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(Produzido pelo grupo de Físico-química do Depto.
de Química do CCEN/UFPA)
JNTRODUÇÃO
O estudo dos fenômenos naturais pela elaboração de modelos matemáticos e a medida de sua
adequação à realidade é a finalidade das aulas práticas de ciências naturais, que constituem, na
realidade, o efetivo exercício do método científico. Durante as aulas práticas o estudante
aprende a reduzir a oposição entre o real e o possível e encontrar a região mista, a
chamada região do provável: medida de uma grandeza e teoria das incertezas, por exemplo.
Tal é a função específica das aulas práticas no desenvolvimento do pensamento científico do
estudante.
Para alguns dos fenômenos o estudante já possui modelos adquiridos durante os estudos p ré-
universitários: tanto a adequação dos modelos à realidade como o "campo do possível",
acessível a partir dos mesmos, serão estudados na medida das possibilidades oferecidas pelos
equipamentos disponíveis nos laboratórios.
MEDJDAS
Fazer uma medida é comparar duas grandezas de mesma espécie, uma sendo conhecida e a
outra desconhecida: medida de comprimento com uma escala, por exemplo. Geralmente esta
comparação consiste em associar o conjunto de grandezas da mesma natureza a um espaço
vetorial unidimensional. A escolha de uma unidade corresponde à defi nição do número que
mede uma certa grandeza deste conjunto não é outra coisa que a determinação da componente
(na verdade componente contra variante) de um vetor particular do espaço considerado.
A comparação direta não é sempre possível; em conseqüência deve-se considerar uma relação
(lei física) entre a grandeza a ser medida e outras grandezas conhecidas ou mensuráveis
diretamente. Fazer uma medida consiste em "cercar" um valor verdadeiro Vv. Assim se pode
entender porque um valor medido só tem sentido qu ando acompanhado de sua incerteza que
representa o intervalo de confiança que se pode atribuir ao resultado.
Para isso é importante falar sobre a natureza da grandeza física, os métodos de medida e as
qualidades dos instrumentos de medida.
Antes de começar uma medida, é importante conhecer bem a grandeza cujo valor é pr ocurado
(unidade, ordem de grandeza, estabilidade no tempo e no espaço, etc.) Essa grandeza pode ser
mal definida em função de um parâmetro exterior que varia:
Gradeza física mal defiida por atureza: A espessura de uma tábua de madeira não é tão
bem definida como a espessura de uma peça metálica retificada. A medida, com precisão, do
volume de um sólido de forma qualquer nem sempre é possível com um instrumento que
permite a medida das dimensões (paquímetro, por exemplo). Em certos casos é inútil procura r
medir com uma precisão melhor do que permita a definição da grandeza física considerada.
Os métodos de medida
Quando uma medida relativa (comparação de uma grandeza desconhecida com uma grandeza
conhecida da mesma espécie) é impossível, deve -se usar uma relação entre a grandeza estudada
e outras grandezas mensuráveis, isto é uma lei física.
Fieza: A fineza se refere à influência do aparelho de medida sobre a grandeza sendo medida.
Exemplo: A resistência interna de um voltímetro produz um desvio que modifica a d.d.p.
medida. A fineza de um instrumento é boa quando sua reação sobre a medida é pequena, isto é,
despezível em comparação à precisão da medida.
Algarismos sigificativos
Algarismos exatos
Constituem os algarismos de uma leitura que estão isentos de qualquer dúvida ou estimativa.
Algarismos icertos
É uma forma prática de se abreviar expressões matemáticas, com um número muito grande de
termos.
±
±
± ± ± ±
Ë. ERROS
A análise do erro num resultado numérico é fundamental. Os dados disponíveis são raramente
exatos, pois são baseados em experiências ou estimativas. Os processos numéricos empregados
na obtenção dos resultados, introduzem erros dos seguintes tipos:
Erro sistemático
É o erro devido ao operador. Estes erros são variáveis em grandeza e sinal e se compensam
quando o número de medidas é grande. Quando se repete uma medida os erros acidentais
geralmente não conservam a mesma magnitude e o mesmo sinal. Em conseqüência, com a
ajuda de cálculos aproximados, de informações suficientes sobre as características dos
instrumentos utilizados e de métodos adequados, é possível então obter para uma grandeza um
conjunto de valores no qual se admite encontrar o "valor verdadeiro".
Erros semi-acidetais
Erro verdadeiro
Quando se dispõe de uma série muito numerosa de medidas de uma grandeza, pode -se
construir uma curva de erros ou curva de probabilidades de Gauss.
A curva de Gauss resulta do registro dos valores das medidas Xi na abscissa, enquanto na
ordenada se assinala a freqüência Ni em que o mesmo resultado ocorre.
A incerteza absoluta permite então a definição do conjunto de valores entre os quais se encontr
o valor verdadeiro, pois .
A incerteza absoluta não ressalta a perfeição de uma medida pois medir um comprimento de 1
metro com incerteza de 1 centímetro não apresenta a mesma dificuldade que medir um
comprimento da ordem de 10 km com a mesma incerteza: este última medida requer uma
aparelhagem muito mais precisa, por isto introduz-se a incerteza relativa que é a razão entre a
incerteza absoluta u X e o valor absoluto X da medida. Ela caracteriza a precisão da medida, é
independente das unidades escolhidas e é sempre positiva.
Nos exemplos citados no parágrafo anterior temos as incertezas relativas de -1/100 e
1/106 respectivamente. Diz-se que a segunda medida é 10,000 vezes mais precisa que a
primeira.
Postulados de Gauss:
O valor mais provável (VMP) de uma grandeza medida N vezes é a média aritmética das
medidas realizadas.
São iguais as possibilidades de se cometer erros com o mesmo valor absoluto desde que sejam
de sinais contrários.
Com base nos postulados acima e traçando-se um gráfico no qual as abscissas sejam
proporcionais aos valores das medidas Xi e a ordenada proporcional às frequências, obtém a
curva em forma de sino. A expressão analítica da referida curva é:
!"!
e
onde K e h são constantes a determinar. Nota-se que quando x é igual a zero, tem-se F(x) = K
ou seja, K é ordenada máxima, a qual representa o número de medidas que não diferem do
valor mais provável.
Freqüêcia: É a razão entre o número de vezes que um evento determinado ocorreu pelo
número de vezes que poderia ter ocorrido.
Teorema de Berouille: Quando o número de eventos tende para o infinito a freqüência tende
para a probabilidade
8. PARÂMETROS ESTATÍSTJCOS
Uma série de dados contém informações que podem ser traduzidas através de alguns
parâmetros classificados abaixo:
Medidas de simetria
Medidas de achatamento
Quando o número de medidas da mesma grandeza é grande, o resultado mais comum de tais
medidas, isto é, a tendência "central", é dada pela média aritmética das medidas.
ܯ± #±#
$
Mediaa
Moda
É o valor da variável que corresponde à observação mais freqüente, isto é, o valor da variável
cuja freqüência é máxima.
Numa medida expressa na forma 7,25 V 0,03, o valor V 0,03 representa o erro sobre o valor
absoluto da medida. Esse erro é independente do valor absoluto da medida.
O erro relativo é definido como sendo a fração do erro cometido na medida. Ele depende do
valor absoluto da medida.
Combiação de erros
Quando uma quantidade de "a" pode ser somente medida indiretamente a partir de medidas "b"
e "c", uma boa aproximação dos erros sobre "a" é dada por:
Se + ' , o erro absoluto sobre "a" é a soma dos erros absolutos sobre b e c.
Se + ou + o erro relativo sobre "a" é a soma dos erros relativos sobre b e c.
É a média das medidas encontradas , desde que mereçam a mesma confiança. Mesma confiança
significa execução de medições pelo mesmo observador, mesmo instrumento e mesmo método.
Qualificação das medidas:
Exatas: Quando o erro sistemático é pequeno. A exatidão da medida indica quão próximo o
valor médio experimental está próximo do valor verdadeiro.
Precisas: Quando o erro acidental é pequeno. A precisão de uma medida tem duplo
significado; referindo-se à reprodutibilidade de uma medida e ao número de algarismos
significativos envolvidos com segurança na referida medida.
A exatidão de um método científico será tanto maior quanto menor o erro constante.
Uma vez calculadas as estimativas dos parâmetros estatísticos necessários para caracterizar a
exatidão e a precisão, é necessário ainda saber interpretar os dados colhidos a fim de poder
esclarecer certas questões como as enumeradas a seguir. Assim, se a média de uma série de
observações diferir algo do valor verdadeiro, será necessário verificar se a di ferença
simplesmente reflete a flutuação dos erros indeterminados ou deve ser atribuída a um erro
constante.
Como o erro de uma medida é difícil de ser determinado, porque o "valor verdadeiro"
raramente é conhecido, é necessário definir um erro de tal modo que não seja necessário o
conhecimento desses "valores verdadeiros". Isto é feito utilizando -se o conceito de desvio.
Quando se toma a média aritmética como valor real, pode-se fazer um exame crítico dos
resultados, começando pela verificação do desvio Di ou pelo afastamento que cada medida
apresenta em relação à média aritmética. Assim:
O erro médio u desvio médio, Dm, é a média aritmética do valor absoluto do desvio. Para N
medidas:
A qualidade de uma medida é dada conhecendo-se o desvio-padrão, Ds, que dá uma idéia de
quanto a medida difere da média, e o erro provável, P, que são definidos pelas relações:
Ds = V n D2
N e P = Ds / N
Ds = V nDi2
N-1