Sunteți pe pagina 1din 31

ÍNDICE

MANUAL DO CURSO DE FORMAÇÃO DE TÉCNICOS


EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS Apresentação 3
O Direito 3
T.T.I.
Fontes de direito 6
Direito público e direito privado 7
O Novo Código Civil 8
Parte Geral 13
DIREITO E LEGISLAÇÃO
Parte Especial 19
Propriedade e posse 21
Direito das coisas 23
Direito de empresa 25
Inquilinato 30
Apêndice – Legislação 32

1 2
APRESENTAÇÃO Normas de conduta - A palavra “Direito” também é geralmente entendida como o
sistema de normas de conduta imposto por um conjunto de instituições para regular as
O principal objetivo desta disciplina é o de propiciar aos estudantes do Curso de Técnico relações sociais. Apesar da existência milenar do Direito nas sociedades humanas e de
em Transações Imobiliárias o adequado conhecimento dos institutos jurídicos nos quais sua estreita relação com a civilização, (costuma-se dizer que "onde está a sociedade, ali
estão baseadas as transações imobiliárias, de modo a selecionar o profissional dotado está o Direito"), há um grande debate entre os filósofos do Direito acerca do seu
de capacidade e conhecimentos técnicos necessários para zelar pelos direitos e conceito e de sua natureza.
interesses que lhes são confiados pelos clientes.
A sociedade medieval constituía-se de uma diversidade de agrupamentos sociais, cada
Assim, esta seção busca atender não apenas as exigências da Resolução n. 717
um com uma ordem jurídica própria, local. Na alta Idade Média, o Direito era um
aprovada pelo Conselho Federal de Corretores de Imóveis em 30 de outubro de 2001,
fenômeno produzido não pelo Estado (que ainda não existia em sua acepção moderna),
que incluiu “Direito e Legislação” na grade de competências a serem adquiridas pelos
mas pela sociedade civil, por meio do costume jurídico, que vem a ser um tipo de
estudantes do ensino profissionalizante de Formação de Técnicos em Transações
consenso manifestado pelo povo quanto a certa conduta social, ou até mesmo com o
Imobiliárias, mas, e principalmente, adequar ao Novo Código Civil e à recente
recurso à equidade. Com a formação do Estado moderno, este concentrou todos os
legislação inquilinária e condominial os ensinamentos propiciados na apostila intitulada
poderes da sociedade, como o de criar o Direito com exclusividade (quer diretamente,
“Direito Imobiliário” pelo Colégio Arnaldo Prieto, mantido há cerca de três décadas pelo
por meio da lei, quer pelo reconhecimento e controle das demais fontes do Direito)¹.
Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Rio de Janeiro.
Para o Corretor obter o sucesso que todos desejamos em suas atividades de compra, A partir da Idade Moderna, portanto, os conceitos de Direito e de Estado se confundem,
venda e locação de imóveis, é para ele fundamental conhecer além do Código de Ética pois se este último é estabelecido e regulado pelo Direito (como pessoa jurídica de
Profissional, os dispositivos do Código Civil e outros que dispõem sobre seu exercício Direito Público), o primeiro passa a ser ditado e imposto pelo Estado. À consolidação do
profissional, normas jurídicas que recentemente sofreram alterações, especialmente as Estado moderno corresponde o paulatino fortalecimento do Direito Positivo (posto pelo
leis de Parcelamento do Solo Urbano, dos Registros Públicos, Locações dos Imóveis Estado), em detrimento do chamado Direito Natural.
Urbanos, e do Condomínio em edificações e incorporações imobiliárias. Para facilitar o
estudante, foi incluída no site www.sindimoveisrj.org.br, do Sindicato dos Corretores De todo modo, o Direito é essencial à vida em sociedade, ao definir Direitos e
de Imóveis do Estado do Rio de Janeiro, uma seção especial, contendo informações obrigações entre as pessoas e ao resolver os conflitos de interesse. Seus efeitos sobre
complementares, glossários e, na íntegra, a legislação mencionada na publicação o cotidiano das pessoas vão desde uma simples corrida de táxi até a compra de um
impressa. imóvel, desde uma eleição presidencial até a punição de um crime, dentre outros
exemplos. O Direito é tradicionalmente dividido em ramos — Direito Civil, Direito Penal,
O DIREITO Direito Comercial, Direito Constitucional, Direito Administrativo e outros — cada um
responsável por regular as relações interpessoais nos diversos aspectos da vida em
Conceituação - A palavra "Direito" vem do latim "directus" - "que segue regras pré- sociedade.
determinadas ou um dado preceito", do particípio passado do verbo "dirigere". O termo
evoluiu em português da forma "directo" (1277) a "dereyto" (1292) até chegar à grafia No mundo, cada Estado adota um Direito próprio ("Direito Brasileiro", “Direito
atual (documentada no Século XIII). Português", "Direito Chinês" etc.) Aqueles "Direitos nacionais" costumam ser reunidos
pelos juristas em grandes grupos, sendo os principais o dos Direitos de origem romano-
Segundo Kant, o "Direito é o conjunto de condições pelas quais o arbítrio de um pode germânica (com base no antigo Direito Romano, dele fazendo parte o Direito Português
conciliar-se com o arbítrio do outro, de acordo com uma lei geral de liberdade." Como se e o Brasileiro) e o dos Direitos de origem anglo-saxã (“Common Law”, como o inglês e o
percebe, há três palavras-chave nesta asserção: conjunto de condições, arbítrio e estadunidense), embora também haja grupos de Direitos com base religiosa. Há
liberdade. Para ele, “liberdade é a posse de um arbítrio próprio independente do de também Direitos supranacionais, como o Direito da União Europeia, e o Direito
outrem, é o exercício externo desse arbítrio: arbítrio é o querer consciente de que uma Internacional, que regula as relações entre Estados no plano internacional.
ação pode produzir algo; conjunto de condições ou obrigações jurídicas; implica ser
honesto, não causar lesão/dano a ninguém e aderir a um Estado em que se assegure, Deve-se ressaltar que o Direito difere das demais normas de conduta pela existência de
frente a todos, aquilo que cada um possua.” sanção pelo seu descumprimento. A vida em sociedade e as consequentes
interrelações pessoais exigem a formulação de regras de conduta que disciplinem a
Isto permite afirmar que o Direito implica pressupostos (por exemplo, honestidade e interação entre as pessoas, com o objetivo de alcançar o bem comum, a paz e a
respeito à posse de outrem) que possibilitam a concretização recíproca do querer de organização social. Tais regras, chamadas normas éticas ou de normas de conduta,
cada um e de todos, observando-se que o querer exercido/possuído por cada um podem ser de natureza moral, religiosa e jurídica.
encontra como limite o querer de todos.
A norma do Direito, chamada "norma jurídica", difere das demais por dirigir-se à conduta
externa do indivíduo, exigindo-lhe que faça ou deixe de fazer algo, objetivamente, e

¹ Bobbio chama este processo de monopolização da produção jurídica por parte do Estado.

3 4
atribuindo responsabilidades, direitos e obrigações. Já as normas morais e religiosas, Embora o conceito de Direito Natural tenha surgido na Grécia Antiga e tratado pelos
dirigem-se precipuamente à intenção interna, ao processo psicológico. juristas romanos, sua importância para o Direito contemporâneo advém do movimento
racionalista jurídico do século 18, que concebia a razão como base do Direito e
O Direito constitui, assim, um conjunto de normas de conduta estabelecidas para propugnava a existência de um Direito natural (por exemplo, os direitos fundamentais
regular relações sociais garantidas pela intervenção do poder público (isto é, a sanção do homem) acima do Direito positivo. Este Direito Natural seria válido e obrigatório por si
que a autoridade central - no mundo moderno, o Estado - impõe). É, pois, da natureza da mesmo. Defendido pelos iluministas, o Direito Natural representou, historicamente,
norma de Direito a existência de uma ameaça pelo seu não-cumprimento (sanção) e a uma forma de libertação em relação à ordem jurídica imposta pelas autoridades das
sua imposição por uma autoridade pública (modernamente, o Estado) com o objetivo de monarquias absolutistas. Com as Revoluções Liberais, capitaneadas pela Revolução
atender ao interesse geral (o bem comum, a paz e a organização sociais). Francesa (1789), iniciou-se um processo de codificação orientado pela razão,
apontada, naquela altura, como base do Direito Natural.
As normas jurídicas têm por objetivo criar direitos e obrigações para pessoas², sejam
elas naturais ou jurídicas³. Isto não significa que o Direito não discipline, por exemplo, as A codificação de normas tidas como imutáveis e eternas - cerne da teoria do Direito
coisas e os animais; quando, porém, o faz, é com o propósito de proteger direitos ou Natural - foi parcialmente responsável pelo surgimento de uma nova teoria e prática do
gerar obrigações para pessoas, ainda que, modernamente, o interesse protegido possa Direito que dava primazia ao Direito positivo e procurava conferir independência à
ser o de toda uma coletividade ou, até mesmo, da humanidade abstratamente. ciência do Direito, em meio às demais ciências sociais. Surge assim o juspositivismo.

Direito Positivo e Direito Natural - Os filósofos gregos foram os primeiros a postular Os que defendem a existência do Direito natural e o estudam, denominam-se
uma distinção entre o Direito Positivo, fundado na lei posta pelos homens, e o Direito "jusnaturalistas". Contrapõem-se a estes os "juspositivistas", que só reconhecem a
Natural, que teria em toda parte a mesma eficácia e, para ser efetivo, não dependeria da existência do Direito positivo. Rejeitam, portanto, a tese da existência de um Direito
opinião dos homens. eterno, imutável e geral para todos os povos, afirmando que Direito é apenas o que é
imposto pela autoridade.
Assim, por Direito Positivo considerou-se o conjunto de normas em vigor ditadas e
impostas por um Estado, em dado território. É, portanto, um conceito muito próximo aos No século 20, surgiram correntes do pensamento jurídico que procuram conciliar ou
de ordem jurídica e de Direito Objetivo. O Direito Positivo, gerado por um determinado sintetizar os pontos de vista jusnaturalista e juspositivista. De qualquer forma, a
Estado, é necessariamente peculiar a ele e varia segundo as condições sociais de uma distinção em pauta perdeu parte de sua força após a incorporação dos Direitos e
determinada época. liberdades fundamentais ao Direito positivo (em geral, nas constituições modernas) e
com a consolidação do Estado moderno e o seu monopólio sobre a produção jurídica.
O Direito Romano também acolheu a distinção mencionada, contrapondo o ius civile
(posto pelos cidadãos de um lugar e aplicável apenas a eles) ao ius gentium, definido Fontes do Direito - As normas do Direito são criadas, modificadas e extintas por meio
como o Direito posto pela razão natural, observado entre todos os povos e de conteúdo de certos tipos de atos, chamados pelos juristas de fontes do Direito.
imutável, o que corresponde à definição de Direito Natural. Na Idade Média, os juristas
identificavam a natureza ou Deus como fundamento do Direito natural, e São Tomás de Historicamente, a primeira manifestação do Direito é encontrada no costume,
Aquino, dentre outros, afirmava que as normas de Direito positivo derivavam do Direito consubstanciado no hábito de os indivíduos se submeterem à observância reiterada de
natural. certos usos, convertidos em regras de conduta. Com o tempo, os grupos sociais
passaram a incumbir um chefe ou órgão coletivo de ditar e impor as regras de conduta, o
que fez com que o Direito passasse a ser um comando, uma lei imposta coativamente e,
² Pessoa é todo ente dotado de personalidade para o Direito, isto é, da aptidão para ser titular de direitos
a partir de certo momento, fixada por escrito. Em maior ou menor grau, ambas as fontes
subjetivos. Um direito pressupõe um titular. Às pessoas, como sujeitos de Direito, são reconhecidas as - o costume e a lei - convivem no Direito moderno, juntamente com outras importantes
faculdades ou direitos subjetivos. Todo ser humano é pessoa. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na formas de produção das normas jurídicas, como a jurisprudência.
ordem civil. Não somente as pessoas naturais participam da vida jurídica; certas criações sociais, que são as
pessoas jurídicas ou pessoas coletivas, podem ser também sujeitos de Direito.
³ Em Direito, pessoa física (termo geralmente usado em Direito tributário e domínios afins), ou pessoa natural Tradicionalmente, consideram-se fontes do Direito as seguintes:
(termo usado tradicionalmente em Direito civil), é o ser humano, tal como percebido por meio dos sentidos e
sujeito às leis da natureza. Distingue-se da pessoa jurídica, que é um ente abstrato tratado pela lei, para alguns * a lei: entendida como o conjunto de textos editados pela autoridade superior (em geral,
propósitos, como sujeito de Direito distinto das pessoas naturais que o componham. O início da personalidade da
pessoa natural é explicado segundo duas teorias, a saber: a teoria natalista, que diz que o ser humano só possui
o Poder Legislativo ou a Administração pública), formulados por escrito e segundo
personalidade a partir do momento em que nasce com vida (separação do nascituro do corpo da mãe); e a teoria procedimentos específicos. Costuma-se incluir aqui os regulamentos administrativos.
concepcionista, segundo a qual o ser humano possui personalidade a partir do momento da concepção,
entendida como a união dos gametas masculino e feminino, isto é, do espermatozóide com o óvulo. Diversos * o costume: regra não escrita que se forma pela repetição reiterada de um
Direitos, nomeadamente os chamados Direitos de personalidade, são garantidos apenas às pessoas naturais —
assim o Direito à liberdade, à integridade física, à saúde e outros, compatíveis apenas com a natureza do ser comportamento e pela convicção geral de que tal comportamento é obrigatório (isto é,
humano. constitui uma norma do Direito) e necessário.
Correlato ao conceito de personalidade é o de capacidade de exercício. A capacidade de exercício de uma
pessoa natural é a possibilidade que o ordenamento jurídico lhe confere de exercer pessoalmente os atos da vida
civil — isto é, adquirir Direitos e contrair obrigações em nome próprio. A legislação brasileira prevê três graus de
* a jurisprudência: conjunto de interpretações das normas do Direito proferidas pelo
capacidade de exercício: a capacidade plena, a incapacidade relativa e a incapacidade absoluta. poder Judiciário.

5 6
* os princípios gerais de Direito são os princípios mais gerais de ética social, Direito DIREITO CIVIL
natural ou axiologia jurídica, deduzidos pela razão humana, baseados na natureza
racional e livre do homem e que constituem o fundamento de todo o sistema jurídico. O Direito Civil é o principal ramo do Direito Privado. Trata-se do conjunto de normas
(regras e princípios) que regulam as relações entre os particulares que se encontram
* a doutrina: a opinião dos juristas sobre uma matéria concreta do Direito. em uma situação de equilíbrio de condições. O Direito Civil é o direito do dia a dia das
pessoas em suas relações privadas cotidianas.
Outra escola enxerga na vontade (individual, de um grupo ou da coletividade como um
todo) o elemento essencial da teoria das fontes do Direito. Este critério reconhece como As demais vertentes do Direito Privado, como o Direito do Trabalho, o Direito Comercial
fontes do Direito, a par das fontes tradicionais, todos os outros atos jurídicos lato sensu: e o Direito do Consumidor encontram sua origem no Direito Civil, sendo dele separados
um negócio jurídico, uma sentença e a vontade unilateral, por exemplo. Outros com a finalidade de buscar a proteção a uma das partes, seja por ser ela concretamente
estudiosos, porém, consideram-nos simples decorrência das fontes tradicionais. mais fraca que a outra (como o trabalhador e o consumidor), ou por ser ela merecedora
de uma proteção em virtude de sua função sócio-econômica, como o empresário.
Cada Direito nacional atribui importância maior ou menor a cada uma das fontes. Como
regra geral, os países de tradição romano-germânica consideram a lei como principal O Direito Civil tem como objetivo estabelecer os parâmetros que regem as relações
fonte do Direito, deixando às demais o papel de fontes secundárias, na ausência de jurídicas das pessoas físicas e jurídicas. Por isso, estabelece as condições em que os
norma decorrente da lei. membros de uma comunidade podem relacionar-se, nos mais variados sentidos.

Direito público e Direito privado - A tradicional dicotomia do Direito em Direito público A principal norma objetiva do Direito Civil é o Código Civil (Lei n° 10.406 de 10 de janeiro
e Direito privado remonta aos antigos romanos, com base na distinção entre os de 2002), que é dividido em duas partes: a Geral e a Especial. Os procedimentos
interesses da esfera particular, entre duas ou mais pessoas, e os interesses públicos, aplicados ao Direito Civil, na configuração do ordenamento brasileiro, são regulados
que são relativos ao Estado e à sociedade e que merecem ter posição privilegiada. pelo Código de Processo Civil.4 Refere-se à pessoa, à família, aos bens e à sua forma
Trata-se de distinção que perdura até hoje, por vezes nebulosa, em especial na zona de aquisição, à sucessão (com quem os bens ficam depois da morte de alguém), às
limítrofe entre os dois grupos. obrigações de fazer e de não fazer e aos contratos. Regulamenta os atos das pessoas
jurídicas, principalmente o Direito Comercial/Empresarial.
Há diversos critérios para diferenciar regras de Direito público e de Direito privado. Os
três mais difundidos são: Lei de Introdução ao Código Civil, mais tarde denominada Lei de Introdução às
critério do interesse: predominância do interesse público ou do interesse normas do Direito Brasileiro5 - Quando se cogita de “Lei”, logo surge a concepção
privado; óbvia de que a Constituição constitui, hierarquicamente, a maior de todas. Não se pode,
critério da qualidade dos sujeitos: intervenção do Estado ou de outros entes todavia, olvidar a importância da Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), que surgiu no
públicos na relação jurídica; e cenário jurídico brasileiro por meio do Decreto-Lei nº 4.657/42.6
critério da posição dos sujeitos: se o Estado age como ente soberano, com ius
imperii, ou se age de igual para igual com os demais sujeitos da relação jurídica. Imprescindível é recordar que a referida lei surgiu com o escopo de definir os princípios
basilares no nosso ordenamento jurídico, sob regime ditatorial (o Estado Novo),
Como regra geral entende-se como pertencentes ao Direito Público as normas que escudado pela Constituição de 1937. Embora esteja ainda em vigor nos dias atuais,
regulam as relações em que o Estado exerce a soberania, imperium, em que o indivíduo com apenas 19 artigos, esta lei tem aplicação não só em relação ao Código Civil, mas
é um súdito. Por outro lado, quando o Estado age de igual para igual com o indivíduo extensivamente a todas as outras leis e códigos brasileiros.
(por exemplo, no caso de empresas estatais), a matéria poderá ser da alçada do Direito
Privado. Para Inácio de Carvalho Neto, a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro é, na
verdade, “uma lei de introdução ao Direito como um todo, com normas gerais sobre
Pertencem ao Direito Público ramos como o Direito Constitucional, o Direito aplicação do Direito e sobre Direito internacional privado".
Administrativo, o Direito Penal e o Direito Processual. Já o Direito Privado não cuida
apenas dos interesses individuais, mas inclui também a proteção de valores caros à
sociedade e de interesse coletivo, como a família. Pertencem ao Direito Privado ramos
como o Direito Civil e o Direito Comercial. Alguns ramos do Direito são considerados
mistos, por ali coincidirem interesses públicos e privados, como o Direito do Trabalho.
4
O Direito Privado baseia-se no princípio da autonomia da vontade, isto é, as pessoas Quando da elaboração deste trabalho, janeiro de 2011, o Congresso Nacional examinava o Anteprojeto do Novo
Código de Processo Civil que irá trazer diversas mudanças na maneira de se aplicar e de se ver o Direito civil.
gozam da faculdade de estabelecer entre si as normas que desejarem. Já o Direito 5
Na Internet, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm. A Lei 12.376 de 2010 alterou a
Público segue princípio diverso, o da legalidade estrita, pelo qual o Estado somente ementa da Lei de Introdução ao Código Civil, ampliando o seu campo de aplicação. Ver também Onaldo R. de
pode fazer o que é previsto em lei. A autonomia da vontade também está sujeita ao Queiroga “A importância da Lei de Introdução ao Código Civil” artigo publicado no jornal Carta Forense, 01 de
setembro de 2008.
princípio da legalidade, mas em menor grau; em Direito Privado, tudo que não é 6
Decreto recepcionado como lei ordinária, com a publicação no D.O.U., edição de 09/09/1942, tendo entrado em
proibido.é.permitido. vigor no dia 24/10/1942, por força do Decreto-Lei de 17/09/1942.

7 8
No Brasil temos leis especificas, que se subdividem em complementar e ordinária. A gerais do Direito para promover o deslinde da questão (Art. 4º: Quando a lei for omissa,
complementar, como o próprio nome explicita, tem como escopo complementar, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de
explicar ou mesmo adicionar algo contido na Carta Magna. Já a ordinária se distingue Direito).
da complementar desde o aspecto do quorum até quanto a sua formação. Enquanto a
ordinária precisa de maioria simples de votos dos congressistas para ser aprovada, a O Direito é dinâmico, precisa acompanhar a evolução que se registra no mundo,
complementar necessita de maioria absoluta dos votos do parlamento. Temos, ainda, evolução que cada vez é mais veloz, precipuamente no campo das ciências, da
as denominadas leis cogentes - que são de ordem pública e não podem ser afastadas tecnológica, da medicina, da engenharia etc. Com tantos avanços, muitas vezes a
pelas partes; já as supletivas - são aquelas que podem ser afastadas por vontade das legislação não se atualiza com a mesma velocidade e ai surge a lacuna da lei para
partes; Também temos as leis de costumes, justamente aquelas que são de usos aplicação ao caso concreto.
reiterados de determinada comunidade e por determinado período de tempo.
Noutra ocasião, temos o aspecto ontológico, ou seja, há a norma, mas sua
Na Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro encontramos o disciplinamento aplicabilidade diante da evolução tornou-se inviável. Por outro lado, vislumbra-se
sobre a vigência da lei no país. A vigência de uma lei apega-se ao critério também a ocorrência da chamada axiologia, pois há a norma, todavia, sua
exclusivamente temporal. É o que prevê o seu artigo 1º: "Art. 1º Salvo disposição aplicabilidade é vista como injusta ou mesmo insatisfatória.
contraria, a Lei começa a vigorar em todo o pais 45 (quarenta e cinco) dias depois de
oficialmente publicada". Finalmente, a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, por regular outras leis,
continua vencendo o tempo, mesmo com o advento do Código Civil de 2002, justamente
A lei entra em vigor quando ocorre a revogação da anterior. Isto só se opera quando porque o seu texto, aliado ao do novo Código, ainda, é tido como atual e de uma eficácia
ocorre a vigência da lei nova. Quando a lei nova silencia na indicação do prazo início da inconteste. Seu ponto forte é permitir que, diante de um litígio, mesmo sendo omissa a
sua vigência, observa-se, então, a regra o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Civil, legislação, o juiz, na forma do seu artigo 5º, antes de tudo tem condições de promover
que prevê que o prazo da "vacatio legis”7 é de 45 dias, para aplicação da norma no Brasil justiça, julgando com equidade, observando o fim social, o bem comum, valendo-se,
e de três meses para o exterior. pois, dos princípios da moralidade, da igualdade de Direitos e obrigações.

A vigência nada mais é do que a capacidade que a lei alcança para produzir efeitos. É O direito à moradia - É de especial importância ter-se presente que toda a legislação
comum no Brasil a lei nova já trazer em seu bojo dispositivo estabelecendo a data do brasileira está subordinada à Constituição Federal de 1988 e, para o estudioso das
início de sua vigência. questões habitacionais faz-se imprescindível lembrar que a 14 de fevereiro de 2000, o
Poder Constituinte Derivado Reformador (Congresso Nacional) elevou a moradia ao
Saliente-se o aspecto de que a lei pode conter algumas incorreções, e aí o legislador status de direito constitucional, alterando para tanto o art. 6º da Carta Magna. Federal
deve promover a correção do texto publicado e republicá-lo. Ressalte-se que ocorrendo através da Emenda Constitucional nº. 26.
nova publicação para fins de correção, deve ser observado que o prazo de vacância
volta a correr da republicação. Feita à correção de texto já em vigor, a hipótese passa a A referida Emenda ampliou o rol dos conhecidos direitos sociais, tendo entrado em vigor
ser de uma nova lei editada. na data de sua publicação, mas estabeleceu intensa polêmica entre os nossos juristas,
que se perguntam se a partir de tal data já estaria efetivamente assegurada a moradia a
Em regra, a lei é editada para vigência por prazo indeterminado, mas em alguns casos todos. Infelizmente predomina, entre as respostas, a negativa, por motivos que já se
pode ocorrer que haja conveniência ou necessidade de se estabelecer um termo final fazem conhecidos no que tange aos direitos sociais, não sendo novidade no tocante ao
para a vigência lei. novo direito.

Exemplificando: quando uma lei não entra em vigor na data de sua publicação, sua Os professores Olavo Augusto Vianna Alves Ferreira e Rodrigo Pieroni Fernandes, em
eficácia tem-se como suspensa, ocorrendo ai um fato interessante; a lei existe, mas não artigo para a revista “Jus Navegandi”8, salientam que parece irretorquível a
produz seus efeitos. A Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro é clara ao focar impossibilidade de se impor ao Estado, imediatamente, a efetividade desta inovação
que a lei deve alcançar a todos, não podendo ninguém, alegar desconhecimento da constitucional.
norma, por isso, quando em vigor a norma vincula todos, face o seu poder coercitivo Em tese apresentada no 1º Encontro Brasileiro de Direitos Humanos, Fernando
(Art. 3º - Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece). Abujamra Aith, abordando o Direito à Moradia, demonstra o problema enfrentado para
assegurar a efetividade dos direitos sociais: "Os direitos individuais possuem muito
Assim, a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro permite ao magistrado, mais respaldo jurídico e garantias judiciais efetivas do que os direitos sociais. Enquanto
verificando haver lacuna da norma, valer-se da analogia dos costumes e dos princípios existem instrumentos como o Habeas Corpus, Mandado de Segurança, o princípio da
legalidade, entre outros destinados à garantia do cidadão contra arbitrariedades
estatais, verificamos a absoluta falta de instrumentos e garantias jurídicas que

7
Vacatio legis é uma expressão latina que significa "vacância da lei"; designa o período que decorre entre o dia
8
da publicação de uma lei e o dia em que ela entra em vigor, ou seja, tem seu cumprimento obrigatório A questão “O direito constitucional à moradia e os efeitos da Emenda Constitucional 26/00”. Jus Navigandi, Teresina, ano
diz respeito à aplicação da lei no tempo, como estudo do Direito e do processo legislativo. 5, n. 42, 1 jun. 2000. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/579. Acesso em: 21 jan. 2011.

9 10
protejam, com a mesma eficácia, os direitos sociais, culturais e econômicos. Enquanto B) Parte Especial
os direitos civis e políticos exigem, basicamente, uma abstenção por parte do Estado, Livro I - Do Direito das Obrigações
os direitos sociais exigem uma ação efetiva do Estado, por terem limitada eficácia Livro II - Do Direito de Empresa
técnica. Livro III - Do Direito das Coisas
Livro IV - Do Direito de Família
Todas as normas constitucionais são dotadas de eficácia jurídica, no sentido de que seu Livro V - Do Direito das Sucessões
efeito principal é revogar a ordem jurídica naquilo que com ela for incompatível. C) Parte Final ou Das Disposições Finais e Transitórias
Acontece, entretanto que a norma poderá não ter eficácia social, que se verifica no caso
de não ser efetivamente aplicada aos casos concretos, sendo isto que ocorre com a O novo diploma legal não está isento de falhas ou de lacunas, dada a amplitude da
moradia, uma vez que sua principal função será a de representar importante diretriz a matéria codificada, mas pode-se serenamente dizer que ele se situa entre as melhores
orientar o Poder Público para implementação de políticas aptas a assegurarem esse codificações existentes, a começar pela sua estrutura original, com a unificação do
novo direito. Direito das Obrigações e a inclusão de toda uma nova parte relativa ao Direito de
Empresa.
Vale destacar que o direito à moradia já encontrava previsão constitucional no artigo 7º,
inciso IV, da Constituição Federal, como direito do trabalhador urbano e rural a um Ademais, o Código é rico de "cláusulas gerais", salvaguardando os princípios de
"salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas verdade real e de boa-fé, com abandono total do formalismo, desde a possibilidade de
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, digitar o testamento particular pelo computador, com reduzido número de testemunhas,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes até disposições que revogam a atual escrituração arcaica das empresas, permitindo
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para seja ela feita por processos eletrônicos.
qualquer fim". Além disso, é competência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios promover programas de construção de moradias e Por ocasião da promulgação da Lei n°10.406 de 10/01/2002, o Professor Miguel Reale,
melhorias das condições habitacionais, nos termos do artigo 23, inciso IX, da o maior dos seus artífices, ressaltou que “o Código Civil é o código do homem comum,
Constituição Federal. visto como ele dispõe sobre a situação social e a conduta dos seres humanos, mesmo
antes de seu nascimento, dadas as normas protetoras dos nascituros, e depois de sua
Assim sendo, o direito à moradia, que já há muito tempo fazia parte do texto morte, por preservar a sua última vontade e fixar o destino de seus bens.”
constitucional, é agora ainda mais robustecido, com sua expressa menção no elenco do
artigo 6º da Carta Magna. Em que pese a ausência de eficácia social, a sociedade – e, Aquele saudoso jurista analisou o espírito que presidiu a reforma feita, a qual assinala a
em especial, os corretores de imóveis - não deve esmorecer. Trata-se, certamente, da passagem de um sistema de regras destinado a reger uma nação fundamentalmente
concretização do maior dos sonhos da família brasileira e uma luta a ser travada através agrária, à qual se destinava o Código de 1916, para uma estrutura cultural marcada por
dos decênios vindouros. novos valores sociais, e pelas mais avançadas conquistas da ciência e da tecnologia.

O NOVO CÓDIGO CIVIL (Lei n°10.406 de 10/01/2002) Recordando que, nas primeiras décadas do século XX, 70% do povo brasileiro
moravam no campo, enquanto que, hoje em dia, em igual proporção, vivem nas
O atual Código Civil Brasileiro (Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002) encontra-se em cidades, Miguel Reale assinalou que o Código Civil de 1916, representou estupenda
vigor desde 11 de janeiro de 2003, após o cumprimento de “vacatio legis” de um ano. contribuição da ciência jurídica nacional, mas, não obstante o seu alto valor, acrescido
Tem 2.046 artigos, muitos dos quais tratando do direito privado, que regulamenta, por precioso cabedal de doutrina e de jurisprudência, não mais correspondia às
principalmente, a situação jurídica e as relações entre particulares, protegendo direitos necessidades histórico-sociais de nosso tempo, em especial se atentarmos para as
pessoais, isto é, interesses exclusivamente do titular do direito: interesses do vertiginosas inovações ocorridas, em todos os planos da cultura universal, durante o
proprietário, do locador, do comprador, etc. século passado, o mais curto e revolucionário dos séculos, pois começou, a bem ver,
com a primeira Grande Guerra e terminou com a derrocada do Muro de Berlim.
Cumpre observar que, não sendo rigorosa e clara a distinção entre direito público e
privado (já que essas categorias não podem ser definidas de forma plenamente Explicou aquele professor que a estrutura do novo Código Civil Brasileiro não encontra
satisfatória) alguns doutrinadores usam o termo "direito misto" para "esconder" a similar em qualquer outra nação, constituindo uma ordenação original em consonância
impossibilidade de encontrar uma definição satisfatória. Isso irá acontecer quando um com a nossa própria experiência jurídica e legislativa, na qual veio espontaneamente se
conjunto de normas for marcado pela coexistência de características de direito público e compondo a unidade do Direito das Obrigações, em razão da vetustez do Código
privado. Assim, fariam parte desse setor o direito do trabalho, o direito de família, o Comercial de 1850.
direito do consumidor. Importante é conhecer a estrutura do Novo Código Civil. Ei-la:
Destacando que o novo Código Civil não abrange todo o Direito Privado, mas tão
A) Parte Geral somente as questões que emergem da unidade do Direito das Obrigações, como é o
I - Das Pessoas caso das normas relativas à atividade empresarial, deixando intocável o Direito
II - Dos Bens Comercial com a respectiva legislação especial, Miguel Reale congratulou-se com a
III - Dos Fatos Jurídicos Nação “por adotar uma Lei Civil que será da maior valia para o País, sobretudo em razão

11 12
dos princípios de eticidade, socialidade e operabilidade que presidiram a sua se no âmbito de disciplina do direito público, e as últimas, no do direito privado.
elaboração”, para concluir:
“Desde o pórtico dos Direitos da personalidade – inexistente no Código de O artigo 41 do Código Civil brasileiro de 2002 alinha como pessoas jurídicas de direito
1916 – até as normas estabelecidas em razão da função social da propriedade e do público interno a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, os municípios, as
contrato, desde a maioridade aos dezoito anos até a revisibilidade do regime de bens no autarquias (como o INSS etc.) e as demais entidades de caráter público criadas por lei
casamento; desde a extinção do “pátrio poder”, substituído pelo “poder familiar”, até os (por exemplo, fundações públicas como as universidades federais ou estaduais). Sua
dispositivos que salvaguardam o real interesse da prole; desde as novas figuras criadas existência legal (personalidade), ou seja, sua criação e extinção ocorrem pela lei.
no campo do Direito das Obrigações até a disciplina da atividade empresarial; desde a
preferência dada às “cláusulas abertas”, propiciadoras de ampla compreensão Já as pessoas jurídicas de direito público externo são os Estados estrangeiros, e todas
hermenêutica e de maior interferência do juiz na solução dos conflitos, até as novas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, além de organismos
regras sobre responsabilidade objetiva; desde a constante remissão aos princípios de internacionais (ONU, OEA, União Européia, Mercosul, etc.).
equidade e de boa-fé até o tratamento da posse de bens imóveis em razão do valor do
trabalho que a motiva; desde a eliminação de formalidades absurdas na lavratura dos As pessoas jurídicas de direito privado distribuem-se por duas categorias: de um lado,
testamentos até a preservação dos direitos dos herdeiros, do cônjuge inclusive, é toda as estatais; de outro, as particulares. Para essa classificação interessa a origem dos
uma nova atmosfera normativa que surge no mundo do Direito, com paradigmas de recursos empregados na constituição da pessoa, posto que são estatais aquelas para
renovado humanismo existencial.” cujo capital houve contribuição do Poder Público (sociedades de economia mista,
empresas públicas) e particulares as constituídas apenas com recursos particulares. A
Não caberia, neste trabalho, discorrer sobre cada um dos mais de dois mil dispositivos pessoa jurídica de direito privado particular pode revestir seis formas diferentes: a
do Código. Para a habilitação do corretor de imóveis é bastante examinar aqueles mais fundação, a associação, a cooperativa, a sociedade, a organização religiosa e os
vinculados ao exercício profissional, e que são os que se seguem: partidos políticos.

Parte Geral O traço característico mais moderno, tendo em vista o direito comparado a nível
internacional, é o fato de as pessoas jurídicas serem a união de esforços para a
1) Sobre as pessoas jurídicas realização de fins comuns. Porém se esses fins são econômico-financeiros, a pessoa
jurídica é necessariamente uma sociedade.
Pessoa é o ser a que se atribui direitos e obrigações. Pode ser pessoa natural ou
jurídica. Natural é aquela que tem existência física real, como os homens em geral; É importante considerar a jurisprudência do direito jurídico internacional, devido ao fato
jurídica é a que tem existência fictícia ou abstrata, sendo fruto da ordem jurídica, como da "globalização" da chamada "aldeia global" que se configura pela influência da
por exemplo, as sociedades anônimas. Internet.

Muita discussão tem ocorrido sobre o verdadeiro conceito de pessoa jurídica. Para A personalidade legal de uma pessoa jurídica, incluindo seus direitos, deveres,
alguns, as pessoas jurídicas são seres de existência anterior e independente da ordem obrigações e ações, é separada de qualquer uma das outras pessoas físicas ou
jurídica, se apresentando ao direito como realidades incontestáveis (teoria orgânica da jurídicas que a compõem.
pessoa jurídica). Para outros, as pessoas jurídicas são criações do direito e, assim, fora
da previsão legal correspondente, não se as encontra em lugar algum (teoria da ficção Assim, a responsabilidade legal de uma pessoa jurídica não é necessariamente a
da pessoa jurídica). responsabilidade legal de qualquer um de seus componentes. Por exemplo, um
contrato assinado em nome de uma pessoa jurídica só afeta direitos e deveres da
Hoje, para a maioria dos teóricos, a natureza das pessoas jurídicas é a de uma ideia, pessoa jurídica, não afeta os direitos e deveres pessoais das pessoas físicas que
cujo sentido é partilhado pelos membros de uma comunidade jurídica, que a utilizam na executaram o contrato em nome da entidade legal.
composição de seus interesses. Em sendo assim, ela não preexiste ao direito.
2) Sobre o domicílio
A pessoa jurídica é um sujeito de direito personalizado, assim como as pessoas físicas,
em contraposição aos sujeitos de direito despersonalizados, como o nascituro, a massa O domicílio civil é o lugar em que a pessoa ordinariamente exerce seus direitos e
falida, o condomínio horizontal, etc. Desse modo, a pessoa jurídica tem a autorização cumpre suas obrigações da vida civil, inclusive quando chamada a fazê-lo por via
genérica para a prática de atos jurídicos bem como de qualquer ato, exceto o judicial, uma vez que do domicílio decorre a fixação da competência de foro para o
expressamente proibido. Feitas tais considerações, cabe conceituar pessoa jurídica julgamento de ações em que a pessoa figura como parte.
como o sujeito de direito inanimado personalizado.
Além do domicílio civil, existem outras modalidades de domicílio, como, por exemplo, o
São requisitos para a existência da pessoa jurídica a organização de pessoas ou bens, domicílio eleitoral. Urge destacar que o termo 'domicílio' é também empregado,
a licitude de propósitos e capacidade reconhecida por norma. Conforme o artigo 40 do excepcionalmente, no direito, para indicar a casa de morada de pessoa.
Código Civil brasileiro de 2002, as pessoas jurídicas (admitidas pelo Direito brasileiro)
são de direito público (interno ou externo) e de direito privado. As primeiras encontram-

13 14
Na legislação brasileira, a regra sobre a fixação do domicílio civil encontra-se Os bens móveis se distribuem por variadas classes, como fungíveis e consumíveis,
estabelecida do Art. 70 ao Art. 78 do Código Civil. Nos contratos escritos, poderão os divisíveis e indivisíveis, singulares e coletivos. São fungíveis os móveis que podem
contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Consumíveis são
obrigações deles resultantes. aqueles cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também
considerados tais os destinados à alienação. Já divisíveis são os que se podem
O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou
definitivo. Se a pessoa tiver várias residências onde viva, cada uma delas será prejuízo do uso a que se destinam. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se
considerada seu domicílio; se a pessoa não tiver residência habitual, seu domicílio será indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.
o local onde for encontrada. Também é domicílio, quanto às relações concernentes à
profissão, o local onde exercer suas atividades; se a pessoa exercitar profissão em Os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos
lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe demais são classificados como singulares. Constitui universalidade de fato a
corresponderem. pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação
unitária. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações
Cumpre ainda ter em conta que o domicílio da União é o Distrito Federal; dos Estados e jurídicas próprias, e constitui universalidade de direito o complexo de relações
Territórios, suas as respectivas capitais; do Município, o lugar onde funcione a jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.
administração municipal. Das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as
respectivas rias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto Os bens distribuem-se ainda entre públicos e privados. Os primeiros são todos os bens
ou atos constitutivos. móveis ou imóveis pertencentes à União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas
respectivas autarquias e fundações públicas. Não podem ser vendidos (isso,
Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um entretanto, é válido apenas para os bens de uso comum e de uso especial), não se
deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. Se a administração, ou sujeitam à penhora nem podem ser obtidos por um particular através de usucapião. Do
ria, tiver a sede no estrangeiro, terá por domicílio, no tocante às obrigações contraídas mesmo modo, não podem servir de garantia a um credor, como nos casos de hipoteca,
por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela penhor e anticrese.
corresponder.
Os bens particulares são intimamente vinculados ao princípio da propriedade privada,
O domicílio do incapaz é o mesmo do seu representante ou assistente. Já o do servidor direito que assegura ao seu titular uma série de poderes, sendo que seu conteúdo
público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções. Sendo militar, onde constitui objeto de estudo pelo direito civil. Ela compreende, na sua formulação clássica,
servir, e, quando da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar os poderes de usar, gozar e dispor de uma coisa, a princípio de modo absoluto,
imediatamente subordinado. O domicílio do marítimo é onde o navio estiver exclusivo e perpétuo. Não podem, no entanto, esses poderes serem exercidos
matriculado; o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. ilimitadamente, dado que desta forma colidiriam com direitos alheios, de igual natureza,
e porque existem interesses públicos assim como interesses coletivos que podem
De acordo com a forma de sua determinação, o domicílio pode ser: 1) voluntário, se limitá-la e cuja tutela incumbe ao Poder Público. Assim, por exemplo, o poder público
estabelecido por vontade própria; 2) legal ou necessário, se imposto por lei, com nos pode desapropriar uma propriedade privada, se for usada para benefício múltiplo e
casos do incapaz (o do seu representante), do servidor público (onde exerce suas comum.
funções), do militar (onde serve ou a sede do comando em que serve), oficiais e
tripulantes da marinha mercante (local de matrícula do navio) e do preso (local de Acredita-se que a propriedade privada, enquanto elemento constituinte da trama de
cumprimento da sentença); 3) convencional, se escolhido entre as partes, para os relações sócio-econômicas no processo de produção capitalista, deva ela mesma
efeitos de um contrato específico. exercer sua função social. Ainda que este não seja um conceito unânime e globalmente
difundindo, sua implementação legal tem sido discutida e respaldada nas últimas
3) Sobre os bens décadas. No Brasil, esta noção somente tornou-se plena com a Constituição de 1988,
que pela primeira vez na história definiu a função social da propriedade.
É indispensável ao futuro corretor de imóveis conhecer com clareza a diferença entre
coisas e bens. Segundo Clóvis Bevilacqua, há bens jurídicos que não são coisas, tais O direito à propriedade está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos de
como a liberdade, a honra, a vida. O vocábulo “coisas” tem, assim, um sentido mais ou 1948. O seu artigo 17 dispõe que "todo indivíduo tem direito à propriedade, só ou em
menos amplo; designa, mais particularmente, os bens que são objeto de direitos reais. sociedade com outros e que ninguém será arbitrariamente privado da sua propriedade".
Verifica-se que referido artigo nada especifica em relação ao modo como alguém
Há imensa diferença, igualmente, entre bens imóveis e os bens móveis. Os primeiros, perderá sua propriedade, nem em que termos, ou se haverá indenização em dinheiro ou
também chamados de bens de raiz, são aqueles fixos sem movimento, que não se em títulos, etc. O motivo é obvio: respeitar a soberania de cada nação. Fato é que no
podem transportar de um lugar para outro por impossibilidade material (os prédios) ou mundo capitalista a propriedade é a pilastra do sistema e sua interpretação não é
jurídica (o subsolo), conforme o art. 43, 44, do C. Civil. Os bens móveis são aqueles uniforme, variando segundo a área política em que vive o hermeneuta9.
suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia (art. 47, C. Civil).

15 16
4) Sobre o fato jurídico autonomia de impor condições para o reconhecimento da paternidade. Dessa forma,
ele não poderá impor ao reconhecimento da paternidade, por exemplo, a condição de
Todo acontecimento de origem natural ou humana que gere consequências jurídicas é não contrair nenhuma relação jurídica com o filho, visto que do reconhecimento surgem
considerado fato jurídico. Segundo a Teoria Tridimensional do Direito, de Miguel Reale, efeitos jurídicos previstos na norma como o direito ao nome, pátrio-poder, obrigação de
ao lado da norma e do valor, o fato é elemento constitutivo do próprio direito. prestar alimentos, direitos sucessórios, etc. Resumindo, diz-se que no Ato Jurídico em
Sentido Estrito apenas se efetiva o pressuposto fático contido na norma jurídica.
Destacam os especialistas que “fato, "tout court", é qualquer acontecimento. Mas nem
todos os acontecimentos são relevantes para o Direito, pois não criam, extinguem ou 6) Sobre o Negócio Jurídico
modificam situações jurídicas. Apenas aqueles fatos que produzem efeitos na seara do
direito são chamados fatos jurídicos”. Ao contrário dos Atos Jurídicos em Sentido Estrito, os negócios jurídicos condicionam
seus efeitos jurídicos, principalmente, à livre manifestação de vontade dos agentes.
Assim, segundo a doutrina, pode-se conceituar fato jurídico como sendo todo o Embora seja certo que na atualidade a vontade como caracterizadora do negócio
acontecimento, natural ou humano, capaz de criar, conservar, modificar, ou extinguir jurídico venha perdendo a sua conotação absoluta em função do processo de
relações ou situações jurídicas. Os estudiosos estabeleceram a seguinte classificação: condicionamento que normas de ordem pública vêm impondo a situações específicas
fato aquisitivo (todo aquele que cria direito); modificativo (todo fato que modifica o das relações negociais para se atender ao princípio basilar da dignidade da pessoa
direito); extintivo (que extingue um direito), conservativo, que conserva um direito. humana que abarca de maneira implícita a boa-fé nos negócios jurídicos e a função
social do contrato. O Direito atual reconheceu que os agentes da vontade não podem
Além destes, destacam-se os fatos jurídicos naturais, que podem ser ordinários, como o ser considerados partes iguais em uma dada relação jurídica, sob pena de se validar
nascimento, que marca o início da personalidade do homem, e a morte, que põe termo à situações injustas.
personalidade jurídica; ou extraordinários, como tempestades e furacões. Há também
os fatos jurídicos humanos, ou atos jurídicos em sentido amplo, que compreendem: os Cumpre destacar que há duas correntes buscando explicar o negócio jurídico: a
atos jurídicos em sentido estrito, ou meramente lícitos, cujos efeitos jurídicos derivam voluntarista e a objetivista. A corrente dominante na doutrina brasileira é a voluntarista,
fundamentalmente da lei, como o registro civil; e os negócios jurídicos, nos quais os segundo a qual o negócio jurídico é uma declaração de vontade, pela qual o agente
efeitos são resultado principalmente da manifestação de vontade dos agentes, como o pretende atingir determinado efeito permitido por lei.
contrato. Os fatos jurídicos humanos podem ser ainda lícitos, se realizados em
conformidade com o ordenamento jurídico, ou ilícitos, quando realizado em Os adeptos da corrente objetivista, no entanto, afirmam não ser verdadeiro tal conceito
desconformidade com o ordenamento jurídico. adotado pelos voluntaristas, tendo em vista que nem sempre o declarante manifesta a
sua vontade dirigida a um determinado fim querido e previamente conhecido. Dentre
5) Sobre o Ato Jurídico outros, apresentam o exemplo da hipótese de conversão substancial em que as partes
concluem um negócio jurídico inválido que, entretanto, poderá ser convertido em outra
Os atos jurídicos em sentido amplo (fatos jurídicos humanos) podem ser lícitos, quando categoria de negócio (princípio da conservação) se possui os requisitos de validade
realizados em conformidade com o Direito, ou ilícitos, quando realizados em deste.
desconformidade com o Direito.
Percebe-se, por conseguinte, que nessa situação o negócio que se deu com a
O gênero Ato Jurídico Lato Sensu é subdividido nas espécies: os Atos Jurídicos em conversão não era o desejado e pretendido, e, no entanto, não se pode objetar que se
Sentido Estrito ou meramente lícitos, e os Negócios Jurídicos. Os primeiros são aqueles trata de um Negócio jurídico.
que derivam de um comportamento humano, nos quais os efeitos jurídicos (criação,
conservação, modificação ou extinção de direitos) estão fundamentalmente previstos Para os objetivistas, o negócio jurídico teria conteúdo normativo consistindo de um
na lei. Neste tipo de ato, a manifestação de vontade não se subordina ao campo da poder privado de criar um ordenamento jurídico próprio.
autonomia privada do agente, ou seja, o agente não possui a faculdade de moldar os
efeitos que sua manifestação de vontade produzirá. Resumidamente, para os voluntaristas o que produz os efeitos jurídicos é a vontade real
segundo a qual num conflito entre a vontade declarada e a vontade real (intenção),
Um bom exemplo para ilustrar essa ausência de autonomia do agente no Ato Jurídico prevalece essa última e, em contrapartida, para os objetivistas, a intenção encontra-se
em Sentido Estrito é o reconhecimento de filho ilegítimo: Digamos que uma pessoa teve em segundo plano, sendo preponderante como elemento produtor de efeitos jurídicos a
um filho fora do casamento. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), declaração.
em seu artigo 26, permite que este filho seja reconhecido no próprio termo de
nascimento, por testamento, mediante escritura, etc. Nesse caso, o agente não possui a Prescrição e decadência - A grosso modo, a prescrição é a extinção do direito de ação.
O direito perdura. Já a decadência é a extinção do próprio direito. Existe, na verdade,
muita confusão entre os advogados para estabelecer objetivamente a diferença entre
9
Hermeneuta é aquele que é versado em hermenêutica, ou seja, intérprete. Conforme o dicionário Michaelis: os dois termos. De acordo com os doutrinadores, a prescrição extingue diretamente as
"hermenêutica - sf (gr hermeneutiké) 1 Arte de interpretar o sentido das palavras, das leis, dos textos etc. 2
Interpretação dos textos sagrados e dos que têm valor histórico." No âmbito jurídico eles sãos aqueles que
ações e só, indiretamente, os direitos. A decadência extingue, diretamente, o direito, e,
interpretam as normas. Exemplo: José Afonso da Silva é um grande hermeneuta brasileiro. com ele, a ação que o protege. Na prática, a prescrição é mais fácil de ser entendida

17 18
como, por exemplo, no Direito Civil quando o devedor se desobriga de adimplir com a conjunto de interesses estruturados no princípio da socialidade, em que, por exemplo, a
sua obrigação pela inércia do credor num determinado lapso temporal. Já quanto à força obrigatória dos contratos é mitigada para proteger o bem comum e a função social
decadência, é difícil apontar um exemplo prático que leve a entendê-la com precisão. do contrato.
Como a polêmica não tem maiores implicações para o corretor de imóveis, melhor será Os tempos e os costumes trouxeram a necessidade de o Estado atuar por meio de leis
deixá-la para os doutos. protetoras da parte mais fraca da relação contratual, a fim de se alcançar a igualdade
substancial dos contratantes.
Parte Especial
Como primeira manifestação deste dirigismo contratual por parte do legislador, afirma
Direito das Obrigações Marcelo Junqueira Calixto11, podemos recordar a chamada "Lei da Usura" (em verdade
trata-se do Decreto 22.626/33), que limitou as taxas de juros a serem cobradas em
Sabemos que é por meio das relações obrigacionais que se estrutura o regime qualquer contrato. Proibiu ainda o anatocismo, isto é, contar juros dos juros.
econômico. Assim, através do direito das obrigações se estabelece também a
autonomia da vontade entre os particulares na esfera patrimonial, como destaca a Manifestação bem mais recente e ainda mais evidente deste dirigismo contratual pode
professora Bruna Lyra Duque10 em uma análise histórica do tema. ser vista no Código de Defesa do Consumidor, que, por exemplo, traz um rol não
exaustivo de cláusulas contratuais abusivas em seu artigo 51. Este diploma faz ainda
Alerta ela que o direito das obrigações exerce grande influência na vida econômica, em referência expressa ao princípio da boa-fé objetiva das partes contratantes (veja-se,
razão da inegável constância das relações jurídicas obrigacionais no mundo neste sentido, o art. 4°, III e o art. 51, IV). Trata-se de um princípio que impõe às partes
contemporâneo. Intervém este direito na vida econômica, nas relações de consumo sob contratantes um padrão de conduta, ou seja, a necessidade de serem leais e
diversas modalidades e, também, na distribuição dos bens. cooperarem na execução do contrato.

O Direito das Obrigações é, pois, um ramo do Direito Civil que tem por fim contrapesar Calixto destaca que o mesmo princípio aplica-se ainda às fases das negociações
as relações entre credores e devedores. Consiste num complexo de normas que regem preliminares e pós-contratual, isto é, mesmo após o término do prazo de vigência do
relações jurídicas de ordem patrimonial que têm por objeto prestações (dar, restituir, contrato.
fazer e não fazer) cumpridas por um sujeito em proveito de outro.
Recomendando a leitura de “Problemas de Direito Civil-Constitucional”12, organizado
Conceituando o contrato como uma espécie do gênero negócio jurídico que possui por Gustavo Tepedino, ele enfatiza que o princípio da boa-fé objetiva está consagrado
natureza bilateral e pelo qual as partes se obrigam a dar, restituir, fazer ou não fazer no vigente Código Civil, que a ele se refere como norma de interpretação dos negócios
alguma coisa, a renomada mestra ressalta: “O contrato é, portanto, o acordo de jurídicos (art. 113), como limite para o exercício de direitos (art. 187) e como norma de
vontades entre pessoas do direito privado, amparado pelo ordenamento legal e conduta das partes contratantes (art. 422). Adverte, contudo, que a função social do
realizado em função de necessidades que gera, resguarda, transfere, conserva, contrato permite a afirmação de que ele “não é um átomo isolado de todo o mundo
modifica ou extingue direitos e deveres, visualizados no dinamismo de uma relação exterior, mas, ao contrário, não pode ser ignorado pelos terceiros não contratantes,
jurídica obrigacional.” ainda que não tenha revestido a forma pública ou não tenha sido levado a registro no
cartório competente.”
A filosofia do Iluminismo rejeitou os velhos dogmas e as tradições (especialmente
religiosas) e colocou o homem e seu bem-estar no centro de suas preocupações. Enfim, Todas essas considerações são de extrema importância para a corretagem de imóveis
o centro de tudo passava a ser o indivíduo, a propriedade e a aquisição de bens. em tempos nos quais o contrato tem de ser visto sob um novo enfoque — não mais
como instrumento de exploração do mais fraco pelo mais forte, mas como instrumento
O Código Civil brasileiro de 1916 recebeu forte influência da legislação francesa, capaz de garantir trocas justas e equilibradas entre as partes contratantes.
inspirado no liberalismo, valorizando o indivíduo, a liberdade e a propriedade. A base
contratual que se pautou nesse diploma de 1916 guardou características Nos dias correntes, verifica-se unanimidade, em todos os setores do mercado
individualistas, observando apenas uma igualdade formal, fazendo lei entre as partes imobiliário, em torno da existência de numerosos sinais da ocorrência de um “boom”
(pacta sunt servanda). Segundo tal diploma, ficava assegurada a imutabilidade que se estende da aquisição de terrenos para a construção de uma simples casa de
contratual e os contraentes celebravam livremente um acordo que deveria ser campo ou de praia, até a procura dos chamados “apartamentos inteligentes”,
absolutamente respeitado. evidências dos esforços da sociedade para a sustentabilidade principalmente com a
utilização da energia solar e a reciclagem dos materiais.
Todavia, com o advento do Código de 2002, houve um rompimento do aspecto
individualista. Os novos dispositivos legais deste código passam a disciplinar um Atualmente, no mercado imobiliário, o consumidor tem plenas condições de obter
informações sem a necessidade de recorrer a um corretor, já que tudo está a um clique

11
Advogado. Mestre e doutorando em Direito Civil pela UERJ. Professor dos Cursos de Pós-Graduação da UERJ
10
Advogada e consultora jurídica em Vitória (ES), mestre em Direitos e Garantias Constitucionais Fundamentais, e da FGV. Professor-agregado do Departamento de Direito da PUC-Rio.
12
especialista em Direito Empresarial, professora da graduação e pós-graduação da FDV Rio de Janeiro, Renovar, 2000.

19 20
no controle dos equipamentos que a informática lhe fornece em quantidade e qualidade como as terras devolutas, os lagos e águas que banham fronteiras, ilhas, plataforma
crescentes a cada dia que passa. Paradoxalmente, entretanto, o excesso de continental, terras ocupadas pelos índios e o mar territorial.
informações e opções de produtos e serviços financeiros pode gerar confusão no
cliente, o que o torna suscetível de demandar a assessoria de um especialista. Tal Desde muito cedo, observa a Professora Rita Dione Araújo Cunha, a necessidade de
situação evidencia a necessidade de aperfeiçoamento constante. Se os corretores delimitação de uma área acontecia, quando uma tribo, família ou grupo de pessoas
utilizarem as mesmas formas de abordagem, práticas e técnicas que usavam reivindicava o direito sobre essa área para pescar, caçar ou para colheita, fosse através
anteriormente ao “boom”, dificilmente poderão auxiliar o consumidor de maneira de guerras entre grupos, por acordos entre si ou pela aplicação de leis criadas pelos
assertiva diante de um mercado competitivo, e isto poderá deixá-los à míngua. mesmos.

Isto significa que ao candidato à carreira de corretor de imóveis é imprescindível Com efeito, nos primeiros estágios da civilização, os direitos de propriedade sobre uma
debruçar-se sobre a legislação, concentrando-se não apenas nos tópicos até agora área pertenciam a um corpo coletivo, o que constituía vantagem em relação à redução
abordados, mas e principalmente no que toca ao Direito Imobiliário, ramo do Direito de investimentos com demarcação e em relação a vigia e supervisão da área. Com o
Privado que trata e regulamenta vários aspectos da vida privada, tais quais o sedentarismo, em consequência da agricultura e da criação de animais, se reconhece o
condomínio, o aluguel, a compra e venda de imóveis, a usucapião e os financiamentos direito individual de quem usa a terra e a tendência continuada do seu uso fortalece
da casa própria. ainda mais esse direito. A cada geração é passado o usufruto convertido em domínio
individual, com o direito de reter a terra, mesmo sem cultivá-la.
Como parte do Direito Imobiliário pode-se citar o Direito Registral Imobiliário, que cuida
dos fenômenos jurídicos aliados ao registro de imóveis, e que tem sido um dos mais O rápido crescimento da população e o aumento de disputa pela terra incentivaram
concorridos cursos de especialização do Programa de Aperfeiçoamento Profissional do mais proteção ao direito de propriedade, tornando-se necessária a delimitação das
Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Rio de Janeiro. áreas requeridas pelos novos direitos de propriedade a partir dos ajustes das novas
relações custo-benefício, das mudanças tecnológicas e dos preços relativos dos
Propriedade e Posse produtos. Esta evolução passou por três estágios: o primeiro estágio, quando se
estabeleceu inicialmente um sistema simples de direitos de propriedade/demarcação
As raízes do Direito Imobiliário estão no direito de propriedade, seja como direito com um domínio de um grupo e já se justificava a limitação das terras por meios
subjetivo à detenção de uma coisa, seja como ramo especializado da Doutrina Jurídica. bastante rudimentares, como os marcos; num segundo estágio, o sistema passou para
o domínio individual, com uma ocupação em longo prazo da área e sua demarcação
O Dicionário da Tecnologia de Jurídica de Pedro Nunes13 registra como propriedade o com cercas e limites físicos semelhantes. O terceiro estágio, bem mais complexo,
poder jurídico de usar, gozar e dispor da coisa, de maneira exclusiva, com as restrições ocorreu quando o uso da terra se intensificou e tornou-se comercial, trazendo em seu
que a lei estabelece. bojo a necessidade de segurança, crédito e gerência pública, que tornaram viável a
documentação e definição do domínio individual e seus limites através de mapas e
A propriedade imóvel ou imobiliária é aquela cujo domínio se exerce sobre bens registros de terras. Isto mostra como a necessidade de se cadastrar física e legalmente
imóveis. Este tipo de propriedade é a que interessa como objeto deste estudo, tendo as terras é intimamente ligada à evolução das relações entre o homem e a terra.
relação com o que se refere a cadastros imobiliários.
A despeito da existência de antigos códigos e leis nas mais antigas civilizações, é na
O Código Civil classifica os bens imóveis considerando o solo com a sua superfície, os época dos romanos que nasce o direito civil que vem influenciar os códigos de toda a
seus acessórios e adjacências naturais (árvores e frutos), o espaço aéreo e o subsolo; cultura ocidental. Coube ao direito romano elaborar a atual teoria da propriedade no seu
tudo o que for permanentemente incorporado ao solo (plantações, prédios e outros) e aspecto técnico, cuja estrutura se mantém até os nossos dias, salvaguardadas as
tudo quanto no imóvel o proprietário mantiver intencionalmente para sua exploração, modificações peculiares de cada época histórica.
sua estética e o que promover comodidade ao proprietário. Tanto o Código Civil como a
Constituição fazem distinção entre propriedade do solo e propriedade de jazidas, minas A partir da segunda metade do século 19, um movimento jurídico solidarista inaugurou
e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica para o efeito de na Alemanha uma nova fase do direito civil: o Código alemão, que entrou em vigor em
exploração ou aproveitamento industrial. 1900, e foi de grande contribuição à ciência jurídica, influenciando muitos códigos civis
europeus e, consequentemente, o brasileiro.
Vimos que a propriedade imobiliária ainda pode ser privada, quando sob o domínio
individual (de uma determinada pessoa) ou pública, relativa aos bens pertencentes à O conceito de propriedade alemão deixou de referir-se ao direito absoluto, destacando
União, aos Estados, Municípios, Distrito Federal e não são particulares. Os bens o dever do proprietário de respeitar as disposições de lei e os eventuais direitos de
públicos podem ser os de uso comum do povo, como os mares, rios, estradas, ruas e terceiros. Impôs-se o condicionamento social do direito de propriedade, punindo-se
praças, os de uso especial, como edifícios e terrenos a serviço federal, estadual ou qualquer abuso que pudesse prejudicar terceiros. Assim, os legisladores começaram a
municipal, e ainda podem ser dominiciais (patrimônio da União, Estados ou Municípios), reconhecer a necessidade de garantir a proteção dos elementos economicamente mais
fracos da sociedade e a intervenção do Estado na economia para planejar a atividade
pública e particular no interesse da coletividade. Nesta época, começaram a surgir
13
Nunes, P.: Dicionário de tecnologia jurídica, 10 ed., vol.2, Freitas Bastos S.A., Rio de Janeiro 1979, p.710–711

21 22
disposições em nome da "Ordem Econômica e Social" nas Constituições de vários Posse - A posse pode ser real ou presumida, de boa-fé ou de má-fé, direta ou indireta.
países. Existem duas teorias que definem o conceito de posse: 1) a de Savigny (Subjetiva):
Para ele, a fim de se caracterizar a posse, é necessário que o possuidor tenha o
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, vários setores da economia em muitos países "corpus" (ter a coisa em seu poder), e "animus" (vontade de ter a coisa como sua), sendo
ocidentais foram objeto de nacionalização e, tanto a consciência dos governos da que se tiver somente o "corpus" não será considerado possuidor e sim, detentor, não
época, como a opinião pública mundial, reconheceu que determinados bens deviam ser tendo, com isto, proteção possessória; e 2) a de Ihering (Objetiva): este jurista, a fim de
da propriedade do Estado e outros, individuais, não devendo, contudo, ser usados com se configurar a posse, há necessidade de se comprovar apenas o "corpus",
fins contrários aos sociais. dispensando-se o "animus", pois este se encontra inserido naquele.

A Constituição brasileira de 1934 já continha disposições sobre a ordem econômica e Propriedade - Pode-se dizer que a propriedade é o direito conferido a alguém, ao qual
social; atualmente, a Carta Magna contempla a função social da propriedade com lhe proporciona os poderes de posse, uso, gozo, disposição e ainda de reavê-lo de
normas sobre a reforma agrária e acentua a distinção da propriedade de jazidas, minas quem injustamente o detenha.
e demais recursos naturais, bem como os potenciais de energia hidráulica da
propriedade do solo, para o efeito de exploração ou aproveitamento industrial. Também Artigos sobre o direito de propriedade surgiram no Código Civil de 1916 e no
a pesquisa e lavra do petróleo em território nacional constituem monopólio da União. regulamento de 1942 (Decreto-lei nº 4.657). Os artigos de 524 a 529 cuidam da
propriedade em geral, e a imobiliária é tratada nos arts. 530 aos 553, podendo ser
Direito das Coisas adquirida pela transcrição do título de transferência no registro do imóvel, pela acessão,
pelo usucapião e pelo direito hereditário. Os direitos de vizinhança eram tratados nos
O novo Código Civil (lei nº 10.406/02) divide o Direito das Coisas em direitos artigos subsequentes (554 – 588) e falavam do uso nocivo da propriedade, referindo-se
decorrentes da posse e direitos reais, sendo que destes últimos, destaca-se a ao mau uso do imóvel em prejuízo da saúde, da segurança e do sossego dos que
propriedade. O direito real pode ser definido como o poder direto e imediato sobre uma habitam o prédio vizinho. A perda da propriedade imóvel também era contemplada no
coisa que a ordem jurídica atribui a uma pessoa para satisfazer interesses jurídico- Código de 1916, em seus artigos 589/591, que abordam alienação, renúncia, abandono
privados nos termos e limites neles fixados. e perecimento do imóvel e por desapropriação.

Trata-se de um domínio ou de soberania que o seu titular exerce direta e imediatamente Agora, o Novo Código Civil conceitua propriedade no caput do art. 1.228, limitando-o, no
sobre uma coisa certa e determinada sem a interferência de qualquer pessoa, a quem §1º, para adequá-lo aos problemas da contemporaneidade, fazendo referência a
corresponde a obrigação de non facere. Ao lado da expressão real, é utilizada a questões como o "equilíbrio ecológico" e a "poluição". Este parágrafo, que constitui uma
expressão "direito das coisas". O vocábulo latino res significa coisa, daí direitos reais, inovação em relação do Código anterior, preceitua que o "direito de propriedade deve
direito das coisas significarem o mesmo ramo de direito. ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo
que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a
O direito das coisas é um ramo do direito privado, do direito civil patrimonial. Tem como fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico,
características: Eficácia absoluta (ao poder direto e imediato que o titular tem sobre a bem como evitada a poluição do ar e das águas".
coisa objeto do seu direito corresponde a obrigação de todas as pessoas o respeitarem,
tem eficácia erga omnes. Daí esteja instituído o principio da tipicidade, só existem os Incluem-se no Direito de Propriedade os direitos de vizinhança, as árvores limítrofes, a
previstos na lei); sequela (corresponde ao direito de perseguição, a sequela traduz-se passagem forçada, a passagem de cabos e tubulações, as águas, os limites entre
em o direito real seguir a coisa que constitui o seu objeto); prevalência (também prédios e direito de tapagem, o direito de construir, o condomínio, a propriedade
denominada preferência, consiste na prioridade dos direitos reais sobre os direitos de resolúvel e a propriedade fiduciária.
crédito e sobre os direitos reais constituídos posteriormente quando total ou
parcialmente incompatíveis com o anterior), e inerência (não é juridicamente possível Cumpre ressaltar que são direitos reais considerados no art. 1.225 do Código Civil: a
transmitir o mesmo direito real de uma coisa para outra). propriedade, a superfície, as servidões, o usufruto, o uso, a habitação, o direito do
promitente comprador do imóvel, o penhor, a hipoteca, a anticrese, a concessão de uso
São princípios do direito das coisas o da coisificação (direito real deve versar sobre especial para fins de moradia e a concessão de direito real de uso.
coisas e não sobre pessoas ou outros bens não coisificáveis); da especialidade ou
individualização (o objeto dos direitos reais deve ser uma coisa certa e determinada); da É certo que a função social da propriedade já está prevista na CF/88 (arts. 5º, XXIII, e
totalidade da coisa (o objeto de um direito real é a coisa na sua totalidade); da 170, III), mas a sua inserção no Novo Código Civil foi da maior importância,
compatibilidade (só pode existir um direito real sobre determinada coisa, na medida em principalmente por abandonar em definitivo o paradigma do individualismo jurídico,
que seja compatível com outro direito real que a tenha por objeto); da elasticidade (o permitindo que o magistrado concretize a conhecida regra de interpretação prevista na
direito sobre uma coisa tende a abranger o máximo de utilidades que proporciona); da Lei de Introdução do Código Civil (DL 4.657/42): "Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos
transmissibilidade (os direitos reais podem mudar de titular quer inter vivos, quando fins sociais a que ela se destina e às exigências do bem comum" (art. 5º).
vivos, quer mortis causa, quando mortos); da tipicidade (não é possível constituir
direitos reais diferentes dos previstos na lei). Faz-se necessário enfatizar, entretanto, que a finalidade do Novo Código Civil não é
incentivar a intromissão do Estado na propriedade privada, mas apenas impor limites à

23 24
ação do proprietário, quando ele extrapola a esfera de seu direito individual, exigindo a importância é a Lei 8.078/90, popularmente conhecida como Código de Defesa do
interferência do Poder Público. Afinal, toda nova lei precisa ser bem compreendida, para Consumidor e que, quando desrespeitado, costuma trazer grandes dores de cabeça
promover o desenvolvimento social. para os profissionais do mercado imobiliário. Todos esses diplomas legais podem ser
encontrados através da Internet, pelo endereço eletrônico
Hipoteca - é o direito real que o devedor confere ao credor, sobre um bem imóvel de sua http://www4.planalto.gov.br/legislacao.
propriedade ou de outrem, para que o mesmo responda pelo resgate da dívida. O que
garante a dívida é a substância de um imóvel, no qual continua na posse do proprietário, Direito Imobiliário - é o ramo do Direito Privado que trata e regulamenta vários
embora responda pelo resgate do débito. O devedor conserva em suas mãos o bem aspectos da vida privada, tais quais o condomínio, o aluguel, a compra e venda de
dado em garantia. Mas, não paga a dívida, o devedor pode alienar judicialmente a coisa. imóveis, a usucapião e os financiamentos da casa própria.
O preço alcançado tem primazia para cobrar-se da totalidade da dívida e de seus
acessórios. Suas raízes estão no direito de propriedade, seja como direito subjetivo à detenção de
uma coisa, seja como ramo especializado da Doutrina Jurídica.
Direito da Empresa
Como parte do Direito Imobiliário pode-se citar o Direito Registral Imobiliário, que cuida
É extremamente importante, para quem pretenda abraçar a carreira de corretor dos fenômenos jurídicos aliados ao registro de imóveis.
imobiliário, estudar atentamente no Novo Código Civil os dispositivos do Direito de
Empresa, que vão do Art. 966 ao 1.196, tratando da organização jurídica da empresa, Um dos fenômenos jurídico-econômicos de maior destaque no ramo do Direito
caracterizando com exatidão o empresário e suas obrigações, estabelecendo as Imobiliário são as incorporações imobiliárias, uma vez que alavancam as possibilidades
condições para a matrícula e o registro da empresa e definindo os principais tipos do uso do bem imóvel como forma de investimento e fomento de riqueza, com
societários. consequências sócio-econômicas de grande impacto.

O direito empresarial é definido como sendo o conjunto de normas que disciplinam o As incorporações imobiliárias, aliadas aos fundos de investimento, são o carro-chefe
exercício do comércio, as relações de direito que esse exercício suscita, a condição das economias de países desenvolvidos, como no caso dos Estados Unidos da
jurídica do comerciante, e o estabelecimento comercial. O novo Código Civil, que entrou América, onde verificou-se uma grave crise exatamente por desequilíbrios neste setor.
em vigor em 11 de janeiro de 2003, revogou toda a primeira parte do Código Comercial,
composta de 456 artigos e o comércio passou a representar apenas uma das varias No Brasil, o princípio da boa-fé, que impera por todo o Código Civil de 2002,
atividades reguladas pelo Direito Empresarial, que abrange o exercício profissional de estabeleceu um novo enfoque para a corretagem de imóveis, ampliando a
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços. responsabilidade dos profissionais do mercado imobiliário, através do Artigo 723, que
A nova legislação conceituou empresa como a pessoa jurídica constituída por dispunha: “O corretor é obrigado a executar a mediação com a diligência e prudência
intermédio de um contrato celebrado entre os sócios. Nele, os sócios reciprocamente se que o negócio requer, prestando ao cliente, espontaneamente, todas as informações
obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para a realização de atividade econômica sobre o andamento dos negócios; deve, ainda, sob pena de responder por perdas e
com a finalidade de lucro e partilha dos resultados entre si. Foi introduzida a figura da danos, prestar ao cliente todos os esclarecimentos que estiverem ao seu alcance,
sociedade empresária, a qual, após ser formada mediante contrato entre os sócios, acerca da segurança ou risco do negócio, das alterações de valores e do mais que
passa a ter personalidade jurídica própria com a inscrição, no Registro Publico de possa influir nos resultados da incumbência.”
Empresas Mercantis (a cargo das Juntas Comerciais) dos seus atos constitutivos,
possuindo personalidade jurídica distinta das pessoas dos sócios, patrimônio próprio e Esta redação, todavia, despertava dúvidas, por dar margem à interpretação de que o
órgão de direção e execução. corretor só prestaria as informações do negócio se fosse solicitado, podendo omitir as
que não fossem questionadas, sem responder por danos. Logo o legislador imprimiu
A sociedade empresária é organizada com o intuito de conseguir lucro para ser dividido toda a clareza que se fazia necessária, baixando a Lei n° 12.236 de 19 de maio de 2010,
entre os sócios e para tanto tem direitos, obrigações e patrimônios próprios. Assim, o que conferiu àquele dispositivo a seguinte redação: “O corretor é obrigado a executar a
patrimônio é da sociedade e não dos sócios, mas responde sempre ilimitadamente pelo mediação com diligência e prudência, e a prestar ao cliente, espontaneamente, todas
passivo. as informações sobre o andamento do negócio”.

O Código Civil de 2002 considera empresário aquele que, em pleno gozo de sua Com a nova redação do artigo 723 e o acréscimo de um parágrafo único rezando que,
capacidade civil e não legalmente impedido, exerce profissionalmente atividade “sob pena de responder por perdas e danos, o corretor prestará ao cliente todos os
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. esclarecimentos acerca da segurança ou do risco do negócio, das alterações de valores
e de outros fatores que possam influir nos resultados da incumbência”, o corretor teve
Legislação empresarial - Deve-se observar que, além das exigências do Código Civil, aumentada não só a sua responsabilidade como também a respeitabilidade.
os empresários têm inúmeras obrigações impostas por leis comerciais e tributárias,
tanto no âmbito federal como no estadual e municipal, com destaque para as Nos dias atuais, pode-se afirmar que praticamente toda a sociedade começa a
disposições inerentes à comercialização de imóveis, como as leis 4.591 e 4.380, de reconhecer a importância do corretor como um técnico indispensável para a realização
1964; 6.015, de 1973; 6.766, de 1979; 9.514, de 1997, e 10.257, de 2001. De suma de um bom negócio no mercado imobiliário. Como em todas as profissões, porém,

25 26
sempre há profissionais que acabam maculando a imagem da classe. As reclamações a) que constem da lista de assinatura, as mesmas pessoas que constam na
mais numerosas são a respeito de intrusos, pessoas não habilitadas pelo CRECI e que matrícula do Cartório de Registros de Imóveis, ou seja, para cada unidade, deve constar
se apresentam como profissionais, e outras, que atuam com parcialidade defendendo o as mesmas pessoas, as quais, se forem casadas e constarem os nomes do marido e da
interesse de apenas uma das partes, ou recomendam negócios sem as devidas mulher, ambos devem assinar a lista;
cautelas e colocando consumidores em situação de risco etc.
b) reconhecimento de firma de todas as assinaturas.

O corretor de imóveis opera com as seguintes modalidades de A Convenção, em si, pode ser feita por escritura pública (com registro no Cartório de
empreendimentos: Notas) ou instrumento particular (simples documento assinado). Para o Novo Código
Civil, condômino é proprietário e proprietário são as pessoas (físicas ou jurídicas), que
1. Loteamentos ( Comum e Fechado) possuírem escritura pública dos negócios jurídicos (transações) efetuados. Tais
2. Desmembramento definições se devem ao fato do capítulo do Condomínio Edilício estar dentro do livro do
3. Fracionamento/desdobro “Direito das Coisas”, título “Da Propriedade”, e assim ser um Direito Real que segue as
4. Condomínios: Geral (entre duas ou mais pessoas); Edilício; de Lotes, e de regras do artigo 108 do Código Civil.
livre construção.
Os dispositivos da Convenção acham-se estabelecidos de modo geral na Lei n°
Loteamento Comum (Legislação: Lei nº 6.766/79) - O proprietário de uma área in natura 4.591/64 e, em especial: individualização da unidade condominial do todo construído,
resolve parcelar o imóvel, gerando várias outras áreas, seja de natureza particular em forma de fração porcentual, também chamada de fração ideal, ou seja, quantos por
(lotes, reservas técnicas etc.), seja de natureza pública (vias de circulação, área verde, cento representa a unidade condominial na obra toda; discriminação e individualização
área institucional etc.). das unidades de propriedade exclusiva, estremadas uma das outras e das partes
comuns (ou seja, deve conter a identificação de cada parte, comum e exclusiva), sua
Loteamento Fechado: considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes localização no Condomínio e conteúdo estrutural; determinação da fração ideal
destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, de logradouros atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e partes comuns e o fim a que as
públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias existentes. Legislação: unidades se destinam. A convenção não precisa ser limitada às cláusulas obrigatórias
Lei nº 6.766/79 e artigo 7º do Decreto-lei nº 271/67. Cumpre recordar que já há algum que constam da legislação, mas exige que cada condomínio, individualmente, se auto-
tempo passou a existir no Brasil e figura do loteamento fechado, no qual o projeto regulamente de acordo com a sua visão de sociedade e problemas que possua portão
apresentado ao Município e os documentos levados ao Registro de Imóveis obedecem adentro.
aos ditames da Lei de Parcelamento do Solo (Lei nº 6.766/79). O Loteamento Fechado é
tratado, no primeiro momento, como um loteamento comum (o Município autoriza o Os condomínios podem ser comerciais, industriais, agrícolas, residenciais, ou até
loteamento e posteriormente, o loteador restringe o uso do bem público pela mistos. Todas estas classificações estariam concentradas no documento que se
comunidade (ruas, praças, etc.), ou ainda o Município permite o denomina “especificação do condomínio”.
cercamento/fechamento do perímetro urbano, seguindo-se a instalação de portarias,
cancelas, vigias. Em consequência, registra-se grande polêmica em torno do Além das cláusulas referidas no art. 1.332 do Código Civil e das que os interessados
fechamento do loteamento, com o estabelecimento de políticas que variam de houverem por bem estipular, a convenção determinará:
município para município.
I - a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos
Condomínios: numerosos corretores dedicam-se à administração de locações e condôminos para atender às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio; (a
condomínios, seja como profissionais autônomos, seja organizando empresas legislação determina a possibilidade de o condomínio definir regras para o rateio,
especializadas. Desde a década de 60 do século passado essa atividade demanda diferentes da regra geral, que é o pagamento de acordo com a fração ideal de cada
sólidos conhecimentos da legislação do Inquilinato e dos condomínios e unidade condominial. Assim, em casos necessários, uma determinada unidade poderá
incorporações (Lei n° 4.591/64), que sofreu profundas alterações no alvorecer do contribuir com um valor maior no rateio. Por exemplo, um condomínio possui unidades
terceiro milênio. condominiais com apenas uma vaga de garagem, porém uma unidade possui duas
vagas. Neste caso, a assembleia pode deliberar que a referida unidade seja cobrada
O Código Civil de 2002, através do Art. 1332 e seguintes, inovou com a criação e diversamente na manutenção do portão). Poderá ainda a Convenção determinar
regulamentação do Condomínio Edilício, dispondo sobre a Convenção, que deve ter a formas diversas de pagamentos para se atender às despesas de cada condomínio,
concordância de 2/3 das frações ideais tornando as disposições ali constantes como rateios de urgência, que poderão surgir sem aprovação prévia da Assembleia,
obrigatórias para todos os titulares de direito sobre as unidades condominiais, ou ainda, desde que não ultrapasse “X %” do rateio ordinário, ou ainda, a utilização do valor
sobre os que têm a posse ou a detenção delas (quem tem posse, mas se apresenta contido no fundo de reserva para cobrir despesas ordinárias, desde que seja reposto,
como proprietário). A legislação deixa claro que a convenção somente valerá para por rateio extra, em no máximo 10 parcelas, por exemplo.
terceiros se ela estiver registrada no Cartório de Registro de Imóveis, que geralmente
exige: II - sua forma de administração; (Neste inciso, a legislação cria a possibilidade
de adotar-se a idéia de administração própria, de co-gestão, de auto-gestão, ou outra

27 28
que possa vir a ser criada no condomínio por deliberação de Assembleia específica). INQUILINATO

III - a competência das assembléias, forma de sua convocação e quorum Em um país com um déficit habitacional de quase 6,3 milhões de domicílios (famílias
exigido para as deliberações; (Aqui, a legislação possibilita que o condomínio determine sem condições econômicas de viabilizar a compra de um imóvel) com recursos
todas as regras possíveis para a Assembleia. Possibilidade de votos por carta, de próprios, ganham força e importância as legislações abrangendo as relações de
suspensão da Assembleia para adquirir quorum específico por consulta escrita, além de Locação Residencial e, em virtude do crescimento e desenvolvimento recente do Brasil,
especificação para uso de procurações, entre tantas outras regras que possam ser também as Comerciais.
criadas.)
A busca do aperfeiçoamento contínuo dos mecanismos da completa e dinâmica Lei do
IV - as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores; Inquilinato (8.245/1.991) desaguou, no final de 2009, na publicação da Lei
(Possibilita a legislação que o condomínio determine tudo que o condômino ou o 12.112/2.009, modificando e complementando algumas questões que foram surgindo
possuidor pode ou não fazer, quais as punições, bem como criando as formas de multas nas relações entre locadores e locatários durante cerca de 20 anos de vigência da lei
punitivas, sem esquecer-se das possibilidades de recursos administrativos às promulgada em 1991.
Assembléias, bem como a possibilidade de responsabilidade exclusiva dos
proprietários sobre os possuidores.) O Professor Marcelo Vallejo Marsaioli alerta que alguns meios de comunicação
alardearam que tais alterações como verdadeira revolução nas locações, sugerindo
V - o regimento interno. (A nova Lei inclui na Convenção o Regimento Interno, que mudanças essenciais ocorreram na fiança, nas multas e até na duração da Ação de
que substitui o regulamento interno, devendo constar todas as regras mais específicas, Despejo, e assegura que “a nova Lei do Inquilinato (12.112/2.009) não tem o condão de
porém sem detalhes que possam engessar o condomínio, tal como horário de mudar as relações. Há benefícios, mas não o “milagre” novo que se noticia.”
funcionamento da piscina, pois não se deve esquecer que sua alteração depende do
mesmo quorum que a alteração da convenção, ou seja, 2/3. Muitos especialistas Recordando que algumas alterações chegam a ser simples regulamentações de
sugerem, para assuntos mais específicos, a previsão na Convenção e Regimento posições que há muito já vinham sendo adotadas pela Jurisprudência dos Tribunais,
Interno de “Normas de Conduta”, que podem existir uma para cada ambiente, destaca que a nova redação do artigo 4º, por exemplo, faz previsão expressa a
determinando que serão criadas e alteradas por qualquer quorum presente em proporcionalidade no cálculo da multa de rescisão nos casos em que o inquilino
Assembléia.) entregar o imóvel antes do término do prazo contratual. Na versão atual do dispositivo, a
expressão “proporcionalmente ao período de cumprimento do contratual” vem
São equiparados aos proprietários, salvo disposição em contrário, os promitentes sacramentar uma posição já há tempos adotada pelos diversos tribunais da Federação
compradores e os cessionários de direitos relativos às unidades autônomas. (A e do próprio Superior Tribunal de Justiça. Logo, pouca mudança prática nesta questão,
legislação determina que a regra trazida pode ser alterada por disposição diversa na apenas a transformação da posição jurisprudencial maciça em letra de lei propriamente
Convenção.Determina ainda a legislação, que há possibilidade dos possuidores de um dita.
contrato de compra e venda, não registrado, poderem votar em assembleias de
Alteração de Convenção ou criação de Normas de Conduta, pois se caracterizam como O artigo 12 trata de alterações nas questões inerentes à fiança, contrato acessório de
detentores do imóvel, ou seja, da unidade condominial.) garantia do pagamento por terceiros, nos casos em que o inquilino não honrar com o
adimplemento dos encargos contratuais em dia. Acerca desse dispositivo, adverte que
Ainda sobre o assunto, cumpre destacar mudanças que vêm ocorrendo sobre o alguns noticiários veicularam a notícia de que o advento da nova lei traria a
Sistema Registral, lembrando que o Código Civil de 1916 adotou um Sistema Registral possibilidade do fiador exonerar-se de seu encargo quando bem entendesse desde que
misto, tendo o atual Código mantido a sua natureza — constitutivo e declarativo. No VI notificando previamente o locador. No entanto, tomar essa regra como genérica é
Simpósio de Direito Imobiliário, a Associação Gaúcha dos Advogados do Direito equivocar-se. O referido artigo visa proteger hipótese específicas e não a locação em
Imobiliário Empresarial enfatizou que o reconhecimento da importância das atividades geral. Reza o texto: “Artigo 12. Em casos de separação de fato, separação judicial,
Registral e Notarial, tem aumentado em função dos esforços desenvolvidos assegurar divórcio ou dissolução da união estável, a locação residencial prosseguirá
a efetividade da justiça. O Notário é o receptor da vontade das Partes, na medida em automaticamente com o cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel”. Desde
que atua com imparcialidade, saneando, prevenindo litígio e provando os negócios logo é possível observar que a aplicação da regra é limitada aos casos de locações
jurídicos. Já o Registrador atua como se fosse um magistrado, em virtude de que residenciais (novidade da redação atual) e que seu objetivo inquestionável é o de
somente a ele cabe exercer o princípio da qualificação do título a ser registrado proteger a moradia do cônjuge ou do companheiro nos casos do término da relação
(independência e autonomia), admitindo ou não o ingresso do documento no fólio real. conjugal.
Assim, estando o título em ordem, será procedido ao ato, o que gerará publicidade
(ficção de conhecimento). O Colégio Arnaldo Prieto, mantido pelo Sindicato dos O dever de informação ao locador e a fiador previsto no parágrafo 1º deste artigo, para o
Corretores de Imóveis do Estado do Rio de Janeiro, vem programando diversos cursos, citado jurista, também é medida salutar, pois traz mais transparência, cautela e lisura às
por todo o território fluminense, acerca de certidões e outros documentos notariais alterações ocorridas no curso da locação. Porém a maior modificação deste artigo veio
necessários às transações imobiliárias. no parágrafo 2º com a possibilidade do fiador em eximir-se de sua obrigação nos casos
previstos no “caput” (dissolução da sociedade conjugal) por simples ato notificatório,
merecendo transcrição o referido texto: “§ 2º O fiador poderá exonerar-se das suas

29 30
responsabilidades no prazo de 30 (trinta) dias contado do recebimento da comunicação Ao proclamar seu voto contra o recurso da construtora, o relator concluiu que, “se há
oferecida pelo sub-rogado, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120 aporte de capital, tal se verifica por parte do comprador para com o vendedor, de sorte a
(cento e vinte) dias após a notificação ao locador.” Assim, duas constatações merecem beirar situação aberrante a cobrança reversa de juros compensatórios de quem entrega
relevo: (1). No término do prazo contratual, o fiador pode notificar o locador e exonerar- o capital por aquele que o toma de empréstimo”. (As informações foram fornecidas pela
se da fiança, ficando responsável ainda por 120 dias pelas obrigações contratuais de Assessoria de Imprensa do STJ acerca do processo REsp 670.117)
seus encargos e (2). O locador de sua parte, nestes casos em particular, poderá exigir
de seu inquilino um novo fiador ou outra garantia. APÊNDICE - LEGISLAÇÃO IMPORTANTE

Imóvel na planta 1) Lei No 6.766, de 19 de dezembro de 1979 - Dispõe sobre o Parcelamento do Solo
Urbano e dá outras Providências.
Comprar um imóvel e, enfim, ter a casa própria é o sonho de muitos brasileiros. Para que
o grande projeto de vida, que envolve expectativas, trabalho e geralmente muito Art. 1º - O parcelamento do solo para fins urbanos será regido por esta Lei.
dinheiro, não seja transformado em pesadelo, é preciso cuidados. No ato da compra,
nenhuma cautela pode ser considerada um ato de exagero ou desconfiança excessiva Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
por parte do consumidor que fecha o negócio. estabelecer normas complementares relativas ao parcelamento do solo municipal para
adequar o previsto nesta Lei às peculiaridades regionais e locais.
O jornal “O Estado de São Paulo” publicou recentemente uma notícia segundo a qual
em todo Procon Municipal, queixas relacionados a construtoras e empresas de CAPÍTULO I
loteamentos já foram destaques entre as reclamações a esses órgãos. Porém ainda Disposições Preliminares
hoje, elas só perdem para os bancos, cartões de crédito, empresas de telefonia.
Felizmente o Poder Judiciário vem coibindo os abusos. Comprovante disso é a decisão Art. 2º - O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento
da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça que considerou inteiramente ilegal a ou desmembramento, observadas as disposições desta Lei e as das legislações
cobrança de juros, por parte das incorporadoras, antes de entregar as chaves do estaduais e municipais pertinentes.
imóvel. § 1º Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a
edificação, com abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou
A cobrança dos juros antes da entrega do imóvel era prática comum entre as prolongamento, modificação ou ampliação das vias existentes.
construtoras, mas começou a ser limitada após o surgimento do Código de Defesa do § 2º considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes
Consumidor, em 1990. O CDC considera nulas as cláusulas de contrato tidas por destinados a edificação, com aproveitamento do sistema viário existente, desde que
abusivas. Em 2001, a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça editou não implique na abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento,
portaria declarando abusiva qualquer cláusula "que estabeleça, no contrato de venda e modificação ou amplicação dos já existentes.
compra de imóvel, a incidência de juros antes da entrega das chaves". Em 1997, o § 3º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
Ministério Público do Distrito Federal firmou com 27 construtoras um termo de ajuste § 4º Considera-se lote o terreno servido de infra-estrutura básica cujas
que proibia esses juros. dimensões atendam aos índices urbanísticos definidos pelo plano diretor ou lei
municipal para a zona em que se situe.(Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
No caso julgado pela 4ª Turma, a compradora foi obrigada em contrato a pagar correção § 5º A infra-estrutura básica dos parcelamentos é constituída pelos
monetária pelo INCC e juros de 1% ao mês sobre as parcelas anteriores ao recebimento equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação pública,
do imóvel, a chamada “poupança”. Ela entrou na Justiça com pedido de revisão do esgotamento sanitário, abastecimento de água potável, energia elétrica pública e
contrato e devolução em dobro dos valores pagos indevidamente, tendo ganhado em domiciliar e vias de circulação. (Redação dada pela Lei nº 11.445, de 2007).
primeira e segunda instâncias. A construtora recorreu ao STJ. § 6º A infra-estrutura básica dos parcelamentos situados nas zonas
habitacionais declaradas por lei como de interesse social (ZHIS) consistirá, no mínimo,
“Não impressiona a alegação de que a construtora capta recursos no mercado de: (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
financeiro para a construção do empreendimento, pagando juros que devem ser I - vias de circulação; (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
repassados ao comprador do imóvel”, afirmou o relator do recurso, ministro Luis Felipe II - escoamento das águas pluviais; (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
Salomão, ressaltando que “todos os custos da obra – inclusive os decorrentes de III - rede para o abastecimento de água potável; e (Incluído pela Lei nº 9.785,
financiamento realizado pela construtora – estão embutidos no preço do imóvel 29.1.99)
oferecido ao público”. IV - soluções para o esgotamento sanitário e para a energia elétrica
domiciliar.(Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
Para o relator, a cobrança de juros durante a obra, antes da entrega das chaves, é Art. 3º - Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em
descabida porque, nesse período, a construtora é quem usa o capital do promitente zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, assim definidas
comprador e este nem sequer tem o gozo do imóvel. “O que há é uma verdadeira pelo plano diretor ou aprovadas por lei municipal. (Redação dada pela Lei nº 9.785,
antecipação de pagamento, parcial e gradual, pelo comprador, para um imóvel cuja 29.1.99)
entrega foi contratualmente diferida no tempo”, disse o ministro.

31 32
Parágrafo único. Não será permitido o parcelamento do solo: CAPÍTULO III
I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as Do Projeto de Loteamento
providências para assegurar o escoamento das águas;
II - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde Art. 6º - Antes da elaboração do projeto de loteamento, o interessado deverá
pública, sem que sejam previamente saneados; solicitar à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Federal quando for o caso, que defina as
III - em terreno com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo diretrizes para o uso do solo, traçado dos lotes, do sistema viário, dos espaços livres e
se atendidas exigências específicas das autoridades competentes; das áreas reservadas para equipamento urbano e comunitário, apresentando, para
IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação; este fim, requerimento e planta do imóvel contendo, pelo menos:
V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça I - as divisas da gleba a ser loteada;
condições sanitárias suportáveis, até a sua correção. II - as curvas de nível a distância adequada, quando exigidas por lei estadual
ou municipal;
CAPÍTULO II III - a localização dos cursos d'água, bosques e construções existentes;
Dos Requisitos Urbanísticos para Loteamento IV - a indicação dos arruamentos contíguos a todo o perímetro, a localização
das vias de comunicação, das áreas livres, dos equipamentos urbanos e comunitários,
Art. 4º - Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes existentes no local ou em suas adjacências, com as respectivas distâncias da área a ser
requisitos: loteada;
I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de V - o tipo de uso predominante a que o loteamento se destina;
equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso público, serão VI - as características, dimensões e localização das zonas de uso contíguas.
proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei
municipal para a zona em que se situem. (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99) Art. 7º - A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, indicará,
II - os lotes terão área mínima de 125 m2 (cento e vinte e cinco metros nas plantas apresentadas junto com o requerimento, de acordo com as diretrizes de
quadrados) e frente mínima de 5 (cinco) metros, salvo quando a legislação estadual ou planejamento estadual e municipal:
municipal determinar maiores exigências, ou quando o loteamento se destinar a
urbanização específica ou edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, I - as ruas ou estradas existentes ou projetadas, que compõem o sistema viário
previamente aprovados pelos órgãos públicos competentes; da cidade e do Município relacionadas com o loteamento pretendido e a serem
III - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público respeitadas;
das rodovias, ferrovias e dutos, será obrigatória a reserva de uma faixa non aedificandi II - o traçado básico do sistema viário principal;
de 15 (quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica; III - a localização aproximada dos terrenos destinados a equipamento urbano e
III - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público comunitário e das áreas livres de uso público;
das rodovias e ferrovias, será obrigatória a reserva de uma faixa não-edificável de 15 IV - as faixas sanitárias do terreno necessárias ao escoamento das águas
(quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica; pluviais e as faixas não edificáveis;
(Redação dada pela Lei nº 10.932, de 2004) V - a zona ou zonas de uso predominante da área, com indicação dos usos
IV - as vias de loteamento deverão articular-se com as vias adjacentes oficiais, compatíveis.
existentes ou projetadas, e harmonizar-se com a topografia local. Parágrafo único. As diretrizes expedidas vigorarão pelo prazo máximo de
§ 1º A legislação municipal definirá, para cada zona em que se divida o território quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
do Município, os usos permitidos e os índices urbanísticos de parcelamento e ocupação Art. 8º - Os Municípios com menos de cinqüenta mil habitantes e aqueles cujo
do solo, que incluirão, obrigatoriamente, as áreas mínimas e máximas de lotes e os plano diretor contiver diretrizes de urbanização para a zona em que se situe o
coeficientes máximos de aproveitamento. (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99) parcelamento poderão dispensar, por lei, a fase de fixação de diretrizes previstas nos
§ 2º Consideram-se comunitários os equipamentos públicos de educação, arts. 6º e 7º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
cultura, saúde, lazer e similares. Art. 9º - Orientado pelo traçado e diretrizes oficiais, quando houver, o projeto,
§ 3º Se necessária, a reserva de faixa não-edificável vinculada a dutovias será contendo desenhos, memorial descritivo e cronograma de execução das obras com
exigida no âmbito do respectivo licenciamento ambiental, observados critérios e duração máxima de quatro anos, será apresentado à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito
parâmetros que garantam a segurança da população e a proteção do meio ambiente, Federal, quando for o caso, acompanhado de certidão atualizada da matrícula da gleba,
conforme estabelecido nas normas técnicas pertinentes. (Incluído pela Lei nº 10.932, de expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis competente, de certidão negativa de
2004) tributos municipais e do competente instrumento de garantia, ressalvado o disposto no
Art. 5º - O Poder Público competente poderá complementarmente exigir, em § 4º do art. 18. (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
cada loteamento, a reserva de faixa non aedificandi destinada a equipamentos urbanos. § 1º Os desenhos conterão pelo menos:
Parágrafo único. Consideram-se urbanos os equipamentos públicos de I - a subdivisão das quadras em lotes, com as respectivas dimensões e
abastecimento de água, serviços de esgotos, energia elétrica, coletas de águas numeração;
pluviais, rede telefônica e gás canalizado. II - o sistema de vias com a respectiva hierarquia;
III - as dimensões lineares e angulares do projeto, com raios, cordas, arcos,
ponto de tangência e ângulos centrais das vias;

33 34
IV - os perfis longitudinais, e transversais de todas as vias de circulação e nº 9.785, 29.1.99)
praças; Art. 13 - Aos Estados caberá disciplinar a aprovação pelos Municípios de
V - a indicação dos marcos de alinhamento e nivelamento localizados nos loteamentos e desmembramentos nas seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº
ângulos de curvas e vias projetadas; 9.785, 29.1.99)
VI - a indicação em planta e perfis de todas as linhas de escoamento das águas I - quando localizados em áreas de interesse especial, tais como as de
pluviais. proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico e
§ 2º O memorial descritivo deverá conter, obrigatoriamente, pelo menos: arqueológico, assim definidas por legislação estadual ou federal;
I - a descrição sucinta do loteamento, com as suas características e a fixação II - quando o loteamento ou desmembramento localizar-se em área limítrofe do
da zona ou zonas de uso predominante; Município, ou que pertença a mais de um Município, nas regiões metropolitanas ou em
II - as condições urbanísticas do loteamento e as limitações que incidem sobre aglomerações urbanas, definidas em lei estadual ou federal;
os lotes e suas construções, além daquelas constantes das diretrizes fixadas; III - quando o loteamento abranger área superior a 1.000.000 m2 (um milhão
III - a indicação das áreas públicas que passarão ao domínio do Município; de metros quadrados).
(Redação dada pela Medida Provisória nº 514, de 2010) Parágrafo único. No caso de loteamento ou desmembramento localizado em
IV - a enumeração dos equipamentos urbanos, comunitários e dos serviços área de Município integrante de região metropolitana, o exame e a anuência prévia à
públicos ou de utilidade pública, já existentes no loteamento e adjacências. aprovação do projeto caberão à autoridade metropolitana.
§ 3º Caso se constate, a qualquer tempo, que a certidão da matrícula Art. 14 - Os Estados definirão, por decreto, as áreas de proteção especial,
apresentada como atual não tem mais correspondência com os registros e averbações previstas no inciso I do artigo anterior.
cartorárias do tempo da sua apresentação, além das consequências penais cabíveis, Art. 15 - Os Estados estabelecerão, por decreto, as normas a que deverão
serão consideradas insubsistentes tanto as diretrizes expedidas anteriormente, quanto submeter-se os projetos de loteamento e desmembramento nas áreas previstas no art.
as aprovações consequentes. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99) 13, observadas as disposições desta Lei.
Parágrafo único. Na regulamentação das normas previstas neste artigo, o
CAPÍTULO IV Estado procurará atender às exigências urbanísticas do planejamento municipal.
Do Projeto de Desmembramento Art. 16 - A lei municipal definirá os prazos para que um projeto de parcelamento
apresentado seja aprovado ou rejeitado e para que as obras executadas sejam aceitas
Art. 10 - Para a aprovação de projeto de desmembramento, o interessado ou recusadas.(Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
apresentará requerimento à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Federal quando for o § 1º Transcorridos os prazos sem a manifestação do Poder Público, o projeto
caso, acompanhado de certidão atualizada da matrícula da gleba, expedida pelo será considerado rejeitado ou as obras recusadas, assegurada a indenização por
Cartório de Registro de Imóveis competente, ressalvado o disposto no § 4º do art. 18, e eventuais danos derivados da omissão. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
de planta do imóvel a ser desmembrado contendo:(Redação dada pela Lei nº 9.785, § 2º Nos Municípios cuja legislação for omissa, os prazos serão de noventa
29.1.99) dias para a aprovação ou rejeição e de sessenta dias para a aceitação ou recusa
I - a indicação das vias existentes e dos loteamentos próximos; fundamentada das obras de urbanização." (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
II - a indicação do tipo de uso predominante no local; Art. 17 - Os espaços livres de uso comum, as vias e praças, as áreas
III - a indicação da divisão de lotes pretendida na área. destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos, constantes do projeto e
do memorial descritivo, não poderão ter sua destinação alterada pelo loteador, desde a
Art. 11 - Aplicam-se ao desmembramento, no que couber, as disposições aprovação do loteamento, salvo as hipóteses de caducidade da licença ou desistência
urbanísticas vigentes para as regiões em que se situem ou, na ausência destas, as do loteador, sendo, neste caso, observadas as exigências do art. 23 desta Lei.
disposições urbanísticas para os loteamentos. (Redação dada pela Lei nº 9.785,
29.1.99) CAPÍTULO VI
Parágrafo único. O Município, ou o Distrito Federal quando for o caso, fixará os Do Registro do Loteamento e Desmembramento
requisitos exigíveis para a aprovação de desmembramento de lotes decorrentes de
loteamento cuja destinação da área pública tenha sido inferior à mínima prevista no § 1º Art. 18 - Aprovado o projeto de loteamento ou de desmembramento, o loteador
do art. 4º desta Lei. deverá submetê-lo ao Registro Imobiliário dentro de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena
de caducidade da aprovação, acompanhado dos seguintes documentos:
CAPÍTULO V I - título de propriedade do imóvel ou certidão da matrícula, ressalvado o
Da Aprovação do Projeto de Loteamento e Desmembramento disposto nos §§ 4º e 5º; (NR) (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
II - histórico dos títulos de propriedade do imóvel, abrangendo os últimos 20
Art. 12 - O projeto de loteamento e desmembramento deverá ser aprovado (vinte) anos, acompanhado dos respectivos comprovantes;
pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, a quem compete III - certidões negativas:
também a fixação das diretrizes a que aludem os artigos 6º e 7º desta Lei, salvo a a) de tributos federais, estaduais e municipais incidentes sobre o imóvel;
exceção prevista no artigo seguinte. b) de ações reais referentes ao imóvel, pelo período de 10 (dez) anos;
Parágrafo único. O projeto aprovado deverá ser executado no prazo constante c) de ações penais com respeito ao crime contra o patrimônio e contra a
do cronograma de execução, sob pena de caducidade da aprovação. (Incluído pela Lei Administração Pública;

35 36
IV - certidões: § 2º - Ouvido o Ministério Público no prazo de 5 (cinco) dias, o juiz decidirá de
a) dos Cartórios de Protestos de Títulos, em nome do loteador, pelo período de plano ou após instrução sumária, devendo remeter ao interessado as vias ordinárias
10 (dez) anos; caso a matéria exija maior indagação.
b) de ações pessoais relativas ao loteador, pelo período de 10 (dez) anos; § 3º - Nas capitais, a publicação do edital se fará no Diário Oficial do Estado e
c) de ônus reais relativos ao imóvel; num dos jornais de circulação diária. Nos demais Municípios, a publicação se fará
d) de ações penais contra o loteador, pelo período de 10 (dez) anos; apenas num dos jornais locais, se houver, ou, não havendo, em jornal da região.
V - cópia do ato de aprovação do loteamento e comprovante do termo de § 4º - O oficial do registro de imóveis que efetuar o registro em desacordo com
verificação pela Prefeitura Municipal ou pelo Distrito Federal, da execução das obras as exigências desta Lei ficará sujeito a multa equivalente a 10 (dez) vezes os
exigidas por legislação municipal, que incluirão, no mínimo, a execução das vias de emolumentos regimentais fixados para o registro, na época em que for aplicada a
circulação do loteamento, demarcação dos lotes, quadras e logradouros e das obras de penalidade pelo juiz corregedor do cartório, sem prejuízo das sanções penais e
escoamento das águas pluviais ou da, aprovação de um cronograma, com a duração administrativas cabíveis.
máxima de quatro anos, acompanhado de competente instrumento de garantia para a § 5º - Registrado o loteamento, o oficial de registro comunicará, por certidão, o
execução das obras; (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99) seu registro à Prefeitura.
VI - exemplar do contrato-padrão de promessa de venda, ou de cessão ou de Art. 20 - O registro do loteamento será feito, por extrato, no livro próprio.
promessa de cessão, do qual constarão obrigatoriamente as indicações previstas no Parágrafo único. No Registro de Imóveis far-se-á o registro do loteamento,
art. 26 desta Lei; com uma indicação para cada lote, a averbação das alterações, a abertura de ruas e
VII - declaração do cônjuge do requerente de que consente no registro do praças e as áreas destinadas a espaços livres ou a equipamentos urbanos.
loteamento. Art. 21 - Quando a área loteada estiver situada em mais de uma circunscrição
§ 1º - Os períodos referidos nos incisos III, b e IV, a, b e d, tomarão por base a imobiliária, o registro será requerido primeiramente perante aquela em que estiver
data do pedido de registro do loteamento, devendo, todas elas, serem extraídas em localizada a maior parte da área loteada. Procedido o registro nessa circunscrição, o
nome daqueles que, nos mencionados períodos, tenham sido titulares de direitos reais interessado requererá, sucessivamente, o registro do loteamento em cada uma das
sobre o imóvel. demais, comprovando perante cada qual o registro efetuado na anterior, até que o
§ 2º - A existência de protestos, de ações pessoais ou de ações penais, exceto loteamento seja registrado em todas. Denegado o registro em qualquer das
as referentes a crime contra o patrimônio e contra a administração, não impedirá o circunscrições, essa decisão será comunicada, pelo oficial do registro de imóveis, às
registro do loteamento se o requerente comprovar que esses protestos ou ações não demais para efeito de cancelamento dos registros feitos, salvo se ocorrer a hipótese
poderão prejudicar os adquirentes dos lotes. Se o oficial do registro de imóveis julgar prevista no § 4º deste artigo.
insuficiente a comprovação feita, suscitará a dúvida perante o juiz competente. § 1º - Nenhum lote poderá situar-se em mais de uma circunscrição.
§ 3º - A declaração a que se refere o inciso VII deste artigo não dispensará o § 2º - É defeso ao interessado processar simultaneamente, perante diferentes
consentimento do declarante para os atos de alienação ou promessa de alienação de circunscrições, pedidos de registro do mesmo loteamento, sendo nulos os atos
lotes, ou de direitos a eles relativos, que venham a ser praticados pelo seu cônjuge. praticados com infração a esta norma.
§ 4º O título de propriedade será dispensado quando se tratar de parcelamento § 3º - Enquanto não procedidos todos os registros de que trata este artigo,
popular, destinado as classes de menor renda, em imóvel com declaração de utilidade considerar-se-á o loteamento como não registrado para os efeitos desta Lei.
pública, com processo de desapropriação judicial em curso e imissão provisória na § 4º - O indeferimento do registro do loteamento em uma circunscrição não
posse, desde que promovido pela União, Estados, Distrito Federal, Municípios ou suas determinará o cancelamento do registro procedido em outra, se o motivo do
entidades delegadas, autorizadas por lei a implantar projetos de habitação. (Incluído indeferimento naquela não se estender à área situada sob a competência desta, e
pela Lei nº 9.785, 29.1.99) desde que o interessado requeira a manutenção do registro obtido, submetido o
§ 5º No caso de que trata o § 4º, o pedido de registro do parcelamento, além remanescente do loteamento a uma aprovação prévia perante a Prefeitura Municipal,
dos documentos mencionados nos incisos V e VI deste artigo, será instruído com cópias ou o Distrito Federal quando for o caso.
autênticas da decisão que tenha concedido a imissão provisória na posse, do decreto Art. 22 - Desde a data de registro do loteamento, passam a integrar o domínio
de desapropriação, do comprovante de sua publicação na imprensa oficial e, quando do Município as vias e praças, os espaços, livres e as áreas destinadas a edifícios
formulado por entidades delegadas, da lei de criação e de seus atos constitutivos. públicos e outros equipamentos urbanos, constantes do projeto e do memorial
(Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99) descritivo.
Art. 19 - Examinada a documentação e encontrada em ordem, o oficial do Parágrafo único. Na hipótese de parcelamento do solo implantado e não
registro de imóveis encaminhará comunicação à Prefeitura e fará publicar, em resumo e registrado, o Município poderá requerer, por meio da apresentação de planta de
com pequeno desenho de localização da área, edital do pedido de registro em 3 (três) parcelamento elaborada pelo loteador ou aprovada pelo Município e de declaração de
dias consecutivos, podendo este ser impugnado no prazo de 15 (quinze) dias contados que o parcelamento se encontra implantado, o registro das áreas destinadas a uso
da data da última publicação. público, que passarão dessa forma a integrar o seu domínio.” (NR) (Incluído pela Lei nº
§ 1º - Findo o prazo sem impugnação, será feito imediatamente o registro. Se 12.424, de 2011)
houver impugnação de terceiros, o oficial do registro de imóveis intimará o requerente e Art. 23 - O registro do loteamento só poderá ser cancelado:
a Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, para que sobre ela se I - por decisão judicial;
manifestem no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de arquivamento do processo. Com II - a requerimento do loteador, com anuência da Prefeitura, ou do Distrito
tais manifestações o processo será enviado ao juiz competente para decisão. Federal quando for o caso, enquanto nenhum lote houver sido objeto de contrato;

37 38
III - a requerimento conjunto do loteador e de todos os adquirentes de lotes, § 4º A cessão da posse referida no § 3º, cumpridas as obrigações do
com anuência da Prefeitura, ou do Distrito Federal quando for o caso, e do Estado. cessionário, constitui crédito contra o expropriante, de aceitação obrigatória em
§ 1º - A Prefeitura e o Estado só poderão se opor ao cancelamento se disto garantia de contratos de financiamentos habitacionais. (Incluído pela Lei nº 9.785,
resultar inconveniente comprovado para o desenvolvimento urbano ou se já se tiver 29.1.99)
realizado qualquer melhoramento na área loteada ou adjacências. § 5º Com o registro da sentença que, em processo de desapropriação, fixar o
§ 2º - Nas hipóteses dos incisos II e III, o oficial do registro de imóveis fará valor da indenização, a posse referida no § 3º converter-se-á em propriedade e a sua
publicar, em resumo, edital do pedido de cancelamento, podendo este ser impugnado cessão, em compromisso de compra e venda ou venda e compra, conforme haja
no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da última publicação. Findo esse prazo, obrigações a cumprir ou estejam elas cumpridas, circunstância que, demonstradas ao
com ou sem impugnação, o processo será remetido ao juiz competente para Registro de Imóveis, serão averbadas na matrícula relativa ao lote. (Incluído pela Lei nº
homologação do pedido de cancelamento, ouvido o Ministério Público. 9.785, 29.1.99)
§ 3º - A homologação de que trata o parágrafo anterior será precedida de § 6º Os compromissos de compra e venda, as cessões e as promessas de
vistoria judicial destinada a comprovar a inexistência de adquirentes instalados na área cessão valerão como título para o registro da propriedade do lote adquirido, quando
loteada. acompanhados da respectiva prova de quitação. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
Art. 24 - O processo de loteamento e os contratos depositados em cartório Art. 27 - Se aquele que se obrigou a concluir contrato de promessa de venda ou
poderão ser examinados por qualquer pessoa, a qualquer tempo, independentemente de cessão não cumprir a obrigação, o credor poderá notificar o devedor para outorga do
do pagamento de custas ou emolumentos, ainda que a título de busca. contrato ou oferecimento de impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de
proceder-se ao registro do pré contrato, passando as relações entre as partes a serem
CAPÍTULO VII regidas pelo contrato-padrão.
Dos Contratos § 1º - Para fins deste artigo, terão o mesmo valor de pré-contrato a promessa
de cessão, a proposta de compra, a reserva de lote ou qualquer outro instrumento, do
Art. 25 - São irretratáveis os compromissos de compra e venda, cessões e qual conste a manifestação da vontade das partes, a indicação do lote, o preço e modo
promessas de cessão, os que atribuam direito a adjudicação compulsória e, estando de pagamento, e a promessa de contratar.
registrados, confiram direito real oponível a terceiros. § 2º - O registro de que trata este artigo não será procedido se a parte que o
Art. 26 - Os compromissos de compra e venda, as cessões ou promessas de requereu não comprovar haver cumprido a sua prestação, nem a oferecer na forma
cessão poderão ser feitos por escritura pública ou por instrumento particular, de acordo devida, salvo se ainda não exigível.
com o modelo depositado na forma do inciso VI do art. 18 e conterão, pelo menos, as § 3º - Havendo impugnação daquele que se comprometeu a concluir o
seguintes indicações: contrato, observar-se-á o disposto nos artigos 639 e 640 do Código de Processo Civil.
I - nome, registro civil, cadastro fiscal no Ministério da Fazenda, nacionalidade, Art. 28 - Qualquer alteração ou cancelamento parcial do loteamento registrado
estado civil e residência dos contratantes; dependerá de acordo entre o loteador e os adquirentes de lotes atingidos pela
II - denominação e situação do loteamento, número e data da inscrição; alteração, bem como da aprovação pela Prefeitura Municipal, ou do Distrito Federal
III - descrição do lote ou dos lotes que forem objeto de compromissos, quando for o caso, devendo ser depositada no Registro de Imóveis, em complemento
confrontações, área e outras características; ao projeto original, com a devida averbação.
IV - preço, prazo, forma e local de pagamento bem como a importância do Art. 29 - Aquele que adquirir a propriedade loteada mediante ato inter vivos, ou
sinal; por sucessão causa mortis, sucederá o transmitente em todos os seus direitos e
V - taxa de juros incidentes sobre o débito em aberto e sobre as prestações obrigações, ficando obrigado a respeitar os compromissos de compra e venda ou as
vencidas e não pagas, bem como a cláusula penal, nunca excedente a 10% (dez por promessas de cessão, em todas as suas cláusulas, sendo nula qualquer disposição em
cento) do débito e só exigível nos casos de intervenção judicial ou de mora superior a 3 contrário, ressalvado o direito do herdeiro ou legatário de renunciar à herança ou ao
(três) meses; legado.
VI - indicação sobre a quem incumbe o pagamento dos impostos e taxas Art. 30 - A sentença declaratória de falência ou da insolvência de qualquer das
incidentes sobre o lote compromissado; partes não rescindirá os contratos de compromisso de compra e venda ou de promessa
VII - declaração das restrições urbanísticas convencionais do loteamento, de cessão que tenham por objeto a área loteada ou lotes da mesma. Se a falência ou
supletivas da legislação pertinente. insolvência for do proprietário da área loteada ou do titular de direito sobre ela,
§ 1º - O contrato deverá ser firmado em três vias ou extraído em três traslados, incumbirá ao síndico ou ao administrador dar cumprimento aos referidos contratos; se
sendo um para cada parte e o terceiro para arquivo no registro imobiliário, após o do adquirente do lote, seus direitos serão levados à praça.
registro e anotações devidas. Art. 31 - O contrato particular pode ser transferido por simples trespasse,
§ 2º - Quando o contrato houver sido firmado por procurador de qualquer das lançado no verso das vias em poder das partes, ou por instrumento em separado,
partes, será obrigatório o arquivamento da procuração no Registro Imobiliário. declarando-se o número do registro do loteamento, o valor da cessão e a qualificação
§ 3º Admite-se, nos parcelamentos populares, a cessão da posse em que do cessionário, para o devido registro.
estiverem provisoriamente imitidas a União, Estados, Distrito Federal, Municípios e § 1º - A cessão independe da anuência do loteador, mas, em relação a este,
suas entidades delegadas, o que poderá ocorrer por instrumento particular, ao qual se seus efeitos só se produzem depois de cientificado, por escrito, pelas partes ou quando
atribui, para todos os fins de direito, caráter de escritura pública, não se aplicando a registrada a cessão.
disposição do inciso II do art. 134 do Código Civil. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99) § 2º - Uma vez registrada a cessão, feita sem anuência do loteador, o oficial do

39 40
registro dar-lhe-á ciência, por escrito, dentro de 10 (dez) dias. junto ao Registro de Imóveis competente, que as depositará em estabelecimento de
Art. 32 - Vencida e não paga a prestação, o contrato será considerado crédito, segundo a ordem prevista no inciso I do art. 666 do Código de Processo Civil,
rescindido 30 (trinta) dias depois de constituído em mora o devedor. em conta com incidência de juros e correção monetária, cuja movimentação dependerá
§ 1º - Para os fins deste artigo o devedor-adquirente será intimado, a de prévia autorização judicial.
requerimento do credor, pelo oficial do registro de imóveis, a satisfazer as prestações § 2º - A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, ou o
vencidas e as que se vencerem até a data do pagamento, os juros convencionados e as Ministério Público, poderá promover a notificação ao loteador prevista no caput deste
custas de intimação. artigo.
§ 2º - Purgada a mora, convalescerá o contrato. § 3º - Regularizado o loteamento pelo loteador, este promoverá judicialmente a
§ 3º - Com a certidão de não haver sido feito o pagamento em cartório, o autorização para levantar as prestações depositadas, com os acréscimos de correção
vendedor requererá ao oficial do registro o cancelamento da averbação. monetária e juros, sendo necessária a citação da Prefeitura, ou do Distrito Federal
Art. 33 - Se o credor das prestações se recusar a recebê-las ou furtar se ao seu quando for o caso, para integrar o processo judicial aqui previsto, bem como audiência
recebimento, será constituído em mora mediante notificação do oficial do registro de do Ministério Público.
imóveis para vir receber as importâncias depositadas pelo devedor no próprio Registro § 4º - Após o reconhecimento judicial de regularidade do loteamento, o loteador
de Imóveis. Decorridos 15 (quinze) dias após o recebimento da intimação, considerar- notificará os adquirentes dos lotes, por intermédio do Registro de Imóveis competente,
se-á efetuado o pagamento, a menos que o credor impugne o depósito e, alegando para que passem a pagar diretamente as prestações restantes, a contar da data da
inadimplemento do devedor, requeira a intimação deste para os fins do disposto no art. notificação.
32 desta Lei. § 5º - No caso de o loteador deixar de atender à notificação até o vencimento do
Art. 34 - Em qualquer caso de rescisão por inadimplemento do adquirente, as prazo contratual, ou quando o loteamento ou desmembramento for regularizado pela
benfeitorias necessárias ou úteis por ele levadas a efeito no imóvel deverão ser Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, nos termos do art. 40
indenizadas, sendo de nenhum efeito qualquer disposição contratual em contrário. desta Lei, o loteador não poderá, a qualquer título, exigir o recebimento das prestações
Parágrafo único. Não serão indenizadas as benfeitorias feitas em desconformidade depositadas.
com o contrato ou com a lei. Art. 39 - Será nula de pleno direito a cláusula de rescisão de contrato por
Art. 35 - Ocorrendo o cancelamento do registro por inadimplemento do inadimplemento do adquirente, quando o loteamento não estiver regularmente inscrito.
contrato e tendo havido o pagamento de mais de um terço do preço ajustado, o oficial do Art. 40 - A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, se
registro de imóveis mencionará este fato no ato do cancelamento e a quantia paga; desatendida pelo loteador a notificação, poderá regularizar loteamento ou
somente será efetuado novo registro relativo ao mesmo lote, se for comprovada a desmembramento não autorizado ou executado sem observância das determinações
restituição do valor pago pelo vendedor ao titular do registro cancelado, ou mediante do ato administrativo de licença, para evitar lesão aos seus padrões de
depósito em dinheiro à sua disposição junto ao Registro de Imóveis. desenvolvimento urbano e na defesa dos direitos dos adquirentes de lotes.
§ 1º - Ocorrendo o depósito a que se refere este artigo, o oficial do registro de § 1º - A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, que
imóveis intimará o interessado para vir recebê-lo no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de promover a regularização, na forma deste artigo, obterá judicialmente o levantamento
ser devolvido ao depositante. das prestações depositadas, com os respectivos acréscimos de correção monetária e
§ 2º - No caso de não ser encontrado o interessado, o oficial do registro de juros, nos termos do § 1º do art. 38 desta Lei, a título de ressarcimento das importâncias
imóveis depositará a quantia em estabelecimento de crédito, segundo a ordem prevista despendidas com equipamentos urbanos ou expropriações necessárias para
no inciso I do art. 666 do Código de Processo Civil, em conta com incidência de juros e regularizar o loteamento ou desmembramento.
correção monetária. § 2º - As importâncias despendidas pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito
Art. 36 - O registro do compromisso, cessão ou promessa de cessão só poderá Federal quando for o caso, para regularizar o loteamento ou desmembramento, caso
ser cancelado: não sejam integralmente ressarcidas conforme o disposto no parágrafo anterior, serão
I - por decisão judicial; exigidas na parte faltante do loteador, aplicando-se o disposto no art. 47 desta Lei.
II - a requerimento conjunto das partes contratantes; § 3º - No caso de o loteador não cumprir o estabelecido no parágrafo anterior, a
III - quando houver rescisão comprovada do contrato. Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, poderá receber as
prestações dos adquirentes, até o valor devido.
CAPÍTULO VIII § 4º - A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, para
Disposições Gerais assegurar a regularização do loteamento ou desmembramento, bem como o
ressarcimento integral de importâncias despendidas, ou a despender, poderá promover
Art. 37 - É vedado vender ou prometer vender parcela de loteamento ou judicialmente os procedimentos cautelares necessários aos fins colimados.
desmembramento não registrado. § 5º A regularização de um parcelamento pela Prefeitura Municipal, ou Distrito
Art. 38 - Verificado que o loteamento ou desmembramento não se acha Federal, quando for o caso, não poderá contrariar o disposto nos arts. 3º e 4º desta Lei,
registrado ou regularmente executado ou notificado pela Prefeitura Municipal, ou pelo ressalvado o disposto no § 1º desse último. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
Distrito Federal quando for o caso, deverá o adquirente do lote suspender o pagamento Art. 41 - Regularizado o loteamento ou desmembramento pela Prefeitura
das prestações restantes e notificar o loteador para suprir a falta. Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, o adquirente do lote,
§ 1º - Ocorrendo a suspensão do pagamento das prestações restantes, na comprovando o depósito de todas as prestações do preço avençado, poderá obter o
forma do caput deste artigo, o adquirente efetuará o depósito das prestações devidas registro de propriedade do lote adquirido, valendo para tanto o compromisso de venda e

41 42
compra devidamente firmado. desmembramento do solo para fins urbanos, ou ocultar fraudulentamente fato a ele
Art. 42 - Nas desapropriações não serão considerados como loteados ou relativo.
loteáveis, para fins de indenização, os terrenos ainda não vendidos ou Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa de 5 (cinco) a 50
compromissados, objeto de loteamento ou desmembramento não registrado. (cinqüenta) vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Art. 43 - Ocorrendo a execução de loteamento não aprovado, a destinação de Parágrafo único. O crime definido neste artigo é qualificado, se cometido:
áreas públicas exigidas no inciso I do art. 4º desta Lei não se poderá alterar sem prejuízo I - por meio de venda, promessa de venda, reserva de lote ou quaisquer outros
da aplicação das sanções administrativas, civis e criminais previstas. instrumentos que manifestem a intenção de vender lote em loteamento ou
Parágrafo único. Neste caso, o loteador ressarcirá a Prefeitura Municipal ou o desmembramento não registrado no Registro de Imóveis competente;
Distrito Federal quando for o caso, em pecúnia ou em área equivalente, no dobro da II - com inexistência de título legítimo de propriedade do imóvel loteado ou
diferença entre o total das áreas públicas exigidas e as efetivamente destinadas. desmembrado, ressalvado o disposto no art. 18, §§ 4º e 5º, desta Lei, ou com omissão
(Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99) fraudulenta de fato a ele relativo, se o fato não constituir crime mais grave. (Redação
Art. 44 - O Município, o Distrito Federal e o Estado poderão expropriar áreas dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
urbanas ou de expansão urbana para reloteamento, demolição, reconstrução e Pena: Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de 10 (dez) a 100 (cem)
incorporação, ressalvada a preferência dos expropriados para a aquisição de novas vezes o maior salário mínimo vigente no País.
unidades. Art. 51 - Quem, de qualquer modo, concorra para a prática dos crimes previstos
Art. 45 - O loteador, ainda que já tenha vendido todos os lotes, ou os vizinhos, no artigo anterior desta Lei incide nas penas a estes cominadas, considerados em
são partes legítimas para promover ação destinada a impedir construção em desacordo especial os atos praticados na qualidade de mandatário de loteador, diretor ou gerente
com restrições legais ou contratuais. de sociedade.
Art. 46 - O loteador não poderá fundamentar qualquer ação ou defesa na Art. 52 - Registrar loteamento ou desmembramento não aprovado pelos
presente Lei sem apresentação dos registros e contratos a que ela se refere. órgãos competentes, registrar o compromisso de compra e venda, a cessão ou
Art. 47 - Se o loteador integrar grupo econômico ou financeiro, qualquer promessa de cessão de direitos, ou efetuar registro de contrato de venda de loteamento
pessoa física ou jurídica desse grupo, beneficiária de qualquer forma do loteamento ou ou desmembramento não registrado.
desmembramento irregular, será solidariamente responsável pelos prejuízos por ele Pena: Detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa de 5 (cinco) a 50
causados aos compradores de lotes e ao Poder Público. (cinqüenta) vezes o maior salário mínimo vigente no País, sem prejuízo das sanções
Art. 48 - O foro competente para os procedimentos judiciais previstos nesta Lei administrativas cabíveis.
será sempre o da comarca da situação do lote.
Art. 49 - As intimações e notificações previstas nesta Lei deverão ser feitas CAPÍTULO X
pessoalmente ao intimado ou notificado, que assinará o comprovante do recebimento, e Disposições Finais
poderão igualmente ser promovidas por meio dos Cartórios de Registro de Títulos e
Documentos da comarca da situação do imóvel ou do domicílio de quem deva recebê- Art. 53 - Todas as alterações de uso do solo rural para fins urbanos dependerão
las. de prévia audiência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, do
§ 1º - Se o destinatário se recusar a dar recibo ou se furtar ao recebimento, ou Órgão Metropolitano, se houver, onde se localiza o Município, e da aprovação da
se for desconhecido o seu paradeiro, o funcionário incumbido da diligência informará Prefeitura Municipal, ou do Distrito Federal quando for o caso, segundo as exigências
esta circunstância ao oficial competente que a certificará, sob sua responsabilidade. da legislação pertinente.
§ 2º - Certificada a ocorrência dos fatos mencionados no parágrafo anterior, a
intimação ou notificação será feita por edital na forma desta Lei, começando o prazo a Art. 53-A. São considerados de interesse público os parcelamentos vinculados
correr 10 (dez) dias após a última publicação. a planos ou programas habitacionais de iniciativa das Prefeituras Municipais e do
Distrito Federal, ou entidades autorizadas por lei, em especial as regularizações de
CAPÍTULO IX parcelamentos e de assentamentos. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)
Disposições Penais
Parágrafo único. Às ações e intervenções de que trata este artigo não será
Art. 50 - Constitui crime contra a Administração Pública: exigível documentação que não seja a mínima necessária e indispensável aos registros
I - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do no cartório competente, inclusive sob a forma de certidões, vedadas as exigências e as
solo para fins urbanos sem autorização do órgão público competente, ou em desacordo sanções pertinentes aos particulares, especialmente aquelas que visem garantir a
com as disposições desta Lei ou das normas pertinentes do Distrito Federal, Estados e realização de obras e serviços, ou que visem prevenir questões de domínio de glebas,
Municípios; que se presumirão asseguradas pelo Poder Público respectivo." (Incluído pela Lei nº
II - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento 9.785, 29.1.99)
do solo para fins urbanos sem observância das determinações constantes do ato Art. 54 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
administrativo de licença; Art. 55 - Revogam-se as disposições em contrário.
III - fazer, ou veicular em proposta, contrato, prospecto ou comunicação ao Brasília, 19 de dezembro de 1979; 158º da Independência e 91º da República.
público ou a interessados, afirmação falsa sobre a legalidade de loteamento ou
2) Lei de Inquilinato (LEI No 8.245, DE 18 DE OUTUBRO DE 1991).

43 44
TÍTULO I presumindo - se, após esse prazo, a concordância na manutenção da locação.
Da Locação Art. 8º - Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá
CAPÍTULO I denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a
Disposições Gerais locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso
SEÇÃO I de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel.
Da locação em geral § 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o promissário cessionário,
em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à
Art. 1º - A locação de imóvel urbano regula - se pelo disposto nesta lei: matrícula do mesmo.
Parágrafo único. Continuam regulados pelo Código Civil e pelas leis especiais: § 2º A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa dias contados do
a) as locações: registro da venda ou do compromisso, presumindo - se, após esse prazo, a
1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas concordância na manutenção da locação.
autarquias e fundações públicas; Art. 9º - A locação também poderá ser desfeita:
2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de I - por mútuo acordo;
veículos; II - em decorrência da prática de infração legal ou contratual;
3. de espaços destinados à publicidade; III - em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos;
4. em apart-hotéis, hotéis-residência ou equiparados, assim considerados IV - para a realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder
aqueles que prestam serviços regulares a seus usuários e como tais sejam autorizados Público, que não possam ser normalmente executadas com a permanência do locatário
a funcionar; no imóvel ou, podendo, ele se recuse a consenti-las.
b) o arrendamento mercantil, em qualquer de suas modalidades. Art. 10 - Morrendo o locador, a locação transmite - se aos herdeiros.
Art. 11 - Morrendo o locatário, ficarão sub - rogados nos seus direitos e
Art. 2º - Havendo mais de um locador ou mais de um locatário, entende - se que obrigações:
são solidários se o contrário não se estipulou. I - nas locações com finalidade residencial, o cônjuge sobrevivente ou o
Parágrafo único. Os ocupantes de habitações coletivas multifamiliares companheiro e, sucessivamente, os herdeiros necessários e as pessoas que viviam na
presumem - se locatários ou sublocatários. dependência econômica do de cujus , desde que residentes no imóvel;
Art. 3º - O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, II - nas locações com finalidade não residencial, o espólio e, se for o caso, seu
dependendo de vênia conjugal, se igual ou superior a dez anos. sucessor no negócio.
Art. 12 - Em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou
Parágrafo único. Ausente a vênia conjugal, o cônjuge não estará obrigado a dissolução da união estável, a locação residencial prosseguirá automaticamente com o
observar o prazo excedente. cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel. (Redação dada pela Lei nº 12.112,
Art. 4º - Durante o prazo estipulado para a duração do contrato, não poderá o de 2009)
locador reaver o imóvel alugado. O locatário, todavia, poderá devolvê-lo, pagando a § 1º Nas hipóteses previstas neste artigo e no art. 11, a sub-rogação será
multa pactuada, proporcionalmente ao período de cumprimento do contrato, ou, na sua comunicada por escrito ao locador e ao fiador, se esta for a modalidade de garantia
falta, a que for judicialmente estipulada. (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) locatícia. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009)
Parágrafo único. O locatário ficará dispensado da multa se a devolução do § 2º O fiador poderá exonerar-se das suas responsabilidades no prazo de 30
imóvel decorrer de transferência, pelo seu empregador, privado ou público, para prestar (trinta) dias contado do recebimento da comunicação oferecida pelo sub-rogado,
serviços em localidades diversas daquela do início do contrato, e se notificar, por ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120 (cento e vinte) dias após a
escrito, o locador com prazo de, no mínimo, trinta dias de antecedência. notificação ao locador. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009)
Art. 5º - Seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do locador Art. 13 - A cessão da locação, a sublocação e o empréstimo do imóvel, total ou
para reaver o imóvel é a de despejo. parcialmente, dependem do consentimento prévio e escrito do locador.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica se a locação termina em § 1º Não se presume o consentimento pela simples demora do locador em
decorrência de desapropriação, com a imissão do expropriante na posse do imóvel. manifestar formalmente a sua oposição.
Art. 6º - O locatário poderá denunciar a locação por prazo indeterminado § 2º Desde que notificado por escrito pelo locatário, de ocorrência de uma das
mediante aviso por escrito ao locador, com antecedência mínima de trinta dias. hipóteses deste artigo, o locador terá o prazo de trinta dias para manifestar formalmente
Parágrafo único. Na ausência do aviso, o locador poderá exigir quantia a sua oposição.
correspondente a um mês de aluguel e encargos, vigentes quando da resilição.
Art. 7º - Nos casos de extinção de usufruto ou de fideicomisso, a locação SEÇÃO II
celebrada pelo usufrutuário ou fiduciário poderá ser denunciada, com o prazo de trinta Das sublocações
dias para a desocupação, salvo se tiver havido aquiescência escrita do proprietário ou
do fideicomissário, ou se a propriedade estiver consolidada em mãos do usufrutuário ou Art. 14 - Aplicam - se às sublocações, no que couber, as disposições relativas
do fiduciário. às locações.
Parágrafo único. A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa dias
contados da extinção do fideicomisso ou da averbação da extinção do usufruto,

45 46
Art. 15 - Rescindida ou finda a locação, qualquer que seja sua causa, aquelas que não se refiram aos gastos rotineiros de manutenção do edifício,
resolvem-se as sublocações, assegurado o direito de indenização do sublocatário especialmente:
contra o sublocador. a) obras de reformas ou acréscimos que interessem à estrutura integral do
Art. 16 - O sublocatário responde subsidiariamente ao locador pela imóvel;
importância que dever ao sublocador, quando este for demandado e, ainda, pelos b) pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e iluminação, bem como
aluguéis que se vencerem durante a lide. das esquadrias externas;
c) obras destinadas a repor as condições de habitabilidade do edifício;
SEÇÃO III d) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa de empregados,
Do aluguel ocorridas em data anterior ao início da locação;
e) instalação de equipamento de segurança e de incêndio, de telefonia, de
Art. 17 - É livre a convenção do aluguel, vedada a sua estipulação em moeda intercomunicação, de esporte e de lazer;
estrangeira e a sua vinculação à variação cambial ou ao salário mínimo. f) despesas de decoração e paisagismo nas partes de uso comum;
Parágrafo único. Nas locações residenciais serão observadas os critérios de g) constituição de fundo de reserva.
reajustes previstos na legislação específica. Art. 23 - O locatário é obrigado a:
Art. 18 - É lícito às partes fixar, de comum acordo, novo valor para o aluguel, I - pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou
bem como inserir ou modificar cláusula de reajuste. contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do
Art. 19 - Não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro local não tiver sido indicado
vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão no contrato;
judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado. II - servir - se do imóvel para o uso convencionado ou presumido, compatível
Art. 20 - Salvo as hipóteses do art. 42 e da locação para temporada, o locador com a natureza deste e com o fim a que se destina, devendo tratá - lo com o mesmo
não poderá exigir o pagamento antecipado do aluguel. cuidado como se fosse seu;
Art. 21 - O aluguel da sublocação não poderá exceder o da locação; nas III - restituir o imóvel, finda a locação, no estado em que o recebeu, salvo as
habitações coletivas multifamiliares, a soma dos aluguéis não poderá ser superior ao deteriorações decorrentes do seu uso normal;
dobro do valor da locação. IV - levar imediatamente ao conhecimento do locador o surgimento de
Parágrafo único. O descumprimento deste artigo autoriza o sublocatário a qualquer dano ou defeito cuja reparação a este incumba, bem como as eventuais
reduzir o aluguel até os limites nele estabelecidos. turbações de terceiros;
V - realizar a imediata reparação dos danos verificados no imóvel, ou nas suas
SEÇÃO IV instalações, provocadas por si, seus dependentes, familiares, visitantes ou prepostos;
Dos deveres do locador e do locatário VI - não modificar a forma interna ou externa do imóvel sem o consentimento
prévio e por escrito do locador;
Art. 22 - O locador é obrigado a: VII - entregar imediatamente ao locador os documentos de cobrança de
I - entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se tributos e encargos condominiais, bem como qualquer intimação, multa ou exigência de
destina; autoridade pública, ainda que dirigida a ele, locatário;
II - garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado; VIII - pagar as despesas de telefone e de consumo de força, luz e gás, água e
III - manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel; esgoto;
IV - responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação; IX - permitir a vistoria do imóvel pelo locador ou por seu mandatário, mediante
V - fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minuciosa do estado do combinação prévia de dia e hora, bem como admitir que seja o mesmo visitado e
imóvel, quando de sua entrega, com expressa referência aos eventuais defeitos examinado por terceiros, na hipótese prevista no art. 27;
existentes; X - cumprir integralmente a convenção de condomínio e os regulamentos
VI - fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias por este pagas, internos;
vedada a quitação genérica; XI - pagar o prêmio do seguro de fiança;
VII - pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de XII - pagar as despesas ordinárias de condomínio.
intermediações, nestas compreendidas as despesas necessárias à aferição da 1º Por despesas ordinárias de condomínio se entendem as necessárias à
idoneidade do pretendente ou de seu fiador; administração respectiva, especialmente:
VIII - pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar a) salários, encargos trabalhistas, contribuições previdenciárias e sociais dos
contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa empregados do condomínio;
em contrário no contrato; b) consumo de água e esgoto, gás, luz e força das áreas de uso comum;
IX - exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes relativos às c) limpeza, conservação e pintura das instalações e dependências de uso
parcelas que estejam sendo exigidas; comum;
X - pagar as despesas extraordinárias de condomínio. d) manutenção e conservação das instalações e equipamentos hidráulicos,
Parágrafo único. Por despesas extraordinárias de condomínio se entendem elétricos, mecânicos e de segurança, de uso comum;
e) manutenção e conservação das instalações e equipamentos de uso comum

47 48
destinados à prática de esportes e lazer; ocasionados, inclusive lucros cessantes.
f) manutenção e conservação de elevadores, porteiro eletrônico e antenas Art. 30 - Estando o imóvel sublocado em sua totalidade, caberá a preferência
coletivas; ao sublocatário e, em seguida, ao locatário. Se forem vários os sublocatários, a
g) pequenos reparos nas dependências e instalações elétricas e hidráulicas de preferência caberá a todos, em comum, ou a qualquer deles, se um só for o interessado.
uso comum; Parágrafo único. Havendo pluralidade de pretendentes, caberá a preferência
h) rateios de saldo devedor, salvo se referentes a período anterior ao início da ao locatário mais antigo, e, se da mesma data, ao mais idoso.
locação; Art. 31 - Em se tratando de alienação de mais de uma unidade imobiliária, o
i) reposição do fundo de reserva, total ou parcialmente utilizado no custeio ou direito de preferência incidirá sobre a totalidade dos bens objeto da alienação.
complementação das despesas referidas nas alíneas anteriores, salvo se referentes a Art. 32 - O direito de preferência não alcança os casos de perda da propriedade
período anterior ao início da locação. ou venda por decisão judicial, permuta, doação, integralização de capital, cisão, fusão e
2º O locatário fica obrigado ao pagamento das despesas referidas no incorporação.
parágrafo anterior, desde que comprovadas a previsão orçamentária e o rateio mensal, Parágrafo único. Nos contratos firmados a partir de 1o de outubro de 2001, o
podendo exigir a qualquer tempo a comprovação das mesmas. direito de preferência de que trata este artigo não alcançará também os casos de
3º No edifício constituído por unidades imobiliárias autônomas, de propriedade constituição da propriedade fiduciária e de perda da propriedade ou venda por
da mesma pessoa, os locatários ficam obrigados ao pagamento das despesas referidas quaisquer formas de realização de garantia, inclusive mediante leilão extrajudicial,
no § 1º deste artigo, desde que comprovadas. devendo essa condição constar expressamente em cláusula contratual específica,
Art. 24 - Nos imóveis utilizados como habitação coletiva multifamiliar, os destacando-se das demais por sua apresentação gráfica. (Incluído pela Lei nº 10.931,
locatários ou sublocatários poderão depositar judicialmente o aluguel e encargos se a de 2004)
construção for considerada em condições precárias pelo Poder Público. Art. 33 - O locatário preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do
1º O levantamento dos depósitos somente será deferido com a comunicação, alienante as perdas e danos ou, depositando o preço e demais despesas do ato de
pela autoridade pública, da regularização do imóvel. transferência, haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de seis meses, a
2º Os locatários ou sublocatários que deixarem o imóvel estarão desobrigados contar do registro do ato no cartório de imóveis, desde que o contrato de locação esteja
do aluguel durante a execução das obras necessárias à regularização. averbado pelo menos trinta dias antes da alienação junto à matrícula do imóvel.
3º Os depósitos efetuados em juízo pelos locatários e sublocatários poderão Parágrafo único. A averbação far - se - á à vista de qualquer das vias do
ser levantados, mediante ordem judicial, para realização das obras ou serviços contrato de locação desde que subscrito também por duas testemunhas.
necessários à regularização do imóvel. Art. 34 - Havendo condomínio no imóvel, a preferência do condômino terá
Art. 25 - Atribuída ao locatário a responsabilidade pelo pagamento dos tributos, prioridade sobre a do locatário.
encargos e despesas ordinárias de condomínio, o locador poderá cobrar tais verbas
juntamente com o aluguel do mês a que se refiram. SEÇÃO VI
Parágrafo único. Se o locador antecipar os pagamentos, a ele pertencerão as Das benfeitorias
vantagens daí advindas, salvo se o locatário reembolsá - lo integralmente.
Art. 26 - Necessitando o imóvel de reparos urgentes, cuja realização incumba Art. 35 - Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias
ao locador, o locatário é obrigado a consenti - los. necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem
Parágrafo único. Se os reparos durarem mais de dez dias, o locatário terá como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do
direito ao abatimento do aluguel, proporcional ao período excedente; se mais de trinta direito de retenção.
dias, poderá resilir o contrato. Art. 36 - As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser
levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura
SEÇÃO V e a substância do imóvel.
Do direito de preferência
SEÇÃO VII
Art. 27 - No caso de venda, promessa de venda, cessão ou promessa de Das garantias locatícias
cessão de direitos ou dação em pagamento, o locatário tem preferência para adquirir o
imóvel locado, em igualdade de condições com terceiros, devendo o locador dar - lhe Art. 37 - No contrato de locação, pode o locador exigir do locatário as seguintes
conhecimento do negócio mediante notificação judicial, extrajudicial ou outro meio de modalidades de garantia:
ciência inequívoca. I - caução;
Parágrafo único. A comunicação deverá conter todas as condições do negócio II - fiança;
e, em especial, o preço, a forma de pagamento, a existência de ônus reais, bem como o III - seguro de fiança locatícia.
local e horário em que pode ser examinada a documentação pertinente. IV - cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. (Incluído pela Lei nº
Art. 28 - O direito de preferência do locatário caducará se não manifestada, de 11.196, de 2005)
maneira inequívoca, sua aceitação integral à proposta, no prazo de trinta dias. Parágrafo único. É vedada, sob pena de nulidade, mais de uma das
Art. 29 - Ocorrendo aceitação da proposta, pelo locatário, a posterior modalidades de garantia num mesmo contrato de locação.
desistência do negócio pelo locador acarreta, a este, responsabilidade pelos prejuízos

49 50
Art. 38 - A caução poderá ser em bens móveis ou imóveis. II - exigir, por motivo de locação ou sublocação, mais de uma modalidade de
§ 1º A caução em bens móveis deverá ser registrada em cartório de títulos e garantia num mesmo contrato de locação;
documentos; a caução em bens imóveis deverá ser averbada à margem da respectiva III - cobrar antecipadamente o aluguel, salvo a hipótese do art. 42 e da locação
matrícula. para temporada.
§ 2º A caução em dinheiro, que não poderá exceder o equivalente a três meses Art. 44 - Constitui crime de ação pública, punível com detenção de três meses a
de aluguel, será depositada em caderneta de poupança, autorizada, pelo Poder Público um ano, que poderá ser substituída pela prestação de serviços à comunidade:
e por ele regulamentada, revertendo em benefício do locatário todas as vantagens dela I - recusar - se o locador ou sublocador, nas habitações coletivas
decorrentes por ocasião do levantamento da soma respectiva. multifamiliares, a fornecer recibo discriminado do aluguel e encargos;
§ 3º A caução em títulos e ações deverá ser substituída, no prazo de trinta dias, II - deixar o retomante, dentro de cento e oitenta dias após a entrega do imóvel,
em caso de concordata, falência ou liquidação das sociedades emissoras. no caso do inciso III do art. 47, de usá - lo para o fim declarado ou, usando - o , não o fizer
Art. 39 - Salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garantias da pelo prazo mínimo de um ano;
locação se estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação III - não iniciar o proprietário, promissário comprador ou promissário
por prazo indeterminado, por força desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.112, de cessionário, nos casos do inciso IV do art. 9º, inciso IV do art. 47, inciso I do art. 52 e
2009) inciso II do art. 53, a demolição ou a reparação do imóvel, dentro de sessenta dias
Art. 40 - O locador poderá exigir novo fiador ou a substituição da modalidade de contados de sua entrega;
garantia, nos seguintes casos: IV - executar o despejo com inobservância do disposto no § 2º do art. 65.
I - morte do fiador; Parágrafo único. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas neste artigo,
II - ausência, interdição, recuperação judicial, falência ou insolvência do fiador, poderá o prejudicado reclamar, em processo próprio, multa equivalente a um mínimo de
declaradas judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) doze e um máximo de vinte e quatro meses do valor do último aluguel atualizado ou do
III - alienação ou gravação de todos os bens imóveis do fiador ou sua mudança que esteja sendo cobrado do novo locatário, se realugado o imóvel.
de residência sem comunicação ao locador;
IV - exoneração do fiador; SEÇÃO IX
V - prorrogação da locação por prazo indeterminado, sendo a fiança ajustada Das nulidades
por prazo certo;
VI - desaparecimento dos bens móveis; Art. 45 - São nulas de pleno direito as cláusulas do contrato de locação que
VII - desapropriação ou alienação do imóvel. visem a elidir os objetivos da presente lei, notadamente as que proíbam a prorrogação
VIII - exoneração de garantia constituída por quotas de fundo de investimento; prevista no art. 47, ou que afastem o direito à renovação, na hipótese do art. 51, ou que
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) imponham obrigações pecuniárias para tanto.
IX - liquidação ou encerramento do fundo de investimento de que trata o inciso
IV do art. 37 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) CAPÍTULO II
X - prorrogação da locação por prazo indeterminado uma vez notificado o Das Disposições Especiais
locador pelo fiador de sua intenção de desoneração, ficando obrigado por todos os SEÇÃO I
efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. Da locação residencial
(Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009)
Parágrafo único. O locador poderá notificar o locatário para apresentar nova Art. 46 - Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a
garantia locatícia no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de desfazimento da locação. trinta meses, a resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado,
(Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) independentemente de notificação ou aviso.
Art. 41 - O seguro de fiança locatícia abrangerá a totalidade das obrigações do § 1º Findo o prazo ajustado, se o locatário continuar na posse do imóvel
locatário. alugado por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir - se - á prorrogada a
Art. 42 - Não estando a locação garantida por qualquer das modalidades, o locação por prazo indeterminado, mantidas as demais cláusulas e condições do
locador poderá exigir do locatário o pagamento do aluguel e encargos até o sexto dia útil contrato.
do mês vincendo. § 2º Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o contrato a
qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação.
SEÇÃO VIII Art. 47 - Quando ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior a
Das penalidades criminais e civis trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga - se automaticamente, por
prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel:
Art. 43 - Constitui contravenção penal, punível com prisão simples de cinco I - Nos casos do art. 9º;
dias a seis meses ou multa de três a doze meses do valor do último aluguel atualizado, II - em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do
revertida em favor do locatário: imóvel pelo locatário relacionada com o seu emprego;
I - exigir, por motivo de locação ou sublocação, quantia ou valor além do III - se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para
aluguel e encargos permitidos; uso residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu
cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio;

51 52
IV - se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização § 2º Quando o contrato autorizar que o locatário utilize o imóvel para as
de obras aprovadas pelo Poder Público, que aumentem a área construída, em, no atividades de sociedade de que faça parte e que a esta passe a pertencer o fundo de
mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado a exploração de hotel ou pensão, comércio, o direito a renovação poderá ser exercido pelo locatário ou pela sociedade.
em cinquenta por cento; § 3º Dissolvida a sociedade comercial por morte de um dos sócios, o sócio
V - se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos. sobrevivente fica sub - rogado no direito a renovação, desde que continue no mesmo
§ 1º Na hipótese do inciso III, a necessidade deverá ser judicialmente ramo.
demonstrada, se: § 4º O direito a renovação do contrato estende - se às locações celebradas por
a) O retomante, alegando necessidade de usar o imóvel, estiver ocupando, indústrias e sociedades civis com fim lucrativo, regularmente constituídas, desde que
com a mesma finalidade, outro de sua propriedade situado nas mesma localidade ou, ocorrentes os pressupostos previstos neste artigo.
residindo ou utilizando imóvel alheio, já tiver retomado o imóvel anteriormente; § 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no
b) o ascendente ou descendente, beneficiário da retomada, residir em imóvel interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da
próprio. finalização do prazo do contrato em vigor.
§ 2º Nas hipóteses dos incisos III e IV, o retomante deverá comprovar ser Art. 52 - O locador não estará obrigado a renovar o contrato se:
proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em caráter I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que
irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do importarem na sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza
mesmo. que aumente o valor do negócio ou da propriedade;
II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de
SEÇÃO II comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador,
Das locação para temporada seu cônjuge, ascendente ou descendente.
1º Na hipótese do inciso II, o imóvel não poderá ser destinado ao uso do
Art. 48 - Considera - se locação para temporada aquela destinada à residência mesmo ramo do locatário, salvo se a locação também envolvia o fundo de comércio,
temporária do locatário, para prática de lazer, realização de cursos, tratamento de com as instalações e pertences.
saúde, feitura de obras em seu imóvel, e outros fatos que decorrem tão-somente de 2º Nas locações de espaço em shopping centers , o locador não poderá
determinado tempo, e contratada por prazo não superior a noventa dias, esteja ou não recusar a renovação do contrato com fundamento no inciso II deste artigo.
mobiliado o imóvel. 3º O locatário terá direito a indenização para ressarcimento dos prejuízos e dos
Parágrafo único. No caso de a locação envolver imóvel mobiliado, constará do lucros cessantes que tiver que arcar com mudança, perda do lugar e desvalorização do
contrato, obrigatoriamente, a descrição dos móveis e utensílios que o guarnecem, bem fundo de comércio, se a renovação não ocorrer em razão de proposta de terceiro, em
como o estado em que se encontram. melhores condições, ou se o locador, no prazo de três meses da entrega do imóvel, não
Art. 49 - O locador poderá receber de uma só vez e antecipadamente os der o destino alegado ou não iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que
aluguéis e encargos, bem como exigir qualquer das modalidades de garantia previstas declarou pretender realizar.
no art. 37 para atender as demais obrigações do contrato. Art. 53 - Nas locações de imóveis utilizados por hospitais, unidades sanitárias
Art. 50 - Findo o prazo ajustado, se o locatário permanecer no imóvel sem oficiais, asilos, estabelecimentos de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados pelo
oposição do locador por mais de trinta dias, presumir - se - á prorrogada a locação por Poder Público, bem como por entidades religiosas devidamente registradas, o contrato
tempo indeterminado, não mais sendo exigível o pagamento antecipado do aluguel e somente poderá ser rescindido. (Redação dada pela Lei nº 9.256, de 9.1.1996)
dos encargos. I - nas hipóteses do art. 9º;
Parágrafo único. Ocorrendo a prorrogação, o locador somente poderá II - se o proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em
denunciar o contrato após trinta meses de seu início ou nas hipóteses do art. 47. caráter irrevogável e imitido na posse, com título registrado, que haja quitado o preço da
promessa ou que, não o tendo feito, seja autorizado pelo proprietário, pedir o imóvel
SEÇÃO III para demolição, edificação, licenciada ou reforma que venha a resultar em aumento
Da locação não residencial mínimo de cinquenta por cento da área útil.

Art. 51 - Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá Art. 54 - Nas relações entre lojistas e empreendedores de shopping center,
direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: prevalecerão as condições livremente pactuadas nos contratos de locação respectivos
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo e as disposições procedimentais previstas nesta lei.
determinado; 1º O empreendedor não poderá cobrar do locatário em shopping center:
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos a) as despesas referidas nas alíneas a , b e d do parágrafo único do art. 22; e
dos contratos escritos seja de cinco anos; b) as despesas com obras ou substituições de equipamentos, que impliquem
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo modificar o projeto ou o memorial descritivo da data do habite - se e obras de paisagismo
mínimo e ininterrupto de três anos. nas partes de uso comum.
§ 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários 2º As despesas cobradas do locatário devem ser previstas em orçamento,
ou sucessores da locação; no caso de sublocação total do imóvel, o direito a renovação salvo casos de urgência ou força maior, devidamente demonstradas, podendo o
somente poderá ser exercido pelo sublocatário.

53 54
locatário, a cada sessenta dias, por si ou entidade de classe exigir a comprovação das com o referido no inciso I do art. 11, permanecendo no imóvel pessoas não autorizadas
mesmas. por lei;
Art. 55 - Considera - se locação não residencial quando o locatário for pessoa V - a permanência do sublocatário no imóvel, extinta a locação, celebrada com
jurídica e o imóvel, destinar - se ao uso de seus titulares, diretores, sócios, gerentes, o locatário.
executivos ou empregados. VI - o disposto no inciso IV do art. 9o, havendo a necessidade de se produzir
Art. 56 - Nos demais casos de locação não residencial, o contrato por prazo reparações urgentes no imóvel, determinadas pelo poder público, que não possam ser
determinado cessa, de pleno direito, findo o prazo estipulado, independentemente de normalmente executadas com a permanência do locatário, ou, podendo ele se recuse a
notificação ou aviso. consenti-las; (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009)
Parágrafo único. Findo o prazo estipulado, se o locatário permanecer no VII - o término do prazo notificatório previsto no parágrafo único do art. 40, sem
imóvel por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir - se - á prorrogada a apresentação de nova garantia apta a manter a segurança inaugural do contrato;
locação nas condições ajustadas, mas sem prazo determinado. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009)
Art. 57 - O contrato de locação por prazo indeterminado pode ser denunciado VIII - o término do prazo da locação não residencial, tendo sido proposta a ação
por escrito, pelo locador, concedidos ao locatário trinta dias para a desocupação. em até 30 (trinta) dias do termo ou do cumprimento de notificação comunicando o
intento de retomada; (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009)
TÍTULO II IX - a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação no vencimento,
Dos Procedimentos estando o contrato desprovido de qualquer das garantias previstas no art. 37, por não
CAPÍTULO I ter sido contratada ou em caso de extinção ou pedido de exoneração dela,
Das Disposições Gerais independentemente de motivo. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009)
2º Qualquer que seja o fundamento da ação dar - se - á ciência do pedido aos
Art. 58 - Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 1º, nas sublocatários, que poderão intervir no processo como assistentes.
ações de despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, § 3º No caso do inciso IX do § 1º deste artigo, poderá o locatário evitar a
revisionais de aluguel e renovatórias de locação, observar - se - á o seguinte: rescisão da locação e elidir a liminar de desocupação se, dentro dos 15 (quinze) dias
I - os processos tramitam durante as férias forenses e não se suspendem pela concedidos para a desocupação do imóvel e independentemente de cálculo, efetuar
superveniência delas; depósito judicial que contemple a totalidade dos valores devidos, na forma prevista no
II - é competente para conhecer e julgar tais ações o foro do lugar da situação inciso II do art. 62. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009)
do imóvel, salvo se outro houver sido eleito no contrato; Art. 60 - Nas ações de despejo fundadas no inciso IV do art. 9º, inciso IV do art.
III - o valor da causa corresponderá a doze meses de aluguel, ou, na hipótese 47 e inciso II do art. 53, a petição inicial deverá ser instruída com prova da propriedade
do inciso II do art. 47, a três salários vigentes por ocasião do ajuizamento; do imóvel ou do compromisso registrado.
IV - desde que autorizado no contrato, a citação, intimação ou notificação far - Art. 61 - Nas ações fundadas no § 2º do art. 46 e nos incisos III e IV do art. 47, se
se - á mediante correspondência com aviso de recebimento, ou, tratando - se de pessoa o locatário, no prazo da contestação, manifestar sua concordância com a desocupação
jurídica ou firma individual, também mediante telex ou fac-símile , ou, ainda, sendo do imóvel, o juiz acolherá o pedido fixando prazo de seis meses para a desocupação,
necessário, pelas demais formas previstas no Código de Processo Civil; contados da citação, impondo ao vencido a responsabilidade pelas custas e honorários
V - os recursos interpostos contra as sentenças terão efeito somente advocatícios de vinte por cento sobre o valor dado à causa. Se a desocupação ocorrer
devolutivo. dentro do prazo fixado, o réu ficará isento dessa responsabilidade; caso contrário, será
expedido mandado de despejo.
CAPÍTULO II Art. 62 - Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e
Das Ações de Despejo acessórios da locação, de aluguel provisório, de diferenças de aluguéis, ou somente de
quaisquer dos acessórios da locação, observar-se-á o seguinte: (Redação dada pela
Art. 59 - Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de despejo Lei nº 12.112, de 2009)
terão o rito ordinário. I - o pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado com o pedido de
§ 1º Conceder - se - á liminar para desocupação em quinze dias, cobrança dos aluguéis e acessórios da locação; nesta hipótese, citar-se-á o locatário
independentemente da audiência da parte contrária e desde que prestada a caução no para responder ao pedido de rescisão e o locatário e os fiadores para responderem ao
valor equivalente a três meses de aluguel, nas ações que tiverem por fundamento pedido de cobrança, devendo ser apresentado, com a inicial, cálculo discriminado do
exclusivo: valor do débito; (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009)
I - o descumprimento do mútuo acordo (art. 9º, inciso I), celebrado por escrito e II - o locatário e o fiador poderão evitar a rescisão da locação efetuando, no
assinado pelas partes e por duas testemunhas, no qual tenha sido ajustado o prazo prazo de 15 (quinze) dias, contado da citação, o pagamento do débito atualizado,
mínimo de seis meses para desocupação, contado da assinatura do instrumento; independentemente de cálculo e mediante depósito judicial, incluídos: (Redação dada
II - o disposto no inciso II do art. 47, havendo prova escrita da rescisão do pela Lei nº 12.112, de 2009)
contrato de trabalho ou sendo ela demonstrada em audiência prévia; a) os aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação;
III - o término do prazo da locação para temporada, tendo sido proposta a ação b) as multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis;
de despejo em até trinta dias após o vencimento do contrato; c) os juros de mora;
IV - a morte do locatário sem deixar sucessor legítimo na locação, de acordo d) as custas e os honorários do advogado do locador, fixados em dez por cento

55 56
sobre o montante devido, se do contrato não constar disposição diversa; 1º Os móveis e utensílios serão entregues à guarda de depositário, se não os
III - efetuada a purga da mora, se o locador alegar que a oferta não é integral, quiser retirar o despejado.
justificando a diferença, o locatário poderá complementar o depósito no prazo de 10 2° O despejo não poderá ser executado até o trigésimo dia seguinte ao do
(dez) dias, contado da intimação, que poderá ser dirigida ao locatário ou diretamente ao falecimento do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão de qualquer das pessoas
patrono deste, por carta ou publicação no órgão oficial, a requerimento do locador; que habitem o imóvel.
(Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) Art. 66 - Quando o imóvel for abandonado após ajuizada a ação, o locador
IV - não sendo integralmente complementado o depósito, o pedido de rescisão poderá imitir-se na posse do imóvel.
prosseguirá pela diferença, podendo o locador levantar a quantia depositada;
(Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) CAPÍTULO III
V - os aluguéis que forem vencendo até a sentença deverão ser depositados à Da Ação de Consignação de Aluguel e Acessórios da Locação
disposição do juízo, nos respectivos vencimentos, podendo o locador levantá - los
desde que incontroversos; Art. 67 - Na ação que objetivar o pagamento dos aluguéis e acessórios da
VI - havendo cumulação dos pedidos de rescisão da locação e cobrança dos locação mediante consignação, será observado o seguinte:
aluguéis, a execução desta pode ter início antes da desocupação do imóvel, caso I - a petição inicial, além dos requisitos exigidos pelo art. 282 do Código de
ambos tenham sido acolhidos. Processo Civil, deverá especificar os aluguéis e acessórios da locação com indicação
Parágrafo único. Não se admitirá a emenda da mora se o locatário já houver dos respectivos valores;
utilizado essa faculdade nos 24 (vinte e quatro) meses imediatamente anteriores à II - determinada a citação do réu, o autor será intimado a, no prazo de vinte e
propositura da ação. (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) quatro horas, efetuar o depósito judicial da importância indicada na petição inicial, sob
Art. 63 - Julgada procedente a ação de despejo, o juiz determinará a expedição pena de ser extinto o processo;
de mandado de despejo, que conterá o prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação III - o pedido envolverá a quitação das obrigações que vencerem durante a
voluntária, ressalvado o disposto nos parágrafos seguintes. (Redação dada pela Lei nº tramitação do feito e até ser prolatada a sentença de primeira instância, devendo o autor
12.112, de 2009) promover os depósitos nos respectivos vencimentos;
§ 1º O prazo será de quinze dias se: IV - não sendo oferecida a contestação, ou se o locador receber os valores
a) entre a citação e a sentença de primeira instância houverem decorrido mais depositados, o juiz acolherá o pedido, declarando quitadas as obrigações, condenando
de quatro meses; ou o réu ao pagamento das custas e honorários de vinte por cento do valor dos depósitos;
b) o despejo houver sido decretado com fundamento no art. 9º ou no § 2º do art. V - a contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber, ficará
46. (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) adstrita, quanto à matéria de fato, a:
§ 2º Tratando-se de estabelecimento de ensino autorizado e fiscalizado pelo a) não ter havido recusa ou mora em receber a quantia devida;
Poder Público, respeitado o prazo mínimo de seis meses e o máximo de um ano, o juiz b) ter sido justa a recusa;
disporá de modo que a desocupação coincida com o período de férias escolares. c) não ter sido efetuado o depósito no prazo ou no lugar do pagamento;
§ 3º Tratando-se de hospitais, repartições públicas, unidades sanitárias d) não ter sido o depósito integral;
oficiais, asilos, estabelecimentos de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados pelo VI - além de contestar, o réu poderá, em reconvenção, pedir o despejo e a
Poder Público, bem como por entidades religiosas devidamente registradas, e o cobrança dos valores objeto da consignatória ou da diferença do depósito inicial, na
despejo for decretado com fundamento no inciso IV do art. 9º ou no inciso II do art. 53, o hipótese de ter sido alegado não ser o mesmo integral;
prazo será de um ano, exceto no caso em que entre a citação e a sentença de primeira VII - o autor poderá complementar o depósito inicial, no prazo de cinco dias
instância houver decorrido mais de um ano, hipótese em que o prazo será de seis contados da ciência do oferecimento da resposta, com acréscimo de dez por cento
meses. (Redação dada pela Lei nº 9.256, de 9.1.1996) sobre o valor da diferença. Se tal ocorrer, o juiz declarará quitadas as obrigações,
§ 4º A sentença que decretar o despejo fixará o valor da caução para o caso de elidindo a rescisão da locação, mas imporá ao autor-reconvindo a responsabilidade
ser executada provisoriamente. pelas custas e honorários advocatícios de vinte por cento sobre o valor dos depósitos;
Art. 64 - Salvo nas hipóteses das ações fundadas no art. 9º, a execução VIII - havendo, na reconvenção, cumulação dos pedidos de rescisão da
provisória do despejo dependerá de caução não inferior a 6 (seis) meses nem superior a locação e cobrança dos valores objeto da consignatória, a execução desta somente
12 (doze) meses do aluguel, atualizado até a data da prestação da caução. (Redação poderá ter início após obtida a desocupação do imóvel, caso ambos tenham sido
dada pela Lei nº 12.112, de 2009) acolhidos.
§ 1º A caução poderá ser real ou fidejussória e será prestada nos autos da Parágrafo único. O réu poderá levantar a qualquer momento as importâncias
execução provisória. depositadas sobre as quais não penda controvérsia.
§ 2º Ocorrendo a reforma da sentença ou da decisão que concedeu
liminarmente o despejo, o valor da caução reverterá em favor do réu, como indenização CAPÍTULO IV
mínima das perdas e danos, podendo este reclamar, em ação própria, a diferença pelo Da Ação Revisional de Aluguel
que a exceder.
Art. 65 - Findo o prazo assinado para a desocupação, contado da data da Art. 68 - Na ação revisional de aluguel, que terá o rito sumário, observar-se-á o
notificação, será efetuado o despejo, se necessário com emprego de força, inclusive seguinte: (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009)
arrombamento. I - além dos requisitos exigidos pelos arts. 276 e 282 do Código de Processo

57 58
Civil, a petição inicial deverá indicar o valor do aluguel cuja fixação é pretendida; VI - prova de que o fiador do contrato ou o que o substituir na renovação aceita
II - ao designar a audiência de conciliação, o juiz, se houver pedido e com base os encargos da fiança, autorizado por seu cônjuge, se casado for;
nos elementos fornecidos tanto pelo locador como pelo locatário, ou nos que indicar, VII - prova, quando for o caso, de ser cessionário ou sucessor, em virtude de
fixará aluguel provisório, que será devido desde a citação, nos seguintes moldes: título oponível ao proprietário.
(Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) Parágrafo único. Proposta a ação pelo sublocatário do imóvel ou de parte dele,
a) em ação proposta pelo locador, o aluguel provisório não poderá ser serão citados o sublocador e o locador, como litisconsortes, salvo se, em virtude de
excedente a 80% (oitenta por cento) do pedido; (Incluída pela Lei nº 12.112, de 2009) locação originária ou renovada, o sublocador dispuser de prazo que admita renovar a
b) em ação proposta pelo locatário, o aluguel provisório não poderá ser inferior sublocação; na primeira hipótese, procedente a ação, o proprietário ficará diretamente
a 80% (oitenta por cento) do aluguel vigente; (Incluída pela Lei nº 12.112, de 2009) obrigado à renovação.
III - sem prejuízo da contestação e até a audiência, o réu poderá pedir seja Art. 72 - A contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber,
revisto o aluguel provisório, fornecendo os elementos para tanto; ficará adstrita, quanto à matéria de fato, ao seguinte:
IV - na audiência de conciliação, apresentada a contestação, que deverá I - não preencher o autor os requisitos estabelecidos nesta lei;
conter contraproposta se houver discordância quanto ao valor pretendido, o juiz tentará II - não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real do imóvel na época
a conciliação e, não sendo esta possível, determinará a realização de perícia, se da renovação, excluída a valorização trazida por aquele ao ponto ou lugar;
necessária, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento; (Redação III - ter proposta de terceiro para a locação, em condições melhores;
dada pela Lei nº 12.112, de 2009) IV - não estar obrigado a renovar a locação (incisos I e II do art. 52).
V - o pedido de revisão previsto no inciso III deste artigo interrompe o prazo 1º No caso do inciso II, o locador deverá apresentar, em contraproposta, as
para interposição de recurso contra a decisão que fixar o aluguel provisório. (Incluído condições de locação que repute compatíveis com o valor locativo real e atual do
pela Lei nº 12.112, de 2009) imóvel.
1º Não caberá ação revisional na pendência de prazo para desocupação do 2º No caso do inciso III, o locador deverá juntar prova documental da proposta
imóvel (arts. 46, parágrafo 2° e 57), ou quando tenha sido este estipulado amigável ou do terceiro, subscrita por este e por duas testemunhas, com clara indicação do ramo a
judicialmente. ser explorado, que não poderá ser o mesmo do locatário. Nessa hipótese, o locatário
2º No curso da ação de revisão, o aluguel provisório será reajustado na poderá, em réplica, aceitar tais condições para obter a renovação pretendida.
periodicidade pactuada ou na fixada em lei. 3º No caso do inciso I do art. 52, a contestação deverá trazer prova da
Art. 69 - O aluguel fixado na sentença retroage à citação, e as diferenças determinação do Poder Público ou relatório pormenorizado das obras a serem
devidas durante a ação de revisão, descontados os alugueres provisórios satisfeitos, realizadas e da estimativa de valorização que sofrerá o imóvel, assinado por engenheiro
serão pagas corrigidas, exigíveis a partir do trânsito em julgado da decisão que fixar o devidamente habilitado.
novo aluguel. 4º Na contestação, o locador, ou sublocador, poderá pedir, ainda, a fixação de
1º Se pedido pelo locador, ou sublocador, a sentença poderá estabelecer aluguel provisório, para vigorar a partir do primeiro mês do prazo do contrato a ser
periodicidade de reajustamento do aluguel diversa daquela prevista no contrato renovado, não excedente a oitenta por cento do pedido, desde que apresentados
revisando, bem como adotar outro indexador para reajustamento do aluguel. elementos hábeis para aferição do justo valor do aluguel.
2º A execução das diferenças será feita nos autos da ação de revisão. 5º Se pedido pelo locador, ou sublocador, a sentença poderá estabelecer
Art. 70 - Na ação de revisão do aluguel, o juiz poderá homologar acordo de periodicidade de reajustamento do aluguel diversa daquela prevista no contrato
desocupação, que será executado mediante expedição de mandado de despejo. renovando, bem como adotar outro indexador para reajustamento do aluguel.
Art. 73 - Renovada a locação, as diferenças dos aluguéis vencidos serão
CAPÍTULO V executadas nos próprios autos da ação e pagas de uma só vez.
Da Ação Renovatória Art. 74 - Não sendo renovada a locação, o juiz determinará a expedição de
mandado de despejo, que conterá o prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação
Art. 71 - Além dos demais requisitos exigidos no art. 282 do Código de voluntária, se houver pedido na contestação. (Redação dada pela Lei nº 12.112, de
Processo Civil, a petição inicial da ação renovatória deverá ser instruída com: 2009)
I - prova do preenchimento dos requisitos dos incisos I, II e III do art. 51; Art. 75 - Na hipótese do inciso III do art. 72, a sentença fixará desde logo a
II - prova do exato cumprimento do contrato em curso; indenização devida ao locatário em consequência da não prorrogação da locação,
III - prova da quitação dos impostos e taxas que incidiram sobre o imóvel e cujo solidariamente devida pelo locador e o proponente.
pagamento lhe incumbia;
IV - indicação clara e precisa das condições oferecidas para a renovação da TÍTULO III
locação; Das Disposições Finais e Transitórias
V - indicação do fiador quando houver no contrato a renovar e, quando não for
o mesmo, com indicação do nome ou denominação completa, número de sua inscrição Art. 76 - Não se aplicam as disposições desta lei aos processos em curso.
no Ministério da Fazenda, endereço e, tratando-se de pessoa natural, a nacionalidade, Art. 77 - Todas as locações residenciais que tenham sido celebradas
o estado civil, a profissão e o número da carteira de identidade, comprovando, desde anteriormente à vigência desta lei serão automaticamente prorrogadas por tempo
logo, mesmo que não haja alteração do fiador, a atual idoneidade financeira; (Redação indeterminado, ao término do prazo ajustado no contrato.
dada pela Lei nº 12.112, de 2009) Art. 78 - As locações residenciais que tenham sido celebradas anteriormente à

59 60
vigência desta lei e que já vigorem ou venham a vigorar por prazo indeterminado, Art. 90 - Revogam-se as disposições em contrário, especialmente: (I - o Decreto nº
poderão ser denunciadas pelo locador, concedido o prazo de doze meses para a 24.150, de 20 de abril de 1934; II - a Lei nº 6.239, de 19 de setembro de 1975; III - a Lei nº
desocupação. 6.649, de 16 de maio de 1979; IV - a Lei nº 6.698, de 15 de outubro de 1979; V - a Lei nº
Parágrafo único. Na hipótese de ter havido revisão judicial ou amigável do 7.355, de 31 de agosto de 1985; VI - a Lei nº 7.538, de 24 de setembro de 1986; VII - a Lei
aluguel, atingindo o preço do mercado, a denúncia somente poderá ser exercitada após nº 7.612, de 9 de julho de 1987; e VIII - a Lei nº 8.157, de 3 de janeiro de 1991.
vinte e quatro meses da data da revisão, se esta ocorreu nos doze meses anteriores à Brasília, 18 de outubro de 1991; 170º da Independência e 103º da República.
data da vigência desta lei.
Art. 79 - No que for omissa esta lei aplicam-se as normas do Código Civil e do
Código de Processo Civil.
Art. 80 - Para os fins do inciso I do art. 98 da Constituição Federal, as ações de
despejo poderão ser consideradas como causas cíveis de menor complexidade.
Art. 81 - O inciso II do art. 167 e o art. 169 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de
1973, passam a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 167. ..........................................................
II - .....................................................................
16) do contrato de locação, para os fins de exercício de direito de preferência."
"Art. 169. ...........................................................

III - o registro previsto no nº 3 do inciso I do art. 167, e a averbação prevista no


nº 16 do inciso II do art. 167 serão efetuados no cartório onde o imóvel esteja
matriculado mediante apresentação de qualquer das vias do contrato, assinado pelas
partes e subscrito por duas testemunhas, bastando a coincidência entre o nome de um
dos proprietários e o locador."
Art. 82 - O art. 3º da Lei nº 8.009, de 29 de março de 1990, passa a vigorar
acrescido do seguinte inciso VII:
"Art. 3º .................................................................
.............................................................................

VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação."


Art. 83 - Ao art. 24 da Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964 fica acrescido o
seguinte § 4º:
"Art. 24. ...............................................................
............................................................................

4º Nas decisões da assembleia que envolvam despesas ordinárias do


condomínio, o locatário poderá votar, caso o condômino locador a ela não compareça."
Art. 84 - Reputam-se válidos os registros dos contratos de locação de imóveis,
realizados até a data da vigência desta lei.
Art. 85 - Nas locações residenciais, é livre a convenção do aluguel quanto a
preço, periodicidade e indexador de reajustamento, vedada a vinculação à variação do
salário mínimo, variação cambial e moeda estrangeira:
I - dos imóveis novos, com habite-se concedido a partir da entrada em vigor
desta lei;
II - dos demais imóveis não enquadrados no inciso anterior, em relação aos
contratos celebrados, após cinco anos de entrada em vigor desta lei.
Art. 86 - O art. 8º da Lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964 passa a vigorar com
a seguinte redação:
"Art. 8º O sistema financeiro da habitação, destinado a facilitar e promover a
construção e a aquisição da casa própria ou moradia, especialmente pelas classes de
menor renda da população, será integrado."
Art. 89 - Esta lei entrará em vigor sessenta dias após a sua publicação.

61 62

S-ar putea să vă placă și