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Faculdade de Medicina da Universidade

do Porto

Serviço de Fisiologia

Aula Teórico-Prática

FISIOLOGIA RENAL

Texto de Apoio

Dr. Tiago Henriques Coelho


Prof. Doutor Adelino Leite Moreira
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ÍNDICE

Funções renais ........................................................................................................................... 3

Anatomofisiologia renal ............................................................................................................ 4

Princípios de formação de urina ................................................................................................ 6

Mecanismos de transporte ......................................................................................................... 7

Ultrafiltração glomerular ........................................................................................................... 9

Reabsorção de sódio e água .....................................................................................................14

Regulação da osmolalidade dos fluidos corporais ...................................................................17

Regulação do volume extracelular e da excreção de NaCl.......................................................22

Regulação do equilíbrio ácido-base .........................................................................................26

Desequilíbrios ácido-base ........................................................................................................30

Regulação do equilíbrio do potássio ........................................................................................33

Função dos ureteres e da bexiga ..............................................................................................36

Doenças renais .........................................................................................................................38

Fisiologia Renal 2
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FUNÇÕES RENAIS

Uma função renal adequada é vital porque os rins contribuem para a manutenção do meio
interno e são local da síntese e degradação de moléculas essenciais para o organismo.

1. Funções homeostáticas
1.1 Regulação do volume plasmático e do equilíbrio hidrolítico (importante determinante
da pressão sanguínea);
1.2 Regulação da osmolalidade sanguínea;
1.3 Manutenção do equilíbrio electrolítico (Na+, K+, Cl-, Ca2+, Mg2+, SO42-, PO42-);
1.4 Regulação do equilíbrio ácido-base (regula o pH sanguíneo);
1.5 Excreção de metabolitos (ex: ureia, ácido úrico, creatinina).

2. Funções bioquímicas
2.1 Produção de hormonas:
- Eritropoietina (estimula a produção de eritrócitos pela medula óssea);
- Renina (enzima que catalisa a produção de Angiotensina);
- Calcitriol (forma biologicamente activa da vitamina D);
2.2 - Produção de substâncias bioactivas (ex. prostaglandinas, adenosina, endotelina, NO,
bradicinina, factor de crescimento epidérmico, factor de crescimento tipo insulina);
2.3 - Síntese de glicose (gluconeogénese), angiotensinogénio e amónia;
2.4 - Metabolismo de algumas substâncias (ex. insulina).

Fisiologia Renal 3
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ANATOMOFISIOLOGIA RENAL

Os rins são órgãos pares localizados retroperitonealmente, ligados funcionalmente ao


organismo pelo hilo, local por onde passam os vasos sanguíneos e linfáticos, os nervos e o
ureter (que conduz a urina do rim para a bexiga).
Em corte coronal podemos distinguir duas regiões principais: o córtex (região externa)
e a medula (região interna). A medula divide-se em regiões cónicas (pirâmides renais) que
terminam na papila (extremidade do cone) que se projecta para a pelve renal.
Os rins recebem, em condições normais, 21% do débito cardíaco, as artérias renais
ramificam-se em artérias interlobares, artérias arqueadas, artérias interlobulares, as quais dão
origem às arteríolas aferen.5(e)1.5(rí)-o1(olc-4.4(am4o)]T46N"1t)-4.5(m-0 940 14.04 7sD8çrFe 14t08

Fisiologia Renal 4
O nefrónio é a unidade funcional do rim. Cada nefrónio é constituído por um
glomérulo e por um túbulo associado, diferenciado em várias porções:
• Cápsula de Bow9D-64- parte mais proximal do túbulo; faz o contacto com os capilares do
glomérulo; tem duas lâminas de células epiteliais: lâmina visceral (podócitos) e a lâmina
parietal (entre as duas fica o espaço urinário que se continua com o lúmen do túbulo
proximal);
• Túbulo proxi64/ - que consiste de uma parte contornada e uma recta;
• Ansa de Henle - com os seus ramos descendente e ascendente (este com um; seg6418.8(ento )]TJ-26.11
• Túbulo contornado distal;

• D
ucto colector (resulta da junção de dez túbulos contornados distais).

Existem dois tipos principais de nefrónios:


• Nefrónos corticais/ - aqueles/cujo glomérulo se situa no córtex externo e as ansas//
de Henle são pequenas (apenas uma pequena parte se situa na medula);
• Nefrónios justaglomerulares/ - são cerca de 30 a 40% e os seus glomérulos
localizam-se no córtex perto da medula; têm ansas/de Henle longas que penetram
na medula.

Fisiologia Renal 5
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PRINCÍPIOS DE FORMAÇÃO DA URINA

• Ultrafiltração glomerular
A maioria das substâncias do plasma
(excepto proteínas e elementos celulares) são
filtradas livremente para o espaço de
Bowman. A energia necessária para este
processo é fornecida pelo trabalho cardíaco.
A filtração é então, um movimento
relativamente não selectivo.
A taxa de filtração de uma substância
pode ser obtida pela seguinte fórmula:
Filtração = Taxa filtração glomerular x
Concentração plasmática
Figura 2 – Processos de filtração
glomerular, reabsorção e secreção
tubulares.

• Reabsorção tubular
Define-se como o movimento de água e solutos do lúmen tubular para o sangue
(independentemente do mecanismo). Pode-se ser transcelular (através das células a substância
absorvida tem de atravessar a membrana apical e a membrana basolateral) ou paracelular
(através dos espaços juncionais entre as células).
É um processo altamente selectivo e fundamental para algumas substâncias como o Na+,
Cl-, HCO3-, PO42-, Ca2+, Mg2+, glicose, a.a., água, entre outras.

• Secreção
Pode ser definida como a movimentação de solutos do sangue para o lúmen tubular ou,
de substâncias produzidas nas células tubulares, do interior destas para o lúmen tubular.
É um processo importante para algumas substâncias entre as quais o H+, K+, NH4+.

• Excreção
A excreção de uma determinada substância depende destes 3 processos que se relacionam
matematicamente pela seguinte equação:
Taxa excreção urinária = Taxa filtração – Taxa reabsorção + Taxa secreção

Fisiologia Renal 6
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MECANISMOS DE TRANSPORTE

Os mecanismos envolvidos na reabsorção e excreção renais são os mecanismos gerais de


transporte de solutos através de membranas celulares e incluem os seguintes:
1.

Fisiologia Renal 7
5. Pinocitose (proteínas)
É uma forma de transporte activo existente em algumas partes do túbulo do nefrónio
(principalmente, no túbulo proximal) para reabsorção de grandes moléculas, como as proteínas,
com subsequente degradação nos lisossomas.
6. Osmose
É o movimento da água segundo o gradiente de actividade da água, isto é, o fluxo osmótico da
água ocorre dos locais de baixa concentração de partículas (alta concentração de água) para os
locais de alta concentração de partículas (baixa concentração de água). É determinado pela área da
membrana, pela permeabilidade à água e pela diferença da concentração da partícula impermeável.
Em parte, a permeabilidade à água é determinada pelas aquaporinas, proteínas transmembranares
desenhadas especificamente para a passagem da água. Este movimento osmótico de água através
dos canais pode arrastar substâncias dissolvidas de um modo indiscriminado (“Solvent drag”).

Fisiologia Renal 8
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ULTRAFILTRAÇÃO GLOMERULAR

O filtrado glomerular tem uma composição idêntica ao plasma excepto no conteúdo de

Fisiologia Renal 9
GFR = Kf x Pressão filtração
e é cerca de 125 mL/min (ou 180L/dia) num adulto normal (muito maior do que na
maioria dos capilares). Note-se que apenas 20% do plasma é filtrado de cada passagem
do sangue pelos rins.
A pressão de filtração é a soma das forças hidrostáticas e osmóticas que actuam ao
nível dos capilares glomerulares e incluem:
1) Pressão hidrostática glomerular (PG) – é normalmente 60 mmHg e promove a
filtração;
2) Pressão hidrostática na cápsula de Bowman (PB) - normalmente 18 mmHg e opõe-
se à filtração;
3) Pressão colóide osmótica glomerular ( ΠG ) – a média é de 33 mmHg e opõe-se à
filtração;
4) Pressão colóide osmótica capsular ( ΠB ) – é aproximadamente 0, pelo que tem
pouco efeito em condições normais.

Pressão filtração = PG – PB - ΠG = 10mmHg

Daqui podemos concluir que:


a) Diminuição do Kf diminui a GFR ex: na Hipertensão e na Diabetes mellitus, a GFR é
reduzida pela maior espessura da membrana glomerular ou por perda de superfície de filtração
(por lesão dos capilares);
b) Aumento da pressão na cápsula de Bowman diminui a GFR. ex: obstrução do ureter por
um cálculo;
c) Aumento da pressão colóide osmótica glomerular diminui a GFR - a ΠG é influenciada
pela pressão colóide osmótica arterial; deste modo, o aumento desta conduz a um aumento de ΠG ;
d) Aumento de pressão hidrostática glomerular aumenta a GFR; a PG é determinada por:
1) pressão arterial – o seu aumento tende aumentar a PG; contudo, é normalmente controlado pelo
mecanismo de autorregulação;
2) resistência arteriolar eferente – o seu aumento conduz à elevação da PG e tende a aumentar a
GFR durante o intervalo em que o fluxo renal não é comprometido.

• Regulação da filtração glomerular


A pressão hidrostática glomerular e a pressão oncótica glomerular são os determinantes da
GFR mais susceptíveis de controlo fisiológico, nomeadamente por intermédio do sistema

Fisiologia Renal 10
nervoso simpático(SNS), hormonas e autacóides (substâncias vasoactivas libertadas pelo rim) e
outros mecanismos de feedback intarrenal.
1) A activação do sistema nervoso simpático diminui a GFR – uma activação forte do SNS
leva à constrição das arteríolas renais, diminuindo o fluxo sanguíneo renal e a GFR. ex: isquemia
cerebral ou hemorragia grave;
2) As hormonas e autacóides controlam a GFR e o fluxo sanguíneo renal (RBF):
Hormona Local de libertação Acção Efeito sobre
/Autacóide GFR RBF
Noradrenalina e medula suprarrenal Constrição das Arteríolas aferentes e ↓ ↓
Adrenalina eferentes
Endotelina células endoteliais Constrição das arteríolas renais ↓ ↓
Angiotensina II Constrição das arteríolas aferente e = ↓
eferente (mais pronunciada nesta). (previne↓)
NO derivado do células endoteliais vasculares Diminuição da resistência vascular renal ↑ ↑
endotélio (EDNO)
Prostaglandinas podem atenuar os efeitos vasoconstritores do SNS ou da Angiotensina II ↑
(PGE2 e PGI2) (principalmente ao nível das A. aferentes)
a inibição da sua síntese (ex: aspirina) pode causar diminuição marcada
da GFR e do RBF (mais frequente em pacientes cujo volume extracelular
está diminuido)
Tabela 1 – Hormonas e autacóides que controlam a GFR e o fluxo sanguíneo renal.
3) Autorregulação
A autorregulação permite uma constância relativa da GFR e do RBF dentro de um
intervalo de pressões: 75-160 mmHg, prevenindo que alterações sistémicas da pressão
sanguínea se repercutam sobre a GFR.
a) Feedback Tubuloglomerular
É o componente fundamental da autorregulação renal e depende do complexo
justaglomerular; este é formado por células da mácula densa (na porção inicial do túbulo
distal) e células justaglomerulares (localizadas na parede das arteríolas aferente e eferente).
Quando a pressão sanguínea diminui, a concentração de NaCl ao nível da mácula densa
diminui, o que conduz a dois efeitos:

Fisiologia Renal 11
A B
Figura 4. A – Complexo justaglomerular; B – Mecanismo de autorregulação.
1. Diminuição da resistência das arteríolas aferentes – aumento da PG e da GFR em
direcção a valores normais;
2. Aumento da libertação de Renina pelas células justaglomerulares – aumento da
formação de Angiotensina II – constrição da arteríola eferente – elevação da PG e da
GFR em direcção a valores normais.

b) Mecanismo miogénico
Refere-se à capacidade intrínseca dos vasos sanguíneos se contraírem quando a pressão
sanguínea aumenta, pelo que previne o estiramento excessivo dos vasos e o aumento
excessivo da GFR e do RBF.

4) Outros factores que influenciam a GFR e o RBF


– Dieta rica em proteínas – aumento da GFR e do RBF (por estimulação do crescimento
dos rins e por redução de resistência vascular renal)
– Hiperglicemia (a glicose é cotransportada, tal como os aa, com o sódio no túbulo
proximal);
– Glucocorticóides – diminuem a resistência vascular renal (aumentam GFB e RBF);
– Idade – diminui GFR e RBF por redução do número de nefrónios funcionantes
(diminuem 10% por década a partir dos 40 anos).

Fisiologia Renal 12
• Determinação da GFR
Usando o conceito de Clearance, a GFR é determinada pela medição da excreção urinária

Fisiologia Renal 13
O ácido p-aminohipúrico (PAH) aproxima-se muito destes requisitos (90% do PAH
que entra no rim é excretado ), pelo que permite uma estimativa razoável do RPF.
A fracção de filtração é o ratio entre a GFR e o RPF:
Fracção filtração = GFR/RPF = 125/650 = 0,19
Para o cálculo do fluxo sanguíneo (RBF) é necessário considerar o hematócrito (Ht):
RBF = RPF / ( 1-Ht)
A reabsorção e a secreção tubulares podem ser calculadas a partir dos clearances
renais:
ReabsorçãoX = (GFR x [X]p) - ([X]u x Fluxo urinário)

SecreçãoX = ([X]u x Fluxo urinário) – (GFR x [X]p)

Fisiologia Renal 14
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REABSORÇÃO DE SÓDIO E ÁGUA

A quantidade de Na+ extracelular é cerca de 1700 mEq para um adulto de 60Kg e apenas
de 100 mEq no espaço intracelular devido à baixa permeabilidade de sódio da maioria das
membranas e extrusão activa de sódio pela bomba Na+ / K+ que é ubiquitária.
• Reabsorção de NaCl e de água ao longo do sistema tubular

A B
Figura 5. A – Reabsorção de sódio; B – Reabsorção de água.
a) Túbulo proximal
- 65% do Na+ e água filtrados são reabsorvidos ao longo do túbulo proximal;
- A concentração de Na+ no fluido tubular permanece constante até ao final do túbulo
proximal;
- A osmolalidade do fluído tubular proximal diminui ligeiramente relativamente ao
plasma;
- A concentração de Cl- aumenta e a de HCO3- diminui ao longo de túbulo proximal.
b) Ansa de Henle
- A reabsorção de água ocorre no ramo descendente da ansa; o ramo ascendente é
impermeável à água;
- De modo contrário, a reabsorção de Na+ não ocorre no ramo descendente mas 20 a
25% da reabsorção de Na+ ocorre no ramo ascendente. Por isso, o fluido tubular na
parte final da ansa é sempre hipotónico.
c) Túbulo distal e ducto colector
Aproximadamente 10% de Na+ e 20% de água são reabsorvidos ao longo deste
segmento; no entanto, é nesta parte do nefrónio que ocorre a regulação da reabsorção
de Na+ e de água.

Fisiologia Renal 15
• Mecanismos de reabsorção de sódio

Figura 6 – Mecanismos de reabsorção da sódio.

Fisiologia Renal 16
II – Transporte paracelular
No túbulo proximal (parte distal) e ramo ascendente da ansa de Henle ocorre transporte
paracelular de Na+ devido a uma pequena diferença positiva de potencial transtubular.
No ducto colector, os iões Cl

Fisiologia Renal 17
!"
REGULAÇÃO DA OSMOLALIDADE DOS FLUIDOS CORPORAIS

O volume total dos fluidos corporais (ex: 36L num indivíduo com 60Kg) mantém-se
constante ao longo do dia através do ajuste dos ganhos com as perdas de água.
A água é obtida pelos alimentos, pelo metabolismo e pela sua ingestão directa e perdida
através da urina, das fezes, da transpiração e por processos insensíveis como na perspiração e
expiração que fazem parte das perdas e ganhos “obrigatórios”. No entanto, as quantidades de
água perdidas na urina e ganhas pela sua ingestão directa são reguladas de modo a igualar o
total de perdas com o total de ganhos.

• Osmorregulação
Uma vez que a ingestão directa de água não afecta a taxa de excreção de solutos urinários,
a osmolalidade urinária varia inversamente ao fluxo urinário e afecta de igual modo os
volumes intra e extracelulares.
Quando a ingestão de água é normal, o fluxo urinário é de 1-2 mL/min. e a osmolalidade
urinária de 500-700 mOsm/Kg.
Quando a ingestão de água é elevada, a osmolalidade plasmática diminui e os rins
excretam um grande volume de urina hiposmolar relativamente ao plasma (mínimo ~30
mOsm / Kg).
Quando a ingestão de água é baixa, ocorre o contrário: a osmolalidade dos fluidos
corporais aumenta e os rins excretam um pequeno volume de urina hiperosmolar
relativamente ao plasma (máximo ~1200 mOsm / Kg). Esta capacidade de concentrar a urina,
propriedade encontrada apenas nos mamíferos e em algumas aves, foi uma importante
adaptação à vida terrestre uma vez que permite reduzir o grau de dependência da água.
Deste modo, a ansa de feedback homeostático negativo para estabilizar a osmolalidade
dos fluidos corporais tem como efectores o controlo de ingestão de água pela sede e a resposta
renal excretora de água.
Relacionando a osmolalidade urinária com o volume de urina podemos definir 3 estados:

Osmolalidade urinária Volume urinário


Antidiurese Hipertónica Baixo
Diurese de água Hipotónica Elevado
Diurese osmótica Isotónica Elevado (com excreção solutos aumentada)

Tabela 4 – Distinção entre diurese de água, diurese osmótica e antidiurese.

Fisiologia Renal 18
• Hormona antidiurética (ADH) ou Vasopressina
A ADH é um peptídeo de 8 aa sintetizada por neurónios dos núcleos supra-óptico e
paraventricular do hipotálamo. É armazenada nos terminais axonais ao nível da hipófise
posterior. É libertada para a circulação sistémica a partir deste local.
O seu duplo nome deve-se aos seus dois principais efeitos:
a) efeito antidiurético - ocorre via receptores V2 e com concentrações plasmáticas
relativamente baixas;
b) efeito vasoconstritor - é mediado por receptores V1 e ocorre com concentrações
plasmáticas superiores.
A sua libertação é controlada por osmorreceptores (presentes no hipotálamo) e por
barorreceptores periféricos. Um aumento da osmolalidade plasmática acima dos 280
mOsm/Kg provoca um aumento nos níveis plasmáticos da ADH. A sede é estimulada a
osmolalidades superiores como segunda linha de defesa contra a hiperosmolalidade.
Efeitos da ADH:
1) Redução do fluxo urinário e aumento da osmolalidade da urina (faz a ligação fisiológica
entre as osmolalidades plasmática e urinária)
2) Aumento da permeabilidade à água do epitélio do ducto colector (10 a 20 vezes)

Fisiologia Renal 19
Quanto à diminuição da osmolalidade plasmática os efeitos renais da ADH são
suficientes para repor a osmolalidade normal.

• Formação de urina concentrada


A capacidade do rim em concentrar a urina baseia-se no princípio físico de multiplicação
em contracorrente o qual tem por base anatómica a disposição em contracorrente dos ramos
ascendente e descendente da ansa e a sua associação com os ductos colectores.
A multiplicação em contracorrente é o mecanismo pelo qual o conteúdo de dois tubos
adjacentes se desloca em direcções opostas originando concentração de solutos
progressivamente maiores. O gradiente de concentração entre os dois ramos da ansa é
estabelecido com gasto de energia e tem por base 3 propriedades:
1) Transporte activo de sódio e cotransporte de potássio, cloreto e outros iões ao longo
das ramos ascendentes (porção grossa);
2) Baixa permeabilidade à água dos ramos ascendentes;
3) Alta permeabilidade à água dos ramos descendentes.

Figura 8 – Mecanismo em contracorrente no rim.

A nível renal, o sistema de contracorrente assume algumas particularidades:


a) A multiplicação em contracorrentes ocorre apenas na medula externa. A concentração
intersticial da NaCl aumenta em direcção à interface medula externa / medula interna

Fisiologia Renal 20
(resultado do transporte de NaCl e da reduzida permeabilidade à água na porção
grossa do ramo ascendente) – o aumento de pressão osmótica intersticial provoca

Fisiologia Renal 21
A porção medular interna é altamente permeável à ureia e permite a reabsorção de
ureia por intermédio do transportador UT1, recentemente clonado.
Cerca de metade da ureia filtrada é excretada normalmente na urina.

• Troca em contracorrente
O fluxo sanguíneo medular é relativamente baixo quando comparado com o cortical. Os
capilares medulares (vasa recta) originam-se das arteríolas eferentes dos nefrónios
justamedulares e dispõem-se em contracorrente: descem para a medula e ascendem em
direcção ao córtex. Ao longo dos capilares descendentes o sangue fica progressivamente mais
concentrado, uma vez que os vasa recta são altamente permeáveis à água e solutos. Nos

Fisiologia Renal 22
!"REGULAÇÃO DO VOLUME EXTRACELULAR E DA EXCREÇÃO DE NaCl

Os rins, pela capacidade que têm de regular o volume do fluido extracelular (ECV) pela
variação da excreção de Na+ , desempenham um papel fundamental na manutenção de um
volume apropriado do sistema vascular, pré-requisito para a perfusão adequada dos tecidos.
Em condições isotónicas, o volume do ECV é determinado pela massa de solutos
extracelulares: como os sais de Na+ são o soluto extracelular mais abundante, o ECV aumenta
quando o conteúdo corporal de Na+ aumenta e diminui quando este diminui.

Figura 10 - Mecanismos de regulação do volume extracelular.

A regulação do ECV pode ser descrita como um mecanismo reflexo no qual o sódio
corporal total e o ECV são monitorizados por sensores apropriados.
A excreção de Na+ pode ser alterada pela modificações na reabsorção de Na+ ou na
GFR (taxa filtração glomerular) e relaciona-se com estas pela seguinte equação:
Excreção Na+ = (GFR x [Na+]p) – Reabsorção Na+

• Sensores de volume e variáveis dependentes do volume


O volume plasmático determina a magnitude de algumas variáveis hemodinâmicas.
1. Modificações no volume plasmático causam alterações directas na tensão da parede de
certas estruturas vasculares – veias intratorácicas, aurículas e ventrículos – que
possuem terminais nervosos sensíveis ao estiramento. Através do nervo vago, os
impulsos são processados nos centros cardiovasculares no tronco cerebral.

Fisiologia Renal 23
2. Alterações no retorno venoso, enchimento cardíaco e débito cardíaco provocam
modificações na pressão arterial que são detectadas pelos barorreceptores arteriais no
arco aórtico e seio carotídeo. Os impulsos atingem os centro cardiovasculares através
dos nervos vago e glossofaríngeo;
3. Alterações no volume plasmático são detectadas pelo complexo justaglomerular
(sensível à concentração de NaCl no fluido tubular e à pressão na arteríola aferente)
que actua localmente, modificando a secreção de Renina.

• Efectores do controlo do volume extracelular

1. Actividade simpática renal e níveis de catecolaminas circulantes


A expansão do ECV reduz a actividade simpática renal, o que conduz ao aumento da
excreção de Na+ (a GFR e o RBF são pouco afectados).A depleção do ECV aumenta a
actividade simpática renal, estimulando a reabsorção de Na+ por efeito tubular directo e
por vasoconstrição e diminuição do RBF e da GFR (efeito indirecto).

2. Sistema Renina – Angiotensina – Aldosterona


A Renina é uma enzima sintetizada e libertada pelas células granulares (células
musculares lisas modificadas localizadas na média das arteríolas aferentes renais) que
integram o complexo justaglomerular.
A Renina degrada o Angiotensinogénio (proteína circulante produzida no fígado e rins)
em Angiotensina I (decapeptídeo) que, por sua vez, é convertida em Angiotensina II
(octapeptídeo activo) pela enzima de conversão da angiotensina (ACE). O nível
plasmático da Angiotensina II é determinado pelo nível de Renina plasmática.
A secreção de Renina é estimulada por 3 mecanismos principais:
a) Aumento da actividade simpática (através de receptores β presentes nas células
granulares);
b) Redução da pressão arteriolar aferente (mecanismo ainda desconhecido);
c) Diminuição da concentração de NaCl na mácula densa: o oposto também se
verifica, isto é, a secreção de Renina também é inibida por um aumento do NaCl
na mácula densa. A concentração de NaCl neste local é dependente do sódio
corporal total e é influenciada pela GFR e pela reabsorção tubular proximal, as
duas variáveis que são modificadas pelo ECV.

Fisiologia Renal 24
A Angiotensina II estimula directamente a reabsorção de Na+ em vários segmentos
tubulares, particularmente no túbulo proximal, onde activa o trocador Na+

Fisiologia Renal 25
Os Sistemas Homeostáticos para o controlo da osmolalidade plasmática e do volume
extracelular são distintos. As principais diferenças entre elas estão sumariadas na tabela 5.
Sistema Osmorregulação Regulação do volume
O que é sentido Osmolalidade plasmática Volume circulante efectivo
Sensores Osmorreceptores plasmáticos Receptores do seio carotídeo, grandes veias,
aurículas e intrarrenais
Efectores ADH, Sede Renina/Angiotensina, Aldosterona, Nervos
simpáticos, ANP, ADH
O que é afectado Osmolalidade urinária, ingestão de água Excreção urinária de Na+

Tabela 5 – Distinção entre osmorregulação e regulação do ECV.

Uma perturbação da osmorregulação manifesta-se pela incapacidade de excretar


quantidades apropriadas de água para manter a isotonicidade plasmática. Os sintomas típicos
são a hiponatrémia ou hipernatrémia (concentração de Na+ plasmático baixa ou elevada,
respectivamente).

Figura 11 – Comparação das alterações na regulação do volume e na osmorregulação.

Uma perturbação da regulação do volume manifesta-se pela incapacidade de excretar


quantidades apropriadas de Na+ para manter um ECV normal. Os sintomas típicos são o
edema (acumulação de fluido intersticial) ou a depleção de volume. Embora conceptualmente
distintas, as perturbações do volume e da osmorregulação apresentam-se muitas vezes
associadas.

Fisiologia Renal 26
!"
REGULAÇÃO DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE

• Equilíbrio do ião hidrogénio

Fisiologia Renal 27
Deste modo, o H+ livre combina-se com um tampão para formar um ácido fraco: quando a
concentração de H+ aumenta, a reacção é desviada para a direita e quando diminui, a reacção
desloca-se para a esquerda.
Os tampões biológicos estão presentes nos compartimentos intra e extracelulares.
Os principais tampões extracelulares são:
1. Bicarbonato / dióxido de carbono (HCO3- / CO2)
2. Fosfato inorgânico (HPO42- / HPO4-)
3. Proteínas plasmáticas
No sangue, a hemoglobina é o principal tampão intracelular (os fosfatos orgânicos e as
proteínas celulares têm uma contribuição pequena).Os iões H+ são também tamponados, numa
pequena porção, no tecido ósseo por troca com o Na+ e o K+ e por dissolução de CaCO3 em
HCO3-.
Todos estes sistemas tampão estão expostos ao mesmo pH, pelo que, uma alteração no pH
irá afectar o ratio ácido-base de todos estes tampões em solução - Princípio Isohídrico.
A produção de CO2 e, consequentemente, de ácido carbónico parece desempenhar um
desafio à homeostasia do H+ devido às enormes quantidades de CO2 produzidas. Deste modo,
o CO2 produzido nos tecidos é tamponado transitoriamente pela hemoglobina (Hb) dos
eritrócitos (a Hb reduzida é um receptor de H+ melhor que a Hb oxigenada – efeito de
Haldane ). Este tampão é transportado para os pulmões. Após reposição do CO2 original pela
oxigenação da Hb, o ácido volátil pode ser eliminado enquanto que os iões H+ são
reincorporados na água.
Por outro lado, a taxa de remoção de CO2 é directamente dependente da taxa de ventilação
e esta é regulada pelo pH e pelo PCO2 (quimiorreceptores respiratórios centrais). Esta
regulação é tão eficiente que permite que, em condições de produção máxima de CO2 (ex:.
exercício físico violento), o CO2 seja removido à taxa que é produzido, sem alteração do
equilíbrio ácido-base.
Os ácidos não carbónicos são tamponados extracelularmente pelo sistema HCO3- / CO2 e
intracelularmente pela hemoglobina e proteínas celulares.

• Regulação renal de conteúdo corporal de bicarbonato


Os iões H+ produzidos diariamente são tamponados e, portanto consomem HCO3-. Os rins
têm de excretar estes iões H+ para reporem o pool de HCO3- . Todos os segmentos tubulares
contribuem para a reabsorção de HCO3-, mas cerca de 85% deste é reabsorvido no túbulo
proximal (principalmente, na primeira metade).

Fisiologia Renal 28
Não existe nenhum mecanismo de transporte conhecido para o HCO3-, pelo que, para ser
absorvido tem de ser convertido em CO2 e H2O . Deste modo, a reabsorção tub455.5

Fisiologia Renal 29
do α - cetoglutarato em glicose ou em CO2 + H2O consome iões H+ e permite a produção de 2
iões HCO3- que são adicionados aos fluidos corporais.
Se o NH4+ gerado for absorvido pelo epitélio tubular renal ou segregado para o sangue, é
usado para formar ureia, uma reacção que consome HCO3- . Deste modo, a síntese da ureia é
um processo acidificante que consome os iões HCO3- produzidos.
Todas as células epiteliais renais têm a capacidade de produzirem ião amónio, mas o
túbulo proximal é o que contribui para a maior parte da sua produção. O NH4+ é segregado
preferencialmente através do trocador Na+ / H+ ( o NH4+ substitui o H+). A difusão de amónia
(NH3) não é quantitativamente importante.
Ao nível do ramo ascendente da ansa, o NH4+ é absorvido o que permite que, por um lado,
continue a ser segregado no ramo descendente e, por outro, funcione como fonte de secreção
transepitelial de NH4+ no ducto colector. O resultado final é que a quantidade de NH4+
excretado é sensivelmente igual à presente no fim do túbulo proximal.

Fisiologia Renal 30
!"
DESEQUILÍBRIOS ÁCIDO-BASE

Figura 13 – Desequilíbrios ácido-base primários e mecanismos de compensação.

• Desequilíbrios ácido-base respiratórios


Quando existe um defeito primário na capacidade dos pulmões removerem CO2, ou
quando a sua remoção está exagerada, há um ganho, ou uma perda de iões hidrogénio. A
perturbação do equilíbrio ácido-base é designada respiratória. Deste modo, a alteração
primária dos desequilíbrios respiratórios é na pressão de dióxido de carbono (PCO2). Na
Acidose respiratória, a diminuição do pH resulta da redução do ratio HCO3- / PCO2 (<20). Na
Alcalose respiratória, em que há remoção excessiva de CO2, o ratio aumenta (>20) e o pH
eleva-se.

• Desequilíbrios ácido-base metabólicos


Têm como causa o excesso de ácidos ou de bases que consomem ou produzem tampões
aniónicos adicionais.
Causas de excesso de produção de ácidos:
a) Produção de ácidos aumentada (ex: cetoacidose ou acidose láctica);
b) Perda de HCO3- (ex: diarreia);
c) Excreção urinária de H+ inadequada (ex: Insuficiência renal crónica)
Causas de excesso de produção de bases:
a) Produção de bases aumentada (ex: dieta vegetariana);
b) Perda de iões H+ (ex: vómito);
c) Excreção urinária de HCO3- inadequada (ex: Hiperaldosteronismo).
A alteração primária neste tipo de desequilíbrios é a modificação da concentração de
HCO3- .Quando a concentração de HCO3- diminui, o ratio HCO3- / PCO2 diminui (<20) e o pH

Fisiologia Renal 31
diminui também, originando uma Acidose Metabólica. Na Alcalose Metabólica há aumento
da concentração de HCO3-

Fisiologia Renal 32
2.2 Alcalose Metabólica
Teoricamente, o aumento da excreção da concentração plasmática seria facilmente
corrigida pela excreção urinária do excesso de HCO3-. No entanto, na prática clínica, este

Fisiologia Renal 33
!"REGULAÇÃO DO EQUILÍBRIO DE POTÁSSIO

A maior parte do potássio (K+)é armazenado no interior das células e apenas 1 a 2% do K+


total existe no espaço extracelular. A principal via de excreção do K+ é a renal com uma
contribuição intestinal reduzida (secreção de K+ pelo cólon).
A concentração extracelular de K+ necessita de ser regulada com precisão porque é um
determinante crítico do potencial de membrana das células excitáveis: quando a concentração
plasmática de K+ diminui, há hiperpolarização e quando a sua concentração aumenta há
despolarização das membranas. Estas alterações do potencial de repouso alteram a
excitabilidade e a condução de impulsos nos nervos e células musculares. As consequências
mais graves verificam-se a nível cardíaco: arritmias, fibrilação auricular e ventricular.

• Regulação da concentração de K+ por alteração na sua distribuição compartimental


A insulina e a adrenalina têm uma capacidade de promoverem o uptake de K+ por
estimulação da actividade de bomba Na+/ K+. Deste modo, após uma refeição contendo K+, a
insulina é libertada e promove o uptake celular de K+, atenuando o aumento do K+
plasmático. Similarmente, durante o exercício físico violento, o aumento do K+ plasmático é
contrariado pela adrenalina libertada pela suprarrenal.
Três outros mecanismos não homeostáticos alteram as concentrações plasmáticas de K+:
1) Desequilíbrios ácido-base:
Acidose – o aumento do H+ plasmático provoca a entrada destes iões nas células, em parte por
troca com o K+, causando Hipercaliémia.
Alcalose – ocorre o oposto, isto é, Hipocaliémia
2) Hiperosmolalidade – muitas vezes associada com a hiperglicemia diabética, conduz à
perda de K+ das células e, potencialmente, hipercaliémia.
3) Lise de grande número de células – há libertação do conteúdo celular, incluindo o K+
(Hipercaliémia).

• Regulação renal do potássio


Cerca de 50% do potássio filtrado e reabsorvido ao longo do túbulo proximal e, no final
da ansa de Henle, apenas 10% do potássio filtrado permanece no lúmen tubular. Esta
reabsorção de K+ é relativamente invariável. Contrariamente, ao longo dos ductos colectores,
a excreção de K+ reflecte as variações de ingestão de K+.

Fisiologia Renal 34
No túbulo proximal, a reabsorção de K+ ocorre por solvent drag e por difusão paracelular
(devido à positividade luminal do potencial).
Na ansa de Henle, a reabsorção de K+ ocorre também por difusão paracelular.
No ducto colector, dependendo da quantidade de K+ ingerido, pode haver reabsorção ou
secreção de K+. A reabsorção de K+ realiza-se pelas células intercalares através de ATPase
K+/H+ presente na membrana apical das células. A secreção de K+ pelas células principais é
determinada pela actividade de ATPase Na+/K+, pelo gradiente electroquímico e pela
permeabilidade da membrana apical ao K+.

Figura 15 – Excreção renal de potássio.

A Aldosterona, para além de reduzir a excreção de Na+, estimula a excreção renal de K+.

Fisiologia Renal 35
c) A baixa concentração de K+ no lúmen aumenta o gradiente químico, favorecendo a
secreção de K+
A Hormona antidiurética estimula também a secreção de K+ nos ductos colectores:
aumentando a permeabilidade da membrana apical ao Na+, aumenta a secreção de K+ por
despolarização da membrana apical e por estimulação da ATPase Na+/K+.
Uma vez que o movimento de K+ no ducto colector é controlado por vários factores, pode
haver adição ou supressão de efeitos. Exemplificando:
1. Efeito aditivo
Taxas de fluxo distal elevadas, ingestão dietética elevada de K+ e aumento dos níveis
plasmáticos de aldosterona, aumentam a secreção de K+.
2. Efeito supressivo
Na depleção do volume extracelular há aumento dos níveis de aldosterona (via
angiotensina II) o que deveria estimular a secreção de K+

Fisiologia Renal 36
!"FUNÇÃO DOS URETERES E DA BEXIGA

A urina que sai dos cones papilares não sofre modificações significativas ao longo da sua

Fisiologia Renal 37
2) Neurónios simpáticos – com origem nos segmentos torácicos baixos e lombares altos
(T12-L2) são transportados pelo nervo hipogastro e inervam o corpo (inibição do
músculo detrusor via receptores β) e o esfíncter interno (activação via receptores α).
3) Neurónios motores somáticos - com origem nos segmentos sagrados, são transportados
pelo nervo pudendo, inervam o esfíncter externo causando a sua contracção. A sua
actividade está dependente do controlo do centro de micção (no tronco cerebral) o qual
recebe influências corticais superiores.
Todas estes grupos de neurónios participam de modo altamente interdependente no
funcionamento vesical. Deste modo, na fase de enchimento:
1) O músculo detrusor está relaxado devido à inibição dos neurónios motores detrusores e
activação dos neurónios simpáticos (receptores β);
2) Os esfíncteres interno e externo estão contraídos devido à activação dos neurónios
simpáticos α (esfíncter interno) e dos motoneurónios somáticos (esfíncter externo).
A micção é um reflexo autonómico controlado voluntariamente; caracteriza-se pela
contracção do músculo detrusor (por estimulação dos neurónios parassimpáticos)
sincronizada com o relaxamento completo dos dois esfíncteres (por inibição dos neurónios
simpáticos e somáticos), o que permite o esvaziamento vesical completo.
O controlo voluntário da micção é um comportamento adquirido. Na criança (antes do
controlo esfincteriano) o esvaziamento vesical reflecte apenas o componente reflexo da
micção desencadeado por estímulos sensitivos a partir dos receptores de estiramento.
O esvaziamento voluntário está também perdido nos pacientes com lesão da espinal
medula. Neste caso, o que acontece é a falta de sincronização entre a activação reflexa do
músculo detrusor e o relaxamento esfincteriano.

A B
Figura 16 A – Fase de enchimento; B - Reflexo da micção.

Fisiologia Renal 38
!"DOENÇAS RENAIS

A maioria das doenças renais podem ser devidas em duas categorias principais:
• Insuficiência Renal Aguda – o rim deixa de funcionar de modo abrupto mas pode
eventualmente recuperar a sua função;
• Insuficiência Renal Crónica – há uma perda progressiva e irreversível de nefrónios
funcionantes.

• Insuficiência Renal Aguda


Pode ser subdividida em três categorias principais, em conformidade com a sua origem:
1) Insuficiência Aguda Pré-renal
É causada pela diminuição da irrigação sanguínea renal e pode ser consequência da redução
do debito cardíaco e da pressão sanguínea (ex: Insuficiência cardíaca) ou do volume
sanguíneo (ex: Hemorragia grave). Quando o fluxo sanguíneo diminui mais de 20% do
normal, as células renais entram em hipóxia.
2) Insuficiência Aguda Intrarrenal
Resulta de anomalias no próprio rim, incluindo aquelas que afectam os vasos, os glomérulos
(ex: Glomerulonefrite aguda) ou os túbulos (ex: necrose tubular aguda).
3) Insuficiência Aguda Pós-renal

Fisiologia Renal 39
• Acidose (a produção normal de ácidos excede a produção normal de bases, o que conduz
à acumulação de ácidos na situação de insuficiência renal completa);
• Anemia (quantidades insuficientes de eritropoietina)
• Osteomalácia (diminuição da quantidade de vitamina D activa).

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!"
BIBLIOGRAFIA

1. Berne RM, Levy MN, editors. Physiology. St Louis: Mosby, 1993: 719-809.
2. Despopoulos A, Silbernegl S, editors. Color atlas of physiology. New York: Thieme,
1991: 110-153.

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