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Maçonaria x Misticismo:
um esclarecimento
Marden Maluf*

"A Mística é uma ciência que a Ciência ainda não alcançou"

{Maçom Rosacruz}

Existe no mundo maçônico, e no mundo religioso de seus adeptos. Talvez nisso resida o
profano quanto aos objetivos maçônicos, um mais sublime benefício maçônico no que diz
equívoco essencial relativo aos pressupostos e respeito às questões do espírito: possibilitar que
possibilidades da cada um entenda e
Maçonaria. Quiçá exerça muito melhor a
possamos nas li- religião de sua própria
nhas seguintes tra-
zer alguma luz ao
" Visita Interiora escolha.
A explicação pa-
assunto. ra tanto é simples: a
Embora não Instituição Maçônica
religião - pois por
Terrae, exerce, como sus-
religião entende-se tentáculo angular de
um conjunto exclu- seus princípios, a gran-
sivo de procedimen-
Rectificandoque, de máxima cristã,
tos dogmáticos para síntese de todos os
contatos com o di- evangelhos: Amar a
vino, conjunto esse
Invenies Occultum Deus acima de todas
que geralmente ex- as coisas e ao próximo
cluitodos os demais
com o mesmo obje-
Lapl-d em: ... " como a ti mesmo.
A Maçonaria -
tivo (vide as guerras literalmente, Confraria
religiosas que infes- de Construtores -,
tam a história da originada dos respon-
humanidade) - a Maçonaria, Fraternidade sáveis pelas monumentais construções
Iniciática ecumênica por excelência, com as suas operativas que resultaram nos esplendores arqui-
práticas litúrgico-filosóficas termina inevita- tetônicos medievais, estudou e entendeu de tal
velmente por aguçar e aperfeiçoar o sentido forma a física, a matemática e a poesia
Mai t Iun /lul
'---~~ 1998
necessárias aos grandes e sustis equiíbrios de ânsia pela mística, ou seja, uma tendência muito
suas imensas obras que, perplexa por encontrar- forte de encontrar um caminho que permita
se assim apta a vislumbrar o grande, sutil e poético readentrar objetivamente a natureza da Cons-
equilibrio do universo, do micro e do macrocosmo, ciência Universal, origem de todos nós.
concluiu por denominar Grande Arquiteto do Aqui reside o problema, pois, a partir desse
Universo ao mesmo Deus de Isaac, Abraão e ponto erra a Maçonaria como método, ou erram
Jacó, denominação por certo mais de acordo à os Maçons por esperarem da Instituição aquilo que
sua experiência particular. ela não pode mais fornecer, a saber: um sistema
Além de ser um método de fraternidade eficaz de procedimentos para uma ligação objetiva
extremamente eficaz (o Maçom sente muita falta e consciente com a Mente Universal, com a
do natural espírito fraterno Consciência Cósmica. Em
desperto e exercitado em resumo, um conjunto de
Loja), o sistema de estudos práticas que, se bem ori-
maçônicos termina por "Nós, Maçons do entadas e realizadas, levem
conduzir seus membros, já de forma segura o adepto a
de início selecionados
Mercosul, preocupados
000'

uma efetiva Experiência

conforme o espírito, a uma com a efetividade da Mística.
espécie de digna humil- Entendamos primei-
dade e sensação grandiosa integração, a preservação ramente o perfil de um
de pequenez quanto ao místico.
Deus criador de todas as de valores fundamentais O místico é o indivíduo
coisas. Mais cedo ou mais por excelência. Sua busca
tarde, o Maçom termina por
dos povos sul-americanos, na procura do Deus Interno,
reconhecer claramente ser e a superação dos situação onde antes de tudo
ele próprio uma obra do ele aprende que seu ca-
Grande Arquiteto, obra essa antagonismos e diferenças minhar é absolutamente
tão sublime que se pensa a solitário, quer por saber do
si mesma - inclusive no regionais" número e qualidade de suas
sentido de melhorar-se - vidas passadas, quer pelas
humana construção de tal superações particulares
maneira complexa que se torna concebível que ele conclui que ainda tem que cumprir, e por
apenas ser dirigida pelas mãos divinas. E o uma infinidade de outras razões que lhe
Maçom, arquiteto vocacionado que é, deduz, descobrem incessantemente a exclusividade de
religioso e reverente, que o Dom da Vida acaba sua existência, todos esses fatores concorrem
por ser o toque supremo e exclusivo do Grande para que o místico, passo a passo, na
Construtor, benefício miraculoso pelo qual preocupação cada vez mais consciente em
reconhece dever eterna e impagável gratidão. descobrir-se em todas as suas divinas po-
O despertar de tais fatores do espírito, e a tencialidades, se despreocupe efetivamente com
Maçonaria leva a isso de forma esplêndida, torna o mundo social que o rodeia. A Maçonaria,
inevitável - eis a questão! - o despertar de uma conforme veremos mais à frente, é o oposto disso:
Mai / Iun / lul
1998
 parte do indivíduo, mas visa a sociedade e seu
complexo de relações.
A prática mística convence o místico da
essencial inutilidade de preocupações com situ-
ações políticas de todas as espécies e de tudo o
daí decorrente. Estudante assíduo e conseqüente
dos recônditos fenômenos da natureza, uma das
primeiras coisas que o místico aprende (e
exercita!) é justamente sobre a transitoriedade da
matéria, a começar da matéria humana. Os
experimentos místicos, e a Maçonaria não possui
nenhum deles em seu sistema tradicional de
ensinamentos, mostram de forma objetiva essa
nossa presente existência sobre a face da Terra
como uma Escola onde o espírito que habita o
corpo veio melhor cumprir as matérias nas quais
ficamos em recuperação nas existências pas-
sadas e realizar novas provas conforme o Divino
Professor já nos considere aptos a tanto. De uma
forma geral, a humanidade como um todo intui
esse fato. Mas para o místico, isso se torna
palpável, concreto, pois seus experimentos
particulares, estudos resultantes do acesso
iniciático a práticas esotéricas milenares - que
nada mais são do que ciências avançadissímas!
- lhe demonstram uma infinidade de situações
incomuns e possibilidades efetivas de contato
com outras vidas, que existem em feqüências
extraordinárias, coisas que o vulgo, ou qualquer
um menos preparado, consideraria, amedron-
tadíssimo, como pertencente ao campo da alta
magia e do sobrenatural e por isso absolutamente
insuportável. (Algum dia, conforme se deu com
as místicas da antigüidade, tudo isso ainda será
Ciência de uso comum).
O alquimista medieval pode ser considerado
o protótipo do verdadeiro místico. Absolutamente
- e necessariamente - solitário (o Maçom, ao
contrário, é o ser social por excelência) em suas
longas e imensas práticas, anônimo, redigindo em
Mai / Iun / luZ
1998
\
silêncio suas conclusões e lendo outras
semelhantes que sempre se encontram sob
pseudônimos (a Maçonaria proíbe o anonimato),
testando mil fórmulas de encontrar a Magnus
Opus, à qual denomina Pedra Filosofal ou outras
dezenas de nomes, e tendo como fulcro
inarredável a fórmula latina VITRIOL (Visita
Interiora Terrae, Rectificandoque, Invenies
Occultum Lapidem: "Visita o interior da terra e,
retificando, encontrarás a Pedra Oculta''), fórmula
essa felizmente de bom conhecimento (apenas
filosófico!) de todos os Maçons, o alquimista é o
bom exemplo de ser o místico praticante nada mais
do que uma espécie de "cientista que exerce, com
os meios presentes, a ciência do futuro" {Maçom
Rosacruz}. Mil experimentos óbvios que as
ciências, tais como a Química e a Física, fornecem
hoje a qualquer estudante adolescente, em tem-
pos passados eram experimentos místicos resul-
tantes de altíssima sabedoria e velados ao preço
da própria vida. (Eis aqui um excelente Tema que
alguém um dia terá que desenvolver: "são os
despreparados estudantes de hoje menos sábios
do que os sábios de antigamente?").
A diferença fundamental da Maçonaria com
a Mística é que esta trata da evolução do indíviduo
quanto ao despertar e ao efetivo exercício de suas
individuais potencial idades sobre-humanas,
enquanto aquela trata de melhorar o indíviduo
quanto à evolução de suas faculdades sociais.
Eis uma passagem de um típico texto místico,
retirado de um famoso tratado aparecido em
Altona, Alemanha, em 1785: "O Onipotente, Todo-
Poderoso DEUS e SENHOR, Aquele Único que
é Onisciente e Verdadeiramente Sábio, deu ao
Homem compreensão superior à de qualquer de
Suas criaturas, para que este possa conhecer
Suas obras e não deixá-Ias inexploradas. Ora,
desde que esse Homem, a quem o DEUS
Onisciente concedeu a inspiração e, assim, a
descoberta desta alta e profunda Obra secreta e Natureza tinha oculto em tal substância, que fora
o grande segredo da antiga Pedra d'Água dos informe, e que poder e Magnalia o Supremo
Sábios, ele deve provar-se na sua correção. Se Criador deu a seu Creato e nele implantou".
há algo na Terra que seja coisa natural, esta é a Agora uma típica passagem maçônica -
Preparação e o Magisterium da Pedra do Filósofo, retirada de um importante texto administrativo,
natural, e não de fabricação do Homem, mas assinado pelo Grão-Mestre Geral e outras
totalmente obrada autoridades maçônicas -
pela Natureza, pois o que reflete o fim último e
Artista nada a ela a- "O Mercosul não essencial da Maçonaria
crescenta. Só a Natu- enquanto Instituição (im-
reza dirige o cres-
pode se limitar ao Cone presso no jornal O
cimento, como no caso Sul, a grandes ESQUADRO, edição Ou-
de cada cultivador do tubro-1997): "Nós, Ma-
"
solo com suas frutas e empresas, as çons do Mercosul, ... ,
plantas; só que ele preocupados com a efe-
deve ser de mente sutil
autoridades do poder tividade da integração, a
e ter a graça de DEUS, central dos países- preservação de valores
para que a possa dirigir fundamentais dos povos
à medida que a obra membros, mas sul-americanos, e a su-
se torna evidente na recomenda-se ao povo peração dos antagonis-
fervura e através dos mos e diferenças regi-
tempos sucessivos: a maçônico que o . onais, consideramos em
saber, no princípio é o nossa análise, em espe-
Subjectum, que se
Mercosul faça parte da cial, os aspectos a seguir
recebe da Natureza agenda das Lojas mencionados.
diretamente nas mãos. A globalização é um
Aí jaz oculta a Tintura Maçônicas" processo irreversível de-
Universal de todos os corrente principalmente
metais, animais e plantas. É um Corpus cru e do conjunto de políticas e estratégias dos centros
rudimentar, sem contornos de animal ou planta, de poder econômico que objetivam aumentar e
mas é no início uma substância áspera, terrosa, aprofundar sua capacidade de conduzir o
pesada, viscosa, dura e nebulosa, na qual a relacionamento internacional, em todos os seus
Natureza parou de obrar; mas quando o Homem aspectos, a fim de satisfazer plenamente seus
esclarecido abre tais matérias, investiga em objetivos nacionais ..... A criação do Mercosul
Digestão as densas e nebulosas sombras com as representa uma resposta das nações do Cone Sul
quais elas se cercam, ele as purifica, permitindo a estes desafios, que somente serão superados
que o oculto emerja, e através de adicional com a integração efetiva, não apenas econômica,
Sublimação, sua Alma mais interior, que ali fica mas sobretudo tecnológica, cultural, política,
escondida, também se separa e é trazida a uma educacional, através da preservação dos
forma corporal. Então será descoberto o que a postulados da soberania, segurança e
Mai / Iun / lul
1998
desenvolvimento de cada país, sem que haja
prejuízo para o efeito multiplicador gerado pelo
processo de aproximação de nosso países ..... O
Mercosul não pode se limitar ao Cone Sul, a
grandes empresas, às autoridades do poder cen-
tral dos países-membros, mas deve fazer parte
do dia-a-dia de todo e qualquer agente social, in-
clusive abrangendo toda América do Sul,
realizando assim o sonho de Bolívar. Para que se
efetive a integração, recomenda-se ao povo
maçônico que o Mercosul faça parte da agenda
das Lojas Maçônicas, verdadeiros laboratórios
sociais de homens livres preocupados com a
construção de uma sociedade mais justa e
perfeita..." .
Esses dois textos são suficientes para
demonstrar em que a Maçonaria e o Misticismo
se diferenciam essencialmente. Aqui é possível
constatar de forma clara a meta individual e
solitária do Místico em contraste com a finalidade
social do Maçam. O Místico é, antes de tudo, um,
por assim dizer, mago em busca do oculto pela
natureza. E o Maçam é, antes de tudo, um, por
assim dizer, guerreiro em pugna incessante com
as mazelas sociais. Agora, se é possível um
"Mago-guerreiro" ou um "Guerreiro-mago", isso é
opção particular de cada indivíduo que conheça
e exercite as duas correntes, mas não carac-
terísticas que permitam fundir ambas as
Instituições em uma só.
Isso explica um extraordinário equívoco que
grassa no meio maçônico - o que inclusive atrasa
a Maçonaria quanto aos seus objetivos sociais -
equívoco no qual nós próprios estivemos imersos
quando nos perguntávamos, misticamente, o que
tem a ver "creches"e "políticas" e "hospitais"e
"escolas" e "penitenciárias" e "mercosul" e "nafta"
e "projeto calha-norte" e "amazônia" e "indepen-
dência do Brasil" a ver com o meu próprio
desenvolvimento pessoal. Hoje nos é claro que a
Mai / Iun / lu'
1998
Maçonaria, Fraternidade Iniciática, não tem maior
sentido em desenvolver o indivíduo do que levá-
10 a preocupar-se e a lutar por tudo isso. Todos os
rituais maçônicos de iniciação expõem
claramente ao neófito a essencial preocupação
que o Maçam deve ter para com as questões
sociais, motivo maior e meta suprema de seu
desenvolvimento.
A Maçonaria não se orgulha de haver
conseguido tal ou qual fórmula alquímica, nem de
ter desenvolvido este ou aquele experimento
místico que permita uma perfeita sintonia com o
Cósmico. Mas orgulha-se, isso sim, em ter
proclamado a Independência, a República, a
Abolição da Escavatura, orgulha-se pelo fato do
Maçam Bolivar ter lutado heroicamente, ao preço
da própria vida (e é característica maçônica
apenas tombar em pleno campo de batalha), pela
libertação da América Latina, e por aí adiante. O
Maçam é o heróico guerreiro que cavalga a
bandeiras desfraldadas, por entre o troar dos
canhões e o toque dos clarins. E, quando
premiado (e adora ser premiado, ao ponto de
instituir um regime especial de recompensas), faz
questão de sê-Ia perante os olhos de toda a
humanidade, razão de sua luta. Nada mais
contrário aos procedimentos místicos.
Tem razão a Maçonaria ou tem razão a Mís-
tica?
Maçons que bem conhecem ambas,
parecem estar concordes que em algum ponto se
completam. No mínimo coincidem, em última
análise, no sincero interesse pelo progresso e
bem-estar da Humanidade.
Por mim, estou convencido de que, misti-
camente, a Maçonaria e todo o seu método de
ensinamentos constituem-se em apenas um
degrau na senda do conhecimento esotérico.
Porém um degrau especialíssimo, pois quem
adentre uma Fraternidade Mística já havendo
passado devidamente pelo primeiro Grau maçô-
nico, o de Aprendiz (onde já se encontra toda a
Maçonaria), vai de imediato entender coisas que
outros talvez jamais alcancem. E é im-
pressionante, e não por acaso, a quantidade de
Maçons ativos que constituem o corpo principal
de outras grandes Fraternidades que possuem,
estas sim, a Mística como fim.
Falar de uma "Maçonaria Mística" nos parece
algo simplório. Inclusive certos ritos maçônicos,
em seus "altos graus" (não há mais do que Três
Graus maçônicos, e qualquer coisa além disso
deve-se - ainda que conduza a uma melhor
formação do cidadão tendo por fulcro a lenda de
cada Grau - à dita "ânsia mística" antes explicada),
tomam de empréstimo denominações, nomes e
tentativas de práticas místicas que resultam em
formidáveis equívocos que muito divertem os
realmente entendidos em questões do verdadeiro
misticismo, inclusive Maçons que por lá se
encontram. Isso nos leva humildemente a pensar
- e os fatos alimentam essa dúvida - se não seria
melhor tais Irmãos, ao invés desses "altos
estudos", realizarem efetivamente, empregando
melhor o seu tempo, os objetivos sociais
maçônicos propostos exaustivamente nos Três
únicos graus originados dos antigos construtores.
Ou, se tais Irmãos, imersos numa profunda ânsia
mística que Ihes anima a busca por altos estudos
(e a Maçonaria, conforme explicado, desperta-nos
mesmo profundamente esse sentimento), melhor
não fariam em , além de Maçons, afiliarem-se
então a uma Fraternidade Mística para onde Ihes
conduzirá - e isso já é místico! - a intuição derivada
da sinceridade de suas intenções.
À maneira dos Sonetos, nos cabe tentar aqui
uma "chave-de-ouro" a título de conclusão. A
Maçonaria certamente não possui os
ensinamentos que constroem a senda mística,
mas indubitavelmente aponta para a estrada da
Mística verdadeira. Melhor ainda, interessa-se e
aceita dentro de si a pesquisa mística em toda a
sua extensão, inclusive dando-lhe o seu integral
apoio. A Maçonaria não é mística, mas é capaz
de conter o misticismo integralmente. Pois, afinal,
todos os estudos sinceros, de todos os gêneros,
estão automaticamente contidos no incomen-
surável axioma maçônico que apregoa a busca
incessante da Verdade. Face à impressionante
universalidade maçônica, não há como não
concluir, com amor e espanto, que a singularidade
da Maçonaria - eis a sua inimitável grandeza! -
consiste no fato dela não ser um caminho (daí
ser dificílimo explicar a Maçonaria para um não
Maçom), mas sim "Horizontes para onde
convergem e de onde partem todas as Au-
roras" {Maçom Rosacruz}. E isso, milagrosamen-
te, sem perder a sua identidade como Orga-
nização.
Com todas as atuais místicas que um dia
serão ciências e com todas as atuais ciências que
um dia já foram místicas, interessada em tudo que
possa significar o progresso do gênero humano -
e lutando contra tudo o que se opunha a isso! - a
Maçonaria, albergando virtudes e vaidades de
todas as espécies (pois cada pessoa nada mais
somos do que uma mistura mutante desses dois
ingredientes), é mesmo um fenômeno único
daquele determinado espírito que faz com que a
Humanidade avance, e, como Humana Instituição,
talvez a mais perfeita e completa conquista jamais
conseguida desde que o sol brilha sobre a face
da Terra.
* o Maestro Mardem MaluJ, obreiro da ARLS Miguel
Archanjo Tolosa, éfundador dos Projetos Sinfônicos e das
Classes Musicais do Grande Oriente do Brasil.
Mai / Iun / luZ
1998
passado devidamente pelo primeiro Grau maçô-
nico, o de Aprendiz (onde já se encontra toda a
Maçonaria), vai de imediato entender coisas que
outros talvez jamais alcancem. E é im-
pressionante, e não por acaso, a quantidade de
Maçons ativos que constituem o corpo principal
de outras grandes Fraternidades que possuem,
estas sim, a Mística como fim.
Falar de uma "Maçonaria Mística" nos parece
algo simplório. Inclusive certos ritos maçônicos,
em seus "altos graus" (não há mais do que Três
Graus maçônicos, e qualquer coisa além disso
deve-se - ainda que conduza a uma melhor
formação do cidadão tendo por fulcro a lenda de
cada Grau - à dita "ânsia mística" antes explicada),
tomam de empréstimo denominações, nomes e
tentativas de práticas místicas que resultam em
formidáveis equívocos que muito divertem os
realmente entendidos em questões do verdadeiro
misticismo, inclusive Maçons que por lá se
encontram. Isso nos leva humildemente a pensar
- e os fatos alimentam essa dúvida - se não seria
melhor tais Irmãos, ao invés desses "altos
estudos", realizarem efetivamente, empregando
melhor o seu tempo, os objetivos sociais
maçônicos propostos exaustivamente nos Três
únicos graus originados dos antigos construtores.
Ou, se tais Irmãos, imersos numa profunda ânsia
mística que Ihes anima a busca por altos estudos
(e a Maçonaria, conforme explicado, desperta-nos
mesmo profundamente esse sentimento), melhor
não fariam em , além de Maçons, afiliarem-se
então a uma Fraternidade Mística para onde Ihes
conduzirá - e isso já é místico! - a intuição derivada
da sinceridade de suas intenções.
À maneira dos Sonetos, nos cabe tentar aqui
uma "chave-de-ouro" a título de conclusão. A
Maçonaria certamente não possui os
ensinamentos que constroem a senda mística,
mas indubitavelmente aponta para a estrada da
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Minerva Maçônica
Revista Cultural do
Grande Oriente do Brasil
Ano I - nº 3
Mística verdadeira. Melhor ainda, interessa-se e
aceita dentro de si a pesquisa mística em toda a
sua extensão, inclusive dando-lhe o seu integral
apoio. A Maçonaria não é mística, mas é capaz
de conter o misticismo integralmente. Pois, afinal,
todos os estudos sinceros, de todos os gêneros,
estão automaticamente contidos no incomen-
surável axioma maçônico que apregoa a busca
incessante da Verdade. Face à impressionante
universalidade maçônica, não há como não
concluir, com amor e espanto, que a singularidade
da Maçonaria - eis a sua inimitável grandeza! -
consiste no fato dela não ser um caminho (daí
ser dificílimo explicar a Maçonaria para um não
Maçom), mas sim "Horizontes para onde
convergem e de onde partem todas as Au-
roras" {Maçom Rosacruz}. E isso, milagrosamen-
te, sem perder a sua identidade como Orga-
nização.
Com todas as atuais místicas que um dia
serão ciências e com todas as atuais ciências que
um diajá foram místicas, interessada em tudo que
possa significar o progresso do gênero humano -
e lutando contra tudo o que se opunha a isso! - a
Maçonaria, albergando virtudes e vaidades de
todas as espécies (pois cada pessoa nada mais
somos do que uma mistura mutante desses dois
ingredientes), é mesmo um fenômeno único
daquele determinado espírito que faz com que a
Humanidade avance, e, como Humana Instituição,
talvez a mais perfeita e completa conquista jamais
conseguida desde que o sol brilha sobre a face
da Terra.
* o Maestro Mardem Maluj, obreiro da ARLS Miguel
Archanjo Tolosa, é fundador dos Projetos Sinfônicos e das
Classes Musicais do Grande Oriente do Brasil.
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