaporador passando através de uma válvula de expansão ou de um tubo
capilar. A temperatura do refrigerante cai abaixo da temperatura do espaço refrigerado. O
refrigerante entra no evaporador como uma mistura líquido/vapor, estado 4, e finalmente volta
ao compressor, completando o ciclo.
O coeficiente de desempenho do refrigerador de Rankine ou ar-condicionado pode ser
obtido com a primeira e segunda lei:

q2 h  h4
COP   1 [20]
w h2  h1

Quanto maior o coeficiente de desempenho, melhor é a operação do refrigerador. Os


aparelhos de ar condicionados têm COP de 2,3 até 3,5. O COP de refrigeradores diminui com a
temperatura de refrigeração. Deste modo, não é econômico refrigerar a uma temperatura mais
baixa do que a necessária. Os COP de refrigeradores são na faixa de 2,3 – 2,6 para alimentos
em geral; 1,2 – 1,5 para congelados e 1,0 - 1,2 para unidades de sorvetes. Note que o COP de
freezers é praticamente a metade do COP de refrigeradores.
Há uma outra forma de indicar eficiência de uma máquina de refrigeração: O EER, a
abreviatura em inglês para “Energy Efficient Rate”, ou seja, taxa de eficiência de energia. O EER
é definido por:

BTU
h1  h4 h
EER   [21]
h2  h1 Watts

A relação entre o COP e EER fica: EER = 3,413.COP.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

14 Exercícios de aplicações

Exercício 43. Nossa escola de engenharia desenvolve atualmente uma unidade compacta de
geração de energia, especialmente projetada para utilizar restos agrícolas e rejeitos de floresta
como combustível. O coração desse processo consiste numa caldeira de leito fluidizado para
gerar vapor de água. No protótipo mostrado na figura, a temperatura nos tubos é limitada a
300oC, enquanto que o condensador operará a 75 kPa.

Considerando um ciclo de Rankine ideal com uma turbina a vapor de exaustão saturado:

a) Num diagrama T-s esquematize seu ciclo;


b) Recomende uma pressão da caldeira razoável;
c) Determine a eficiência da transformação do calor que entra na caldeira em trabalho;
d) Ache a eficiência do ciclo de Carnot operando entre esses mesmos limites de temperatura.

Exercício 44. Calcular o rendimento de um ciclo de Rankine conhecendo-se a pressão da


caldeira, p3 = 5 MPa, e a do condensador, p4 = 50 kPa. Sabe-se que o vapor entra saturado na
turbina e que a água que sai do condensador está saturada.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Exercício 45. Calcular o rendimento do ciclo do problema anterior adotando o vapor


superaquecido na entrada da turbina a 500o C, com as demais condições mantidas.

Exercício 46. Calcular o rendimento do ciclo do problema anterior, adotando uma pressão na
caldeira de 8 MPa e com as demais condições mantidas.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Exercício 47. Imaginemos um ciclo de Rankine com reaquecimento do vapor que passa pela
turbina do problema anterior na pressão de 3 MPa, ponto 4. Calcular o rendimento do ciclo
supondo que a temperatura de reaquecimento seja também de 500 o C e com as demais
condições mantidas.

Exercício 48. Em sua unidade de refrigeração, em Roraima, a FRIO-QUENTE usa um ciclo de


compressão a vapor com HFC-134a como fluido de trabalho. Fuçando dentro da unidade e
olhando os manômetros, notei que uma parte do ciclo deles opera perto de 50 kPa e outra opera
a 1,8 MPa. Também notei que uma válvula de expansão está presente como parte do sistema.
Pelo que foi descrito, você poderia determinar o coeficiente de performance dessa unidade de
refrigeração, se tudo opera idealmente?

Exercício 49. Um refrigerador usa refrigerante HFC-134a como fluido de trabalho e opera num
ciclo ideal de refrigeração de vapor entre 0,14 e 0,8 Mpa. Se o fluxo de massa do refrigerante é
0,05 kg/s, determine:

a) A taxa de calor removido do espaço refrigerado;


b) A potência do compressor;
c) O COP do refrigerador.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

15 O Ciclo de Brayton

As turbinas a gás retiram sua potência da queima de um combustível e usam o fluxo (a


alta velocidade) dos gases de combustão para mover o eixo da turbina do mesmo modo que a
alta pressão do vapor move a turbina a vapor.
Uma grande diferença é que a turbina a gás tem uma segunda turbina agindo como um
compressor de ar montada no mesmo eixo. O compressor drena o ar, comprimi-o e o alimenta,
a alta pressão, dentro de uma câmara de combustão. A figura 26 mostra os principais elementos
de uma turbina de combustão.

Figura 27. Turbina a gás


O processo termodinâmico usado pela turbina a gás é o ciclo de Brayton. Análogo ao
ciclo de Carnot em que a eficiência é maximizada pelo o aumento da diferença de temperatura
entre a entrada e a saída da máquina, a eficiência do ciclo de Brayton é maximizada pelo
aumento da diferença de pressão existente na máquina. A turbina a gás é composta por três
componentes principais: o compressor, a câmara de combustão e a turbina.
O fluido de trabalho, o ar, é comprimido no compressor (compressão adiabática, trecho
1-2), depois misturado com combustível e queimado sob pressão constante na câmara de
combustão (adição de calor a pressão constante, trecho 2-3). O gás quente resultante expande
através da turbina produzindo trabalho (expansão adiabática, trecho 3-4). Grande parte desse
trabalho é usada para movimentar o compressor (60%). A figura 27 mostra os diagramas PV e
TS do ciclo de Brayton.

Figura 28. Ciclo de Brayton

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

16 Transferência de calor

O calor é uma forma de energia em trânsito de um corpo para outro, desde que exista,
entre eles, uma diferença de temperatura. Nos estudos de transferência, é usual considerar três
modos distintos de transferência de calor: condução, convecção e radiação.
De um modo geral, a distribuição de temperatura em um meio é controlada pelos efeitos
combinados desses três modos de transferência de calor. Entretanto, para simplicidade de
análise, pode-se considerar, por exemplo, a condução separadamente, sempre que a
transferência de calor por convecção e radiação for desprezível.

Figura 29. Formas de transmissão de calor.

16.1 Condução térmica


Condução é o processo pelo qual o calor se transmite ao longo de um meio material,
como efeito da transmissão de vibração entre as moléculas.

Figura 30. Condução de calor em uma barra.

A lei de Fourier estabelece a relação entre o fluxo de calor (unidirecional) e os fatores


que o determinam.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

T
  k . A. [22]
L

Onde:

 = Fluxo de calor em W;

k = Coeficiente de condutibilidade térmica em W/m oC;

A = Área da superfície em m2;

 = Diferença de temperatura em oC;

L = Espessura em m;

Figura 31. Condução de calor em um cilindro maciço.

A lei de Fourier evidencia que “o fluxo de calor por condução térmica em um material
homogêneo, após ter atingido um regime permanente de escoamento, é diretamente
proporcional à diferença de temperatura entre os extremos e inversamente proporcional ao
comprimento do elemento em questão”.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

16.1.1 Fluxo radial de calor


Trataremos, agora, do fluxo de calor no qual o gradiente de temperatura não é
uniforme ao longo da direção do fluxo, mesmo sendo estacionário. A figura abaixo representa
um tubo de vapor envolvido por uma camada de material isolante.

Figura 32. Condução radial de calor em um tubo.

Sejam T1 e T2 as temperaturas das superfícies interna e externa do isolante e a e b os


respectivos raios. Se T1 for menor T2, o calor fluirá para fora e, no estado estacionário, o fluxo de
calor será o mesmo através de todas as superfícies dentro do isolante.
Se o comprimento do cilindro for L, a área lateral deste cilindro será 2rL e o fluxo de
calor será dado por:

2kL(T2  T1 )
 [23]
ln( b a )

Se estivermos interessados na temperatura em um ponto dentro da camada de isolamento, ou


seja, em uma superfície de raio r qualquer, teremos:

ln( r a)
T  T2  (T2  T1 ) [24]
ln( b a )

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Exercício 50. Uma barra de aço de 10 cm de comprimento está soldada por suas extremidades
a uma barra de cobre de 20 cm de comprimento. Supondo que cada barra tenha uma secção
transversal quadrada de lado 2 cm, que o lado livre da barra de aço está em contato com vapor
na temperatura de 100oC e que o lado livre do cobre, com gelo em 0 oC, vamos determinar a
temperatura de junção das duas barras e o fluxo de calor, quando o sistema estiver em regime
estacionário.

Exercício 51. Em uma refinaria de petróleo, o vapor de água em temperatura de 120o C é


conduzido por uma canalização de raio igual a 30 cm. A canalização é envolvida por uma capa
cilíndrica de cortiça com raios internos e externos, respectivamente iguais a 30 cm e 50 cm. A
superfície externa está em contato com o ar em temperatura de 10o C. O coeficiente de
condutibilidade térmica da cortiça é 0,04 W/m oC;

a) Qual a temperatura num raio de 40 cm?


b) Qual a taxa de transmissão do calor para o exterior, supondo que a canalização tem 10 m de
comprimento?

16.2 Convecção térmica


A convecção térmica é o processo de transmissão de calor de um local para outro pelo
deslocamento de massa. Como exemplo, pode-se citar a troca de calor em forno de ar quente
ou em um aquecedor de água. Se o material for forçado a se mover por meio de uma bomba ou
um ventilador, o processo é chamado convecção forçada; se o faz por causa da diferença de
densidade, é chamado de convecção natural.

Figura 33. Convecção em uma placa plana.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

16.2.1 Transferência de calor por convecção de uma


placa
A transferência de calor por convecção depende da viscosidade do fluido, bem como, das
propriedades térmicas do fluido (condutividade térmica, calor específico, densidade).
Se uma placa aquecida estiver exposta ao ar ambiente, sem uma fonte externa de
movimento de fluido, o movimento do ar será devido às diferenças de densidade nas
proximidades da placa, o efeito da convecção pode ser expresso por:

qc  hA(Ts  Tamb ) [25]

Onde:

q = Fluxo de calor em W;

h = Coeficiente de transferência de calor por convecção em W/m2.oC;

A = Área da superfície em m2;

Ts = Temperatura da superfície em oC;

Tamb = Temperatura do fluido em oC.

Exercício 52. Uma chapa aquecida eletricamente dissipa calor por convecção a uma taxa de q
= 8000 W/m2, para ar ambiente a 25 oC. Se a superfície da chapa quente está a 125 oC, calcule
o coeficiente de transferência de calor por convecção entre a placa e o ar.

Exercício 53. O ar aquecido a 150 oC flui sobre uma placa lisa mantida a 50 oC. O coeficiente
de transferência de calor por convecção é 75 W/m2.oC. Calcule a taxa de transferência de calor
para a placa através de uma área de 2 m2.

16.3 Radiação térmica


Todos os corpos emitem ondas eletromagnéticas, cuja intensidade aumenta com a
temperatura. Essas ondas propagam-se no vácuo e é dessa maneira, por exemplo, que a luz e
o calor são transmitidos do sol até a terra. Entre as ondas eletromagnéticas, as principais
responsáveis pela transmissão do calor são as ondas infravermelhas.
Se um objeto quente está irradiando energia para sua vizinhança, a perda líquida de
radiação pode ser expressa como:
52
De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

q r  A (Ts4  Tamb


4
) [26]

Onde:

qr = Fluxo de calor em W;

 = Emissividade da superfície, adimensional;


 = Constante de Stefan-Boltzmann (   5,6697 x 10-8 W/(m2.K4);

A = Área da superfície em m2;

Ts = Temperatura da superfície em K;

Tamb = Temperatura do fluido em K.

Exercício 54. Uma placa aquecida, com 0,2 m de diâmetro tem uma de suas superfícies isolada
e a outra mantida a 550 K. Se a superfície quente tem emissividade 0,9 e está exposta a uma
superfície envolvente com temperatura de 300 K, calcule o calor por radiação da placa quente
para suas vizinhanças.

16.4 Transferência de calor em paredes compostas


Em muitas aplicações de engenharia, a transferência de calor se dá através de paredes
compostas, ou seja, parede formada por camadas de materiais diferentes.

Figura 34. Fluxo de calor em uma parede composta por dois materiais diferente

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

T1  TS1 TS1  TS 2 TS 2  TS 3 TS 3  T 2


q    [27]
Rconv1 Rcond1 Rcond2 Rconv2

Onde as várias resistências térmicas são definidas como

1 L1 L2 1
Rconv1  Rcond1  Rcond2  Rconv2 
Ah1 Ak1 Ak 2 Ah2

Somando os numeradores e denominadores das razões individuais na eq. 27, obtém-se

T 2  T1
q [28]
R

Onde,

R  Rconv1  Rcond1  Rcond2  Rconv2

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17 Caldeiras

17.1 Introdução

A NR 13, redação aprovada pela portaria 23 de 26/04/95, define caldeira a vapor como
todo o equipamento destinado a produzir e acumular vapor sob pressão superior a atmosférica,
utilizando qualquer fonte de energia. Quanto à pressão de operação, podem ser classificadas
como:

Caldeiras de baixa pressão O,69 a 1,4 MPa


Caldeiras de média pressão 1,4 a 4,8 MPa
Caldeiras de alta pressão 4,8 a 10 MPa

Para efeito da NR-13, as caldeiras são classificadas em categorias:


A –pressão de operação igual ou superior a 1998 kPa;
B –pressão de operação igual ou inferior a 599 kPa;
C –todas as outras não enquadradas nas categorias anteriores. Estas são as Caldeiras mais
comumente encontradas em aplicações indústriais.

17.2 Classificação quanto à montagem

As caldeiras também podem ser classificadas quanto ao seu grau de pré-fabricação. Por
este critério, as caldeiras são agrupadas em:

- Caldeiras compactas;
- Caldeiras montadas parcialmente no local;
- Caldeiras montadas totalmente no local.
55
De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Considera-se uma caldeira como compacta quanto a mesma é embarcada pelo fornecedor
completamente montada com queimadores, ventiladores, controles e acessórios. Estas caldeiras
são mais baratas e mais fáceis de instalar. As caldeiras com capacidade acima de 250 toneladas
de vapor/h são totalmente montadas no local, caldeiras na faixa de 100 a 250 t/h são,
geralmente, montadas no local, embora tenham parte de seus componentes montados na
fábrica, já as caldeiras até 100 t/h são, em geral, compactas.

17.3 Classificação quanto à finalidade

Caldeiras para centrais termoelétricas – São projetadas para produzir vapor com alta
pressão e temperatura, visando o melhor rendimento na geração de energia;
Caldeiras industriais – São projetadas para produzir vapor saturado ou levemente
superaquecido, empregado em aquecimento, evaporação e outros;
Caldeiras combinadas – Utilizadas para as duas finalidades.

17.4 Classificação quanto à concepção

As caldeiras podem ser agrupadas em Flamotubulares e Aquatubulares.

Cladeiras flamotubulares – Estas caldeiras caracterizam-se pela passagem dos gases quentes
por dentro de tubos, geralmente em três passes antes de saírem para a chaminé. Todo este
conjunto de tubos, por onde passam os gases está imerso na água a ser vaporizada. São
empregadas para baixas pressões (até 1 MPa), baixas capacidades (até 15 t/h) e onde possa
ser utilizado vapor saturado, com título entre 80 e 90%.São os equipamentos mais baratos,
compactos e que requerem menos cuidados de operação e manutenção.

Figura 35. Caldeira flamotubular.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

Caldeiras aquatubulares – Estas caldeiras caracterizam-se pela combustão em uma câmara


denominada fornalha, enquanto a água a ser vaporizada circula no interior de tubos que cobrem
as paredes da fornalha.
Nos modernos projetos industriais, são usadas, quase completamente, caldeiras tipo tubo
de água, dando ensejo, a que se produzam grandes quantidades de vapor e elevadas pressões
e temperaturas. A produção de vapor, nestes tipos de caldeiras atinge até 750 toneladas
vapor/hora, com pressões que ultrapassam 20 MPa.

Figura 36. Caldeira aquatubular.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

17.5 Elementos principais de uma caldeira


aquatubular
As caldeiras aquatubulares têm como característica principal a formação do vapor no
interior dos tubos, por onde também circula a água. Os principais elementos que compõem o
corpo de uma caldeira aquatubular à combustão são:

- Tubulão superior;
- Tubos de circulação ascendente;
- Tubos de circulação descendente;
- Tubulão inferior;
- Fornalha (onde ocorre a queima do combustível).

Podem existir também:

- Superaquecedor;
- Pré-aquecedor de ar;
- Economizador;
- Bomba de circulação forçada.

As funções destes componentes são as seguintes:


Tubulão superior – É um vaso fechado, localizado no ponto mais alto da caldeira, onde se
encontra em equilíbrio água líquida e vapor. Tem a função de separar, coletar, acumular o vapor
d’água gerado;

Tubulão inferior – Fica localizado no ponto mais baixo do sistema de tubos e tem por finalidade
acumular lama, ferrugem e outros materiais. Fazendo-se periodicamente a descarga desses
materiais. Este tambor trabalha cheio d’água.

Tubos ascendentes – Gerar e conduzir o vapor ao tubulão superior;

Tubos descendentes – Conduzir a água líquida ao tubulão inferior;

Superaquecedor – Transformar o vapor proveniente do tambor em vapor superaquecido, ou


seja, com temperatura maior;

Economizador – Aumentar a temperatura da água de alimentação, às custas do calor residual


dos gases de combustão. Assim, consegue-se melhorar o rendimento da caldeira, e ainda evitar
possíveis choques térmicos no tambor de vapor;

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Pré-aquecedor de ar – Tem por finalidade elevar a temperatura do ar de combustão. Com isto,


consegue-se melhor queima, aumentando o rendimento da caldeira.

Figura 37. Caldeira aquatubular com acessórios.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

17.6 Transferência de calor do vapor

A função principal do vapor é transportar energia térmica da caldeira para o uso, ou seja,
para o ponto de utilização. E quando o vapor chega no ponto de utilização, a sua finalidade é
transferir o calor, principalmente o seu calor latente, para o produto.

Exercício 55. A água de uma caldeira aquatubular em uma usina termoelétrica deve receber
calor à taxa de 3 GW (fluxo de calor da fornalha). A água fervente passa através de tubos de
cobre, com paredes de 4,0 mm de espessura e área superficial de 0,12 m 2 por metro de
comprimento de tubo. Calcular o comprimento total do tubo que deve passar através da fornalha
para aquecer a água, sendo de 225o C a do vapor d’água e 600o C a temperatura externa dos
tubos. A condutividade térmica do cobre é 400 W/m.oC.
(sugestão: Trate o problema como fluxo de calor por condução unidirecional).

Exercício 56. Vapor d’água a 120o circula através de tubos de cobre, com paredes de 4 mm de
espessura, para aquecer óleo cru a 100o C. Qual a diminuição relativa da transferência de calor
através dos tubos quando houver uma película de 0,025 mm de ar sobre as superfícies internas
dos tubos? A condutividade térmica do cobre e do ar é 400 W/m.oC e 0,025 W/m.oC,
respectivamente.

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Psicrometria

18 e Ar condicionado
18.1 Introdução

O objetivo da psicrometria é estudar as transferências de massa e de energia associadas


a processos envolvendo o ar úmido em condições ambientais. Em engenharia, a psicrometria
aplica-se a problemas de condicionamento de ar, com grande relevância para o conforto térmico
em habitações e ambiente fabril, e no armazenamento de produtos perecíveis ou outros que
requeiram condições ambientais específicas.
O ar úmido é uma mistura de ar seco e vapor d’água submetido a uma pressão total
próxima da pressão atmosférica. A faixa de temperatura típica em aplicações de
condicionamento de ar vai de -10 oC a 50 oC. Nestas condições, de baixa pressão e temperaturas
moderadas, o ar seco e o vapor d’água comportam-se como gases ideais, assim como a sua
mistura, o ar úmido.
O estado do ar ambiente é caracterizado por sua temperatura e umidade relativa. Quando
se fala de “temperatura”, sem qualquer outra especificação, refere-se a temperatura de bulbo
seco, medida por um termômetro normal. Existe outro tipo de medição que dá a temperatura
de bulbo úmido, que será definida posteriormente.

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18.2 Umidade absoluta e umidade relativa

O ar úmido é considerado como uma mistura de ar seco e vapor d’água. Ambos são
considerados como gases ideais em condições atmosféricas porque se encontram em baixas
pressões.
A umidade absoluta é a razão entre a massa de vapor d’água e a massa de ar seco.

mv
 [29]
ma

O conceito de umidade relativa precisa de uma elaboração. Considere uma sala


contendo ar úmido não saturado. Se adicionarmos vapor d’água a essa sala, sem alterar a sua
temperatura, chegaremos à sua saturação. Isto significa que existe um limite de vapor que o ar
suporta e que esse limite depende da sua temperatura. Se este limite for ultrapassado, em
algum ponto da sala o excesso de vapor será condensado. A figura 38 mostra o aumento da
pressão parcial do vapor (do ponto A para o B), quando se eleva a sua massa.

Figura 38. Interpretação da umidade relativa

Se a temperatura se mantém constante o ponto A tende para B, passando por A’, A’’. O
ponto B indica a saturação do ar e a pressão PS indica a pressão de saturação. A umidade
relativa é a relação entre a massa de vapor contida no ar e a massa necessária para provocar
a sua saturação, sem alterar a temperatura.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

mv
 [30]
ms

 = umidade relativa, em %;
mv = massa atual de vapor;

m s = máxima quantidade de vapor que o ar suporta a uma determinada temperatura.

A umidade relativa vem usualmente expressa em percentagem. Quando  é 100%, o ar


úmido está saturado com vapor d’água, à temperatura em consideração, e não é possível
acrescentar mais água à mistura.

A umidade relativa do ar pode ser calculada em função da pressão parcial do vapor.


Assim, podemos escrever:

pvV  mv RvT
psV  ms RvT

Se dividirmos as duas equações acima uma pela outra, encontramos:

p v mv

p s ms
Logo, a umidade relativa pode ser também definida por:

pv
 [31]
ps

pv = pressão do vapor;

p s = pressão de saturação.

Podemos também relacionar a umidade absoluta com a pressão. Sendo um ar úmido uma

mistura de gases perfeitos, tem-se para o vapor pvV  mv RvT e para o ar seco paV  ma RaT ,
de forma que a umidade absoluta fica:

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

mv p V RvT R p
  v  a v
ma p aV Ra T Rv p a

Como Ra= 0,287 kJ/kg K e para o vapor d’água Rv= 0,4615 kJ/kg K, usando p  pa  pv onde p
é a pressão atmosférica, temos:

pv
  0,622 [32]
p  pv

Exercício 57. Calcular a umidade relativa do ar de uma sala de 500 m 3 que contém 12 kg de
vapor à temperatura de 30o C.

Exercício 58. Obter a pressão de vapor e a umidade absoluta em condições de verão:


temperatura 34o C, umidade relativa de 45%, para uma pressão total de 1 atm.

18.3 Entalpia do ar úmido

O conteúdo total de calor do ar úmido a uma temperatura T (em oC) pode ser visto como
a quantidade de calor que precisamos fornecer a 1kg de ar seco e quantidade correspondente a
w kg de vapor d´água a ele misturado, para elevar o primeiro de 0 a T oC e transformar o
segundo do estado líquido a 0 oC ao estado de vapor a temperatura T oC.
Os valores de entalpia específica definidos anteriormente para o ar úmido são
relativos a unidade de massa de ar seco. Matematicamente, teremos:

H  H a  H v  ma ha  mv hv

Dividindo por m a , a equação acima fica:

h  ha  whv , em unidade de [kJ/kga].

Ou mais detalhado: h  C paT  w(hlv


0
 C pvT ) .

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Na prática é útil usar a entalpia sensível hs devido a diferença de temperatura, e a entalpia

latente hl devido ao calor latente de vaporização:

hs  (1,0  1,82.w)T e hl  2501,3.w

18.4 Processos simples de condicionamento de ar

O condicionamento de ar envolve quatro tipos de processos: aquecimento (aumento da


temperatura); resfriamento (diminuição da temperatura); umidificação (aumento da umidade
absoluta); desumidificação (diminuição da umidade absoluta). Na prática é usual ocorrerem dois
destes processos simultaneamente. 0 aquecimento implica usualmente umidificação (por
aumentar a umidade relativa) e o resfriamento muitas vezes é acompanhado por
desumidificação.
O sistema para o processo mais comum no funcionamento de um aparelho de ar-
condicionado é explicado como: o calor é retirado do recinto fazendo o ar passar sobre uma
serpentina por onde circula um líquido refrigerante. O vapor d´água do ar úmido condensa sobre
os tubos da serpentina e é removido para um coletor colocado na parte inferior do aparelho. O
balanço energético dá:

Q  m a (h1  h2 )  m água .hágua

A quantidade de água condensada removida é:


 água  m
m  a ( w1  w2 )

Podemos definir agora duas novas temperaturas relacionadas ao ar úmido:

Temperatura de Ponto de orvalho (Tpo): é a temperatura a partir da qual o vapor de água


existente no ar úmido começa a condensar, quando este é resfriado a pressão constante.

Temperatura de bulbo úmido (Tbu): é a temperatura que resulta de um processo de saturação


adiabática. Pode-se dizer também que é a mínima temperatura possível quando se vai
fornecendo, adiabaticamente, vapor d’água ao ar úmido, até se atingir a situação de vapor
saturado. Ao contrário do ponto de orvalho, a pressão de vapor não é constante, mas vai
aumentando, uma vez que a umidade absoluta (a quantidade de água) aumenta. Assim,
Tbu>TPo.

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Figura 39. Tpo e Tbu para o ar úmido.

Um psicrômetro é um aparelho que fornece, simultaneamente, a temperatura seca e a


temperatura úmida. Com estes dois valores pode obter-se, imediatamente, a umidade relativa.

18.5 Sistemas de expansão direta e indireta

Uma maneira de classificar os sistemas de condicionamento de ar é quanto aos fluidos


utilizados para a remoção da carga térmica.
Um sistema é dito de expansão direta é aquele que o ar é diretamente resfriado pelo
fluido refrigerante. As instalações de expansão direta com condensador a ar são usadas nos
aparelhos de janela, splits e pequenas unidades compactas (os self contained), que aproveitam
também o ciclo reverso para aquecer o ambiente no inverno. As instalações de expansão direta
com condicionador a água e com torres de arrefecimento são usadas em instalações centrais de
grande porte (lojas, escritórios, cinemas, etc) em que a distribuição do frio pode ser feita
facilmente pelo ar tratado.
A expansão indireta é aquela em que o fluido usado como refrigerante do ar é a água
e essa por sua vez é resfriada num circuito de compressão de vapor, por um “chiller”. As
instalações de expansão indireta com condensador a água e com torre de arrefecimento são
usadas nas instalações de grande porte em que a distribuição do frio não pode ser feita
facilmente pelo o ar já tratado (edifícios públicos, shopping, etc). Neste caso, o evaporador serve
para refrigerar água, a qual é distribuída por meio de canalização para todo prédio, onde é
aproveitado para refrigerar o ar destinado ao conforto.

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18.6 Carta psicrométrica

Existe um diagrama termodinâmico particularmente útil para resolução de problemas de


psicrometria, e que é utilizado por técnicos ou engenheiros projetistas de ar condicionado e
aquecimento: a carta psicrométrica.
A figura 40 mostra uma reprodução em escala reduzida de um diagrama psicrométrico,
válido para uma pressão total de 1 atm. O eixo vertical representa a umidade absoluta, e o
eixo horizontal à temperatura de bulbo seco, T. As linhas inclinadas para a esquerda dão a
entalpia e a temperatura de bulbo úmido. A linha arredondada (linha grossa), com curvatura
para a esquerda, na parte superior do diagrama, corresponde à linha de vapor saturado; linhas
arredondadas, no interior do diagrama, com andamento aproximadamente paralelo à curva de
saturação, são linhas de umidade relativa constante.

Figura 40. Diagrama psicrométrico

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18.7 Aplicações

59. Calcular o ponto de orvalho do ar atmosférico, cujo estado é definido pela temperatura de
35o C e umidade de 50%.

60. Calcular a umidade absoluta do ar atmosférico, sendo sua temperatura de 25 o C e umidade


relativa de 70%.

61. Calcular a temperatura de bulbo úmido, o ponto de orvalho, a entalpia e umidade absoluta
para o ar úmido, em condições de 28o C e 50% de umidade relativa.

62. Uma caixa com ovos é retirada do refrigerador a 4o C e colocada na cozinha (25o C, 40% de
umidade. Diga se haverá condensação sobre as paredes da caixa.

63. Calcular a potência de resfriamento necessária para manter o interior de uma sala a 20o C
e 70% de umidade, quando o exterior está nas condições de 32o C e 50% de umidade. A sala
tem uma área de 40 m2 e altura de 3 m e pretende-se fazer 3 renovações de ar interior, por
hora.

64. Um aparelho de ar condicionado processa 15 m 3/min de ar exterior a 36o C e 70% de


umidade, que é insuflado em condições de saturação a 15o C. Calcular a potência de refrigeração
e a quantidade de água extraída por minuto.

65. Em uma sala climatizada a temperatura dos vidros das janelas é de -2o C, o interior da sala
está a 23o C. Nestas condições, achar a umidade relativa da sala para que não ocorra
condensação sobre os vidros.

66. Ar úmido a 30oC e 50% de umidade atravessa uma serpentina de resfriamento numa vazão
de 17000 m3/h, sendo resfriado até um estado final saturado a 10oC. Calcule a potência frigorífica
do sistema de refrigeração.

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19 Carga térmica

Dá-se o nome de carga térmica de uma instalação de ar condicionado à quantidade de


calor que, por unidade de tempo, deve ser fornecida ou retirada do ar a ser introduzido nos
recintos condicionados, a fim de que os mesmos se mantenham nas condições de conforto
prefixadas.

19.1 Cálculo simplificado da carga térmica

Consiste em determinar a quantidade de calor que deverá ser retirada de um ambiente,


dando-lhe condições ideais para o conforto humano. Este cálculo é normalmente realizado
conforme a norma NB-158 da ABNT, a qual prevê uma forma simplificada e com as constantes
já definidas para os valores a serem considerados.
O preenchimento correto do formulário simplificado indicará o número de condicionadores
de ar a serem utilizados no recinto.
Para preencher o formulário simplificado, o técnico precisa conhecer:

- As dimensões do ambiente a ser condicionado;


- As janelas, portas e os vãos livres com as respectivas dimensões;
- O tipo de parede (leve ou pesada);
- O piso;
- A indicação da parede voltada para o sul;
- O número de lâmpadas com a respectiva potência elétrica consumida;
- O número de aparelhos e as respectivas potências elétricas;
- Se o recinto está localizado sob telhados ou andares;
- Outros elementos que possam interferir na carga térmica.

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De Sousa, R. S. Apostila: Termodinâmica para técnicos, IFRN/Campus Natal, 2018.

20 Referências bibliográficas

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Levenspiel, O. Termodinâmica amistosa para engenheiros, São Paulo, Editora Edgard


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