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Cálculo II-A (GMA00021 e GMA00109)

Cálculo Integral e Introdução às Equações Diferenciais

Roberto Toscano Couto


rtoscano@id.uff.br
https://rtoscanocouto.wixsite.com/aula
Departamento de Matemática Aplicada
Universidade Federal Fluminense
Niterói, RJ

17 de março de 2019

Este texto contém exatamente o que se apresenta nas aulas, evitando que o
aluno as copie, assim se obtendo mais a sua atenção e economizando tempo, bem
como definindo com clareza o que se deve estudar. Para o seu aprendizado, são
imprescindíveis as explicações dadas nas aulas, quando, então, se detalham muitas
das passagens matemáticas.
2

SUMÁRIIO

páginaa

PARTE 1 – CÁLCULO I N T E G R A L ............................................................................................ 5

1. INTE O ............................................................................................................................ 6
EGRAÇÃO
nida ........................................................................................................................ 6
1.1 Integral Defin
1.1.1 D
DEFINIÇÃO O DE RIEM MANN ................................................................................................... 6
1.1.2 IN
NTERPRET TAÇÃO GE EOMÉTRIC CA ...................................................................................... 7
al Definida .......................................................................................... 8
1.2 Proopriedades da Integra
d Cálculo (TFC) ............................................................................... 9
1.3 Teoorema Fundamental do
1.4 Integrais Indeefinidas ................................................................................................................ 11
1.4.1 D
DEFINIÇÃO O ........................................................................................................................... 11
1.4.2 R
REGRAS BÁ ÁSICAS DA A INTEGR RAÇÃO IND DEFINIDA .................................................. 11
a de Variávvel Simpless .................................................................... 13
1.5 Integração poor Mudança
1.5.1 A
APLICAÇÃO DA REG GRA DA SU UBSTITUIÇ ÇÃO .............................................................. 13
1.5.2 A REGRA DAD SUBSTIITUIÇÃO A APLICADA A A INTEG GRAIS DEFFINIDAS ................. 13
1.5.3 JU
USTIFICAT TIVA DA REGRA
R DA A SUBSTIT TUIÇÃO ........................................................ 144
1.5.4 A REGRA DAD SUBSTIITUIÇÃO E EM INTEG GRAIS DA FORMA F ∫ f ( g ( x) ) k g ′( x) dx . 144
1.6 Fórrmula de Leibniz
L da derivada
d dee integral definida
d ........................................................ 15
1.7 Áreea de Regiõões Planas ............................................................................................................ 177
1.7.1 C
CÁLCULO PELAP APL
LICAÇÃO D DIRETA DE E INTEGRA AIS DEFIN NIDAS ..................... 177
1.7.2 Á
ÁREA ENTR RE DOIS GRÁFICOS
G ........................................................................................ 177
1.7.3 O
OPÇÃO DE E CÁLCULO DA ÁRE EA POR INT TEGRAÇÕ ÕES EM x OU y...................... 188
1.8 Apêndice .................................................................................................................................... 200
1.8.1 PROVA DO O TEOREMA A DO VAL LOR MÉDIO O PARA IN NTEGRAISS ............................... 200

CNICAS DE
2. TÉC RAÇÃO .............................................................................................. 21
E INTEGR
2.1 Integração daas Funções Trigonoméétricas e dee tan n x ........................................................ 21
2.2 Integração Poor Partes ............................................................................................................. 21
2.2.1 O MÉTODO O ............................................................................................................................ 21
2.2.2 IN
NTEGRAÇÕES SUCE ESSIVAS P OR PARTE ES ................................................................. 222
métricas ........................................................ 23
2.3 Integração dee Produtos de Funçõess Trigonom
2.3.1 IN
NTEGRAIS S DA FORM MA ∫ sen x cos x dx ........................................................................ 23
p q

∫ tan x sec x dx OUO ∫ cot x csc x dx .................................... 25


p q p q
2.3.2 IN
NTEGRAIS
S DA FORM
MA
2.3.3 IN
NTEGRAIS MA ∫ sen axx cos bx dx , ∫ sen ax seen bx dx E ∫ cos ax co
S DA FORM os bx dx .. 266

nométrica ...................
2.4 Integração poor Substituiição Trigon . ................................................... 266
2.4.1 IN
NTEGRAIS
S ENVOLV
VENDO a 2 − x 2 , com x ∈ [ −a , a ] . ......................................... 277
2.4.2 IN
NTEGRAIS
S ENVOLV
VENDO x 2 + a 2 , com x ∈ \ . ................................................ 288
2.4.3 IN
NTEGRAIS
S ENVOLV
VENDO x 2 − a 2 , com x ≤ −a ou x ≥ a (i.e., x ≥ a ) . ....... 300
3
2.5 Integração dee Funções Racionais
R por Fraçõess Parciais ...................................................... 33
p
2.5.1 D
DENOMINA ADOR COM M FATORE ES LINEAR RES DISTIN NTOS ......................................... 33
2.5.2 D
DENOMINA ADOR COM M FATORE ES LINEAR RES REPET TIDOS ........................................ 35
2.5.3 D
DENOMINA ADOR COM M FATORE ES QUADR RÁTICOS IR RREDUTÍV VEIS........................ 366
Ax + B
2.6 Integral de 2 γ
(com b 2 − 4ac < 0)
0 .................................................................. 400
(aax + bx + c )
2.7 Subbstituições Diversas .............................................................................................................. 422
2.7.1 R
RAÍZES N-É ÉSIMAS ............................................................................................................... 422
2.7.2 T
TANGENTE E DO ARCO O-METADE E ...................................................................................... 43

3. ALG
GUMAS AP PLICAÇÕE ES DA INT TEGRAL E EXTEN NSÕES DO CONCEIT TO DE
INTEGGRAL...................................................................................................................................... 45
3.1 Alggumas Apliicações da Integral
I .............................................................................................. 45
3.1.1 O RACIOCÍÍNIO POR INFINITÉS
I SIMOS.............................................................................. 45
3.1.2 V
VOLUME DED SÓLIDO O DE REVO OLUÇÃO ......................................................................... 45
3.1.3 C
COMPRIME ENTO DE ARCO
A ................................................................................................. 499
3.2 Exttensões do Conceito de d Integral .......................................................................................... 51
3.2.1 IN
NTEGRAIS S IMPRÓPR RIAS COM M INTERVA ALOS DE IN NTEGRAÇ ÇÃO ILIMIT TADOS . 51
3.2.2 IN
NTEGRAIS S IMPRÓPR RIAS COM M INTEGRA ANDOS ILIMITADOSS ............................... 522
3.2.3 C
CRITÉRIOS S DE VERIF FICAÇÃO D DA CONV VERGÊNCIA A DE INTE EGRAIS
IMPRÓ ÓPRIAS ................................................................................................................................... 566

4. PRO
OBLEMAS TOS ................................................................................................... 600
S PROPOST
unciados ................................................................................................................................ 600
4.1 Enu
4.2 Resspostas ................................................................................................................................... 61

P A R T E 2 – E Q U A Ç Õ E S D I F E R E N C I A I S ............................................................................ 622

5. CON ENTAIS ............................................................................................ 63


NCEITOS FUNDAME
F

6. SOL
LUÇÃO DE
E EDOs DE
E PRIMEIR M ESPECIIAIS ........................................... 65
RA ORDEM
6.1 SEP
PARÁVEL ............................................................................................................................. 666
6.2 HO
OMOGÊNEA
A .......................................................................................................................... 666
6.3 EX
XATA ...................................................................................................................................... 666
6.4 LIN
NEAR ..................................................................................................................................... 677
6.5 RED
DUTÍVEL À SEPARÁ
ÁVEL ................................................................................................. 68
6.6 RED
DUTÍVEL À HOMOG
GÊNEA ............................................................................................... 699
6.7 RED
DUTÍVEL À EXATA MEDIANT
TE FATOR
R INTEGRA
ANTE .......................................... 700
6.8 RED
DUTÍVEL À LINEAR
R .......................................................................................................... 722
6.8.1 E
Equação de Bernoulli
B .............................................................................................................. 722
6.8.2 E
Equação de Riccati
R .................................................................................................................. 722
6.9 EQUAÇÃO DE
D CLAIRA
AUT ..................................................................................................... 744
6.10 EQ
QUAÇÃO DE
D LAGRA
ANGE ................................................................................................. 75
4
7. EDO LINEAR DE ORDEM N .............................................................................................. 77
7.1 CONCEITOS PRELIMINARES ........................................................................................... 78
7.1.1 Dependência linear .............................................................................................................. 78
7.1.2 Wronskiano ......................................................................................................................... 78
7.2 SOLUÇÃO GERAL DE UMA EDO LINEAR HOMOGÊNEA .......................................... 80
7.3 EDO LINEAR DE ORDEM N HOMOGÊNEA DE COEFICIENTES CONSTANTES .... 81
7.3.1 Raízes distintas .................................................................................................................... 81
7.3.2 Raízes repetidas ................................................................................................................... 82
7.3.3 Raízes imaginárias............................................................................................................... 82
7.3.4 Raízes imaginárias repetidas ............................................................................................... 82
7.4 EQUAÇÃO DE EULER-CAUCHY ...................................................................................... 83
7.5 SOLUÇÃO GERAL DE UMA EDO LINEAR NÃO-HOMOGÊNEA ................................ 84
7.6 SOLUÇÃO PARTICULAR PELO MÉTODO DAS FAMÍLIAS ......................................... 85
7.7 SOLUÇÃO PARTICULAR PELO MÉTODO DA VARIAÇÃO DAS CONSTANTES ..... 88
7.8 REDUÇÃO DE ORDEM ....................................................................................................... 92

8. APLICAÇÕES ........................................................................................................................ 96
8.1 CRESCIMENTO POPULACIONAL E DECAIMENTO RADIOATIVO ........................... 96
8.2 CURVAS ORTOGONAIS ..................................................................................................... 97
8.3 PROBLEMAS DIVERSOS ................................................................................................... 98

9. PROBLEMAS PROPOSTOS .............................................................................................. 101


9.1 ENUNCIADOS .................................................................................................................... 101
9.2 RESPOSTAS ........................................................................................................................ 105

APÊNDICE ................................................................................................................................ 108


A.1 PROVA DO TEOREMA 7.3 .............................................................................................. 108
A.2 PROVA DO TEOREMA 7.4 .............................................................................................. 108
A.3 PROVA DO TEOREMA 7.5 .............................................................................................. 109
A.4 PROVA DA EQUAÇÃO [3.3(c)] ....................................................................................... 109
A.5 PROVA DA EQUAÇÃO [3.3(d)] ....................................................................................... 111
5

PARTE 1 – CÁLCULO INTEGRAL


6

1. INTEGRAÇÃO
1.1 Integral Definida

1.1.1 DEFINIÇÃO DE RIEMANN


Define-se a integral definida de uma função real de variável real f ( x ) no intervalo [ a , b ] ,
b
denotada por ∫a f ( x) dx , como sendo o seguinte limite, caso exista (quando, então, diz-se que f
é integrável em [ a , b ] segundo Riemann),


b N
f ( x) dx ≡ lim
máx Δ xi → 0
∑ f (ci )Δ xi ,
a =1
i

N →∞
soma de Riemann

onde, como mostra a figura abaixo(∗), Δxi ≡ xi − xi −1 (i = 1, 2 " n ) são as larguras dos N subin-
tervalos em que se subdivide o intervalo de integração [ a , b ] , e ci é um ponto qualquer do
subintervalo [ xi −1 , xi ] :

Δx1 = x1 − x0 Δxi = xi − xi −1 ΔxN = xN − xN −1


a x1 " xi −1 xi " xN −1 b x
|| ||
x0 ci xN

(∗)
Na figura, o conjunto de pontos P = { x0 , x1,", xN } , onde a = x0 < x1 < " < xN = b ,
usado para dividir [ a , b ] em N subintervalos define uma partição de [ a , b ] .

A soma de Riemann (o somatório na equação acima) é dita referir-se à partição P e aos nú-
meros ci empregados.
b
Pois bem, dizemos que o limite apresentado acima definindo ∫a f ( x) dx existe se for finito,
único e independer da partição empregada e da escolha dos ci .

Notas:
i) O extremo b do intervalo de integração pode ser menor do que o extremo a:

Δxi = xi − xi −1 < 0 Δx1 = x1 − x0 < 0

xN −1 " xi xi −1 " x1 a x
b
|| ||
xN x0

Observa-se que Δxi < 0 neste caso.


ii) No limite, não mais indicaremos a condição N → ∞ , o que obviamente acontece quando
todas as larguras dos subintervalos tendem a zero, expressa pela condição máx Δxi → 0 .
iii) Demonstra-se que toda função contínua em [a,b] é integrável neste intervalo.
7
1.1.2 INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA

Na figura ao lado, | f (ci ) Δxi | é a área


y
i-ésimo gráfico de f ( x )
do i-ésimo retângulo, que se encontra retângulo
hachurado [de base | Δxi | e altura | f (ci )| ],
devendo-se observar que f (ci ) Δxi pode f (ci )
Δ x1
ser positivo ou negativo, conforme os
sinais de f (ci ) e Δxi . a c1 b
Se b > a , como nas figuras, então ci x
f (c1 )
Δxi é positivo e, portanto, f (ci ) Δxi tem o Δ xi
mesmo sinal de f (ci ) . Logo, quando
N → ∞ (número de subdivisões tende a Soma de Riemann com N = 10 subdivisões
infinito), Δxi → 0 , e a soma de Riemann
tende à soma das áreas acima do eixo x y
gráfico de f ( x )
menos a soma das áreas abaixo do eixo x,
entendendo-se por “área” aquela compre-
A2
endida entre o gráf ( f ) e o eixo x. a A4 b
Assim, no caso do gráfico mostrado • •
A1 A3 A5 x
na figura à direita, temos que


b


b
f ( x) dx = − A1 + A2 − A3 + A4 − A5 .
a
área hachurada = f ( x) dx
a

b a
É fácil ver que ∫a f ( x) dx = − ∫ f ( x) dx , pois os Δxi ’s da soma de Riemann para essas
b
a
integrais têm sinais contrários, e também que ∫a f ( x) dx = 0 , pois, agora, Δxi = 0.

Exemplo de cálculo da integral definida pela soma de Riemann:


1 2
Calculemos ∫ 0
x dx dividindo o intervalo de integração [0,1] em N partes iguais; nesse
caso, os pontos limítrofes dos subintervalos são x1 = 1/ N , " , xi = i / N , " , tendo todos a mes-
ma largura Δxi = 1/ N . Logo, se em cada subintervalo [ xi −1 , xi ] tomarmos ci = xi = i / N , obte-
mos
y
1


N
x dx = lim ∑ f (ci ) Δxi
N
2 y = x2
0 f ( x) N →∞ 
1
i =1 área do i -ésimo
retângulo

( ) N1
N 2
1 N
i i-ésimo
= lim
N →∞
∑ ci2 = lim ∑
N N →∞ i =1 N retângulo
i =1
i2
1 N
⎛ i2 ⎞
= lim 3 ⎜∑ ⎟ N2
N →∞ N ⎝
⎠ f (xi ) = xi2 = ( Ni
2
) = Ni 2
2
i =1
N3 N2 N
+ +
3 2 6 • • • • • •
0 x =1 x =2 " xi = Ni
(
xi −1
)
1 1 1 1 1 N 2 N " 1 x
= lim + + 2
= .
N →∞ 3 2N 6N 3 Δ x1 Δ x2 Δ xi = Ni
8
1.2 Propriedades da Integral Definida


b
i) Integral de uma função constante f ( x ) = k : k dx = k (b − a )
a

∫ ∫
b b
ii) Homogeneidade: k f ( x) dx = k f ( x) dx
a a

∫ ∫ ∫
b b b
iii) Aditividade do integrando: [ f ( x ) + g ( x )] dx = f ( x ) dx + g ( x ) dx
a a a

∫ ∫ ∫
b b b
iv) Linearidade: [ A f ( x ) + B g ( x)] dx = A f ( x ) dx + B g ( x) dx
a a a


b
v) Positividade: f ( x ) ≥ 0 ∀x ∈ [ a, b] ⇒ f ( x ) dx ≥ 0
a

∫ ∫
b b
vi) Comparabilidade: f ( x) ≤ g ( x) ∀x ∈ [ a, b] ⇒ f ( x ) dx ≤ g ( x) dx
a a

∫ ∫
b b
vii) Prop. do valor absoluto: f ( x) dx ≤ f ( x) dx ( a < b)
a a

f ( x)

viii) Aditividade do intervalo de integração:


a c b x
∫ ∫ ∫
b c b
f ( x ) dx = f ( x ) dx + f ( x ) dx
a a c

y f ( x) área hachurada =


b
ix) Teorema do Valor Médio (TVM) p/ integrais: retângulo = f ( x) dx
a
Se a função f é contínua em [ a , b ] , então existe = área do retângulo
b
f (c )
c nesse intervalo tal que ∫a f ( x) dx = f (c) (b − a) .
a c b x
= f (c) (b − a)

x) Integral de função par ou ímpar no intervalo [ − c, c ] (simétrico em relação à origem):


y
• Se a função f for par: y = f ( x) y = f ( x)
y

∫ ∫
c c
f ( x ) dx = 2 f ( x ) dx A
−c 0 A A −c
c x
• Se a função f for ímpar: −c c x A


c
c c c
f ( x) dx = 0
−c
∫ − c f ( x) dx = 2 A = 2 ∫ 0 f ( x) dx ∫ − c f ( x) dx = − A + A = 0

Essas propriedades são geometricamente óbvias. O TVM é provado no Apêndice (seç. 1.8).
9
1.3 Teorema Fundamental do Cálculo (TFC)

Até o momento, os conceitos de derivada e integral definida de uma função não apresentam
qualquer relação entre si. Parecem independentes, nada tendo a ver um com o outro, um sendo
interpretado como o coeficiente angular da reta tangente e o outro, como a área entre o eixo x e o
gráfico da função. O teorema seguinte – o tão chamado Teorema Fundamental do Cálculo –
estabelece uma profunda relação entre diferenciação e integração, além de fornecer um meio de
calcular a integral definida sem usar a soma de Riemann. Antes de prosseguir, convém fazer
umas observações e definições preliminares, começando por relembrar alguns conceitos já estu-
dados em Cálculo 1:

Uma função f ( x ) é dita contínua em [ a , b ] se for contínua em (a, b) e se for lateralmente


contínua nos extremos desse intervalo, isto é,
• lim f ( x ) = f ( x0 ) ∀ x0 ∈ (a, b) ,
x → x0

• lim+ f ( x) = f (a) e lim f ( x) = f (b) .


x→a x →b−

Teorema do valor médio (TVM):


Se f for contínua em [a,b] e derivável em (a,b) então existirá pelo menos um real c em (a,b)
tal que f (b ) − f ( a ) = f ′(c ) (b − a ) . Reveja a prova deste teorema num livro de Cálculo 1.

Teorema da derivada nula:


Uma função f contínua em [ a , b ] que tem derivada nula em (a, b) é constante naquele inter-
valo fechado.
▪ Prova: Para qualquer x ∈ ( a , b ] , temos, pelo TVM, que existe c ∈ ( a , x ) tal que
f ′(c) ( x − a) = 0 ⇒
f ( x) − f (a) = N f ( x) = f (a) . CQD.
0

Definição de primitiva ou antiderivada:


Uma função F é chamada de primitiva ou antiderivada de uma função f num intervalo aber-
to se F ′ = f nesse intervalo. Por exemplo, sen x é uma primitiva de cos x em qualquer interva-
lo aberto, pois (sen x )′ = cos x ∀x ∈ \ . Dizemos "uma" primitiva, em vez de "a" primitiva,
porque, se F é uma primitiva de f, isto é, se F ′ = f , então F + c , para qualquer constante c,
também é, pois ( F + c )′ = F ′ = f .
Observe também que uma primitiva, sendo derivável, é necessariamente uma função contí-
nua no intervalo aberto (a, b) considerado, mas não em [ a , b ] , pois nada garante que sua conti-
nuidade se estenda lateralmente aos extremos desse intervalo (pela direita de a e pela esquerda
de b, no caso de um intervalo finito). Entretanto, no que segue, toda primitiva F considerada tem
sua continuidade estendida aos extremos do intervalo (a, b) aberto onde F ′ = f , isto é, ela é
contínua em [ a , b ] .

Teorema sobre as primitivas:


Duas primitivas F e G de uma função f em (a, b) que são contínuas em [ a , b ] podem diferir
apenas por uma constante neste intervalo fechado.
▪ Prova: Como F − G é contínua em [ a , b ] e ( F − G )′ = F ′ − G ′ = f − f = 0 em (a, b) então,
pelo teorema da derivada nula, F − G é constante em [ a , b ] . CQD.
10

∫ f (t ) dty = f ( x)
y x
área = g ( x ) =
TFC-I (primeira parte): a

Se f é uma função contínua em [ a , b ] , então a função


x
definida por g ( x) ≡ ∫a f (t ) dt , além de ser contínua neste
intervalo, é uma primitiva de f em (a, b) , isto é,


x
d 0
g ′( x ) = f (t ) dt = f ( x ) ∀x ∈ ( a, b) . a x b
dx a

Além disso, g +′ (a) = f (a) e g −′ (b) = f (b) .


▪ Prova: Para x ∈ ( a , b ) , temos que
x+h x

g ′( x) = lim
g ( x + h) − g ( x )
= lim
∫a f (t ) dt − ∫ f (t ) dt
a
h→0 h h →0 h
x+h
(1)
= lim
∫x f (t ) dt (2)
= lim
f ( x∗ ) h
= f ( x) ,
h →0 h h→0 h algum x ∗
em [ x , x + h ]

donde também se conclui que, sendo diferenciável em (a, b) , g é contínua neste intervalo.
Similarmente provamos que g +′ (a ) = f (a ) e g −′ (b) = f (b) , bastando considerar limites
laterais acima. Da existência dessas derivadas laterais decorre a continuidade lateral de g em
x = a e x = b . CQD.
A passagem acima denotada por (1) é explicada pela propriedade de aditividade do intervalo
x+h x x+h
de integração: ∫a f (t ) dt = ∫ f (t ) dt + ∫
a x
f (t ) dt . Já a denotada por (2), pelo TVM p/ inte-
x+h
grais de funções contínuas: ∫x f (t ) dt = f ( x∗ ) h para algum x∗ ∈ [ x, x + h] .

TFC-II (segunda parte):


Se f e F são funções contínuas em [ a , b ] , sendo F uma primitiva de f em (a, b) , então
b
∫ a f ( x) dx = F (b) − F (a) .
x
▪ Prova: Tal qual F ( x ) , a função ∫a f (t ) dt , segundo o TFC-I, também é uma primitiva de f em
(a, b) que é contínua em [ a , b ] , valendo, portanto, de acordo com o teorema sobre as primitivas,
a seguinte equação, para alguma constante c:


x
F ( x) − f (t ) dt = c , com x ∈ [ a , b ] .
a
A substituição x = a nessa equação fornece

∫

a
F (a) − f (t ) dt = c ⇒ c = F (a) .
a
0
Usando esse resultado naquela mesma equação, agora com x = b , concluímos a demonstração:


b
f (t ) dt = F (b) − F ( a ) . CQD.
a
11
A principal vantagem do TFC-II é permitir o cálculo de uma integral definida de uma fun-
ção f que tenha uma primitiva conhecida por meio de uma simples diferença, que é corriqueira-
mente assim denotada: F (b) − F (a) ≡ F ( x)
b
a
ou [ F ( x) ] ba ; por exemplo,
1
⎡ x3 − 2 x + 2 ⎤ = [ (1)3 − 2(1) + 2 ] − [ (−1)3 − 2(−1) + 2 ] = −2 .
⎣ ⎦ −1 


1 3

Como ilustração do cálculo de integral definida usando o TFC-II, note que x3 / 3 + x é uma
primitiva de x 2 + 1 [ i.e., ( x3 / 3 + x)′ = x 2 + 1 ], ambas as funções satisfazendo as condições
desse teorema; logo,
1 1
∫ 0
( x 2 + 1) dx = ⎡⎣ x3 / 3 + x ⎤⎦ = 1 / 3 + 1 − 0 = 4 / 3 .
0

1.4 Integrais Indefinidas


Pelo exposto, é evidente que o cálculo de primitivas de funções é importante. As diversas
técnicas disponíveis para obtê-las serão estudadas no capítulo 2. Abaixo apresentamos tão so-
mente as regras básicas desse cálculo e a técnica baseada na mudança de variáveis. Sobre elas,
convém enfatizar que, se acharmos uma primitiva g de uma função f, teremos automaticamente
uma infinidade delas, a saber, todas as funções da forma g + c . Por exemplo, sendo ( x 2 / 2)′ = x ,
temos que todas as primitivas da função f ( x ) = x são dadas por g ( x) = x 2 / 2 + c . Também, se
g ( x ) é uma função tal que g ′( x ) = 0 então g ( x ) = c ( primitiva da função nula).

1.4.1 DEFINIÇÃO
(A partir de agora, a não ser que se indique o contrário, c denotará uma constante arbitrária.)
O TFC diz que se g ( x ) é uma primitiva de f ( x ) [i.e., g ′( x ) = f ( x ) ] então


x
f (t ) dt = g ( x) − g (a
) = g ( x) + c é a primitiva mais genérica de f ( x ) ,

a constante
c arbitrária

mostrando que a integral definida de f ( x ) num intervalo [a, x], de limite superior variável ou
indefinido, fornece a antiderivada mais genérica de f ( x ) . Isto sugere definirmos a integral inde-
finida de f, denotada por ∫ f ( x) dx , como segue:

∫ f ( x) dx ≡ g ( x) + c , onde g ′( x) = f ( x) .
O processo para calcular ∫ f ( x) dx , isto é, para achar a primitiva g ( x ) + c mais genérica de
f ( x ) , é chamado de integração indefinida. Por exemplo, a integral indefinida de f ( x ) = x é

∫ f ( x) dx = ∫ x dx = x
2
/2+ c.

1.4.2 REGRAS BÁSICAS DA INTEGRAÇÃO INDEFINIDA

i) ( ∫ f ( x) dx )′ = f (x) (derivada da integral de f é f )

ii)
∫ f ′( x) dx = f ( x) + c (integral da derivada de f é f + c )
12

iii)
∫α f ( x) dx = α ∫ f ( x) dx
∫ ∫ ∫
iv) [ f ( x) + g ( x)] dx = f ( x) dx + g ( x) dx (regra da adição)

∫ ∫ ∫
v) [α f ( x) + β g ( x)] dx = α f ( x) dx + β g ( x) dx (regra da linearidade)

As várias fórmulas de diferenciação fornecem, se “lidas de trás para a frente”, várias fórmu-
las de integração indefinida; por exemplo:

vi)
∫ dx = x + c
(∗) Nota:
⎧ xα +1
+ c se α ≠ −1 Se x > 0 : ( ln | x | )′ = ( ln x )′ = 1 / x

vii)
∫ xα dx = ⎨ α + 1

Se x < 0 : ( ln | x | )′ = ( ln (− x) )′ = [1 /(− x)]( −1) = 1 / x
⎩ ln x + c se α = −1 (∗)
∫ x dx = ln | x | +c
1
∴ ( ln | x | )′ = 1/ x ⇒

Exemplos: Calcule as seguintes integrais:

1)
∫ (5x + x − 7) dx =
∫ 5x dx + ∫ x dx +
∫ ( −7 ) dx = 5∫ x dx + ∫ x 1/ 2

dx − 7 dx

⎡ x1+1 ⎤ ⎡ x (1/ 2) +1 ⎤
= 5⎢ + c1 ⎥ + ⎢ + c2 ⎥ − 7 [ x + c3 ]
⎣1 + 1 ⎦ ⎣ (1 / 2 + +1 ⎦
5 2
= x 2 + x3 / 2 − 7 x + (5c1 + c2 − 7c3 )
2 3 

c
4 2 3
x + 3x + 5
∫ ∫( )
x
2) 2
dx = x 2 + 3 + 5 x −2 dx = + 3 x − 5 x −1 + c
x 3

∫ ∫ ∫
2 4/3 3 11/ 3 6 7 / 3
3) ( y 3 y + 1) dy = ( y + 1) 2 dy = ( y8 / 3 + 2 y 4 / 3 + 1) dy = y + y + y+c
11 7
4
4
1− x 4 ⎡ x1/ 2 x3/ 2 ⎤
∫ ∫ −1/ 2 1/ 2 8
4) dx = (x −x ) dx = ⎢ − ⎥ ="= −
1 x 1 ⎣1 / 2 3 / 2 ⎦ 1 3
2 1 2 1 2
5)
∫ 0
1 − x dx =
∫ 0
1 − x dx +
∫ 1
1 − x dx =
∫ 0
(1 − x) dx +
∫ 1
( x − 1) dx

)
1 2
⎡ x2 ⎤ ⎡ x2 ⎤ ⎤ ⎡2 ⎤
(
2
⎡ 1 12
= ⎢x− ⎥ + ⎢ − x ⎥ = ⎢ 1 − − 0 ⎥ + ⎢ − 2 − −1 ⎥ = 1
⎣ 2 ⎦0 ⎣ 2 ⎦1 ⎣ 2 ⎦ ⎣ 2 2 ⎦
3 1 2 3
6)
∫ 0
x 2 − 3x + 2 dx =
∫ 0
( x 2 − 3x + 2) dx +
∫ 1
(− x 2 + 3x − 2) dx +
∫ 2
( x 2 − 3x + 2) dx
1 2 3
⎡ x3 3 x 2 ⎤ ⎡ x3 3x 2 ⎤ ⎡ x3 3x 2 ⎤
=⎢ − + 2x ⎥ + ⎢ − + − 2x ⎥ + ⎢ − + 2x ⎥ = "
⎣ 3 2 ⎦0 ⎣ 3 2 ⎦1 ⎣ 3 2 ⎦2
13
1.5 Integração por Mudança de Variável Simples

1.5.1 APLICAÇÃO DA REGRA DA SUBSTITUIÇÃO


Explicaremos a integração por mudança de variável (ou por substituição) através dos se-
guintes exemplos (a sua justificativa é fornecida na seção 1.5.3 abaixo):
1 u101 ( x 2 + 5)101
∫ ∫ ∫
1 100
1) x ( x 2 + 5)100 dx = x 2
( + 5)100 x dx

N 2 = u du = + c = +c,
100 du / 2
2 101 202
u
onde u ≡ x 2 + 5 ⇒ du = 2 x dx ⇒ x dx = du / 2

1 u3 / 2
∫ ∫
1 2
2) 7 x + 2 dx = Nu du = + c = (7 x + 2)3 / 2 + c ,
7 1/ 2 7 3/ 2 21
u
onde u ≡ 7 x + 2 ⇒ du = 7 dx ⇒ dx = du / 7

x2 1 u −4
∫ ∫
1 −5 1
3) dx = u du = + c = − ( x 3 + 4) −4 + c ,
3
( x + 4) 5
3 3 −4 12
onde u ≡ x3 + 4 ⇒ du = 3 x 2 dx ⇒ x 2 dx = du / 3

∫( ) u ( −2du ) = −81 ∫ (9 − 6u + u ) u
2
3−u
4)
∫ x 2 3 − 2 x dx =
2
2 1/ 2
du

−1
8
=

(9u1/ 2 − 6u 3 / 2 + u 5 / 2 ) du =
−1 9 u 3/ 2 6 u 5 / 2 u 7 / 2
8 3/ 2

5/2
+
7/2
( )
3 3 1
= − (3 − 2 x)3 / 2 + (3 − 2 x)5 / 2 − (3 − 2 x)7 / 2 + c
4 10 28
onde u ≡ 3 − 2 x ⇒ x = (3 − u ) / 2 e du = −2 dx (⇒ dx = − du / 2)

(u − 5) du u 3/ 2 5 u1/ 2
∫ ∫ ∫
t dt 2
5) = = (u1/ 2 − 5 u −1/ 2 ) du = − + c = (t + 5)3/ 2 − 10(t + 5)1/ 2 + c
t +5 u 3/ 2 1/ 2 3
onde se fez u ≡ t + 5 ⇒ dt = du e t = u − 5

⎪⎧ du = dt / 2 t + 5 = dt / 2u ⇒ dt = 2u du
Se fizermos u ≡
t+5 ⇒ ⎨ 2 2
⎪⎩ u = t + 5 ⇒ t = u − 5
obtemos o mesmo resultado:


t dt
t+5
=

u2 − 5
u
(2u du ) = 2
u3
3 (
− 5u + c =
2
3 )
(t + 5)3 − 10 t + 5 + c

1.5.2 A REGRA DA SUBSTITUIÇÃO APLICADA A INTEGRAIS DEFINIDAS


1 1
1)
∫ 0
⎡ 1
2 ⎤
x 9 − 5 x dx = ⎢ − (9 − 5 x 2 )3/ 2 ⎥ = −
⎣ 15 ⎦0
1 3/ 2
15
1
15
(
4 − 93/ 2 = − ( 8 − 27 ) =
19
15
, )

( )
4
1
−1 4
−1 u 3 / 2
∫ ∫
2 1 3/ 2 3/ 2 19
ou x 9 − 5 x dx = u du = = 9N − 4N =
0 10 9 10 3 / 2 9
15 27 8 15

onde u ≡ 9 − 5 x 2 ⇒ du = −10 x dx ⇒ x dx = −du /10 .


14
x 0 1
Os limites de integração mudaram segundo a tabela:
u 9 4
10
t 2 dt u −1
( )
2 10 10
−1 1 1
∫ ∫ ∫
du / 3 1 −2 7
2) = = u du = = − =
1 (t 3 + 2) 2 3 u2 3 3 −3 3
3 10 3 90
t 1 2
onde se fez u ≡ t 3 + 2 ⇒ du = 3 t 2 dt ⇒ t 2 dt = du /3 e os limites mudaram assim:
u 3 10

1.5.3 JUSTIFICATIVA DA REGRA DA SUBSTITUIÇÃO

Se f e F são funções contínuas em [α , β ] , sendo F ′ = f em (α , β ) , então, pelo TFC-II,


temos que
β

∫ α
f (u ) du = F ( β ) − F (α ) .

Agora considere uma função g definida em [a, b] tal que

g (a) = α e g (b) = β ; x ∈ [a, b] ⇒ g ( x) ∈ [α , β ] ; g ′ é contínua (∗) em [a, b] .

Então, usando a regra da cadeia (tendo em conta que f = F ′ ) e o TFC-II, podemos escrever

∫ ∫
b b
f ( g ( x) ) g ′( x) dx = { F ( g ( x) )}′dx = ⎢⎣⎡ F ( g ( x) ) ⎥⎦⎤ = F ( g (b) ) − F ( g (a) ) = F ( β ) − F (α ) .
a a a

Portanto, comparando os membros esquerdos das duas equações acima, obtemos

u = g ( x) β

∫ ∫
b
f ( g ( x) ) g ′( x) dx = f (u ) du ,
a α

que é a regra de mudança da variável de integração x para a nova variável de integração u defini-
da por u = g ( x ) , por meio da qual a integral toma uma nova forma fácil de lembrar, pois resulta
da substituição formal baseada na definição g '( x) dx = du da diferencial da função u = g ( x ) . É
exatamente essa regra que é usada nos exemplos da seç. 1.5.2.
Desconsiderando os limites de integração na fórmula acima, temos a regra de mudança de
variáveis para integrais indefinidas.
__________
( ∗)
A continuidade de g ′ nos extremos de [a, b] é lateral: lim g ′( x) = g +′ (a) e lim g ′( x) = g −′ (b) .
x→a+ x →b −

1.5.4 A REGRA DA SUBSTITUIÇÃO EM INTEGRAIS DA FORMA ∫ f ( g ( x) ) k g ′( x) dx


Em integrais como essa (em que k = const.), se a função f tem uma primitiva F conhecida,
então basta fazer a substituição u = g ( x ) , donde du = g ′( x ) dx , e a integral indefinida torna-se
fácil de calcular:
15

∫ f (N
g ( x ) ) k 

u

g ′( x ) dx = k f (u ) du = kF (u ) + c = kF ( g ( x ) ) + c .
du

Exemplos:
u = 5 x2 − 3
du u 3/ 2 1 (5 x 2 − 3)3/ 2
1)
∫ 2
5 x − 3 x dx =
du = 10 x dx ∫ u =
10 3 / 2
+c=
10 3/ 2
+c

e6 u=6 x

∫ ∫
x
du 1 u 1
2) dx = eu = e + c = e6 x
+c
x du =
3 dx 3 3 3
x
u = sen (3 x 2 − x + 1)
3)
∫ (6 x − 1) sen (3x − x + 1) cos(3x − x + 1) dx
5 2 2
=
du = (6 x −1) cos(3 x 2 − x + 1) dx
6

∫ 5 u 1 6 2
= u du = + c = sen (3 x − x + 1) + c
6 6
u = sec5 x
du u 8 sec8 5 x
4)
∫ sec8 5 x tan 5 x dx = sec7 5 x sec

5 x
 tan 5 x dx

du / 5
=
du = 5sec5 x tan 5 x dx ∫ u7
5
=
40
+c =
40
+c

u = x2

∫1 + x ∫ 1 + (x ) ∫1 + u
2x 2x du
5) 4
dx = 2 2
dx = 2
= arctan u + c = arctan x 2 + c
du = 2 x dx

u ′( x ) dx = du
u′( x)
∫ ∫
1
6) dx = du = ln u ( x) + c
u ( x) u
Usando essa fórmula, é imediato o cálculo da integral de uma fração cujo numerador é a
derivada do denominador, como nesse próximo exemplo:
u′
 
cos x − x 2 (cos x − x)
∫ ∫
1 1 1
7) dx = dx = ln u + c = ln 2sen x − x 2 + c
2sen x − x 2 2 2sen x − x2

2 2
u

u = ln(3 x +1)
sen ln(3x + 1)
∫ ∫
1 1 1
8) dx = sen u du = − cos u + c = − cos ln(3x + 1) + c
3x + 1 du =
3 dx 3 3 3
3 x +1

∫ ∫1+ u
sec x tan x u = sec x du
9) dx = = arctan u + c = arctan sec x + c
1 + sec2 x du = sec x tan x dx 2

1.6 Fórmula de Leibniz da derivada de integral definida


Se f ( x ) tem a primitiva F ( x ) , então, usando o TFC-II e, em seguida, a regra da cadeia,
deduzimos a seguinte fórmula:

b( x )


d d
f (t ) dt = { F [b( x)] − F [a( x)]} = N
F ′ [b( x)] b′( x) − N
F ′ [a( x)] a′( x)
dx a( x) dx f f

= f [b( x)] b′( x) − f [a( x)] a′( x) ,


16
que é um caso particular da chamada fórmula de Leibniz da derivada de integral definida, dada
(sem demonstração) abaixo:

b( x ) b( x)
∂f
∫ ∫
d
f ( x, t ) dt = ( x, t ) dt + f [ x, b( x) ] b′( x ) − f [ x, a ( x ) ] a′( x ) .
dx a( x) a( x) ∂x

Nesta, em contraste com a fórmula anterior, a função f no integrando depende de duas variáveis:
t (a variável de integração) e x (a variável da função resultante, em relação à qual a derivada é
calculada).

Exemplos de aplicação (da primeira fórmula acima, menos genérica):

∫ ∫
x x
dt dy d dt 1
1) y = ⇒ = = ■
− 43 5 + t4 dx dx − 43 5+t 4
5 + x4


x
dy
2) y = v dv ⇒ = x ■
0 dx

x2


d
3) (5t + 7) 25 dt = (5 x 2 + 7) 25 ⋅ 2 x ■
dx 3


d 3 3
4) 3
u − 1 du = 0 − x 2 + 1 − 1 2 x = −2 x x2 ■
dx x +12

x − x2


d
5) t 3 + 1 dt = ( x − x 2 )3 + 1 (1 − 2 x) − x9 + 1 (3x 2 ) ■
dx x 3

∫ ∫
x x
d
sen t 2 dt sen t 2 dt
−x
l 'H dx −x [sen x 2 ](1) − [sen(− x) 2 ](−1)
6) lim = lim = lim
x →0 x3 x →0 3
d ( x ) / dx x →0 3x 2
2
 
1
sen x 2 + sen x 2 2sen x 2 θ = x 2 sen θ 2
= lim = lim = lim = ■
x →0 3x 2 x → 0 3x 2 3 θ →0 θ 3
17
1.7 Área de Regiões Planas

1.7.1 CÁLCULO PELA APLICAÇÃO DIRETA DE INTEGRAIS DEFINIDAS

Na figura ao lado, a área hachurada não é dada pela inte- y


A2 f ( x)
b
gral ∫ a f ( x) dx = − A1 + A2 − A3 , mas sim pela expressão a b
p q x

∫ ∫ ∫
p q b
⎡− f ( x) dx ⎤ + ⎡ f ( x) dx ⎤ + ⎡ − f ( x) dx ⎤ A1 A3
⎣⎢ a ⎦⎥ ⎢⎣ p ⎦⎥ ⎢⎣ q ⎦⎥




A1 A2 A3

y
Exemplos: 8
1) Calcule a área A desde o eixo x até o gráfico da y = f ( x) = x3
função f ( x) = x3 no intervalo de x = −1 a x = 2 .

0 2
A=−
∫ −1
x3 dx +
∫ 0
x3 dx
1
4 0 4 2 −1
x x 1 16 17 1 2
=− + = + = u.a. −1
x
4 −1
4 0
4 4 4

y
2) Idem, entre x = − 2 e x = 5 , para a função 4

y = 16 − 4 x
⎧ 2 + ( x3 / 4) ( x < 0) x3
⎪⎪ y = 2+
f ( x) = ⎨ x 2 − x − 2 (0 ≤ x < 3) 4 2

⎪⎩16 − 4 x (3 ≤ x)

x
∫ ( ) ∫ ( x − x − 2) dx +
0
x3 2
2
A= 2+ dx − −2 −1 0 2 3 4 5
−2 4 0
3 4

∫ ( x − x − 2) dx + ∫ (16 − 4x) dx −
2
2
3
y = x2 − x − 2
5


73
(16 − 4 x) dx = u.a.
4 6
−4

1.7.2 ÁREA ENTRE DOIS GRÁFICOS


x1 e x2 são as abscissas dos pontos onde
o gráf ( f ) intercepta o gráf ( g ) em [ a, b]

f ( x) g ( x) f ( x)
g ( x)

x1 g ( x) f ( x)
a x2 b x
g ( x) f ( x)
18
Na figura acima, temos que a área hachurada A é dada por

∫ ∫ ∫
x1 x2 b
A= [ f ( x) − g ( x)] dx + [ g ( x) − f ( x)] dx + [ f ( x) − g ( x)] dx .
a x1 x2

Se fizermos g ( x ) ≡ 0 , obtemos o caso já estudado na seç. 1.7.1 [agora x1 e x2 são as abs-


cissas onde o gráf ( f ) intercepta o gráf ( g ) = eixo x, pois g ( x ) ≡ 0 ]:
f ( x)

∫ ∫ ∫ f ( x) dx
x1 x2 b
A= f ( x) dx − f ( x) dx +
a x1 x2
a x1 x2 b x
y
4
Exemplos: Calcule a área A(R ) da região R :

1) R é a região entre o gráfico y = x2


de y = x + 2 e o de y = x 2 : 2

2
1
A(R ) =
−1 ∫
⎡⎣ ( x + 2) − x 2 ⎤⎦ dx = 9 u.a.
2
y=x+2

( "u.a." significa "unidade de área" ) −2 −1 0 2 x

2) R é a região limitada por y = e x , y = ln x , y = −1 , x = 0 e x = 1 .

1/ e 1 y x = 1/ e
A(R ) =
∫ 0
⎡⎣ e x − (−1) ⎤⎦ dx +
∫ 1/ e
[ e x − ln x ] dx
y = ex
e
e−1 1
=
∫ 0
(e + 1) dx +
x
∫ e−1
(e − ln x) dx
x

e−1 1 1 y = ln x
= ⎡⎣ e x + x ⎤⎦ + ⎡⎣ e x − ( x ln x − x) ⎤⎦ −1 R
0 e
−1 −1
= [ e e + e −1 − 1 ] + [ e + 1 − e e + ( e −1 ln e −1 − e −1 ) ] 0 1 x
= e −1 + e − 2e −1 = e − 1/ e u.a. −1

1.7.3 OPÇÃO DE CÁLCULO DA ÁREA POR INTEGRAÇÕES EM x OU y

Uma equação envolvendo x e/ou y representa uma


curva no plano xy. Resolvendo y em função de x (se possí- y y = f ( x) ou
vel), obtemos uma função y = f ( x ) que representa uma x = f −1 ( y )
parte da curva. Se f for inversível, esta mesma porção da β
curva pode ser representada pela função x = f −1 ( y ) . As A2
−1
integrais de f e f , contudo, têm significados distintos. α
A figura mostra que A1

∫ ∫
b
f ( x ) dx = A1 e f −1 ( y ) dy = A2 . a b x
a α
19
No cálculo de área entre gráficos de funções, há a opção de realizar as integrações na variá-
vel x ou y; estude os dois exemplos seguintes:

1) Seja R a região compreendida pelas curvas


y
y = x , xy = 1 e y = 2 . A área A(R ) é dada por y =1/ x
ou y=x
1 2
x =1/ y
2
∫ ∫
y=2
A(R ) = ( 2 − 1/ x ) dx + ( 2 − x ) dx
1/ 2 1
R
1 2
= ⎣⎡ 2 x − ln x ⎦⎤ 1/ 2 + ⎣⎡ 2 x − x 2 / 2 ⎤⎦ 1
= 3/2 − ln 2 u.a. 1
ou
2


2
A(R ) = ( y − 1/ y ) dy = ⎡⎣ y 2 /2 − ln y ⎤⎦ 1
1 1/2 1 2 x
= 2 − ln 2 − 1/2 + 0 = 3/2 − ln 2 u.a.

2) R é a região limitada por y = ln x , y = 1


e x = 1 − y2 . y y = ln x ou x = e y
1 1
∫ ∫
e
A(R ) = (1 − 1 − x ) dx + ( 1 − ln x ) dx R
0 1
1 e 0 1 e x
= ⎣⎡ x + (2/3) (1 − x)3/ 2 ⎤⎦ 0 + ⎡⎣ x − ( x ln x − x) ⎤⎦
1 −1
= 1 − 2/3 + e − 1 − 1 = e − 5/3 u.a
ou, mais facilmente, x = 1 − y 2 ou y = ± 1 − x
1 ( y = 1 − x é a parte que

1
A(R ) = ⎡⎣ e − (1 − y ) ⎤⎦ dy = ⎡⎣ e − y + y /3 ⎤⎦
y 2 y 3
delimita R )
0
0

= e − 1 + 1/3 − 1 = e − 5/3 u.a


20
1.8 Apêndice

1.8.1 PROVA DO TEOREMA DO VALOR MÉDIO PARA INTEGRAIS

Faremos uso do teorema de Weierstrass (TW) e do teorema do valor intermediário (TVI), os


quais, como verificado na aula, são bastante intuitivos (v. Cap. 5 do Vol. 1 in Guidorizzi).
Sendo a função f contínua em [a, b], ela admite, segundo o TW, um valor mínimo m e um
valor máximo M nesse intervalo, valendo então a desigualdade:

m ≤ f ( x ) ≤ M ∀x ∈ [ a , b ] .

Logo, pela propriedade da comparabilidade (seç. 1.2, vi), temos que

∫ ∫ ∫
b b b
m dx ≤ f ( x ) dx ≤ M dx ,
a a a
ou


b
m (b − a ) ≤ f ( x) dx ≤ M (b − a ) ,
a
ou ainda
b

m ≤
∫a f ( x) dx
≤ M .
b−a


k

Mas, pelo TVI, o número k indicado acima é, pela f , y


a imagem de algum c em [a, b] (v. figura ao lado), isto é, y = f ( x)
M


b
k = (b − a)−1 f ( x) dx = f (c) , f (c ) = k
a
donde, finalmente,


b
f ( x) dx = f (c) (b − a) ■ . m
a
x
a c b
21

2. TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO
2.1 Integração das Funções Trigonométricas e de tan n x
As integrais das seis funções trigonométricas são:

∫ sen x dx = − cos x + c e ∫ cos x dx = sen x + c


(cos x )′
∫ ∫ cos x ∫ cos x dx = − ln cos x + c = ln sec x + c
sen x
tan x dx = dx = −

(sen x )′
∫ ∫ sen x ∫ sen x dx = ln sen x + c = − ln csc x + c
cos x
cot x dx = dx =

sec x (sec x + tan x) sec 2 x + sec x tan x (sec x + tan x)′


∫ sec x dx =
∫ sec x + tan x
dx =
∫ sec x + tan x
dx =
∫ sec x + tan x
dx

= ln sec x + tan x + c

csc x (csc x + cot x) csc2 x + csc x cot x (csc x + cot x)′


∫ csc x dx =
∫ csc x + cot x
dx =

csc x + cot x
dx = −
csc x + cot x
dx

= − ln csc x + cot x + c = ln csc x − cot x + c

As integrais de tan n x ( n = 2, 3, 4, ") podem ser calculadas como segue:

∫ tan x dx = ∫ (sec x − 1) dx = tan x − x + c


2 2
Nota:

∫ tan n x sec 2 x dx
2
tan

x

∫ tan 3 x dx =
∫ 2
tan x (sec x − 1) dx =
∫ ∫
tan x sec2 x dx − tan x dx

∫ u du


u = tan x
2 v. acima
= n
(1/ 2) tan x du = sec2 x

∫ tan 4 x dx =
∫ tan 2 x (sec 2 x − 1) dx =
∫ ∫
tan 2 x sec 2 x dx − tan 2 x dx



=
u n +1 tan n +1 x
n +1
=
n +1
+c
(1/3) tan x 3 v. acima

∫ tan x dx = ∫ tan x (sec x − 1) dx = 


5 3 2
∫ tan x sec x dx
− ∫

3
tan x dx 2 3
, e assim por diante.

(1/ 4) tan 4 x v. acima


n
Analogamente integramos cot x :

∫ cot x dx = ∫ (csc x − 1) dx = − cot x − x + c


2 2

2
cot

x

∫ cot x dx = ∫
3 2
cot x (csc x − 1) dx =
∫ cot x


2
csc x dx − cot x dx


, e assim por diante.

− (1/ 2) cot 2 x v. acima

2.2 Integração Por Partes

2.2.1 O MÉTODO
Integrando (uv )′ = u ′v + uv ′ , obtemos uv = ∫ (u′v + uv ′) dx = ∫ u′v dx + ∫ uv ′ dx , donde

∫ u( x)v ′( x)dx = u( x)v ( x) − ∫ u′( x)v ( x)dx ,


22
ou, equivalentemente, como u ′( x ) dx = du e v ′( x ) dx = dv , que

∫ u dv = uv − ∫v du , ou
∫ p dq = pq − ∫ q dp (as letras não importam) .

O método da integração por partes de ∫ f ( x) dx consiste em usar uma das duas fórmulas
destacadas acima para – definindo adequadamente u ( x ) e v ′( x ) de modo que u ( x )v ′( x ) = f ( x )
(no caso da primeira fórmula), ou u e dv de modo que u dv = f dx (no caso da segunda fórmu-
la) – expressar ∫ f ( x) dx em termos de uma integral mais simples: a que aparece no membro
direito daquelas fórmulas. Observe:

Exemplo 1: Cálculo de ∫ x sen x dx .


A primeira fórmula com u ( x ) = x e v ′( x ) = sen x [ ⇒ u ′( x ) = 1 e v ( x ) = − cos x ] fornece

∫ Nx sen
Nx dx = N
x (−

u ( x ) v ′( x )
∫ 1 (−
cos x
) − N cos x
) dx = − x cos x + sen x + c ■
u v u′ v

A segunda fórmula com u = x e dv = sen x dx [ ⇒ du = dx e v = − cos x ] resulta no mesmo:

∫ Nx sen x dx = N


u
x (−
dv
 ∫ 
cos x
) − (−
u
N = − x cos x + sen x + c ■
cos x
) dx
v v du

x2 1 x2 x2 x2 x2
∫ ∫ ∫
1
Exemplo 2: x
NN ln x dx = ln
N x − dx = ln x − x dx = ln x − +c ■
v′ u u 2
N 2
x N
N 2 2

2 4
v u′ v ∗
⎧⎪ u = ln x ⇒ du = dx / x x2
∫ ∫
1
ou fazendo ⎨ 2
donde uv − v du = ln x − x dx
⎪⎩ dv = x dx ⇒ v = x / 2 2 2


Exemplo 3:
∫ lnNx dxN = (lnNx) (Nx) − ∫ (Nx) (1/

u dv u
x) dx = x ln x − x + c ■
v v du

2.2.2 INTEGRAÇÕES SUCESSIVAS POR PARTES

2.2.2.1 O método
A integração por partes transforma o problema de se calcular ∫ u dv no de calcular ∫v du ,
devendo esta última integral ser mais simples, mas que, às vezes, ainda precisa de outra integra-
ção por partes. Vejamos:

Exemplo 1:
e2 x e2 x 1 2 x
∫ ∫ ∫ ∫
1 2x 1 2x
x 2 eN
N
2x
x2
dx = N − x e 2 x dx ; ( ∗) x
N e
N
2x
dx = x
N 2 − e dx = xe − e .
u v′ u N2 
p q ′ p N 2 2 4
v ( ∗) q
2x


1 1 1 1
− ⎛⎜ x e 2 x − e 2 x ⎞⎟ + c = e 2 x ⎛⎜ x 2 − x + ⎞⎟ + c ■
e
∴ x 2e2 x dx = x 2
2 ⎝2 4 ⎠ 2 ⎝ 2⎠
23
Exemplo 2:

∫ ∫ ∫
⎡ x cos x) + ⎤
Nx dx = eN sen
eNx cos Nx − eN sen
Nx dx = e sen x − ⎢ eN (−
x x x

e x cos x dx ⎥
u v′ u v p q′ ⎣ p q ⎦


= e x (sen x + cos x) − e x cos x dx ⇒

∫ ∫
1 x
⇒ 2 e x cos x dx = e x (sen x + cos x ) ⇒ e x cos x dx = e (sen x + cos x ) + c ■
2

2.2.2.2 As integrais das potências positivas e ímpares de sec x


a)
∫ sec x dx = ln sec x + tan x + c (v. seç. 2.1)

v ′ sec2 x −1
P u P P u P v P
b)
∫ sec x dx = ∫
3 2

sec x sec x dx = sec x tan x −
∫ ∫
tan 2 x sec x dx = sec x tan x + sec dx − sec3 x dx

∫ ∫

3 1 1 3
⇒ 2 sec x dx = sec x tan x + sec x dx ⇒ sec x dx = sec x tan x + ln sec x + tan x + c ■
 2 2
ln sec x + tan x
2
v′ sec x −1
P u P P
c f
e∫
c) dd sec5 x dx gg =
h ∫ 3 2 3 3

sec x sec x dx = sec x tan x − 3 sec x tan 2 x dx

c f

⎣⎢
⎦⎥
 e ∫
= sec3 x tan x + 3 ⎡ sec3 x dx ⎤ − 3dd sec5 x dx gg
h

 
cd f

1 3 1 1
∴ d sec5 x dx gg = sec3 x tan x + ⎡⎢ sec x tan x + ln sec x + tan x ⎤⎥ + c ■
e h 4 4⎣2 2 ⎦

2.3 Integração de Produtos de Funções Trigonométricas


No que segue, ao se dizer que um número n é par ou ímpar, está implícito que n ≥ 0 .
2.3.1 INTEGRAIS DA FORMA ∫ sen p x cos q x dx

2.3.1.1 Caso de p ou q ímpar

Usamos a identidade sen 2 x + cos 2 x = 1 para, modificando a potência ímpar, reescrever o


integrando na forma f (cos x ) sen x ou f (sen x ) cos x e, em seguida, segundo a seç. 1.5.4, mudar
para a variável u = cos x ou u = sen x , respectivamente.

Exemplo 1:
u ≡ sen x

∫ cos3 x dx =
∫ cos 2 x cos x dx =
∫ (1 sen 2 x
) cos x dx


f (sen x )
=
du = cos x dx ∫
(1 − u 2 ) du

u3 sen 3 x
=u− + c = sen x − +c ■
3 3
24
Exemplo 2:

∫ sen 4 x cos 4x dx = ∫ sen 4 x (cos 4 x) cos 4x dx = ∫ sen


2 5 2 2 2
4 x (1 − sen 4 x )
cos 4 x dx

2

f (sen 4 x )
2 2

1 u 3 2u 5 u 7
( )
u ≡ sen 4 x

∫ ∫
du 1
= u 2 (1 − u 2 ) 2 = (u 2 − 2u 4 + u 6 ) du = − + +c
du = 4 cos 4 x dx 4 4 4 3 5 7

=
4 (
1 sen 34 x 2sen 5 4 x sen 7 4 x
3

5
+
7
+c ■ )
Exemplo 3:
f ( cos(2 x + 1) )
 
sen 3(2 x + 1) sen 2(2 x + 1) ⎡⎣ 1 − cos 2 (2 x + 1) ⎦⎤ u ≡ cos(2 x + 1)

∫ cos(2 x + 1)
dx =
∫ cos(2 x + 1)
sen(2 x + 1) dx =
∫ cos(2 x + 1)
sen(2 x + 1) dx
du
=
=−2sen(2 x + 1)
dx
2 5/ 2 1/ 2
(1 − u ) − du
∫ ∫
u u 2
+ c = [ cos (2 x + 1) ] − 2 cos(2 x + 1) + c ■
5/ 2
= (u 3/ 2 − u −1/ 2 ) du = −
u 2 5/2 1/2 5

2.3.1.2 Caso de p e q pares

Reduzimos o grau da potência pela metade, assim tornando a integral mais fácil, eliminando
sen x e cos 2 x por meio das identidades trigonométricas sen 2 x = (1 − cos 2 x) / 2 e
2

cos 2 x = (1 + cos 2 x) / 2 (∗); observe:

Exemplo 1:

∫ ∫
1 1 sen 2ax
cos 2 ax dx = (1 + cos 2ax ) dx = ⎛⎜ x + ⎞+c

2 2⎝ 2a ⎠
Exemplo 2:
2

∫ sen 4 2 x dx =
∫ (sen 2 2 x) 2 dx =
⎣⎢ 2 ∫ ⎦⎥ 4 ∫
⎡ 1 (1 − cos 4 x) ⎤ dx = 1 (1 − 2 cos 4 x + cos 2 4 x) dx

1 sen 4 x 1 ⎛ sen 8 x ⎞ ⎤
= ⎡⎢ x − + ⎜x+ ⎟ +c
4⎣ 2 2⎝ 8 ⎠ ⎥⎦
Exemplo 3:
2

∫ ∫
⎡ 1 1
4
sen kx cos kx dx = 2
(1 − cos 2kx) ⎡ (1 + cos 2kx) ⎤ dx

⎢⎣ 2 ⎥⎦ ⎢⎣ 2 ⎥⎦

∫ ∫
1 1
= (1 − 2 cos 2kx + cos 2 2kx) (1 + cos 2kx) dx = (1 − cos 2kx − cos 2 2kx + cos 3
2kx) dx


8 8 [#]

1⎡ sen 2kx 1 ⎛ sen 4kx ⎞ 1 ⎛ sen 3 2kx ⎞ ⎤


= ⎢x− − ⎜x+ ⎟+ ⎜ sen 2kx − ⎟⎥ + c ■
8⎢ 2k 2⎝ 4k ⎠ 2k ⎝ 3

⎠ ⎥
⎣ [#] ⎦
sen 3 y
( sen 3 2kx
) ( )
y ≡ 2 kx

∫ ∫
1 1 1
[#] cos3 2kx dx = cos3 y dy = sen y − = sen 2kx −
2k 
2k 3 2k 3
v. acima

⎧1 − 2sen 2 x
(∗)
Que são deduzidas a partir da identidade trigonométrica cos 2 x = cos 2 x − sen 2 x = ⎨ 2
⎩ 2 cos x − 1
25

∫ tan x secq x dx OU ∫ cot p x cscq x dx


p
2.3.2 INTEGRAIS DA FORMA

Como tan p x secq x = sen p x cos − ( p + q ) x e cot p x cscq x = sen − ( p + q ) x cos p x , então, com p ou
− ( p + q) ímpar, temos o caso já estudado na seç. 2.3.1.1. Por exemplo:
P
u
p = 3 (ímpar)
  f (cos x )
   
− du

∫ tan x sec x dx = ∫ sen x cos x dx = ∫


3 4 3 −7 2 −7
(1 − cos x) cos x sen x dx
−6 −4 6 4


u u sec x sec x
2 −7
= − (1 − u ) u du = − + +c = − +c ;
−6 −4 6 4
P u
− ( p + q ) = 3 (ímpar)
  f (sen x )
   
du

∫ tan x sec 2 −5
x dx =
∫ sen x cos x dx = ∫
2 3 2 2
sen x (1 − sen x) cos x dx
3 5 3 5

∫ 2 u u 2 sen x sen x
= u (1 − u ) du = − +c = − +c .
3 5 3 5
E, com p e − ( p + q) pares, temos o caso já estudado na seç. 2.3.1.2. Por exemplo,

∫ tan
4
2 x sec−4 2 x dx = ∫ sen 4 2 x dx e ∫ tan
4
x sec −6 x dx = ∫ sen 4 x cos 2 x dx

são os Exemplos 2 e 3 da seç. 2.3.1.2, respectivamente.


Pois bem, vejamos então alguns casos nos quais a integral em estudo não pode ser calculada
como uma integral de sen p x cos q x já considerada na seç. 2.3.1.
∫ tan
p
O método delineado abaixo para a integral x secq x dx aplica-se igualmente para a

∫ cot
p
integral x cscq x dx , bastando substituir tan por cot e sec por csc, e corrigir as diferenças
nos sinais oriundas da diferença entre as regras de diferenciação:

(tan x)′ = sec2 x e (sec x )′ = sec x tan x versus (cot x)′ = − csc2 x e (csc x )′ = − csc x cot x .

2.3.2.1 Secante com expoente par não-nulo (i.e., q = 2 k + 2 > 0 ) e p genérico

∫ tan x sec
p 2k + 2
x dx =
∫ tan x (sec x) sec x dx = ∫ 
p 2 k 2
+ tan x)
sec
tan x (1
= ∫ u (1 + u ) du
x dx

p

f (tan
Nx )
2 k 2

du
p k

u integral de potências

Exemplo 1:
1+ tan 2 x
P u = tan x u5 u7 tan 5 x tan 7 x
∫ 4 4
tan x sec x dx = 

tan x sec 2 x
sec 2 x dx 4

f (tan x )
=
du = sec 2 x ∫ u 4 (1 + u 2 ) du = + +c=
5 7 5
+
7
+c■

Exemplo 2:
(1+ tan 2 x )2
P u = tan x

∫ tan x sec x dx = 6
∫ tan 1/ 2
x sec 4
x

sec 2

f (tan x )
x dx =
du = sec2 x
u1/ 2 (1 + u 2 ) 2 du

u 3/ 2 u 7 / 2 u11/ 2 2 tan 3/ 2 x 4 tan 7 / 2 x 2 tan11/ 2 x
=
∫ (u 1/ 2
+ 2u 5/ 2
+u 9/ 2
) du = +
3/2 7/2 11/2
+ +c =
3
+
7
+
11
+c ■
26
Exemplo 3:
u = tan 7 x

∫ ∫ ∫ ∫
du
sec67 x dx = sec4 7 x sec2 7 x dx = (1 + tan

2
7 x)2
sec27 x dx
= (1 + u 2 )2
f (tan 7 x )
du = 7sec27 x 7

=
1
7 ∫ 2 4
(1 + 2u + u ) du =
1
7
u+
2u 3 u 5
3
+
5
+c = ( 7
+
21
+ )
tan 7 x 2 tan 37 x tan 57 x
35
+c ■

2.3.2.2 Tangente com expoente par e secante com expoente ímpar ( p = 2 k e q = 2l + 1 )


Nesse caso, o resultado compõe-se de integrais de potências positivas e ímpares da secante
(já calculadas na seç. 2.2.2.2); observe:

∫ ∫ ∫ ∫
k
tan 2 k x sec2l +1 x dx = (tan 2 x)k sec2l +1 x dx = (sec2 x − 1)k sec2l +1 x dx = ∑ a j (sec x)2( j + l ) +1 dx .
j =0
Por exemplo,

∫ tan x sec x dx = ∫ (tan x) sec x dx = ∫ (sec x − 1) sec x dx = ∫ (sec x − 2sec x + 1)sec x dx


4 3 2 2 3 2 2 3 4 2 3

∫ ∫ 7

= sec x dx − 2 sec x dx + sec x dx . 5 3

e o resultado final é obtido com a substituição das integrais calculadas na seç. 2.2.2.2.

2.3.3 INTEGRAIS DA FORMA ∫ sen ax cos bx dx , ∫ sen ax sen bx dx E ∫ cos ax cos bx dx


Calculamos essas integrais usando as fórmulas:
1 1
sen A cos B = sen( A + B) + sen( A − B)
2 2
1 1
sen A sen B = cos( A − B) − cos( A + B)
2 2
1 1
cos A cos B = cos( A + B) + cos( A − B)
2 2
Por exemplo:

∫ sen 3 x cos 4 x dx =

⎡1 1
⎢ 2 sen 7 x + 2 sen(


− x ) ⎥ dx =


− sen x ⎦
1 − cos 7 x
2 7
(1
+ ( cos x ) + c ■
2
)
1 − cos 6 x
∫ ∫ ∫
1
sen 2 3 x cos 4 x dx = cos 4 x dx = (cos 4 x − cos 6 x cos 4 x ) dx
2 2

∫ ∫
1 1 ⎡1 1
= cos 4 x dx − cos10 x + cos 2 x ⎤ dx
2 2 ⎣ 2 2 ⎦

=
2
(
1 sen 4 x
4
) (

1 sen10 x
4 10

4 2
) (
1 sen 2 x
+c ■ )
2.4 Integração por Substituição Trigonométrica

O cálculo da integral de uma função envolvendo uma raiz quadrada da forma

a2 − x2 , x2 + a2 ou x2 − a2
27
pode tornar-se mais simples mudando-se a variável x para a variável θ de modo que essas raízes
quadradas se transformem em expressões mais simples mediante o uso subsequente das identi-
dades trigonométricas 1 − sen 2θ = cos 2θ , 1 + tan 2θ = sec 2θ ou 1 + cot 2θ = csc2θ . Estudemos
cada um desses casos separadamente, sempre considerando a > 0 (sem perda de generalidade):

2.4.1 INTEGRAIS ENVOLVENDO a 2 − x 2 , com x ∈ [ − a , a ] .

Façamos a mudança de variável


x = a sen θ .

Podemos considerar que, ao intervalo x ∈ [ − a , a ] , corresponda o intervalo θ ∈ [ −π /2 , π /2] (va-


riação nos 4o e 1o quadrantes), onde a correspondência é biunívoca e, em particular, cos θ ≥ 0.
Logo, temos, por exemplo, que

Exemplo 1:

a π /2 π /2 π /2
⎡ θ sen 2θ ⎤ π a2

−a
2
a − x dx = 2
∫ 2 2 2
a − a sen θ a cos θ dθ = a


−π / 2 a cos 2θ = a cos θ ( ≥ 0)
2

−π / 2
2
cos θ dθ = a ⎢ +
⎣2
2
=
4 ⎥⎦ −π / 2 2

Também a mudança de variável


x = a cosθ

leva a uma simplificação equivalente. Nesse caso, considerando θ ∈ [0, π ] (1o e 2o quadrantes), a
correspondência entre x e θ é biunívoca (a x = −a corresponde θ = π , e a x = a , θ = 0 ) e, em
particular, sen θ ≥ 0 . Vejamos:

a 0 0 0 2
⎡ θ sen 2θ ⎤ π a

−a
2 2
a − x dx =
∫  2 2 2
a − a cos θ ( − a sen θ ) dθ = − a

π a sen 2θ = a sen θ ( ≥ 0)
∫ 2

π
2 2
sen θ dθ = − a ⎢ −
⎣2 4 ⎥⎦ π
=
2

Consideremos essa mesma integral, mas indefinida, com x ∈ [ − a , a ] :

Exemplo 2:

x = a sen θ  
dx
a2 ⎛ sen 2θ ⎞
∫ 2
a − x dx 2
=
∫ ∫
(a cos θ ) (a cos θ dθ ) = a 2 cos 2θ dθ =
2 ⎝
⎜θ +
2 ⎠
⎟+c
(#)
a2 ⎛ x x x2 ⎞
= ⎜ arcsen + 1− ⎟+c ■
2 ⎝ a a a2 ⎠

Essa primitiva pode obviamente ser usada para calcular novamente a integral definida no
Exemplo 1:

a
a2 ⎡ x2 ⎤ a2 ⎡ ⎤ π a2

a
2 2 x x
a − x dx = ⎢ arcsen + 1− 2 ⎥ = 
− arcsen(
⎢ arcsen1  −1)

⎥ = 2 .
−a 2 ⎣⎢ a a a ⎦⎥ − a 2 ⎢⎣ π / 2 −π / 2 ⎦⎥
28
Expliquemos a passagem indicada acima por (#), em que se retorna à variável original x:

Se x = a sen θ então θ = arcsen ( x / a ) . Além disso, qualquer função


trigonométrica de variável θ pode ser expressa em função de x, o que se
realiza facilmente por meio da figura à direita. Nela vemos um triângulo a
retângulo no qual vale a equação x = a sen θ . Como o outro cateto deve x
medir a 2 − x 2 , obtemos cos θ = a 2 − x 2 / a ( ≥ 0) . Assim, θ

sen 2θ x a2 − x2 x x2 a2 − x2
= sen θ ⋅ cos θ = ⋅ = ⋅ 1− 2 .
2 a a a a

Considere as expressões das seis funções trigonométricas em termos de x que se obtêm pela
figura acima:

sen θ = 1/ csc θ = x / a , cos θ = 1/ sec θ = a2 − x2 / a , tan θ = 1/ cot θ = x / a 2 − x 2 .

Embora só possamos construir aquele triângulo retângulo quando o lado de tamanho x não seja
negativo, isto é, quando, x = a sen θ ∈ [0, a] , o que ocorre com θ no 1o quadrante, é fácil verifi-
car que, para x ∈ [−a, 0) , isto é, com θ no 4o quadrante, as relações acimas continuam válidas,
fornecendo, também neste quadrante, os sinais das funções trigonométricas corretamente.

Exemplo 3:

a2 − x2 x = a sen θ a cos θ
∫ x2
dx =
dx = a cos θ dθ ∫ a 2 sen 2θ
a cos θ dθ =
∫ cot θ dθ = ∫ (csc θ − 1) dθ
2 2

a2 − x2 x
= − cot θ − θ + c = − − arcsen + c ■
x a

Exemplo 4:
x + 2 = sen θ cos θ dθ
∫ ∫ 

dx dx dx dx
= = = =
− x2− 4 x − 3 −[ x 2 + 4 x + 3] −[( x + 2) 2 − 1] 1 − ( x + 2) 2 dx = cos θ dθ 1 − sen θ 2

cos θ

=
∫ dθ = arcsen θ + c = arcsen ( x + 2) + c ■
Um modo mais fácil de calcular essa integral é o seguinte:

x+2 = u

∫ ∫
dx dx du
= = = arcsen u + c = arcsen ( x + 2) + c ■
− x2− 4 x − 3 1 − ( x + 2) 2 dx = du 1 − u2

2.4.2 INTEGRAIS ENVOLVENDO x 2 + a 2 , com x ∈ \ .

Façamos a transformação de variável

x = a tan θ .
29
Podemos admitir que θ ∈ ( −π /2 , π /2) (variação nos 4o e 1o quadrantes), onde a transfor-
mação é biunívoca e, em particular, secθ > 0 .

Antes de prosseguir, diga-se que, usando um triângulo retângulo co- x2 + a2


mo o da figura à direita (em que vale a mudança de variável acima) para x
calcular, em função de x, as demais funções trigonométricas, verificamos
que as expressões obtidas (v. abaixo) são válidas tanto no 1o quadrante θ
(correspondente x > 0 ) quanto no 4o (associado x < 0 ): a

tan θ = 1/ cot θ = x / a , cos θ = 1/ sec θ = a / x 2 + a 2 , sen θ = 1/ csc θ = x / x 2 + a 2 .

Em muitas integrais, essas relações aparecem com o x substituído por outra expressão de x
[e.g., 2( x − 5) no Exemplo 7 abaixo].

Exemplo 5:

π /4 π /4

∫ ∫ ∫
a
x 2 + a 2 dx = a 2 tan 2θ + a 2 a sec 2θ dθ = a 2 sec3θ dθ
−a −π / 4

−π / 4
a sec2θ = a secθ

π /4
a2 ⎡ ⎤ a2 ⎡
=
2 ⎢ sec θ tan θ + ln sec θ + tan θ ⎥ =
2 ⎣
{ 2 + ln( 2 + 1) − } { 2 (−1) + ln( 2 − 1) ⎤
⎦ }
⎣ ⎦ −π / 4

a2 ⎡ 2 +1⎤ a2
= ⎢ 2 2 + ln ⎥ = ⎡ 2 2 + ln (3 + 2 2) ⎤⎦ ■
2 ⎣ 2 −1⎦ 2 ⎣

Exemplo 6:

2+ 3 2+ 3 t = x−2 3

∫ ∫ ∫
dx dx dt
= = =
3 x2 − 4 x + 5 3 ( x − 2) 2 + 1 dt = dx 1 t2 + 1
π π /3
t = tan θ
sec 2θ dθ

3
= = ln sec θ + tan θ = ln (2 + 3) − ln( 2 + 1) ■
2
dt = sec θ
π sec θ π /4
4

Exemplo 7. Para x ∈ \ :
2( x − 5) ≡ 3tan θ
3 sec2θ
∫ ∫ ∫
dx dx 1
= = dθ = ln sec θ + tan θ + c
4 x 2 − 40 x + 109 [2( x − 5)]2 + 9 2 dx = 3sec2θ dθ 2 
3sec
θ
2
secθ

(#)
1 4 x 2 − 40 x +109 2( x −5) 1
= ln + + c = ln ⎢⎡ 4 x 2 − 40 x +109 + 2( x −5) ⎥⎤ + c′ ■
2 3 3 2 ⎣ ⎦
onde se definiu ( −1/ 2) ln 3 + c ≡ c′ .
(#)
A figura abaixo nos auxilia a realizar a passagem . O triângulo retângulo é tal que
2 ( x − 5) hipotenusa 4 x 2 − 40 x + 109
sec θ = . Concluímos que secθ = = ∀x ∈ \ .
3 cateto adjacente 5
30

[2( x − 5)]2 + 9 = 4 x 2 − 40 x + 109 2 ( x − 5)

θ
3

Uma alternativa à transformação x = a tan θ é a mudança de variável

x = a cot θ ,

admitindo que θ ∈ (0 , π ) (variação nos 1o e 2o quadrantes), onde a transformação é biunívoca e,


em particular, cscθ > 0 . Exemplo:

Exemplo 8:
π π
3 x = cot θ 2
− csc θ dθ
∫ ∫
dx 6 6
=2 = ln csc θ + cot θ = ln (2 + 3) − ln( 2 − 1) ■
−1 x2 + 1 dx =− csc θ dθ π−
π csc θ π−
π
4 4

2.4.3 INTEGRAIS ENVOLVENDO x 2 − a 2 , com x ≤ −a ou x ≥ a (i.e., x ≥ a ) .

Convém fazer a mudança de variável

x = a secθ .

Podemos considerar que, aos possíveis valores de x, x ∈ ( −∞, − a ] ∪ [ a , ∞ ) , correspondam os


valores de θ no intervalo [0, π /2) ∪ (π /2, π ] (variação nos 1o e 2o quadrantes), onde a correspon-
dência é biunívoca, ressaltando, em particular, que a função tan θ é positiva (negativa) no 1o (2o)
quadrante.

Exemplo 9:

10 π /3 π /3
( x − 5) dx x = 5sec θ (5sec θ − 5) 5sec θ tan θ dθ
∫ 5 2
2
x − 25
=
dx = 5sec θ tan θ dθ ∫ π /4 5 tan θ
=5
∫ π /4
(sec2θ − sec θ ) dθ

π /3
⎡ ⎤
= 5 ⎢ tan θ − ln sec θ + tan θ ⎥ = 5 ⎡⎣ 3 − ln(2 + 3) − 1 + ln( 2 + 1) ⎤⎦ .
⎣ ⎦ π /4

Vejamos essa mesma função integrada num intervalo de valores negativos de x. Uma vez
que os valores correspondentes de θ estão no 2o quadrante, onde a função tan θ é negativa (e,
portanto, tan 2θ = − tan θ ), esse cálculo é como segue:
31
π
−5 2 π−
( x − 5) dx x = 5secθ
(5sec θ − 5) 5sec θ tan θ dθ
∫ ∫
4
= −
−10
2
x − 25 dx = 5secθ tan θ dθ π−
π −5 tan θ
3
π π
π− π−
⎡ ⎤ 4

4
= −5 π
(sec 2θ − sec θ ) dθ = −5 ⎢ tan θ − ln sec θ + tan θ ⎥
π−
3
⎣ ⎦ π −π
3

⎡ ⎤
( ⎡
= −5 ⎢ −1 − ln − 2 − 1 − − 3 − ln −2 − 3 ⎥ = 5 ⎢ 1 + ln
⎣ ⎦ ⎣
) ⎤
2 + 1 − 3 − ln 2 + 3 ⎥ .

Nesse caso, para quem não gosta de trabalhar com ângulos fora do 1o quadrante, a mudança
para a variável positiva u = − x elimina esse incômodo:

−5 2 5 2 10
( x − 5) dx (−u − 5) (− du ) (u + 5) du
∫ ∫ ∫
u = −x
= =−
2 2
−10 x − 25 10 u − 25 5 2 u 2 − 25
π /3 π /3
u = 5secθ
(5sec θ + 5) 5sec θ tan θ dθ
=
du = 5secθ tan θ dθ

∫ π /4 5 tan θ
= −5
∫ π /4
(sec 2θ + sec θ ) dθ

π /3
⎡ ⎤
= −5 ⎢ tan θ + ln sec θ + tan θ ⎥ = −5 ⎡⎣ 3 + ln(2 + 3) − 1 − ln( 2 + 1) ⎤⎦ .
⎣ ⎦ π /4

Passemos agora a considerar integrais indefinidas. No cálculo delas, não sabendo se os valo-
res da função secθ estão no intervalo [1, ∞ ) ou ( −∞, −1] , isto é, se θ varia no 1o ou no 2o qua-
drante, respectivamente, devemos ter o cuidado de escrever tan 2θ = ± tan θ , em que o sinal
"+" deve ser usado se tan θ ≥ 0 (isto é, se θ for do 1o quadrante, onde secθ ≥ 1 ), e o sinal "−"
deve ser usado se tan θ ≤ 0 (isto é, se θ for do 2o quadrante, onde secθ ≥ −1 ).

Tendo em conta esse uso dos sinais "+" e "−" , e tendo em x


mente os sinais das diversas funções trigonométricas no 2o qua- x2 − a2
drante, por meio do triângulo retângulo à direito, que satisfaz a
θ
mudança de variável em estudo, x = a secθ , obtemos rapida-
mente as seguintes expressões para elas em termos de x : a

sec θ = 1/ cos θ = x / a , tan θ = 1/ cot θ = ± x2 − a2 , csc θ = 1/ sen θ = ± x / x 2 − a 2 .

Mais uma vez ressalte-se que, em muitas integrais, essas relações aparecem com o x substi-
tuído por outra expressão de x [por exemplo: 2( x − 3) no Exemplo 12 a seguir].

Exemplo 10:
x = secθ
x2 − 1 ± tan θ
∫ x
dx =
∫ secθ sec θ tan θ dθ = ±
∫ tan θ dθ = ± ∫ (sec θ − 1) dθ
2 2

(
= ± (tan θ − θ ) = ± ± x 2 − 1 − arcsec x + c )
= x 2 − 1 − (± ) arcsec x [ "+" se x ≥ 1 e "−" se x ≤ −1 ] ■
32
Exemplo 11:
x +1 = secθ
sec θ tan θ dθ sec θ cos θ
∫ ∫ { ⎡ ( x + 1) − 1⎤ } ∫ ∫ ∫
dx dx
= = = ± dθ = ± dθ
[2 x + x 2 ]3/ 2 2 1/ 2 3 { ± tan θ }3 tan 2θ sen 2θ
⎣ ⎦
u = sen θ
−1 −1 x +1

du
= ± =± +c =± +c =− ( x < −2 ou x > 0) ■
u 2
u sen θ 2 x + x2

Nesse caso, "+" se secθ = x +1 > 1 (θ no 1o quadrante) e "−" se secθ = x + 1 < −1 (θ no 2o quad.).
Logo, pela figura à direita, tendo em conta que a função
cscθ é positiva em ambos 1o e 2o quad. (nos quais o sinal x +1
2x + x2 ( x + 1) 2 − 1
de x + 1 são opostos), deduzimos que sen θ = ± .
x +1 θ = 2 x + x2
1
Uma alternativa à mudança x = a secθ é a realização da transformação de variável
x = a cscθ ,
considerando que, aos valores de x no intervalo ( −∞, − a ] ∪ [ a, ∞ ) , correspondam os valores de θ
no intervalo [ −π /2, 0) ∪ (0, π /2] (variação nos 4o e 1o quadrantes), onde a correspondência é
biunívoca, ressaltando, em particular, que a função cot θ é positiva (negativa) no 1o (4o) qua-
drante. Vamos ilustrar o uso dessa transformação refazendo a primeira integral definida no
Exemplo 9:

Exemplo 12. Cálculo da primitiva F ( x ) de 1 / 4 x 2 − 24 x + 11 :


2( x − 3) = 5secθ
sec θ tan θ dθ
∫ ∫ ∫
dx dx 1
F ( x) = = =
2
4 x − 24 x + 11 2
[2( x − 3)] − 25 2 dx = 5secθ tan θ dθ 2 5 tan 2θ


± tan θ
(#) 1 2( x − 3) 4 x 2 − 24 x + 11

1
=± sec θ dθ = ± ln sec θ + tan θ + c = ± ln ± +c ,
2 2 5 5
1 11 1
= ± ln 2( x − 3) ± 4 x 2 − 24 x + 11 + c ⎛⎜ "+" se x > e "−" se x < ⎞⎟ ■
2 ⎝ 2 2⎠
(#)
onde se fez (1/ 2) (− ln 5) + c ≡ c1 . A passagem é efetuada com a ajuda da figura abaixo, um
2 ( x − 3) 4 x 2 − 24 x + 11
triângulo retângulo no qual sec θ = e tan θ = .
5 5

2 ( x − 3)
[2( x − 3)]2 − 25 = 4 x 2 − 24 x + 11
θ
5

Para entender o uso dos sinais, note que o sinal "+" deve ser empregado se
sec θ = 2( x − 3) / 5 > 1 , isto é, para x > 11/ 2 , e o sinal ("−"), se sec θ = 2( x − 3) / 5 < −1 , isto é,
33
para x < 1/ 2 . [É fácil constatar que ( −∞ ,1/ 2) ∪ (11/ 2, ∞ ) é o domínio da função no integrando,
obtido exigindo-se que 4 x 2 − 24 x + 11 > 0 .]

Exemplo13:

10 π /6 π /6
( x − 5) dx x = 5cscθ (5csc θ − 5)(−5csc θ cot θ dθ )
∫ 5 2
2
x − 25
=
∫ π /4 25cot θ


2
=5
∫ π /4
(− csc 2θ + csc θ cot θ ) dθ

cot θ
π /6
⎡ ⎤
= 5 ⎢ cot θ − ln csc θ + cot θ ⎥ = 5 ⎡⎣ 3 − ln(2 + 3) − 1 + ln( 2 + 1) ⎤⎦ .
⎣ ⎦ π /4

2.5 Integração de Funções Racionais por Frações Parciais


Queremos aqui integrar funções racionais, isto é, quocientes de polinômios, P ( x ) / Q ( x )
[ Q( x) ≡ 0 ] .
O método a ser exposto aplica-se a funções racionais em que o grau do polinômio no nume-
rador é menor do que o grau do polinômio no denominador. Se este não for o caso, isto é, se
gr P ( x ) ≥ gr Q ( x ) , então, antes, dividimos P ( x ) por Q ( x ) , obtendo P ( x ) = f ( x ) Q ( x ) + R ( x )
[onde f ( x ) e R ( x ) são polinômios e gr R ( x ) < gr P ( x ) ], e escrevemos

f ( x) Q ( x) + R( x)
∫ ∫ ∫
P( x) R( x) P( x) R( x)
= = f ( x) + ⇒ dx = f ( x) dx + dx .
Q( x) Q( x) Q( x) Q( x) 
Q( x)
integral de
um polinômio

Essa equação mostra que a integral da função racional original pode ser expressa como sendo a
soma da integral de um polinômio com a integral de uma função racional à qual o método se
aplica, pois o numerador, R ( x ) , é um polinômio de grau menor que o grau do polinômio no de-
nominador, Q ( x ) .
É necessário também tomar a forma irredutível da função racional, bastando, se for o caso,
cancelar os fatores comuns no numerador e denominador.
Pois bem, a ideia é expandir P ( x ) / Q ( x ) numa soma de frações mais simples, chamadas
frações parciais da função racional P(x)/Q(x). A decomposição de Q ( x ) em fatores irredutíveis
pode apresentar fatores lineares ( ax + b ) , quadráticos (ax 2 + bx + c) ou de maior grau. Conside-
raremos apenas polinômios Q ( x ) cuja decomposição não apresente fatores irredutíveis de grau
maior que dois.

2.5.1 DENOMINADOR COM FATORES LINEARES DISTINTOS

Note que
5x − 4 2 3
= + ;
( x − 2) ( x + 1) x − 2 x + 1
logo,
5x − 4
∫ ∫ ∫
2 3
dx = dx + dx = 2 ln x − 2 + 3ln x + 1 + c .
( x − 2) ( x + 1) x−2 x +1
34
5x − 4
Portanto, integrar é fácil desde que conheçamos sua decomposição na soma
( x − 2) ( x + 1)
2 3
das frações parciais (de denominadores lineares, no caso) e . Abaixo mostramos dois
x − 2 x +1
modos de obter tal decomposição:

2.5.1.1 O método de igualar coeficientes

5x − 4 A B A( x + 1) + B( x − 2) ( A + B) x + ( A − 2 B)
≡ + = =
( x − 2) ( x + 1) x − 2 x + 1 ( x − 2) ( x + 1) ( x − 2) ( x + 1)

⎧A+ B = 5 ⎧A = 2 5x − 4 2 3
∴⎨ ⇒ ⎨ ∴ = +
⎩ A − 2 B = −4 ⎩B = 3 ( x − 2) ( x + 1) x − 2 x + 1

2.5.1.2 O método de substituição

5x − 4 A B × ( x − 2) ⎡ 5x − 4 B ( x − 2) ⎤
≡ + ⎯⎯⎯⎯ → ⎢ = A+ → A=2
( x − 2) ( x + 1) x − 2 x + 1 + 1

⎣  x + 1
⎥⎦
 x x=2
10 − 4 0
2 +1

× ( x +1) ⎡ 5 x − 4 A( x + 1) ⎤
⎯⎯⎯⎯ → ⎢ = +B⎥ → B=3
− 2

⎣  x − 2

x ⎦ x = −1
−9 0
−3

Note que podemos escrever diretamente:


⎡ 5x − 4 ⎤ ⎡ 5x − 4 ⎤
A=⎢ =2 e B=⎢ =3 .
⎣ x + 1 ⎥⎦ x = 2 ⎣ x − 2 ⎥⎦ x =−1

Exemplo 1:
3x − 5
∫ ∫ ∫
1 dx 8 dx 1 8
dx = + = ln x − 2 + ln x + 1 + c
2
x −x−2 3 x−2 3 x +1 3 3
pois
⎧ 3x − 5 1
⎪A = x +1
=
3
3x − 5 A B p/ subst. ⎪ x=2
= + ⎯⎯⎯⎯ → ⎨
2
x −x−2

x − 2 x +1 ⎪B = 3x − 5 8
=
( x − 2)( x +1) ⎪⎩ x−2 x =−1 3

Exemplo 2:

5 x5 − 13 x 4 − 30 x3 + 19 x 2 − 58 x − 16 3 x 2 − 26 x − 16
I ≡
∫ x3 − 2 x 2 − 8 x
dx =
∫ (5 x 2 − 3 x + 4) dx +
∫ x3 − 2 x 2 − 8 x
dx ,

onde dividimos os polinômios como segue:


35

5 x5 − 13 x 4 − 30 x3 + 19 x 2 − 58 x − 16 x3 − 2 x 2 − 8 x
−5 x5 + 10 x 4 + 40 x3 5 x 2 − 3x + 4

− 3 x 4 + 10 x3 + 19 x 2 − 58 x − 16
3x 4 − 6 x3 − 24 x 2
4 x3 − 5 x 2 − 58 x − 16
−4 x3 + 8 x 2 + 32 x
3 x 2 − 26 x − 16
Mas
⎧ 3x 2 − 26 x − 16 −16
⎪A = = =2
⎪ ( x − 4)( x + 2) x =0
−8

3x 2 − 26 x − 16 A B C p/ subst. ⎪ 3x 2 − 26 x − 16 −72
= + + ⎯⎯⎯⎯ → ⎨B = = = −3
3
x − 2

2
x − 8 x
x x−4 x+2 ⎪ x( x + 2) x=4
24
x ( x − 4)( x + 2) ⎪ 2
⎪C = 3x − 26 x − 16 48
= =4
⎪ x( x − 4) 12
⎩ x =−2

Logo,
5 x3 3x 2
I =
3

2
+ 4x +
∫ ⎛ 2 − 3 + 4 ⎞ dx

⎝ x x−4 x+2⎠

5 x3 3x 2
= − + 4 x + 2 ln x − 3ln x − 4 + 4 ln x + 2 + c ■
3 2

2.5.2 DENOMINADOR COM FATORES LINEARES REPETIDOS

Tratamos agora de denominador como, por exemplo, ( x − 1)3 (3x − 2) 2 ( x + 1) .

Método: A cada fator da forma (ax + b) k (k ≥ 2) deve corresponder uma


soma de k frações parciais:
A1 A2 A3 Ak
+ + +"+ ,
ax + b (ax + b) 2
(ax + b) 3
(ax + b) k
onde A1 , A2 , A3 , " , Ak são constantes a serem determinadas. Isto deve
ser feito para cada fator do denominador. Fatores que não se repetem são
tratados como antes.

Exemplo 1:
3x 2 + 4 x + 2 A B1 B2
= + +
x ( x + 1) 2 x x + 1 ( x + 1) 2

O método de substituição funciona na determinação de A e B2 :


36

3x2 + 4 x + 2
A= =2 [multiplicou-se a equação acima por x e substituiu-se x por 0]
( x + 1) 2 x =0

3x 2 + 4 x + 2
B2 = = −1 [multiplicou-se por ( x + 1) 2 e substituiu-se x por −1 ]
x x =−1

Mas para determinar B1 , o método de igualar coeficientes deve ser usado:

P2 −1
P
3 x + 4 x + 2 A ( x + 1) + B1 x( x + 1) + B2 x (2 + B1 ) x 2 + (3 + B1 ) x + 2
2 2
= =
x( x + 1) 2 x( x + 1) 2 x( x + 1) 2

⎧ 2 + B1 = 3 3x 2 + 4 x + 2 2 1 1
∴⎨ ⇒ B1 = 1 ∴ = + −
⎩ 3 + B1 = 4 x x + 1 ( x + 1) 2
2
x ( x + 1)

Logo,
3x 2 + 4 x + 2

1
= 2 ln x + ln x + 1 + +c ■
x ( x + 1) 2
x +1

Exemplo 2:
3
3x − 2 3x − 2 3x − 2

A A B
I = dx ; = 2 = 1 + 22 +
2 x3 − x 2 3
x −x 2
x ( x − 1) x x x −1

Pelo método de substituição, obtemos

3x − 2 3x − 2
A2 = =2 e B= =1
x −1 x=0 x2 x =1

Já, pelo método de igualar coeficientes,

3 x − 2 = A1 x ( x − 1) + N B x2 = (N
A2 ( x − 1) + N A1 + 1) x 2 + ( − A1 + 2) x − 2 ⇒

A1 = −1
2 1 0 3
Logo,
3 3
⎛ −1 + 2 + 1 ⎞ dx = ⎡ − ln x − 2 + ln x − 1 ⎤
I =
∫ ⎜
2 ⎝ x x2 x − 1 ⎠
⎟ ⎢⎣ x ⎥⎦ 2
2 4 1
= − ln 3 − + ln 2 − ( − ln 2 − 1 + ln1 ) = ln + ■
3 3 3

2.5.3 DENOMINADOR COM FATORES QUADRÁTICOS IRREDUTÍVEIS

Abaixo o fator quadrático ax2 + bx + c considerado é irredutível, isto é, tal que


b 2 − 4ac < 0.
37

Método: A cada fator quadrático irredutível ax2 + bx + c que não se re-


pete deve corresponder uma fração parcial da forma
Ax + b
2
,
ax + bx + c

e a cada fator quadrático irredutível repetido k vezes (ax 2 + bx + c) k deve


corresponder uma soma de k frações parciais:
A1 x + B1 A2 x + B2 Ak x + Bk
2
+ 2 2
+"+ .
ax + bx + c ( ax + bx + c ) ( ax 2 + bx + c ) k

Exemplo 1:
8 x 2 + 3x + 20 8 x 2 + 3 x + 20 Ax + B C
= = 2 +
x3 + x 2 + 4 x + 4


2
( x + 4)( x + 1) x + 4 x +1
x 2 ( x +1) + 4( x +1) = ( x 2 + 4)( x +1)

8 x 2 + 3 x + 20
Determinamos C pelo mét. de subst.: C = =5
x2 + 4 x =−1

Determinamos A e B pelo mét. de igualar coef.:

8 x 2 + 3x + 20 = ( Ax + B)( x + 1) + C ( x 2 + 4) = ( N
A + 5) x 2 + ( N
A + B) x + (  + 20)
B
⇒ A = 3 e B = 0.
8 3 20
Logo,

8 x 2 + 3 x + 20
∫ ∫ ∫
3x 5 3
dx = dx + dx = ln x 2 + 4 + 5ln x + 1 + c ■
x3 + x 2 + 4 x + 4 2
x +4 x +1 2

Exemplo 2:
3 x3 + 11x − 16 Ax + B Cx + D
2 2
= 2 + 2
( x + 1)( x + 4 x + 13) x + 1 x + 4 x + 13
↑ ↑
irredutíveis

3x3 + 11x − 16 = ( Ax + B)( x 2 + 4 x + 13) + (Cx + D)( x 2 + 1) ⎫ ⎧A =1


⎪ ⎪ B = −1
A + C ) x3 + (4
= (N A + B + D
) x 2 + (13 A + 4 B + C
) x + (13 +D ⎬ ⇒ ⎨C = 2
  B

) ⎪ ⎪ D = −3
3 0 11 −16 ⎭ ⎩

Logo,
38
+ 4 − 7
x 
2
3
3x + 11x − 16 x −1 2x − 3
∫ (x 2
+ 1)( x 2 + 4 x + 13)
dx =
∫x 2
+1
dx +
∫x 2
+ 4 x + 13
dx

( ∗)
 
2x + 4
∫ ∫ ∫ ∫
x 1 dx
= 2
dx − 2
dx + 2
dx − 7 2
x +1 x +1 x + 4 x + 13 x + 4 x + 13

1 7 x+2
= ln( x 2 + 1) − arctan x + ln( x 2 + 4 x + 13) − arctan +c ■
2 3 3

x+2 ⎞
∫ x + 4x +13 = ∫ 9 + ( x + 2) ∫1+ ⎛ x+2 ⎞ ∫
1 1 1 1
= arctan u = arctan ⎛⎜
dx dx dx du
(∗) = = ⎟
2 2
9 2
3 1+ u 2
3 3 ⎝ 3 ⎠
⎜N3 ⎟
⎝ u ⎠

Exemplo 3:
x3 + x + 2 A Bx + C Dx + E 2 2x − 1 2x
2 2
= + 2 + 2 2
= − 2 − 2
x ( x + 1) x x + 1 ( x + 1) x x + 1 ( x + 1)2
pois, pelo método de substituição, temos que

x3 + x + 2
A= =2
( x 2 + 1) 2 x=0

e, pelo método de igualar coeficientes, que


⎧ B = −2
x3 + x + 2 = A( x 2 + 1) 2 + x ( x 2 + 1)( Bx + C ) + x ( Dx + E ) ⎪⎫ ⎪C = 1
4 3 2
⎬ ⇒ ⎨ D = −2
= (2 + B) x + Cx + (4 + B + D) x + (C + E ) x + 2 ⎪⎭ ⎪E = 0

Logo,
( ∗)
 
3
x +x+2
∫ ∫ ∫ ∫ ∫
2 2x dx 2x
dx = dx − dx + − dx
x ( x 2 + 1) 2 x 2
x +1 2
x +1 ( x + 1)2
2

1
= 2 ln x − ln( x 2 + 1) + arctan x + 2
+c ■
x +1
t ≡ x 2 +1

∫ ∫
2x dt 1 1
(∗) dx = = = 2
( x + 1)2
2 dt = 2 x dx t 2
t x +1

Exemplo 4:
x 5 − 2 x 4 + 2 x 3 + x − 2 A B Cx + D Ex + G
= + + +
x 2 ( x 2 + 1) 2 x x2 x 2 + 1 ( x 2 + 1) 2
Determinamos, pelo mét. de subst.,
x5 − 2 x 4 + 2 x3+ x − 2
B= = −2
( x 2 + 1) 2 x =0
e, pelo mét. de igualar coef., as demais constantes:
39

⎫ ⎧C = 0
5 4 3 ⎪ ⎪D = 0
x − 2x + 2x + x − 2 = ⎪
⎪ ⎪⎪
2 2 2 2 2 2 2
Ax( x + 1) + N B ( x + 1) + (Cx + D ) x ( x + 1) + ( Ex + G ) x ⎬ ⇒ ⎨E = 0
−2 ⎪ ⎪G = 4
= (N 5
A + C ) x + (N 4
D − 2) x + (2 3
A + C + E
) x + ( 
2
Ax − 2⎪
D + G − 4) x + N ⎪
⎪ ⎪⎩ A = 1
1 −2 2 `0 1 ⎭

Logo,

x5 − 2 x 4 + 2 x3 + x − 2
∫ ∫ ⎡1 − 2 + 4 ⎤ dx = ln x + 2 + 2 ⎛⎜ arctan x + x ⎞⎟ + c
dx = ⎢⎣ x x 2 ( x 2 + 1) 2 ⎥⎦
x 2 ( x 2 + 1) 2 x ⎝ x2 + 1 ⎠

O último termo no integrando foi assim integrado:

x = tan θ sec2θ dθ
∫ ∫ ∫ cos θ dθ
dx 2
=2 =
( x + 1)2
2
dx = sec θ dθ sec4θ
θ cos

2sen θ
=
θ
2
+
sen 2θ
4
1
= ( θ + sen θ cos θ ) =
2
1
2
arctan x + 2
x
x +1
( )
onde, para expressar sen θ e cosθ em função de x, fizemos uso da figura abaixo:

⎫ ⎧ x
x2 + 1 ⎪ ⎪ sen θ =
⎪ ⎪ x2 + 1
x ⎬⇒ ⎨
⎪ ⎪ cos θ = 1
θ ⎪⎭ ⎪⎩ x2 + 1
1

Observação:
Considere os seguintes cálculos da integral indefinida de 1 / ( x 2 − a 2 ) (a > 0) :

x = a secθ
a sec θ tan θ dθ 1 x+a
∫ ∫ ∫
dx 1 1
= = csc θ dθ = − ln csc θ + cot θ = − ln .
x − a2
2 2
a tan θ2
a a a x2 − a2

x = a sen θ
a cos θ dθ a+x
∫ ∫ ∫
dx 1 1 1
= = − sec θ dθ = − ln sec θ + tan θ = − ln .
x2 − a2 − a 2 cos 2θ a a a a2 − x2

∫ ∫ ∫
1 ⎛ 1 − 1 ⎞ dx = 1 ln x − a − ln x + a
dx
x − a2
2
=
dx
=
( x − a ) ( x + a ) 2a
⎜ ⎟
⎝ x−a x+a ⎠ 2a
( ).

Note que o primeiro resultado vale para x = a sec θ ∈ ( −∞, − a ] ∪ [ a , ∞ ) , isto é, se x ≤ −a


ou x ≥ a ; o segundo, para x = a sen θ ∈ [ − a , a ] , e o terceiro é mais genérico, podendo ser em-
pregado em qualquer intervalo de integração que não tenha os pontos x = a ou x = −a . Essa
40
observação ressalta o fato de que, ao se mudar a variável no cálculo de uma integral, o intervalo
de integração no qual a primitiva obtida é válida pode ter sido restringido.
Na seç. 2.6 que segue, estudamos a integral mais complicada que pode surgir na aplicação
do método de integração por frações parciais que foi considerada (sem a repetição de fatores
irredutíveis de grau maior que dois).

Ax + B
2.6 Integral de 2 γ
(com b 2 − 4ac < 0)
(ax + bx + c )

Se Ax + B for igual a uma constante k vezes a derivada de ax 2 + bx + c , então, definindo


u ≡ ax 2 + bx + c , temos que Ax + B = k u ′ e, portanto, que

Pdu ⎧ u −γ +1 k (ax 2 + bx + c) −γ +1
Ax + B k u ′dx ⎪⎪ k + C = + C (γ ≠ 1)
∫ (ax 2
+ bx + c)γ
dx =
∫ uγ
= k u

−γ
du = ⎨ −γ + 1 ( −γ + 1)
⎪ k ln u = k ln ax 2 + bx + c + C (γ = 1)
⎪⎩

Por outro lado, se Ax + B não for uma constante vezes a derivada de ax 2 + bx + c , come-
çamos por completar o quadrado neste trinômio e prosseguimos como mostra o exemplo abaixo.

12 x − 13
Calculemos I =
∫ (3x − 24 x + 55) 2
2
dx :

12 x − 13 12 x − 13 x−4 = t 12(t + 4) − 13
I =
∫ (3 x − 24 x + 55) 2
2
dx =
∫ x − 4) 2 + 7] 2
[3( N
dx =
dx = dt ∫ [3t 2 + 7] 2
dt
t

∫ ∫
t dt dt
= 12 2 2
+ 35 2 2
= 12 J + 35 K .
[3t + 7]

[3t +

7]
J K

Cálculo de J:

u = 3t 2 + 7
−1
∫ ∫
t dt 1 du 1
J = = =− = .
[3t + 7] 2
2
du = 6t dt 6 u 2
6u 2
6 (3x − 24 x + 55)

Cálculo de K:

3 t = 7 tan θ 7/3 sec 2θ dθ


∫ ∫ ∫ cos θ dθ
dt 1 7 2
K= = =
t + 7] 2
[ 3N2
3 dt = 7 sec2θ dθ
2
[7 sec θ ] 2
72 3
2
7 tan θ

1 7 ⎛ θ sen 2θ ⎞ 1 7
= ⎜ + ⎟= (θ + sen θ cos θ )
72 3⎝ 2 4 ⎠ 2 ⋅ 72 3

1 7 ⎧⎪ ⎡ 3 ⎤ 21 ( x − 4) ⎫⎪
= ⎨ arctan ⎢ ( x − 4) ⎥ + 2 ⎬ ,
2 ⋅ 72 3 ⎪⎩ ⎣ 7 ⎦ 3 x − 24 x + 55 ⎪⎭
41
onde sen θ e cos θ em função de x foram deduzidos com o auxílio da figura abaixo. Logo,

 
J 
K 
−1 1 7 ⎪⎧ ⎡ 3 ⎤ 21 ( x − 4) ⎪⎫
I = 12 ⋅ 2
+ 35 ⋅ 2 ⎨ arctan ⎢ ( x − 4) ⎥ + 2 ⎬ + C
6 (3 x − 24 x + 55) 2⋅7 3 ⎩⎪ ⎣ 7 ⎦ 3 x − 24 x + 55 ⎭⎪
35 7
−2 + ⋅ 21 ( x − 4)
2⋅7 2
3 35 7 ⎡ 3 ⎤
= 2
+ arctan ⎢ ( x − 4) ⎥ + C
3x − 24 x + 55 2 ⋅ 72
3 ⎣ 7 ⎦
5 x − 24 5 ⎡ 3 ⎤
= 2
+ arctan ⎢ ( x − 4) ⎥ + C .
3x − 24 x + 55 2 21 ⎣ 7 ⎦

3( x − 4) 2 + 7 = 3 x 2 − 24 x + 55 3 ( x − 4)
sen θ =
3 ( x − 4) 3 x 2 − 24 x + 55
θ cos θ =
7
2
7 3 x − 24 x + 55

Observação: No título desta seção especifica-se que b 2 − 4ac < 0 (trinômio irredutível em
\ ), mas nada impede a aplicação da técnica explicada quando (ax 2 + bx + c)γ tem zeros reais e
γ é um racional não-inteiro (se γ for inteiro, a integral pode ser efetuada diretamente ou por fra-


x dx
ções parciais). Como exemplo, calculemos I = , em que o primeiro passo
(−5 − 6 x − x 2 )3/ 2
consiste em completar o quadrado:
(t − 3) dt
∫ ⎡⎣ 4 − ( x + 3) ⎤⎦ ∫[4 − t
x dx x +3 = t
I= = =J+K
2 3/ 2
2 ] 3/ 2
− du
∫[4 − t ∫
t dt u = 4−t 2 1
J = = = u −1/ 2 =
2 ]
3/ 2 du = − 2t dt
2u 3/ 2
−5 − 6 x − x 2
t = 2sen θ
−3 dt −3(2 cos θ dθ ) x+3
∫( ∫ ∫
3 3 3
K= = =− sec2θ dθ = − tan θ = − .
) ( 2 cos θ )
3 3
2 4 4 4 −5 − 6 x − x 2
4−t
1 3 x+3 −5 − 3 x
∴I = − +c = +c ■
−5 − 6 x − x 2 4 −5 − 6 x − x 2
4 −5 − 6 x − x 2

2
t = x+3 x+3
⇒ tan θ =
θ −5 − 6 x − x 2

4 − t2 = −5 − 6 x − x 2
42
2.7 Substituições Diversas

2.7.1 RAÍZES N-ÉSIMAS

Exemplo 1:
u≡ x

∫ ∫ ∫
∴ x =u2 1
2u du = 2 ⎛⎜ 1 − ⎞ du = 2 u − arctan u + c
x u
dx = ⎟ ( )
1+ x dx = 2u du 1+ u 2
⎝ 1 + u2 ⎠
= 2 x − 2 arctan x + c ■

Exemplo 2:
u≡ x+4
∴ x =u2 − 4
x+4 u2
∫ ∫ ∫ ∫
4 ⎞
du = 2 ⎛⎜ 1 + 2
u
dx = 2u du = 2 ⎟ du
x dx = 2u du 2
u −4 2
u −4 ⎝ u −4⎠

⎡ ⎤
∫ ∫
4 1 1 ⎞
= 2 ⎢1 + ⎥ du = 2 ⎛⎜ 1 + − ⎟ du = 2 ( u + ln u − 2 − ln u + 2 ) + c
⎣ (u − 2)(u + 2) ⎦ ⎝ u−2 u+2⎠

= 2 x + 4 + 2ln x + 4 − 2 − 2ln x+4 +2 +c ■

Note que devemos ter x ≠ 0 em x + 4 / x , o que garante que u ≠ 2 .

Exemplo 3:

3u 2 du ⎧ x = u3
∫ ∫ ∫
dx 1 ⎤
= = 3 ⎡⎢ (u − 1) + du u= 3
x ⇒ ⎨
u + 1 ⎥⎦
2
1+ 3 x 1+ u ⎣ ⎩ dx = 3u du

=3 ( u2
2 )
− u + 3ln u + 1 + c u2
2
u +1
3 −u − u u −1 u2 1
= x 2/3 − 3x1/3 + 3ln x1/3 + 1 + c ■ −u ∴ = (u − 1) +
2 1+ u u +1
u +1
1

Exemplo 4:

⎪⎧ x = u − 1
2 3
x3 dx (u 3 − 1) u 2 du 3
∫ ∫ ∫
3 3
= = (u 4 − u ) du = u= x2 + 1 ⇒ ⎨
3
x2 + 1 2 u 2 2
⎪⎩ 2 x dx = 3u du

2 5(
3 u5 u 2

2
3
) 3
+ c = ( x 2 + 1)5/3 − ( x 2 + 1) 2/3 + c ■
10 4
3
x3 dx = x 2 ( x dx) = (u 3 − 1) u 2 du
2

Exemplo 5:

∫(u )
( ∗)
6 u 5 du u 3du
∫ ∫ ∫
dx 2 1
= = 6 =6 + u +1+ du
x−3 x u3 − u 2 u −1 u −1

=6
u3 u 2
3
+
2 ( )
+ u + ln u − 1 + c = 2 x1/ 2 + 3x1/3 + 6 x1/ 6 + 6 ln x1/ 6 − 1 + c ■

⎧⎪ dx = 6 u 5 dx
Passagem (∗) : u = x [ 6 = mmc(2,3) ] ⇒ x = u ⇒ ⎨
6 6
1/ 2 3 1/3 2
⎪⎩ x = u e x = u
43
Exemplo 6:

∫(u )
( ∗) 12 u11du u 8 du
∫ ∫ ∫
dx 7 1
= = 12 = 12 − u6 + u5 − u 4 + u3 − u 2 + u − 1 + du
3
x+4x u 4 + u3 u +1 u +1

= 12 ( u8 u 7 u 6 u5 u 4 u3 u 2
8

7
+
6

5
+
4

3
+
2
− u + ln u + 1 + c = " )
1/12
⎧⎪ dx = 12 u11du
Passagem (∗) : u = 12 x = x ⇒ x = u12 ⇒ ⎨
1/3 4 1/ 4 3
⎪⎩ x = u e x = u

Exemplo 7:
⎧u = 7 x
(∫ u + u u− 1 ) du
( ∗) 6 3

∫ ∫ ∫
dx 7 u du 7u du ⎪
= = =7 (∗) ⎨ x = u 7
7
x − 5 7
x 3 u5 − u3 u2 − 1 2
⎪ dx = 7u 6 du

=7 ( u2 1 7 7
)
+ ln u 2 − 1 + c = x 2/ 7 + ln x 2/ 7 − 1 + c ■
2 2 2 2

Exemplo 8:

∫(u )
(∗)
12 u11du 12 u 3du ⎧ mmc(4,3) = 12
∫ ∫ ∫
dx 2 1
= = = 12 + u +1+ du ⎪⎪ u = 12 x
4
x3 − 3 x 2 u9 − u8 u −1 u −1 (∗) ⎨ 12
⎪x = u
= 4u 3+ 6u 2 + 12u + 12 ln u −1 = 4 x1/ 4 + 6 x1/ 6 + 12 x1/12 + 12 ln x1/12 − 1 ■ 11
⎩⎪ dx = 12u du

2.7.2 TANGENTE DO ARCO-METADE

Com a substituição t = tan( x /2) , podemos converter qualquer função racional nas duas
variáveis sen x e cos x em uma função racional de t. Para isso, empregamos as fórmulas deduzi-
das abaixo:

tan
x
=t x x 1 t2 1 − t2
2 cos x = cos 2 − sen 2 = − =
2 2 1 + t2 1 + t2 1 + t2
1 + t2 x 1
t cos = x x t 1 2t
2 1 + t2 sen x = 2sen cos = 2 =
2 2 1 + t2 1 + t2 1 + t2
x /2 x t
sen = 1 2x 1 + t2 2 dt
1 2 1+ t 2 dt = sec dx = dx ⇒ dx =
2 2 2 1 + t2

Exemplo 1:

2 dt −1 −1
∫ ∫ ∫ ∫
dx 2 dt 1 2 dt x
= = = = + c = + c = − cot + c■
1 − cos x 1 + t2 1 − t2 1 + t 2 − (1 − t 2 ) 2t 2 t tan
x 2
1−
1 + t2 2
44

Exemplo 2:

−3/4 1/4 ⎤
∫ ∫ ) ∫ ∫ ∫
dx 2 dt 1 2 dt 2 dt
= = = = ⎡ + dt =
3 − 5sen x 1 + t 3 − 5 2t
2

1 + t2
( 2
3 + 3t − 10t (t − 3) (3t −1) ⎣ 3t − 1 t − 3 ⎦⎥

1 1 1 x 1 x
= − ln 3t − 1 + ln t − 3 + c = − ln 3 tan − 1 + ln tan − 3 + c ■
4 4 4 2 4 2

Exemplo 3:

(1 − t 2 ) / (1 + t 2 ) (1 − t 2 ) dt
∫ ∫ ∫ ∫
2 cos x dx cos x dx 2 dt
= = = 2
sen 2 x + 2sen x sen x cos x + sen x 1+ t 2 2t 1 − t 2 2t 2t (1 − t 2 ) + 2t (1 + t 2 )
+
1+ t 2 1+ t 2 1+ t 2
(1 − t 2 ) dt 1 ⎛ 1
∫ ∫ ⎞ 1 1 2 1 x 1 2 x
=2 = ⎜ − t ⎟ dt = ln t − t + c = ln tan − tan +c ■
4t 2 ⎝t ⎠ 2 4 2 2 4 2

Exemplo 4:

−2 /5 1/5 ⎤
∫ ∫ ∫ ∫
dx 2 dt 1 dt
= =− =− ⎡ + dt
( 1 +2tt ) + 3⎜⎝⎛ 11 +− tt 2t + 1 t − 2 ⎦⎥
3sen x + 4 cos x 1+ t 2 2
⎞ 2
2t − 3t − 2 ⎣
3 2 2 ⎟

1 1 1 x 1 x
= ln 2t + 1 − ln t − 2 + c = ln 2 tan + 1 − ln tan − 2 + c ■
5 5 5 2 5 2
45
3. ALGUMAS APLICAÇÕES DA INTEGRAL E EXTENSÕES DO CONCEITO DE
INTEGRAL

3.1 Algumas Aplicações da Integral

3.1.1 O RACIOCÍNIO POR INFINITÉSIMOS

Para calcular área A entre o gráfico de uma função f ( x ) e o eixo x y


( a ≤ x ≤ b ) , hachurada na figura à direita, primeiramente construímos o área A
infinitésimo (ou elemento) de área dA(x) mostrado nessa figura: a área
de um retângulo de base infinitesimal dx em torno de x e altura f ( x ) , f ( x)
dada por dA( x ) = f ( x ) dx ; dizemos que esse infinitésimo de área tam- dA
bém jaz em torno de x. Essa expressão "em torno de x" é usada para
indicar que x é uma abscissa qualquer pertencente ao intervalo infinite- dx
simal dx. Em seguida integramos esses infinitésimos de área desde a a x b
abscissa mínima em A, x = a , até abscissa máxima, x = b :

∫ ∫
b b
A= dA( x) = f ( x) dx .
a a

Note que essa integração em relação a x é a "soma" da infinidade dos infinitésimos de áreas que
foram definidos em torno de cada x. Esse é o significado de integrar, o de somar uma infinidade
de infinitésimos. Genericamente, calculamos uma grandeza G integrando seu infinitésimo dG,
que tem sempre a forma dG ( x ) = g ( x ) dx , onde x é a variável de integração, da qual depende a
função g ( x ) que surge na dedução de dG.
A soma de Riemann correspondente à integral acima é formalmente obtida pela substituição


b N
de por lim
máx Δ xi → 0
∑, de x por xi∗ , e de dx por Δ xi = xi − xi −1 , onde as abscissas xi
a i =0
(i = 0,1, " , N ) definem uma partição do intervalo [ a , b ] ; assim obtemos
N
A= lim
máx Δ x → 0
∑ f ( xi∗ ) Δ xi


.
i i =0 Δ Ai

Neste somatório temos uma soma das subáreas Δ Ai de A definidas em torno de cada xi∗ , que é
uma abscissa qualquer do intervalo Δ xi .
Quando, então, dizemos que certa grandeza G é a integral de um infinitésimo seu, dG, que é
construído diretamente a partir de dx, a diferencial da variável em relação a qual se efetua a inte-
gração, estamos empregando um raciocínio que se justifica no limite que define a soma de Rie-
mann daquela grandeza.

3.1.2 VOLUME DE SÓLIDO DE REVOLUÇÃO

A figura a seguir ilustra a obtenção de um sólido de revolução. Gira-se de 360º uma área (ou
região) plana A em torno de um reta l (chamada de eixo de revolução) contida no plano de A.
Neste estudo, admitimos que o eixo de revolução seja paralelo ao eixo x ou y e que não corta
a área plana A. Além disso, admitimos que A esteja compreendida entre os gráficos de duas fun-
ções de x, y = f ( x ) e y = g ( x ) , ou de duas funções de y, x = f ( y ) e x = g ( y ) .
46
gire A em
A A
torno do eixo l

eixo de revolução l l

Um volume de revolução pode ser visto como formado de cascas cilíndricas ou de arruelas
de espessuras infinitesimais. Integrando os volumes infinitesimais dessas cascas ou arruelas,
obtemos o volume do sólido. Temos, assim, os métodos das arruelas e cascas cilíndricas para o
cálculo do volume de um sólido de revolução.
h
d

d
r
r
R

casca cilíndrica de volume


arruela de volume π ( R 2 − r 2 ) d 2π rh d (d infinitesimal)

Seguem exemplos de cálculo, por ambos os métodos, das arruelas (dos discos se r = 0 ) e
das cascas cilíndricas, do volume V do sólido gerado pela revolução da área dada (hachurada na
figura) em torno do eixo especificado (indicado, na figura, pelo símbolo ). Após a determina-
ção de R, r, e h (definidos na figura acima) em função de x ou y, o volume desejado é obtido com
a integração de dV = π ( R 2 − r 2 ) d ou dV = 2π rhd , sendo a espessura d igual a dx ou dy nos
problemas considerados. Como a espessura de dV é fácil de determinar (simplesmente igual a dx
ou dy), o aluno logo identificará a variável de integração, isto é, logo saberá se deverá expressar
R, r, e h em função de x (quando a espessura for igual dx) ou em função de y (quando ela for
igual a dy).

Exemplo 1: Revolução em torno do eixo x da área demarcada na figura abaixo (entre o gráfico da
função f ( x ) e o eixo x, com a ≤ x ≤ b ). Vemos um disco à esquerda e uma casca cilíndrica à
direita que compõem o sólido de revolução, cujo volume V obtido por meio delas é fornecido.

área girada em y = f ( x ) Método das arruelas


área girada em y = f ( x)
torno do eixo x (discos, no caso): f (b)
torno do eixo x
dV = π R 2 dx = π f 2 ( x) dx y


b
dx
V =π f 2 ( x) dx . h=
a
b − f −1( y )
R = f ( x) r= y
a x b Mét. das cascas cilíndricas: 0 a b
dV = 2π rh dy = 2π y [b − f −1( y )] dy
dV f (b ) dV f −1( y )
V = 2π
∫ 0
y [ b − f −1 ( y ) ] dy .
47

Exemplo 2: Revolução da área sob y = x3 , x ∈ [0, 2] , em torno do eixo x


Método das arruelas (discos, no caso)
8 dV = π R 2 dx , R = x3 8
2
128π
y = x3
V =π
0 ∫
( x 3 ) 2 dx =
7
u.v.

x= 3 y
Método das cascas cilíndricas
dV = 2π rh dy , r = y e h = 2 − 3 y
h
8 y
128π

R r
V = 2π y (2 − 3 y ) dy = u.v.
x 2 7 2
0

Exemplo 3: Revolução do semicírculo dado em torno do eixo x


Método das arruelas (discos, no caso)
dV = π R 2 dx , R = a2 − x2
2 2
y= a −x → a a

R
V =π
∫ (a − x )dx = 2π ∫ (a − x )dx ="
−a
2 2

0
2 2

−a x a
4π a3
= u.v. (volume da esfera de raio a)
3
h •
y Método das cascas cilíndricas
r dV = 2π rh dy , r = y e h = 2 a 2 − y 2
a
−a 4π a3

a
2 2 V = 2π y 2 a 2 − y 2 dy = " = u.v.
x= a − y 3
0

Exemplo 4: Revolução da área limitada por y = x 2 e y = x + 2 em torno do eixo x


x= y
Método das arruelas
y = x2 4 dV = π ( R 2 − r 2 ) dx , R = x + 2 e r = x 2 4
x= y−2
R 2
V =π
∫ −1
⎡ ( x + 2) 2 − ( x 2 ) 2 ⎤ dx
⎣ ⎦
2 2
Método das cascas cilíndricas r y
r
dV = 2π rh dy , r = y e 1 h
y=x+2 1
⎧2 y se y ∈ [0,1]
h=⎨
−1 x 2 ⎩ y − ( y − 2) se y ∈ [1, 4] −1 2
4
V = 2π
∫ y ⎡⎣ y − ( y − 2) ⎤⎦ dy
1
1
+ 2π
∫ y ⎣⎡ 2 y ⎦⎤ dy
0
48

Exemplo 5: Revolução da área limitada por y = x3 , y = ( x − 2) 2 e y = 0 em torno do eixo x

y = x3 Método das arruelas


⎧ 3
= x 3 , R = ⎨x se x ∈ [0,1]
1 y = ( x − 2) 2 y
( − 2) 2
se x ∈ [1, 2]
⎩ x
1 2
12π
R
x 1
R
2

V = π ( x ) dx + π [( x − 2) 2 ]2 dx =
0
3 2

1
35
u.v.

x= 3 y
Método das cascas cilíndricas
x=2− y
1
x = y − 2 , − 1 e h = (2 − y) − 3 y
x=2+ y
1
12π

y h
V = 2π y ⎡⎣ (2 − y ) − 3 y ⎤⎦ dy = u.v.
r 0 35
1 2
Exemplo 6: Revolução da área do Exemplo 4, mas em torno do eixo y
x= y
Método das arruelas
x=2− y dV = π ( R 2 − r 2 ) dy , R = 2 − y er= 3 y
1
1
37π
y ∫
V = π ⎡⎣ (2 −
0
y )2 − ( 3 y )2 ⎤⎦ dy =
30
u.v.

r 1 R 2
y = x3
Método das cascas cilíndricas
⎧ x3 se x ∈ [0,1]
dV = 2π rh dx , r = x e h = ⎨ 2
1 y = ( x − 2) 2 ⎩ ( x − 2) se x ∈ [1, 2]
1 2
37π
∫ ∫
r V = 2π x x dx + 2π x ( x − 2) 2 dx =
3
u.v.
r h 30
h 0 1
1 x 2

Exemplo 7: Revolução da área delimitada por y = x3 , y = −1 e x = 1 em torno da reta y = −1

y = x3 Método dos discos


ou y = x 3 , R = x3 − (−1)
1 x=3 y 1


2
V =π ⎡ x3 − ( −1) ⎤ dx
−1
⎣ ⎦
x 1
−1 •
y h
R r Método das cascas cilíndricas
−1 dV = 2π rh dy , r = y − ( −1) e h = 1 − 3 y
1
arruela casca V = 2π
∫ −1
[ y − (−1) ] (1 − 3 y ) dy
49

Exemplo 8: Revolução da área delimitada por y = x , y = 1 e x = 4 em torno da reta y = −1


y= x ou x = y 2
2 Método das arruelas
y
h dV = π ( R 2 − r 2 ) dx , R = x − (−1) e r = 2
1 4


2
V =π ⎡ ( x + 1) 2 − 22 ⎤ dx
1
⎣ ⎦
1 r 4
R r
−1 x Método das cascas cilíndricas
x = y − 2 , r = y − ( −1) e h = 4 − y 2
arruela 2
V = 2π
∫ 1
( y + 1) (4 − y 2 ) dy
casca
Exemplo 9: Revolução da área do Exemplo 4, mas em torno da reta y = 1

y = x3 Método das arruelas


dV = π ( R 2 − r 2 ) dx , R = 1 e
⎧ 3
r = ⎨1 − x 2
se x ∈ [0,1]
1 ⎩ 1 − ( x − 2) se x ∈ [1, 2]
r r 1
R y = ( x − 2) 2 V =π
∫ {1 − [ (1 − x ) ]} dx
0
3 2

∫ {1 − [1 − ( x − 2) ] }dx
2
x 1 2 2 2

1

x= 3 y Método das cascas cilíndricas


dV = 2π rh dy , r = 1 − y e h = (2 − y ) − 3 y
1
r 1

y
h
x=2− y ∫
V = 2π (1 − y ) ⎡⎣ (2 − y ) − 3 y ⎤⎦ dy
0
1 2

3.1.3 COMPRIMENTO DE ARCO

Na figura à direita, a curva C é o gráfico de uma função


y = f ( x ) com derivada contínua. Nesse caso, podemos, por y
meio do teorema de Pitágoras, expressar o elemento de compri- y2 P2
mento de arco Δs de C ilustrado naquela figura aproximada-
mente por Δs
Δy
2
Δy ⎤
Δs  (Δx ) 2 + (Δy ) 2 = 1+ ⎡ Δx , (1) y1
P1
⎢⎣ Δx ⎥⎦ Δx
onde se admite que Δs e Δx tenham o mesmo sinal. No limite y = f ( x)
de quando Δx → 0 , a equação acima pode ser escrita na forma
x1 x2 x
2
1 + ⎡ ⎤ dx =
dy
1 + [ f ′( x ) ] dx .
2
ds =
⎣⎢ dx ⎦⎥
A integração dessa expressão de ds entre os dois pontos P e Q de C fornece o comprimento do
p entre esses dois pontos:
arco PQ
50

∫ ∫
x2
1 + [ f ′( x) ] dx .
p = Δs = 2
comprimento de PQ ds =
p
PQ x1

Por exemplo, calculemos o comprimento do arco da curva dada por y = f ( x) = x 2/3 entre
as abscissas x = 8 e x = 27 :
27 2 27 2
x 2/3
∫ ∫
y 2
9 s= 1 + ⎡⎣ ( x 2/3 )′ ⎤⎦ dx = 1 + ⎡ x −1/3 ⎤ dx =
8 8
⎢⎣ 3 ⎥⎦
s
27 27
9 x 2/3 + 4 27
9 x 2/3 + 4
∫ ∫ ∫
4 4 −2/3
1+ x dx = dx = dx
8 9 8 9 x 2/3 8 3x1/3
27 x 85
8 [∗] 85
u du 1 u 3/ 2 853/ 2 − 403/ 2
=
∫ 40
=
3 6 18 3/2 40
=
27
 19, 65 u.c.

⎧ u ≡ 9 x 2/3 + 4 ⇒ x u

[∗] Detalhes da mudança de variável nessa passagem são: ⎨ dx du 8 40
⎪∴ 1/3 = 27 85
⎩ x 6

Outro exemplo: cálculo do comprimento do arco da curva y = x 2 entre os pontos (0, 0)


(1,1) . Resposta (forneça os detalhes da efetuação da integral):
dy ⎞2 1
2 5 + ln (2 + 5)


2 dy
y=x ⇒ = 2 x ⇒ ds = 1 + ⎜ ⎟ dx ⇒ s = 1 + 4 x 2 dx = " = u.c.
dx ⎝ dx ⎠ 0 4
Na equação (1), colocamos Δx em evidência para que surgisse o quociente Δy / Δx , que,
no limite, se torna na derivada dy / dx = f ′( x ) . Podemos, se for mais conveniente, colocar Δy
em evidência para que surja o quociente Δ x / Δy , que, no limite, leva à derivada dx / dy = g ′( y )
da função inversa g ( y ) de f ( x ) . Isto é, já considerando Δx e Δy como os infinitesimais dx e
dy, podemos, usando o teorema de Pitágoras, deduzir a seguinte fórmula para o comprimento de
arco baseada numa integração em relação a y:
2


y2
1 + ⎡ ⎤ dy = 1 + [ g ′( y ) ] dy .
dx
1 + [ g ′( y ) ] dy ⇒
2 2
ds = 2
(dx) + (dy ) =2
Δs =
⎢⎣ dy ⎥⎦ y1

Por exemplo, calculemos o comprimento do arco da curva dada por 8 x = y 4 + 2 / y 2 entre os


pontos (3/8 , 1) e (33/16 , 2) . Nesse caso é mais fácil escrever x em função de y, obtendo:
1 1 dx 1 3 1 −3
x = y 4 + y −2 ⇒ = y − y ;
8 4 dy 2 2
assim,
2
1 3 1 −3 ⎞2 2 2

∫ ∫ ∫
⎛ 1 1 1 1 6 1 1 −6
s= 1 + ⎜ y − y ⎟ dy = 1 + y 6 − + y −6 dy = y + + y dy =
1 ⎝2 2 ⎠ 1 4 2 4 1 4 2 4
2 2 2 4 −2 2

∫ 1
⎛ 1 y 3+ 1 y −3 ⎞ dy =

⎝2 2

⎠ ∫1
⎛ 1 y 3+ 1 y −3 ⎞ dy = ⎡ y − y ⎤ = ⎡ 16 − 1/4 − ⎛ 1 − 1/2 ⎞ ⎤ = 31 u.c.

⎝2 2

⎠ ⎢ 8
⎣ 4 ⎥⎦ 1 ⎢⎣ 8

4 ⎝ 8 4 ⎠ ⎥⎦ 16

Outro exemplo: cálculo do comprimento do arco da curva dada por x = y 3 / 3 + 1 / (4 y ) entre


as ordenadas y = 1 e y = 2 . Resposta (forneça os detalhes dos cálculos):
2

( ) (
y −2
) ∫(
y −2
)
2
y3 1 dx 2 59
x= + ⇒ ds = 1+ dy = " = y + dy ⇒ s = y2 + dy = " = u.c.
3 4y dy 4 4 24
1
51
3.2 Extensões do Conceito de Integral

3.2.1 INTEGRAIS IMPRÓPRIAS COM INTERVALOS DE INTEGRAÇÃO ILIMITADOS

Já tivemos a oportunidade de calcular áreas de regiões do plano usando a integral definida.


Essas regiões eram limitadas. Se quisermos calcular a área de regiões ilimitadas, teremos que
efetuar limites.
Por exemplo, calculemos área A sob o gráfico da função y
y = 1/ x 2 à direita de x = 1 . Para isso, efetuamos o cálculo do y = 1/ x 2
seguinte limite:

b
−1 −1

b
1
A = lim dx = lim = lim ⎛⎜ + 1 ⎞⎟ = 1 u.a.
b →∞ 1 x 2 b →∞ x b →∞ ⎝ b ⎠
1 1 b x

Esse exemplo mostra a conveniência de se definirem as chamadas "integrais impróprias"


como segue:

a) Integral imprópria com o limite de integração s u p e r i o r infinito:

∫ ∫
b
f ( x ) dx ≡ lim f ( x ) dx
a b →∞ a

b) Integral imprópria com o limite de integração i n f e r i o r infinito:

∫ ∫
b b
f ( x) dx ≡ lim f ( x ) dx
−∞ a →−∞ a

c) Integral imprópria com limites de integração i n f e r i o r e s u p e r i o r infinitos:

∞ ∞

∫ ∫ ∫
c
f ( x ) dx ≡ f ( x ) dx + f ( x ) dx (c é qualquer constante adequada)
−∞ −∞ c

As integrais impróprias em (a) e (b) são ditas convergentes ou divergentes conforme os li-
mites a elas associados existam ou não existam, respectivamente. Já a integral imprópria em (c) é
dita convergente se ambos os limites a ela associados existirem e é dita divergente se qualquer
desses limites não existir.

Exemplo 1:

π
∫ ∫
b
dx dx b
2
≡ lim 2
= lim arctan x 0
= lim arctan b − arctan 0 = .
0 x + 1 b →∞ 0 x + 1 b →∞ →∞
b
2
π /2

Exemplo 2:
3 3 3

∫ ∫
dx dx 1 1 1 1
≡ lim = lim = − lim = .
−∞ (9 − x )
2 a →−∞ a (9 − x) 2 a →−∞ 9 − x 9 − 3 a
→−∞ 9 − a
6

a
0
52
Exemplo 3:
∞ 0 ∞ 0

∫ ∫ ∫ ∫ ∫
b
x dx x dx x dx x dx x dx
2 2
= 2 2
+ 2 2
= lim 2 2
+ lim
−∞ ( x + 1) −∞ ( x + 1) 0 ( x + 1) a → −∞ a ( x + 1) b →∞ 0 ( x + 1)2
2

0 b
−1/ 2 −1/ 2 −1 −1/ 2 −1/ 2 1
= lim + lim = − lim 2 + lim 2 + =0 .
a → −∞ x2 + 1 a
b →∞ x2 + 1 0
2 a → −∞ a + 1 b → ∞ b + 1 2



0 0

Exemplo 4: y
∞ 0
y=x
2 0
b
2 b

∫ ∫ ∫
x x
x dx = lim x dx + lim x dx = lim + lim =
a →−∞ b →∞ a →−∞ 2 b →∞ 2
0
−∞ a 0 a
−∞ ← a x
2
0 − lim ( a /2) + lim (b /2) − 0 = 2
−∞ +∞

: divergente! b→∞
→−∞
a →∞

b
v. interpretação ge-
∞ ∞ ométrica na figura áreas que
tendem a ∞
Exemplo 5:
ln b
∞ u = ln x ln b ⎡ u2 ⎤ ln 2 b
∫ ∫ ∫
b
ln x ln x
dx = lim dx = lim u du = lim ⎢ ⎥ = lim =∞
x b →∞ x du = dx / x b →∞ b →∞ 2 b →∞ 2
1 1 0 ⎣ ⎦0

Exemplo 6:
0 0
⎛ −1/3 + 1/3 ⎞ = 1 lim ⎡ − ln x − 2 + ln x − 5 ⎤ 0
∫ ∫
dx
= ⎜ ⎟
−∞
2
x − 7 x + 10 −∞ ⎝ x − 2 x − 5 ⎠ 3 a →−∞ ⎣ ⎦a
0
1 ⎡ x−5 ⎤ 1⎡ 5 a−5 ⎤ 1 5
= lim ⎢ ln ⎥ = ⎢ ln − lim ln = ln
a − 2 ⎥⎥ 3 2
3 a →−∞ ⎣ x − 2 ⎦ a 3 ⎢ 2 a

→−∞

⎣ ln1 = 0 ⎦

3.2.2 INTEGRAIS IMPRÓPRIAS COM INTEGRANDOS ILIMITADOS

As integrais impróprias definidas acima permitem calcular áreas de regiões ilimitadas no


plano xy que se estendem indefinidamente para a direita ou para a esquerda. Consideramos agora
regiões ilimitadas que se estendem indefinidamente para cima ou para baixo.
Por exemplo, para calcular a área A sob o gráfico da fun-
ção y = 1 / x entre o eixo y e a reta vertical em x = 9 , efetu- y
amos o seguinte limite: y = 1/ x
9
9
x1/ 2

1
A = lim+ dx = lim+
a→0 a x a → 0 1/ 2
a

91/ 2 a1/ 2 3
= − lim+ = = 6 u.a.
1/ 2 a

→ 0 1/ 2 1/ 2 0 a 9 x
0

9
Note que ∫ 0 dx / x não existe como uma integral de Riemann, porque o seu integrando
não é definido no intervalo fechado [0,9], razão pela qual essa integral é imprópria. Em vista
disso, convém fazer as seguintes definições:
53
a) Integral imprópria de função infinita no limite de integração inferior:
Considere uma função f ( x ) contínua em ( x1 , x2 ] e infinita em x1 . A integral imprópria
definida por meio do limite

∃ f ( x1 )
∫ ∫
x2 x2
f ( x) dx ≡ lim+ f ( x) dx
x1 a → x1 a
x1 ← a x2
é dita convergente, se tal limite existe, e, divergente, se não existe.

b) Integral imprópria de função infinita no limite de integração superior:


Considere uma função f ( x ) contínua em [ x1 , x2 ) e infinita em x2 . A integral imprópria
definida por meio do limite

∃ f ( x2 )
∫ ∫
x2 b
f ( x) dx ≡ lim− f ( x) dx
x1 b → x2 x1 x1 b → x2

é dita convergente, se tal limite existe, e, divergente, se não existe.

c) Integral imprópria de função infinita num ponto interior do intervalo de integração:


Considere uma função f ( x ) contínua em [ x1 , x2 ] exceto em x3 ∈ ( x1 , x2 ) , ponto em que é
infinita. A integral imprópria definida pela expressão
∃ f ( x3 )

∫ ∫ ∫
x2 x3 x2
f ( x) dx ≡ f ( x) dx + f ( x) dx x1 x3 x2
x1 x1 x3

é dita convergente se as duas integrais impróprias no membro direito [já definidas em (a) e (b)]
forem convergentes, sendo divergente se qualquer dessas duas também for.

4
4 4
3 ⎞3/5
∫ ∫
dx dx 5⎛
Exemplo 1 : = lim = lim ⎜ x − ⎟
3
( x − 3/2) 2/5 a → 3 + a ( x − 3/2) 2/5 a → 3 + 3 ⎝ 2⎠
2 2 2
a

5⎛ 3 ⎞3/5 5 ⎛ 3 ⎞3/5 5 ⎛ 5 ⎞3/5


= ⎜ 4 − ⎟ − lim+ ⎜ a − ⎟ = ⎜ ⎟
3⎝ 2⎠ 3 a→ 3 ⎝ 2⎠ 3⎝2⎠


2
0

π /2

∫ ∫
b
b
Exemplo 2 : sec x dx = lim − sec x dx = lim − ln(sec x + tan x ) 0
0 b →π / 2 0 b →π / 2
P 1 P 0
= lim − ln(sec
Nb + N
tan b) − ln(sec 0 + tan 0)
= ∞ (divergente)

b →π / 2 2 2 ln1 = 0
∞ ∞
54

Exemplo 3:
1 −2 1 1

∫ ∫ ∫ ∫ ∫
b
dx dx dx dx dx
= + = lim + lim
−4
3
x+2 −4
3
x+2 −2
3
x + 2 b →−2− −4
3
x + 2 a →−2+ a
3
x+2
b 1
3 3
= lim − ( x + 2)2/3 + lim + ( x + 2) 2/3
b →−2 2 − 4 a →−2 2 a

3 3 3 3 3
= lim − (b + 2) 2/3 − (−4 + 2) 2/3 + (1 + 2) 2/3 − lim + (a + 2)2/3 = (32/3 − 22/3 )
2 b
→−2
2 2 2 a
→−2
2
0 0

Exemplo 4:
π π

∫ ∫ ∫
b
y
tan x dx = lim− tan x dx + lim+ tan x dx
0 b→
π 0 a→
π a tan x
2 2 áreas que
b π tendem a ∞
= lim− ln sec x + lim+ ln sec x =
π 0 π a
b→ a→
2 2 0 π π x
∞ ∞
P P /
1 
1  P / 2
lim− ln sec b − ln sec 0 + ln sec π − lim + ln sec a
π 

π
b→ 0 0 a →−
2 2
= ∞
N −∞ : divergente!
v. interpretação ge-
ométrica na figura

Exemplo 5:
(1− sen b )
π /2 (1− sen b )
u = 1− sen x
−du u1/ 2
∫ ∫ ∫
b
cos x dx cos x dx
= lim = = lim− = − lim−
0 1 − sen x b → π − 0 1 − sen x du =− cos x dx
b→
π 1 u b→
π 1/2
1
2 2 2

(1 − sen b)1/ 2 1
= − lim− + = 2
b→
π 1/2 1/2


2
0

Nos dois exemplos seguintes, as integrais são impróprias porque tanto o intervalo de inte-
gração quanto o integrando são ilimitados:

Exemplo 6:
∞ b
−1 −1 1 ⎞ −1
∫ ∫
b
1
= lim+ ⎛⎜
dx dx
= lim = lim+ + ⎟ = lim+ + lim = ∞ : divergente!
x 2 a → 0+ a →0 ⎝ b a ⎠ a →
2 →∞ b

0 a x a →0 x a 0 a
b
b →∞ b →∞ b →∞ ∞ 0
55
Exemplo 7:
∞ u=

∫ ∫ ∫
b b
dx dx x
2 u du b
= lim =2 lim+ = 2 lim+ arctan u
0 (1 + x) x a → 0+ a (1 + x) x x =u a →0 a (1 + u 2 ) u a →0 a
b →∞ b →∞ b →∞

= 2 lim arctan b − 2 lim+ arctan a = π ■


→∞
b
→ 0

a
π /2 0

1
∫ −1 (1 /
3
Observação: Considere a integral x 2 ) dx . Caso não se perceba que ela é uma inte-
gral imprópria, uma vez que o integrando se torna infinito em x = 0 , e o seu cálculo seja feito de
maneira errada, usando-se "normalmente" o TFC-II, obter-se-ia
1 1

∫ ∫ ( 3 1 − 3 −1 ) = 6 .
dx 1 1
= x −2/3dx = 3 x1/3 = 33 x =3
3 2 −1 −1
−1 x −1

Agora, pelo procedimento correto, obtém-se


1 0 1 1

∫ ∫ ∫ ∫ ∫
b
dx
= x −2/3dx + x −2/3dx = lim− x −2/3dx + lim+ x −2/3dx
3 2 b→0 a →0
−1 x −1 0 −1 a
b 1
= lim− ⎡⎣ 3 3 x ⎤⎦ + lim+ ⎡⎣ 3 3 x ⎤⎦ = 3 lim− ⎡ N
3
b − 3 −1 ⎤ + 3 lim+ ⎡ 3 1 − N
3
a ⎤ = 6,
b →0 −1 a →0 a b → 0 ⎢ 2 
⎥ a →0 ⎢ 20 ⎥
⎣ 0 1 ⎦ ⎣ ⎦
o mesmo resultado. Mas, digamos, é "por acaso" que esses dois resultados coincidem. De fato,
se, na integral acima, o integrando for substituído pela função 1/ x 2 , que também é infinita em
x = 0 , a primeira maneira (uso direto do TFC-II) fornece
1 1


dx 1
2
=− = −1 − 1 = −2 ,
−1 x x −1

o que é um absurdo, pois, sendo 1/ x 2 > 0 , um resultado negativo é inadmissível! Pelo procedi-
mento correto, obtém-se uma integral divergente:

1 0 1 1

∫ ∫ ∫ ∫ ∫
b
dx dx dx dx dx
= + = lim + lim+
−1 x2 −1 x
2
0 x 2 b → 0− −1 x
2
a →0 a x2
b 1
⎡ −1 ⎤ ⎡ −1 ⎤ ⎡ 1 ⎤ ⎡ 1 ⎤
= lim− ⎢ ⎥ + lim+ ⎢ ⎥ = lim− ⎢− − 1 ⎥ + lim+ ⎢ −1 + a ⎥ = ∞.
b → 0 ⎣ x ⎦ −1 a →0 ⎣ x ⎦ a b →0 b a →0
⎢N2
⎥ ⎢ N
2

⎣ ∞ ⎦ ⎣ ∞ ⎦
56
3.2.3 CRITÉRIOS DE VERIFICAÇÃO DA CONVERGÊNCIA DE INTEGRAIS IMPRÓ-
PRIAS

Critério 1:

a) Se lim f ( x) ≠ 0 então
x →∞ ∫a f ( x) dx é divergente.
b
b) Se lim f ( x) ≠ 0 então
x →−∞ ∫ −∞ f ( x) dx é divergente.

c) Se lim f ( x) ≠ 0 ou lim f ( x) ≠ 0 então
x →∞ x →−∞ ∫ −∞ f ( x) dx é divergente.
Critério 2: Considere duas funções f e g não-negativas no intervalo I.
a) Se f ( x ) ≤ g ( x ) ∀x ∈ I e ∫ g ( x) dx é convergente então ∫ f ( x) dx também é convergente.
I I
b) Se f ( x ) ≥ g ( x ) ∀x ∈ I e ∫I g ( x) dx é divergente então ∫I f ( x) dx também é divergente.
Critério 3: Para a e b positivos e quaisquer α e β temos
∞ ∞

∫ ∫
dx
a) converge somente para p > 1 . c) e px dx converge somente para p < 0 .
a xp α
β

∫ ∫
b
dx
b) converge somente para p < 1 . d) e px dx converge somente para p > 0 .
0 xp −∞

Critério 4: Se
∫ I
f ( x) dx é convergente então
∫ f ( x) dx também é convergente.
I

Para provar os itens (a) e (b) do critério 3, analisa-se separadamente para p = 1 , p < 1 e p > 1 a convergên-
cia quando b → ∞ ou a → 0 + do seguinte resultado:

⎧ b
⎪ ln x = ln b − ln a se p = 1



b a
x − p dx = ⎨ − p +1 b
a ⎪ x 1 ⎡ 1 1− p ⎤
⎪ − p + 1 = − p + 1 ⎢⎣ b p −1 − a ⎥ se p < 1 ou p > 1

⎪⎩ a

E, no caso dos itens (c) e (d), analisa-se separadamente para p = 0 , p < 0 e p > 0 a convergência quando
β → ∞ ou α → −∞ do seguinte resultado:

⎧ β − α se p = 0
β ⎪⎪

β
e px dx = ⎨ e px e pβ − e pα
α ⎪ p = se p < 0 ou p > 0
p
⎪⎩ α

Note que, para provar a convergência de uma integral pelo critério 2(a), basta encontrar uma
função g ( x) tal que f ( x) ≤ g ( x) no intervalo I e que ∫ g ( x) dx seja convergente. Já a prova da
I
divergência usando o critério 2(b), a função g ( x) deve ser tal que f ( x) ≥ g ( x) em I e que
∫I g ( x) dx seja divergente. É o que se faz nos exemplos a seguir.
57
Exemplo 1:

3x3 + 6
A integral
∫ 1 4 x3 + 5 x 2 + 2
dx é divergente, como mostra o critério 1(a):

3 x3 + 6 3 + 6/ x3 3
lim 3 2
= lim 3
= ≠0 .
x →∞ 4 x + 5 x + 2 x →∞ 4 + 5/ x + 2/ x 4

∞ x ∞ ∞
x 2 + 2 x 2 +1
∫ ∫ ∫
1/ x ex
Exemplo 2: As integrais e dx , e arctan x dx e dx são divergentes,
1 5x2 +1 1 0 x2
como mostra o critério 1(a):
x
x 2 + 2 x 2 +1 1 0 1 π
lim e = e = ≠0 , lim e1/ x arctan x = 1 ⋅ ≠0
x →∞ 5 x 2 + 1 5 5 x →∞ 2

e x l'H e x l'H ex
e lim = lim = lim = ∞ ≠ 0 [ l'H indica o uso da regra de l'Hôpital ]
x →∞ x 2 x →∞ 2 x x →∞ 2

Exemplo 3:


2
A integral e − x dx é convergente, como mostra o critério 2(a):
1
2 1 1
• Em [1, ∞ ) , e− x = 2

ex ex


b


1 b
• dx é convergente; de fato, lim e − x dx = lim −e − x = − lim e−b + e−1 = e−1
1 ex b →∞ 1 b →∞ 1 →∞
b


sen 2 x
Exemplo 4: A integral
∫ 0 1 + x2
dx é convergente, como mostra o critério 2(a):

sen 2 x 1
• Em [0, ∞ ) , 2

1+ x 1 + x2

π

b


dx dx b
• converge; de fato, lim = lim arctan x = lim arctan b − arctan

0 =
0 1 + x2 b →∞ 0 1 + x 2 b →∞ 0 →∞
b
0 2
π /2

Exemplo 5:

sen 2 ( x3 + 1)
A integral
∫ 1 x3 + x + 1
dx é convergente, como mostra o critério 2(a):

sen 2 ( x3 + 1) 1 1 1
• Em [1, ∞ ) , ≤ ≤ = 3/ 2
x3 + x + 1 x3 + x + 1 x3 x


1
• 3/ 2
dx é convergente; de acordo com o critério 3(a) [∗]
1 x

Observação: Se o limite de integração inferior, em vez de 1, fosse 0, a conclusão em [∗]


acima não seria verdadeira; entretanto, a integral continuaria convergente, o que se pode verificar
desmembrando-a em duas,
58
∞ ∞
sen 2 ( x3 + 1) 1
sen 2 ( x3 + 1) sen 2 ( x3 + 1)
∫ 0 x3 + x + 1
dx =
∫ 0 x3 + x + 1
dx +

1 x3 + x + 1
dx :

a primeira integral no lado direito é convergente por ser a integral de uma função contínua no
intervalo de integração, e a segunda já teve a sua convergência provada acima.


ln x
Exemplo 6: A integral dx é convergente, como mostra o critério 2(a):
1 ex
ln x x
• Em [1, ∞ ) , x
≤ x
e e


x
• dx é convergente; de fato:
1 ex
b +1 l'H


b b 1 2 2
lim x e − x dx = lim ⎣⎡ −e − x ( x + 1) ⎦⎤ = − lim b + 2e −1 = − lim b + = .
b →∞ b →∞ 1 b →∞ e b →∞ e e e
1 


cos 2 (4 + x3 ) ln x
Exemplo 7: A integral
∫ 1 x5 + 2 x
dx é convergente, como mostra o critério 2(a):

cos 2 (4 + x3 ) ⋅ ln x 1⋅ x 1
• Em [1, ∞ ) , ≤ =
x5 + 2 x x5 x3/ 2


1
• 3/ 2
dx é convergente; de acordo com o critério 3(a)
1 x


dx
Exemplo 8: A integral é convergente, como mostra o critério 2(a):
1 x + 4 x3
1 1 1/4
• Em [1, ∞ ) , 3
≤ 3 = 3
x + 4x 4x x


1/4
• dx é convergente; de acordo com o critério 3(a)
1 x3


dx
Exemplo 9: A integral é convergente, como mostra o critério 2(a):
0 x + 4 x3
1 1 1
• Em (0,1] , 3
≤ = 1/ 2
x + 4x x x
1


1
• 1/ 2
dx é convergente; de acordo com o critério 3(b)
0 x


3 + sen x
Exemplo 10: A integral
1 x ∫
dx é divergente, como mostra o critério 2(b):

3 + sen x 3 − 1 2
• Em [1, ∞ ) , ≥ =
x x x


2
• dx é divergente, de acordo com o critério 3
1 x
59


1
Exemplo 11: A integral dx é divergente, como mostra o critério 2(b):
3
1 5 x3 + 6
1 1 1 1/ 3 11
• Em [1, ∞ ) , temos que ≥ = =
3 3 3
5 x3 + 6 5 x3 + 6 x3 11x3 x

1/ 3 11

∫ 1 x
dx é divergente, de acordo com o critério 3(a)

∞ ∞
sen 3 x sen 3 x
Exemplo 12: A integral
0 1+ x ∫ 2
dx é convergente, segundo o critério 4, pois
∫ 0
|
1 + x2
| dx é

convergente de acordo com o critério 2(a):



sen 3 x

1 1
| 2
|≤ em (0, ∞) e dx é convergente (já visto no Exemplo 4).
1+ x 1 + x2 0 1 + x2
60
4. PROBLEMAS PROPOSTOS

4.1 Enunciados

1) Calcule m > 0 de modo que seja unitária a área da região delimitada pela reta y = mx e
pela parábola y = 2 x − x 2 .
1 2 ( x −1)2 t 2
x 2 −1 t ∫ sen x e − t dt ∫ e dt

d e 0
2) Calcule: (a) dt (b) lim (c) lim
dx 1 t x →π / 2 sen x − 1 x →1 3
x − 3x + 2

3) Integração por partes:


π 1
(a)
∫ 2
(12 x + 4 x − 10) cos 2 x dx (b)
∫ cos ln x dx (c)
∫ 0
e 2x
cos 3 x dx (d)
∫ 0
ln(1 + x 2 ) dx

4) Integração por substituição trigonométrica


2/3
1− x 4 − 9 x2
∫( ∫( ∫
x n dx
∫x
dx
a) dx (b) (c) (n = 2 e 3) (d) I = dx
) +1)
3 3
1− x 2 3
x2 − 1 x 2 x2
1/3

5) Integração por frações parciais:


4
5x + 4
∫ ∫x
4
a) 2
dx (b) 4
dx
3 x + 3 x − 10 −1

6) Técnicas de integração diversas:


cos3 x
∫ ∫ ∫
dx
a) dx (b) (c) 2 x3 sec 2 x 2 dx
1 + sen x 5
x + 3 x2
3

7) Cálculo de integrais impróprias


∞ 0 ∞ ∞ ∞
e−1/ x
∫ ∫ ∫ ∫ ∫
dx ln x
(a) e−2 x dx (b) e x cos x dx (c) (d) dx (e) dx
1 −∞ 2 x ln 2 x 2 x2 0 x3

8) Análise da convergência de integrais impróprias


1 1
ln(3 x 2 + 2)
∫ ∫
sen(1/ x )
a) dx (b) dx
0 x3 + x 0 x7 / 9
c) Se a e b são constantes reais maiores que 1, mostre que

∫ ∫
b
dx dx
p
converge somente para p > 1 e p
converge somente para p < 1 .
a x ln x 0 x ln x
∞ ∞

∫ ∫
dx dx
d) Analise a convergência das integrais e .
1 4 + x ln 2 x 1 4 + x ln x

∫ ( )
1
1 + tan x x2
9) Calcule + dx
−1 1 + x2 1 − x2
61
4.2 Respostas

1) 2 − 3 6

x 2 −1
2) (a) x e / ( x 2 − 1) (b) −1/ e (c) 1/ 3

x
3) (a) (6 x 2 + 2 x − 8)sen 2 x + (6 x +1) cos 2 x + c (b) (sen ln x + cos ln x) + c
2
π
e2 x (2 cos 3x + 3sen 3x) 2(1 + e2π ) 1 π
(c) =− (d) ⎡⎣ x ln(1 + x 2 ) − 2 x + 2 arctan x ⎤⎦ = + ln 2 − 2
13 0
13 0 2

x −1 x2 − 1 1 [∗]
4) (a) +c (b) ± arcsec x + c ("+ " se x > 0 e " − " se x < 0 )
1− x 2 2 x2 2
(c) ln x + x 2 + 1 − x / x 2 + 1 + c se n = 2 e x 2 + 1 + 1 / x 2 + 1 + c se n = 3
π /2
3 x = 2sen θ
(d) I = − 3 ⎡ cot θ + θ ⎤ = 3 3 −π
⎣⎢ ⎥⎦ π / 6

[∗] x2 − 1 1 1
a resposta também pode ser − arctan +c
2x2 2 x2 − 1

4
5) (a) ⎡⎣ 2 ln x − 2 + 3ln x + 5 ⎤⎦ = 6 ln 3 − 7 ln 2
3

(b) ln x − 1 − ln x + 1 − 2 arctan x + c

1
6) (a) sen x − sen 2 x + c
2
15 4/15 15 2/15
(b) − x − x + 3 3 x + 5 5 x + 15 15 x − 15ln 1 + 15 x + c
4 2
(c) x 2 tan x 2 + ln cos x 2 + c

3
7) (a) (b) 1/ 2 (c) 1/ ln 2 (d) (1 + ln 2) / 2 (e) 1
2e 2

8) (a) convergente (b) convergente (c) faça u = ln x (d) convergente e divergente

9) π
622

PARTE 2 – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS


63
5. CONCEITOS FUNDAMENTAIS

i) Equação diferencial (ED): equação contendo derivadas de uma variável dependente em


relação a uma ou mais variáveis independentes que tomam valores num conjunto especificado,
denominado domínio da ED.

ii) Equação diferencial ordinária (EDO): um equação diferencial contendo uma única variável
independente, sendo derivadas ordinárias, portanto, as derivadas que ocorrem nela. Esse tipo de
ED é a que se considera a partir deste ponto.

iii) Ordem da EDO: é a ordem mais elevada de diferenciação da função incógnita. Exemplo:

y 4 ( x) +
dx
( )
dy 3 d 2 y
+ 2 = 0 é uma EDO de 2a ordem.
dx
iv) Solução: é a função y ( x ) que satisfaz a EDO em todos os pontos do domínio. A solução
pode ser expressa por uma equação f ( x, y ) = 0 [descrevendo uma curva no plano xy] que define
y ( x ) implicitamente.
Solução geral: é a função f ( x) que fornece todas as soluções da EDO. Ela frequentemente
apresenta constantes arbitrárias em número igual à ordem da EDO. Por exemplo, a solução geral
dny
da equação diferencial ( x) = 0 é obtida através de n integrações indefinidas sucessivas, cada
dx n
integração introduzindo uma constante de integração.
Solução particular: é uma solução que se obtém da solução geral através de uma escolha
particular das constantes arbitrárias (a escolha geralmente é feita de modo a satisfazer certas
condições).
Solução singular: para uma EDO de ordem n, é uma solução que não se obtém da solução
que apresenta n constantes arbitrárias através de uma escolha particular das constantes arbitrá-
rias. Por exemplo, a equação diferencial ( y ′)2 − 2 y ′ + 4 y ( x) = 4 x − 1 é de primeira ordem. Uma
solução contendo uma constante c arbitrária é y ( x) = x − ( x − c)2 . Essa, no entanto, não é a solu-
ção geral, uma vez que y ( x) = x também é solução e não resulta daquela por uma escolha parti-
cular de c.

v) EDO homogênea: é a EDO na qual cada termo aditivo apresenta a função incógnita ou uma
derivada desta. No caso contrário, ela é dita não-homogênea. Exemplos:
2
x y ( x) + ⎜ ⎛ dy ⎞3
⎟ +y
⎝ dx ⎠ ( )d3y
dx3
= 0 ............................. homogênea

y ( x) + dy /dx = x3 .................................................... não-homogênea


Notas:
– Os termos aditivos que não apresentam a função incógnita ou derivadas des-
ta são denominados termos de heterogeneidade, os quais, comumente, são iso-
lados no 2o membro da EDO, formando um único termo de heterogeneidade.
– A uma EDO não-homogênea associamos a chamada EDO homogênea cor-
relata ou associada, obtida com a retirada dos termos de heterogeneidade.

vi) EDO linear: aquela cuja EDO homogênea correlata tem a seguinte propriedade: se y1 e y2
são soluções então c1 y1 + c1 y2 ( c1 e c2 são constantes arbitrárias) também é. Isso ocorre quan-
do a EDO homogênea correlata, de função incógnita y, não apresenta as funções y e suas deriva-
das multiplicadas entre si, com expoentes diferentes de 1 ou como argumento de função não-
linear. Por exemplo, não são lineares as seguintes equações:
64

( )
3
dy dy dy dy d 2 y dy dy
y2 + =0 , y+ =x , y =0 , =0 , sen =0 ; + cos y = 0 ;
dx dx dx dx dx 2 dx dx

já a seguinte é linear:
d2y
x 2 y ( x) + x 2
= h 2 ( x) .
dx

Note que a solução nula y ≡ 0 sempre satisfaz uma EDO linear que seja homogênea.

A EDO de 2a ordem linear mais genérica é a seguinte:


d2y dy
a ( x) 2
+ b( x ) + c ( x ) y ( x ) = h( x ) ,
dx dx
Definindo o operador
ˆ d2 d
L ≡ a ( x) 2 + b( x ) + c( x) ,
dx dx

abreviamos a escrita daquela equação: Lˆ y( x) = h( x) .

Um operador Ô é dito linear se, para quaisquer funções y1 e y2 , tem-se que Oˆ (c1 y1 +
c2 y2 ) = c1 Oˆ y1 + c2 Oˆ y2 , onde c1 e c2 são constantes arbitrárias. É fácil verificar que o opera-
dor L̂ definido acima é linear.

Notas (fáceis de se constatarem) :


– A EDO Oˆ y( x) = h( x) é linear se e somente se o operador Ô é linear.
– A solução nula, y ( x ) ≡ 0 , é sempre solução de uma EDO linear homogênea.
– A linearidade de uma EDO homogênea é vista como um princípio de super-
posição de suas soluções. Uma EDO linear não-homogênea, Oˆ y( x) = h( x) ,
também admite um princípio de superposição, assim expresso: Se Ôy1 = h1
e Ôy2 = h 2 então Oˆ (c1 y1 + c2 y2 ) = c1h1 + c2 h 2 .

vii) Problemas de valor inicial e de valor de fronteira. As n constantes arbitrárias presentes nu-
ma solução geral de uma EDO de ordem n deve ser determinada por meio de n condições suple-
mentares adequadas. Frequentemente, essas condições consistem na exigência de que a solução e
suas n − 1 derivadas tomem valores pré-especificados num dado ponto x = x0 :

y ( x0 ) = y0 , y ′( x0 ) = y0′ , y ′′( x0 ) = y0′′ , " , y ( n −1) ( x0 ) = y0( n −1) .


Quando tais condições são estabelecidas, o problema é conhecido como um problema de valor
inicial, comumente abreviado por PVI.
Outros tipos de condições existem. Por exemplo, valores que a solução ou derivadas destas
devam ter nos extremos do domínio do problema, que é o intervalo a ≤ x ≤ b onde a EDO é
resolvida, podem ser pré-especificados. Nesse caso, temos o chamado problema de valor de
fronteira.
65
6. SOLUÇÃO DE EDOs DE PRIMEIRA ORDEM ESPECIAIS

Consideraremos as seguintes EDOs de primeira ordem:

dy P ( x )
1) Separável: y′( x) = = ou P ( x ) dx = Q ( y ) dy .
dx Q ( y )
2) Homogênea: y ′( x ) = F ( y / x )
dy P ( x, y ) ∂P ∂Q
3) Exata: =− ou P ( x, y ) dx + Q ( x, y ) dy = 0 com = .
dx Q ( x, y ) ∂y ∂x
4) Linear: y′ + p( x) y ( x) = h( x)

a b
5) Redutível à separável: P (ax + by + c) dx + Q ( px + qy + r ) dy = 0 com = aq − bp = 0 .
p q

6) Redutível à homogênea: y′( x) = F ( axpx ++ byqy ++ cr ) com


a b
p q
≠0 .

∂ (λ P ) ∂ (λ Q )
7) Redutível à exata mediante fator integrante: P dx + Q dy = 0, existindo λ tal que = .
∂y ∂x

8) Redutível à linear: Bernoulli: y′ + A( x) y ( x) = B ( x) yα ( x) (α ≠ 1)


Riccati: y′ = A( x) y 2 ( x) + B( x) y ( x) + C ( x)
9) Equação de Clairaut: y ( x) = x y′ + F ( y′ )

Essas EDOs de primeira ordem, com exceção da equação de Clairaut, são da forma
y ′( x ) = F ( x, y ) considerada no teorema 6.1 (de existência e unicidade) abaixo, onde F é uma
função real arbitrária de duas variáveis [a EDO de primeira ordem mais genérica é da forma
g ( x, y , y ′) = 0 , em que g é uma função real arbitrária de três variáveis]. A seguir apresentamos
métodos de solução resolvendo um ou mais exemplos de cada uma delas. Considera-se solução
qualquer equação da forma f ( x, y ) = 0 não envolvendo derivadas que, por diferenciação em
relação a x, forneça uma expressão de y ′ = dy / dx (em função de x e y) cuja substituição na EDO
produza uma identidade, isto é, uma equação que é identicamente satisfeita. Note que a solução
f ( x, y ) = 0 fornece y como uma função implícita de x; portanto, ao derivar tal solução em rela-
ção a x, derivação implícita deve ser empregada.

Teorema 6.1:
(Sobre a existência e a unicidade de solução de PVI com EDO de 1a ordem.)

Se F ( x, y ) e ∂F / ∂y forem funções contínuas numa região retangular


{ ( x, y) : x ∈ [ x0 − a, x0 + a] e y ∈ [y0 − b, y0 + b] } , sendo a e b positivos, en-
tão o PVI definido por y ′( x ) = F ( x, y ) e y ( x0 ) = y0 tem uma única solução
y ( x ) definida num intervalo [ x0 − δ , x0 + δ ] , para algum δ ∈ (0, a ] .

Não provaremos esse teorema.


66
6.1 SEPARÁVEL
⎡ 1 ⎤ 1
( x 2 − 1) 1 − y 2 dx − x 2 dy = 0 ⎢ ou y′ = 1 − x −2 ⎥ ⇒ dy = (1 − x −2 ) dx
⎣ 1− y 2
⎦ 1− y 2

∫ ∫ (1 − x
1 −2
⇒ dy = ) dx ⇒ arcsen y = x + x −1 + c , ou y = sen ( x + x −1 + c) ■
2
1− y

Demostremos que essa equação é uma solução. Derivando-a em relação a x e resolvendo


para y ′ , obtemos
d d 1
arcsen y = ( x + x −1 + c) ⇒ ⋅ y ′ = 1 − x −2 , que é a EDO. CQD.
2
dx dx 1− y

6.2 HOMOGÊNEA
dy x − y 1− y / x
( x − y ) dx − ( x + y ) dy = 0 ⇒ = ⇒ y′ =
dx x + y 1+ y / x
v ≡ y/x ⇒ y = xv ⇒ y ′ = v + xv ′

1 −v dv 1 ⎛ 1 − v dv
− v ⎟⎞ ⇒
dx
y ′ = v + xv ′ = ⇒ v′= = ⎜ = (separável)
1 +v dx x ⎝ 1 + v ⎠ 1 −v x
−v
1 +v
(1 + v ) dv (−2 − 2v ) dv
∫ ∫
dx 1 dx 1
⇒ 2
= ⇒ − 2
= ⇒ − ln 1 − 2v − v 2 = ln x + c1
1 − 2v − v x 2 1 − 2v − v x 2

⇒ ln 1 − 2v − v 2 + ln x 2 = ln x 2 (1 − 2v − v 2 ) = −2c1 ⇒ x 2 (1 − 2v − v 2 ) = ±e−2c1 ≡ c

v = y/ x
⇒ x2 ( 1 − 2 y / x − y 2 / x2 ) = c ⇒ x 2 − 2 xy − y 2 = c ■

Verificação dessa solução:


d / dx x− y
x 2 − 2 xy − y 2 = c ⇒ 2 x − 2 y − 2 xy ′ − 2 yy′ = 0 ⇒ y′ = , que é a EDO!
x+ y

6.3 EXATA

Por definição, uma expressão da forma P( x, y ) dx + Q( x, y ) dy , conhecida por diferencial, é


uma diferencial exata se for a diferencial de uma função, isto é, se existir uma função U ( x, y ) tal
∂U ∂U ∂U ∂U
que P dx + Q dy = dU = dx + dy , ou equivalentemente que =P e =Q .
∂x ∂y ∂x ∂y

Teorema 6.2:
Sejam P( x, y ) e Q( x, y ) funções da classe C1. Nesse caso, a diferencial
∂P ∂Q
P dx + Q dy é exata se e somente se = .
∂y ∂x

De fato, se P dx + Q dy é uma diferencial exata então existe U (x, y) tal que U x = P e U y = Q ,


donde, por ser U da classe C2 (pois P e Q são da classe C1), temos que (U x ) y = Py = (U y ) x = Qx .
Não demostraremos a recíproca, isto é, que se Py = Qx então P dx + Q dy é uma diferencial
exata, embora seja por meio dela que conseguimos saber se uma diferencial é exata ou não.
67

Por exemplo, a diferencial (2 x sen y ) dx + ( x 2 cos y ) dy é exata, porque ∂ (2 x sen y ) / ∂y =


∂ ( x 2 cos y ) / ∂x = 2 x cos y . De fato, ela é a diferencial da função U = x 2 sen y ; observe: dU =
∂U ∂U
dx + dy = (2 x sen y ) dx + ( x 2 cos y ) dy , que é a diferencial dada.
∂x ∂y

Pelo exposto, podemos dizer que a equação P( x, y ) dx + Q( x, y ) dy = 0 é uma EDO exata


quando o primeiro membro for uma diferencial exata, isto é, segundo o teorema, quando
∂P / ∂y = ∂Q / ∂x . Nesse caso, existe uma função U ( x, y ) tal que dU = P( x, y ) dx + Q( x, y ) dy = 0 ,
donde
U ( x, y ) = constante

(uma equação que define y implicitamente como uma função de x) é uma solução da EDO.
Exemplos:

∂ ( x3 + y 2 ) ∂ (2 xy + cos y )
i) ( x3 + y 2 ) dx + (2 xy + cos y ) dy = 0 é exata, pois = = 2y
∂y ∂x

⎧ ∂U 3 2
⎪⎪ ∂x = x + y igualando
∴⎨ ∫ dy ⇒ x3 + y 2 = y 2 + B′( x)
⎪ ∂U = 2 xy + cos y ⇒ U = xy 2 + sen y + B( x) ⇒ ∂U = y 2 + B′( x)
⎪⎩ ∂y ∂x

⇒ B ′( x) = x3 ⇒ B( x) = x 4 / 4 + c1 ⇒ U ( x, y ) = xy 2 + sen y + x 4 / 4 + c1

A solução é então U = constante, ou xy 2 + sen y + x 4 / 4 = c ■

∂ (2 x − y + 1) ∂ (2 − x − 3 y )
ii) (2 x − y − 5) dx + (7 − x − 4 y ) dy = 0 é exata, pois = = −1
∂y ∂x
⎧ ∂U ∫ dx ∂U
⎪ = 2 x − y − 5 ⇒ U = x 2 − xy − 5 x + A( y ) ⇒ = − x + A′( y ) igualando
∴ ⎨⎪ ∂x ∂y ⇒
⎪ ∂U = 7 − x − 4 y
⎪⎩ ∂y

A′( y ) = 7 − 4 y ⇒ A( y ) = 7 y − 2 y 2 + c1 ⇒ U = x 2 − xy − 5 x + 7 y − 2 y 2 + c1

A solução é então U = constante, ou x 2 − xy − 5 x + 7 y − 2 y 2 = c ■

6.4 LINEAR
y ′ + p ( x) y ( x) = h( x) .

Seja f ( x) ≡ e ∫ = e∫
∫ p dx , i.e.,
p ( x ) dx df p dx d
(denominado fator integrante). Note que
dx dx
f ′ = f p . Logo, multiplicando a EDO por f, obtemos

y′f + y N
f p = hf y′f + y ( f ′
) = hf
⇒  ⇒ ( y f )′ = h f ,
f′ ( yf )′

que é a fórmula que aconselhamos ser memorizada, a partir da qual a solução é facilmente obti-
da. Mas, continuando os cálculos, obtemos a seguinte expressão da solução, que também pode
ser memorizada, se assim se achar melhor:
68

∫ hf dx + c ∫ hf dx + f
1 c c
yf = ⇒ y= , e y= (se h = 0: EDO linear homogênea) .
f f

Exemplos:

i) y ′ − y / x = x − 2 ( x > 0)
1
ln
f ≡ e∫
( −1/ x ) dx
= e − ln x = e x = 1 / x .
1 ′
∫⎝
1 2
∴ ⎛⎜ y ⎞⎟ = ( x − 2) ⇒ = ⎛⎜ 1 − ⎞⎟ dx = x − 2ln x + c ⇒ y = x 2 − 2 x ln x + cx ■ .
y
⎝ x⎠ x x x⎠

÷ 2 cos x
ii) (2cos x) y ′ − (2sen x) y ( x) = sen 2 x (0 ≤ x < π /2) ⇒ y′ − (tan x) y = sen x .

f ≡e ∫
− tan x dx
= eln cos x = cos x .
sen 2 x sen 2 x c
( y cos x)′ = sen x cos x ⇒ y cos x = +c ⇒ y= + ■
2 2cos x cos x

iii) Ache a solução de x y ′ − y ( x) = 2 x3 , x > 0 , sob a condição y (1) = 3 .

Essa EDO na forma padrão é dada por y ′ − (1 / x) y = 2 x 2 . Resolvendo, obtemos

f ≡e ∫
− dx / x
= e− ln x = 1 / x .

( y 1x ) = 2x ⋅ 1x = 2x
′ 2 y
⇒ = x2 + c ⇒ y = x3 + cx
x ⇒ y ( x) = x3 + 2 x ■
y (1) = 1 + c = 3 ⇒ c = 2

iv) dx + ( x − y ) dy = 0 ⇒
÷ dy dx
+ x ( y ) = dy ⎡ se ÷ dx, obtemos dy = 1 : como resolver? ⎤
dy ⎢⎣ dx y − x ⎥⎦

f = e∫
∫ ye dy = e ( y − 1) + c ⇒ x( y) = y − 1 + c
1⋅ dy d y
= ey . ∴ (e x) = ye y ⇒ e y x = y y −y

dy

6.5 REDUTÍVEL À SEPARÁVEL


a b
P (ax + by + c) dx + Q ( px + qy + r ) dy = 0 com = aq − bp = 0 .
p q

O determinante nulo indica que o termo ax + by é múltiplo do termo px + qy , ou seja,


px + qy = λ ( ax + by ) , o que enseja a mudança de variável t ≡ ax + by . Em vez de prosseguir essa
análise numa situação genérica, consideremos alguns casos concretos:

i) ( x + y + 1) dx + (2 x + 2 y − 1) dy = 0

Definindo t ≡ x + y , temos que dx = dt − dy , e a EDO toma a forma (t + 1)(dt − dy ) +


(2t − 1) dy = 0 ; logo,

t +1 t −2+3⎞ 3 ⎞
(t + 1) dt + (t − 2) dy = 0 ⇒ dy = − dt = − ⎛⎜ ⎛
⎟ dt ⇒ dy = − ⎜ 1 + ⎟ dt ⇒
t−2 ⎝ t−2 ⎠ ⎝ t−2⎠
y = − ( t + 3ln| t − 2 | ) + c ⇒ y = − ( x + y + 3ln| x + y − 2 | ) + c ⇒ 2 y + x + 3ln| x + y − 2 | = c ■
69
ii) 2 dx + ( N
x + y + 1) dy = 0 ⇒ 2 (dt − dy ) + (t + 1) dy = 0 ⇒ 2 dt + (t − 1) dy = 0
t
2
⇒ dy = − dt ⇒ y = −2 ln | t − 1| + c ⇒ y + 2 ln | x + y − 1| = c ■
t −1

iii) (2 x − 2 y + 4) N x − y + 1) 2 dy = 0
dx + ( N
dt + dy t

Definindo t ≡ x − y , como se indica acima, obtemos

(2t + 4) (dt + dy ) + (t + 1) 2 dy = 0 ⇒ (2t + 4) dt + [( 2


t + 1)
+ 2t + 4]

dy = 0 ⇒
t 2 + 4t + 5
dy −(2t + 4)
= 2 ⇒ y = − ln t 2 + 4t + 5 + c ⇒ y + ln ( x − y ) 2 + 4 ( x − y ) + 5 = c ■
dt t + 4t + 5

6.6 REDUTÍVEL À HOMOGÊNEA

y ′( x) = F ( axpx ++ byqy ++ cr ) com


a b
p q
≠0 .

Façamos uma breve discussão do método de resolução antes de exemplificá-lo.


O método consiste em mudar para as variáveis
x≡t+h e y ≡u+k (donde dx = dt e dy = du )
com o intuito de tornar o argumento da função F uma função só da variável u / t , ou seja, reduzir
a EDO à forma da equação homogênea du / dt = G (u / t ) . Para isso, observe que
ax + by + c = a (t + h) + b (u + k ) + c = at + bu + (ah + bk + c) ,
px + qy + r = p (t + h) + q (u + k ) + r = pt + qu + ( ph + qk + r ) .

Essas equações mostram que, se determinarmos os parâmetros h e k da mudança de variá-


veis de modo que os termos entre parênteses se anulem, alcançamos nosso objetivo:
ax + by + c at + bu a + b (u / t )
= = .
px + qy + r pt + qu p + q (u / t )

Mas isso é possível, pois h e k formam a solução do sistema algébrico


⎧ ah + bk = −c

⎩ ph + qk = − r
e esse sistema tem uma única solução, pois o determinante dos coeficientes, por hipótese, não é
nulo.
Por exemplo, para resolver a EDO ( x + 2 y − 1) dx + (2 x − y − 7) dy = 0 , definimos
x≡t+h e y ≡u+k (donde dx = dt e dy = du ) ,
a EDO toma a forma
[t + h + 2 (u + k ) − 1] dt + [2 (t + h) − (u + k ) − 7] du = [t + 2u + h

+ 2k − 1] dt + [2t − u + 2

h − k − 7] du = 0 ,
0 0

escolhendo h e k de modo que se anulem os termos indicados acima, isto é


⎧ h + 2k = 1 ⎧t = x − 3
⎨ ⇒ h = 3 e k = −1 ⇒ ⎨ ,
⎩ 2h − k = 7 ⎩u = y + 1
70
obtemos uma EDO homogênea:
du t + 2u 1 + 2 (u / t )
[t + 2u ] dt + [2t − u ] du = 0 ⇒ = ⇒ u ′(t ) = .
dt u − 2t (u / t ) − 2

Resolvemos essa equação como já aprendemos, fazendo u (t ) / t ≡ v (t ) . Logo,

⎤ 1 ⎡ 1 + 2v − v + 2v ⎤ dv 1 ⎡ 1 + 4v − v 2 ⎤
2
1 + 2v 1 ⎡ 1 + 2v
u ′ = v ′t + v = ⇒ v′= − v = ⎢ ⎥ ⇒ = ⎢ ⎥
v −2 t ⎢⎣ v − 2 ⎥ t
⎦ ⎢⎣ v −2 ⎥⎦ dt t ⎢⎣ v − 2 ⎥⎦

(v − 2) dv
∫ 1 + 4v − v ∫
dt 1
⇒ 2
= ⇒ − ln 1 + 4v − v 2 = ln t + c1 ⇒ 1 + 4v − v 2 = c2 t −2
t 2
v ≡ u/t 4u u 2
⇒ 1+ − 2 = c2 t −2 ⇒ t 2 + 4tu − u 2 = c2 ⇒ t 2 + 4tu − u 2 = ± c2 ≡ c3
t t

Por fim, retornamos às variáveis originais, substituindo t = x − 3 e u = y + 1 :


( x − 3) 2 + 4 ( x − 3) ( y + 1) − ( y + 1) 2 = c3 ⇒ x 2 − 6 x + 9 + 4 xy + 4 x − 12 y − 12 − y 2 − 2 y − 1 = c3

⇒ x 2 + 4 xy − y 2 − 2 x − 14 y = c3 + 4 ≡ c ■

6.7 REDUTÍVEL À EXATA MEDIANTE FATOR INTEGRANTE

Observe que a EDO − y dx + x dy = 0 não é exata, mas são exatas as seguintes EDOs, obtidas
daquela multiplicando-a por um termo, por 1/ x 2 , 1/ y 2 ou 1 / ( x 2 + y 2 ) , respectivamente:
− y dx + x dy − y dx + x dy − y dx + x dy
=0 , =0 e =0 ,
x2 y2 x2 + y 2
cujas soluções são, respectivamente,
y/x = c , −x / y = c , arctan ( y / x) = c .
Vejamos o que está por trás desse fato.
Se P( x, y ) dx + Q( x, y ) dy = 0 não é uma EDO exata, vejamos que fator λ ( x, y ) torna
λ P dx + λ Q dy = 0 exata. Vimos que, para isso, é necessário e suficiente que
∂ (λ P ) ∂ (λ Q ) ∂λ ∂P ∂λ ∂Q
= ⇒ P+λ = Q+λ ,
∂y ∂x ∂y ∂y ∂x ∂x

donde, rearranjando, obtemos a seguinte equação de derivadas parciais (EDP) cuja solução for-
nece o fator λ:
Q ∂λ P ∂λ ∂P ∂Q
− = − .
λ ∂x λ ∂y ∂y ∂x
A resolução dessa equação de derivadas parciais está fora do escopo dessa disciplina, mas
podemos tentar determinar λ como função só de x ou só de y.

∂λ ∂λ
a) Se λ for função só de x então =0 e = λ ′( x) ; então, da EDP acima, obtemos uma
∂y ∂x
EDO de 1a ordem linear que é homogênea, cuja solução, conforme a seção 6.4, é imediata:
Py −Qx

λ′ −
Py − Qx
λ ( x) = 0 ⇒ λ ( x) = c e
∫ Q
dx
(c constante) .
Q
71
Essa solução para λ ( x ) só será consistente se ( Py − Qx ) / Q for função só de x ; se esse não é o
caso, não se é possível obter λ como função só de x.

∂λ ∂λ
b) Se λ for função só de y então =0 e = λ ′( y ) ; logo, similarmente,
∂x ∂y
Py −Qx

λ ( y) = c e ∫
Py − Qx dy
λ′ + λ ( y) = 0 ⇒ −P (c constante) ,
P
que será consistente se ( Py − Qx ) / P for função só de y.

Note que essas EDOs que são resolvidas para se obter λ também são separáveis, podendo,
como tais, ser resolvida, conforme a seção 6.1. Além disso, a constante c na expressão de λ é
obviamente irrelevante, pois ela multiplica todos os termos aditivos da EDO, cancelando-se.

Exemplos:

y 2 dx + (

i) N xy + 1) dy = 0 ( y > 0)
P Q

Como Py − Qx = 2 y − y = y ≠ 0 , a EDO não é exata. Tentemos um fator que depende só


de y. Podemos calcular λ ( y ) usando a fórmula deduzida acima:


Py −Qx
∫ y dy = c e− ln y = c / y
y 1

λ ( y) = c e ∫
dy 2
dy −
−P = ce −y = ce .
Sem decorar tal fórmula, podemos calcular λ ( y ) impondo a condição de a EDO ser exata:

∂ [λ P ] ∂ [λ Q ] ∂ [λ y 2 ] ∂ [λ ( xy + 1)]
= ⇒ = ⇒ y 2 λ ′ + 2 yλ = yλ
∂y ∂x ∂y ∂x
1 c c c
⇒ λ ′ + λ ( y) = 0 ⇒ λ = = ln y = .
e∫
y (1/ y ) dy e y

Assim,
λ ( Pdx + Qdy ) =
1⎡ 2
y ⎣ y dx + ( xy + 1)dy ⎤⎦ = y dx + x +
1
y
dy = 0 ( )
é exata (verifique!), cuja solução, obtida como já se ensinou, é
U ( x, y ) = xy + ln y = c ■

x 2
ii) ( − y 2
) dx + 2N
xy dy = 0 ( x > 0)
P Q

Py − Qx = − 2 y − 2 y = − 4 y ≠ 0 : a EDO não é exata. Tentemos um fator que depende só


de x. Calculamos λ ( x ) por meio da fórmula acima,
Py −Qx −4 y

λ ( x) = c e
∫ Q
dx
= ce
∫ 2 xy
dx −2

1
= ce x = ce
dx −2 ln x + c 1
= c / x2 ,


ou sem usar tal fórmula, exigindo que a EDO multiplicada por λ seja exata [note que λ ′ = ]:
dx
72

∂ [ λ P ] ∂ [λ Q ] ∂ [λ ( x 2 − y 2 )] ∂ [λ 2 xy ]
= ⇒ = ⇒ λ (−2 y ) = λ ′2 xy + λ 2 y
∂y ∂x ∂y ∂x
.
2 c c c
⇒ λ ′ + λ ( x) = 0 ⇒ λ = = 2 ln x = 2 .
e∫
x (2 / x ) dx e x
Assim,

( )
2
1 ⎡ 2 2 ⎤ = 1 − y dx + 2 y dy = 0 ,
λ ( Pdx + Qdy ) = 0 ⇒ ( x − y ) dx + 2 xy dy
x2 ⎣ ⎦ x2 x
que é exata (verifique!), cuja solução é
U ( x, y ) = x + y 2 / x = c ■

6.8 REDUTÍVEL À LINEAR

6.8.1 Equação de Bernoulli


× y −α
y ′ + A( x) y ( x) = B ( x) yα ( x) (α ≠ 1) ⇒ y −α y ′ + A( x) y −α +1 ( x) = B ( x) .

v′ v′
Se v ≡ y −α +1 ⇒ v ′ = (−α + 1) y −α y′ ⇒ y −α y′ = , e a EDO toma a forma + Av = B ,
1−α 1−α
ou seja, reduzimos a equação de Bernoulli à uma EDO linear v ′ + [(1 − α ) A( x )] v ( x ) = [(1 − α ) B ( x )] .

y −3
2 −2
3
Exemplo: y ′ − 2 y / x = 3 x y ( x > 0) ⇒ y −3 y ′ − y = 3x .
x Nv

v′ 2 4
Se v ≡ y −2 ⇒ v ′ = −2 y −3 y ′ , e a EDO se torna − v = 3x ⇒ v ′ + v ( x) = −6 x (linear) .
−2 x x

≡ e ∫ x = e 4 ln x = x 4
4
dx
f ⇒ (v x 4 )′ = −6 x ⋅ x 4 ⇒ v x 4 = − x 6 + c ⇒ v = (c − x 6 ) / x 4 .

c − x6 x4 x2
y −2 = v = ⇒ y2 = ⇒ y ( x) = ± ■
x4 c − x6 c − x6

6.8.2 Equação de Riccati


y ′ = A( x) y 2 ( x) + B( x) y ( x) + C ( x) .

Note que, se C ( x) ≡ 0 , essa EDO (homogênea) também é uma equação de Bernoulli.


Vamos descrever um método de resolvê-la no caso em que conhecemos previamente uma
solução particular y1 ( x ) . Substituindo a expressão
y ( x ) = y1 ( x ) + 1/v ( x )

na equação de Riccati, esta toma forma da equação linear (mostre isso como exercício)
v ′ + [2 A( x ) y1 ( x ) + B ( x )] v ( x ) = − A( x ) ,

que pode ser resolvida conforme já expusemos. Seguem dois exemplos:


73

(i) y ′ = y 2 − 2 x y ( x) + x 2 + 1 tem a solução particular y1 ( x ) = x .


Identificamos A( x) = 1 , B( x) = −2 x e C ( x) = x 2 + 1 . Logo,
v ′ + (2 x − 2 x ) v ( x ) = −1 ⇒ v ′ = −1 ⇒ v = − x + c ⇒ y ( x) = y1 ( x) + 1 / v ( x) = x + (c − x) −1 .

Temos então a solução mais geral y ( x) = x + (c − x)−1 além daquela solução particular
y ( x) = x , que é singular (não é obtida da solução mais geral com algum valor específico de c).

(ii) y ′ = y 2 − x −1 y ( x) − x −2 ( x > 0) tem a solução particular y1 ( x) = x −1 .


Identificamos A( x) = 1 , B( x) = − x −1 e C ( x) = − x −2 . Nesse caso temos que 2 A( x ) y1 ( x ) + B ( x )
= 2 ⋅ 1 ⋅ x −1 − x −1 = x −1 ; logo, devemos resolver a EDO linear v ′ + x −1 v ( x) = −1 :
x −1dx
f =e∫ = eln x = x ⇒ (v x)′ = −1 ⋅ x ⇒ v x = − x 2 / 2 + c ⇒ v = − x / 2 + cx −1 .

Temos então a solução mais geral y ( x) = y1 ( x) + 1 / v ( x) = x −1 + (c x −1 − x / 2)−1 além daquela


solução particular y ( x) = x −1 , que é singular.

Quem não quer memorizar a expressão fornecida acima para a equação linear que se obtém
para v [isto é, a equação v ′ + [2 A( x ) y1 ( x ) + B ( x )] v ( x ) = − A( x ) ] deve deduzi-la! Façamos isso para
as EDOs dos dois exemplos acima; vamos deduzir as equações marcadas com sublinhado duplo
naqueles exemplos:

(i) y ′ = y 2 − 2 x y ( x) + x 2 + 1 tem a solução particular y1 ( x ) = x .

Substituindo y = y1 + 1/v = x + v −1 na EDO (note que v −1 é o inverso aritmético 1/v da


função v ; não é a inversa dessa função), obtemos
2
y′
  
y
  
y

1 − v −2v ′ = x 2 + 2 xv −1 + v −2 − 2 x( x + v −1 ) + x 2 + 1
= x 2 + 2xv −1 + v −2 − 2x 2 − 2xv −1 + x 2 + 1 ⇒ − v −2v ′ = v −2 ⇒ v′ =1 .
= v −2 + 1

(ii) y ′ = y 2 − x −1 y ( x) − x −2 ( x > 0) tem a solução particular y1 ( x ) = 1/ x .

Substituindo y = y1 + 1 /v = x−1 + v −1 na EDO, obtemos


2
y′
  
y
 
y

− x − v v ′ = x + 2 x v + v − x ( x + v −1 ) − x −2
−2 −2 −2 − 1 −1 −2 −1 −1

= x −2 + 2x −1v −1 + v −2 − x −2 − x −1v −1 − x −2 ⇒
−1 −1 −2 −2
=x v +v −x

−v −2v ′ = x −1v −1 + v −2 ⇒ v ′ = − x −1v − 1 ⇒ v ′ + x −1v = −1 .

Observação: No exemplo (i) acima, se tivéssemos começado com a solução particular y1 ( x) = x − x −1 (faça c = 0
na solução já obtida), obteríamos y ( x) = x − x −1 + ( x + kx 2 ) −1 = x − k / (1 + kx) , com k ∈ \ , como solução mais
geral, a qual não inclui a solução y1 ( x) = x − x −1 : esta agora é a solução singular.
74
6.9 EQUAÇÃO DE CLAIRAUT

y ( x) = x y′ + F ( y′ ) (não-linear se F não for uma função afim)

Resolução: Primeiramente substituímos p ( x) = y′( x) :

y = x p + F ( p) . (I)

Em seguida, derivamos em relação a x:

y ′ = p + xp′ + F ′( p) p′ ⇒ [ x + F ′( p) ] p′ = 0 ,
donde
⎧ p′ = 0 ⇒ p = c , (II)

⎨ ou
⎪⎩ x + F ′( p) = 0 ⇒ x = − F ′( p ) . (III)

Aos dois resultados em (II) e (III), tendo (I) em conta, correspondem duas soluções. A subs-
tuição de (II) em (I) fornece a solução mais geral (a que exibe a constante arbitrária c):

y ( x) = cx + F (c) ■

Ao resultado em (III) corresponde a solução singular da equação de Clairaut. Se for possível


calcular analiticamente a inversa de F ′ para deduzir p = ( F ′ )−1 (− x) , com a substituição dessa
expressão em (I), obtemos tal solução na forma explícita:

y ( x) = x ( F ′ ) −1 (− x) + F [( F ′ ) −1 (− x)] ■

Se isso não for possível, deixamo-la na forma paramétrica (parâmetro p), dada por (I) e (III):

x( p) = − F ′( p ) e y ( p) = − pF ′( p) + F ( p) ■

Exemplos:
i) y = xy ′ − ln y ′ [nesse caso, F ( y ′) = − ln y ′ ]
Substituindo y ′ por p( x) e derivando, obtemos
y = xp − ln p ⇒ y ′ = p + xp′ − (1/ p ) p′ ⇒ ( x − 1/ p ) p′ = 0 .

Solução mais geral: p ′ = 0 ⇒ p=c ⇒ y ( x ) = cx − ln c ■


Solução singular: x − 1/ p = 0 ⇒ p = 1/ x ⇒ y = x (1/ x ) − ln(1/ x ) ⇒ y = 1 + ln x ■

dy ⎞2
ii) ⎛⎜
dy
⎟ −x +y=0 .
⎝ dx ⎠ dx
y′= p d / dx
y = xy′ − ( y′) 2 ⇒ y = xp − p 2 ⇒ y′ = p + xp′ − 2 pp′ ⇒ ( x − 2 p) p′ = 0 .
Solução mais geral: p′ = 0 ⇒ p=c ⇒ y ( x) = cx − c 2 ■
x 2 x2 x2 x2
y = x ⎛⎜ ⎞⎟ − ⎛⎜ ⎞⎟ =
x x
Solução singular: x − 2p = 0 ⇒ p= ⇒ − ⇒ y ( x) = ■
2 ⎝2⎠ ⎝2⎠ 2 4 4
75
y ′= p d / dx
iii) y = xy ′ − ( y ′2 + e y ′ ) ⇒ y = xp − ( p 2 + e p ) ⇒ y ′ = p + xp ′ − (2 p + e p ) p ′ ⇒ ( x − 2 p − e p ) p ′ = 0 .

Solução mais geral: p′ = 0 ⇒ p=c ⇒ y ( x) = cx − c 2 − ec ■


Solução singular (forma paramétrica): x( p) = 2 p + e p , y ( p) = (2 p + e p ) p − ( p 2 + e p ) ■

6.10 EQUAÇÃO DE LAGRANGE

y ( x ) = F ( y ′ ) + xG ( y ′) (com G ( y′) ≡ y′ para evitar a eq. de Clairaut)

Resolução: Substituimos y′( x) = p( x) , e a EDO toma a forma

y = F ( p) + xG ( p) . (I)

Preliminarmente, verificamos se p0 − G ( p0 ) = 0 para algum p0 , porque, se for o caso, de


(I), com p = p0 , obtemos uma solução:

y = F ( p0 ) + xG ( p0 ) ⇒ y ( x) = p0 x + F ( p0 ) é solução. (II)


p0

Constata-se isso diretamente, notando que a substituição de (II) na EDO produz uma identidade:

y = p0 x + F ( p0 ) ⇒ y′ = p0 ⇒ F ( y′) + xG ( y′) = F ( p0 ) + x G ( p0 ) = F ( p0 ) + xp0 = y 3




= p0
Para continuar a resolução, derivamos (I):
Pp

y′ = F ′( p) p′ + xG′( p) p′ + G( p) ,
donde
dp dx F ′( p ) + xG′( p )
p − G ( p

) = [ F ′( p ) + xG′( p ) ] ⇒ = .
≠0
dx dp p − G ( p)

Note que, por hipótese, p − G ( p ) = y′ − G ( y′) ≠ 0 e, portanto, dp / dx ≠ 0 , garantindo a existên-


cia de dx / dp . Do resultado acima, obtemos

dx 1 F ′( p)
− x( p ) = , (III)
dp p − G ( p ) p − G ( p)

uma EDO linear para x( p) , que já sabemos resolver. Poupamo-nos de decorar a forma de (III)
deduzindo-a novamente ao resolver a equação de Lagrange num caso específico.
Como na resolução da equação de Clairaut, se a solução de (III) é uma função x( p ) cuja
inversa p( x) é possível calcular analiticamente, então a substituição de p ( x) em (I) fornece a
solução numa forma explícita y ( x) ; caso contrário, contentamo-nos com uma forma paramétrica
da solução advinda da solução x( p) de (III) e de (I).

Exemplos:
76
3 4
i) y = −2 + y′ [nesse caso, G ( y′) = 0 e F ( y ′) = −2 + 3 y ′4 /4 ]
4
Substituimos p ( x) = y′ na EDO: y = −2 + 3 p 4 /4 [a]

Derivamos essa equação em relação a x (lembrando que y′ = p ): p = 3 p 3 p′ [b]

Vemos que p = 0 satisfaz essa equação; com esse valor, [a] fornece a solução singular
y ( x) = −2 ■

Agora com p ≠ 0 , dividindo [b] por p e integrando, obtemos

∫ 3 p dp = ∫ dx
dp
1 = 3 p2 ⇒ 2
⇒ p3 = x + c ⇒ p = ( x + c)1/3 . [c]
dx
Substituindo [c] em [a], obtemos a solução mais geral numa forma explícita:
3
y = −2 + ( x + c) 4/3 ■
4

x 2
ii) y = y ′ + y ′ 3 − 1 [nesse caso, G ( y ′) = y ′ 2 /2 e F ( y′) = y ′ 3 − 1 ]
2
x
Substituindo p ( x) = y′ : y = p 2 + p 3 − 1 [a]
2
p2
= p ⎜⎛ 1 − ⎟⎞ = 0 então p = 0 ou 2. Assim, com p = 0
p
Vemos que se p − G ( p ) = p −
2 ⎝ 2⎠
e p = 2 , [a] fornece as soluções singulares

y ( x) = −1 e y ( x) = 2 x + 7 ■

Agora consideramos [a] com p ≠ 0 e 2 ; derivando em relação a x, obtemos

p2
= p ⎜⎛ 1 − ⎟⎞ ≠ 0
dp p
p= + ( px + 3 p 2 ) p′ ⇒ p ( x + 3 p)
2 dx
N ⎝ 2⎠
≠0

dx 2 x + 6 p dx 2 6p
⇒ = ⇒ + x= .
dp 2− p dp p − 2 2− p

∫ dp 2ln p − 2 = ( p − 2)2 ; logo,


2

O fator integrante dessa EDO de 1 a


ordem linear é e p − 2 = e

d ⎡ 2 ⎤ 2 2 3 6 p 2 − 2 p3 + c
( p − 2) x = 6 p (2 − p ) ⇒ ( p − 2) x = 6 p − 2 p + c ⇒ x = .
dp ⎣ ⎦ ( p − 2)3

Por fim, com essa expressão de x e a que se obtém para y substituindo-a em [a], chegamos à
solução mais geral, numa forma paramétrica (parâmetro p):

6 p 2 − 2 p3 + c 6 p 4 − 2 p 5 + cp 2
x( p ) = e y ( p) = + p3 − 1 ■
( p − 2)3 2( p − 2) 3
77
7. EDO LINEAR DE ORDEM N

Estudaremos nesta seção a EDO linear de ordem n homogênea mais geral, que tem a forma
an ( x) y ( n ) + an −1 ( x) y ( n −1) + " + a2 ( x) y ′′ + a1 ( x) y ′ + a0 ( x) y ( x) = h( x)

e que pode ser escrita na forma abreviada


ˆ ( x ) = h( x ) ,
Ly
onde L̂ simboliza o operador diferencial linear

dn d n −1 d2 d
Lˆ = an ( x) n + an −1 ( x) n −1 + " + a2 ( x) 2 + a1 ( x) + a0 ( x) .
dx dx dx dx

Essa será a forma de L̂ em toda esta seç. 7.


O problema de se resolver a EDO linear de ordem n consiste em determinar a expressão
mais geral de y ( x) que, ao ser substituída no lado esquerdo da EDO (ou se operado por L̂ ), for-
neça o lado direito, h( x) .
Se h( x) e os coeficientes ak ( x) , exceto an ( x) , são nulos (i.e., a EDO é simplesmente
y ( n ) ( x ) = 0 ), a solução geral da EDO é obtida diretamente com n integrações sucessivas, cada
integração introduzindo uma constante de integração independente. É de se esperar que a solução
geral da EDO linear genérica também contenha n constantes arbitrárias. Isso de fato acontece
com EDOs lineares, conforme será estabelecido no Teorema 7.5 adiante: a solução geral de tal
equação é a que apresenta n constantes arbitrárias, podendo todas as soluções ser obtidas por
especializações das n constantes. Essa não é uma propriedade genérica das EDOs não-lineares,
as quais podem admitir as chamadas soluções singulares [v. o item (iv) da seç. 5 e, como exem-
plo, a equação de Clairaut na seç. 6.9].
Geralmente as constantes arbitrárias são especializadas exigindo-se que a solução da EDO
satisfaça certas condições [v. o item (vii) da seç. 5]. Se condições iniciais são impostas, forma-se
um problema de valor inicial (PVI), versando o seguinte teorema sobre a existência e unicidade
da solução de tal problema:

Teorema 7.1
ˆ ( x) = h( x) e pelas n condições
Considere o PVI formado pela EDO Ly

y ( x0 ) = y0 , y′( x0 ) = y0′ , y′′( x0 ) = y0′′ , " e y ( n −1) ( x0 ) = y0( n −1) .

Se x0 é um ponto de um intervalo aberto I onde

• an ( x) , an −1 ( x) , " , a1 ( x ) , a0 ( x) e h ( x ) são funções contínuas


• an ( x) ≠ 0 ∀x ∈ I
então esse PVI tem uma única solução y ( x) nesse intervalo.

Não provaremos esse teorema.

Daqui por diante, admitimos que as duas condições no teorema acima (continuidade dos
coeficientes e do termo de heterogeneidade da EDO e a não-existência de zeros de an ( x) em I )
são satisfeitas, a não ser que se diga expressamente o contrário.
78
7.1 CONCEITOS PRELIMINARES

7.1.1 Dependência linear

Define-se combinação linear de n funções u1 ( x ),", un ( x ) como uma expressão da forma


n
c1 u1 ( x) + " + cn un ( x) = ∑ ck uk ( x) [ c1 ,", cn → constantes ] .
k =1

Se c1 = c2 = " = cn = 0 , temos a combinação linear trivial.


Se pelo menos uma das constantes ck não é 0, a combinação linear é não-trivial.
As funções u1 ( x ),", un ( x ) são ditas linearmente dependentes (l.d.) (ou formam um conjunto
l.d.) num intervalo (a, b) se é possível expressar uma delas como combinação linear das outras
naquele intervalo.
A definição acima também pode ser enunciada noutra forma equivalente: u1 ( x ),", un ( x ) são
funções l.d. se existir uma combinação linear não-trivial delas que se anule identicamente no
intervalo considerado. De fato, se c1u1 ( x) + c2 u2 ( x) + " + cn un ( x) = 0 com, digamos, c1 ≠ 0 ,
então, dividindo essa equação por c1 , obtemos u1 ( x ) = (c2 / c1 ) u2 ( x ) + " + (cn / c1 ) u n ( x ) , mostrando
que u1 ( x) é uma combinação linear das demais funções. Reciprocamente, se, digamos, u1 ( x) é
uma combinação linear das demais funções, isto é, u1 ( x ) = c2 u2 ( x ) + " + cn un ( x ) , então temos
que (−1) u1 ( x) + c2 u2 ( x) + " + cn un ( x) = 0 , que é uma combinação linear não-trivial que se
anula identicamente.
Funções que não são l.d são ditas linearmente independentes (l.i.). Portanto, com tais fun-
ções, não é possível formar uma combinação linear não-trivial que se anule identicamente, isto é,
para elas vale o seguinte:

Se c1 u1 ( x) + " + cn un ( x) = 0 e essas funções são l.i. então c1 = c2 = " = cn = 0 . .

Exemplos de funções l.d: cos 2 x, cos2 x e 1 , pois cos 2 x − 2cos 2 x + 1 = 0 ∀x ∈ \ .

Exemplos de funções l.i: 1, x e x 2 , pois se c0 (1) + c1 x + c2 x 2 = 0 ∀x ∈ \ ⇒ c0 = c1 = c2 = 0 .

No caso de apenas duas funções, quando elas são l.d., uma é múltipla da outra. De fato, se
c0u0 ( x) + c1u1 ( x) = 0 com uma das constantes diferentes de zero, digamos c0 ≠ 0 , então
u0 ( x) = α u1 ( x) , com α = −c1 / c0 .
A necessidade de se especificar o intervalo é ilustrada com o exemplo das funções x e x .
Essas funções são l.d. em qualquer intervalo que não inclua x = 0 , pois
x − x = 0 para x > 0 , e x + x = 0 para x < 0 . x
Mas elas são l.i. em qualquer intervalo que inclui x = 0 , pois
c1 x + c2 x = 0 para x ∈ ( −1, 3) ⇒ c1 = c2 = 0 . x

7.1.2 Wronskiano

Considere funções u1 ( x),", un ( x) que sejam diferenciáveis pelo menos n − 1 vezes em


todos os pontos de um intervalo I. Se, nesse intervalo,
79
c1 u1 ( x ) + c2 u 2 ( x ) + " + cn u n ( x ) = 0 ,

então, por diferenciação, obtemos as seguintes equações, válidas em I:

c1 u1′ ( x ) + c2 u 2′ ( x ) + " + cn u n′ ( x ) = 0 ,

c1 u1′′( x ) + c2 u 2′′ ( x ) + " + cn u n′′ ( x ) = 0 ,


#
c1 u1( n −1) ( x) + c2 u2( n −1) ( x) + " + cn un( n −1) ( x) = 0 .

Ou seja, as n constantes ck satisfazem n equações algébricas, de modo que, se para algum


x0 ∈ I o determinante
u1 ( x) u2 ( x ) " un ( x )
u1′ ( x) u2′ ( x ) " un′ ( x)
W { u1 ( x),", un ( x) } ≡
#
u1( n −1) ( x) u2( n −1) ( x) " un( n −1) ( x )

[chamado de wronskiano das funções u1 ( x ),", un ( x ) ] se anula, então, neste ponto x0 de I, o sis-
tema algébrico tem (de acordo com um conhecido teorema da Álgebra Linear) a única solução
c1 = c2 = " = cn = 0 , indicando que as funções u1 ( x ),", un ( x ) são l.i. em I. Logo, basta que o
wronskiano dessas funções difira de zero num único ponto x de I para que essas funções sejam
l.i. nesse intervalo. Está assim estabelecido o seguinte teorema:

Teorema 7.2
Para n funções u1 ( x ), " , u n ( x ) diferenciáveis pelo menos n − 1 vezes em todos
os pontos de um intervalo I, vale o seguinte:

W { u1 ( x),", un ( x) } ≠ 0 em pelo menos um ponto x de um intervalo I


⇒ { u1 ( x),", un ( x) } é l.i. em I

ou, equivalentemente,

{ u1 ( x),", un ( x) } é l.d. em I ⇒ W { u1 ( x),", un ( x) } = 0 ∀x ∈ I .

Exemplos:
1 cos 2 x cos 2 x
{ 2
} 2
{ 2
i) 1,cos x,cos 2 x é l.d. (pois cos 2 x = 2cos x −1 ) ⇒ W 1,cos x,cos 2 x = 0 − sen 2 x −2sen 2 x = 0 . }
0 −2cos 2 x −4cos 2 x

0! x x2 x3 " xn
0 1! 2 x 3x 2 " n x n −1
( n −1) n x n − 2
{
ii) W 1, x, x 2 , " , x n }= 0 0 2! (2)(3) x " = 0!1! 2!3!" n! ≠ 0 ∀x ∈ \
∴ {1, x, x 2 , " , x n } é l.i.
n −3
0 0 0 3! " (n − 2)( n −1) n x
#
em qualquer intervalo
0 0 0 0 " n!
80

e ax ebx
{ ax
iii) W e , e bx
}= ae ax
be bx
{
= e ax ebx (b − a) ≠ 0 se b ≠ a ; logo e ax , ebx } é l.i. se b ≠ a .
Infelizmente, a recíproca do teorema 7.2 não é sempre verdadeira; i.e.,
W { u1 ( x),", un ( x) } = 0 em I ⇒ { u1 ( x),", un ( x) } é l.d. em I ,
ou, equivalentemente,
{ u1 ( x),", un ( x) } é l.i. em I ⇒ W { u1 ( x),", un ( x) } ≠ 0 em I ,

onde ⇒ significa "não implica que". Há funções l.i. com wronskiano nulo. Por exemplo, no
intervalo [−1,1] , as funções diferenciáveis x 3 (ímpar) e x 2 x (par) têm wronskiano nulo, mas
são l.i. nesse intervalo (verifique isso!).

7.2 SOLUÇÃO GERAL DE UMA EDO LINEAR HOMOGÊNEA

Estabelecemos nesta seção importantes teoremas (provados no Apêndice) sobre as soluções,


num intervalo I, da EDO linear homogênea de ordem n, Lˆ y ( x) = 0 . O mais importante é o últi-
mo teorema, teorema 7.5, cuja demonstração depende dos dois anteriores.

Teorema 7.3
Sejam y1 ( x )," , yn ( x ) n soluções l.i. de Lˆ y ( x) = 0 em I. Temos que

{ y1 ( x),", yn ( x) } é l.i. em I ⇒ W { y1 ( x),", yn ( x) } ≠ 0 ∀x ∈ I .

Esse teorema diz que a recíproca do teorema 7.2 é verdadeira se as funções consideradas forem n
soluções l.i. de uma EDO linear de ordem n.

Teorema 7.4
Sejam y1 ( x )," , yn ( x ) n soluções l.i. de Lˆ y ( x) = 0 em I. Então qualquer outra
solução Y ( x ) é uma combinação linear dessas n soluções, isto é, Y ( x ) =
c1 y1 ( x) + " + cn yn ( x) .

Esse teorema enseja dizermos que quaisquer n soluções y1 ( x )," , yn ( x ) l.i. de Lˆ y ( x) = 0 em


I formam, para essa EDO em I, um conjunto fundamental de soluções, cujas combinações linea-
res formam todas as soluções, isto é, formam a solução geral.

Teorema 7.5
Existe um conjunto fundamental de soluções para Lˆ y( x) = 0 em I.

Assim, com base nos Teoremas 7.4 e 7.5, podemos dizer que

A solução geral de Lˆ y ( x) = 0 num intervalo I existe e é dada


por y ( x ) = c1 y1 ( x ) + " + cn yn ( x ) , onde y1 ( x )," , yn ( x ) são n
soluções dessa EDO que são l.i. em I, e c1 , ", cn são cons-
tantes arbitrárias.
81
7.3 EDO LINEAR DE ORDEM N HOMOGÊNEA DE COEFICIENTES CONSTANTES
Nós iremos estudar primeiramente a EDO linear de ordem n homogênea, Ly ˆ ( x) = 0 . Nesse
caso, se n soluções l.i. y1 ( x), ", yn ( x) são conhecidas, então, pelo princípio da superposição,
n
y ( x) = c1 y1 ( x) + " + cn yn ( x) = ∑ ck yk ( x)
k =1

também é solução, sendo, na verdade, a solução geral, de acordo com o teorema 7.4.
Simplificaremos ainda mais o problema, e muito, considerando que os coeficientes ak da
EDO são todos constantes. Assim, a EDO a ser resolvida é a seguinte:
ˆ = a y ( n) + a y ( n −1) + " + a y′′ + a y′ + a y( x) = 0 (a constantes) .
Ly n n −1 2 1 0 k

Como, para n =1 , essa equação se reduz à EDO linear de primeira ordem a1 y ′ + a0 y ( x) = 0


já estudada, com a solução y ( x) = e − (a0 / a1) x , temos a pista de tentar uma solução da forma
y = erx para a EDO de ordem n acima. Notando que d m (erx ) / dx m = r merx e, portanto, que

dn d n −1 d2 d
Lˆ erx = an n erx + an −1 n −1 erx + " + a2 2 erx + a1 erx + a0erx ,
dx

 dx

 dx

 dx
N
r nerx r n −1erx r 2erx rerx
ou
Lˆ erx = (an r n + an −1r n −1 + " + a1r + a0 ) erx = P(r ) erx , [3.3(a)]
onde
P(r ) ≡ an r n + an −1r n −1 + " + a1r + a0 [3.3(b)]

é o chamado polinômio característico, vemos que Leˆ rx = 0 , isto é, que y = erx é solução de
ˆ = 0 desde que r seja uma das n raízes da chamada equação característica P(r) = 0. Observe
Ly
que essa equação é obtida da EDO pela substituição formal de y ( k ) por r k (e, em particular, de
y = y (0) por r 0 = 1 ). Por exemplo, a equação característica da EDO 4 y ′′′ − 3 y ′′ + 5 y ( x ) = 0 é
4r 3 − 3r 2 + 5 = 0 .
A seguir, examinamos os casos de equações características com raízes distintas ou repetidas,
sejam elas reais ou imaginárias (recorde-se de que um número complexo a + bi é dito imaginá-
rio se b ≠ 0) .

7.3.1 Raízes distintas


Se as n raízes r1 ,", rn da equação característica são distintas, então a EDO tem as n solu-
ções l.i. (de wronskiano diferente de zero) er1x ,", ern x , tendo, portanto, a solução geral

y = c1 er1x + " + cn ern x .


Exemplos:
i) y′′ − 5 y′ + 6 y( x) = 0 ⇒ r 2 − 5r + 6 = 0 ⇒ r = 2 ou 3 ⇒ y( x) = c1 e2 x + c2 e3 x .

ii) y (4) − 13 y′′ + 36 y ( x) = 0 ⇒ r 4 − 13r 2 + 36 = 0 ⇒ r 2 = 4 ou 9 ⇒ r = ±2 ou ± 3


⇒ y ( x) = c1 e2 x + c2 e−2 x + c3 e3 x + c4 e−3 x .

iii) y′′ − 7 y′( x) = 0 ⇒ r 2 − 7r = 0 ⇒ r = 0 ou 7 ⇒ y( x) = c1 e0 x + c2 e7 x = c1 + c2 e7 x .


82
7.3.2 Raízes repetidas

Se as n raízes da equação característica não são distintas, isto é, se uma ou mais delas são
raízes múltiplas (que se repetem), menos que n soluções l.i. são obtidas pelo método acima. Para
determinar as soluções que faltam, usamos a seguinte regra, deduzida no Apêndice A.4:

No caso de r1 = r2 = " = rm ser uma raiz de multiplicidade m (repetida m vezes) da equação


característica, a essa raiz estão associadas as m soluções l.i. e 1 , x e 1 , x 2 e 1 , " x m −1e 1
r x rx r x rx

da EDO, e a parte da solução correspondente a essa raiz é dada por

c1 e 1 + c2 x e 1 + c3 x 2 e 1 + " cm x m −1e 1 = (c1 + c2 x + c3 x 2 + " + cm x m −1 ) e 1 .


rx rx rx rx rx
[3.3(c)]

Exemplos:

(i) y′′ − 6 y′ + 9 y ( x) = 0 ⇒ r 2 − 6r + 9 = (r − 3)2 = 0 ⇒ r = 3 (dupla) ⇒ y ( x) = (c1 + c2 x) e3 x

⎧ r1 = 2
(ii) y (4) + y′′′ − 3 y′′ − 5 y ′ − 2 y ( x) = 0 ⇒ r 4 + r 3 − 3r 2 − 5r − 2 = 0 ⇒ ⎨
⎩ r2 = −1 (tripla)
⇒ y ( x) = (c1 + c2 x + c3 x 2 ) e− x + c4 e2 x

7.3.3 Raízes imaginárias

Se a equação característica possui raízes imaginárias e os coeficientes dessa equação são


reais, tais raízes ocorrem em pares conjugados. Assim, se r1 = a + bi é uma raiz, uma segunda
deve ser r2 = a − bi . Mostramos no Apêndice A.5 que a parte yab ( x) da solução correspondente
a essas duas raízes a ± bi , formada (conforme o item 6.3.1) com as duas constantes complexas
K1 e K 2 , pode ser escrita sem qualquer constante complexa ou função complexa, na forma

yab ( x) = K1 e 1 + K 2 er2 x = K 2 e( a +bi) x + K 2 e( a −bi) x = e ax ( c1 cos bx + c2 sen bx ) ,


rx
[3.3(d)]

com duas novas constantes c1 ≡ K1 + K 2 e d1 ≡ i ( K1 − K 2 ) reais arbitrárias [garantindo que


yab ( x) seja real] e arbitrárias (isso se consegue conforme explicado naquele Apêndice, deixando
arbitrária a constante complexa K1 e tomando K 2 como sendo o complexo conjugado de K1 .)
Exemplos:
(i) y ′′ + y ( x) = 0 ⇒ r 2 + 1 = 0 ⇒ r = ±i = 0 ± i ⇒ y ( x) = e0 x (c1 cos x + c2 sen x) = c1 cos x + c2 sen x

(ii) y (4) − y ( x) = 0 ⇒ r 4 − 1 = 0 ⇒ r = ±1 ou ± i ⇒ y ( x) = c1e x + c2 e − x + c3 cos x + c4 sen x

(iii) y ′′′ − 4 y′′ + 5 y′ = 0 ⇒ r 3 − 4r 2 + 5r = 0 ⇒ r = 0 ou 2 ± i ⇒ y ( x) = c1 + (c2 cos x + c3 sen x) e2 x

5±i 3 3 3 ⎞
(iv) y′′′ − 5 y′′ + 7 y′( x) = 0 ⇒ r = 0 ou ⇒ y ( x) = c1 + e5 x /2 ⎛⎜ c2 cos x + c3 sen x⎟
2 ⎝ 2 2 ⎠

7.3.4 Raízes imaginárias repetidas

Se a ± bi são (ambas) raízes duplas, então, conforme a equação [3.3(c)], a parte da solução
83

correspondente a elas é dada por yab ( x) = ( A1 + A2 x) e( a + bi) x + ( B1 + B2 x) e( a − bi) x , em que o


primeiro termo deve-se à repetição de a + bi , e o segundo, à repetição de a − bi . Abaixo, mos-
tramos que yab ( x) pode ser escrito sem funções ou constantes complexas, na forma

e ax (c1 cos bx + d1 sen bx) + x e ax (c2 cos bx + d 2 sen bx) . [3.3(e)]


Mais genericamente, se as raízes a ± bi tiverem multiplicidade m, a elas corresponde a seguinte
parte da solução:

e ax (c1 cos bx + d1 sen bx) + x e ax (c2 cos bx + d 2 sen bx) + " + x m −1 e ax (cm cos bx + d m sen bx) . [3.3(f)]

Exemplo:
y (4) + 2 y ′′ + y ( x) = 0 ⇒ r 4 + 2r 2 + 1 = (r 2 + 1) 2 = 0 ⇒ r = ±i (duplas)
⇒ y ( x) = c1 cos x + d1 sen x + x (c2 cos x + d 2 sen x) .

Demonstra-se a equação [3.3(e)] como segue:

yab ( x) = ( A1 + A2 x) e( a + bi) x + ( B1 + B2 x) e( a − bi) x


= [ A1 e( a + bi) x + B1 e( a − bi) x ] + x [ A2e( a + bi) x + B2e( a − bi) x ]
= [eax (c1 cos bx + d1 sen bx)] + x [eax (c2 cos bx + d 2 sen bx)] ,

onde, na última passagem, usamos duas vezes a equação [3.3(d)].


Por uma generalização óbvia dessa demonstração, deduz-se a equação [3.3(f)].

7.4 EQUAÇÃO DE EULER-CAUCHY

Essa é a seguinte EDO linear de coeficientes variáveis:

an x n y ( n ) + an −1 x n −1 y ( n −1) + " + a2 x 2 y ′′ + a1 xy ′ + a0 y ( x ) = h( x ) , [1]

a ser resolvida com x > 0 (ou x < 0 ), sendo a0 , a1 ,", an constantes. Para resolvê-la, mudamos
para a variável t = ln x se x > 0 (ou t = ln(− x) se x < 0 ), isto é,

t ≡ ln x ⇒ x = et e dt / dx = 1/ x ; [2]
vejamos:
dy dy dt dy 1 d
y′( x) = = = ⇒ xy ′( x) = y .
dx dt dx dt x dt

dy′ d 1 dy
y′′( x) = =
dx dx x dt
(
1 dy 1 d dy
=− 2 +
x dt x dx dt
) 1 dy 1 d dy dt
=− 2 +
x dt x dt dt N
dx
( ) ( )
1/ x

( ddt y − dydt ) x1 ( dtd −1 ) dtd y


2
= 2 2
⇒ x 2 y′′( x) = y′′(t ) − y′(t ) = .

y′′′( x) =
dy′′ d ⎡ 1 d 2 y dy ⎤
dx
= − (
dx ⎢⎣ x 2 dt 2 dt ⎥⎦
= − )
2 d 2 y dy

x3 dt 2 dt
+ (
1 d d 2 y dy

x 2 dx dt 2 dt
) ( )
84

=− 3
x dt 2(
2 d 2 y dy

dt
+ 2 )
x dt dt 2
− (
1 d d 2 y dy dt ⎡ d 3 y
=
dx ⎢⎣ dt
dt N 3
− 3
dt
)
d2y
2
+ 2
dy ⎤ 1
dt ⎥⎦ x3
1/ x

⇒ x3 y′′′( x) = y′′′(t ) − 3 y′′(t ) + 2 y′(t ) = ( dtd − 2 ) ( dtd −1 ) dtd y .

x n y ( n ) ( x) = ( dtd − n + 1 )"( dtd − 2 ) ( dtd −1 ) dtd y ≡ Eˆ n y (t ) .

A equação [1], então, toma a forma

an Eˆ n y + " + a3
d
(
dt
−2 ) ( dtd −1 ) dtd y + a ( dtd −1 ) dtd y + a dtd y + a y(t ) = h(e )
2 1 0
t
,

uma EDO linear de ordem n não-homogênea de coeficientes constantes, que já sabemos resolver,
cuja equação característica é
an (r − n + 1) " (r − 2)(r − 1)r + " + a3 (r − 2)(r − 1)r + a2 (r − 1)r + a1r + a0 = 0 .
Neste texto, diremos que essa é a equação característica da equação de Euler-Cauchy em [1].

Exemplo: x3 y′′′ + 2 x 2 y′′ − xy′ + y ( x) = 0 ( x > 0)

(r − 2)(r − 1)r + 2(r − 1)r − r + 1 = (r − 1)[(r − 2)r + 2r − 1] = (r − 1)(r 2 − 1) = 0 ,

donde r = 1; 1; − 1 ; portanto, y (t ) = c1 et + c2 t et + c3 e −t , e, com t = ln x (ou x = et ), obtemos


y ( x) = c1 x + c2 x ln x + c3 / x ■
Observe que, para obter a solução dessa EDO num domínio com x < 0 , basta trocar x por
x na solução acima, obtendo y ( x) = c1 x + c2 x ln x + c3 / x se x < 0 .

7.5 SOLUÇÃO GERAL DE UMA EDO LINEAR NÃO-HOMOGÊNEA

Suponha que uma solução particular y P ( x ) da equação


n −1
n
ˆ ( x) = ⎡ a ( x) d + a ( x) d d2 d ⎤
Ly + " + a ( x ) + a1 ( x ) + a0 ( x ) ⎥ y ( x ) = h( x ) ≡ 0
⎣⎢ n
dx n n −1
dx n −1 2
dx 2
dx ⎦

possa ser obtida por simples inspeção ou por qualquer outro modo (adiante estudaremos alguns
métodos de obtenção de tal solução particular), e seja Y ( x ) uma solução qualquer dessa EDO.
Temos então que
Lˆ (Y − y p ) = LY
ˆ − Ly
ˆ = h−h =0 ,
p

donde concluímos que Y − yP é uma solução qualquer da EDO homogênea associada, que, con-
forme já vimos, pode ser expressa como uma combinação linear das funções y1 ,", yn que for-
mam um conjunto fundamental de soluções da EDO homogênea, isto é,
ˆ =0 .
Y − yP = c1 y1 + " + cn yn = yH ( x) : solução geral de Ly
ˆ ( x ) = h( x ) .
Assim, yP ( x) + yH ( x) forma qualquer solução Y ( x ) de Ly
85
Em resumo, o processo de se calcular a solução geral y ( x ) uma EDO linear não-homogênea
pode então ser convenientemente dividido em duas etapas. Na primeira, determina-se a solução
geral y H ( x ) da EDO homogênea associada e, na segunda, determina-se uma solução particular
yP ( x) dessa EDO não-homogênea. Tem-se assim a solução geral y ( x) = yP ( x) + yH ( x) .

7.6 SOLUÇÃO PARTICULAR PELO MÉTODO DAS FAMÍLIAS

Esse método, também chamado de método dos coeficientes a determinar, serve para obter-
se uma solução particular de uma EDO linear não-homogênea de coeficientes constantes, quando
o seu lado direito, h( x) , for uma combinação linear das funções x m ( m ∈ ` ) , sen px , cos qx , erx ,
ou de produtos dessas funções. O método funciona com essas funções porque elas têm um núme-
ro finito de derivadas l.i. (o que não ocorre, por exemplo, com ln x , que tem uma infinidade de
derivadas l.i.: 1/ x , −1/ x 2 , 2 / x3 , " ).
A função h ( x ) e o maior no de derivadas h′, h′′," que formam um conjunto l.i. é uma famí-
lia de h ( x ) ; essa família (que não é única, como se depreende da definição a seguir) quase nunca
é a mais conveniente. Por família de uma função h( x) entende-se qualquer conjunto de funções
l.i. (há de se tomarem as mais simples) que tenha a propriedade de gerar, por meio de combina-
ções lineares, a função h( x) e as suas derivadas. Para cada função h ( x ) exemplificada a seguir,
observe que a família apresentada é a mais simples:

família
h( x ) = 5 x 2 − 4 x + 3 ⎯⎯⎯→ {x 2 , x,1}
família
h( x) = −6cos π x (ou sen π x ) ⎯⎯⎯→ {cos π x, sen π x}
família
h( x) = 7 e3 x /2 ⎯⎯⎯→ {e3 x /2 }

Observe, nesses exemplos, que h( x) e as suas derivadas são combinações lineares dos membros
da respectiva família.
Se h( x) consiste num único termo que é a multiplicação de funções dos tipos exemplifica-
dos acima, não é difícil concluir que convém tomar a família de h( x) que é dada pelo produto
cartesiano das famílias das funções que são multiplicadas:

família
h( x) = (−3x 2 + 5) sen 8 x ⎯⎯⎯→ {x 2 , x,1} × {cos8 x, sen 8 x}
= {x 2 cos8 x, x 2 sen 8 x, x cos8 x, x sen 8 x, cos8 x, sen 8 x}

família
h( x) = x e 2 x cos3 x ⎯⎯⎯→ {x,1} × {e2 x } × {cos3 x,sen 3 x}
= {x e2 x cos3x, x e2 x sen 3x, e2 x cos3x, e2 x sen 3 x}

Agora, se h( x) consiste em dois ou mais termos; convém que se tome a família de h( x)


formada pela união das famílias dos termos de h( x) :

h( x) = −8 x 2 e− x + 4cos3x
família
⎯⎯⎯→ {x 2 , x,1} × {e− x } ∪ {cos3x,sen 3 x}
x 2 e − x , x e − x , e − x
} ∪ {cos3
= { x, sen 3x
} = {x 2 e − x , x e − x , e − x , cos3 x, sen 3x}

família de −8 x 2 e− x família de 4 cos 3 x
86
Já tendo explicado o conceito de família e o modo de obtê-la, podemos resumir o método
das famílias para o cálculo de uma solução particular de uma EDO como segue:

ˆ ( x ) = h( x ) uma combinação
O método consiste em tentar como solução particular de Ly
linear dos membros da família de h( x) e, então, determinar as constantes dessa combinação
linear por substituição na EDO. Se acontecer que um dos membros da família de algum termo
aditivo que compõe h( x) seja solução da EDO homogênea associada, a família desse termo
deve ser substituída por outra cujos membros são os da antiga família multiplicados pela menor
potência de x que produza uma nova família que não tenha mais nenhum membro que seja solu-
ção da EDO homogênea associada.

Vejamos alguns exemplos desse método:

i) y ′′ − 5 y ′ + 6 y ( x) = 18 x 2 − 1 ⇒ r 2 − 5r + 6 = 0 ⇒ r = 2;3 ⇒ yH ( x) = c1 e 2 x + c2 e3 x
família
18 x 2 − 1 ⎯⎯⎯→ {x 2 , x,1} ⇒ yP ( x) = Ax 2 + Bx + C , y P′ = 2 Ax + B , y P′′ = 2 A
2
yP′′ − 5 yP′ + 6 y p = 18 x − 1 ⇒ 2
2 A − 5(2 Ax + B ) + 6( Ax + Bx + C ) = 18 x − 1 2

⎧A=3
2 ⎪ 2
(6
N A) x + (
−10
A + 6 B
) x + (2 A −
 5 B + 6C
) = 18 x − 1 ⇒ ⎨ 6 B = 10 A = 30 ⇒ B = 5

⎩ 6C = −1 − 2 A + 5B = 18 ⇒ C = 3
18 0 −1

y ( x) = yH ( x) + yP ( x) = c1e2 x + c2 e3 x + 3 x 2 + 5 x + 3 ■

ii) y ′′′ − 4 y ′ = 1 − 3 x ⇒ r 3 − 4r = 0 ⇒ r = 0, ± 2 ⇒ y H ( x) = c1 + c2 e 2 x + c3 e −2 x
família ×x
1 − 3x ⎯⎯⎯→ {x,1} ⎯⎯→ {x 2 , x} ⇒ yP ( x) = Ax 2 + Bx , y P′ = 2 Ax + B , y P′′ = 2 A , y P′′′ = 0
⎧ −8 A = −3 ⇒ A = 3/ 8
y P′′′ − 4 y P′ = 1 − 3 x ⇒ 0 − 4(2 Ax + B) = 1 − 3x ⇒ ⎨
⎩ −4 B = 1 ⇒ B = −1/ 4
2x −2 x 2
y ( x) = yH ( x) + yP ( x) = c1 + c2 e + c3 e + 3 x / 8 − x / 4 ■

iii) y ′′′ − 2 y′′ = 3x 2 − 2 x + 1 ⇒ r 3 − 2r 2 = 0 ⇒ r = 0,0, 2 ⇒ y H ( x) = c1 + c2 x + c3 e 2 x


2
família ×x
3x 2 − 2 x + 1 ⎯⎯⎯→ {x 2 , x,1} ⎯⎯⎯ → {x 4 , x3 , x 2 }
y P ( x) = Ax 4 + Bx3 + Cx 2 , yP′ = 4 Ax3 + 3Bx 2 + 2Cx , yP′′ = 12 Ax 2 + 6 Bx + 2C , yP′′′ = 24 Ax + 6 B ,
∴ yP′′′ − 2 yP′′ = 3x − 2 x + 1 ⇒ (24 Ax + 6 B) − 2(12 Ax + 6 Bx + 2C ) = 3 x − 2 x + 1
2 2 2

⎧ −24 A = 3 ⎧ A = −1 / 8
2 2 ⎪ ⎪
−24 Ax + (24 A −12 B) x + (6 B − 4C ) = 3 x − 2 x + 1 ⇒ ⎨ 24 A − 12 B = −2 ⇒ ⎨ B = −1 / 12
⎪ 6 B − 4C = 1 ⎪ C = −3 / 8
⎩ ⎩
1 1 3
y ( x) = yH ( x) + yP ( x) = c1 + c2 x + c3 e2 x − x 4 − x3 − x 2 ■
8 12 8

iv) y ′′ − 7 y′ + 12 y = 3 e− x ⇒ r 2 − 7 r + 12 = 0 ⇒ r = 3;4 ⇒ yH ( x) = c1 e3 x + c2 e 4 x
3 e− x ⎯⎯⎯→
família
{e − x } ⇒ y P ( x) = Ae − x , yP′ = − Ae − x , yP′′ = Ae− x
yP′′ − 7 yP′ + 12 yP = Ae− x − 7(− Ae− x ) + 12( Ae − x ) = 3 e− x ⇒ A (1 + 7 + 12) e − x = 3 e− x ⇒ A = 3/20
3x 4x −x
y ( x) = yH ( x) + yP ( x) = c1 e + c2 e + (3/20) e ■
87

v) y′′ − 4 y′ + 4 y = 8 e2 x ⇒ r 2 − 4r + 4 = 0 ⇒ r = 2;2 ⇒ yH ( x) = c1 e 2 x + c2 x e 2 x
2
família ×x
8 e 2 x ⎯⎯⎯→ {e 2 x } ⎯⎯⎯ → {x 2 e 2 x } ⇒ y P ( x ) = Ax 2 e 2 x ,
yP′ = 2 Ax e 2 x + 2 Ax 2 e 2 x , yP′′ = 2 Ae 2 x + 8 Ax e2 x + 4 Ax 2 e2 x
(2 A e 2 x + 8 Ax e 2 x + 4 Ax 2 e 2 x ) − 4(2 Ax e 2 x + 2 Ax 2 e 2 x ) + 4( Ax 2 e 2 x ) = 8 e 2 x
A [2 + (8 − 8) x + (4 − 8 + 4) x 2 ] = 8 ⇒ A=4 ⇒ y ( x) = c1 e 2 x + c2 x e2 x + 4 x 2 e2 x ■

vi) y′′ − y′ = 2 x e x ⇒ r 2 − r = r (r − 1) = 0 ⇒ r = 0;1 ⇒ yH ( x) = c1 + c2 e x


família ×x
2 xe2 x ⎯⎯⎯→ {x,1} × {e x } = {xe x , e x } ⎯⎯→ {x 2 e x , x e x }
⇒ yP ( x ) = Ax 2 e x + B x e x = e x ( Ax 2 + Bx)
yP′ = e x ( Ax 2 + Bx) + e x (2 Ax + B ) = Ax 2 e x + (2 A + B ) x e x + B e x
yP′′ = e x ( Ax 2 + Bx) + 2e x (2 Ax + B) + e x (2 A) = Ax 2 e x + ( B + 4 A) x e x + (2 B + 2 A)
(4 Ae 2 x + 4 Ax e 2 x ) − 7( Ae2 x + 2 Ax e 2 x ) + 10( Ax e2 x ) = 8 e2 x ⇒ − 3 Ae 2 x = 8 e 2 x ⇒ A = −8/3
yP′′ − y′P = 2 Ax e x + ( B + 2 A) e x = 2 x e x ⇒ A = 1, B = −2
y ( x) = yH ( x) + yP ( x) = c1 + c2 e x + x 2 e x − 2 x e x ■

vii) y ′′ − 4 y ′ + 3 y = 3sen 2 x ⇒ r 2 − 4r + 3 = 0 ⇒ r = 1;3 ⇒ yH ( x) = c1 e x + c2 e3 x


família
3sen 2 x ⎯⎯⎯→ {sen 2 x,cos 2 x} ⇒ yP ( x) = A sen 2 x + B cos 2 x ,
y P′ = 2 A cos 2 x − 2 B sen 2 x , y P′′ = −4 A sen 2 x − 4 B cos 2 x
(−4 A sen 2 x − 4 B cos 2 x) − 4(2 A cos 2 x − 2 B sen 2 x) + 3( A sen 2 x + B cos 2 x) = 3sen 2 x

(− A + 8B )sen 2 x + ( − B − 8 A) cos 2 x = 3sen 2 x ⇒ { − A + 8B = 3


−B − 8A = 0
⇒ { A = −3/65
B = 24/65
y ( x) = c1 e x + c2 e3 x − (3/65)sen 2 x + (24/65)cos 2 x ■

viii) y ′′ + y = 4sen x ⇒ r2 + 1 = 0 ⇒ r = ±i ⇒ yH ( x) = c1 cos x + c2 sen x


família ×x
4sen x ⎯⎯⎯→ {sen x,cos x} ⎯⎯→ {x sen x, x cos x} ⇒ yP ( x) = x ( A sen x + B cos x) ,
y P′ = A sen x + B cos x + x ( A cos x − B sen x ) , y P′′ = 2 ( A cos x − B sen x ) + x ( − A sen x − B cos x )
[ 2( A cos x − B sen x) + x (− A sen x − B cos x) ] + x ( A sen x + B cos x) = 4sen x
2 A cos x − 2 B sen x = 4sen x ⇒ { 2A = 0
−2 B = 4
⇒ { A=0
B = −2
⇒ y ( x) = c1 cos x + c2 sen x − 2 x cos x ■

ix) x 2 y′′ − 2 xy′ + 2 y ( x) = x 2 + 2 ( x > 0)


Esta é uma EDO (não-homogênea) de Euler-Cauchy, para a qual, por não se tratar de uma
EDO linear de coeficientes constantes, uma solução particular não pode ser obtida diretamente
pelo método das famílias. Entretanto, mediante a mudança de variável t = ln x explicada na seç.
7.4, ela toma uma forma à qual se aplica este método; observe:
d ⎛ d ⎞ dy
t ≡ ln x ( x = et ) ⇒ ⎜ −1⎟ y − 2 + 2 y (t ) = (et ) 2 + 2 ⇒ y′′ − 3 y′ + 2 y (t ) = e 2t + 2 ,
dt ⎝ dt ⎠ dt
que é uma EDO linear de coeficientes constantes não-homogênea cuja solução particular pode
ser obtida pelo método das famílias:
r 2 − 3r + 2 = 0 ⇒ r = 1; 2 ⇒ yH (t ) = c1 et + c2 e2t .
⎧⎪ 2t × t 2t
e + 2 ⎯⎯⎯→ ⎨ {e } → {t e } ⇒ yP (t ) = Ate 2t + B ⇒ y′P = Ae 2t (2t + 1) ⇒ y′′P = 4 Ae2t (t + 1) .
2t família

⎪⎩ {1}
88

e 2t [ 4 A(t + 1) − 3 A(2t + 1) ] + 2( Ate2t + B ) = e2t + 2 ⇒ te2t [4 6 A + 2 A


] + e2t [4

A − B = e 2t + 2
A − 3 A] + 2N
0 A =1 2

⇒ A = 1 e B = 1 ⇒ yP (t ) = te2t +1 ⇒ y(t ) = yH (t ) + yP (t ) = c1 et + c2 e2t + te2t + 1


⇒ y( x) = c1x + c2 x 2 + (ln x)( x 2 ) + 1 ■

x) Vamos exercitar a construção da solução particular yP ( x) de uma EDO a partir da sua solu-
ção homogênea yH ( x) e do seu termo de heterogeneidade h ( x ) . Abaixo, cada yH ( x) e h ( x )
fornecidos correspondem a uma EDO.
• yH ( x) = c1 e2 x + c2 e3 x e h( x ) = x 2 e x
Família presente: {x 2 , x,1} × {e x } = {x 2e x , x e x , e x } , que não requer modificação
∴ yP ( x) = Ax2e x + Bxe x + Ce x
• yH ( x) = c1 + c2 e x + c3 e− x e h( x) = 2 x + 1 − 4 cos x + 2 e x
Famílias presentes Famílias a considerar
×x
{x,1} ⎯⎯ → {x 2 , x}
{cos x,sen x} ⎯⎯
→ {cos x,sen x}
{e x } ×x {x e x }
⎯⎯ →
∴ yP ( x) = Ax2 + Bx + C cos x + D sen x + Ex e x
• yH ( x) = c1 e3 x + c2 x e3 x e h( x) = x e3 x + sen x
Famílias presentes Famílias a considerar
2
×x
{x,1} × {e3 x } = {x e3 x , e3 x } ⎯⎯⎯ → { x 3 e3 x , x 2 e3 x }
{sen x, cos x} ⎯⎯
→ {cos x,sen x}
∴ yP ( x) = Ax e + Bx e + C sen x + D cos x
3 3x 2 3x

xi) y ′′′ + 4 y′ = 3 e2 x − x − 2sen 2 x ⇒ r 3 + 4r = 0 ⇒ r = 0, ± 2i ⇒ yH ( x) = c1 + c2 cos 2 x + c3 sen 2 x


Famílias presentes Famílias a considerar
{e2 x } ⎯⎯
→ {e2 x }
×x
{x,1} ⎯⎯ → {x 2 , x}
{sen 2 x, cos 2 x} ×x {x sen 2 x, x cos 2 x}
⎯⎯ →
Substituindo yP ( x) = Ae2 x + Bx 2 + Cx + Dx sen 2 x + Ex cos 2 x , achamos
A = 3/16 , B = −1/8, C = 0 , D = 1/4 , E = 0 .
y ( x) = c1 + c2 cos 2 x + c3 sen 2 x + (3/16) e2 x − (1/8) x 2 + (1/4) x sen x ■

7.7 SOLUÇÃO PARTICULAR PELO MÉTODO DA VARIAÇÃO DAS CONSTANTES


a) Considere a EDO linear de 2a ordem de coeficientes variáveis
a ( x ) y ′′ + b ( x ) y ′ + c ( x ) y ( x ) = h ( x ) , [1]
Admitamos conhecida a solução da equação homogênea associada
yH ( x) = c1 y1 ( x) + c2 y2 ( x) . [2]
89
Para obter uma solução particular yP ( x) , tentamos

yP ( x) = A( x) y1 ( x) + B ( x) y2 ( x) , [3]

obtida variando as constantes c1 e c2 em [2], isto é, tornando-as nas funções A( x ) e B ( x ) .


Derivando [3], obtemos
yP′ = 
A′y1
+ B′y2
+ Ay1′ + By2′ , [4]
= 0 (exigimos!)

onde, conforme indicado, exigimos que


A′y1 + B′y2 = 0 . [5]
Derivando [4], tendo em conta [5], obtemos
y′′P = A′y1′ + B′y2′ + Ay1′′ + By2′′ . [6]

Agora exigimos que yP ( x) satisfaça [1], substituindo nessa equação [3], [4] e [6]:

a( x)[ A′y1′ + B′y2′ + Ay1′′ + By2′′ ] + b( x)[ Ay1′ + By2′ ] + c( x)[ Ay1 + By2 ] = h( x) ,
ou

a( x)[ A′y1′ + B′y2′ ] + A[a


( x) y1′′ + b(
x) y1′ + c( x) y
1 ] + B [a

( x) y2′′ + b( x) y2′ + c( x) y2 ] = h( x) , [7]


0 0
ou ainda
A′y1′ + B′y2′ = h( x) / a( x) . [8]
Observe que [5] e [8] formam um sistema linear de duas equações que pode ser resolvido
para se obterem A′( x ) e B ′( x ) :

⎧ A′( x) y1 ( x) + B′( x) y2 ( x) = 0
⎨ . [9]
⎩ A′( x) y1′ ( x) + B′( x) y2′ ( x) = h( x) / a( x)
Esse sistema, de fato, tem sempre solução, pois seu determinante principal é
y1 y2
= W { y1 ( x), y2 ( x) } ≠ 0 [pois y1 ( x ) e y2 ( x) são l.i.] .
y1′ y2′

b) No caso de uma EDO linear de 3a ordem


a ( x ) y ′′′ + b ( x ) y ′′ + c ( x ) y ′ + d ( x ) y ( x ) = h ( x )
com a solução conhecida da equação homogênea associada
y H ( x) = c1 y1 ( x) + c2 y2 ( x) + c3 y3 ( x) ,
achamos uma solução particular com a forma
yP ( x) = A( x) y1 ( x) + B( x) y2 ( x) + C ( x) y3 ( x) ,
sendo as derivadas das funções A( x ) , B ( x ) e C ( x ) as soluções do sistema

⎧ A′( x) y1 ( x) + B′( x) y2 ( x) + C ′( x) y3 ( x) = 0

⎨ A′( x) y1′ ( x) + B′( x) y2′ ( x) + C ′( x) y3′ ( x) = 0 [10]
⎪ A′( x) y′′( x) + B′( x) y′′ ( x) + C ′( x) y′′( x) = h( x) / a ( x)
⎩ 1 2 3
90
No caso de EDOs lineares de 4a, 5a, " ordens, o procedimento pode ser facilmente inferido
por indução.
Observação: Ao resolvermos o sistema para as funções A( x ) , etc, as constantes de integra-
ção podem ser igualadas a zero, pois desejamos apenas uma solução particular yP ( x) , sem qual-
quer constante arbitrária.

Exemplo 1: y ′′ + y ( x ) = csc x , x ∈ (0, π /2)


variação das
r 2 + 1 = 0 ⇒ r = ±i ⇒ yH ( x) = c1 cos x + c2 sen x ⎯⎯⎯⎯
constantes
→ yP ( x) = A( x) cos x + B( x)sen x .

Neste ponto, é mais rápido empregar diretamente o sistema em [9], obtendo:


⎧⎪ A′ cos x + B′ sen x = 0 ⎯⎯⎯ × sen x
→ + 2 cos x
(#) ⎨ ⇒ B′(sen x + cos 2 x
) =
 ⇒ B( x) = ln sen x + d1
′ ′ × cos x sen N
⎪⎩ − A sen x + B cos x = csc x ⎯⎯→ 1
x
0

sen x cos x sen x


A′ = − B′ =− = −1 ⇒ A( x ) = − x + dN2 .
cos x sen x cos x 0
Logo yP ( x) = − x cos x + (ln sen x) sen x , e a solução geral é y ( x) = yH ( x) = yP ( x) .

Entretanto, caso não se deseje decorar a forma de [9], basta repetir o procedimento que leva a esse sistema;
observe:
y P′ = 
A′ cos x
+ B ′ sen x
− A sen x + B cos x .
= 0 ( ∗)
y P′′ = − A′ sen x + B ′ cos x − A cos x − B sen x .

yP′′ + yP = csc x ⇒ − A′ sen x + B′ cos x − A cos x − B sen x + A cos x + B sen x = csc x . (∗∗)

As equações indicadas por (∗) e (∗∗) formam o mesmo sistema (#) obtido acima, cuja solução leva, obviamen-
te, à mesma expressão da solução yP obtida acima.

A seguir comprovamos que essa expressão de yP realmente satisfaz a EDO:


yP = − x cos x + ln(sen x) sen x .

yP′′ = 2sen x + x cos x − csc2 x sen x + 2cot x cos x − (ln sen x)sen x .

csc x  cos 2 x csc x
 
2
y′′P + yP = 2sen x + x cos x − csc x sen x + 2 cot x cos x − (ln sen x) sen x − x cos x + ln(sen x) sen x
= 2sen x − csc x + 2(1 − sen 2 x) csc x = 2sen x − csc x + 2 csc x − 2sen 2
x csc x
= csc x ■

sen x

Exemplo 2: y ′′ − 2 y ′ + 2 y ( x) = e x tan x , x ∈ (0, π /2)

2± 4 − 8 2 ± 2i
r 2 − 2r + 2 = 0 ⇒ r = = =1±i .
2 2
variação das
yH ( x) = e x (c1 cos x + c2 sen x) ⎯⎯⎯⎯⎯
constantes
→ yP ( x) = A( x) e x cos x + B( x) e x sen x .

Empregando diretamente o sistema em [9], obtemos


× (sen x + cos x )
⎪⎧ A′e cos x + B′e sen x = 0 ⎯⎯⎯⎯⎯⎯ →
x x
+
(#) ⎨ ⎯⎯ →
× ( − sen x )
⎪⎩ A′e (cos x − sen x) + B′e (sen x + cos x) = e tan x ⎯⎯⎯⎯→
x x x
91

sen 2 x
A′e x = −e x ⇒ A′ = cos x − sec x ⇒ A( x) = sen x − ln(sec x + tan x) .
cos x
cos x
B′ = − A′ = sen x ⇒ B( x) = − cos x .
sen x
∴ solução geral y ( x) = yH ( x) + yP ( x)
= e x (c1 cos x + c2 sen x) + [sen x − ln(sec x + tan x)] e x cos x + [− cos x] e x sen x
= e x [c1 cos x + c2 sen x + sen x cos x − cos x ln(sec x + tan x) − cos x sen x ]
= e x [c1 cos x + c2 sen x − cos x ln(sec x + tan x)] ■

Sem usar a forma decorada do sistema em (9), este há de ser obtido como segue:

y P′ = 
A′e x cos x + B ′e x sen x
+ Ae x (cos x − sen x) + B e x (sen x + cos x) .
0 ( ∗)

yP′′ = A′e x (cos x − sen x) + B ′e x (sen x + cos x) + " ⎡ os termos com A e B se cancelarão no passo seguinte, como ⎤
⎢⎣ mostra a eq. [7] , não sendo necessário computá-los, portanto ⎥⎦

y P′′ − 2 yP′ + 2 yP ( x) = e x tan x ⇒ A′e x (cos x − sen x ) + B ′e x (sen x + cos x) = e x tan x . (∗∗)

Essas equações indicadas por (∗) e (∗∗) formam o mesmo sistema (#) obtido acima.

x3
Exemplo 3: x 2 y ′′ − 2 xy ′ + 2 y =
( x > 0) ⇒ solução geral y ( x) = yH ( x) + yP ( x) .
x2 + 1
Vamos resolver a EDO homogênea associada x 2 y H′′ − 2 xy ′H + 2 y H ( x ) = 0 (EDO de Euler-
Cauchy):
(r − 1)r − 2r + 2 = r 2 − 3r + 2 = 0 ⇒ r = 1 ou 2 ⇒ yH (t ) = c1et + c2e 2t
t = ln x
⇒ yH ( x) = c1 x + c2 x 2 ■

⎧ x2
⎧ A′x + B′x 2 = 0 ⎪ B ′ x 2
= ⇒ B( x) = arctan x
⎪ ⎪ x 2
+ 1
⎨ x3 / ( x 2 + 1) x ⇒ ⎨
⎪ A′ + 2 B′x = = ⎪ A′ = − xB′ = − x 1
⇒ A( x) = − ln( x 2 + 1)
⎩ x2 x2 + 1 ⎪⎩ 2
x +1 2
x
⇒ yP = Ax + Bx 2 ⇒ yP ( x) = − ln( x 2 + 1) + x 2 arctan x ■
2

Exemplo 4: y′′ + y = cos 4 x ⇒ solução geral y ( x) = yH ( x) + yP ( x) .

r2 + 1 = 0 ⇒ r = ± i ⇒ y H ( x ) = c1 cos x + c2 sen x ■

⎪⎧ A′ = − cos x sen x ⇒ A = (cos x) / 5


4 5
⎧⎪ A′ cos x + B′ sen x = 0
⎨ ⇒ ⎨
⎪⎩ B′ = cos x ⇒ B = ∫ cos x dx
4 5 5
⎪⎩ − A′ sen x + B′ cos x = cos x
2 4
1− 2 
u +u 
u = sen x 2u 3 u 5 2sen 3 x sen 5 x
B=
∫ (1− sen x) cos x dx
2 2
=
∫ 2 2
(1 − u ) du = u −
3
+
5
= sen x −
3
+
5
.

cos 6 x 2sen 4 x sen 6 x


yP ( x) = A cos x + B sen x = + sen 2 x − + ■
5 3 5
92
7.8 REDUÇÃO DE ORDEM

Considere uma EDO linear de ordem n. Uma das propriedades mais importantes dessa
equação diferencial é a de podermos reduzir o problema de achar a solução geral y de uma EDO
linear de grau n cuja equação homogênea associada tem uma solução conhecida y1 ao problema
(mais simples) de achar a solução geral v de uma EDO linear de grau n − 1 , sendo y = v y1 .
Esse procedimento é, num sentido, análogo à redução do grau de uma equação polinomial a par-
tir de uma solução (raiz) conhecida.
Mostremos a viabilidade desse método no caso de uma EDO linear de 2a ordem,
a ( x ) y ′′ + b ( x ) y ′ + c ( x ) y ( x ) = h ( x ) , [1]
cuja equação homogênea associada tem uma solução y1 ( x ) conhecida.
Tentemos uma solução da forma
y ( x) = v ( x) y1 ( x) , [2]
donde
y′ = v ′ y1 + v y1′ e y′′ = v ′′ y1 + 2v ′ y1′ + v y1′′ .
Substituindo essas expressões de y, y' e y" em [1], obtemos

0 
a (v ′′y1 + 2v ′ y1′ +v y1′′) + b (v ′y1 +v y1′ ) + c (v y1 ) = h ⇒ av ′′ y1 +v ′(2ay1′ + by1 ) +v (ay1′′ + by1′ + cy1 ) = h ,

onde indicamos que o último termo do membro esquerdo é nulo em vista de y1 ser solução da
equação homogênea associada. A equação acima, após dividi-la por ay1 , toma a forma de uma
EDO linear de 1a ordem tendo v ′ como variável dependente:

(v ′)′ + ( 2yy′ + ba ) (v ′) = ayh


1

1 1
.

Resolvendo-a como de praxe, obtemos

∫( )
2 y1′ b y1′
+ dx
∫2

b


1 h c dx dx 2 ln y
v′ = f dx + 1 , onde f ( x) ≡ e y 1 a
=e y
e a =e
1


1
p = py12 ,
f ay1 f ≡ p( x)

ou

py1dx + 12 , com p( x) ≡ e ∫ a
b


1 h c dx
v′ = 2 . [3]
py1 a py1

Observe que, com outra integração dessa equação, outra constante c2 arbitrária surge, assim
se obtendo uma expressão de v em termos de duas constantes arbitrárias, mostrando que a solu-
ção dada por [3], isto é, y = v y1 , é a solução geral de [1].

x y′′ −
Exemplo 1: N N y′ + (1 x 2e x , x > 1 .
− x
) y = N

a b = −1 c h

É fácil verificar que y1 ( x) = e x é solução da equação homogênea associada. Vamos usar a


fórmula [2] deduzida acima, em que, no caso, as funções a, b, c e h são aquelas indicadas acima:
−1
p = e∫a = e∫
b
dx dx
x = e− ln x = x −1 .
93

x 2e x −1 x
∫ ∫ ∫
1 h c 1 c x
v ′= py1dx + 12 = −1 2 x x e dx + −11 2 x = xe−2 x e2 x dx + c1 xe−2 x = + c1 xe−2 x .
py12 a py1 x e x x e 
2
e2 x / 2
2 2
−1

x x
⇒ v = + c1 xe −2 x dx + c2 ⇒ v = + c1 e −2 x (2 x + 1) + c2 .
4 4 4
x 2e x −1
∴y =vex = + c1 e − x (2 x + 1) + c2 e x , ou y ( x) = 
−x
x 2 e x / 4 + k1 e (2 x + 1)
+ c2 eNx ■

4 N 4 yP y2 y1
k1

que é a solução geral da EDO. Observe que nela aparecem a já conhecida solução y1 = e x da
EDO homogênea associada, a solução particular yP = x 2e x / 4 e outra solução da EDO homogê-
nea associada, dada por y2 = e− x (2 x + 1) .

Caso não se deseje decorar a fórmula [3], basta repetir o procedimento da sua dedução; ob-
serve:

Substituindo
y ≡ v y1 = v e x ⇒ y′ = v ′e x + v e x ⇒ y′′ = v ′′e x + 2v ′e x + v e x
na EDO, obtemos

x(v ′′ e x + 2v ′ e x + v e x ) − (v ′ e x + v e x ) + (1 − x)v e x = x 2 e x ,
ou
x − 1 + 1 − x
)v = x 2 ⇒ (v ′)′ + (2 − 1 / x) (v ′) = x ,
xv ′′ + (2 x − 1)v ′ + ( 
0

uma EDO linear de 1 ordem na qual v ′ é a função incógnita, a ser resolvida por meio do fator
a

integrante

f
( 2− )dx
= e ∫ x = e2 x − ln x = e2 x / x ;
1

∴ ( v ′e2 x / x )′ = e2 x ⇒ v ′e2 x / x = e2 x / 2 + c1 ⇒ v ′ = x / 2 + c1xe−2 x ,


que é a mesma expressão de v ′ que já se obteve acima (usando a fórmula [3] ) e que, portanto,
nos leva à mesma solução.

⎪⎧ y′′ cos 2 x = 2 y
Exemplo 2: ⎨
⎪⎩ y = tan x é solução da eq. homog. assoc.
y ≡ v tan x ⇒ y′= v ′ tan x + v sec 2 x ⇒ y′′= v ′′ tan x + 2v ′ sec2 x + 2v sec2 x tan x ,
expressões que, substituídas na EDO, fornecem
(v ′′ tan x + 2v ′ sec2 x + 2v sec2 x tan x) cos 2 x = 2v tan x .

v ′′(tan x cos 2 x
) + v ′(2) + v (2
 − 2 tan x
) = 0 ⇒ (v )′ + (4 csc 2 x)(v ′) = 0 .
tan x
(1/ 2)sen 2 x 0

f =e ∫
4 csc 2 x dx
=e
−2ln csc 2 x + cot 2 x
= (csc 2 x + cot 2 x)−2 .
94
c1
v′ = = c1 (csc 2 x + cot 2 x) 2
f
= c1 (csc 2 2 x + 2 csc 2 x cot 2 x + cot 2
 2 x
) = c1(2csc2 2 x + 2csc 2 x cot 2 x − 1) .
csc2 2 x −1

v = (N
−c1 ) (cot 2 x + csc 2 x + x) + c3 .
c2

y = [ c2 (cot 2 x + csc 2 x + x) + c3 ] tan x = c3 tan x + c2 [ (cot 2 x + csc 2 x) tan x + x tan x ] .

⎡ (cos 2 x) 1 ⎤ (2 cos 2 x − 1) + 1 sen x


Mas (cot 2 x + csc 2 x ) tan x = + tan x = = 1 .
⎢⎣ sen 2 x sen 2 x ⎥⎦ 2sen x cos x cos x
∴ y = c3 tan x + c2 (1 + x tan x) ■

Exemplo 3: y′′ + y = cos 4 x (já resolvida por variação das constantes: Exemplo 4 da seç. 7.7)

r2 + 1 = 0 ⇒ r = ± i ⇒ yH ( x) = c1 cos Nx ■
Nx + c2 sen
y1 y2

Para aplicar o método da redução de ordem, dentre as duas soluções y1 e y2 da EDO ho-
mogênea associada indicadas acima, escolhamos a segunda, y2 ( x) = sen x . Assim, substituindo
y = v sen x na EDO, obtemos
2 cos x cos 4 x
(v ′′ sen x + 2v ′ cos x − v sen x ) + (v sen x ) = cos 4 x ⇒ (v ′)′ + (v ′) = .
sen x sen x

= e ∫ sen x = e
cos x
2 dx 2 ln sen x cos5 x
f = sen 2 x ⇒ (v ′ sen 2 x)′ = cos 4 x sen x ⇒ v ′ sen 2 x = −
5
cos5 x 1 cos5 x
⇒ v′ = −
5sen 2 x
⇒ v = −
5 sen 2 x
dx .
∫ (#)

Note que ignoramos as duas constantes de integração, assim evitando cálculos desnecessá-
rios que nos levariam a novamente obter as duas soluções já conhecidas da EDO homogênea
associada. Prosseguindo com o cálculo da integral em (#), já estudada na seç. 2.3.1, obtemos
2 4
1− 2 
u +u 

cos5 x (cos 2 x) 2 u = sen x


(1 − u 2 ) 2
∫ ∫ ∫
1 1 1
v =− 2
dx = − 2
cos x dx = − du
5 sen x 5 sen x 5 u2

=−
5∫
1
(u −2
− 2 + u 2 )du = −
1
5 (
−u −1 − 2u +
u3
3
=
1
)
5sen x
+
2sen x sen 3 x
5

15
1 2sen 2 x sen 4 x
⇒ yP ( x) = v sen x = + − ■
5 5 15
sendo a solução geral dada por y ( x) = yH ( x) + yP ( x) ■
A solução particular yP ( x) também pode ser obtida com a substituição, na EDO, de
y = v cos x (em vez de y = v sen x ), mas com um pouco mais de trabalho (surgem mais inte-
grais, todas do tipo estudado na seç. 2.3.1.1). Se a EDO fosse y′′ + y = sen 4 x , isso se inverte: a
obtenção de yP com a substituição de y = v cos x é menos trabalhosa. Ressalte-se, entretanto,
95
que o método da variação das constantes é o menos trabalhoso para resolver essas EDOs (na seç.
9.0, de Problemas Propostos, pede-se para resolvê-la por esse método).

⎧⎪ x3 y′′′ − ( x3 + 3 x 2 ) y′′ + (−2 x3 + 2 x 2 + 6 x) y′ + (2 x 2 − 2 x − 6) y = 0


Exemplo 4: ⎨
⎪⎩ y = x é solução dessa EDO
y = v ( x) x
x3 (v ′′′x + 3v ′′) − ( x3 + 3 x 2 )(v ′′x + 2v ′) + (−2 x3 + 2 x 2 + 6 x) (v ′x + v ) + (2 x 2 − 2 x − 6)v x = 0
x 4v ′′′ + (3x3 − x 4 − 3 x3 )v ′′ + (−2 x 4 + 2 x3 + 6x 2 − 2x3 − 6x 2 )v ′ + (− 2 x3 + 2 x 2 + 6 x + 2 x3 − 2 x 2 − 6 x
)v = 0

0
4 4 4
x v ′′′ − x v ′′ − 2 x v ′ = 0 ⇒ v ′′′ − v ′′ − 2v ′( x) = 0 .
Essa é uma EDO linear de coeficientes constantes de 3a ordem (que pode ser reduzida a uma
a
de 2 ordem, o que não se faz necessário, por ser fácil de ser resolvida como se encontra). Da sua
equação característica associada, obtemos sua solução imediatamente:
r (r 2 − r − 2) = 0 ⇒ r = 0, −1 ou 2 ⇒ v ( x) = c1 + c2e − x + c3e 2 x .
Portanto,
y = v ( x) x = c1 x + c2 e− x x + c3e 2 x x ■ [solução geral da EDO (homogênea) dada]

⎧⎪ x 2 y′′′ − 3 x 2 y′′ + (3 x 2 − 2) y′ + (2 − x 2 ) y = 0 , x > 0


Exemplo 5: ⎨
⎪⎩ y = e é solução dessa EDO
x

y = v ( x) e x

x 2 (v ′′′ + 3v ′′ + 3v ′ + v ) e x − 3 x 2 (v ′′ + 2v ′ + v ) e x + (3 x 2 − 2) (v ′ + v ) e x + (2 − x 2 )v e x = 0

x 2v ′′′ + (3

x 2 − 3 x 2 )v ′′ + (3x 2 − 6 x 2 + 3x 2 − 2)v ′ + ( 

x 2 − 3x 2 + 3 x 2 − 2 + 2 − x 2 )v = 0
0 0
2 v ′= u ( x) eq. caract.
x v ′′′ − 2v ′ = 0 ⎯⎯⎯⎯ x u′′ − 2u ( x) = 0 ⎯⎯⎯⎯→ (r − 1)r − 2r 2 − r − 2 = 0
→ 
2

eq. de Euler-Cauchy
t = ln x
⇒ r = −1 ou 2 ⇒ u (t ) = c1 e −t + c2 e 2t ⇒ u ( x) = v ′( x) = c1 / x + c2 x 2
3
⇒ v ( x) = c1 ln x + (cN
2 /3) x + k3 ⇒ y ( x) = v ( x) e x = c1 e x ln x + k2 e x x3 + k3 e x ■
k2
96
8. APLICAÇÕES

8.1 CRESCIMENTO POPULACIONAL E DECAIMENTO RADIOATIVO

Problema 1: A taxa de crescimento da população de certa espécie animal é, em qualquer


tempo, proporcional à população. Calcule essa população em função do tempo, sabendo que ela
se duplica a cada três anos e que, no instante inicial (t = 0) , ela é composta de dez indivíduos.
Solução:
Seja N (t ) a população no instante t. Temos que dN / dt é proporcional a N (t ) , isto é, para
alguma constante k (a ser determinada), temos que dN / dt = k N (t ) , uma EDO linear cuja solu-
ção é N (t ) = c1 ekt . Note que c1 é igual a N (0) , a população inicial, que é adequadamente deno-
tada por N 0 . Assim, N (t ) = N 0ekt . Ora é dado que N 0 = 10 ; assim, N (t ) = 10 ekt .
Determinamos k usando a informação da duplicação da população a cada três anos:
( ∗)
N (3) = 2 N 0 ⇒ 10 e3k = 20 ⇒ e3k = 2 ⇒ 3k = ln 2 ⇒ k = (ln 2) / 3 .

Portanto, N (t ) = 10 ekt = 10 e(ln 2) t /3 = 10 ( eln 2 )


t /3
= 10 ⋅ 2t /3 ■
(∗)
Ou N (t + 3) = 2 N (t ) ⇒ 10 ek (t +3) = 2 ⋅ 10 ekt ⇒ e3k = 2 "

Problema 2: Num instante qualquer, a taxa de desintegração da substância X é proporcional


à quantidade presente. Sabe-se que 36% da substância desintegram-se em 1200 anos. Determine:
(a) a constante radioativa, (b) a fração que se desintegra em 600 anos, (c) o tempo para que reste
1/50 da quantidade inicial, (d) a meia-vida T1/ 2 .
Solução:
A quantidade Q (t ) de X no instante t é descrita pela chamada equação de decaimento, dada
por dQ / dt = −λ Q (t ) , que expressa a proporcionalidade entre dQ / dt e Q (t ) . A razão de se ado-
tar −λ , em vez de λ, como sendo a constante de proporcionalidade é a de garantir um valor posi-
tivo para a constante radioativa λ. De fato, como dQ / dt é negativo (já que Q (t ) , decaindo, é
uma função decrescente) e Q (t ) é positivo, a equação de decaimento implica que λ é positivo.
(a) A solução da equação de decaimento é Q(t ) = Q0 e−λt , onde Q0 = Q (0) , a quantidade
inicial. É dado que Q(1200) = Q0 − 36% Q0 = 0, 64 Q0 , donde

Q0 e−1200λ = 0, 64 Q0 ⇒ − 1200λ = ln 0, 64 ⇒ λ = (− ln 0, 64) / 1200

(b) A quantidade que se desintegra desde t = 0 até t = 600 anos é


ΔQ = Q0 − Q(600) = Q0 − Q0 e−600λ = Q0 (1 − e−600λ ) .
Mas
e −600λ = e −600( − ln 0,64)/1200 = e(1/ 2) ln 0,64 = eln 0,64
= eln 0,8 = 0,8 .
Logo,
ΔQ = Q0 (1 − 0,8) = 20% Q0 ,
donde se vê que a fração que se desintegra em 600 anos é 20% ■
(c) O tempo T desejado é tal que Q(T ) = Q0 / 50 , donde
Q0 ln 50 ln 50
Q0 e − λ T = ⇒ − λ T = − ln 50 ⇒ T = =  10520 anos ■
50 λ (− ln 0, 64) / 1200
97
(d) A meia-vida T1/ 2 é o tempo da desintegração de metade da substância; logo,
Q0 Q ln 2 1200 ln 2
Q(T1/ 2 ) = ⇒ Q0 e − λΤ1/ 2 = 0 ⇒ − λT1/ 2 = − ln 2 ⇒ T1/ 2 = =  1864 anos ■
2 2 λ − ln 0, 64

8.2 CURVAS ORTOGONAIS

Exemplo 1: Considere a família uniparamétrica de curvas dada por


x 2 + y 2 = k 2 , com k ∈ (0, ∞ ) ,
que são circunferências de raio k centradas na origem. Designemos por Ck uma dessas circunfe-
rências. Derivando a equação x 2 + y 2 = k 2 em relação a x, nisso considerando y como função de
x, obtemos 2 x + 2 yy ′ = 0 , donde y ′ = − x / y , que é o coeficiente angular da tangente a Ck no
ponto (x,y). Logo, a curva que corta ortogonalmente Ck no ponto (x,y) tem, nesse ponto, uma
tangente com coeficiente angular y ′ = y / x . Essa equação é uma EDO cujas soluções fornecem
as curvas ortogonais a Ck . Vamos resolvê-la:

∫ ∫
dy y dy dx
= ⇒ = ⇒ ln y = ln x + c1 ⇒ y = ec1 x ⇒ y = ±
N ec1 x = y = cx .
dx x y x c

Ou seja, as curvas
y = cx , com c ∈ \ ,
2 2
que são retas pela origem de coeficiente angular c, formam C 2 : x + y = 4
y Γ1 : y = x
a família (uniparamétrica) de curvas ortogonais a família
dada. Qualquer uma dessas retas, designemo-la por Γ c , é
x
ortogonal a todas as circunferências Ck [em qualquer ponto
(x,y), existe um único par de curvas Ck e Γ c que se cortam C : x 2 + y 2 =1 Γ −1 : y = − x
1
ortogonalmente]. Veja a figura à direita.

Exemplo 2:
Aqui faremos o inverso do Exemplo 1, considerando as retas pela origem como a família
dada:
Família dada: as curvas y = cx (c ∈ \ ) ⇒ y ′ = c = y / x (c é diferente para cada reta)
Família ortogonal: as curvas cujas tangentes têm coeficiente angular dado por y ′ = − x / y ;
donde y dy = − x dx e, portanto,

∫ y dy = −∫ x dx ⇒ x 2 + y 2 = k 2 (k > 0) : circunferências de raio k centradas na origem.

Exemplo 3:
Família dada: curva Ck : ( x − k ) 2 + y 2 = k 2 ( k ∈ \ ∗ ) .
Derivando essa equação em relação a x, considerando y como função de x, obtemos:
2( x − k ) + 2 yy ′ = 0 ⇒ y′ = −( x − k ) / y = − x / y + k / y :
Mas, desenvolvendo aquela mesma equação, vemos que

x 2 − 2kx + k 2 + y 2 = k 2 ⇒ k = ( x2 + y 2 ) / 2 x ,
98
Logo, substituindo esse resultado na equação anterior, obtemos a seguinte expressão para o coe-
ficiente angular da tangente no ponto (x,y) à curva dada
x x 2 + y 2 −2 x 2 + x 2 + y 2 y 2 − x 2
y′ = − + = = .
y 2 xy 2 xy 2 xy
Família ortogonal: para essas curvas, a tangente no ponto (x,y) tem coeficiente angular dado
por
2 xy 2 xy / x 2 2( y / x)
y′ = − = − ⇒ y′ = ,
y 2 − x2 ( y 2 − x2 ) / x2 1 − ( y / x) 2
uma EDO homogênea cuja solução (os y Γ 3/ 2 : x 2 + ( y − 3/2) 2 = 9/4
cálculos são apresentados a seguir) é a
família uniparamétrica de curvas Γ c , C 1: (x − 1)2 + y 2 =1
com c ∈ \ , dada por 3/2
C 3/ 2 : (x − 3/2)2 + y 2 = 9/4

curva Γ c : x 2 + ( y − c ) 2 = c 2 (c ∈ \ ∗ ) . C 2 : (x − 2)2 + y 2 = 4
3/2
• • •
A figura à direita mostra algumas x
1
curvas das famílias ( Ck ) e ortogonal
2
(Γ c ) .
Eis os cálculos de Γ c :

v = y/ x 2v dv 2v v 3 +v 1 −v 2
∫ ∫x
2 ( y / x) dx
y′ = ⇒ v + xv ′ = ⇒ x = − v = ⇒ dv =
1 − ( y / x)2 y =v x 1 −v 2 dx 1 − v 2 1 −v 2 v 3 +v
y′ = x + xv ′

1 −v 2 −v 2 + 1 A Bv + C A(−v 2 + 1) + Bv 2 + Cv ( A + B)v 2 + Cv + A ⎧⎪ A = 1
= = + = = ⇒ ⎨ B = −2
v 3+v v (v 2 + 1) v v 2 + 1 v (v 2 + 1) v (v 2 + 1) ⎪⎩ C = 0
⎛1 2v ⎞ v v
∫ ∫
dx 2
⎜ v − 2 ⎟ dv = x ⇒ ln v − ln v + 1 = ln x + c1 ⇒ 2 = x ec1 ⇒ 2 =±
N ec1 x
⎝ v + 1 ⎠ v + 1 v + 1 c2

v = c2 x (v 2 + 1) ⇒
y
x
y2
( )
= c2 x 2 + 1 ⇒ y = c2 ( y 2 + x 2 ) ⇒ x 2 + y 2 − (1/
x N c2 ) y = 0 ⇒ x 2 + ( y − c) 2 = c 2
≡ 2c

8.3 PROBLEMAS DIVERSOS

Problema 1: Calcule a função não-negativa y ( x ) , com x ≥ 0 ,


cujo gráfico contém o ponto (1,1) e é tal que, para todo ponto y ( x)
( x , y ) desse gráfico, a área A2 seja o dobro da área A1 , sendo es- ( x, y )
A2
sas áreas conforme mostra a figura à direita: limitadas pelo gráfico,
1
pelos eixos, e pelas retas pelo ponto ( x , y ) . A1

Solução:
1
As áreas citadas são funções de x: A1 ( x) e A2 ( x) . Temos que
99

A2 = 2 A1

x
⇒ 3 A1 = xy ⇒ 3 y (t ) dt = xy
A1 + A2 = xy 0


d / dx d x
d
⇒ 3 y (t ) dt = ( xy ) ⇒ 3 y ( x) = y + xy′ ,
dx 0 dx
donde obtemos a EDO separável x y ′( x ) = 2 y ( x ) , cuja solução é
dy 2 dx
= ⇒ ln y = 2 ln x + c1 ⇒ y ( x) = c2 x 2 .
y x
Determinamos c2 exigindo que a curva y ( x ) passe pelo ponto (1,1) , obtendo c2 = 1 .
Assim, a resposta do problema é y = x 2 ■

Problema 2:
Uma solução com concentração salina de
0,3 kg/L é adicionada à taxa de 10 L/min num 0,3 kg/L q(t ) /V (t ) kg/L
tanque inicialmente contendo 60 L de água pura, 10 L/min 5 L/min
de onde a solução, mantida misturada, é retirada V (0) = 60 L
à taxa de 5 L/min.

a) Calcule q (t ) : a quantidade de sal (em kg) no tanque, no instante t (em min).


Solução:
A taxa de variação instantânea do volume V (t ) de solução no tanque é dada por
dV
= 10 − 5 = 5 [L/min] ⇒ V (t ) = 5t + 60 [L] .
dt
A taxa de entrada de sal no tanque é {10 L/min}{0,3 kg/L} = 3 kg/min, e a taxa de saída de
sal no tanque é {5 L/min}{ q (t ) / V (t ) kg/L } = 5q (t ) / V (t ) kg/min; logo, a taxa de variação ins-
tantânea de q (t ) é dada por
dq 5q(t ) 5q(t ) dq 5
= 3− = 3− ⇒ + q(t ) = 3 , com q (0) = 0 .
dt V (t ) 5t + 60 dt 5t + 60
Desse jeito vemos que q (t ) é a solução de uma EDO linear de 1a ordem sujeita a uma con-
dição inicial (um PVI), que é dada por (verifique-a como exercício)
3t 2 + 72t
q(t ) = ■
2t + 24

b) Calcule q (t ) e lim q (t ) no caso em que a solução salina entre e saia à mesma taxa de 10
t →∞
L/min e a concentração salina inicial no tanque seja de 0,1 kg/L.
Solução:
dV / dt = 10 − 10 = 0 ⇒ V = const. = 60 .
dq dq 1
= 10 (0,3) − 10 (q /60) ⇒ + q(t ) = 3 .
dt dt 6
Condição inicial: q(0) = {60 L}{0,1 kg/L} = 6 kg .
100
Logo, resolvendo o PVI composto por q′ + q (t ) / 6 = 3 e q(0) = 6 , obtemos

q(t ) = 18 − 12 e−t / 6 e lim q (t ) = 18 kg .


t →∞

c) Se a concentração salina da solução que é adicionada variasse com o tempo segundo a


função 0,3 e−t kg/L e a solução que é retirada do tanque ocorresse à taxa de 10 L/min, como seria
o PVI para q (t ) nesse caso?
Solução:
dV / dt = 10 − 10 = 0 ⇒ V = const. = 60 .
dq dq 1
= 10 (0,3 e−t ) − 10 (q /60) ⇒ + q(t ) = 3 e−t , com q (0) = 0 ■
dt dt 6

Problema 3: Um reservatório d'água de volume AH (A é a área da base plana e H é a altura)


possui um furo de área a na base. Sabendo que, quando o nível d' água em relação à base é h, a
velocidade com que a água vaza pelo furo é, segundo Torricelli, dada por v = 2gh (g é a acele-
ração da gravidade), calcule o tempo te para o reservatório cheio esvaziar-se. Calcule esse tem-
po no caso de um reservatório de 1000 litros com H = 1 m, A = 1 m2 e a = 2,3 cm2 (a área interna
de um tubo de pvc de 20 mm), considerando g = 9,81 m/s.

Solução:

Num instante t, a taxa de variação do volume V (t ) de água (essa taxa é negativa, pois V (t )
é uma função decrescente) é o negativo da vazão d'água no furo, isto é, dV / dt = − a v (t ) . Substi-
tuindo, nessa equação, V (t ) = A h (t ) e v (t ) = 2 g h(t ) , obtemos A dh / dt = −a 2 g h(t ) , uma
EDO de 1a ordem separável, cuja solução é h(t ) = −γ t + c1 , onde γ ≡ a 2 g / A . Impondo a
condição inicial h (0) = H , determinamos c1 = H . Logo, h(t ) = H − γt .
Dessa última equação calculamos H − γ te = h(te ) = 0 ⇒ te = H /γ ■
Substituindo o valor de g e os dados do reservatório, obtemos te  33 min ■
101
9. PROBLEMAS PROPOSTOS

9.1 ENUNCIADOS

1) Resolva as EDOs de 1a ordem (de um dos tipos estudados nas seçs. 6.1, 6.2, 6.3, 6.4 e 6.7):
a) 2 x y′ + y = 1
b) − x − y + ( x − y ) y′ = 0
c) xy′ = y (ln y − ln x ) + y
d) 3xy 2 dy = (4 y 3 + x3 ) dx
e) (cos y ) dx + (2 x sen y − y cos y ) , 0 ≤ y < π / 2
f) 2 x + y 2 + 2 xyy′ = 0
g) 2 xy − 3 x 2 + ( x 2 − 2 y ) y′ = 0
h) sen xy + xy cos xy + ( x 2 cos xy ) y′ = 0
i) x dx + ( x 2 cot y − csc 2 y ) dy = 0
j) (3 xy 2 − 4 y 2 + 2) dx + (2 x 2 y − 4 xy ) dy = 0
k) ( x 2 y − xy 2 ) dx + ( x3 − 2 x 2 y ) dy = 0

2) Resolva as seguintes EDOs de 1a ordem (de um dos tipos estudados nas seçs. 6.8 e 6.9):

a) y y′ + (1/ x) y3 = x , x > 0
b) y′ − xy 6 = y , y (0) = 1 , explicitando y ( x)
dy 3x + 2 y 2
c) =− , y (1) = 1 , x > 0 , explicitando y ( x )
dx 2 xy
d) y′ = 1 + x 2 − 2 xy + y 2
e) y′ = (−2 cos x) y 2 + (4 cos x + x −1 ) y − 2 cos x − x −1 , 0 < x < π / 2
dy ⎞3 2
f ) x ⎛⎜ ⎟ − y ⎛ dy ⎞ + 1 = 0
⎜ ⎟
⎝ dx ⎠ ⎝ dx ⎠
g) y = xy′ + a 1 + y′2 ( a > 0)

3) Resolva as seguintes EDOs lineares homogêneas de coeficientes constantes:


a) y′ + 8 y = 0
b) y′′ − 5 y′ + 6 y = 0
c) Dˆ 2 ( Dˆ − 2) y = 0
d) y (4) − 9 y′′′ + 30 y′′ − 44 y′ + 24 y = 0
e) y′′ − 4 y′ + 13 y = 0
f) y (5) − y (4) − y′′ + y′ = 0
g) ( Dˆ 2 − 4 Dˆ + 13) 2 ( Dˆ − 5) y = 0
d7y d6y d5y d4y d3y
h) − 2 − 2 + 6 + 5 =0
dx 7 dx 6 dx5 dx 4 dx3
102

4) Resolva as seguintes EDOs de Euler-Cauchy para x > 0 :


a) x 2 y′′ + 3xy′ + y = 0
b) 4 x 2 y′′ + 3xy′ − 5 y = 0
c) x3 y′′′ + 4 x 2 y′′ + 5 xy′ − 5 y = 0
d) 4 x 4 y (4) + 3x3 y′′′ − 5 x 2 y′′ = 0

5) Resolva as seguinte EDOs não-homogêneas obtendo a solução particular pelo método das
famílias (ou dos coeficientes a determinar):
a) y′′′ − 4 y′ = e x + 3 x e x
b) y′′′ − y′ = 12 x e x + 5
c) y′′′ − 3 y′ + 2 y = 6 x − 12 e x
d) 2 x 2 y′′ + 4 xy′ + 5 y = 25ln 2 x + 18 x + 17 , x > 0
e) x 2 y′′ + 2 xy′ − 6 y = 8 x5 + 2 / x , x > 0
f ) x3 y′′′ − 3 x 2 y′′ + 6 xy′ − 6 y = 1/ x , x > 0

6) Resolva as seguintes EDOs não-homogêneas obtendo a solução particular por dois métodos:
variação das constantes e redução de ordem:
a) y′′ + y = sec2 x , x ∈ (0, π /2)
b) y′′ − 2 y′ + y = e x ln x , x > 0
c) a EDO no Prob. 5(e) acima
d) a EDO no Prob. 5(f) acima

7) Usando agora o método da redução de ordem, resolva novamente as EDOs nos Exemplos 1 a
3 da seç. 7.7 e também as seguintes:
a) x3 y′′′ − 3x 2 y′′ + ( x3 + 6 x) y′ − ( x 2 + 6) y = 0 ( y = x é solução)
b) x 2 y′′′ + (3 x − 3x 2 ) y′′ + (2 − 6 x + 3 x 2 ) y′ + (− x 2 + 3 x − 2) y = 0 , x > 0 ( y = e x é solução)
c) x y′′′ + (2 − 3 x) y′′ + (3 x − 4) y′ + (2 − x) y = 3 x e x , x > 0 ( y = e x é solução)

8) Resolva as seguintes EDOs de 2a ordem pelo método que desejar


a) y′′′ + y′ = tan x , x ∈ (0, π /2)
b) ( x − 1) y′′ + (3 − 2 x) y′ + ( x − 2) y = e x , x > 1
c) y′′′ − 3 y′′ + 3 y′ − y = −2e x / x 2 , x > 0
d) x3 y′′′ − 3x 2 y′′ + (6 x − x3 ) y′ + ( x 2 − 6) y = x 6 ( y = x é solução)
103

9) Resolva os seguintes PVIs:


a) y′ = e x / y , y (0) = 1
b) (1 + y 2 ) dx + (1 + x 2 ) dy = 0 , y (1) = 1
c) dy / dx + y − y 2 = 0 , y (0) = 2
d) y′ = y −1 arctan x , y (−1) = − π /2
e) (1 − cos y ) dx + x sen y dy = 0 , y (1) = π
f) y′′′ − 12 y′′ + 36 y′ = 0 , y (0) = 0 , y′(0) = 3 , y′′(0) = 0
g) x 2 y′′ − 4 xy′ + 6 y = 0 , y (1) = 0 , y′(1) = 3

10) Encontre uma EDO que admita a seguinte solução geral:


a) y = c1 e2 x + c2 e3 x

b) y = c1 e x + c2 xe x + 2 + x ln x


x 2
−x −x
c) y = c1 + c2 e cos 2 x + c3e sen 2 x + et dt
0

11) Uma colônia de bactérias aumenta sua população a uma taxa proporcional à quantidade de
bactérias presentes em cada instante de tempo. Se em quatro horas a população triplica, em quan-
to tempo ela será 27 vezes a quantidade inicial?

12) Determine a família ortogonal à seguinte família uniparamétrica (k ∈ \ ) de curvas:


a) y = kx 2
b) xy = k
c) x 2 y = k
d) y 3 = kx

13) Ache e esboce a curva C que passa pelo ponto (3,2) e que tem a seguinte propriedade:
a) uma reta normal a ela intercepta o eixo y na ordenada y = 6 .
b) uma reta normal a ela intercepta os eixos x e y em pontos X e Y respectivos tais que
XY = YP (igualdade de distâncias), onde P é o ponto na interseção da curva com a reta normal.
c) uma reta tangente a ela tem o seu segmento que está no primeiro quadrante dividido ao
meio no ponto de tangência.
104

14) Faça novamente o Prob. 2 da seç. 8.3 considerando genericamente as seguintes grandezas (t
é o tempo, em minutos, transcorrido desde o instante inicial t = 0 ):
V0 [L] é o volume inicial de solução no tanque
C0 [kg/L] é a concentração inicial da solução
V (t ) [L/min] é a vazão de entrada de solução no tanque
E
VS (t ) [L/min] é a vazão de saída de solução do tanque
CE (t ) [kg/L] é a concentração da solução que entra no tanque
CS (t ) [kg/L] é a concentração da solução que sai do tanque

15) Considere o problema descrito no Exemplo 2 da seç. 4.3, mas admita 2R


que o reservatório d'água seja cônico, como ilustrado à direita. Calcule o
nível d'água em função do tempo, h (t ) , considerando o reservatório h (t )
cheio no instante t = 0 , bem como o tempo te para o reservatório cheio H
esvaziar-se. Ignore os dados numéricos fornecidos naquele exemplo.
furo
105
9.2 RESPOSTAS

Prob. 1)

a) y = 1 + c e− x

b) arctan( y / x) − ln x 2 + y 2 = c
c) y = x ecx
d) y = x 3 cx − 1
e) x( y ) = y sen y cos y + (cos2 y ) ln cos y + c cos 2 y
f) x 2 + xy 2 = c
g) x 2 y − x3 − y 2 = c
h) x sen xy = c
i) x 2 sen 2 y − 2 y = c
j) x3 y 2 − 2 x 2 y 2 + x 2 = c
k) 2x3 y 3 − 3x 2 y 4 = c

Prob. 2)
a) y = (3x 2 / 7 + c1 x −3/ 2 )2/3 (eq. de Bernoulli)
b) y ( x) = (4e−5 x / 5 − x + 1/ 5)−1/5 (eq. de Bernoulli)
c) y ( x) = 2 x −2 − x (eq. de Bernoulli)
d) y = x + 1/ v , onde v = c − x, e a solução singular y = x (eq. de Riccati)
e) y = 1 + 1/ v , onde v = 2sen x + (2 cos x + c) / x , e a solução singular y = 1 (eq. de Riccati)
f ) y = cx + 1/ c 2 e a solução singular 4 y 3 = 27 x 2 ou y ( x) = 3 3 x 2 / 4 (eq. de Clairaut)
g) y = cx + a 1 + c 2 e a solução singular x 2 + y 2 = a 2 (eq. de Clairaut)

Prob. 3)
a) r = −8 ⇒ y = c1 e −8 x
b) r = 2; 3 ⇒ y = c1e2 x + c2e3 x
c) r = 0;0; 2 ⇒ y = c1 + c2 x + c3e2 x
d) r = 2; 2; 2; 3 ⇒ y = (c1 + c2 x + c3 x 2 ) e 2 x + c4 e3 x
e) r = 2 ± 3i ⇒ y = e 2 x (c1 cos 3x + c2 sen 3x )
f) r = 0;1;1; − 1/2 ± i 3/2 ⇒ y = c1 + e x (c2 + c3 x) + e − x / 2 [c4 cos( x 3/2) + c5 sen( x 3/2)]
g) r = 2 ± 3i ; 2 ± 3i ; 5 ⇒ y = e 2 x (c1 cos 3 x + d1 sen 3 x) + x e2 x (c2 cos 3 x + d 2 sen 3 x) + c3e5 x
h) r = 0; 0; 0; − 1; − 1; 2 ± i ⇒ y = c1 + c2 x + c3 x 2 + (c4 + c5 x) e − x + (c6 cos x + c7 sen x) e 2 x
106
Prob. 4)
a) y = (c1 + c2 ln x) / x
b) y = c1 x5/ 4 + c2 / x
c) y = c1 x + [c2 cos(2 ln x) + c3 sen(2 ln x)] / x
d) y = c1 x13/ 4 + c2 ( x ln x − x) + c3 x + c4

Prob. 5)
a) y = c1 + c2 e2 x + c3e−2 x − x e x
b) y = c1 + c2e x + c3e− x + 3e x x 2 − 9e x x − 5 x
c) y = c1e x + c2 e x x + c3e−2 x − 2 x 2 e x + 3x + 9/2
d) y = (c1 cos 3ln2 x + c2 sen 3ln2 x ) x + 5ln 2 x − 4 ln x + 2 x + 1
e) y = c1 x 2 + c2 x −3 + x5 / 3 − x −1/ 3
f ) y = c1 x + c2 x 2 + c3 x3 − (24 x) −1

Prob. 6)
a) y = c1 cos 4 x + c2 sen 4 x + sen 4 x ln(sec 4 x + tan 4 x) − 1
b) y = c1e x + c2 x e x + x 2 e x (2 ln x − 3) / 4
c) y = c1 x 2 + c2 x −3 + x5 / 3 + x −1/ 3
d) y = c1 x + c2 x 2 + c3 x3 − (24 x) −1

Prob. 7)
a) y = c1 x sen x + c2 x cos x + c3 x
b) y = c1e x sen ln x + c2 e x cos ln x + c3e x
c) y = c1e x ln x + c2e x x + c3e x + ( x3 / 6) e x

Prob. 8)
a) y = c1 + c2 cos x + c3 sen x − ln cos x − sen x ln(sec x + tan x)
b) y = xe x + c1e x ln( x − 1) + c2 e x
c) y = c1e x + c2 xe x + c3 x 2 e x + 2 e x x ln x
d) y = c1 xe x + c2 xe − x + c3 x − 2 x 2 − x 4 /3

Prob. 9)
a) y = 2e x − 1
b) y = 1 / x
c) y = 1 / (1 − e x /2)
d) y = − 2 x arctan x − ln(1 + x 2 ) + ln 2
e) y = arccos[1 − (2/ x)]
f) (1 − 3x ) e6 x − 1
g) y = −3 x 2 + 3 x3
107

Prob. 10)
a) y ′′ − 5 y ′ + 6 y = 0 b) y′′ − 2 y′ + y = x −1 − 2 ln x + x ln x
2
c) y′′′ + 2 y′′ + 5 y′ = e x (4 x 2 + 4 x + 7)

Prob. 11) 12 horas

Prob. 12)
x ⎞2 ⎛ y ⎞2
a) ⎛⎜ ⎟ + ⎜ ⎟ = 1 (c > 0) [elipses: v. Nota 1]
⎝c 2⎠ ⎝c⎠
b) x 2 − y 2 = c [retas se c = 0 e hipérboles se c ≠ 0 : v. Nota 2]
c) x 2 − y 2 / 2 = c [retas se c = 0 e hipérboles se c ≠ 0 : v. Nota 2]

( )
2 2
+ ⎛⎜ ⎞⎟ = 1 (c > 0) [elipses: v. Nota 1]
x y
d)
c/ 3 ⎝c⎠
Nota 1: a família ortogonal não contém uma curva pela origem.
Nota 2: a ortogonalidade falha na origem do plano xy

Prob. 13)

C: y ( x) τ
η : normal C: y ( x) C: y ( x)
τ
y η 2y -
θ y
6 y
τ : tangente
−x θ θ
x x x 2x
a) tan θ = ( y − 6) / x b) tan θ = y / (2 x) c) tan θ = y ′ = −2 y / (2 x)
y ′ = − x / ( y − 6) y ′ = −2 x / y C: y = 6/ x
C : x 2 + ( y − 6)2 = 25 C : x 2 / 11 + y 2 / 22 = 1

Prob. 14)
⎧ dq VS (t )
∫ (V
t
⎪ − q(t ) = VE (t )CE (t ) , onde V (t ) = V0 + E − VS ) dt
⎨ dt V (t ) 0
⎪ q (0) = C V
⎩ 0 0

Prob. 15) h(t ) = 5 ( H 5/ 2 − γ t ) 2 e te = H 5/ 2 / γ , onde γ ≡ 5 aH 2 2 g / (2π R 2 ) .


108
APÊNDICE

A.1 PROVA DO TEOREMA 7.3

A hipótese do teorema é a independência linear no intervalo I das n soluções


y1 ( x), ", yn ( x) da EDO
ˆ ( x) = 0 ( x ∈ I ) .
Ly (i)
Vamos mostrar que, ao se admitir a existência de pelo menos um ponto x0 de I onde
W { y1 ( x0 ),", yn ( x0 ) } = 0 , obtém-se uma contradição (significando que o wroskiano deve se anu-
lar em todos os pontos de I ). De fato, nesse caso, o sistema linear de n equações e n incógnitas
c1 ,", cn
n
∑ ci yi(k ) ( x0 ) = 0 (k = 0,1,", n − 1) (ii)
i =1

(cujo determinante principal é aquele wronskiano nulo) tem uma infinidade de soluções não-
nulas, isto é, formadas por constantes c1 ,", cn que não são todas nulas. Se γ 1 ,", γ n é uma des-
sas soluções não-nulas do sistema em (ii), podemos então escrever uma combinação linear não-
trivial de y1 ( x), ", yn ( x) ,
n
Y ( x) ≡ ∑ γ i yi ( x) ,
i =1

e, por meio dela, escrever o sistema linear com a seguinte forma:


Y ( k ) ( x0 ) = 0 .

Assim se conclui que o PVI definido por (i) e por y ( k ) ( x0 ) = 0 admite (a) a solução Y ( x) ,
que não se anula identicamente, e (b) a solução identicamente nula, que, de acordo com o teore-
ma 7.1, é única. Ora, (a) e (b) são conclusões contraditórias. CQD.

A.2 PROVA DO TEOREMA 7.4

ˆ =0
Seja x0 um ponto qualquer no interior de I e considere o PVI formado pela EDO Ly
em I e pelas condições iniciais y ( k ) ( x0 ) = Y ( k ) ( x0 ) ( k = 0,1, ", n − 1 ). Esse PVI é obviamente
satisfeito pela função Y ( x) .
n
Considere, por outro lado, a função ϕ ( x) ≡ ∑ ci yi ( x) , onde c1 ,", cn são constantes tais que
i =0
as condições iniciais do PVI sejam satisfeitas (∗), isto é,
n
ϕ ( k ) ( x0 ) ≡ ∑ ci yi( k ) ( x0 ) = Y ( k ) ( x0 ) . (I)
i =0

Isso e o fato de que ϕ ( x) também satisfaz a EDO do PVI (por ela ser uma combinação linear das
soluções y1 ( x), ", yn ( x) dessa EDO) implicam que, tal qual Y ( x) , também ϕ ( x) é solução do
PVI. Como, de acordo com o teorema 7.1, a solução do PVI é única, obtemos o que se deseja
n
provar: Y ( x) = ϕ ( x) = ∑ ci yi ( x) .
i =0
109
(∗)
Note que, em (I), temos um sistema linear de n equações que sempre pode ser resolvido
para se obterem valores únicos de c1 , ", cn , pois o determinante desse sistema é o wronskiano
W { y1 ( x),", yn ( x) } em x0 , que é diferente de zero (como consequência da independência linear
de y1 ( x), ", yn ( x) e do teorema 7.3).

A.3 PROVA DO TEOREMA 7.5

Para certo x0 no interior de I, sempre podemos formar n PVIs distintos, correspondentes a


i = 0, ", n − 1 , em todos eles se exigindo que a mesma EDO Ly ˆ = 0 seja satisfeita em I, mas
diferindo nas condições iniciais, as quais, para o i-ésimo PVI, são dadas pelas seguintes n equa-
ções, correspondentes a k = 0,", n − 1 : y (i ) ( x0 ) = 1 e y ( k ) ( x0 ) = 0 se k ≠ i . Temos, pelo
teorema 7.1, que o i-ésimo PVI admite uma única solução yi ( x) , que satisfaz a EDO e as condi-
⎧ 0 se i ≠ k
ções iniciais yi( k ) ( x0 ) = ⎨ .
⎩1 se i = k
Só resta mostrar que essas n soluções da EDO são l.i., o que, de fato, acontece; observe:
n −1 n −1
Se ∑ ci yi ( x) = 0 derivando k vezes
⎯⎯⎯⎯⎯⎯→
no ponto x0 ∑ ci 

yi( k ) ( x0 ) = 0 ⇒ ck = 0 (k = 0,", n − 1) . CQD.


{ 10 sese ii ≠= kk
i =0 i =0

A.4 PROVA DA EQUAÇÃO [3.3(c)]

(i) Já vimos que, se o polinômio característico P ( r ) se anula em r1 , então, uma vez que

Lˆ[e rx ] = P(r )e rx , { essa é a equação [3.3(a)] }


obtemos
Lˆ[er1x ] = P(r1 )er1x = 0 ,
mostrando que
• y1 ( x) = er1x é uma solução da EDO.

(ii) Agora, se P ( r ) se anula em r1 pelo menos duas vezes, então, pelo item (i),

• y1 ( x) = er1x é uma solução da EDO.

Além disso, temos que

P(r ) = (r − r1 )2 g (r ) ⇒ P′(r ) = 2(r − r1 ) g (r ) + (r − r1 )2 g ′(r ) ,

donde P (r1 ) = P′(r1 ) = 0 .


Logo,
⎡ ∂ ⎤ ∂ ⎡ ˆ rx ⎤ ∂ ⎡
Lˆ[ x e r1x ] = Lˆ[ x e rx ] = Lˆ ⎢ (e rx ) ⎥ = L (e ) ⎦ = P(r )e rx ⎤⎦
r = r1 ⎣ ∂r ⎦ r = r1
∂r ⎣ r = r1 ∂r ⎣
r = r1

P′(r1 ) e r1x + N
=N P (r1 ) x e r1x = 0 ,
0 0

mostrando que
110

• y2 ( x) = x er1x é outra solução da EDO.

(iii) Agora, se P ( r ) se anula em r1 três vezes, então, pelo item (ii),

• y1 ( x) = er1x e y2 ( x) = x er1x são soluções da EDO.

Além disso, temos que

P(r ) = (r − r1 )3 g (r ) ⇒ P′(r ) = 3(r − r1 ) 2 g (r ) + (r − r1 )3 g ′(r )


⇒ P′′(r ) = 6(r − r1 ) g (r ) + 6(r − r1 ) 2 g ′(r ) + (r − r1 )3 g ′′(r ) ,

donde P (r1 ) = P′(r1 ) = P′′(r1 ) = 0 .

Logo,
∂2 ∂ 2 ⎡ ˆ rx ⎤ ∂2 ⎡
Lˆ[ x 2 er1x ] = Lˆ[ x 2erx ] = Lˆ ⎡ 2 (erx ) ⎤ = L (e ) ⎦ = P (r )erx ⎤⎦
r = r1 ⎣⎢ ∂r ⎦⎥ r = r1 ∂r 2 ⎣ r = r1 ∂r 2 ⎣ r = r1

= P′′(r1 ) e r1x + 2 N P(r1 ) x 2 er1x = 0 ,


P′(r1 ) x er1x + N
N
0 0 0

mostrando que
• y3 ( x) = x 2er1x é outra solução da EDO.

Genericamente, se P ( r ) se anula em r1 m vezes ( m = 1, 2, ") , então

P(r ) = g (r )(r − r1 )m
e, portanto, para j = 0 , " , m − 1 , temos que

(1)⎧⎪ j l ( j − l ) (l ) ⎫
⎪ (2)
j
⎡ m! ⎤
P ( j)
(r1 ) = ⎨ ∑ C j g (r ) ⎡⎣ (r − r1 )m ⎤⎦ ⎬ = ∑ C lj g ( j −l ) (r1 ) ⎢ (m − j ) (r − r1 )m − j ⎥ =0
⎩⎪ l = 0 ⎭⎪r = r1 l =0 ⎣ ⎦ r = r1

Logo, para k = 0 , " , m − 1 , deduzimos que

( ) (
∂ k rx
) ∂ k ˆ rx
( ) ∂k ⎡
(3) (4)
Lˆ x k er1x = Lˆ e = Le = k ⎣
P(r ) erx ⎤⎦
∂ rk r = r1 ∂ rk r = r1 ∂r r = r1

(5) k
= ⎡ ∑ Ckj P ( j ) (r1 ) x k − j ⎤ e 1 = 0 ,
rx
⎢ 

⎣ j =0 0 ⎦
mostrando que

yk ( x) = x k er1x são soluções da EDO. CQD


k = 0,1,",m −1

Explicação das passagens (1) a (5) nesses cálculos:

(1) Uso da fórmula de Leibniz para a derivada de ordem k de um produto, dada por
111
k
[ u (r )v (r ) ] (k ) = ∑ Ckj u (k − j ) (r ) v ( j ) (r ) .
j =0
(l ) m!
(2) Uso da fórmula ⎡⎣ (r − r1 ) m ⎤⎦ = (r − r1 ) m − j , que é assim deduzida:
(m − j )

– se l = 1: ⎡⎣ (r − r1 )m ⎤⎦ = m(r − r1 )m −1
′′
– se l = 2 : ⎡⎣ (r − r1 )m ⎤⎦ = m(m − 1)(r − r1 )m − 2
(l ) m!
– se l = 3, " , m : ⎡⎣ (r − r1 )m ⎤⎦ = m(m − 1) "[m − (l − 1)] (r − r1 )m − l = (r − r1 ) m − l .
(m − j )!
(3) Troca da ordem de aplicação dos operadores L̂ e ∂ k / ∂r k .
(4) Uso da equação [3.3(a)] .
(5) Novamente o uso da fórmula de Leibniz para a derivada de ordem k de um produto.

A.5 PROVA DA EQUAÇÃO [3.3(d)]

Desenvolvendo essa equação com mais detalhes, obtemos

K1 e( a +bi) x + K 2 e( a −bi) x = e ax [ K1 eibx + K 2 e −ibx ] = e ax [ K1 (cos bx + i sen bx)


+ K 2 (cos bx − i sen bx)] = eax [(

K1 + K 2 ) cos bx + i( K1 − K 2
) sen bx] ,

c1 c2

ou seja,
K1 e( a +bi) x + K 2 e( a −bi) x = eax ( c1 cos bx + c2 sen bx ) . [A.5(a)]

Podemos sempre considerar c1 e c2 constantes reais arbitrárias. De fato, explicitando as


partes reais e imaginárias de K1 e K 2 ,
K1 ≡ α1 + β1i e K 2 ≡ α 2 + β 2i ,

vemos que as constantes c1 e c2 , dadas por

c1 = K1 + K 2 = (α1 + α 2 ) + ( β1 + β 2 )i e d1 = i( K1 − K 2 ) = i[ (α1 − α 2 ) + ( β1 − β 2 )i ] ,
podem ser escolhidas como sendo reais e ainda arbitrárias. De fato, basta tomar K1 e K 2 tais que
β 2 = − β1 e α 2 = α1 ; nesse caso,
c1 = 2α1 e d1 = −2β1 ,

que são constantes arbitrárias, pois não há restrições sobre α1 e β1 . Note que K 2 = α1 − β1i é o
complexo conjugado de K1 (ou seja, em [A.5(a)], uma condição para que c1 e c2 sejam cons-
tantes reais arbitrárias é a da constante complexa K1 permanecer arbitrária e tomar K 2 como
sendo o complexo conjugado de K1 ).

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