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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Notas de Aula

EE210
Sistemas de Comunicação II

Autor Prof. Dr. Dayan Adionel Guimarães


Prof. Dr. Dayan Adionel Guimarães
Docentes Prof. Dr. Rausley Adriano Amaral de Souza
Prof. MSc. Marcelo Carneiro de Paiva

Julho de 2012

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Apresentação do curso
1) Apresentar o professor. 2) Apresentar a estrutura do curso: conteúdo, metodologia,
Objetivos avaliação, procedimentos em sala de aula e fora de sala de aula, regras de conduta. 3)
Motivar os alunos para o estudo do conteúdo da disciplina EE 210.

Conteúdo do curso

Transmissão digital em banda-base.


Análise do espaço de sinais.
Transmissão digital em banda-passante (modulações digitais).
Espalhamento espectral.

Objetivo do curso

Tendo obtido aproveitamento em termos das notas das avaliações, ao final do curso o aluno deverá ser
capaz de realizar estudos complementares e mais avançados sobre o assunto, de acordo com a grade
curricular do Inatel e a dependência entre os conteúdos de disciplinas correlatas previstas nesta grade.

Metodologia de ensino

Durante o curso as aulas serão essencialmente expositivas. Cada bloco de conteúdo será apresentado e
discutido projetando-se na tela os principais tópicos das notas de aula em formato eletrônico. Alguns
exemplos e exercícios serão discutidos ou resolvidos pelo professor em sala. Um número menor de
exercícios será resolvido pelos alunos em sala de aula. A maior parte dos exercícios deverá ser
resolvida pelos alunos fora da sala de aula.

Todo material didático do curso será disponibilizado única e exclusivamente através da página da
disciplina http://www.inatel.br/docentes/dayan/EE210/EE210.html. Por meio desta página serão
também realizados os comunicados dos professores com os alunos em forma de quadro de avisos
eletrônico.

Plano de ensino e avaliações

As avaliações ocorrerão conforme previsto no Plano de Ensino, este também disponibilizado na página
da disciplina. As datas das avaliações serão comunicadas aos alunos via quadro de avisos eletrônico
acessado via página da disciplina.

Plano de aulas

O plano de aulas seguirá a seqüência adotada nas notas de aula, onde estão também registrados o tema,
o conteúdo e os objetivos de cada aula.

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Livro texto

GUIMARÃES, D. A., Digital Transmission: A Simulation-Aided Introduction with


VisSim/Comm. Berlin-Heidelberg, Germany: Springer Verlag, Inc., 2009.

Notas importantes

Zele pela disciplina em sala de aula.


Não será permitido atraso maior que cinco minutos na chegada às aulas.
Não será permitido uso de aparelho celular durante as aulas.
A ocorrência de cola em provas será punida de acordo com o regimento da instituição.
A presença nas aulas será controlada de acordo com as regras estabelecidas pela instituição.
A revisão de provas será efetuada antes da vista por parte do aluno.
O horário de atendimento ocorrerá na meia hora seguinte às aulas. Note que isto representa
maior tempo de atendimento total e maior proximidade do momento em que a dúvida possa ter
aparecido.
O professor não fará atendimento durante as últimas 24 horas antes da realização de uma prova.

Alguns alertas

O nível de complexidade do conteúdo da disciplina não é baixo e, portanto, demanda bastante


dedicação em termos de estudo.
A concentração dos estudos nos dias próximos às provas pode, com elevada probabilidade,
resultar em aprendizado incipiente e em notas insatisfatórias.
Como estudar: não deixe para estudar nas vésperas das provas. O índice de reprovação elevado
na disciplina tem como maior causa esta concentração de estudos nas vésperas das provas.
Recomenda-se acompanhar dia a dia o conteúdo apresentado, procurando verificar se realmente
você está entendendo o que está sendo estudado; interagir com os experimentos
computacionais da parte prática; resolver o maior número possível de exercícios; procurar o
professor antes que uma pequena dúvida se torne uma “bola de neve” e prejudique o
aprendizado.

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FIM DA APRESENTAÇÃO

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Aula nº 1 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Filtro casado e correlator


Introdução à transmissão em banda-base. Códigos de linha. Modelo de transmissão
Conteúdo antipodal em banda-base. Filtro casado e correlator. Integrate & dump para formato de
pulso retangular.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) definir corretamente o conceito
de transmissão em banda-base, comparando-o com a transmissão em banda-passante
em termos de características espectrais. 2) identificar a importância do uso dos códigos
de linha para formatação do sinal de transmissão em banda-base em função das
características do canal. 3) conceituar a relação entre bit, símbolo, taxa de bits e taxa
Objetivos
de símbolos. 4) conceituar a influência do ruído AWGN no desempenho de um
sistema de comunicação digital e no modelamento do filtro ótimo de recepção (filtro
casado). 5) explicar a influência do ruído na variável de decisão em um sistema binário
com sinalização antipodal. 6) estabelecer em que condições e como ocorre a
equivalência entre filtro casado e correlator.

Transmissão em banda-base versus transmissão em banda-passante

Na transmissão em banda-base o espectro do sinal se concentra em torno da frequência zero. Na


transmissão em banda-passante, também conhecida como transmissão passa-faixa, o espectro do sinal
modulado se concentra em torno de uma frequência de portadora fc. As figuras a seguir ilustram estes
conceitos. Iniciaremos nosso estudo com a transmissão em banda-base.

Transmissão em banda-base Transmissão em banda-passante

A figura a seguir ilustra o diagrama de um sistema de comunicação em banda-base.

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Na figura em questão os vários tipos de informação sofrem processamentos diferentes para poderem
ser transmitidos da fonte ao destino. A maior quantidade de processamento é realizada na informação
analógica: o sinal é amostrado, gerando amostras com um número infinito de amplitudes. Estas
amostras são quantizadas para que tenhamos um número finito de valores. As amostras quantizadas
são codificadas em grupos de bits. Por exemplo, no sistema PCM para telefonia o sinal de voz é
amostrado a 8.000 amostras por segundo e em seguida quantizado e codificado em 8 bits por amostra,
o que leva a uma taxa de 64.000 bits por segundo para a voz digitalizada.

A informação textual sofre um processo de codificação para transformar cada caractere em um


conjunto ou uma palavra binária. Códigos para representação de textos incluem o conhecido código
Baudot, o qual representa cada caractere por um conjunto de 5 bits. Outros exemplos são o código
ASCII e o EBCDIC http://en.wikipedia.org/wiki/Baudot_code .

A informação digital, por já estar neste formato, não necessita de nenhum dos processamentos
anteriormente descritos.

Na entrada do bloco de codificação de forma de onda temos, então, bits. O papel deste bloco é o de
adequar o sinal digital ao canal, gerando a forma de onda de transmissão, tipicamente denominada
código de linha. Após acoplamento com o canal, o sinal em banda-base é transmitido e, após o
acoplamento com o receptor, é processado pelo bloco detector de forma de onda. Este bloco tem o
papel de extrair o sinal das suas fontes de degradação, como por exemplo o ruído que está presente
em qualquer sistema de comunicação.

Os demais processos no receptor são apenas as versões complementares dos correspondentes blocos na
transmissão.

Qual a importância da codificação de forma de onda?

O processo de adequação da forma de onda ao canal precisa ser realizado porque cada canal de
comunicação tem suas características particulares em termos de resposta em frequência e ruído.
Portanto, precisamos utilizar códigos de linha que sejam mais adequados a tais características.

Como exemplo, se um canal tem a resposta em frequência ilustrada na figura a seguir, temos que ter
um sinal transmitido com um espectro que “caiba” na faixa de frequências delimitada pelo canal.

Outras características que têm que ser observadas nesta relação entre canal e sinal transmitido são:

Componente DC: no exemplo a seguir, devido à existência de acoplamento magnético entre


Tx e canal e entre canal e Rx, devemos transmitir um sinal que não tenha componente DC.

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Sincronismo: na prática, a grande maioria dos sistemas de comunicação recupera o


sincronismo de recepção a partir do próprio sinal recebido. Quanto mais transições o código
de linha tiver, mais fácil recuperar o clock na recepção, independente da sequência de bits a
ser codificada.

O sincronismo permite que o receptor recupere a informação transmitida na mesma


cadência do sinal transmitido e nos momentos adequados.

Largura de faixa: quanto maior a taxa de bits atingível em uma determinada largura de faixa
disponível, melhor. Certos códigos de linha vão proporcionar taxas maiores a uma dada
largura de faixa.

Ruído: alguns códigos de linha são mais imunes a ruído que outros. Isto significa, por
exemplo, que dois sistemas de comunicação operando com a mesma taxa de bits, ocupando
a mesma banda e com a mesma potência de transmissão podem proporcionar diferentes
níveis de degradação na comunicação digital devido à utilização de códigos de linha
distintos. Tal degradação é tipicamente expressa por meio da taxa de erro de bit, do Inglês
Bit Error Rate (BER), parâmetro que indica quantos bits errados, em média, o receptor
produzirá em uma dada quantidade de bits transmitidos. Por exemplo, uma BER de 1×10–3
indica que, em média, a cada 1.000 bits transmitidos haverá 1 bit decidido de forma errada
pelo receptor.

O Filtro Casado

Vamos inicialmente definir o significado de um pulso denominado g(t) por meio da ilustração a seguir:

Para este exemplo estamos fazendo a suposição de que a resposta ao impulso do filtro é:

Nesta ilustração temos uma típica forma de realização de um transmissor em banda-base, inclusive
muito utilizada na prática. Nela o formato dos pulsos de transmissão e, consequentemente, a forma de
onda transmitida são governados pela resposta ao impulso do filtro de transmissão.

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A regra de transmissão adotada chama-se sinalização1 antipodal e é aquela em que um bit é


representado por um pulso +g(t) e o outro bit é representado pelo pulso −g(t).

O objetivo agora é projetar o receptor de forma que cada pulso g(t) seja detectado de maneira ótima
(menor taxa de erro de bit possível). Esta maneira ótima é conseguida fazendo com que as amostras de
saída do filtro de recepção tenham, no momento da decisão, a maior relação sinal-ruído possível.
Faremos isto projetando o filtro de recepção no modelo representado na figura a seguir.

Após a adequada dedução matemática, podemos chegar à conclusão de que o filtro que maximiza a
relação sinal-ruído no momento da decisão de cada pulso tem a seguinte resposta ao impulso:

h (t ) = kg (T − t )

Interpretado este resultado, h(t) é o próprio formato de pulso g(t) espelhado, deslocado de T segundos
para a direita e escalonado de um fator k qualquer, diferente de zero.

Então, dado um formato de pulso g(t), h(t) definido como acima é o único filtro que
proporcionará a máxima relação sinal-ruído no momento da decisão e, portanto, a menor taxa
de erro de decisão.

Como exemplo, vejamos como determinar a resposta ao impulso do filtro casado para o formato de
pulso de transmissão a seguir:

g(t) g(-t) g[-(t-T)]

t t t
T -T T

Como outro exemplo, para o formato de pulso adotado no transmissor no início desta seção teremos
h(t) idêntico em formato a g(t), ou seja:

1
A palavra sinalização é muito utilizada nos textos referentes a sistemas de comunicação digital e está associada à técnica
de transmissão das várias formas de onda que compõem o conjunto de M símbolos do sistema. Cada símbolo é, neste
contexto, uma forma de onda que representará um conjunto de log2M bits. Os termos taxa de sinalização e taxa de símbolo
são, portanto, sinônimos.

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Equivalência entre o Filtro Casado e o Correlator

Em determinadas situações, dependendo da complexidade do formato do pulso g(t), realizar um filtro


casado pode ser uma tarefa bastante árdua e, às vezes, impossível. Felizmente existe um dispositivo
que fornece em sua saída, no momento da amostragem (e somente neste momento), amostras que têm
a mesma relação sinal-ruído proporcionada pelo filtro casado. Este dispositivo é chamado correlator
e, como o nome indica, realiza a correlação do sinal recebido com uma réplica do formato de pulso g(t)
localizada em cada um dos intervalos de sinalização.

Obs: intervalos de sinalização são aqueles em que cada pulso é recebido. Portanto, a taxa de
sinalização é a taxa em que os pulsos são enviados/recebidos.

Abaixo se tem a ilustração do correlator para o formato de pulso já considerado anteriormente:

No diagrama anterior, a cada intervalo de T segundos é realizada a correlação do sinal recebido com
cada uma das réplicas de g(t). Por exemplo, no primeiro intervalo teremos na saída do correlator um
valor positivo, referente à correlação do pulso positivo recebido com g(t). No segundo intervalo
teremos um valor negativo, referente à correlação do pulso negativo recebido com g(t), e assim por
diante. A decisão é tomada comparando-se a amostra de saída do correlator (ou do filtro casado) com
zero: se maior que zero, decide-se pelo bit 1; se menor do que zero, decide-se pelo bit 0.

A presença do ruído faz com que, eventualmente, um sinal de saída do correlator que teria que
ter polaridade positiva tenha polaridade negativa, fazendo com que o correspondente bit seja
decidido erroneamente.

Perceba então que os circuitos correspondentes ao filtro casado e ao correlator são completamente
diferentes, porém fornecem em suas saídas, no momento de amostragem (momento de decisão),
amostras com a mesma relação sinal-ruído e, portanto, levam ao mesmo desempenho.

Vale ressaltar que o integrador não pode acumular o resultado da integração anterior de um intervalo
de sinalização para outro, pois isto acarretaria em erro no processo de decisão descrito anteriormente.
Então deve-se “zerar” o integrador após cada intervalo de integração. O termo em inglês usado para
isto é Integrate & Dump (integra e zera).

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Exemplo – Vamos supor que g(t) tenha um formato retangular de amplitude qualquer e duração T.
Nosso objetivo com este exemplo é economizar um bloco do receptor. Teremos o seguinte diagrama
inicial:

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Retornado à definição do filtro casado, lembramos que lá existia uma constante k que, como
afirmamos naquele momento, podia ter qualquer valor. Em outras palavras, não há influência do valor
desta constante no desempenho do sistema, pois multiplicando o sinal e o ruído por k mantém-se a
relação sinal-ruído. Transportando esta análise para o exemplo em questão, se as réplicas de g(t)
aplicadas ao correlator formam uma constante, seu valor pode ser qualquer. Se escolhermos o valor 1,
não haverá necessidade do multiplicador (mixer), solucionando o problema proposto.

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Um último comentário acerca da equivalência entre filtro casado e correlator merece atenção: perceba
que o correlator calcula a integral do produto do sinal recebido por uma réplica de g(t), num intervalo
de T segundos. Em grande parte das aplicações práticas g(t) não está confinado num intervalo de T
segundos, almejando-se compactar o espectro do sinal transmitido. Nestes casos o correlator poderá
proporcionar desempenho inferior ao correspondente filtro casado, pois realizará a integral que faz
parte de sua implementação em um intervalo menor que a duração do pulso e, por consequência, a
amplitude de sua saída não estará associadas à energia total do pulso. Em casos como este, a não ser
que aceitemos a degradação de desempenho resultante do uso do correlator, somos forçados a
implementar o receptor com filtro casado. Vale ainda ressaltar que a diferença de desempenho
anteriormente citada pode ser muito pequena a ponto de, em certos casos, poder ser desprezada.

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FIM DA AULA

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Aula nº 2 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Análise de Pe em banda-base – 1


Modelo de transmissão antipodal em banda-base. Análise de erro para o sistema de
Conteúdo
transmissão antipodal em banda-base.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) justificar a utilização da função
erfc(x) ou Q(x) no cálculo da probabilidade de erro de bit e aplicar tais expressões em
Objetivos cálculos com parâmetros fornecidos. 2) definir a influência do limiar de decisão no
desempenho do sistema e a sua dependência das probabilidades de envio dos símbolos
(probabilidades a priori).

Modelo de transmissão antipodal em banda-base

Nosso mais importante objetivo nesta aula é analisar a probabilidade de erro na decisão realizada em
um sistema de comunicação em banda-base para o qual se tem o modelo mostrado da figura a seguir.
Nele a forma de onda do sinal transmitido corresponde a uma sequência de pulsos bipolares com
formato g(t), ou seja, pulsos ±g(t). Estes pulsos são contaminados por w(t), que corresponde ao ruído
aditivo Gaussiano e branco (AWGN – Additive White Gaussian Noise)2 de densidade espectral de
potência N0/2 watts/hertz, formando o sinal recebido x(t). Recordando, qualquer sinalização binária
que seja formada por pulsos ±g(t) pode ser chamada de sinalização antipodal.

Objetivando detectar o sinal imerso no ruído, ou, em outras palavras, “extrair” o sinal que está imerso
no ruído, o sinal x(t) é correlacionado com réplicas do formato de pulso g(t) a cada intervalo de
sinalização T = Tb. O sinal de saída do correlator, y(t), que também poderia ser produzido pelo filtro
casado equivalente, é amostrado a cada intervalo de sinalização e as amostras de valor y são
comparadas com um limiar de decisão λ. Decide-se por 1 se y for maior que λ; decide-se por 0 em
caso contrário.

Como vimos na aula passada, certos códigos de linha, que são as formas de onda que vão definir o
formato de pulso g(t), proporcionam imunidade ao ruído maior ou menor que outros códigos de linha.
Portanto, para analisarmos a probabilidade de erro no sistema em questão devemos antes escolher um
formato de pulso g(t) como referência. O formato escolhido será correspondente ao código de linha
NRZ (Non-Return to Zero), ilustrado pela figura a seguir. Nesta sinalização a forma de onda retangular
de um pulso não retorna a zero antes que o intervalo de sinalização termine. Para facilitar a
interpretação deste conceito, observe na figura em questão que um determinado pulso do código RZ
(Return-to-Zero) vai à zero antes que o intervalo de sinalização termine. O ponto exato onde cada
pulso retorna a zero tem forte influência nas características espectrais do código de linha, sendo que
tipicamente tal retorno à zero ocorre T/2 segundos depois do início de cada pulso.

2
Caso não se lembre da definição e do modelo matemático do ruído AWGN, recomenda-se consultar o material de aula da
disciplina Probabilidade, Estatística e Processos Estocásticos, na parte referente ao estudo de processos aleatórios.

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Vamos calcular os possíveis valores das amostras de saída do correlator (ou filtro casado), as quais vão
ser comparadas com o limiar de decisão λ para que seja tomada a decisão pelo bit que mais
provavelmente tenha sido transmitido. As formas de onda envolvidas no processo são ilustradas na
figura a seguir. Perceba que a forma de onda mais abaixo, por estar associada a uma sequência de
pulsos com formato retangular de duração T e amplitude A, nada mais corresponde do que a uma
constante ao longo do tempo cujo valor é kA.

Dada a transmissão de um único pulso ±g(t), o sinal de saída do filtro casado ou do correlator no
momento de decisão é amostrado em t = T, gerando a variável de decisão y(T), ou simplesmente y, a
partir da qual será tomada a decisão pelo bit que mais provavelmente foi transmitido. Esta variável de
decisão é dada por:

T
y = ∫ x (t )kg (t ) dt
0
T
= ∫ [ g (t ) + w(t )]kg (t ) dt
0

= ∫ [ ± A + w(t ) ] kAdt
T

0
T
= ± kA2T + kA∫ w(t ) dt
0

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Vamos agora analisar o comportamento estatístico da variável de decisão y. Da teoria de


processamento de sinais aleatórios, sabemos que quando se aplica um processo Gaussiano à entrada de
um sistema linear, a saída também será um processo Gaussiano. Além disto, o Teorema da
Superposição diz que se à entrada de um sistema linear aplica-se um sinal composto pela soma de
vários sinais, a saída pode ser determinada pela soma das saídas geradas por cada uma das parcelas
componentes do sinal de entrada.

O modelo de análise pode então ser ilustrado pela figura a seguir, para o qual teremos:

T
y (T ) = y = ± kA2T + kA∫ w(t ) dt
0
Parcela de sinal
Parcela de ruído Gaussiano

Portanto a variável de decisão y será gaussiana com média +kA2T ou –kA2T, dependendo do bit
transmitido, e terá variância que dependerá da intensidade do ruído w(t), conforme ilustrado a seguir.

Na figura anterior percebemos que a dispersão das gaussianas depende da intensidade de w(t).
Percebemos ainda que, dada a transmissão de um bit 1 ou +g(t), há uma possibilidade não nula da
variável de decisão y ter um valor menor que λ. Da mesma forma, tendo-se transmitido um bit 0 ou –
g(t) há uma possibilidade não nula de y ser maior que λ. Como a decisão é baseada na comparação de y
com o limiar λ, é justamente nestas situações que teremos ocorrência de erro de decisão. A
probabilidade de erro será proporcional às áreas hachuradas na figura, da seguinte maneira:

Pe = p01p1 + p10p0

onde p0 e p1 são as probabilidades de envio dos bits zeros e uns, respectivamente. Estas probabilidades
são denominadas de probabilidades a priori. Na prática estas probabilidades são normalmente iguais
e, neste caso, dizemos que os bits são equiprováveis.

Para calcularmos de forma exata as áreas anteriormente identificadas devemos calcular as integrais:

∞ λ
p10 = ∫ f ( y | 0) dy e p01 = ∫ f ( y |1) dy
λ −∞

onde f(y|0) e f(y|1) são densidades de probabilidade gaussianas, condicionadas ao envio dos bits 0 e 1,
respectivamente. Estas densidades são muitas vezes denominadas de funções de verossimilhança.

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Infelizmente tais integrais não têm solução analítica exata. Para resolvê-las temos que lançar mão de
integrações numéricas que envolvem a função erro complementar, erfc(u), ou a função Q, Q(u).
Para mais detalhes sobre tais soluções numéricas, consulte o APÊNDICE ao final destas notas de aula.

Para o problema em questão, fazendo k = (A2Tb)−1/2 e utilizando a função erfc(u), a probabilidade de


erro de decisão, que é igual à probabilidade de erro de bit, é determinada por:

p0  A2T + λ  p  A2T − λ 
Pe = erfc  b
 + 1 erfc  b

2  N  2  N 
 0   0 

Observe mais uma vez que a Pe depende das probabilidades a priori dos bits. Analisando o
comportamento da função erfc(u) ilustrado a seguir, percebe-se que seu valor decresce com o aumento
do argumento. Portanto, aumentando a amplitude A aumenta-se a potência de transmissão e, por
consequência, diminuí-se a probabilidade de erro. Aumentando a intensidade do ruído, aumenta-se sua
densidade espectral de potência, N0, o que fará com que a probabilidade de erro aumente. Se for
aumentado o valor de T, que é igual a Tb na sinalização binária, aumenta-se a energia do bit a uma
dada amplitude A e, por consequência, diminui-se a Pe.

Por fim, e de maneira até certo ponto surpreendente, percebe-se que a Pe depende do limiar de decisão
λ. Para o caso, o valor ótimo deste limiar é dado por:

N0 p 
λopt = ln  0 
4 A2Tb  p1 

de onde observamos que tal limiar depende das probabilidades a priori dos bits. No caso de bits
equiprováveis, p0 = p1 = ½ e, portanto, o limiar de decisão vale zero.

Na próxima aula determinaremos a expressão final do cálculo de probabilidade de erro de bit para a
sinalização analisada (NRZ bipolar) em canal AWGN, interpretaremos suas variáveis Eb e N0 e
aprenderemos como aplicá-la com exercícios.

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APÊNDICE

Cálculo numérico de área da cauda de uma Gaussiana via função erfc(x) ou Q(x)

Quando problemas sobre probabilidade envolvendo uma v.a. Gaussiana demandam cálculos de área da
cauda da função densidade de probabilidade, nos deparamos com um obstáculo: o cálculo desta área
não tem solução analítica exata. Nestes casos utilizamos as funções erfc(x) e Q(x) cujo objetivo é
permitir um cálculo numérico da área em questão. Tais funções são definidas por meio das expressões:

2 ∞
 u2 


erfc( x ) = exp  −u 2  du 1
π x Q( x) =
2π ∫ x
exp  −  du
 2

Estas funções se relacionam por meio de:

erfc( x ) = 2Q x 2 ( ) Q( x) =
1
2
 x 
erfc 
 2
.

Muitos softwares de cálculo e até calculadoras mais modernas contêm ao menos uma dessas funções
embutidas. Ainda assim, muitas referências contêm tabelas de valores destas funções para uma grande
faixa de argumentos. Como alternativa, a expressão a seguir corresponde à expansão da função erfc(x)
em uma série. Para 50 ou mais termos no somatório, o valor obtido com a série se aproxima bastante
do valor exato da função até por volta de 10–7. Para valores mais baixos do resultado tem-se que
aumentar o número de termos do somatório.

2 ∞ x 2i +1 
erfc( x ) = 1 − ∑ − i
( 1) 
π  i=0 i !(2i + 1) 

A função Q(x) possui algumas aproximações, conforme ilustrado na figura a seguir, onde se pode
identificar claramente em que faixa de valores do argumento tais aproximações são mais ou menos
precisas.

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FIM DA AULA

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Aula nº 3 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Análise de Pe em banda-base – 2


Continuação da análise de erro para o sistema de transmissão antipodal em banda-base.
Conteúdo
Exercícios de fixação.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) interpretar a influência da energia
média por bit e da densidade espectral de potência de ruído na probabilidade de erro de
Objetivos bit em sistemas de comunicação digital. 2) identificar as principais diferenças entre os
critérios de decisão MAP e MV. 3) aplicar os conceitos estudados até o final desta aula
na solução de exercícios.

Expressão final de Pe para a sinalização antipodal

Ao final da aula passada chegou-se à seguinte expressão para a probabilidade de erro de bit para uma
sinalização NRZ bipolar em canal AWGN:

p0  A2T + λ  p  A2T − λ 
Pe = erfc  b
 + 1 erfc  b

2  N  2  N 
 0   0 

Em seguida analisamos a influência das principais variáveis dessa expressão na probabilidade de erro
de bit, Pe. Por fim vimos que o limiar de decisão também tem influência na Pe e que, para bits
equiprováveis (p0 = p1 = ½), o limiar ótimo se situa no ponto intermediário das médias das funções de
verossimilhança condicionais. Para o caso da sinalização antipodal, λ = 0.

Vamos agora simplificar a expressão anterior em função das condições p0 = p1 = ½ e λ = 0:

1  A2T + 0  1  A2T − 0  1  A2T 


Pe = erfc 
2 b
 + 2 erfc  b
 = erfc  b

2  N0  2  N0  2  
   N0 

Agora vamos definir uma importante grandeza que será muito utilizada ao longo do curso e também na
prática e em outras disciplinas do curso de Engenharia de Telecomunicações. Trata-se da energia
média por bit, Eb, definida e calculada da seguinte maneira para o sistema sob análise:

Eb = p0 Eb 0 + p1 Eb1

onde Eb0 e Eb1 são as energias dos pulsos que representam os bits 0 e 1, respectivamente, na entrada do
receptor. Nos casos onde p0 = p1 = ½, teremos:

Eb 0 + Eb1
Eb =
2

A energia do bit 1 é a energia do pulso +g(t), o qual é retangular com amplitude A e duração T = Tb. A
energia do bit 0 é a energia do pulso −g(t), também retangular com amplitude −A e duração T = Tb:

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Tb Tb Tb Tb
Eb1 = ∫ g 2 (t )dt = ∫ A2 dt = A2Tb e Eb 0 = ∫ [− g (t )]2 dt = ∫ ( − A)2 dt = A2Tb
0 0 0 0
Então,
A2Tb + A2Tb
Eb = = A2Tb
2

Com este valor de Eb na última expressão de Pe, temos finalmente a expressão de cálculo da
probabilidade de erro de bit para uma sinalização NRZ bipolar em canal AWGN:

1  Eb 
Pe = erfc  
2  N0 

Como notaremos em outros momentos do curso, esta expressão é válida para calcular a BER de
qualquer sinalização antipodal em canal AWGN.

Vale mencionar que a relação Eb/N0 é também uma importante grandeza que aparece com frequência
na demonstração do desempenho de sistemas de comunicação, juntamente com a taxa de erro de bit
estimada ou BER (Bit Error Rate), conforme exemplificado a seguir.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exemplo: Vamos desenhar em um gráfico a BER de um sistema com sinalização NRZ bipolar em
canal AWGN em função da relação Eb/N0. No eixo vertical teremos os resultados de cálculo segundo a
expressão de Pe que acabamos de obter. No eixo horizontal teremos os valores de Eb/N0, tipicamente
em dB. Teremos como resultado o gráfico dado a seguir.

Se quiséssemos uma BER = 1×10−3, o que equivale à ocorrência de 1 erro de bit a cada 1.000 bits
transmitidos, em média, de acordo com o gráfico dado deveríamos operar com Eb/N0 ≅ 6,8 dB.

Seja N0 = 10−6 watts/Hz e suponha que queremos encontrar a potência média de recepção necessária
para prover a BER alvo, sabendo que o sistema opera com taxa de bits de 300 kbit/s. Inicialmente
vamos calcular Eb: Para Pe = 1×10−3 temos que 2×10−3 = erfc( Eb / N 0 ). Do gráfico da função erfc(u)
dado na aula passada obtemos o valor do argumento aproximadamente igual a 2,2. De forma

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

alternativa, utilizando a tabela dada como ANEXO a estas notas de aula encontramos também um
argumento aproximadamente igual a 2,2. Então:

Eb / N 0 = 2, 2 ⇒ Eb = 2, 22 N 0 = 4,84 × 10−6 J

Como a taxa de bits é Rb = 300 kbit/s, Tb = 1/Rb = 1/300.000 = 3,33×10−6 s. Então, para garantir a BER
de 1×10−3, a potência média na entrada do receptor deverá ser de, no mínimo,

P = Eb/Tb = 4,84×10−6/3,33×10−6 = 1,45 watts.

Conhecendo a atenuação provocada no sinal ao atravessar o canal de comunicação, facilmente


podemos calcular a potência média de transmissão necessária. Faça um exemplo como exercício,
supondo que a atenuação de potência do canal é de 18 dB.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Critérios de decisão MAP (máximo a posteriori) e MV (máxima verossimilhança)

Um critério de decisão bastante intuitivo é aquele que opera segundo a regra:

decida por 0 se a probabilidade de se ter enviado o bit 0, dada a observação da variável de


decisão, for maior que a probabilidade de se ter enviado o bit 1;
decida por 1 se a probabilidade de se ter enviado o bit 0, dada a observação da variável de
decisão, for menor que a probabilidade de se ter enviado o bit 1;
decida arbitrariamente se ambas as probabilidades forem iguais.

Este critério é denominado de MAP (máximo a posteriori). Matematicamente podemos escrever:

decida por 0 se P(0 | y) > P(1 | y);


decida por 1 se P(0 | y) < P(1 | y);
decida arbitrariamente se P(0 | y) = P(1 | y).

Aplicando a regra de Bayes nas probabilidades em questão, as quais são denominadas de


probabilidades a posteriori, obtemos:

p ( y | 0) p0 p ( y |1) p1
P(0 | y ) = e P(1 | y ) =
p( y ) p( y )

Utilizando este resultado no critério MAP definido anteriormente e observando que p(y) terá o mesmo
peso em ambos os lados das comparações, obtemos:

decida por 0 se p( y | 0) p0 > p( y |1) p1 ;


decida por 1 se p( y | 0) p0 < p( y |1) p1 ;
decida arbitrariamente se p( y | 0) p0 = p( y |1) p1 .

Perceba que para aplicar na prática este critério de maximização das probabilidades a posteriori temos
que conhecer as probabilidades a priori p0 e p1, que são as probabilidades de envio dos bits 0 e 1,
respectivamente.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Quando as probabilidades a priori são idênticas, caso mais comum na prática, a regra de decisão em
questão resume-se a comparar as magnitudes das densidades de probabilidade condicionais envolvidas.
Como vimos, estas densidades são usualmente denominadas de funções de verossimilhança e, por esta
razão, este novo critério é denominado de MV (máxima verossimilhança). Ele pode ser assim escrito:

decida por 0 se p( y | 0) > p ( y |1) ;


decida por 1 se p( y | 0) < p ( y |1) ;
decida arbitrariamente se p( y | 0) = p ( y |1) .

Na aula anterior analisamos este critério por um outro ponto de vista, mas que leva ao mesmo
resultado. Perceba na ilustração a seguir que decidir em função do valor da variável de decisão estar à
esquerda ou à direita do limiar de decisão corresponde exatamente à decisão tomada em função da
comparação entre as funções densidade de probabilidade condicionais (funções de verossimilhança),
conforme dita o critério MV.

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Exercícios de fixação

1) Os bits 1, 0, 1, 1 são transmitidos por pulsos NRZ bipolares de duração T e amplitude A. Pede-se:

a) Supondo ausência de ruído, esboce a forma de onda de saída do correlator do receptor.


b) Supondo ausência de ruído, esboce a forma de onda de saída do filtro casado do receptor.
c) Supondo presença de ruído, esboce a forma de onda de saída do correlator do receptor.
d) Supondo presença de ruído, esboce a forma de onda de saída do filtro casado do receptor.

a)

b)

Perceba que, embora as formas de onda de saída do correlator e do filtro casado sejam
completamente diferentes, o que se justifica pelo fato dos correspondentes circuitos serem
diferentes, amostras tomadas ao final do intervalo de cada bit, em ambas as formas de onda,

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levarão aos mesmos valores. Isto justifica o desempenho idêntico destas duas estruturas de
recepção.

c)

d)

Observe que, nos momento de amostragem, o ruído fará com que os valores das amostras sejam
diferentes dos esperados. O ruído pode ser tão intenso (alto valor de N0) a ponto de fazer com
que um pulso positivo transmitido gere uma amostra de valor negativo, levado à condição de
erro na decisão (erro de bit).

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

2) As figuras a seguir mostram os histogramas (aproximações das funções densidade de


probabilidade) para (a) o sinal na entrada do correlator e (b) o sinal na saída do dispositivo de
amostragem, após o correlator, em um sistema de comunicação digital em banda-base com
sinalização binária antipodal e formatos de pulso retangulares. Pede-se:

a) Explique a razão para a diferença entre tais histogramas.


b) O que se pode dizer a respeito da taxa de erro de bit proporcionada por tal sistema? Ele deve
ser alta, média ou aproximadamente nula? Justifique sua resposta.
Histogram Histogram
30000 80000
25000
60000
20000

15000 40000

10000 20000
5000
0
0 -.05 -.025 0 .025 .05
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5

(a) (b)

a) Ao aplicarmos ruído a um filtro casado (ou correlator), temos uma redução de potência deste
ruído, da entrada em relação à saída, conforme ilustrado a seguir:

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

A redução de potência corresponde a uma redução na variância do ruído e, por consequência, uma
redução na dispersão de sua densidade de probabilidade. É por esta razão que as gaussianas na entrada
do sistema estão sobrepostas (alta variância = alta potência) e na saída estão afastadas (baixa variância
= baixa potência).

b) A BER será nula, pois não está havendo sobreposição das caudas das densidades de
probabilidade. Vale lembrar que a probabilidade de erro está associada às amostras de saída do
filtro casado ou do correlator. Se aumentarmos a intensidade do ruído ou diminuirmos a
potência de transmissão a ponto de fazer com que comece a haver sobreposição entre as
gaussianas de saída do correlator, começaremos a perceber o aumento na probabilidade de erro.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

3) Um sistema de comunicação digital em banda-base está operando em um canal AWGN. A figura


abaixo mostra, em um determinado intervalo de observação, a forma de onda da sinalização binária
transmitida (1), a forma de onda de saída do correlator implementado com um integrate-and-dump
(2) e o limiar de decisão (3). Pergunta-se e/ou pede-se:

a) A sinalização binária em questão é bipolar ou unipolar? Justifique.

A sinalização é bipolar devido ao fato de existirem rampas positivas e negativas na forma de


onda de saída do correlator.

b) Qual é a taxa de transmissão, em bits por segundo?

Podemos contar o número de bits no intervalo considerado e dividir um resultado pelo outro.
Podemos também (de forma mais simples) calcular a taxa de bits através do inverso da duração
de um bit, ou seja, Rb = 1/Tb = 1/0,01 = 100 bit/s.

c) Plote sobre a forma de onda (2) a forma de onda que seria obtida na saída do amostrador do
tipo amostra-e-retém (sample & hold – S&H), colocado na saída do correlator.

Veja a solução no gráfico a seguir.

d) Indique na figura qual o momento em que haverá um erro na decisão e, portanto, um


correspondente erro de bit. Aponte a causa desse erro.

Veja a solução no gráfico a seguir. A causa deste erro é a influência do ruído que fez com que a
integral correspondente ao 9º bit tivesse seu valor positivo, mesmo tendo-se transmitido um bit
0 (pulso negativo). Observe também que a decisão sobre um determinado bit ocorre somente
após um intervalo de integração completo. Em outras palavras, a decisão sobre o n-ésimo bit
ocorre no instante de tempo (n + 1)T.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

4) Qual a definição de taxa de erro de bit?

Taxa de erro de bit = número de bits errados / número de bits transmitidos no intervalo
considerado.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

5) Qual a relação entre a taxa de transmissão de símbolos R e a duração de um bit, Tb?

A taxa de bits, medida em bits/segundo é o inverso da duração de um bit, ou seja: Rb = 1/Tb. Em


uma sinalização com M símbolos a taxa de símbolos será R = Rb/log2M = 1/Tblog2M.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

6) Como se calcula a energia média por bit, dados os formatos de pulso g1(t) e g2(t), a regra de
mapeamento entre os bits e estas formas de onda e as probabilidades de envio dos bits?

Eb = p0 Eb 0 + p1 Eb1
Tb Tb
Usando o mapeamento: bit 0 ⇒ g1 (t ) e bit 1 ⇒ g 2 (t ) tem-se: Eb 0 = ∫ g12 (t ) dt e Eb1 = ∫ g 22 (t ) dt
0 0

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

7) Que relação existe entre a energia média por bit Eb, a potência média de transmissão e a duração do
bit, Tb?

A energia de um pulso, por definição, é o produto da potência média pela duração do pulso. Então
Eb = PTb , onde P é a potência média.

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8) Para um valor de Eb/N0 = 8 dB, estime a probabilidade de erro de bit para uma sinalização
antipodal em canal AWGN.

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Sabemos que Pe =
1
2
 Eb  1
erfc 
 N
 = erfc
0  2
( )
108 /10 =
1
2
erfc ( )
108 /10 ≅
1
2
erfc ( 2,51) .

Pela tabela dada como anexo, ½erfc(2,5) = BER = Pe = 2,03×10−4. Do gráfico de BER×Eb/N0 dado
nestas notas de aula também obtém-se este valor de Pe por aproximação.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

9) Bits gerados por uma fonte equiprovável são representados por pulsos NRZ bipolares de duração 1
ms e amplitude 1 mV. Calcule a energia média por bit, Eb.

Eb 0 + Eb1
Se p0 = p1 = ½, Eb = p0 Eb 0 + p1Eb1 = .
2
1ms
Então Eb 0 = ∫ (0,001)2 dt = 1 × 10−9 = Eb1 , o que leva a Eb = 1×10−9 Joules.
0

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

10) Dois sistemas de comunicação (A e B) com sinalização NRZ bipolar operam sob a mesma
intensidade de ruído em um canal AWGN. O sistema A opera a uma Pe ≅ 1,2×10−4. Quanto a mais
de potência de transmissão estará utilizando o sistema A, se B opera com Pe ≅ 4,4×10−3?

1  E bA  −4 1  EbB  −3
Sistema A: erfc   = 1, 2 × 10 Sistema B: erfc   = 4, 4 × 10
2  N0  2  N0 
Da tabela da função erfc(x) em anexo obtém-se:

1 1
Para erfc ( x ) = 1, 2 × 10−4 ⇒ x = 2,6 e para erfc ( x ) = 4, 4 × 10 −3 ⇒ x = 1,85 .
2 2
EbA EbB E E
Então: = 2,6 e = 1,85 , o que leva a: bA = 6, 76 e bB = 3, 42 .
N0 N0 N0 N0

Como N0 é o mesmo para os dois sistemas, dividindo os um resultado pelo outro encontraremos a
relação de energias que, por consequência, será a relação de potências. Portanto, o sistema A opera
com 6,76/3,42 = 1,98 vezes mais de potência, ou seja, aproximadamente 3 dB a mais.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

11) Para o exercício 10, calcule o valor de Eb para os dois sistemas, sabendo que a densidade espectral
de potência de ruído vale N0 = 1×10−10.
EbA / N 0 = 6, 76 ⇒ EbA = 6, 76 × 10−10 e EbB / N 0 = 3, 42 ⇒ EbB = 3, 42 × 10−10

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

12) Discuta com alguns colegas e procure justificar os nomes para as probabilidades a posteriori P(0 |
y) e P(1 | y) e para as probabilidades a priori p0 e p1. Aproveite para fazer uma pesquisa que o
permita definir o conceito do termo verossimilhança.

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ANEXO

Tabela de valores da função erro-complementar

x erfc(x) x erfc(x) x erfc(x) x erfc(x)


0.025 0.971796 1.025 0.147179 2.025 4.19E-03 3.025 1.89E-05
0.05 0.943628 1.05 0.137564 2.05 3.74E-03 3.05 1.61E-05
0.075 0.91553 1.075 0.128441 2.075 3.34E-03 3.075 1.37E-05
0.1 0.887537 1.1 0.119795 2.1 2.98E-03 3.1 1.16E-05
0.125 0.859684 1.125 0.111612 2.125 2.65E-03 3.125 9.90E-06
0.15 0.832004 1.15 0.103876 2.15 2.36E-03 3.15 8.40E-06
0.175 0.804531 1.175 0.096573 2.175 2.10E-03 3.175 7.12E-06
0.2 0.777297 1.2 0.089686 2.2 1.86E-03 3.2 6.03E-06
0.225 0.750335 1.225 0.0832 2.225 1.65E-03 3.225 5.09E-06
0.25 0.723674 1.25 0.0771 2.25 1.46E-03 3.25 4.30E-06
0.275 0.697344 1.275 0.071369 2.275 1.29E-03 3.275 3.63E-06
0.3 0.671373 1.3 0.065992 2.3 1.14E-03 3.3 3.06E-06
0.325 0.645789 1.325 0.060953 2.325 1.01E-03 3.325 2.57E-06
0.35 0.620618 1.35 0.056238 2.35 8.89E-04 3.35 2.16E-06
0.375 0.595883 1.375 0.05183 2.375 7.83E-04 3.375 1.82E-06
0.4 0.571608 1.4 0.047715 2.4 6.89E-04 3.4 1.52E-06
0.425 0.547813 1.425 0.043878 2.425 6.05E-04 3.425 1.27E-06
0.45 0.524518 1.45 0.040305 2.45 5.31E-04 3.45 1.07E-06
0.475 0.501742 1.475 0.036982 2.475 4.65E-04 3.475 8.91E-07
0.5 0.4795 1.5 0.033895 2.5 4.07E-04 3.5 7.43E-07
0.525 0.457807 1.525 0.031031 2.525 3.56E-04 3.525 6.19E-07
0.55 0.436677 1.55 0.028377 2.55 3.11E-04 3.55 5.15E-07
0.575 0.416119 1.575 0.025921 2.575 2.71E-04 3.575 4.29E-07
0.6 0.396144 1.6 0.023652 2.6 2.36E-04 3.6 3.56E-07
0.625 0.376759 1.625 0.021556 2.625 2.05E-04 3.625 2.95E-07
0.65 0.357971 1.65 0.019624 2.65 1.78E-04 3.65 2.44E-07
0.675 0.339783 1.675 0.017846 2.675 1.55E-04 3.675 2.02E-07
0.7 0.322199 1.7 0.01621 2.7 1.34E-04 3.7 1.67E-07
0.725 0.305219 1.725 0.014707 2.725 1.16E-04 3.725 1.38E-07
0.75 0.288844 1.75 0.013328 2.75 1.01E-04 3.75 1.14E-07
0.775 0.273072 1.775 0.012065 2.775 8.69E-05 3.775 9.36E-08
0.8 0.257899 1.8 0.010909 2.8 7.50E-05 3.8 7.70E-08
0.825 0.243321 1.825 9.85E-03 2.825 6.47E-05 3.825 6.32E-08
0.85 0.229332 1.85 8.89E-03 2.85 5.57E-05 3.85 5.19E-08
0.875 0.215925 1.875 8.01E-03 2.875 4.79E-05 3.875 4.25E-08
0.9 0.203092 1.9 7.21E-03 2.9 4.11E-05 3.9 3.48E-08
0.925 0.190823 1.925 6.48E-03 2.925 3.53E-05 3.925 2.84E-08
0.95 0.179109 1.95 5.82E-03 2.95 3.02E-05 3.95 2.32E-08
0.975 0.167938 1.975 5.22E-03 2.975 2.58E-05 3.975 1.89E-08
1 0.157299 2 4.68E-03 3 2.21E-05 4 1.54E-08

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FIM DA AULA

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 23


EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Aula nº 4 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Interferência intersimbólica


Conteúdo Transmissão M-PAM. Interferência intersimbólica (IIS). Transmissão sem distorção.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: conceituar a sinalização M-PAM
Objetivos em banda base, explicando suas vantagens e desvantagens. 2) definir interferência
intersimbólica. 3) definir transmissão sem distorção, associando o conceito à IIS.

Transmissão M-PAM em banda-base

Um sinal M-PAM (Multilevel Pulse Amplitude Modulation) em banda-base é uma sequência de pulsos
de diferentes amplitudes, contendo um número de níveis M = 2k, onde k é o número de bits que cada
nível representa.

Nesta forma de transmissão os bits de informação são agrupados em entidades denominadas de


símbolos. Por exemplo, na sinalização binária tem-se M = 2 símbolos e um bit corresponde a um
símbolo. Na sinalização quaternária tem-se M = 4 e dois bits são representados por um símbolo, e
assim por diante.

O termo símbolo também pode ser atribuído a cada uma das possíveis formas de onda do sinal
transmitido. Por exemplo, numa transmissão quaternária podemos representar cada par de bits (dibit)3
por uma forma de onda ou símbolo diferente, dentre as 4 formas de onda possíveis.

Na figura a seguir tem-se a ilustração de um sinal 4-PAM com pulsos retangulares e a correspondente
sequência de bits que tal sinal 4-PAM representa.

Devemos nos atentar para a ligeira diferença entre o conceito de símbolo quando associado à
sequência de bits de informação e o conceito de símbolo quando associado às formas de onda de
transmissão. No primeiro caso um símbolo é um conjunto de k = log2M bits. No segundo caso um
símbolo é uma das M formas de onda da sinalização, onde cada uma representa ou transporta k =
log2M bits.

Devemos ainda ficar atentos para a relação entre a duração de um símbolo, T, e a duração de um bit,
Tb, dada por:

3
É comum dar os nomes dibit, tribit e quadribit aos conjuntos de dois, três e quatro bits, respectivamente.

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 24


EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

T = kTb = Tblog2M

O objetivo da sinalização M-PAM é reduzir a largura de faixa (BW – bandwidth) do sinal transmitido
ou aumentar a taxa de bits em uma determinada BW. A duração de um símbolo transmitido no canal é
quem determinará a banda ocupada pelo sinal. Portanto, se quisermos reduzir a banda a uma taxa de
bits fixa, devemos aumentar a duração dos símbolos e, por consequência, aumentar M. Se quisermos
manter a banda ocupada devemos manter a duração dos símbolos. Assim, para aumentarmos a taxa de
bits de informação em uma dada banda devemos transportar mais bits por símbolo e, por
consequência, devemos também aumentar M.

Como na Engenharia quase sempre se ganha de um lado e se perde de outro, com o aumento do
número de símbolos da sinalização o receptor terá mais dificuldade de distinguir um número maior de
níveis (símbolos). Para compensar este efeito, para a mesma performance da sinalização binária, a
sinalização multinível (M > 2) necessitará maior potência de transmissão. Na sinalização binária tem-
se a possibilidade de uma potência de transmissão menor, mas para uma dada taxa de bits é necessário
maior BW que na sinalização multinível.

A solução para este impasse é a conhecida solução de compromisso, que leva em conta se o sistema é
limitado em potência ou em largura de faixa. Vejamos este conceito por meio de um exemplo.

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Exemplo – Sistema com limitação de banda maior que a limitação de potência: em torres de telefonia
celular é comum vermos antenas parabólicas diretivas, com formato parecido com um “tambor”, cujo
objetivo é realizar a comunicação com outra parte remota do sistema. Esta comunicação é
normalmente realizada na faixa de microondas. Como bem sabemos, o espectro eletromagnético nas
proximidades da superfície da terra encontra-se bastante congestionado. Portanto, este exemplo trata
de um sistema com grande limitação de banda, pois quanto maior a banda ocupada, maior a
contribuição para o congestionamento do espectro. Então, o sinal transmitido deverá conter um grande
número de símbolos. Na prática, uma modulação tipicamente utilizada é chamada de 256-QAM4, ou
seja, trata-se de uma modulação com 256 símbolos.

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Exemplo – Sistema com limitação de potência maior que a limitação de banda: na comunicação de
sondas espaciais com as estações terrenas, a economia de potência é de fundamental importância,
posto que tais sondas normalmente têm seu sistema de alimentação realizado pela conversão de
energia solar. Este é um típico exemplo de um sistema onde a limitação de potência é mais importante
que a limitação de banda. Em casos como este, modulações com poucos símbolos (4-PSK, por
exemplo) são utilizadas para prover o sistema com alta imunidade ao ruído.

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Geração da forma de onda de transmissão para um sinal M-PAM

Vimos que um método bastante usual na prática para a geração da sequência de pulsos g(t) para uma
sinalização binária (2-PAM) foi realizado por meio do sistema mostrado na figura a seguir. Recorra às
notas de aula passadas caso tenha dúvidas sobre o funcionamento deste método.

4
As modulações M-QAM e M-PSK nada mais são que outras formas de adequação do sinal a ser transmitido ao canal,
porém em banda-passante. A segunda metade do nosso curso será destinada inteiramente a modulações como estas.

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Vamos agora generalizar tal método para uma sinalização M-PAM com M qualquer, utilizando como
exemplo a geração de um sinal 4-PAM. Para tanto, considere o filtro de transmissão com resposta ao
impulso dada na figura a seguir.

Considere o diagrama de blocos para o transmissor M-PAM mostrado na figura a seguir, do qual
facilmente se pode obter o transmissor 2-PAM estudado anteriormente, bastando fazer M = 2.

Para um sinal 4-PAM teremos as seguintes formas de onda ao longo do processo de geração do sinal:

Sequência de bits de informação:

Sinal 4-PAM de saída do gerador M-PAM:

Sinal 4-PAM de saída do segundo conversor:

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Forma de onda 4-PAM transmitida à saída do


filtro de transmissão (em linhas tracejadas está o
sinal 4-PAM de saída do segundo conversor):

Interferência Intersimbólica (IIS)

Tendo aprendido como se implementa uma sinalização M-PAM e qual o seu propósito, vamos retornar
à sinalização binária, por facilidade de entendimento, para analisarmos o sistema mostrado a seguir. As
conclusões obtidas com a análise realizada através da sinalização binária também se aplicarão à
sinalização multinível.

dados
binários Filtro de x0(t) x(t) Filtro de y(t) y(ti) 1 se y(ti) > λ
Modulador {ak} s(t)
Σ
Canal Dispositivo
de transmissão recepção
entrada PAM g(t)
h(t)
c(t) Amostra de decisão 0 se y(ti) < λ
{bk} em ti = iTb
Ruído branco
Pulsos de w( t) Limiar de decisão, λ
temporização
(clock)
Transmissor Canal Receptor

Neste sistema os dois blocos mais à esquerda são responsáveis por gerar a sequência de pulsos g(t) que
comporá a forma de onda de transmissão, s(t). Adotando a convenção 1 → +g(t) e 0 → –g(t), os pulsos
{ak} corresponderão a uma sequência de pulsos estreitos e de amplitudes +1 ou – 1.

O canal com resposta h(t) foi inserido no sistema para representar eventuais comportamentos de
distorção causada por filtragem do sinal de entrada. Por exemplo, se estivermos realizando uma
transmissão via um par metálico como à nossa linha telefônica, as resistências, indutâncias e
capacitâncias distribuídas ao longo desta linha causarão um efeito de filtragem passa-baixas que fará
com que uma sequência de pulsos retangulares aplicada à sua entrada tenha, em sua saída, um aspecto
parecido com aquele ilustrado pela figura a seguir.

Depois de sofrer este efeito de filtragem, o sinal é contaminado com a adição de ruído branco,
fenômeno que já conhecemos.

Sabemos que a convolução de um pulso com uma resposta ao impulso qualquer gera como resultado
um sinal cuja duração é maior ou igual à duração do pulso de entrada. Portanto, somente se o canal
tiver banda infinita a duração do pulso de saída será igual à duração do pulso de entrada.

Em uma situação prática este “alargamento” ou dispersão temporal dos pulsos ao atravessarem o canal
pode fazer com que símbolos adjacentes se sobreponham. Esta sobreposição pode causar o fenômeno
conhecido como Interferência Intersimbólica (IIS). Este fenômeno de dispersão temporal pode ser
facilmente explicado à luz da dualidade tempo × frequência: quando se reduz as componentes de
frequência de um sinal, eleva-se a duração do sinal; quando se reduz a duração de um pulso, eleva-se a
banda por ele ocupada. A figura a seguir ilustra este comportamento.

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A IIS é um dos grandes vilões dos sistemas de comunicação, pois limita drasticamente a taxa de
transmissão. Isto ocorre porque quanto menor a duração de um símbolo (maior taxa de transmissão),
maior a banda do sinal e maior será a chance de ocorrência de sobreposição temporal de símbolos
adjacentes.

O nosso objetivo agora é projetar adequadamente os filtros de transmissão e de recepção para tentar
evitar o aparecimento da IIS. Antes, porém, vamos analisar uma das condições suficientes em que um
canal de comunicação não causa distorção no sinal que passa por ele, estudando o conceito de
transmissão sem distorção.

Transmissão sem distorção (condição suficiente)

Seja o canal a seguir:

No domínio da frequência o sinal de saída pode ser calculado por meio da multiplicação do sinal de
entrada pela resposta em frequência do canal, o que permite escrever:

X 0 ( f ) kS ( f ) exp( − j 2π f τ )
H( f ) = = = k exp( − j 2π f τ )
S( f ) S( f )

De onde obtemos a magnitude e a fase da resposta em frequência do canal:

| H ( f ) |= k e Θ( f ) = −2π f τ

Vamos esboçar a magnitude e a fase encontrada para o canal sob análise:

Interpretando estes resultados concluímos que, para que um canal não cause distorção em um
sinal ele deve ter a magnitude de sua resposta em frequência constante, ou seja, |H( f )| = k, e a
fase de sua resposta em frequência com comportamento linear, ou seja, Θ( f ) = – 2πfτ.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Por meio deste conceito percebemos que não somente a banda do canal deve ser levada em conta, mas
também a sua resposta de fase. Uma resposta de fase linear implica em tempo de propagação τ idêntico
para todas as componentes de frequência do sinal, condição suficiente para não haver distorção do
sinal transmitido ao passar pelo canal.

Na prática basta que as condições de magnitude constante e fase linear sejam atendidas dentro
da faixa em que a maior parte da energia do sinal se concentra, como ilustrado na figura a seguir.
Nesta figura S(f) é a densidade espectral de potência (DEP) do sinal transmitido.

É importante ressaltar que, na prática, qualquer sinal que tenha pulsos confinados no tempo terá banda
infinita. Analogamente, qualquer sinal que tenha espectro confinado em uma determinada faixa, terá
pulsos com duração infinita. Por exemplo, se estivermos transmitindo pulsos retangulares, sabemos
que o espectro terá relação com a função sinc(f). Temos neste caso um típico exemplo de pulso
confinado, para o qual o espectro é infinito. Entretanto, a maior parte da energia de tais pulsos se
encontra no chamado lobo (ou lóbulo) principal do espectro. Sendo assim, se o canal tiver magnitude
da resposta em frequência constante e fase linear na largura de faixa do lóbulo principal do sinal, não
haverá distorção significativa do sinal, situação esta tolerada sem maiores problemas na prática. A
figura a seguir ilustra este exemplo.

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FIM DA AULA

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Aula nº 5 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Critério de Nyquist para IIS nula
Conteúdo Critério de Nyquist para interferência intersimbólica (IIS) nula. A IIS e a equalização
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) definir ISI do ponto de vista de
sobreposição temporal nos instantes de decisão. 2) interpretar o critério de Nyquist
Objetivos
para ISI nula no domínio do tempo e da frequência. 3) definir o papel do equalizador
em um sistema de comunicação digital.

Critério de Nyquist para IIS nula

Tendo como referência o sistema ilustrado na figura a seguir, inicialmente vamos definir um novo
formato de pulso correspondente à cascata entre o filtro de transmissão, o canal e o filtro de recepção,
desconsiderando-se o ruído num primeiro momento. A este pulso vamos dar o nome de µp(t) =
g(t)∗c(t)∗h(t), onde µ é uma constante de atenuação ou ganho desta cascata como um todo.

No domínio da frequência, P(f) é a transformada de Fourier de p(t). À sequência de amostras de p(t)


damos o nome de pδ(t). À transformada de Fourier da sequência pδ(t) damos o nome de Pδ(f), conforme
ilustra a figura a seguir.

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Exemplo – Suponha que a sequência de bits 1 0 0 1 0 tenha sido transmitida, sabendo que p(t) tem a
forma ilustrada na figura a seguir e que a sinalização é antipodal.

Vamos analisar a sequência de pulsos p(t) na saída do filtro de recepção, mostrada na figura a seguir.
Nesta figura tem-se também a soma dos pulsos, a qual corresponderá à forma de onda de saída do
filtro de recepção, y(t).

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Por meio da figura anterior percebe-se que, embora haja sobreposição temporal de símbolos vizinhos,
esta sobreposição é nula nos instantes de amostragem. Estes instantes são múltiplos inteiros da duração
de um símbolo e os pontos ideais de amostragem correspondem aos picos dos pulsos p(t). Como
exemplo, quando for colhida a amostra referente ao 4º pulso será obtido o seu valor máximo sem a
influência dos pulsos vizinhos, pois estes têm valor nulo neste instante. Na figura em questão, observe
ainda que nos instantes ideais de amostragem a forma de onda de saída do filtro de recepção tem
valores iguais aos picos dos pulsos isolados.

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Com estas novas informações podemos agora definir a IIS de uma forma um pouco mais precisa:
Interferência Intersimbólica é a sobreposição temporal de símbolos vizinhos na saída do filtro de
recepção no momento da decisão.

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Exemplo – Vamos repetir o exemplo anterior para um novo formato de pulso p(t) ligeiramente
diferente do primeiro, conforme ilustra a figura a seguir.

Vamos mais uma vez analisar a sequência de pulsos p(t) na saída do filtro de recepção, como mostrado
na figura a seguir. Nesta figura percebe-se nitidamente que nos instantes de amostragem ótimos os
pulsos vizinhos do pulso de interesse não têm sempre valor nulo. Esta situação configura a existência
de IIS e, como resultado, os valores esperados das amostras serão modificados pelos pulsos vizinhos,
fazendo com que o sistema como um todo fique menos robusto frente ao ruído.

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Perceba que a IIS por si só não causa erros de decisão, a não ser em casos extremos nos quais ela é
muito elevada. O que a IIS causa na prática é um aumento da probabilidade de erro de bit, justamente
por alterar os valores das amostras e tornar o sistema mais susceptível à influência do ruído.

Com estes exemplos percebe-se que há uma condição para a ausência de IIS: o pulso p(t) deve ter
nulos em todos os múltiplos inteiros de T, exceto no seu ponto de máximo. Desta condição podemos
extrair um importante critério:

Para evitarmos a IIS teremos que projetar aqueles elementos sobre os quais temos controle, ou seja, os
filtros de transmissão e de recepção. Em resumo, se a cascata entre o filtro de transmissão, o canal e o
filtro de recepção tiver uma resposta ao impulso contendo nulos em múltiplos inteiros do intervalo de
sinalização (tempo de símbolo), teremos IIS nula.

Agora vamos analisar o que este critério representa no domínio da frequência. Considere o pulso p(t)
ilustrado na figura a seguir. Suponha que sejam colhidas amostras espaçadas de T, onde T = Tb na
sinalização binária, levando à sequência de amostras também ilustrada na figura em questão. Percebe-
se que, devido ao fato de existirem amostras não nulas do pulso p(t) fora do seu ponto de máximo, tal
pulso causará IIS em pulsos vizinhos. Além disto, observou-se anteriormente que esta sequência de
amostras tem como espectro réplicas de P(f) deslocadas de múltiplos inteiros da frequência de
amostragem fS = R = 1/T, genericamente. Como registrado na figura sob análise, estas réplicas levarão
a um valor não constante para Pδ(f). Vale lembrar que para sinalização binária fS = Rb = 1/Tb.

Agora considere a situação ilustrada pela figura a seguir. Nela percebe-se que o pulso p(t) tem valor
nulo em todos os instantes de amostragem diferentes do seu ponto de máximo. Isto leva a termos uma
única amostra no sinal pδ(t) e, como consequência, Pδ(f), que é a transformada de um “impulso”, neste
caso, terá um valor constante.

Podemos agora definir matematicamente o chamado Critério de Nyquist para IIS nula, que pode ser
expresso da seguinte maneira:

A interferência intersimbólica será nula se a resposta em frequência da cascata entre o filtro


de transmissão, o canal e o filtro de recepção, após amostragem, respeitar a expressão:


 n
∑ P  f − T  = Pδ ( f ) = constante
n =−∞

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Sempre que a soma das réplicas do espectro de p(t), ou seja, Pδ(f) for constante, no domínio do tempo
p(t) terá nulos em múltiplo inteiros do intervalo de sinalização e, portanto, não haverá IIS.

Como já antecipado, para conseguirmos atender ao critério de Nyquist deveremos projetar os filtros de
transmissão e de recepção adequadamente. Como veremos mais adiante, qualquer espectro P(f) que
tiver a chamada simetria vestigial em torno de 1/2T atenderá ao critério de Nyquist para a IIS nula.
Veremos ainda que os formatos de pulso e espectro deste tipo que são mais utilizados na prática são os
pulsos e espectros co-seno elevado e raiz de co-seno elevado.

A interferência intersimbólica e a equalização

Na prática, muitas vezes não conseguimos ter um canal de comunicação que não distorça o sinal
transmitido, ou seja, há situações nas quais o canal não tem magnitude da resposta em frequência plana
e/ou não tem resposta de fase linear na faixa de frequências do sinal transmitido. Nesta situação não
conseguiremos projetar o sistema de tal forma que atendamos ao critério de Nyquist para IIS nula. Para
resolver o problema teremos que inserir um novo comportamento de filtragem na saída ou na entrada
do filtro de recepção para tentar “cancelar” a distorção causada pelo canal. Uma das formas mais
simples de cancelamento consiste da implementação de um filtro com resposta inversa da resposta do
canal, como ilustrado a seguir. A este novo elemento denominamos equalizador.

Entretanto, muitas das aplicações têm canais de comunicação variáveis no tempo. Nestes casos o
equalizador torna-se bastante complexo e assume sua forma adaptativa, ou seja, sua resposta em
frequência se adapta às variações da resposta em frequência do canal. São exemplos destes casos os
equalizadores utilizados em sistemas de comunicação móvel celular.

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FIM DA AULA

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Aula nº 6 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Filtros de Nyquist


Interferência Intersimbólica – continuação: a simetria vestigial e os filtros co-seno
Conteúdo
elevado e raiz de co-seno elevado. Diagrama de olho.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) associar o critério de Nyquist
para IIS nula ao formato de pulso co-seno elevado e raiz de co-seno elevado. 2)
Objetivos identificar outras respostas em frequência que atendam ao critério de Nyquist devido à
simetria vestigial. 3) interpretar a influência de ruído e/ou de IIS via análise do
diagrama de olho.

Simetria vestigial em P(f)

Embora esteja associada com a análise de interferência intersimbólica, a simetria vestigial é um


conceito puramente geométrico. Para entendê-la considere o espectro do pulso p(t) na saída do filtro de
recepção, conforme ilustrado na figura a seguir. Considere, por exemplo, o espelhamento da parte à
direita de R/2 = 1/2T para a esquerda. Considere agora o espelhamento do resultado anterior para cima,
como ilustra a figura. Se a parte espelhada final coincidir com a curva de P(f) à esquerda de R/2, temos
a chamada simetria vestigial em torno de ±R/2.

Qualquer figura geométrica correspondente a P(f) que tenha esta propriedade em torno de ±R/2 terá
como Pδ(f) = ΣP(f – nR) uma constante e, portanto, P(f) atenderá ao critério de Nyquist para IIS nula.
Esta situação é exemplificada na figura a seguir.

Para o formato de P(f) exemplificado, vejamos o que acontece se tornarmos cada vez mais abruptas as
quedas do espectro em torno de ±R/2. A figura a seguir ilustra o comportamento resultante: no caso
mais abrupto tem-se a banda de P(f) ocupando exatamente BT = W = R/2 Hz e no caso menos abrupto
tem-se uma banda BT = R Hz. Estes diferentes níveis de inclinação podem ser associados a α, chamado
fator de forma ou fator de roll-off do sistema linear correspondente à cascata do filtro de
transmissão, do canal e do filtro de recepção. Portanto, para α = 0 tem-se a menor banda ocupada: BT =
W = R/2 Hz e para α = 1 tem-se a maior banda ocupada: BT = R Hz. Genericamente, para 0 ≤ α ≤ 1, a
banda ocupada por P(f) será dada por:

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

R 1 1 Rb
BT = W (1 + α ) = (1 + α ) = (1 + α ) = (1 + α ) = (1 + α )
2 2T 2Tb log 2 M 2 log 2 M

Em termos práticos, pode-se considerar a banda BT como sendo aproximadamente a banda que será
ocupada pelo sinal transmitido.

Pulso e espectro co-seno elevado

Ao formato de espectro ilustrado pela figura anterior damos o nome de espectro co-seno elevado.

 1
 2W , 0 ≤ f < f1

 1   π ( f − W )  
P( f ) =  1 − sen    , f1 ≤ f < 2W − f1 , onde f1 = W (1 − α )
4W  2W − 2 f  
  1 

0 , f ≥ 2W − f1

Quem dá o formato específico à resposta P(f) e ao valor da largura de faixa ocupada é o fator de forma
(ou fator de roll-off) α, nitidamente identificado na expressão dada.

A razão para o nome “co-seno elevado” deve-se ao fato de que, para α = 1, o formato da resposta P(f)
entre −1/T e 1/T corresponde a um co-seno que, após ter sua posição vertical elevada, “descansa” sobre
o eixo das frequências. Verifique esta afirmação como exercício.

O formato de pulso p(t) correspondente a P(f) é denominado pulso co-seno elevado e é ilustrado na
figura a seguir para alguns valores do fator de forma α. Por esta figura percebe-se nitidamente que,
independente do fator de forma, o pulso p(t) tem nulos em múltiplos inteiros do intervalo de
sinalização 1/T. Isto faz com que um determinado pulso não interfira em pulsos adjacentes, pois terá
valores nulos nos momentos ótimos de amostragem dos pulsos adjacentes.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

É importante enfatizar que, genericamente, com a sinalização M-PAM, para termos IIS nula o espectro
P(f) deverá apresentar simetria vestigial em torno de R/2, onde R = 1/T = 1/(log2MTb) é a taxa de
sinalização (taxa de símbolos). Desta forma, a banda ocupada pelo sinal será BT = (1 + α)R/2 e os
nulos do pulso p(t) ocorrerão em múltiplos inteiros do intervalo de sinalização T.

Pulso e espectro raiz de co-seno elevado

Consideremos mais uma vez o sistema de comunicação ilustrado a seguir. Nele, para que a IIS seja
nula, deseja-se que a cascata entre o filtro de transmissão, o canal e o filtro de recepção tenha uma
resposta do tipo co-seno elevado, ou seja, deseja-se que P(f) = G(f)H(f)C(f) tenha resposta do tipo co-
seno elevado. Para facilitar a presente análise, inicialmente considere o ruído branco nulo. Fazendo
isto será possível analisar exclusivamente o comportamento da interferência intersimbólica. O ruído
será incorporado em seguida, permitindo uma análise mais completa e realista do sistema.

Se o canal tiver resposta plana e fase linear em toda a faixa de frequências do sinal de saída do filtro de
transmissão, P(f) praticamente não sofrerá influência do canal, exceto por um atraso adicional da
cascata como um todo, causada pelo canal. Sendo assim, nesta situação pode-se dizer que o formato
para |P(f)| e para arg[P(f)] dependerá predominantemente da cascata G(f)C(f).

Na prática é sempre interessante termos o maior número de componentes iguais em um sistema, o que
proporcionará economia de escala e, por consequência, redução do custo e no preço do produto final
ao consumidor. Então, para se ter filtros de transmissão e de recepção iguais e, ao mesmo tempo, se ter
a resposta total P(f) desejada, deve-se usar a seguinte relação:

| G( f ) | = P( f ) , arg[G ( f )] = arg[ P( f )] / 2
| C( f ) | = P( f ) , arg[C ( f )] = arg[ P( f )]/ 2

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Devido ao critério de projeto adotado nesta análise, denominamos os filtros de transmissão e de


recepção projetados de filtros raiz de co-seno elevado. Damos o nome de espectro raiz de co-seno
elevado e pulso raiz de co-seno elevado à resposta em frequência e à resposta ao impulso destes
filtros, respectivamente.

Estes filtros são largamente utilizados em sistemas reais e cumprirão o seu papel de evitar a IIS, desde
que o canal não distorça o sinal que passar por ele, ou seja, desde que o canal não tenha influência no
formato da resposta em frequência co-seno elevado desejada para a cascata. Caso o canal cause
distorção, já sabemos o que deverá ser feito: a inserção de outro bloco no sistema, correspondente ao
equalizador.

Perceba que, com o uso dos filtros de transmissão e de recepção do tipo raiz de co-seno elevado, é
possível dar uma nova interpretação ao sistema sob análise: pode-se interpretar o filtro de transmissão
como um filtro formatador do pulso de transmissão e, por consequência, pode-se interpretar o filtro de
recepção como um filtro casado com tal formato de pulso. Portanto, ao considerarmos o sistema
mostrado na figura anterior, agora com a presença do ruído branco, podemos dizer que o uso dos
filtros de transmissão e de recepção do tipo raiz de co-seno elevado tem por objetivo eliminar a
interferência intersimbólica e ao mesmo tempo minimizar a influência do ruído na variável de decisão.

Diagrama de olho

O diagrama de olho é uma ferramenta gráfica de extrema utilidade no projeto e na avaliação de


sistemas de comunicação, pois permite avaliar a influência de IIS e de ruído e, ao mesmo tempo,
permite calibração do sistema de sincronismo no tocante à definição dos instantes ótimos de
amostragem do sinal de saída do filtro de recepção.

Para entender como esta ferramenta é construída, considere a forma de onda de saída do filtro de
recepção apresentada na parte superior da figura a seguir. Abaixo dela têm-se sucessivas “fotografias”
sobrepostas de pequenos trechos consecutivos da forma de onda em questão.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Se continuarmos com este processo de sobreposição de trechos da forma de onda sob análise,
chegaremos a um resultado como o ilustrado a seguir. Esta figura é denominada diagrama de olho
devido ao fato da mesma se “assemelhar” a um olho.

A figura a seguir nos auxilia na interpretação do diagrama de olho. Em seguida têm-se os parâmetros
por ela considerados e suas interpretações.

Best sampling time: é o melhor instante de amostragem, ou seja, é aquele instante em que o diagrama
de olho está mais aberto e que, portanto, levará a amostras com valores o mais distantes possível do
limiar de decisão (linha tracejada horizontal). Na ausência de IIS, no instante ótimo de amostragem
teremos, como esperado, apenas M valores de amostra (M = 2 para sinalização binária, M = 4 para
quaternária, e assim por diante).

Distortion at sampling time: está associado à faixa de variações dos valores das amostras colhidas.
Quanto maior o grau de IIS ou a intensidade de ruído no sistema, mais larga será esta faixa. Portanto,
um diagrama de olho fechado no sentido vertical indica forte presença de IIS, de ruído ou de ambos.
Enquanto o diagrama de olho mostrar abertura vertical pode-se afirmar que a taxa de erro de símbolo é
nula ou muito próxima de zero.

Margin over noise: representa o quanto de ruído adicional o sistema pode suportar e ainda
proporcionar decisões corretas. Níveis de IIS elevados ou baixa relação sinal-ruído, ou ambos, fazem
com que esta margem seja reduzida.

Distortion of zero-crossings: certos formatos de pulso têm esta faixa mais estreita que outros. Quando
esta faixa é bastante estreita o sistema pode fazer uso dos cruzamentos por zero da forma de onda de
saída do filtro de recepção para auxiliar no processo de recuperação de sincronismo, posto que a taxa e
a posição de tais cruzamentos será praticamente constante.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Sensitivity to timing error: para o diagrama ilustrado podem-se tomar amostras em qualquer ponto em
que o “olho” esteja aberto. Se a inclinação da rampa de sensibilidade a erros de temporização for
elevada, a faixa na qual tais amostras poderão estar localizadas diminuirá. Esta faixa é indicada na
figura como time interval over which the received signal can be sampled. Um diagrama de olho aberto
permite que os instantes de amostragem se situem em qualquer ponto dentro desta faixa, mas vale
lembrar que fora do instante ótimo de amostragem o sistema estará mais sujeito à influência do ruído,
pois a margin over noise será reduzida.

A título de complementação, a seguir têm-se alguns diagramas de olho para diferentes situações em
um sistema com sinalização quaternária. Observe que a presença de ruído e a presença de IIS causam o
fechamento vertical do diagrama praticamente da mesma forma. Isto nos permite afirmar que, num
primeiro momento, não é possível identificar se é a IIS ou é o ruído a causa de fechamento do
diagrama. Mais à frente, com um exercício, seremos capazes de aprender a realizar esta identificação
de forma bastante simples.

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Exercícios de fixação

1) Com suas palavras, defina Interferência Intersimbólica.

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2) As formas de onda a seguir referem-se às saídas de dois filtros de recepção e foram geradas pela
transmissão dos bits 1 0 0 1 0. A amostragem nas saídas destes filtros ocorre a uma taxa de 1.000
amostras por segundo e os instantes ótimos de amostragem coincidem com a grade das figuras dadas.
Pede-se: a) determine graficamente os valores das amostras dos correspondentes pulsos, sabendo que a
primeira amostra válida ocorre em t = 3 ms para o gráfico a e em t = 11 ms para o gráfico b. b) Em
qual das situações há IIS? Justifique.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Na segunda situação há IIS, pois os valores das amostras são diferentes entre si.

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3) Explique porque um canal pode provocar IIS quando a magnitude de sua resposta em frequência
não é constante ou a sua fase não é linear na faixa espectral do sinal transmitido.

Simplesmente porque estas são condições em que há distorção e, portanto, há modificação nos
formatos dos pulsos, o que pode levar à ocorrência de IIS.

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4) Proposta para estudo complementar não obrigatório. Faça um breve estudo procurando interpretar
a relação entre o comportamento linear da resposta de fase de um canal e o atraso de propagação
imposto a cada uma das componentes de frequência do sinal. Sua resposta deve, obrigatoriamente,
conter a definição e a interpretação do termo atraso de grupo (group delay).

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5) A figura a seguir ilustra o espectro do pulso p(t) na saída do filtro de recepção. Haverá ou não
interferência intersimbólica no sistema correspondente? Justifique sua resposta.

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 40


EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Observando a resposta em frequência dada notamos a presença de simetria vestigial e,


portanto, trata-se de uma situação onde não há IIS, pois o critério de Nyquist para IIS nula é
satisfeito para qualquer resposta P(f) que apresente simetria vestigial.

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6) A figura a seguir corresponde ao formato de pulso p(t) na saída do filtro de recepção de um sistema
de comunicação em banda-base com sinalização quaternária operando a 1.000 bit/s. Sabendo que o
mapeamento bit símbolo segue a regra 00 −3, 01 −1, 10 +1 e 11 +3, esboce no gráfico
dado a sequência de pulsos de recepção para os bits transmitidos: 0 1 1 1 1 0 0 0, considerando
atenuação nula ao longo do sistema. Verifique a ocorrência ou não ocorrência de IIS. Obs: Os nulos de
p(t) ocorrem em múltiplos de 2Tb.

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7) Proposta para estudo complementar não obrigatório. Realize um estudo sobre os conceitos
associados à equalização adaptativa, conforme abordado no livro-texto p. 282-291 e digite um trabalho
em MS-Word, com no mínimo 2 páginas, formato A4, caractere Times New Roman, 12 pontos e
espaçamento simples, procurando atribuir ao texto uma sequência que permita que o funcionamento do
equalizador representado pelo diagrama em blocos a seguir seja explicado. Entregue ao professor na
próxima aula e você terá um bônus pelo trabalho realizado.

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----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

8) Faça um esboço de um formato de espectro diferente daqueles apresentados no livro-texto ou em


sala de aula e que atenda ao critério de Nyquist para IIS nula. Justifique sua escolha.

Dica: qualquer formato de P(f) que tenha simetria vestigial em torno de R/2 atende ao critério
de Nyquist para IIS nula.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

9) Se os filtros de transmissão e de recepção de um sistema de comunicação digital são do tipo “raiz de


co-seno elevado”, que fatores podem fazer com que haja interferência intersimbólica? Justifique sua
resposta, explicando como esses fatores levam ao aparecimento da IIS. Dica: use uma abordagem
matemática na sua explicação.

Se os filtros estão projetados corretamente, somente o canal poderá estar causando IIS.
Matematicamente, a resposta resultante Pδ(f) não será constante neste caso.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

10) A forma de onda na parte superior do gráfico a seguir corresponde à saída do filtro de recepção de
um sistema de comunicação digital com sinalização binária em banda-base. O trem de pulsos abaixo
dessa forma de onda refere-se à sequência de pulsos de amostragem da saída do filtro de recepção.
Pede-se: a) responda se há ou não há interferência intersimbólica, justificando sua resposta. Admita
que a relação sinal-ruído seja bastante alta a ponto da influência do ruído poder ser desprezada. b)
Determine a taxa de sinalização e a taxa de bits.

a) Dica: Se há amostras de valores diferentes dos dois valores esperados (sinalização binária)
temos IIS, já que o ruído é desprezível.

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b) pelo gráfico, Tb = T = 1 µs. Portanto, R = Rb = 1/Tb = 1 Mbit/s = 1 Msímbolo/s.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

11) O diagrama de olho a seguir foi obtido na saída do filtro casado de um modem (contração das
palavras modulador e demodulador) com sinalização quaternária. Pede-se: a) Discorra sobre como
você faria para afirmar que o fechamento vertical observado no diagrama deve-se à influência de ruído
e/ou IIS; b) No caso de constatação de IIS, atribua esse efeito a um dos elementos do sistema de
comunicação, justificando; c) Determine a taxa de sinalização e a taxa de bits; d) determine a banda
ocupada pelo sinal transmitido, sabendo que o filtro de transmissão tem fator de forma igual a 0,2.

a) Se aumentarmos a potência de transmissão e o diagrama de olho apresentar abertura


vertical pode-se dizer que a principal causa do fechamento é o ruído (quando a potência é
aumentada, a relação sinal-ruído também é aumentada e, portanto, o desempenho do modem é
melhorado). Se o diagrama de olho não abrir com o aumento de potência, temos IIS, pois a
mesma sofre influência somente dos sistemas lineares envolvidos e não do ruído ou da potência
de transmissão.

b) A IIS pode ter sido causada por qualquer dos elementos: filtro de Tx, canal e/ou filtro de Rx.

c) O espaçamento entre os pontos ótimos de amostragem no diagrama de olho é de 1 ms, que


corresponde ao intervalo em que cada símbolo é decidido. Portanto, a taxa de símbolos é R =
1/T = 1000 símbolos/s. Como a sinalização é quaternária, temos 2 bits por símbolo e, portanto,
a taxa de bits é Rb = 1/Tb = 1/(T/2) = 2R = 2000 bit/s.

d) BT = (1 + α)R/2 = 1,2×500 = 600 Hz.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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12) Os diagramas de olho mostrados na figura a seguir foram obtidos nas saídas dos filtros casados de
dois sistemas de comunicação digital em banda-base: o sistema (a) e o sistema (b). Os diagramas da
esquerda referem-se a uma potência de transmissão P1 e os da direita a uma potência de transmissão P2
>> P1 (as escalas estão normalizadas). Comente sobre os diagramas no que se refere à influência do
ruído e da interferência intersimbólica nos dois sistemas.

(a)

(b)

-10.0
-12.5
-15.0

Para ajudar na solução, veja item “a” do exercício 11.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

13) Dois sistemas de comunicação digital em banda-base estão operando à mesma taxa e à mesma
potência média de transmissão em canal AWGN, sob efeito de uma mesma densidade espectral de
potência de ruído. O canal possui magnitude da resposta em frequência plana e fase linear dentro de
toda a faixa que o sinal ocupa. Ambos os sistemas utilizam sinalização binária com formatos de pulso
e filtros casados do tipo “raiz de co-seno elevado” (root raised cosine). Entretanto, o sistema A opera
com fator de forma (roll-off) de 0,2 nos filtros de transmissão e recepção, enquanto que o sistema B
opera com fator de forma de 1. Pede-se e/ou pergunta-se: a) Mesmo não havendo nenhuma outra
condição de operação distinta entre os sistemas, observou-se que, na presença de desvio (jitter) no
instante de decisão ótimo, o sistema B apresentou taxa de erro de bit inferior à do sistema A. Justifique
o efeito observado. Como dica, faça desenhos para auxiliá-lo na elaboração da justificativa. b)
Procurou-se então eliminar tal comportamento de jitter e como efeito observou-se que ambos os
sistemas passaram a apresentar a mesma taxa de erro de bit. Esse comportamento era esperado?
Justifique.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

14) Quais dos sistemas a seguir proporcionam comunicação livre de IIS e em que condições (se houver
alguma)? Obs: em cada um dos sistemas a entrada é alimentada com uma sinalização M-PAM
contendo pulsos bastante estreitos (aproximados de impulsos) e cada saída refere-se à saída do filtro de
recepção. Justifique suas escolhas e suas exclusões.

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Incondicionalmente: somente o sistema “c”, que tem resposta que atende ao critério de
Nyquist.
Condicionalmente: “a” (se o canal não causar distorção), “d” (se o canal tiver resposta
plana e fase linear dentro da faixa do sinal transmitido). Os demais não têm resposta
resultante que atenda ao critério de Nyquist e, portanto, causarão IIS incondicionalmente.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

15) Dos sistemas apresentados na figura anterior, qual melhor representa um sistema real do ponto de
vista da fidelidade com sua implementação? Justifique.

O sistema “d”, pois tem como elementos aqueles blocos que farão parte do sistema real.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

16) A figura a seguir mostra o diagrama de olho observado na saída do filtro casado de um sistema de
comunicação digital M-PAM em banda-base. Antes da transmissão, o sinal M-PAM foi filtrado por um
filtro do tipo raiz de co-seno elevado com fator de forma α = 0,5. Pede-se: a) Calcule a taxa de
símbolos do sistema. b) Calcule o valor de M. c) Calcule a taxa de bits do sistema. d) Calcule a banda
ocupada pelo sinal M-PAM. e) Na figura dada percebe-se um ligeiro fechamento vertical do diagrama
de olho. Determine a causa desse fechamento.

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FIM DA AULA

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Aula nº 7 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Representação geométrica de sinais


Representação geométrica de sinais no espaço Euclidiano. Modelo de sistema para o
Conteúdo
estudo da representação geométrica de sinais. Síntese e de análise de sinais.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) fazer um paralelo entre os
conceitos da representação de vetores pela combinação linear de vetores-base e da
representação de sinais pela combinação linear de funções-base. 2) conceituar a
importância do estudo da representação do espaço de sinais. 3) realizar a síntese de
uma forma de onda a partir do conhecimento das funções-base e gerar os coeficientes a
Objetivos partir do conhecimento da forma de onda de interesse e das funções-base. 4) realizar
cálculos no espaço vetorial, que representem grandezas elétricas de uma forma de onda
no domínio do tempo. 5) representar sinais no espaço de sinais por meio da
constelação no espaço euclidiano, interpretando nesta representação: distâncias
euclidianas, coeficientes, vetores-sinal, eixos-base e energia dos símbolos
representados.

No estudo da transmissão em banda-base feito até este ponto do curso, embora tenhamos analisado a
transmissão M-PAM, nos concentramos no projeto e na análise do receptor ótimo para uma sinalização
binária (2 símbolos). O estudo da representação geométrica de sinais nos permitirá construir um
conjunto de ferramentas matemáticas que nos auxiliem no projeto e na análise do receptor ótimo
genérico, ou seja, aquele projetado para detectar e decidir de maneira ótima sobre os símbolos de uma
sinalização com qualquer número de símbolos. O estudo deste tema é de extrema importância, pois
ainda fornece uma interface de transição suave do estudo da transmissão em banda-base para o estudo
da transmissão de sinais modulados em banda-passante.

Representação geométrica de sinais5

A representação no espaço de sinais é construída com base na teoria de combinações lineares e é


análoga à teoria de álgebra linear. Inicialmente, vamos definir um espaço Euclidiano N-dimensional
associado a N eixos ortogonais entre si. Vamos definir também um conjunto de vetores ortogonais
φj}, j = 1, 2, …, N, normalizados de tal forma que tenham comprimento unitário. Estes vetores são

ditos ortonormais e formam uma base ortonormal. Neste contexto podem então ser chamados de
vetores-base.

Qualquer vetor vi, i = 1, 2, …, M neste espaço Euclidiano pode ser gerado por meio da combinação
linear
N
vi = ∑ vij φj (1)
j =1

onde os coeficientes vij correspondem à projeção do i-ésimo vetor no j-ésimo vetor-base. Os valores
destes coeficientes podem ser determinados pelo produto interno entre vi e φj , ou seja

vij = v Ti φj (2)

5
Este item foi traduzido da seção II-A de http://cict.inatel.br/nova2/docentes/dayan/Publications/Inatel_14.pdf e foi
inserido nestas notas de aula como fundamento para o estudo da representação geométrica de sinais no espaço euclidiano.

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onde o superscrito T denota uma transposição matricial, vi = [vi1 vi2 … viN]T e φj é também um vetor N-
dimensional com o valor “1” na j-ésima posição e com zeros nas outras posições, ou seja,
φj = [0 1 0 … 0]T para j = 2 como exemplo.

A Figura 1 ilustra estes conceitos para um espaço Euclidiano bidimensional (N = 2) e para dois vetores
(M = 2). Os eixos foram rotulados de forma que lembrem a associação com os vetores-base.

φ2

v 22
v 12
v2
v1
φ2
φ1
v 21 0 φ1 v11

Figura 1. Representação no espaço de vetores para M = 2 e N = 2.

De maneira similar, pode-se utilizar o espaço Euclidiano para representar coeficientes que, numa
combinação linear, dão origem a sinais em vez de vetores. Neste caso teremos os sinais
N
si (t ) = ∑ sijφ j (t ) , i = 1, 2, ..., M (3)
j =1

onde, agora, o conjunto {φj(t)} é composto de N funções ortonormais, cada uma ortogonal às demais e
tendo energia unitária, ou seja

T 1, i = j
∫ φi (t )φ j (t ) dt =  (4)
0
0, i ≠ j

O conjunto de funções {φj(t)} é também chamado de conjunto ortonormal e forma uma base
ortonormal. Então podemos dizer que {φj(t)} é um conjunto de funções-base ortonormais.

Por meio da Figura 1 pode-se ver que o valor de um dado coeficiente é inversamente proporcional a
uma medida de ortogonalidade entre o vetor analisado e o correspondente vetor-base: quanto maior a
ortogonalidade, menor o valor do coeficiente. Então, por analogia a essa álgebra vetorial, podemos
determinar os valores dos coeficientes em (3) por meio de uma medida de ortogonalidade entre a
forma de onda analisada e a correspondente função-base, o que leva intuitivamente à expressão:

T i = 1, 2,..., M
sij = ∫ si (t )φ j (t ) dt ,  (5)
0
 j = 1,2,..., N

De fato a equação (5) tem uma justificativa matemática mais formal, o que se pode obter operando
genericamente com as expressões (3) e (4). Vejamos:

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T N N

∑ x φ (t ) ∑ y φ (t ) dt
T

0
x (t ) y (t )dt = ∫
0
j =1
j j
k =1
k k

N N T
= ∑∑ x j yk ∫ φ j (t )φk (t )dt (6)
0
j =1 k =1
N
= ∑ x j y j = xT y
j =1

A expressão (6) diz que a correlação entre dois sinais no domínio do tempo tem o produto interno entre
os vetores correspondentes como seu equivalente no domínio vetorial.

Estamos agora prontos para definir a representação de sinais no espaço Euclidiano: desde que conhecer
o conjunto de coeficientes e as funções-base é tão bom ou suficiente quanto conhecer as próprias
formas de onda geradas pela combinação linear destes, podemos também representar sinais num
espaço Euclidiano. Nesta representação utilizamos pontos em vez de vetores, simplesmente para evitar
uma “poluição visual” desnecessária no gráfico. Este tipo de representação é também conhecido como
constelação de sinais, ou simplesmente constelação.

A Figura 2 mostra um espaço de sinais bidimensional utilizado para representar as formas de onda s1(t)
e s2(t) através dos correspondentes vetores (pontos), aos quais damos o nome de vetores-sinais s1 e s2.

φ2
s2 s 22
s12 s1
E2
E1

φ1
s 21 0 s1 1
Figura 2. Representação no espaço de sinais para M = 2 e N = 2.

Por meio da Figura 2 pode-se notar que a norma de um vetor-sinal, ou seja, seu comprimento, pode ser
determinada com o auxílio da Figura 2 e da equação (6), resultando em:

T
si21 + si22 = sTi si = ∫ 0
si2 ( t )dt = Ei (7)

Em termos mais genéricos, a distância de qualquer vetor-sinal à origem do sistema Euclidiano é igual à
raiz quadrada da energia da forma de onda que este vetor-sinal representa, ou seja:

Ei = ∫ si2 (t )dt = sTi si = ∑ j =1 sij2 = si


T N 2
(8)
0

A título de resultado complementar, a distância Euclidiana ao quadrado entre dois vetores-sinais é:

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= ∑ ( sij − skj ) = ∫ [ si (t ) − sk (t )] dt
N T
2
d ik2 = si − s k
2 2
0
(9)
j =1

Modelo de sistema para o estudo da representação geométrica de sinais

A figura a seguir ilustra o modelo de sistema que utilizaremos para análise da representação
geométrica de sinais.

A seguir tem-se uma breve descrição de cada um dos blocos e dos sinais gerados ou processados por
eles:

o Message source: fonte de informação – gera os bits de informação na forma serial. Cada
grupo de k bits forma um símbolo mi, dentre os 2k símbolos possíveis.

o Transmitter: transmissor – a partir de cada símbolo mi gera a correspondente forma de onda


si(t). Portanto, si(t) também é denominada símbolo. A diferença entre mi e si(t) é que o
primeiro é um símbolo em forma de um conjunto de k bits e o segundo é um símbolo em
forma de onda. O sinal si(t) é confinado no intervalo de tempo de símbolo T e, por esta
razão, é chamado de sinal de energia, pois tem energia finita e potência nula. A energia de
um símbolo si(t) é calculada por meio de:

T
Ei = ∫ si2 (t )dt , i = 1,2,..., M
0

Devemos ficar atentos para o fato de que si(t) não representa a forma de onda do sinal
transmitido. Uma sequência destes pulsos si(t) é que forma o sinal transmitido.

o Channel: canal – para o presente estudo, o canal será considerado sem distorção, apenas
contaminando o sinal pela adição de ruído branco. Portanto, trata-se apenas de um canal
AWGN (Additive White Gaussian Noise) livre de interferência intersimbólica.

o Receiver: receptor – processa o sinal recebido x(t) e toma a decisão sobre o símbolo
transmitido. A estimativa do símbolo transmitido, m̂ , é posteriormente mapeada no
correspondente conjunto de bits que ela representa.

Síntese e de análise de sinais

A essência do presente estudo é a possibilidade de representar qualquer conjunto de M sinais de


energia, {si(t)}, i = 1, 2, ..., M, usando uma combinação linear de N funções ortonormais {φi(t)}, i = 1,
2, ..., N, com N ≤ M. Se, preferencialmente, tivermos N < M, significa que teremos a chance de gerar
um conjunto de M formas de onda a partir da combinação de um número menor de formas de onda que
servirão como base, o que representa simplificação na implementação do sistema.

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A figura a seguir representa em diagramas de bloco os processos de síntese e de análise das formas de
onda associadas a cada símbolo transmitido. Na parte (a) da figura tem-se a síntese de si(t) por meio da
combinação linear de N funções-base φi(t), i = 1, 2, ..., N. Na parte (b) tem-se a regeneração dos
coeficientes que foram utilizados na síntese, por meio da correlação de si(t) com cada uma das
funções-base φi(t).

(a) (b)

A seguir temos o conjunto de expressões que permite a representação, no domínio vetorial, de sinais
originalmente considerados no domínio do tempo. Algumas destas expressões permitem que
obtenhamos, no domínio vetorial, valores de grandezas calculadas no domínio do tempo. Vejamos:

N
si (t ) = ∑ sijφ j (t )
j =1
É a expressão de síntese de uma forma de onda qualquer si(t), do conjunto
de M formas de onda, por meio da combinação linear de N funções-base
 0≤t ≤T ortonormais ponderadas pelos correspondentes coeficientes sij.

i = 1, 2,..., M
T
sij = ∫ si (t )φ j (t )dt É a expressão que, a partir do conhecimento da forma de onda que se
0

i = 1, 2,..., M deseja e das funções-base, determina os coeficientes que são capazes de


 sintetizar tal forma de onda.
 j = 1, 2,..., N
T É a expressão que define o conjunto de funções-base ortonormais. Para
∫ φi (t )φ j (t )dt = δ ij índices iguais tem-se o cálculo da energia de uma função-base, cujo valor é
0

1, i = j sempre unitário. Para índices diferentes tem-se o cálculo da correlação


= entre funções-base diferentes, cujo valor é nulo devido ao fato de tais
0, i ≠ j funções serem ortogonais entre si.
 si1  É a representação vetorial para um sinal. Em outras palavras, si é o vetor-
s  sinal que representa a forma de onda si(t). Conhecer tal vetor é tão
si =  i 2  , i = 1, 2,..., M suficiente quanto conhecer a forma de onda si(t), pois conhecendo um
 ⋮  podemos determinar o outro por meio das expressões de síntese e de
 
 siN  análise vistas anteriormente.
= siT si
2
si
N
É a expressão de cálculo da norma ao quadrado de um vetor sinal. A
= ∑ s , i = 1, 2,..., M
2
ij
norma é simplesmente o tamanho ou módulo do vetor em questão.
j =1

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Ei = ∑ j =1 sij2
N
É a expressão que diz que a energia de um símbolo si(t) pode ser calculada
T
vetorialmente pela norma ao quadrado do correspondente vetor-sinal. Tal
= ∫ si2 (t )dt energia é igual ao produto interno do vetor-sinal por ele mesmo. O produto
0
interno nada mais é do que a soma dos produtos dos coeficientes dos
= siTsi = si
2
vetores envolvidos.
T
É a expressão que permite que calculemos a correlação entre duas formas
∫0
si (t ) sk (t )dt = siT s k de onda quaisquer, no intervalo de símbolo T, por meio do produto interno
entre os correspondentes vetores-sinais.
É a expressão de cálculo da distância Euclidiana quadrática entre dois
vetores-sinais quaisquer. A distância Euclidiana é um importante
d ik2 = si − s k
2
parâmetro de análise de sistemas de comunicação. Quanto maior a
= ∑ j =1 ( sij − skj )
2
N distância Euclidiana entre os símbolos de uma sinalização qualquer, menor
a probabilidade de erro, pois maior é a energia de cada símbolo e, por
= ∫ [ si (t ) − sk (t )] dt
T 2 consequência, maior a potência média de transmissão e maior relação
0 sinal-ruído no momento da decisão (menor sobreposição entre as caldas
das densidades Gaussianas que representam o ruído).

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FIM DA AULA

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Aula nº 8 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Ortogonalização de Gram-Schmidt


Conteúdo O processo de ortogonalização de Gram-Schmidt.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) conceituar a importância do
processo de ortogonalização de Gram-Schmidt à representação de sinais no espaço
Objetivos euclidiano. 2) conceituar os princípios do método realizando paralelo com a álgebra
vetorial. 2) aplicar o processo de ortogonalização de Gram-Schmidt na solução de
exercícios.

Ortogonalização de Gram-Schmidt

Vimos na aula passada que é possível representar qualquer conjunto de M sinais de energia, {si(t)}, i =
1, 2, ..., M, usando uma combinação linear de N funções ortonormais {φj(t)}, j = 1, 2, ..., N, com N ≤
M. Mas quais seriam as funções-base do conjunto {φj(t)} capazes de sintetizar o conjunto {si(t)}? A
resposta a esta questão é dada pelo processo de ortogonalização de Gram-Schmidt, capaz de gerar o
conjunto de funções-base {φj(t)} a partir das formas de onda do conjunto {si(t)}.

O processo de Gram-Schmidt gera funções intermediárias gi(t) obtidas das formas de onda si(t) sem as
suas componentes nas “direções” de φ1(t), φ2(t), ..., φi-1(t), ou seja, encontra gi(t) ortogonal a φ1(t), φ2(t),
..., φi−1(t). Daí basta fazer φi(t) = gi(t), em seguida normalizando o resultado para que se tenha energia
unitária. Se alguma função intermediária gi(t) = 0, significa que as componentes de si(t) dependem
somente das outras funções-base φj(t), j ≠ i, ou seja, a correspondente função-base φi(t) não existe.

A figura a seguir ilustra o conceito descrito no parágrafo anterior por meio de operações com vetores.
O vetor sinal de referência é s3. Perceba que se gerarmos o vetor-sinal s3 – s31 ϕ̂1 , ou seja, se
subtrairmos de s3 a sua componente da direção de ϕ̂1 , teremos um vetor-sinal ortogonal a ϕ̂1 .
Analogamente, se gerarmos s3 – s31 ϕ̂1 – s32 ϕ̂ 2 teremos como resultado um vetor-sinal ortogonal a ϕ̂1 e
a ϕ̂ 2 , pois subtraímos de s3 as suas componentes nas direções de ϕ̂1 e de ϕ̂ 2 .

De maneira análoga, na ortogonalização de Gram-Schmidt são geradas funções intermediárias a partir


das quais são encontradas as funções-base. As expressões utilizadas pelo processo de ortogonalização
de Gram-Schmidt são:

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i −1
gi (t ) = si (t ) − ∑ j =1 sijφ j (t ) , i = 1,..., M para gerar as funções intermediárias.

T
sij = ∫ si (t )φ j (t )dt , j = 1, 2,..., i − 1 para calcular os coeficientes.
0

gi (t )
φi (t ) = T
, i = 1, 2,..., N para gerar as funções-base normalizando as funções intermediárias.

2
g (t )dt
i
0

Deve-se encontrar o conjunto {gi(t)} para todo o conjunto {si(t)}. Sabendo que N ≤ M, teremos N = M
se {si(t)} é um conjunto de sinais linearmente independentes (quando não é possível expressar um sinal
em função de nenhum dos demais). Teremos N < M se {si(t)} não é linearmente independente.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exemplo – Vamos aprender como aplicar o processo de Gram-Schmidt por meio de um exercício.
Tendo como referência a figura abaixo, resolva o que se pede em seguida. Na solução de um exercício
como este é recomendável fazermos rascunhos que nos permitam determinar graficamente os
resultados de operações intermediárias com as funções sob análise. Este procedimento facilita a
visualização dos resultados e reduz as chances de erro.

s1(t) s2(t) s3(t) s4(t)


1 1 1

0 2 t 0 2 3 t 0 1 2 t 0 3
t

-1 -1 -1

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

a) Usando o procedimento de ortogonalização de Gram-Schmidt determine as funções-base


ortonormais das formas de onda dadas, partindo da forma de onda s1(t) como geradora da função-
base φ1(t).
 1
s1 (t ) 2 1  , 0≤t≤2
φ1 (t ) = ∴ E1 = ∫ 1dt = 2 ⇒ φ1 (t ) = s1 (t ) =  2
E1 0 2 0 fora

2 2 1 2
g 2 (t ) = s2 (t ) − s21φ1 (t ) ∴ s21 = ∫ s2 (t )φ1 (t )dt = ∫ dt ⇒ s21 = = 2
0 0
2 2

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−1, 2 ≤ t ≤ 3
Então g 2 (t ) = s2 (t ) − 2φ1 (t ) = 
 0 fora

g 2 (t ) 3  −1, 2 ≤ t ≤ 3
Logo φ2 (t ) = ∴ Eg 2 = ∫ 1dt = 1 ⇒φ2 (t ) = g 2 (t ) = 
Eg 2 2
 0 fora

2
g3 (t ) = s3 (t ) − s31φ1 (t ) − s32φ2 (t ) ∴ s31 = ∫ s3 (t )φ1 (t )dt ⇒ s31 = 0 e s32 = ∫ s3 (t )φ2 (t )dt ⇒ s32 = 0
0

Então
 1 2, 0 ≤ t <1
s3 (t ) 1 2 s ( t ) 
g 3 (t ) = s3 (t ) ⇒ φ3 (t ) = ∴ E3 = ∫ s32 (t )dt + ∫ s32 (t )dt = 2 ⇒ φ3 (t ) = 3 =  −1 2 , 1 ≤ t ≤ 2
0 1
E3 2 
0 fora

2
g 4 (t ) = s4 (t ) − s41φ1 (t ) − s42φ2 (t ) − s43φ3 (t ) ∴ s41 = ∫ s4 (t )φ1 (t )dt ⇒ s41 = − 2
0

3 2
s42 = ∫ s4 (t )φ2 (t )dt ⇒ s42 = 1 e s43 = ∫ s4 (t )φ3 (t )dt ⇒ s43 = 0
2 0

Então g 4 (t ) = s4 (t ) + 2φ1 (t ) − φ2 (t ) = 0 e a expansão segundo o procedimento de ortogonalização de


Gram-Schmidt pára por aqui. Logo teremos três bases ortonormais anteriormente identificadas como
φ1 (t ), φ2 (t ) e φ3 (t ) .

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

b) Esboce as funções-base ortonormais encontradas no item “a”.

φ1(t) φ2(t) φ3(t)


1 1
2 2

0 2 t 0 2 3 t 0 1 2 t
1

-1 2

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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c) Desenhe a representação geométrica do conjunto de formas de onda como pontos no espaço de


sinais N-dimensional. Em outras palavras, desenhe a constelação para a sinalização proposta.

Inicialmente precisamos encontrar os coeficientes sij, i = 1, 2, ..., M; j = 1, 2, ..., N, para M = 4 e N = 3:

s11 = E1 = 2 s23 = ∫ s2 (t )φ3 (t )dt = 0

s12 = ∫ s1 (t )φ2 (t )dt = 0 Do item “a”: s31 = 0 e s32 = 0

2
s13 = ∫ s1 (t )φ3 (t )dt = 0 s33 = ∫ s3 (t )φ3 (t )dt = 2
0

Do item “a”: s21 = 2 Também do item “a”: s41 = − 2 , s42 = 1 e s43 = 0

3
s22 = ∫ s2 (t )φ2 (t )dt = 1
2

Logo teremos a constelação mostrada na figura a seguir.

φ2
s4 1
s2

φ1
s1
− 2 0 2
s3
2

φ3
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

d) Responda: o conjunto de formas de onda em questão forma um conjunto linearmente


independente? Justifique sua resposta.

Não, pois o número de funções-base ortonormais, N, é menor que o número de símbolos (formas
de onda), M.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exercícios complementares

1) Calcule a energia dos sinais {si(t)} a partir do espaço de sinais e compare com os cálculos realizados
no domínio do tempo.

2) Faça também a comparação entre os cálculos das correlações entre os sinais {si(t)} no tempo e no
domínio vetorial.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FIM DA AULA

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Aula nº 9 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Receptor genérico para M símbolos
Estatísticas dos sinais de saída do banco de correlatores. Modelo vetorial para o canal
Conteúdo AWGN. Receptor genérico com decisão de máxima verossimilhança sobre M
símbolos. Exercícios de fixação.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) conceituar a influência do ruído
nas variáveis de decisão. 2) conceituar o modelo vetorial do canal AWGN e sua
Objetivos importância em simulações. 3) explicar o funcionamento do receptor genérico para
sinalização com M símbolos. 4) realizar simplificações na estrutura do receptor
genérico em função da sinalização específica desejada.

Influência do ruído nos coeficientes obtidos no processo de análise

O diagrama de blocos a seguir integra os blocos de síntese e de análise de uma forma de onda qualquer
si(t), vistos em aulas anteriores, a um conjunto de blocos que torna a figura representativa de um
sistema de comunicação completo. Os bits de informação gerados pela fonte são convertidos da forma
serial para a forma paralela por meio do bloco S/P. O número de saídas do conversor S/P é k = log2M e
estas saídas serão responsáveis, no bloco seguinte, por determinar qual o conjunto de N coeficientes
que gerarão a forma de onda que representará cada símbolo de k bits da fonte. Este mapeamento de
cada grupo de k bits em um conjunto de N coeficientes é realizado pelo bloco “conversor bit
coeficiente”. A combinação linear feita pelos blocos de síntese gera então a forma de onda desejada.

No diagrama em questão temos a presença do ruído branco w(t) que faz com que as saídas do banco de
correlatores gerem os coeficientes sij contaminados. Esta contaminação gera as variáveis a partir das
quais o bloco de decisão e mapeamento símbolo bit gerará a estimativa dos bits transmitidos. A
estas variáveis damos o nome de variáveis de decisão, por razões obvias.

Como cada uma das variáveis de decisão é composta por uma parcela de sinal e por uma parcela de
ruído, vamos determinar cada uma destas parcelas e, depois, determinar as variáveis de decisão. Na
ausência de ruído, as saídas do banco de correlatores serão os próprios coeficientes sij, i = 1, 2, ..., M e j
= 1, 2, ..., N. Na ausência de sinal, as saídas dos correlatores terão valores aleatórios gerados em
função do ruído w(t) e, por esta razão, daremos o nome a elas de wj. Então teremos

xj = sij + wj

Perceba que quando aplicamos o ruído à entrada do banco de correlatores, na verdade estamos
aplicando um processo aleatório Gaussiano na entrada de um conjunto de sistemas lineares. Então, dos
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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

conceitos de processos aleatórios, sabemos que a densidade de probabilidade do processo de saída


destes sistemas lineares será também Gaussiana. Então, como w(t) tem média nula, podemos dizer que
wj é uma variável aleatória Gaussiana de média nula e de variância desconhecida, ao menos por hora.
Sendo assim, quando adicionamos wj a sij formamos outra variável aleatória também Gaussiana, porém
com média sij.

Pode-se mostrar que a variância do ruído wj é igual a N0/2. Como wj tem média nula, este valor
corresponde à potência média de ruído que afeta cada variável de decisão. Lembrando, N0/2 é também
a densidade espectral de potência (DEP) do ruído w(t), ou seja, é a DEP do ruído do canal.

Em síntese, cada variável de decisão xj é uma variável aleatória Gaussiana de média sij e de variância
σ2 = N0/2.

Modelo vetorial para o canal AWGN

Em situações reais, quando da concepção, desenvolvimento e implementação de um sistema de


comunicação, é frequente a utilização de simulação na maior parte das etapas. Com a simulação
conseguimos rastrear erros de concepção ou de projeto e também podemos avaliar o desempenho do
sistema antes que o mesmo seja implementado, economizando tempo e recursos financeiros.

Neste contexto, vamos supor que queremos simular o sistema de comunicação apresentado na figura
anterior. Observe que teríamos que gerar por computador literalmente todas as funções e formas de
onda que constam do diagrama em questão. Isto representaria um grande trabalho de implementação
da simulação e, além disto, representaria um grande esforço computacional da ferramenta de software
utilizada, seja ela matemática (ex: Mathcad e Matlab) ou de blocos funcionais (ex: VisSim/Comm).
Outro problema seria a frequência de amostragem necessária para representar corretamente cada uma
das formas de onda geradas: como exemplo, suponha que quiséssemos simular um sistema de
comunicação operando com uma portadora de 10 GHz. Segundo o Teorema da Amostragem de
Nyquist, a mínima taxa de amostragem seria de 20×109 amostras/segundo, o que seria impossível
mesmo para o mais rápido computador existente hoje.

Felizmente, o estudo que estamos fazendo permite que identifiquemos uma maneira inteligente de
realizar a simulação em questão sem a necessidade de gerar sequer uma única forma de onda. Para
entender este conceito, observe que no processo de transmissão temos um conjunto de coeficientes, os
quais podemos agrupar em um vetor de coeficientes, o nosso conhecido vetor-sinal si = [si1 si2 ... siN]T.
Perceba também que as variáveis de decisão na saída do banco de correlatores nada mais são que a
soma de cada coeficiente com um valor aleatório, Gaussiano, de média zero e de variância N0/2. Ao
conjunto destes valores aleatórios podemos dar o nome de vetor-ruído w = [w1 w2 ... wN]T, ou seja, o
vetor de variáveis de decisão vale x = si + w. À implementação, em simulação, seguindo estas
simplificações damos o nome de modelo vetorial para o canal AWGN. A figura a seguir ilustra estes
conceitos.

Perceba que não há mais formas de onda no processo. Basta que geremos os vetores-sinal, de acordo
com os bits que cada um representa e adicionemos o vetor-ruído. Como resultado iremos obter os
mesmos valores das variáveis de decisão que iríamos obter se tivéssemos o sistema implementado no
modelo contínuo, via formas de onda e demais blocos do sistema.

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Como exemplo, veja a seguir o vetor-sinal s1, por exemplo (que representaria, também por exemplo, os
bits “1 0”), uma possível realização do vetor-ruído w e o vetor de variáveis de decisão x resultante:

Na representação de sinais no espaço Euclidiano temos pontos, chamados vetores-sinal, que dão
origem ao nome constelação. Portanto, constelação é a representação do conjunto de símbolos {si(t)},
i = 1, 2, ..., M, por um conjunto de M pontos no espaço N-dimensional, N ≤ M, pontos estes associados
aos vetores-sinal do conjunto {si}.

A figura a seguir ilustra a representação de um único símbolo de uma constelação tridimensional e a


influência do ruído. Nela o vetor x difere do vetor si devido ao vetor de ruído w. O vetor w é a porção
do ruído w(t) que interfere na decisão. O restante da “nuvem” de ruído é bloqueado pelos correlatores.

Podemos interpretar cada um dos correlatores como um sistema linear que tem certo efeito de
filtragem. Sendo assim, a potência de ruído na saída da cada correlator será menor que a potência de
ruído de entrada. Em outras palavras, somente o ruído que “passa” pelos correlatores terá influência no
processo de decisão; o restante é bloqueado pelo banco de correlatores. A figura a seguir ilustra este
conceito, em termos apenas didáticos. Nela, |H(f)| não corresponde a uma resposta em frequência real,
apenas representando o efeito de filtragem realizado por um dos correlatores.

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Já a figura a seguir corresponde a uma representação mais próxima do que realmente ocorre na prática.
Nela o sinal transmitido, correspondente a uma sinalização quaternária bidimensional, é representado
pelo espaço de sinais mais à esquerda. Após a adição do ruído teremos o espaço de sinais
intermediário. O processamento realizado pelo banco de correlatores faz com que a intensidade de
ruído nas variáveis de decisão (saída do banco de correlatores) seja reduzida. Note que, para o exemplo
ilustrado, a probabilidade de erro de símbolo seria nula, pois não há sobreposição das “nuvens”
Gaussianas localizadas em torno de cada vetor-sinal.

Receptor genérico com decisão de máxima verossimilhança

O critério de decisão de máxima verossimilhança (MV), o qual minimiza a probabilidade de erro de


símbolo quando estes são equiprováveis, diz:

Decida pelo ponto da constelação mais próximo do vetor (ponto) recebido, em termos de distância
euclidiana, ou seja, o ponto que minimiza || x – sk ||.

Este receptor se aplica apenas quando os símbolos são equiprováveis. Quando não são equiprováveis,
este critério não será ótimo e deverá ser adotado o critério do máximo a posteriori (MAP) para o
projeto de outro receptor.

As regiões de decisão de cada símbolo são limitadas por planos no espaço N-dimensional. Ao conjunto
destas regiões dá-se o nome de diagrama de Voronoi (http://en.wikipedia.org/wiki/Voronoi_diagram).
Veja ilustração a seguir para M = 4, N = 2 e símbolos equiprováveis com energia E. As regiões de
decisão Zi, i = 1, 2, ..., M estão limitadas pelas linhas tracejadas. Neste exemplo, suponha que foi
transmitido o símbolo 4. Como o vetor observado está mais próximo do vetor correspondente ao
símbolo 3, o receptor irá decidir pelo símbolo 3 e, portanto, cometerá erro. Não haverá erro de decisão
© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 59
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se o vetor observado x se mantiver na região de decisão do símbolo transmitido, pois somente nesta
situação a sua distância euclidiana com relação ao símbolo realmente transmitido será menor.

O receptor que realiza a decisão segundo este critério é chamado de receptor de máxima
verossimilhança e é mostrado na figura a seguir. Nele o bloco decodificador foi inserido após o banco
de correlatores para completar a estrutura do receptor analisado até este momento. Este bloco permite
que o critério de máxima verossimilhança seja implementado, ou seja, é ele quem determina o símbolo
mais próximo do símbolo recebido, em termos de distância Euclidiana. A composição deste
decodificador é resultado de um desenvolvimento matemático que parte do critério de decisão adotado.
Para mais detalhes sobre esta dedução, recomenda-se consultar a Seção 5.8 do livro texto.

Podemos notar que o conjunto de blocos que compõem o decodificador nada mais faz além de realizar
a correlação entre o sinal recebido e todos os possíveis símbolos, porém no domínio vetorial. A
“conversão” do sinal recebido no domínio contínuo para o domínio vetorial é realizada pelo bloco
detector. Perceba que se trata de uma implementação intuitivamente satisfatória: o receptor decidirá
pelo símbolo que apresentar maior correlação, ou “similaridade”, com o sinal recebido.

Como exemplo, suponha que a 4ª dentre as M entradas do bloco “select largest” do receptor genérico
tenha o maior valor. Isto significa que a decisão será tomada em favor do símbolo 4. Em outras
palavras, é o símbolo s4 que está mais próximo do vetor recebido x em termos de distância Euclidiana.

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Vale registrar que este receptor se presta à decisão de máxima verossimilhança em sistemas de
comunicação com qualquer tipo de sinalização e com qualquer número de símbolos, em canal
AWGN. Para símbolos equiprováveis, este receptor minimiza a probabilidade de erro de símbolo
e, portanto, é ótimo neste sentido. Dependendo da sinalização específica que se queira
implementar, basta simplificar o diagrama de blocos genérico. Alguns exercícios resolvidos mais
adiante mostrarão alguns exemplos do processo de simplificação.

Em caráter complementar, no contexto de estimação de sinais na presença de ruído alguns termos


usuais e suas definições são listados a seguir:

• Detecção: responsável pela “extração” do sinal em meio ao ruído em termos, por exemplo, de
aumento na relação sinal-ruído no instante de decisão. Gera, portanto, a variável de decisão.
• Decisão: responsável por determinar em que região de decisão se encontra a variável de
decisão (vetor observado x).
• Decodificação: mapeamento da região de decisão escolhida no símbolo ou conjunto de bits
correspondente.

A decisão e a decodificação são às vezes sinônimas, situação que ocorre quando ambas as
tarefas são realizadas de uma só vez ou por um único dispositivo.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exercícios de fixação

1) As figuras a seguir apresentam os diagramas do detector e do decodificador de máxima


verossimilhança genéricos para um sistema de comunicação digital em um canal AWGN e também o
diagrama correspondente à simplificação destes diagramas genéricos para a uma sinalização com
símbolos equiprováveis dados por si (t ) = 2 / T cos ( 2π ft + θi ) , i = 1, 2 , onde T é a duração de um símbolo,
θ1 = 0, θ2 = π e f é a frequência de portadora com valor múltiplo inteiro de 1/T.

φ 1 (t)

φ 2 (t)

φ N (t) D e te cto r D e co d ifica do r

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Pede-se:

a) Determine o valor de E, a energia dos sinais s1(t) e s2(t).

T T 2 T
E = E1 = E2 = ∫ s12 (t )dt = ∫ s22 (t )dt = ∫ cos2 (2π ft + θ1 )dt
0 0 T 0

2 1 2 T1 1 T
[1 + cos(4π ft + 2θ1 )] dt = ∫0 dt + ∫0 cos(4π ft + 2θ1 )dt
T
=
T ∫
0 2 T 2 T

Como f tem valor múltiplo inteiro de 1/T, a integral da direita abarca um número inteiro de
períodos do sinal co-senoidal de frequência 2f. Portanto essa integral é nula.
2 T 1 12
Então E =
T ∫
0 2
dt =
2T
T ⇒ E = 1 Joule.

b) Justifique todas as simplificações que foram realizadas nos diagramas genéricos de maneira a
transformá-los no diagrama simplificado. Obs: fique também atento para as simplificações que
puderam ser obtidas nos blocos de cálculo do produto interno e nos somadores do decodificador.

Na parte do detector teremos apenas um correlator, já que N = 1.

Com relação ao decodificador podemos tecer as seguintes justificativas:


1) Teremos aparentemente dois ramos, já que M = 2;
2) Tem-se que s1 = [ E ], s2 = [ − E ], x = [ x1 ] . Note que os produtos internos x T s1 e x T s2 se
resumirão a x1 E ou − x1 E . Então, os valores nas duas saídas dos blocos de cálculo do
produto interno se alternam entre ( x1 E , − x1 E ) e ( − x1 E , x1 E ), respectivamente
quando da transmissão de s1 e s2. Portanto, basta a observação de uma dessas saídas para a
tomada de decisão (os dois ramos iniciais agora se resumem em um único).
3) As multiplicações por E não são necessárias, pois afetarão igualmente a decisão; e se os
símbolos têm a mesma energia, os somadores de cada um dos ramos também não são
necessários.
4) Então basta comparar a magnitude de x1 com zero: se x1 > 0 decida pelo símbolo m1 ; se x1
< 0 decida por m2 ; decida arbitrariamente se x1 = 0.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

2) No contexto da representação geométrica de sinais em um espaço N-dimensional, interprete as


expressões:

T
s 2 (t )dt = ∑ j =1 s 2j = s
N

2
a)
0

A energia de um sinal s(t) num intervalo de T segundos pode ser determinada de forma
T
convencional, pela integral ∫0
s 2 (t )dt , ou de forma vetorial, pelo produto interno do

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

correspondente vetor-sinal por ele mesmo: sTs = ∑ j =1 s 2j , o que corresponde à norma ao


N


N
s 2j = s .
2
quadrado desse vetor sinal: j =1

T
b) ∫
0
s(t )u(t )dt = sT u

Esta expressão apresenta-se como um caso geral da expressão do item “a”: a integral do
produto de duas funções num intervalo de T segundos, que corresponde à correlação entre esses
sinais no intervalo considerado, pode ser calculada de forma vetorial pelo produto interno entre
T
os correspondentes vetores-sinais, ou seja: ∫
0
s(t )u(t )dt = sT u .

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

3) Qual a aplicação do método de ortogonalização de Gram-Schmidt?

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

4) Comente sobre a utilidade do método de ortogonalização de Gram-Schmidt quando as formas de


onda si(t) correspondentes aos símbolos são linearmente independentes entre si, i = 1, 2, ..., M.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
5) Em que condições a variância das amostras da componente de ruído nas saídas dos correlatores de
um receptor genérico (M qualquer) de um sistema de comunicação digital em banda-base vale N0/2?

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

6) Interprete e explique a equivalência entre os modelos contínuo e vetorial para o canal AWGN,
conforme ilustra a figura a seguir.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

∫ [ s( t ) − u (t ) ]
T
dt = s − u
2 2
7) Mostre que e interprete o que está sendo calculado por esta expressão.
0

Dado: a − b = a − 2a T b + b .
2 2 2

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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8) A figura a seguir mostra uma estrutura proposta para ser o receptor de um sistema de comunicação
digital em banda-base que utiliza sinalização com M = 2 símbolos representados por M = 2 formas de
onda si(t), i = 1 ou 2, de duração T e ortogonais entre si nesse intervalo. O sinal recebido x(t) = si(t) +
w(t) é correlacionado com 2 funções base φi(t), i = 1 e 2 e a decisão é tomada comparando-se o valor
da diferença entre as amostras dos sinais de saída dos correlatores com o limiar de decisão. As funções
φi(t) são versões escalonadas de si(t) tal que sua energia Ei seja unitária, ou seja φi(t) = si(t)/(Ei1/2). O
ruído w(t) possui densidade espectral de potência de N0/2 W/Hz. Os valores x1 e x2 são amostras das
variáveis aleatórias Xi = µXi + Wi, onde Wi são as variáveis aleatórias correspondentes às amostras da
componente de ruído na saída dos correlatores. Portanto, as variáveis aleatórias Xi têm distribuição
gaussiana com médias µXi que dependem da energia de cada forma de onda transmitida e variâncias
idênticas σ2 que dependem da intensidade do ruído na entrada do receptor.

Com relação a essa questão, marque V para verdadeiro e F para falso:

( ) O receptor em questão pode ser considerado ótimo do ponto de vista de minimização da


probabilidade de erro de símbolo;
( ) No receptor, se cada uma das funções-base for multiplicada por uma constante igual a 2, a
variância de ruído das amostras de saída dos correlatores será multiplicada por 4;
( ) O receptor em questão pode ser considerado ótimo do ponto de vista de minimização da
probabilidade de erro de bit e de símbolo;
( ) No receptor, se cada uma das funções-base for multiplicada por uma constante igual a 4, a
variância de ruído das amostras de saída dos correlatores será multiplicada por 4;
( ) No receptor, se cada uma das funções-base for multiplicada por uma constante igual a 3, haverá
alteração na taxa de erro de símbolo;
( ) Conhecidas as 2 formas de onda correspondentes aos 2 símbolos transmitidos, é possível utilizar o
processo de Ortogonalização de Gram-Schmidt para que sejam encontradas as funções-base
ortonormais;
( ) Não é necessário utilizar o processo de Ortogonalização de Gram-Schmidt para que sejam
encontradas as funções-base ortonormais, pois os símbolos são linearmente independentes;
( ) Percebe-se que no receptor não existem blocos para cálculo do produto interno e para a subtração
da energia média de cada símbolo, como prevê a estrutura genérica do receptor ótimo. Se tais blocos
forem adicionados o desempenho do sistema será afetado;
( ) Pode-se afirmar que o receptor em questão efetuará a decisão de máxima verossimilhança sobre os
símbolos transmitidos, desde que estes sejam equiprováveis;
( ) Pode-se afirmar que o receptor em questão efetuará uma decisão de máximo a posteriori sobre os
símbolos transmitidos, desde que estes não sejam equiprováveis;
( ) Pode-se afirmar que o receptor em questão efetuará uma decisão sobre os símbolos transmitidos de
acordo com o critério MAP, desde que tais símbolos sejam equiprováveis;

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9) A figura a seguir mostra uma estrutura proposta para ser o receptor de máxima verossimilhança de
um sistema de comunicação digital em banda-base que utiliza sinalização com M símbolos
representados por M formas de onda si(t), i = 1, 2, ..., M de duração T e ortogonais entre si nesse
intervalo. O sinal recebido x(t) = si(t) + w(t) é correlacionado com M funções base φi(t), i = 1, 2, ..., M
e a decisão e tomada em favor daquele símbolo que corresponder ao maior dos valores das amostras
nas saídas dos correlatores. As funções φi(t) são versões escalonadas de si(t) tal que sua energia Ei seja
unitária, ou seja, φi(t) = si(t)/(Ei1/2). O ruído w(t) possui densidade espectral de potência de N0/2 W/Hz.
Os valores x1, x2,... xM, são amostras das variáveis aleatórias Xi = µXi + Wi, onde Wi são as variáveis
aleatórias correspondentes às amostras da componente de ruído na saída dos correlatores. Portanto as
variáveis aleatórias Xi têm distribuição gaussiana com médias µXi que dependem da energia de cada
forma de onda transmitida e variâncias idênticas σ 2 que dependem da intensidade do ruído na entrada
do receptor.
x1

φ 1(t)
x2

φ 2(t)

xM

φM(t)

Com relação a essa questão, marque V para verdadeiro e F para falso:


( ) O receptor em questão pode ser considerado ótimo do ponto de vista de minimização da
probabilidade de erro de símbolo;
( ) No receptor, se cada uma das funções-base for multiplicada por uma constante igual a 2, a
variância de ruído das amostras de saída dos correlatores será multiplicada por 2;
( ) O receptor em questão pode ser considerado ótimo do ponto de vista de minimização da
probabilidade de erro de bit e de símbolo;
( ) No receptor, se cada uma das funções-base for multiplicada por uma constante igual a 4, a
variância de ruído das amostras de saída dos correlatores será multiplicada por 16;
( ) No receptor, se cada uma das funções-base for multiplicada por uma constante igual a 3, haverá
alteração na taxa de erro de símbolo;
( ) Conhecidas as M formas de onda correspondentes aos M símbolos, é possível utilizar o processo de
Ortogonalização de Gram-Schmidt para que sejam encontradas as funções-base ortonormais;
( ) Não é necessário utilizar o processo de Ortogonalização de Gram-Schmidt para que sejam
encontradas as funções-base ortonormais;
( ) Percebe-se que no receptor não existem blocos para cálculo do produto interno e para a subtração
da energia média de cada símbolo, como prevê a estrutura genérica do receptor ótimo. Entretanto, se
tais blocos forem adicionados o desempenho do sistema não será afetado;
( ) Pode-se afirmar que o receptor em questão efetuará a decisão de máxima verossimilhança sobre os
símbolos transmitidos, desde que estes sejam equiprováveis;
( ) Pode-se afirmar que o receptor em questão efetuará uma decisão de máximo a posteriori sobre os
símbolos transmitidos, desde que estes não sejam equiprováveis;
( ) Pode-se afirmar que o receptor em questão efetuará uma decisão de máximo a posteriori sobre os
símbolos transmitidos, desde que estes sejam equiprováveis;
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10) Esboce e representação no espaço de sinais para os símbolos a seguir. Calcule a probabilidade de
erro de bit para os dois casos, sabendo que N0 = 10–10 W/Hz, A = 1 mV e Rb = 1 kbit/s.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

11) Analisando o exercício anterior, responda: uma determinada constelação (espaço de sinais) pode
representar diferentes conjuntos de formas de onda e até mesmo estar associada a diferentes funções-
base?

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

12) Calcule a energia média por símbolo, E, e por bit, Eb, para a constelação a seguir, sabendo que os
símbolos são equiprováveis e que a taxa de bits é de 1 kbit/s. Determine também a potência média de
transmissão.

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FIM DA AULA

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Aula nº 10 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Invariância da Pe com rotação e translação
Invariância da probabilidade de erro de símbolo com rotação ou translação da
Conteúdo constelação. Constelações de energia média mínima por símbolo. Translação para a
situação de energia mínima.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) conceituar as propriedades de
invariância da probabilidade de erro de símbolo com rotação ou com translação da
Objetivos constelação. 2) realizar cálculos envolvendo as operações de rotação e de translação.
3) interpretar o conceito de constelação de energia mínima e realizar cálculos para
translação de uma constelação qualquer para a situação de energia mínima.

Invariância da probabilidade de erro de símbolo com rotação ou translação da constelação

A propriedade de invariância da probabilidade de erro de símbolo com rotação ou translação da


constelação diz que mudanças na origem ou na orientação da constelação no espaço de sinais não
afetam a probabilidade de erro de símbolo Pe. Isto ocorre porque Pe depende da distância euclidiana
relativa entre os símbolos da constelação e do ruído aditivo que, por ser esfericamente simétrico, afeta
da mesma maneira um símbolo, não importando onde ele esteja localizado no espaço de sinais.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exemplo: observe as constelações dadas na figura a seguir. Em “a” temos a constelação original, em
“b” temos uma translação da constelação original e em “c” temos uma rotação da constelação original.
Em todos os casos as distâncias Euclidianas relativas não foram alteradas e, portanto, podemos afirmar
que a probabilidade de erro de símbolo é a mesma nos três casos.

a) original b) translação c) rotação

A seguir temos as mesmas constelações consideradas no exemplo em questão, agora ilustrando a


influência do ruído, que será a mesma independente se estamos nos referindo à constelação original, à
constelação transladada ou à constelação rotacionada.

a) original b) translação c) rotação

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

A operação de rotação de uma constelação é realizada pela multiplicação de cada vetor-sinal por uma
matriz Q de ordem N×N, ou seja:
sirot = Qsi

A matriz Q é chamada de matriz ortonormal, ou seja, QQT = I, onde I é uma matriz identidade. Esta
operação referente à ortonormalização de Q é bastante útil para solucionarmos problemas ou mesmo
quando queremos verificar se uma matriz Q que obtivemos em um problema tem valores coerentes.
Note ainda que Q−1 = QT, ou seja, a matriz inversa de Q é a sua versão transposta.

A operação de translação de uma constelação é realizada pela soma ou subtração de cada vetor-sinal de
um vetor a com o mesmo número de elementos, ou seja:

sitrans = si − a

Constelações de energia mínima

Constelações transladadas muitas vezes são geradas por imposição do sistema de comunicação, mas há
casos em que a translação não é desejada se queremos optar pela menor potência média de
transmissão. Vejamos este conceito por meio de um exemplo.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exemplo: Consideremos as constelações dadas na figura a seguir, onde a constelação “b” corresponde
a uma translação da constelação “a”.

a) original b) translação

Vamos calcular a energia média por símbolo em ambos os casos, considerando símbolos
equiprováveis:

Constelação “a”
M
1 4 1 2
E = ∑ pi Ei = ∑ Ei = × 4 × [2 2] ×   = 8 Joules
i =1 4 i =1 4 2

Constelação “b”
M
1 4 1 3  −1  −1  3 
E = ∑ pi Ei = ∑ Ei = [3 3] ×   + [−1 3] ×   + [−1 −1] ×   + [3 −1] ×    = 10 Joules
i =1 4 i =1 4 3 3  −1  −1 

Observe que as constelações têm energias médias por símbolo diferentes, embora apresentem a mesma
probabilidade de erro de símbolo. Em outras palavras, para que a constelação “b” opere com
probabilidade de erro de símbolo igual à da constelação “a”, ela necessitará 10log(10/8) = 0,97 dB a
mais de energia média por símbolo. Isto corresponderá a 0,97 dB a mais de potência média de
transmissão, pois sabemos que energia e potência seguem a mesma proporção.

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 68


EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Vejamos outro exemplo, agora envolvendo duas sinalizações binárias unidimensionais. A figura a
seguir mostra a constelação da sinalização bipolar (a) e da sinalização unipolar (b). Pelo fato das
distâncias Euclidianas terem sido mantidas de a para b, podemos afirmar que a probabilidade de erro
de símbolo Pe será a mesma nos dois casos. Entretanto, a energia média por símbolo na constelação b é
maior (comprove esta afirmação como exercício).

Numa primeira análise diríamos que então não vale a pena utilizar a constelação b. Mas suponha que
temos um sistema de comunicação via fibra óptica. Como não há luz com intensidade negativa, somos
obrigados a utilizar uma sinalização unipolar e, neste caso, teremos que conviver com a necessidade de
maior potência média. Em resumo, quem ditará que constelação utilizar será o meio de comunicação.

Em casos em que não há esta imposição do meio de comunicação na escolha da constelação, pode-se
desejar transladá-la para a situação de energia mínima, ou seja, para a situação em que a potência
média de transmissão seja a mínima possível. Esta translação é realizada subtraindo-se de cada
coordenada de um vetor-sinal o valor médio das correspondentes coordenadas de todos os símbolos.

Matematicamente podemos escrever: dada uma constelação com o conjunto de símbolos {si}, i = 1, 2,
..., M, a constelação correspondente, com energia mínima, é obtida subtraindo-se de cada vetor-sinal si
o vetor E[s] definido por:

M
E [s] = ∑ si pi
i =1

onde pi é a probabilidade de envio do símbolo mi. Assim teremos o vetor transladado:

si' = si − E [s]

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exemplo: vamos transladar para a situação de energia mínima a constelação “b” do referente à
sinalização quaternária considerando: a) símbolos equiprováveis; b) símbolos com probabilidades a
priori p1 = 0.2, p2 = 0.3, p3 = 0.1 e p4 = 0.4. Em cada caso vamos calcular a energia média da
constelação para compararmos os resultados. A constelação em questão é reapresentada a seguir para
facilitar.

Solução a: símbolos equiprováveis.

M
1  3  −1  −1  3   1
Primeiro vamos calcular o vetor E[s] = ∑ si pi =  + + + =
i =1 4  3  3   −1  −1  1

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Perceba que, de fato, a constelação em questão tem valor médio igual a 1 para as coordenadas das duas
dimensões. Então teremos os vetores-sinal transladados para a situação de energia mínima:

3 1  2   −1 1  −2 


s1’ = s1 – E[s] =   −   =   s2’ = s2 – E[s] =   −   =  
3 1  2   3  1  2 

 −1 1  −2   3  1  2 


s3’ = s3 – E[s] =   −   =   s4’ = s4 – E[s] =   −   =  
 −1 1  −2   −1 1  −2 

E a constelação resultante será aquela apresentada a seguir, para a qual a energia média, já calculada
no exemplo anterior, vale E = 8 Joules.

Solução b: p1 = 0.2, p2 = 0.3, p3 = 0.1 e p4 = 0.4

Para estas probabilidades a priori a energia média por símbolo será:

M
E = ∑ pi Ei
i =1

3  −1  −1 3


= 0.2 × [3 3] ×   + 0.3 × [−1 3] ×   + 0.1 × [ −1 −1] ×   + 0.4 × [3 −1] ×   = 10.8 Joules
3 3  −1  −1

Calculando o vetor E[s] para as probabilidades a priori dadas, teremos:

M
3  −1  −1 3 1.4 
E[s] = ∑ si pi =   × 0.2 +   × 0.3 +   × 0.1 +   × 0.4 =  
i =1 3 3  −1  −1 1

Neste caso a constelação em questão tem valor médio igual a 1.4 para as coordenadas na dimensão
horizontal e 1 na dimensão vertical. Então teremos os seguintes vetores-sinal transladados para a
situação de energia mínima:

3 1.4  1.6  −1 1.4   −2.4 


s1’ = s1 – E[s] =   −   =   s2’ = s2 – E[s] =   −   =  
3  1   2  3  1   2 

 −1 1.4   −2.4   3  1.4  1.6


s3’ = s3 – E[s] =   −   =   s4’ = s4 – E[s] =   −   =  
 −1  1   −2   −1  1   −2 

E a constelação resultante será:

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Perceba que a constelação transladada para a situação de energia mínima não necessariamente fica
disposta simetricamente em relação à origem do sistema de coordenadas Euclidiano. Isto ocorre
porque o processo de translação move para um ponto mais próximo da origem aqueles símbolos que
têm mais peso na energia média por símbolo da constelação. No exemplo em questão, veja que o
símbolo s4 foi aproximado da origem por ter grande energia e elevada probabilidade a priori. Por fim
vamos calcular a energia média por símbolo da constelação na situação de energia mínima:

M
1.6   −2.4 
E ' = ∑ pi Ei ' = 0.2 × [1.6 2] ×   + 0.3 × [−2.4 2] ×  
i =1 2  2 
 −2.4  1.6
+0.1 × [ −2.4 −2] ×   + 0.4 × [1.6 − 2] ×  −2  = 7.84 Joules
 −2   

Comparando E = 10.8 Joules com E’ = 7.84 Joules, verifique a redução de 10log10(10.8/7.84) = 1,39
dB na energia média por símbolo obtida com o processo de translação para a situação de energia
mínima. Este valor de 1,39 dB seria correspondente à redução na potência média de transmissão do
situação original para a situação de constelação transladada para energia mínima.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A invariância da probabilidade de erro de símbolo com a rotação e a translação da constelação


tem grande aplicação na análise teórica do desempenho de sistemas de comunicação digital. A
idéia é simples: há muitos casos em que a análise matemática da probabilidade de erro de
símbolo é drasticamente simplificada apenas rotacionando-se, transladando-se ou fazendo ambas
as operações na constelação original sob análise, ou em parte dela.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exercícios de fixação

1 – Comprove o princípio da invariância da Pe com a translação por meio das sinalizações NRZ
bipolar {± A/2} e unipolar {+A, 0}. Comente sobre a potência de transmissão nos dois casos.

Solução

Observando as figuras a seguir constatamos que as distâncias Euclidianas são as mesmas, o que
nos leva a afirmar que as probabilidades de erro de símbolo serão idênticas.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
2 – Para a constelação a seguir, pede-se a) determine a constelação de mínima energia, admitindo
símbolos equiprováveis; b) comente sobre a probabilidade de erro de símbolo e a potência média de
transmissão para a constelação original e para a constelação transladada.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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3 – Determine a matriz Q responsável pela rotação da constelação (a) para a constelação (b) ilustrada
em seguida. Dica: usar as relações si’ = Qsi e QQT = I para obter um sistema de equações.

 1
− 1

Resposta: Q = 
2 2
1 1

 2 2 

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
4 – O cálculo exato da probabilidade de erro de símbolo para a
constelação ao lado parece ser razoavelmente complexo, tanto pela
dificuldade de determinação das áreas de integração quanto pela
determinação das próprias densidades de probabilidade que
representam o ruído. Entretanto, se utilizarmos o princípio de
invariância da Pe com rotação e translação, para fins de cálculo
podemos “mover” a constelação em questão para uma posição do
espaço de sinais que nos seja mais adequada. Então determine a
expressão para cálculo da Pe para a constelação dada, em função da
distância Euclidiana entre os símbolos e da densidade espectral de
potência de ruído AWGN.

Solução

Podemos utilizar a figura ao lado como referência,


correspondente a uma sinalização antipodal para a qual já
conhecemos a probabilidade de erro de símbolo. Então
teremos:
1  Eb  1  d2  1  d 
Pe = erfc   = erfc   ⇒ Pe = erfc  
2  N0  2  4N0  2 2 N 
     0 
Observe, de forma explícita, a influência da distância
Euclidiana na probabilidade de erro de símbolo.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
5 – Proponha uma forma de estimar as probabilidades a priori dos bits de informação de uma fonte. Se
a sinalização for quaternária, proponha também uma forma de estimar as probabilidades a priori dos
símbolos. Use o conceito de probabilidade como frequência relativa de ocorrência do evento de
interesse.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
6 – Usando as propriedades de invariância da probabilidade de erro de símbolo com a rotação e com a
translação e dada a expressão que permite o cálculo da Pe para a sinalização mostrada na parte (a) da
figura a seguir, determine a expressão para cálculo da Pe para a sinalização mostrada parte (b) da
figura.

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s2 s1 φ2
0 φ1 s2
− E + E E

1  E 
Pe = erfc 
 N 0  s1
2   0 φ1
E

(a) (b)

1  E 
Resposta: Pe = erfc  
2  2N0 

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
7 – A energia média por símbolo da constelação ao
lado vale E = 2,65 Joules e as probabilidades a priori
dos símbolos valem p1 = 0,25, p2 = 0,45, p3 = 0,15 e p4
= 0,15. Pede-se:

a) Para o valor de E = 2,65 Joules, responda,


justificando, se as probabilidades a priori dos símbolos
poderiam ou não poderiam ser iguais.
b) Determine e esboce a constelação com energia
média mínima.
c) Calcule a energia média por símbolo da constelação
transladada para a situação de energia média mínima.

Solução

a) Sabendo que a energia média por símbolo da constelação anterior vale E = 2,65 Joules, para
sabermos se os símbolos podem ser equiprováveis, basta considerá-los como de fato o sendo e
calcular a energia média da constelação. Se o valor encontrado for igual ao valor dado, então os
símbolos são equiprováveis. Caso contrário, não são equiprováveis.

M
Então calculamos E = ∑ pi Ei sabendo que M = 4 e supondo que pi = ¼ para qualquer i:
i =1

1 4 1 9
E= ∑ Ei = (1 + 4 + 2 + 2 ) = = 2, 25 J ≠ 2, 65 J . Portanto os símbolos não são
4 i =1 4 4
equiprováveis.

b) Para translação para a condição de energia mínima, basta subtrair de cada vetor-sinal o vetor
E(s):

M
1  0  −1  1   0, 25
E ( s ) = ∑ pi si = 0, 25   + 0, 45   + 0,15   + 0,15   =  
i =1 0 2  −1  −1 0, 60

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Os novos vetores-sinal serão A correspondente constelação de energia média mínima é:


s i ← s i − E [s ] :
3

1   0, 25  0, 75 
s1 =   −  =
2

0 0,60   −0,60 
1
 0   0, 25  −0, 25
s2 =   −  = 
 2   0,60  1, 40  3 2 1 0 1 2 3

 −1 0, 25  −1, 25


s3 =   −  = 
1

 −1 0,60   −1, 60


2
 1   0, 25  0,75 
s4 =   −  = 
 −1 0, 60  −1, 60 3

c) A energia média mínima da constelação transladada é calculada por meio de

M
E = ∑ pi Ei Joules, onde agora os valores de Ei são aqueles obtidos por Ei = siT si , ou seja:
i =1

E1 = 0, 752 + ( −0,6 ) = 0, 922 J E2 = ( −0, 25) + 1, 4 2 = 2,022 J


2 2

E3 = ( −1, 25) + ( −1,6 ) = 4,123J E4 = 0,752 + ( −1, 6 ) = 3,123J .


2 2 2

Então, E = 0,25(0,922) + 0,45(2,022) + 0,15(4,123) + 0,15(3,123) => E = 2, 228J

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FIM DA AULA

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Aula nº 11 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Análise da Pe para receptor genérico
Limitante de União. Relação entre probabilidade de erro de símbolo e probabilidade de
Conteúdo
erro de bit.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) conceituar a aplicação do
Limitante de União como ferramenta para determinação da probabilidade de erro de
Objetivos símbolo. 2) realizar cálculos de probabilidade de erro de símbolo via Limitante de
União. 3) estabelecer a relação entre probabilidade de erro de símbolo e probabilidade
de erro de bit, levando em conta o tipo de sinalização e o mapeamento bit → símbolo.

Neste texto analisaremos o problema do cálculo da probabilidade de erro de símbolo e de bit para
sistemas de comunicação digital com qualquer número de símbolos e com qualquer número de
funções-base. Inicialmente verificaremos que em certos casos o cálculo exato da probabilidade de erro
pode ser extremamente trabalhoso, sendo intratável matematicamente em outros. Em seguida
estudaremos uma forma simples de cálculo aproximado da probabilidade de erro de símbolo, mas que
apresenta resultados bastante precisos nos casos de maior interesse. Por fim analisaremos a relação
entre a probabilidade de erro de símbolo e a probabilidade de erro de bit.

A dificuldade de calcular a probabilidade de erro de símbolo

Para verificar os diferentes graus de dificuldade que surgem quando do cálculo exato de probabilidade
de erro de símbolo para diferentes constelações, vamos iniciar com uma revisão do cálculo de Pe para
uma sinalização antipodal, porém utilizando as notações que aprendemos recentemente no estudo da
representação de sinais no espaço Euclidiano.

Considere o espaço de sinais a seguir, para o qual podemos escrever:

Pe = ∑ i =1 pi P(x não se encontrar em Z i | mi enviado)


M

Nesta expressão podemos ver que a probabilidade de erro de símbolo média é obtida por meio da
média ponderada (pelas probabilidades a priori dos símbolos) das probabilidades de erro
condicionadas ao envio de cada símbolo. Se os símbolos são equiprováveis podemos escrever:

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1 2
Pe = ∑ P(x não se encontrar em Zi | mi enviado)
2 i =1
1 2
= 1 − ∑ i =1 P( x se encontrar em Z i | mi enviado)
2

= 1− ∫ f X ( x | m1 ) dx
limiar


onde a integral ∫ f X ( x | m1 ) dx corresponde à probabilidade de acerto, dado o envio do símbolo 1.
limiar

Interpretando esta integral podemos dizer que a probabilidade de acerto na decisão de um símbolo
pode ser determinada pela área sob a cauda da Gaussiana situada na correspondente região de decisão.

Agora vamos tentar fazer uma análise mais genérica, usando como exemplo uma sinalização
quaternária bidimensional, conforme ilustração a seguir.

Utilizando um raciocínio análogo ao caso binário, a probabilidade de erro de símbolo média pode ser
determinada por meio de:

Pe ( mi )
1

M
Pe = i =1
P( x não se encontrar em Z i | mi enviado)
M
1

M
= 1− i =1
P(x se encontrar em Z i | mi enviado)
M
M
1
= 1− ∑∫ f X ( x | mi ) dx
M i =1
Zi

Podemos interpretar ∫ f X ( x | mi ) dx como a probabilidade de acerto, dado o envio do símbolo i.


Zi

Perceba que a densidade de probabilidade fX(x|mi) está na variável x, que é um vetor bidimensional.
Portanto, tal função é a densidade de probabilidade conjunta de todas as variáveis de decisão
correspondentes às saídas dos correlatores (dois para o caso binário). Nas figuras a seguir podemos ver
o aspecto dessas funções, de onde percebemos que a integral mencionada anteriormente será dupla e

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determinará a probabilidade de um vetor observado x estar em cada uma das regiões de decisão
mostradas na parte da direita da figura em questão.

Com este exemplo pode-se notar que quanto mais símbolos ou mais dimensões existirem, mais
complexo será o cálculo exato da probabilidade de erro de símbolo. Em outras palavras, o cálculo
analítico (ou mesmo numérico) da probabilidade de erro de símbolo ou de bit pode ser muito difício ou
até intratável em certos casos.

Como solução para o problema faz-se o uso dos chamados limitantes para prever, com determinado
grau de precisão, a probabilidade de erro a uma dada relação sinal-ruído ou vice-versa. No nosso curso
aprenderemos a utilizar o Limitante de União, abordado logo em seguida.

O Limitante de União como solução aproximada para cálculo de Pe

A expressão para o cálculo de Pe utilizando o Limitante de União, aqui apresentada sem dedução, é:

M
1 M M  d 
Pe = ∑ pi Pe ( mi ) ≤ ∑∑ pi erfc  ik 
2 i =1 k =1 2 N
i =1
k ≠i
 0 

onde:

M é o número de símbolos;
pi é a probabilidade de envio do símbolo i;
Pe ( mi ) é a probabilidade de erro de símbolo condicionada ao envio do símbolo mi;
d ik é a distância Euclidiana entre os símbolos mi e mk;
N 0 é a densidade espectral de potência do ruído branco.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exemplo: Vamos estimar a probabilidade de erro de símbolo média para a sinalização antipodal
considerada no início do texto, usando o Limitante de União.

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M
1 M M  d  1 2 2 1  d 
Pe = ∑ pi Pe ( mi ) ≤ ∑∑ pi erfc  ik  = ∑∑ erfc  ik 
2 i =1 k =1 2 N
i =1
k ≠i
 0  2 i =1 kk ≠=1i 2  2 N0 
 
1 2  d  2  d   1   d   d  
=  ∑ erfc  1k  + ∑ erfc  2 k   = erfc  12  + erfc  21   .
4  k =1 2 N
 k ≠1  0  kk =≠12  2 N0   4   2 N0   2 N0  

Como d12 = d21 = 2 E , para a sinalização antipodal então teremos:

1  E  1  Eb 
Pe ≤ erfc   = erfc  .
2  N0  2  N0 

Comparando este resultado com o que foi obtido no estudo da transmissão em banda-base, verificamos
que, neste caso, o Limitante de União fornece o valor exato para Pe. Isto poderá acontecer em outros
casos. Porém, para sabermos se o cálculo via Limitante é ou não é exato, teríamos que compará-lo com
expressões de Pe exatas, o que invalidaria o uso do Limitante, já que conheceríamos a expressão exata.
Como veremos logo adiante, mesmo não sendo às vezes exato, o Limitante de União representa uma
boa aproximação para o cálculo da Pe, principalmente para valores altos de relação sinal-ruído.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Como estudo de caso, vamos supor que a constelação que estamos analisando seja circularmente
simétrica em torno da origem. Por exemplo, seja a constelação a seguir:

Observando os símbolos s7 e s8 notamos que ambos têm as mesmas distâncias Euclidianas em relação
aos demais símbolos. Podemos extrapolar esta observação para todos os símbolos e afirmar que a
probabilidade de erro condicionada ao envio de um determinado símbolo, Pe(mi), é a mesma para
qualquer símbolo mi. Neste caso o Limitante de União pode ser simplificado para:

1 M  d 
Pe ≤ ∑
2 k =1
erfc  ik
2 N  , para qualquer i
k ≠i
 0 

A figura a seguir mostra a interpretação de possíveis resultados proporcionados pelo Limitante de


União. A curva tracejada corresponde à probabilidade de erro de símbolo real ou exata. A curva mais
abaixo é aquela obtida considerando nos cálculos do limitante apenas os erros para os símbolos
vizinhos mais próximos. Perceba que, neste último caso, estamos desprezando erros para alguns dos
símbolos da constelação, o que torna o resultado impreciso para baixos valores de Eb/N0. A curva mais
acima é aquela obtida considerando todas as possibilidades de erro previstas pela expressão de cálculo

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

do limitante. Este último resultado condiz com a definição do Limitante de União: a probabilidade de
erro real será menor ou igual ao valor previsto pelo limitante.

Perceba ainda que, para valores mais elevados de Eb/N0, todos os resultados se aproximam.
Felizmente, é nesta região que temos valores de probabilidade de erro úteis na prática. Apenas para se
ter uma noção de ordem de grandeza do que seja um valor útil para Pe, algumas formas de transmissão
de voz digitalizada, que é uma das aplicações que suporta as maiores taxas de erro, operam com
probabilidades de erro de bit de, no máximo, 1×10−3. Na prática encontraremos aplicações que
requerem probabilidades de erro ainda menores. Portanto, o cálculo de Pe via Limitante de União será
bastante preciso nestes casos.

Como complemento, no cálculo via Limitante de União pode ser que tenhamos maior proximidade das
curvas para baixos valores de Eb/N0 quando consideramos, além dos símbolos vizinhos mais próximos,
os símbolos com distância Euclidiana imediatamente superior. Tente você mesmo investigar esta
afirmação, começando por reproduzir as curvas mostradas na figura anterior. Use como referência uma
constelação circularmente simétrica com oito símbolos.

Relação entre probabilidade de erro de símbolo e probabilidade de erro de bit

Não há relação geral e única entre a probabilidade de erro de símbolo e a probabilidade de erro de bit.
Vejamos um exemplo com fins didáticos apenas:

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exemplo: Neste exemplo, partes de duas constelações de 64 símbolos são analisadas, conforme figuras
a seguir. Suponha que o símbolo si tenha sido transmitido, tanto para o caso (a) quanto para o caso (b).
Suponha ainda que a probabilidade de erro para símbolos mais distantes que os vizinhos seja
desprezível. Adicionalmente, suponha que a probabilidade de erro de símbolo média nos dois casos
seja a mesma e igual a 1×10−3. Vamos determinar a probabilidade de erro de bit média, Pb, nos dois
casos. Na prática esta probabilidade é denominada de taxa de erro de bit (Bit Error Rate – BER).

(a) (b)

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Caso a:
Pe = 1×10−3 ⇒ se transmitirmos, por exemplo, 1.000 símbolos, teremos em média 1 símbolo
decidido em erro. Neste caso teremos transmitido 6×1.000 = 6.000 bits. Como cada erro de
símbolo provoca apenas um erro de bit, a taxa de erro de bit BER = 1/6.000 = Pe/6 = Pe/log2M.

Caso b:
Pe = 1×10−3 ⇒ novamente, se transmitirmos 1.000 símbolos teremos em média 1 símbolo
decidido em erro. Neste caso também teremos transmitido 6×1.000 = 6.000 bits. Como cada
erro de símbolo provoca 6 erros de bit em um caso e 5 em outro, levando a uma média de 5,5
bits em erro por símbolo em erro, a taxa de erro de bit BER = 5,5/6.000 ≅ Pe.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Com este exemplo verificamos nitidamente quais são os limites para a BER em função de Pe, ou seja:

Pe
≤ BER ≤ Pe
log 2 M

A tendência da BER se aproximar de um limite ou de outro será determinada pela quantidade de


símbolos vizinhos de cada símbolo e pelo mapeamento nos bits que cada símbolo representa.

Sabemos que quando a relação sinal-ruído é elevada, a probabilidade de decisão errada por um dos
símbolos mais próximos é muito maior que por qualquer outro. Se o mapeamento símbolo-bit segue o
código Gray, quando se erra um símbolo o número mais provável de bits em erro será 1. Portanto, este
é o mapeamento mais adequado em termos de minimização da BER.

Vale lembrar que se uma sinalização contém M símbolos ortogonais de mesma energia, as distâncias
Euclidianas de um símbolo em relação aos demais serão as mesmas. Neste caso o mapeamento não
terá influência na relação entre a BER e a Pe, que será sempre dada por:

 M /2 
BER =   Pe
 M −1

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exemplo: vejamos como se pode determinar o mapeamento Gray para as constelações a seguir. Para a
constelação da esquerda, basta escolher um símbolo inicial qualquer e realizar o mapeamento Gray de
forma sequencial. Para a constelação da direita, basta fazer um Mapa de Karnaugh com 4 linhas e 4
colunas (pois temos 16 símbolos) e transferir os bits do mapa para os símbolos da constelação.

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Para este exemplo teremos o seguinte mapa de Karnaugh.

00 01 11 10
00 0000 0001 0011 0010
01 0100 0101 0111 0110
11 1100 1101 1111 1110
10 1000 1001 1011 1010

Para outros tipos de constelação a tarefa pode ser tornar um tanto difícil e em certos casos é impossível
garantir o mapeamento Gray perfeito entre todos os símbolos vizinhos mais próximos.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Sumário do estudo sobre análise do espaço de sinais:

Foi estudada a representação de sinais no espaço Euclidiano, onde cada sinal de um conjunto de
formas de onda de transmissão é mapeado num vetor N-dimensional, N ≤ M, onde N é o número de
funções-base ortonormais. O conjunto de vetores-sinal define uma constelação de M pontos no
espaço N-dimensional.
Foi estudado o receptor de máxima verossimilhança genérico (para M símbolos equiprováveis e N
dimensões) para um sistema de comunicação digital na presença de ruído AWGN.
Foi verificada a invariância da probabilidade de erro de símbolo Pe com a rotação ou com a
translação na constelação.
Foi observado que se utilizam limitantes quando o cálculo exato da Pe é impraticável. O Limitante
de União foi estudado e é bastante preciso para altos valores de Eb/N0.
Por fim foi abordado o mapeamento Pe ↔ BER, cuja relação depende diretamente do mapeamento
dos símbolos nos correspondentes bits, exceto quando os símbolos são ortogonais entre si.

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Exercícios de fixação

1 – Utilizando o Limitante de União, estime a


probabilidade de erro de símbolo média para a
sinalização M-ária com constelação circular
(ilustrada ao lado para M = 8), em função de
Eb/N0. Para esta constelação a probabilidade
condicional de erro de símbolo Pe(mi) é a mesma
para qualquer símbolo enviado e, portanto, a
probabilidade de erro de símbolo média Pe pode
ser calculada utilizando-se apenas um símbolo
como referência. Para símbolos equiprováveis
teremos Pe = MPe(mi)/M. Observação: Admita o
envio do símbolo m1 e que as probabilidades de
erro correspondentes à decisão por m4 , m5 ou m6
seja desprezível. Não faça outras aproximações.

Solução

Admitindo o envio do símbolo m1 observa-se que: d12 = d18 = 2 E sen (π / 8 ) ; d13 = d17 = 2E .
Então a probabilidade de erro de símbolo será limitada de acordo com:
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1 M 1  d  1 M  d  2  2 E sen (π / 8 )  2  2E 
Pe ≤ M ∑ erfc  ik  = ∑ erfc  ik  = erfc   + erfc  ,
2 k =1 M 2 N
k ≠i
 0  2 kk =≠1i  2 N0  2  2 N0  2  2 N 0 

 E   E 
o que resulta em Pe ≤ erfc  sen (π / 8 )  + erfc  ,
 N 0   2 N 0 
 3Eb   3Eb 
que em função de Eb/N0 passa a ser escrita como Pe ≤ erfc  sen (π / 8 )  + erfc  .
 N 0   2 N 0 

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

2 – Utilizando o Limitante de União, determine a expressão aproximada de cálculo da probabilidade de


erro de símbolo para as sinalizações equiprováveis a seguir, quando contaminadas com ruído AWGN
de densidade espectral de potência N0/2 watts/Hz. Admita que a relação sinal-ruído seja alta o
suficiente para que os erros de símbolo ocorram apenas para os símbolos vizinhos mais próximos.

a) Sinalização unidimensional 4-PAM. Determine a expressão em função de E0/N0.


b) Sinalização unidimensional 8-PAM. Determine a expressão em função de E0/N0
c) Sinalização unidimensional M-PAM. Observe os resultados dos itens “a” e “b” e, por indução,
generalize para qualquer número de símbolos. Determine a expressão em função de E0/N0.
d) Reescreva a expressão do item “c” em função de Eb/N0.

0 φ1 0 φ1
3 E0 E0 E0 3 E0 7 E0 5 E0 3 E0 E0 E0 3 E0 5 E0 7 E0

Solução

Observa-se que a distância de um determinado símbolo para quaisquer de seus vizinhos mais próximos
é de 2 E0 . Então, sabendo que os símbolos são equiprováveis e que a relação sinal-ruído é elevada:

M
1 M
1 M  d  1 J  2 E0 
Pe = ∑ pi Pe ( mi ) =
M
∑ Pe (mi ) , onde Pe ( mi ) ≅ ∑
2 k =1
erfc  ik
2 N  = ∑ erfc 
2 2 N
 .
i =1 i =1
k ≠i
 0  k =1  0 

Para os símbolos das extremidades das constelações temos J = 1 e para os demais símbolos temos J =
2. Assim, nomeando os símbolos da esquerda para a direita em ordem crescente, teremos:

 
1 1  E0  1  E0  1  E0   3  E0 
a) Pe =  erfc   + 2 ⋅ 2 ⋅ erfc   + erfc    . Então, Pe = erfc  .
4 2  N0  2  N0  2  N 0  4  N0 
 
 Pe ( m1 ) Pe ( m2 ) + Pe ( m3 ) Pe ( m4 ) 

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 
1 1  E0  1  E0  1  E0   7  E0 
b) Pe =  erfc   + 6 ⋅ 2 ⋅ erfc   + erfc    . Então, Pe = erfc  .
8 2  N0  2  N 0  2  N 0   8  N 0 
 
 Pe ( m1 ) Pe ( m2 ) + Pe ( m3 ) + Pe ( m4 ) + Pe ( m5 ) + Pe ( m6 ) + Pe ( m7 ) Pe ( m8 ) 

M −1  E0 
c) Com os resultados dos itens “a” e “b”, por indução teremos: Pe = erfc  .
M  N0 

d) A solução deste item requer que escrevamos E0 em função de Eb para posterior substituição no
resultado do item “c”, o que podemos conseguir por meio das seguintes constatações: 1) sabemos que
a energia total da constelação M-PAM pode ser calculada como o dobro da soma das energias dos
símbolos à direita da origem do espaço de sinais; 2) a energia de cada símbolo é o quadrado da
distância do símbolo até a origem; 3) a energia média por símbolo, E, é a energia total dividida por M,
para símbolos equiprováveis; 4) a energia média por bit, Eb, é a energia média por símbolo, E, dividida
por log2M. Então teremos:

M 2 M 2
1
( 2i − 1) E0  = 2 E0
ME MEb log 2 M
∑ ( 2i − 1)
2
E = 2⋅ ∑ ⇒ E0 = =
2

M   M M 2 M 2
2 ∑ ( 2i − 1) 2 ∑ ( 2i − 1)
i =1 i =1 2 2

i =1 i =1

Substituindo o valor de E0 no resultado do item “c”, finalmente teremos:

 MEb log 2 M 
M −1  
Pe = erfc M 2
M  2 N 0 ∑ ( 2i − 1) 2 
 
 i =1 

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

3 – Seja a constelação da figura a seguir, correspondente a


uma modulação que estudaremos no Capítulo 6,
denominada 16-QAM. Considerando símbolos
equiprováveis, pede-se:

a) Calcule a energia média da constelação.


b) Estime a probabilidade de erro de bit média em função
da probabilidade de erro de símbolo média.
c) Responda se a probabilidade de erro de bit média real
será aproximadamente igual, menor ou maior em
comparação com aquela estimada no item “c”. Justifique
sua reposta.

Solução

1 4
1 1 3 1  3 
a) E = × 4 × ∑ Ei = [1 1] ×   + [3 1] ×   + [1 3] ×   + [3 3] ×    = 10Joules .
16 i =1 4 1 1 3  3 

b) Se, para símbolos vizinhos, o mapeamento utilizado na constelação for do tipo Gray, a BER poderá
ser estimada por:

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Pe P
BER = = e.
log 2 M 4

c) A probabilidade de erro de bit média será MAIOR que a estimada, posto que o mapeamento Gray
não está sendo utilizado em todos os símbolos vizinhos na constelação.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

4 – Sabemos que não existe uma relação única entre a probabilidade de erro de símbolo Pe e a taxa de
erro de bit BER em um sistema de comunicação digital com número de símbolos M > 2. Sabemos
também que o mapeamento dos símbolos nos conjuntos de log2M bits tem forte influência nessa
relação. Admitindo que a relação sinal-ruído seja alta o suficiente para que os erros de símbolo
ocorram para os símbolos vizinhos mais próximos, justifique numericamente os comportamentos das
curvas de taxa de erro de bit mostradas no gráfico a seguir, para a constelação dada.

Solução

Para a constelação em questão todos os símbolos vizinhos diferem em dois bits, exceto os pares
(000)/(111) e (011)/(100), que diferem em três bits. Assim, um erro de símbolo provocará, em média,
(2+2+2+2+2+2+3+3)/8 = 2,25 = 9/4 bits em erro. Como para cada símbolo se tem três bits
transmitidos, a probabilidade de erro de bit BER será (9/4)Pe/3 = (3/4)Pe. Por exemplo, para uma Pe =
1×10−3, a cada 1.000 símbolos transmitidos teremos, em média, 1 símbolo decidido com erro. Neste
exemplo teremos, em média, 2,25 bits em erro, para 3.000 bits transmitidos, ou seja, BER =
(2,25)/3.000 = 0,75×10−3 = (3/4)Pe, que é um valor um pouco superior aos (2/3)Pe = 0,66×10−3
mostrados na curva inferior. A curva mais acima corresponde à probabilidade de erro de símbolo, Pe.

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5 – Fazer uma pequena pesquisa de forma que você aprenda como se pode formar um código Gray a
partir de um código sequencial binário convencional. Se possível faça o desenho de um circuito de
conversão de uma palavra binária em uma palavra do código Gray. Deste exercício você poderá extrair
sua própria regra de construção do código Gray, assim como, provavelmente, você já conhece uma
regra para construir uma sequência de palavras binárias em ordem crescente.

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FIM DA AULA

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Aula nº 12 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Introdução à transmissão em banda-passante.


Introdução à transmissão em banda-passante: definição, hierarquia das modulações,
Conteúdo densidade espectral de potência, eficiência espectral e eficiência de potência, modelo
de transmissão em banda-passante.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) definir transmissão em banda-
passante, comparando com a definição de transmissão em banda-base. 2) conceituar
detecção coerente e não-coerente, citando vantagens e desvantagens. 3) conceituar e
calcular a densidade espectral de potência (DEP) de uma sequência aleatória de pulsos
Objetivos
multi-amplitude. 4) determinar a DEP de um sinal modulado a partir da DEP das suas
componentes em fase e em quadratura. 5) estabelecer a solução de compromisso entre
eficiência espectral e eficiência de potência. 6) determinar a função de cada bloco e o
significado de cada variável no modelo de transmissão em banda-passante.

Neste texto serão abordados os conceitos básicos, modelos e notações que nos permitirão analisar os
vários tipos de modulação digital. Recomenda-se que este texto seja considerado como base para o
entendimento das modulações digitais que serão estudadas mais adiante. Também faremos uso
constante dos conceitos estudados na representação de sinais no espaço Euclidiano, principalmente na
determinação da probabilidade de erro. Nesta, o cálculo será baseado na análise do espaço de sinais, na
maior parte das vezes fazendo uso do Limitante de União.

Definição de transmissão em banda-passante

A transmissão em banda-passante, também conhecida como transmissão passa-faixa, é aquela em que


o espectro do sinal modulado se concentra em torno de uma frequência de portadora, fc. Apenas
recordando, na transmissão em banda-base o espectro do sinal se concentra em torno da frequência
zero. As figuras a seguir ilustram estes conceitos.

Transmissão em banda-base Transmissão em banda-passante

Vale lembrar que esboços de espectro como aqueles mostrados logo acima se referem ao que
provavelmente veríamos em um analisador de espectro (para f ≥ 0) ou por meio de algum software de
simulação como o VisSim/Comm. O espectro teórico do sinal modulado é uma função mais “bem
comportada”, com aspecto ilustrado pelas figuras a seguir.

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 85


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A transmissão em banda-passante é realizada chaveando-se amplitude, frequência, fase, ou alguma


combinação destas, de uma portadora senoidal de acordo com os bits a serem transmitidos. A figura a
seguir ilustra as versões binárias dos tipos básicos de modulação digital: ASK (Amplitude Shift
Keying), PSK (Phase Shift Keying) e FSK (Frequency Shift Keying).

Múltiplas amplitudes, fases ou frequências poderiam ser utilizadas para formar modulações com
qualquer número de símbolos ou, como se costuma denominar, modulações M-árias.

Hierarquia das modulações

Em termos de hierarquia as modulações são classificadas como modulações com detecção coerente
ou modulações com detecção não-coerente. Nas modulações com detecção coerente, além da
temporização de símbolo, para a detecção faz-se necessário o uso da portadora de recepção em
sincronismo de fase (coerência de fase) com a portadora de transmissão, após deslocamentos de fase
causados pelo canal. As modulações com detecção não-coerente também necessitam da temporização
de símbolo, mas não necessitam de coerência de fase para detecção.

Para se implementar detecção coerente, o receptor deve ser provido de um circuito denominado
circuito de extração de sincronismo de portadora, o qual eleva a complexidade do sistema. Na
detecção não coerente não se faz necessário este circuito, mas o desempenho é inferior àquele
proporcionado pela detecção coerente. Portanto, a decisão por usar detecção coerente ou não-coerente
passa por uma análise de solução de compromisso entre complexidade e desempenho, ainda
envolvendo outros quesitos que possam ser influenciados por estes, tais como custo, espaço físico para
o circuito e consumo de potência.

Densidade Espectral de Potência

A densidade espectral de potência (DEP) descreve como a potência do sinal analisado se distribui na
frequência. Como já sabemos, sua unidade é watts/Hertz ou alguma de suas variações, dentre as quais
a mais utilizada é dBm/Hz, a qual descreve a distribuição de potência em escala logarítmica.

Devido ao fato da informação que queremos transmitir ser inerentemente aleatória, um sinal modulado
é um sinal aleatório. Como sabemos do estudo de processos estocásticos, para se determinar a
densidade espectral de potência deve-se lançar mão da transformada de Fourier da função de auto-
correlação do sinal. Felizmente temos um método mais simples para determinar a DEP de um sinal
modulado, sem a necessidade de conhecer a sua função de auto-correlação. Veremos a seguir como
este método é aplicado.

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A maior parte dos sinais modulados pode ser expressa por meio da equação:

s(t ) = sI (t ) cos ( 2π f ct ) − sQ (t )sin ( 2π f ct )

onde sI(t) e sQ(t) são sinais em banda-base que mantém uma relação linear com o sinal modulante (ou
seja, dependem linearmente deste). Tais sinais são denominados de componente em fase e de
componente em quadratura do sinal modulado, respectivamente, e podem ser vistos como versões
em banda-base do sinal modulado. Alguns autores chamam de componente em fase e em quadratura os
sinais resultantes da multiplicação de sI(t) e sQ(t) pelas portadoras cos(.) e sen(.), mas isto não gera
nenhum conflito desde que fiquemos atentos.

Seja SB(f) a DEP de sI(t), somada à DEP de sQ(t), e seja SS(f) a DEP do sinal em banda-passante s(t). A
relação entre estas densidades espectrais de potência é:

1
SS ( f ) =  S B ( f − f c ) + S B ( f + f c )
4

Portanto, pode-se determinar o espectro do sinal em banda-passante conhecendo-se o espectro de suas


versões em banda-base sI(t) e sQ(t).

Os sinais sI(t) e sQ(t) encontrados na prática são tipicamente sequências de pulsos g(t) com duas ou
mais amplitudes e formatos quaisquer. Nas figuras a seguir são mostrados dois formatos típicos para
estes pulsos g(t).

Para uma sequência binária aleatória, com pulsos ±g(t), a densidade espectral de potência é dada por:

ℑ{g (t )}
2

SB ( f ) =
T

onde ℑ{g (t )} é a transformada de Fourier de g(t). De posse de SB(f) utilizamos a relação com SS(f) dada
anteriormente e assim podemos determinar a DEP do sinal modulado s(t).

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Exemplo: vamos determinar a densidade espectral de potência de um sinal modulado em 2-PSK. Este
sinal pode ser gerado por meio de um simples multiplicador (mixer), como a seguir:

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Vimos que o sinal modulado pode ser descrito por meio de s(t ) = sI (t ) cos ( 2π f ct ) − sQ (t )sin ( 2π f ct ) .
Para o caso, nitidamente percebemos que a componente sQ(t) é nula, ou seja, s(t ) = sI (t ) cos ( 2π f ct ) .
Portanto, sI(t) é a própria sequência de pulsos de entrada dada na figura anterior. Então, o problema
reside em determinar SB(f) como sendo a densidade espectral de potência de uma sequência binária
aleatória de pulsos retangulares com amplitude ±A e duração T.

O formato de pulso g(t) para este exemplo é retangular de amplitude A e duração T. Inicialmente
vamos determinar a transformada de Fourier deste pulso: ℑ{Π} = ATsinc( fT ) . Portanto, a densidade
espectral de potência da sequência em questão será:

ℑ{g (t )}
2 2
ATsinc( fT )
SB ( f ) = = = A2Tsinc2 ( fT ) ,
T T

cujo esboço é mostrado na figura a seguir, com o eixo vertical em escala logarítmica. O uso desta
escala é comum em Telecomunicações. Neste exemplo ela permite que lóbulos mais distantes do
principal possam ser visualizados e até medidos. É este tipo de representação que vemos em um
analisador de espectro, onde o eixo vertical normalmente se encontra em dBm/Hz.

Portanto, a densidade espectral de potência do sinal modulado 2-PSK nada mais será que a densidade
encontrada anteriormente, posicionada em ±fc e ponderada por ¼, ou seja:

 S B ( f − f c ) + S B ( f + f c ) = { A2Tsinc 2 [( f − f c )T ] + A2Tsinc 2 [( f + f c )T ]} ,


1 1
SS ( f ) =
4 4

cujo esboço é mostrado a seguir:

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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Exemplo: vamos agora verificar como determinaríamos a densidade espectral de potência de uma
sequência aleatória de pulsos com amplitudes ±1 e ±3 e duração T, conforme ilustrado pela figura a
seguir.

Pode-se perceber que uma sequência deste tipo pode ser gerada pela soma de sequências binárias,
conforme ilustrado pela próxima figura. Portanto, se interpretarmos as sequências geradoras como
independentes, a DEP do sinal em questão pode ser determinada pela soma das DEPs das sequências
binárias componentes. Tais DEPs podem ser determinadas por meio do método exemplificado
anteriormente.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Desafio: Determine e esboce a densidade espectral de potência do código de linha Manchester


mostrado na figura a seguir, gerado pela sequência de bits aleatória também mostrada na figura. Dica:
interprete o código Manchester como uma sequência de pulsos ±g(t). A título de curiosidade, o código
Manchester é utilizado em redes locais de computadores com fio, tais como as que temos no Inatel.

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Eficiência Espectral e Eficiência de Potência

Exceto para as modulações da família M-FSK, a largura de banda do sinal modulado será proporcional
a 1/T = 1/(Tblog2M). Para as modulações da família M-FSK veremos mais adiante que a banda
aumenta quando aumentamos o número de símbolos.

Um dos mais importantes fatores de mérito para análise de sinais modulados é a Eficiência Espectral.
Ela é medida em bit/s/Hz e é definida por:

Rb
ρ=
B

onde Rb é a taxa de transmissão de bits e B é a largura de faixa ocupada. A eficiência espectral nos diz
o quanto de informação em termos de taxa de bits pode-se transmitir por hertz de banda.

Devemos ficar atentos para a medida da banda B. Em tese qualquer sinal modulado tem banda infinita.
A limitação de banda para posterior transmissão se dará por processo de filtragem após a modulação
ou por “suavização” dos pulsos que modulam a portadora. As figuras a seguir ilustram este conceito:
na parte (a) tem-se o efeito de limitação de banda proporcionado pela filtragem passa-baixas dos
pulsos que representam os bits de informação. Na parte (b) da figura tem-se o efeito de limitação de
banda realizado por filtragem passa-faixa do sinal já modulado.

(a)

(b)

Então, para aumentarmos a eficiência espectral podemos aumentar M (exceto para M-FSK) e usar
filtragem direta do sinal modulado ou alguma formatação dos pulsos de transmissão através de filtros
para reduzir B. Entretanto devemos ter um cuidado especial, pois o aumento da eficiência espectral

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 90


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com o aumento de M vem acompanhado da redução na eficiência de potência (mais uma vez, exceto
para M-FSK). Consulte as notas de aula sobre a sinalização M-PAM para relembrar este conceito.

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Exemplo: A figura a seguir mostra duas constelações correspondentes a sinais modulados com mesma
potência média de transmissão. Na parte (a) temos uma constelação com M = 4 na qual os símbolos
estão mais distantes entre si que os símbolos da constelação (b), onde M = 8. Então, a eficiência
espectral da modulação (a) será menor que da modulação (b), mas para uma mesma potência média de
transmissão o desempenho da modulação (a) será melhor, ou seja, ela terá maior eficiência de
potência.

(a) (b)

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A decisão por se utilizar uma modulação com maior eficiência de potência ou maior eficiência
espectral dependerá da aplicação. Em outras palavras, dependerá se o sistema é mais limitado
por recursos de potência ou por recursos de banda.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exemplo: Numa comunicação entre estações-base de telefonia celular tipicamente utilizam-se links de
microondas que operam com modulações de alta eficiência espectral. Faz-se isto, pois o espectro
congestionado impõe que a banda ocupada pelo sinal seja a menor possível e, ao mesmo tempo, as
taxas de transmissão elevadas impõem que as modulações tenham muitos símbolos em suas
constelações (para que se carreguem muitos bits por símbolo). Neste caso estamos utilizando
modulações de alta ordem ou modulações densas, como, por exemplo, a modulação 256-QAM.

Já na comunicação entre uma sonda espacial e uma estação na Terra, temos forte imposição de
economia de energia, pois a mesma é suprida normalmente por painéis solares que mantêm bancos de
baterias carregadas. Neste caso faz-se a opção por modulações de baixa ordem, como 2-PSK ou 4-
PSK, ou seja, faz-se a opção por alta eficiência de potência, pois a restrição por ocupação de banda não
é tão importante.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Modelo de transmissão em banda-passante

A figura a seguir apresenta o modelo que utilizaremos ao longo do estudo da transmissão em banda-
passante. Este modelo unifica a notação utilizada no estudo e pode representar a implementação de
qualquer modulação digital. As funções simplificadas de cada um dos blocos são indicadas na figura e
a seguir tem-se uma lista das variáveis e funções processadas ao longo do modelo:

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

mi – corresponde a símbolos formados por agrupamentos de k = log2M bits.


si – vetor-sinal associado ao símbolo mi. Seus coeficientes modulam as funções-base.
si(t) – forma de onda que representa cada símbolo mi.
x(t) – sinal recebido, correspondente ao sinal si(t) contaminado pelo ruído.
x – vetor observado cujos componentes correspondem às saídas do banco de correlatores.
m̂ – é o símbolo estimado na recepção, segundo o critério de máxima verossimilhança.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FIM DA AULA

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Aula nº 13 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Modulação BPSK.


Conteúdo Modulação BPSK (Binary Phase Shift Keying)
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) explicar o processo de geração
do sinal BPSK, envolvendo a teoria da representação de sinais no espaço Euclidiano;
Objetivos 2) explicar o funcionamento do transmissor e do receptor BPSK; 3) analisar o espectro
de um sinal BPSK; 4) analisar a eficiência de potência e a eficiência espectral de uma
modulação BPSK.

Nesta parte do texto são apresentados os detalhes de uma importante forma de transmissão digital, a
modulação 2-PSK ou BPSK (Binary Phase Shift Keying). Analisaremos o sinal modulado, a função-
base e o espaço de sinais, a probabilidade de erro de símbolo e de bit, os processos de geração do sinal
modulado e de demodulação com detecção coerente, a densidade espectral de potência e a eficiência
espectral.

Uma observação sobre a notação

Antes de iniciarmos propriamente o estudo das modulações digitais, vamos analisar uma notação
específica tipicamente utilizada na representação de sinais modulados. Nas diferentes representações
matemáticas destes sinais, com frequência encontraremos expressões similares a:


y (t ) = cos ( 2π f c t ) ,
T

onde f c = nc (1/ T ) , nc inteiro , o que significa que em um intervalo de tempo de T segundos teremos
um número inteiro de ciclos da portadora co-senoidal de frequência fc.

Vamos calcular a energia da forma de onda y(t):

2ξ 2ξ 1 1 ξ ξ
cos 2 ( 2π f ct ) dt = + cos ( 4π f c t ) dt = cos ( 4π f c t ) dt
T T T T T
E = ∫ y 2 (t ) dt = ∫ ∫ ∫ dt + ∫
0 T 0 T 0 2 2 T 0 T 0

onde a segunda integral tem valor nulo justamente devido ao fato de termos no intervalo T um número
inteiro de ciclos da portadora. Então:

ξ ξ ξ
cos ( 4π f ct ) dt =
T T
T +0=ξ
T∫ T∫
E= dt +
0 0 T

Por este resultado percebemos que na forma em que y(t) foi escrita, o valor que multiplica o
número 2 dentro do radical é a própria energia do sinal.

Sinal modulado BPSK

A modulação BPSK, por ser binária, tem dois símbolos de duração T = Tb, cujas formas de onda são:

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2 Eb 2 Eb
s1 (t ) = cos ( 2π f ct ) e s2 (t ) = − cos ( 2π f c t ) ,
Tb Tb
1
onde f c = nc , nc inteiro
Tb

Então temos uma sinalização antipodal, na qual um símbolo é igual ao outro multiplicado por –1. A
figura a seguir ilustra o aspecto do sinal modulado em BPSK, no domínio do tempo.

Função-base para a modulação BPSK

Como se trata de uma sinalização antipodal, teremos uma única função-base que pode ser definida, por
exemplo, a partir do sinal s1(t), fazendo com que sua energia se torne unitária. Desta forma teremos:

s1 (t ) 2
φ1 (t ) = = cos ( 2π f c t ) , 0 ≤ t ≤ Tb
Eb Tb

Então, observando as formas de onda s1(t) e s2(t) percebemos nitidamente que os coeficientes s11 e s12
valem E e − E , respectivamente. Assim podemos escrever:
b b

s1 (t ) = s11φ1 ( t ) = Eb φ1 ( t ) , 0 ≤ t < Tb e s2 (t ) = s21φ1 ( t ) = − Eb φ1 ( t ) , 0 ≤ t < Tb

Espaço de sinais (constelação) da modulação BPSK

Dos resultados anteriores podemos construir a constelação da modulação BPSK, a qual é mostrada na
figura a seguir.

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Probabilidade de erro de símbolo e de bit para a modulação BPSK

Como se trata de uma sinalização antipodal, a probabilidade de erro de símbolo, que é igual à
probabilidade de erro de bit, será igual àquela já determinada no estudo da sinalização NRZ bipolar em
banda-base, ou seja:

1  Eb 
Pe = BER = erfc  
2  N0 

Geração e detecção coerente de um sinal BPSK

De acordo com as expressões dos sinais s1(t) e s2(t) podemos construir o modulador BPSK mostrado
na figura a seguir. Nele, a sequência de bits de informação é convertida para os níveis ± E e o b

resultado desta conversão multiplica a função-base φ1(t), gerando na saída do multiplicador (mixer) o
sinal BPSK.

A figura a seguir ilustra uma possível forma de onda BPSK, gerada a partir da sequência de bits de
informação 1 0 1 1 0. Neste exemplo, o bit 0 está sendo representado pela fase 0 da portadora co-
senoidal e o bit 1 está sendo representado pela fase π da portadora.

Para detecção coerente temos que ter no receptor a função-base em coerência de fase (ou sincronismo
de fase) com a função-base utilizada na transmissão. Tendo como ponto de partida o receptor de
máxima verossimilhança genérico, teremos apenas um correlator, pois a modulação BPSK é
unidimensional. Numa próxima simplificação do receptor genérico teríamos dois ramos de cálculo de
produto interno seguidos pelas subtrações de metade das energias dos símbolos. Entretanto, como s1 =
−s2, as saídas destes ramos (x1 e x2) seriam iguais em magnitude e diferentes apenas em polaridade.
Portanto, não há necessidade de um destes ramos: basta verificar a polaridade de um deles.
Adicionalmente, como xTs1 é uma versão vetorial do cálculo da correlação entre x(t) e s1(t), não
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necessitamos também do bloco de cálculo do produto interno, pois em sua saída teremos apenas uma
versão escalonada da saída do correlator, dado que φ1(t) é apenas uma versão escalonada de s1(t). Por
fim, a subtração de metade de E1 não será necessária, pois não afetará a verificação da polaridade de
x1. Então, o demodulador BPSK será composto por apenas um correlator, seguido de um elemento de
decisão que verificará a polaridade de x1, conforme ilustrado pela figura a seguir.

Como exercício, revisite o diagrama de blocos do receptor desenvolvido para a sinalização NRZ
bipolar e compare com o receptor de um sinal BPSK. Estabeleça as semelhanças e justifique as
diferenças.

Densidade espectral de potência para a modulação BPSK

Vimos na aula passada um exemplo muito similar ao que está apresentado logo a seguir. Inicialmente
precisamos lembrar que grande parte dos sinais modulados pode ser representada por meio de:

s(t ) = sI (t ) cos ( 2π f ct ) − sQ (t )sin ( 2π f ct ) .

Para a modulação BPSK, é claro que não existe a componente sQ (t ) sin ( 2π f c t ) e, portanto, o sinal
modulado pode ser escrito como s(t ) = sI (t ) cos ( 2π f ct ) . Comparando esta expressão com os sinais
s1(t) e s2(t) definidos no início deste texto, podemos verificar que sI(t) é uma sequência aleatória de
pulsos g(t) retangulares de duração Tb e amplitude dada por:

2 Eb
sI (t ) = ±
Tb

Na aula passada também verificamos que a densidade espectral de potência (DEP) de um sinal como
este pode ser determinada por meio da divisão do módulo ao quadrado da transformada de Fourier do
pulso g(t) por Tb, ou seja:

2
2 Eb
Tbsinc( fTb )
Tb
SB ( f ) = = 2 Ebsinc2 ( fTb )
Tb

Então, a DEP do sinal BPSK será:

1 E E
SS ( f ) =  S B ( f − f c ) + S B ( f + f c ) = b sinc 2 [( f − f c )Tb ] + b sinc2 [( f + f c )Tb ]
4 2 2

Esta DEP está esboçada na figura a seguir.

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Eficiência espectral da modulação BPSK

Se definirmos que a banda a ser ocupada pelo sinal modulado corresponderá à banda ocupada pelo
lobo principal do espectro do sinal, então B = 2/Tb. Assim, a eficiência espectral será:

Rb R R
ρ= = b = b = 0,5 bit/s/Hz
B 2 Tb 2 Rb

Como exemplo, se quiséssemos transmitir bits de informação a uma taxa de 1.000 bits/s, o sinal
modulado (seu lobo principal, neste caso) ocuparia uma banda de 2.000 Hz.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FIM DA AULA

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Aula nº 14 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Modulação QPSK.


Conteúdo Modulação QPSK (Quaternary Phase Shift Keying) e exercícios de fixação.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) explicar o processo de geração de
um sinal QPSK, envolvendo a teoria da representação de sinais no espaço Euclidiano.
2) explicar o funcionamento do transmissor e do receptor QPSK. 3) analisar o espectro
Objetivos de um sinal QPSK. 4) analisar a eficiência de potência e a eficiência espectral de uma
modulação QPSK, comparando-as com aquelas referentes à modulação BPSK. 5)
resolver exercícios envolvendo os conceitos fundamentais sobre a transmissão em
banda-passante e sobre as modulações BPSK e QPSK.

Nesta aula estudaremos em detalhes a modulação digital 4-PSK ou QPSK (Quaternary Phase Shift
Keying). Analisaremos o sinal modulado, as funções-base e o espaço de sinais, a probabilidade de erro
de símbolo e de bit, os processos de geração do sinal modulado e de demodulação com detecção
coerente, a densidade espectral de potência e a eficiência espectral.

Sinal modulado QPSK

Na modulação QPSK os quatro símbolos de energia E são representados por quatro fases distintas de
uma portadora de frequência fc de acordo com a expressão:

 2E  π
 cos  2π f ct + ( 2i − 1)  , 0 ≤ t ≤ T 1
si (t ) =  T  4 f c = nc , nc inteiro
i =1,2,3, 4
0 em caso contrário T

A figura a seguir ilustra um trecho de um sinal QPSK, no qual podem ser notadas as quatro diferentes
fases citadas anteriormente. O conjunto de k = log2M = log24 = 2 bits que cada símbolo representa
pode ser, em princípio, qualquer e dependerá do mapeamento adotado pelo projetista do sistema. Vale
lembrar que o mapeamento Gray em símbolos vizinhos proporcionará a menor probabilidade de erro
de bit.

Funções-base para a modulação QPSK

Aplicando a identidade trigonométrica cos(α + β) = cosα cosβ – senα senβ na expressão do sinal
modulado, no intervalo T tem-se:

2E  π 2E  π
si (t ) = cos ( 2i − 1)  cos ( 2π f c t ) − sin ( 2i − 1)  sin ( 2π f c t )
i =1,2,3, 4 T  4 T  4

Rearranjando as posições de alguns termos, tem-se:

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 π 2  π 2
si (t ) = E cos ( 2i − 1)  cos ( 2π f ct ) − E sin ( 2i − 1)  sin ( 2π f c t )
i =1,2,3, 4  4 T  4 T

Perceba nesta última expressão que ao rearranjarmos alguns termos fizemos aparecer uma forma de
onda co-senoidal e outra senoidal com energias unitárias, as quais, por serem também ortogonais,
podem ser caracterizadas como as funções-base da modulação QPSK. Então temos:

2 2
φ1 (t ) = cos ( 2π f c t ) , 0 ≤ t ≤ T φ2 (t ) = sin ( 2π f c t ) , 0 ≤ t ≤ T
T T

Espaço de sinais (constelação) da modulação QPSK

As constantes que multiplicam as funções-base a cada intervalo de símbolo são os coeficientes dos
correspondentes vetores-sinais, ou seja, se si (t ) = si1φ1 (t ) + si 2φ2 (t ) , então podemos escrever:

 si1   E cos ( 2i − 1)(π 4 ) 


si = = 
i =1,2,3, 4  si 2   − E sin ( 2i − 1)(π 4 ) 

De onde obtemos:

 E  − E  − E   E 
s1 =  s2 =  s3 =  s4 = 
2 2 2 2
   
 − 2 
E
  − 2 
E
  E
2   2 
E

Se associarmos as coordenadas positivas ao bit 1 e as coordenadas negativas ao bit 0 teremos a


constelação dada na figura a seguir. Perceba que o mapeamento “símbolo bit” está utilizando o
código Gray em símbolos vizinhos mais próximos.

Probabilidade de erro de símbolo e de bit para a modulação QPSK

Como a constelação QPSK é circularmente simétrica em torno da origem do plano Euclidiano, a


probabilidade de erro de símbolo é a mesma para qualquer símbolo. Vamos considerar símbolos
equiprováveis e adotar a conhecida aproximação que diz que em altos valores de Eb/N0 a probabilidade
de erro para os símbolos vizinhos mais próximos é muito maior que para os demais. Tomando o
símbolo s1 como referência no Limitante de União, teremos:

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1 M  d ik  1 2 E/2  1   E / 2   E 
Pe ≤ ∑  2 N
2 k =1
erfc  ≅ ∑ erfc   =  2erfc    = erfc  
k ≠i
 0  2 kk ≠≠13  2 N 0  2   N 0    2 N0 

Portanto, para altos valores de Eb/N0 a probabilidade de erro de símbolo média para a modulação
QPSK com detecção coerente vale:

 Eb 
Pe ≅ erfc  
 N0 

Como está sendo utilizado o mapeamento Gray, tem-se que a BER = Pe/log2M, ou seja, a
probabilidade de erro de bit para a modulação QPSK será determinada por meio de:

1  Eb 
BER = erfc  
2  N0 

Observe que o desempenho da modulação QPSK, em termos de eficiência de potência, é o


mesmo da modulação BPSK.

Geração e detecção coerente de um sinal QPSK

De acordo com a expressão do sinal modulado percebemos que uma sequência antipodal de
coeficientes modula uma portadora co-senoidal e outra sequência antipodal modula uma portadora
senoidal. A estas sequências de coeficiente podemos dar os nomes a1(t) e a2(t), respectivamente. Como
cada símbolo é determinado por 2 bits, podemos dizer que a sequência de coeficientes a1(t) poderá ser
construída a partir de uma sequência de bits de informação com índice ímpar e que a sequência de
coeficientes a2(t) poderá ser construída a partir de uma sequência de bits de informação com índice
par. Portanto, a1(t) e a2(t) correspondem às saídas de um demultiplexador ou conversor série/paralelo
(S/P) da sequência de bits de informação. Então, a estrutura completa do modulador QPSK pode ser
implementada de acordo com a figura a seguir.

No modulador QPSK em questão, a sequência de bits de informação é convertida para a forma bipolar
e em seguida para a forma paralela (ou vice-versa), de tal sorte que cada par de bits (dibit) seja
responsável pela geração de um dos símbolos. As formas de onda resultantes a1(t) e a2(t) modulam
cada uma das funções-base. O sinal QPSK é gerado pela soma dos sinais modulados em cada um dos
ramos do modulador.

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A figura a seguir ilustra a composição de um trecho de um sinal QPSK. As duas formas de onda da
parte superior são as formas de onda a1(t) e a2(t). Nos cinco intervalos de símbolo mostrados temos os
seguintes pares de bit transmitidos: 11, 10, 00, 11 e 01. A forma de onda da parte inferior da figura é o
sinal modulado em QPSK, onde pode ser notada a ocorrência de todas as possíveis fases da portadora
modulada.

Observando com atenção o modulador QPSK percebemos que há dois moduladores BPSK em
paralelo, um utilizando uma portadora co-senoidal e o outro utilizando uma portadora senoidal. Um
modulador transmite a sequência de bits ímpares de informação e o outro transmite a sequência de bits
pares de informação. Como as portadoras correspondem a sinais ortogonais, a soma realizada na saída
do modulador não faz com que os sinais BPSK componentes se interfiram. Sendo assim, podemos
intuitivamente construir o demodulador QPSK como sendo composto por dois demoduladores BPSK
em paralelo, conforme ilustrado pela figura a seguir.

Um dos demoduladores BPSK estimará a sequência de bits ímpares de informação e o outro estimará a
sequência de bits pares de informação. Para termos a sequência de bits final estimada, basta que
façamos uma multiplexação ou conversão paralelo/série (P/S) das saídas dos dois demoduladores
BPSK componentes. Vale observar que a mesma estrutura de recepção pode ser obtida por
simplificação do receptor de máxima verossimilhança genérico.

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Densidade espectral de potência de um sinal QPSK

Revisitando a primeira forma de representação do sinal modulado QPSK e comparando-a com a


representação s(t ) = sI (t ) cos ( 2π f ct ) − sQ (t )sin ( 2π f ct ) , podemos notar que a componente em fase
sI(t) e a componente em quadratura sQ(t), ou simplesmente sinais I & Q são:

2E  π E 2E  π E
sI (t ) = cos ( 2i − 1)  = ± e sQ (t ) = sin ( 2i − 1)  = ± ,
T  4 T T  4 T

ou seja, sI(t) e sQ(t) correspondem a sequências aleatórias binárias com formatos de pulso retangulares
de duração T e amplitudes ± E / T . Como tais sequências estão sendo transportadas por portadoras
ortogonais, a densidade espectral de potência (DEP) resultante será a soma das DEPs de sI(t) e de sQ(t).
Então, a DEP do sinal QPSK equivalente em banda-base será:

2 2
T E / T sinc( fT ) T E / T sinc( fT )
S B ( f ) = S BI ( f ) + S BQ ( f ) = + = 4 Ebsinc 2 ( 2 fTb )
T T

e a DEP do sinal modulado QPSK será:

1
SS ( f ) =  S B ( f − f c ) + S B ( f + f c ) = Ebsinc 2 [2( f − f c )Tb ] + Ebsinc2 [2( f + f c )Tb ] .
4

A figura a seguir ilustra a DEP do sinal QPSK. Ela é semelhante à DEP de um sinal BPSK, mas
perceba que os nulos espectrais ocorrem em pontos diferentes dos nulos na DEP do sinal BPSK.

Eficiência espectral da modulação QPSK

Assim como fizemos na análise da modulação BPSK, se definirmos que a banda a ser ocupada pelo
sinal modulado QPSK é a banda do lobo principal do espectro do sinal, então B = 2/T. Assim, a
eficiência espectral será:

Rb R Rb R
ρ= = b = = b = 1 bit/s/Hz
B 2 T 2 2Tb Rb

Como exemplo, se quiséssemos transmitir informação a uma taxa de 1.000 bits/s, ocuparíamos uma
banda de 1.000 Hz.

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Note que o sinal QPSK ocupa a metade da banda ocupada pelo sinal BPSK, ou seja, a modulação
QPSK tem o dobro da eficiência espectral da modulação BPSK. Entretanto, para uma dada
relação Eb/N0 a BER da sinalização QPSK é a mesma da sinalização BPSK, ou seja, estas
modulações têm a mesma eficiência de potência.

Exercícios de fixação

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

1 – Explique com suas palavras os conceitos associados às modulações com detecção coerente e às
modulações com detecção não-coerente.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

2 – Na sua interpretação, qual a dificuldade de obtenção da densidade espectral de potência (DEP) de


um sinal modulado? Explique com suas palavras como se faz para transpor esta dificuldade para
grande parte das modulações digitais.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

3 – Defina com suas palavras os conceitos de componente em fase e de componente em quadratura de


um sinal modulado.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

4 – Encontre a DEP de uma sequência aleatória binária de pulsos ±g(t), na qual g(t) tem o formato de
um semi-ciclo senoidal de amplitude unitária, como ilustrado a seguir.

ℑ{g (t )}
2

Dica: usar S B ( f ) =
T

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

5 – Uma determinada modulação possui como sinais I & Q sequências quaternárias aleatórias e
independentes de pulsos com amplitudes ±1 e ±3 e duração T, conforme ilustrado pela figura a seguir.
Determine a DEP do sinal modulado.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

6 – Qual das modulações correspondentes às constelações a seguir possui maior eficiência de potência,
considerando que a energia média por símbolo em ambos os casos é a mesma? Justifique.

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(A) (B)

Solução

A constelação A possui maior eficiência de potência, pois levará a uma menor probabilidade de erro de
símbolo a uma dada potência de transmissão. Isto acontecerá porque a constelação A tem símbolos
mais espaçados em termos de distância Euclidiana.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

7 – Dado que as circunferências mostradas nas constelações da questão anterior possuem raio unitário
e sabendo que a taxa de transmissão em ambos os casos é de 1 kbit/s, calcule as potências médias de
transmissão para que ambas tenham a mesma eficiência de potência. Obs: modifique apenas a potência
média referente à constelação B. Dados: as probabilidades de erro de símbolo para as correspondentes
modulações são:

 Eb   3Eb  π 
Pe ≅ erfc   Pe ≅ erfc  sin   
 N0   N0  8 

Solução

Para a mesma eficiência de potência, Pe(A) = Pe(B), ou seja:

 Eb ( A)   3Eb ( B )  π  Eb ( A) 3E b ( B ) π 
erfc   = erfc  sin    ⇒ = sin  
   8   8
 N0   N 0 N0 N0
Eb ( A) 3Eb ( B ) 2  π  E π  E P
= sin   ⇒ b ( A) = 3sin 2   ⇒ b ( A) ≅ 0,44 ⇒ PB = A
N0 N0 8 Eb ( B ) 8 Eb ( B ) 0, 44

Agora precisamos calcular PA, para depois calcularmos PB. Sabemos que a potência média é igual à
energia média por símbolo dividida pela duração do símbolo ou a energia média por bit dividida pela
duração do bit. Então,

PA = E/T = 1/T = Rb/2 = 1.000/2 = 500 watts. Então, PB = 500/0,44 = 1.136 watts.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

8 – Dois sistemas de comunicação operam em um canal AWGN com densidade espectral de potência
de 10−10 W/Hz a uma taxa de 1 kbit/s. O sistema A utiliza modulação BPSK e o sistema B utiliza
modulação QPSK. Determine as potências médias de transmissão necessárias para que os sistemas de
comunicação A e B operem com probabilidade de erro de bit de 1×10−5.

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Solução

A probabilidade de erro de bit para ambas as modulações é a mesma, ou seja,

1  Eb ( A )  1  Eb ( B ) 
erfc   = erfc   ⇒ Eb ( A) = Eb ( B ) .
2  N0   
  2  N0 

Então a potência média será a mesma para as duas modulações. Assim teremos:

1  Eb ( A)  −5
erfc   = 1 × 10 . Da tabela em anexo obtemos:
2  10−10 
 
Eb ( A) E A)
= 3 ⇒ b−( 10 = 9 ⇒ Eb ( A) = 9 × 10−10 Joules .
10−10 10

Então: P = Eb/Tb = Eb×Rb = 9×10−10 × 1.000 = 9×10−7 watts.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

9 – A Figura a seguir mostra o gráfico da densidade espectral de potência de um sinal QPSK. Pede-se:

a) Estime a largura de faixa ocupada pelo sinal modulado, após filtragem por um filtro raiz de co-
seno elevado com fator de roll-off igual a 1.
b) Calcule a taxa de sinalização (ou taxa de símbolos).
c) Calcule a taxa de bits.
d) Esboce, nos gráficos vazios dados em seguida, a densidade espectral de potência do sinal
equivalente em banda-base, SB(f), e do sinal filtrado conforme descrito no item “a” desta
questão.

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Solução a)

A largura de faixa na saída de um filtro como este é dada por B = Bmin(1 + α). Em banda-base vimos
que a mínima largura de faixa teórica ocupada por um sinal é igual à metade da taxa de símbolos, Bmin
= 1/(2T). Em banda-passante esse valor é duplicado, ou seja, Bmin = 1/T.

Então teremos B = Bmin(1 + α) = (1/T)(1 + 1) = 2/T. No espectro do sinal QPSK a distância nulo-a-nulo
do lóbulo principal vale justamente 2/T. Então, finalmente temos que B = 100 MHz.

Solução b)

A taxa de símbolos é 1/T = 50 Mega-símbolos/segundo (50 Msps).

Solução c)

A taxa de bits é o dobro da taxa de símbolos, ou seja, 100 Mbit/s.

Solução d)

Veja gráficos.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

10 – Pretende-se dimensionar um sistema de comunicação digital para operar em uma banda de 50


kHz, com um filtro de transmissão do tipo raiz de co-seno elevado com roll-off igual a 1. É necessário
que o sistema consiga dar vazão a 50 kbit/s e que a modulação utilizada leve a uma taxa de erro de bit
de, no máximo, 1×10−3. Pede-se:

a) Escolha, dentre as modulações BPSK e QPSK, uma que seja capaz de atender aos requisitos
acima mencionados. Apresente os cálculos e/ou justificativas utilizadas na sua escolha.
b) Para a modulação selecionada, determine o valor de Eb/N0 mínimo para atender à taxa de erro
de bit imposta. Apresente os cálculos.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

11 – Seja um sinal QPSK dado pela expressão a seguir, onde fc = n(1/T), para n inteiro. Determine a) a
energia de cada um dos símbolos e b) a energia média por símbolo, admitindo que a sinalização seja
equiprovável.

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 3  π
 cos  2π f c t + ( 2i − 1)  , 0 ≤ t ≤ T
si (t ) =  T  4
i =1,2,3, 4
0 em caso contrário

Solução

a) Como várias vezes calculamos em sala, o valor que multiplica o 2 no radical é a energia do símbolo.
Para o caso a energia para todos os símbolos vale E = 1,5 J.

Alternativamente, embora mais trabalhoso, pode-se calcular

3 T  π
cos 2  2π f ct + ( 2i − 1)  dt , para qualquer i.
T
E = Ei = ∫ si2 (t )dt = ∫
0 T 0
 4

Para i = 1, por exemplo, teremos:


3 T  π 3 T 1 1  π 
E = ∫ cos2  2π f c t +  dt = ∫  + cos  4π f ct +   dt
T 0
 4 T 2 2
0
 2 
3 T1 3 T1  π 3T 3
= ∫ dt + ∫ cos  4π f ct +  dt = + 0 = 1,5 J
T 2
0 T 2
0
 2 T 2 T

b) Sendo equiprováveis os símbolos, a energia média é (4 × 1,5)/4 = 1,5 J.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

12 – No diagrama abaixo, preencha as caixas de texto com os números correspondentes aos sinais ou
vetores:

1 – sinal de entrada do banco de correlatores.


2 – vetor observado, correspondente ao sinal recebido.
3 – vetor-sinal.
4 – símbolo transmitido em forma de bits.
5 – símbolo transmitido em forma de onda.
6 – símbolo estimado.
7 – ruído.

4 3 5 7 1 2 6

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

13 – Encontre o número esperado de erros de bit em 24 horas de observação do funcionamento do


seguinte sistema de comunicação com modulação BPSK: taxa de transmissão de 5 kbit/s; s1(t) =
Acos(2πfct) e s2(t) = −Acos(2πfct), onde fc = n(1/T), n inteiro; A = 1 mV; o ruído é aditivo Gaussiano
e branco com densidade espectral de potência N0 = 10–11 W/Hz. Admita que os valores de potência
e/ou energia a serem calculados estão normalizados em relação a uma carga resistiva de 1 Ω.

Solução

Por definição BER = Nº de bits errados / Nº de bits transmitidos. Queremos calcular Nº de bits errados
= BER × Nº de bits transmitidos.

Em 24 horas temos 24×3.600 = 86.400 segundos. Como a taxa de bits é de 5 kbit/s, teremos
transmitido nestas 24 horas um total de bits de 5.000×86.400 = 432.000.000.

Para a modulação BPSK, Pe = BER = ½erfc ( )


Eb / N 0 . Da expressão de s1(t) ou s2(t) obtemos:
Tb Tb Tb 1 1 A2 (0,001) 2 1
Eb = ∫ si2 (t )dt = A2 ∫ cos 2 (2π f ct ) dt = A2 ∫ + cos(4π f c t ) dt = Tb = = 1 × 10−10 J
0 0 0 2 2 2 2 5000
Então, BER = ½erfc ( 1 × 10−10 /1 × 10−11 ) = ½erfc(3,16). De uma tabela encontramos BER ≅ 4,2×10 –6
.
Então, finalmente teremos: Nº de bits errados = BER × Nº de bits transmitidos = 4,2×10–6 ×
432.000.000 ≅ 1.814 bits em erro.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

14 – Um sistema com modulação BPSK tem em seu receptor um sistema de extração de sincronismo
de portadora imperfeito que gera a função-base local com defasagem θ em relação à portadora do sinal
recebido. Dependendo do bit transmitido o sinal recebido é ± 2 Eb / Tb cos(2π f c t ) , desconsiderando-se
a influência do ruído, e a função-base utilizada no receptor é 2 / Tb cos(2π f ct + θ ) .

Pede-se:

a) Calcule y, o valor da amostra de saída do correlator do receptor no momento de decisão,


desconsiderando o ruído.
b) Determine a expressão de probabilidade de erro de símbolo e de bit para este sistema, no canal
AWGN, levando em conta o resultado obtido no item “a”.

Solução a)

Tb 2 Tb
y = ±∫ 2 Eb / Tb cos(2π f ct ) 2 / Tb cos(2π f c t + θ )dt = ± Eb ∫ cos(2π f ct ) cos(2π f ct + θ )dt
0 Tb 0

[cos(θ ) + cos(4π f ct + θ )] dt = ± Eb  ∫0 cos(θ ) dt + ∫0 cos(4π f ct + θ )


2 Tb 1 2 Tb 1 Tb 1
= ± Eb
Tb ∫
0 2 Tb  2 2 
2  Tb 
= ± Eb  2 cos(θ ) + 0  ⇒ y = ± Eb cos(θ ) = ± Eb cos (θ ) = ± Eb '
2

Tb

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Solução b)

Utilizando o resultado do item “a” na expressão de Pe para BPSK obtém-se a expressão desejada:

1  Eb '  1  E cos2 (θ ) 
Pe = BER = erfc   = erfc  b .
2  N 0  2  N 0 

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

15 – Têm-se dois sistemas de comunicação digital: o sistema A utiliza modulação BPSK com detecção
coerente e o sistema B utiliza uma modulação para a qual a probabilidade de erro é

1  E 
Pe = BER = exp  − b  .
2  N0 

Ambos os sistemas estão operando a 56 kbit/s e com taxa de erro de bit média de 1,1802×10−4 em
canal AWGN, sob influência da mesma intensidade de ruído. Quanto de potência média de
transmissão a mais está sendo necessário no sistema B em relação ao sistema A?

Solução

1  Eb  −4 1  Eb 
Para a modulação do sistema A tem-se: Pe = BER = erfc   ⇒ 1,1802 × 10 = erfc  .
2  N 0  2  N 0 
1 Eb E
Do anexo obtém-se: erfc ( x ) = 1,1802 × 10−4 ⇒ x = 2,6 ⇒ = 2,6 ⇒ b = 6,76 ≅ 8,30 dB .
2 N0 N0
1  E  1  E 
Para a modulação do sistema B tem-se: Pe = BER = exp  − b  ⇒ 1,1802 × 10−4 = exp  − b  ⇒
2  N0  2  N0 
 E  E
2,3604 × 10−4 = exp  − b  ⇒ b ≅ 8,35 ≅ 9,22 dB .
 N0  N0

Como a intensidade de ruído nos dois casos é a mesma, a diferença de potência corresponde à
diferença nos valores de Eb/N0, em dB. Então será necessário aproximadamente 1 dB de potência de
transmissão a mais no sistema B em relação ao sistema A para se atingir uma BER = 1,1802×10−4.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

16 – Um sistema com modulação BPSK tem em seu receptor um sistema de extração de sincronismo
de portadora imperfeito que gera a função-base local com defasagem de 15º em relação à portadora do
sinal recebido. Assim, dependendo do bit transmitido o sinal recebido é ± 2 / Tb cos(2π f ct ) ,
desconsiderando-se a influência do ruído, e a função-base utilizada no receptor é
2 / Tb cos(2π f ct + 0, 262) . Nestas condições, calcule y, o valor da amostra de saída do correlator do
receptor no momento de decisão.

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Solução

Tb 2 Tb
y = ±∫ 2 / Tb cos(2π f ct ) 2 / Tb cos(2π f c t + θ )dt = ± ∫ cos(2π f ct ) cos(2π f ct + θ )dt
0 Tb 0

[cos(θ ) + cos(4π f ct + θ )] dt = ±  ∫0 cos(θ ) dt + ∫0 cos(4π f ct + θ )


2 Tb 1 2 Tb 1 Tb 1

Tb ∫ 0 2 Tb  2 2 
2  Tb 

Tb  2 cos(θ ) + 0  ⇒ y = ± cos(θ ) = ± cos(0, 262) = ±0,966 V.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

17 – Pretende-se transmitir um feixe de dados a 1 Mbit/s utilizando uma modulação QPSK com
mapeamento Gray. Pede-se:

a) Calcule a largura de faixa necessária no canal, sabendo que o sinal QPSK foi transmitido após
passar por um filtro cuja faixa de passagem corresponde à banda do lobo principal do sinal
modulado.
b) Calcule a probabilidade de erro de bit média, sabendo que a potência média do sinal transmitido é
de 8 mW, que a densidade espectral de potência do ruído na entrada do receptor é de 10 −9 W/Hz e
que o canal de comunicação atenua a potência do sinal em 3 dB.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

18 – Teça comentários sobre o que se ganha e o que se perde na escolha de uma modulação com
detecção não-coerente em detrimento de uma modulação idêntica, porém com detecção coerente.
Procure justificar seus comentários.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

19 – A expressão de cálculo da probabilidade de erro de símbolo para a modulação QPSK,


(
determinada via Limitante de União, é Pe ≅ erfc Eb / N 0 + 1 2 erfc 2 Eb / N 0 , onde foram ) ( )
considerados os erros para todos os símbolos e não somente para os símbolos vizinhos. Com relação a
esta expressão, pede-se: a) demonstre sua validade; b) Demonstre por meio de um exemplo que, para
altos valores de Eb/N0, tal expressão pode ser aproximada para Pe ≅ erfc ( )
Eb / N 0 .

Solução a)

Como a constelação é circularmente simétrica em torno da origem, podemos


tomar qualquer um dos símbolos como referência. Por simples trigonometria
obtemos as distâncias Euclidianas de interesse mostradas ao lado. Então teremos:

1 M  d  1  d  1 2 E/2  2 E 
Pe ≤ ∑ erfc  ik  ≅ ∑ erfc  1k  =  2erfc   + erfc    ,
2 k =1 2 N

k ≠i
0  2 k ≠1  2 N0  2   2 N0   2 N 0  
 Eb  1  2 Eb 
que resulta em Pe ≅ erfc   + erfc  .
 N0  2  N0 

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Solução b)

Em altos valores de Eb/N0 as probabilidades de erro de símbolo e de bit assumem valores pequenos.
Vamos então escolher o valor de ½erfc(x) = 2,0348×10–4, o que leva a x = 2,5. Então, se fizermos
Eb / N 0 = 2,5 teremos:

 Eb 
 = erfc ( 2,5 ) = 2 × 2,0348 × 10 = 4, 0696 × 10 e teremos
−4 −4
erfc 
 N 0 

 2 Eb  1  Eb  1
1
2
erfc   = erfc  2  = erfc ( )
2 × 2,5 =
1
erfc ( 3,535) ≅ 2,6 × 10−7 (da tabela).
 N0  2  N0  2 2

Perceba que, de fato, o valor 2.6×10–7 é muito menor que 4.0696×10–4, o que justifica desprezar o
segundo termo na expressão de Pe.

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FIM DA AULA

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

ANEXO – Tabela de valores da função erro-complementar.

x erfc(x) x erfc(x) x erfc(x) x erfc(x)


0.025 0.971796 1.025 0.147179 2.025 4.19E-03 3.025 1.89E-05
0.05 0.943628 1.05 0.137564 2.05 3.74E-03 3.05 1.61E-05
0.075 0.91553 1.075 0.128441 2.075 3.34E-03 3.075 1.37E-05
0.1 0.887537 1.1 0.119795 2.1 2.98E-03 3.1 1.16E-05
0.125 0.859684 1.125 0.111612 2.125 2.65E-03 3.125 9.90E-06
0.15 0.832004 1.15 0.103876 2.15 2.36E-03 3.15 8.40E-06
0.175 0.804531 1.175 0.096573 2.175 2.10E-03 3.175 7.12E-06
0.2 0.777297 1.2 0.089686 2.2 1.86E-03 3.2 6.03E-06
0.225 0.750335 1.225 0.0832 2.225 1.65E-03 3.225 5.09E-06
0.25 0.723674 1.25 0.0771 2.25 1.46E-03 3.25 4.30E-06
0.275 0.697344 1.275 0.071369 2.275 1.29E-03 3.275 3.63E-06
0.3 0.671373 1.3 0.065992 2.3 1.14E-03 3.3 3.06E-06
0.325 0.645789 1.325 0.060953 2.325 1.01E-03 3.325 2.57E-06
0.35 0.620618 1.35 0.056238 2.35 8.89E-04 3.35 2.16E-06
0.375 0.595883 1.375 0.05183 2.375 7.83E-04 3.375 1.82E-06
0.4 0.571608 1.4 0.047715 2.4 6.89E-04 3.4 1.52E-06
0.425 0.547813 1.425 0.043878 2.425 6.05E-04 3.425 1.27E-06
0.45 0.524518 1.45 0.040305 2.45 5.31E-04 3.45 1.07E-06
0.475 0.501742 1.475 0.036982 2.475 4.65E-04 3.475 8.91E-07
0.5 0.4795 1.5 0.033895 2.5 4.07E-04 3.5 7.43E-07
0.525 0.457807 1.525 0.031031 2.525 3.56E-04 3.525 6.19E-07
0.55 0.436677 1.55 0.028377 2.55 3.11E-04 3.55 5.15E-07
0.575 0.416119 1.575 0.025921 2.575 2.71E-04 3.575 4.29E-07
0.6 0.396144 1.6 0.023652 2.6 2.36E-04 3.6 3.56E-07
0.625 0.376759 1.625 0.021556 2.625 2.05E-04 3.625 2.95E-07
0.65 0.357971 1.65 0.019624 2.65 1.78E-04 3.65 2.44E-07
0.675 0.339783 1.675 0.017846 2.675 1.55E-04 3.675 2.02E-07
0.7 0.322199 1.7 0.01621 2.7 1.34E-04 3.7 1.67E-07
0.725 0.305219 1.725 0.014707 2.725 1.16E-04 3.725 1.38E-07
0.75 0.288844 1.75 0.013328 2.75 1.01E-04 3.75 1.14E-07
0.775 0.273072 1.775 0.012065 2.775 8.69E-05 3.775 9.36E-08
0.8 0.257899 1.8 0.010909 2.8 7.50E-05 3.8 7.70E-08
0.825 0.243321 1.825 9.85E-03 2.825 6.47E-05 3.825 6.32E-08
0.85 0.229332 1.85 8.89E-03 2.85 5.57E-05 3.85 5.19E-08
0.875 0.215925 1.875 8.01E-03 2.875 4.79E-05 3.875 4.25E-08
0.9 0.203092 1.9 7.21E-03 2.9 4.11E-05 3.9 3.48E-08
0.925 0.190823 1.925 6.48E-03 2.925 3.53E-05 3.925 2.84E-08
0.95 0.179109 1.95 5.82E-03 2.95 3.02E-05 3.95 2.32E-08
0.975 0.167938 1.975 5.22E-03 2.975 2.58E-05 3.975 1.89E-08
1 0.157299 2 4.68E-03 3 2.21E-05 4 1.54E-08

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Aula nº 15 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Modulação MPSK.


Conteúdo Modulações da família M-PSK (M-ary Phase Shift Keying).
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) explicar o processo de geração
do sinal M-PSK, envolvendo a teoria da representação de sinais no espaço Euclidiano.
Objetivos 2) explicar o funcionamento do transmissor e do receptor M-PSK. 3) analisar o
espectro de um sinal M-PSK. 4) analisar a eficiência de potência e a eficiência
espectral de uma modulação M-PSK.

Nestas notas de aula apresenta-se a generalização das modulações digitais por chaveamento de fase, ou
seja, as modulações da família M-PSK (M-ary Phase Shift Keying). Serão analisados os sinais
modulados, as funções-base e os espaços de sinais, as probabilidades de erro de símbolo e de bit, os
processos de geração dos sinais modulados e de demodulação com detecção coerente, as densidades
espectrais de potência e as eficiências espectrais.

Sinal modulado M-PSK

O sinal M-PSK consiste de uma sequência de símbolos de energia E, representados por uma portadora
de frequência constante fc e fase dependente do símbolo em particular. Os símbolos são dados por:

 2E  π 
 cos  2π f c t − 2 ( i − 1)  , 0 ≤ t ≤ T 1
si (t ) = T  M f c = nc , nc inteiro .
i =1,2,3, ..., M
 0 em caso contrário T

Funções-base para a modulação M-PSK

Aplicando a identidade trigonométrica cos(α − β) = cosα cosβ + senα senβ na expressão do sinal
modulado, no intervalo T tem-se:

2E  π  2E  π 
si (t ) = cos  2 ( i − 1)  cos ( 2π f c t ) + sin  2 ( i − 1)  sin ( 2π f ct ) .
i =1,2,..., M T  M T  M

Rearranjando alguns termos, tem-se:

 π  2  π  2
si (t ) = E cos  2 ( i − 1)  cos ( 2π f c t ) + E sin  2 ( i − 1)  sin ( 2π f c t )
i =1,2,..., M  M T  M T

Perceba nesta última expressão que, assim como fizemos na análise da modulação QPSK, ao
rearranjarmos alguns termos fizemos aparecer uma forma de onda co-senoidal e outra senoidal com
energias unitárias, as quais, por serem também ortogonais, podem ser caracterizadas como as funções-
base da modulação M-PSK. Então, assim como para a modulação QPSK, temos novamente:

2 2
φ1 (t ) = cos ( 2π f c t ) , 0 ≤ t ≤ T φ2 (t ) = sin ( 2π f c t ) , 0 ≤ t ≤ T .
T T

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Espaço de sinais (constelação) da modulação M-PSK

As constantes que multiplicam as funções-base a cada intervalo de símbolo são os coeficientes dos
correspondentes vetores-sinais. Como si (t ) = si1φ1 (t ) + si 2φ2 (t ) , então podemos escrever:

 si1   E cos  2 ( i − 1)(π M ) 


si = = .
i =1,2, ..., M  si 2   E sin  2 ( i − 1)(π M ) 

A título de exemplo, a figura a seguir ilustra uma constelação 8-PSK na qual o vetor-sinal s2 é
destacado no que diz respeito aos valores de seus coeficientes.

Probabilidade de erro de símbolo e de bit para a modulação M-PSK

Para a constelação M-PSK a probabilidade condicional de erro de símbolo Pe(mi) é a mesma para o
envio de qualquer símbolo e, portanto, a probabilidade de erro de símbolo média Pe pode ser calculada
utilizando-se apenas um símbolo como referência, pois para símbolos equiprováveis Pe = MPe(mi)/M.

Vamos admitir o envio do símbolo m1 como símbolo de referência e também admitir que a relação
Eb/N0 seja alta o suficiente para que sejam desprezíveis as probabilidades de erro correspondentes à
decisão pelos símbolos que não sejam os vizinhos mais próximos do símbolo de referência.

Vamos utilizar a constelação M-PSK com 8 símbolos como exemplo, conforme figura a seguir, porém
operando genericamente com as variáveis que dependem de M.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Admitindo o envio do símbolo m1 observa-se num dos triângulos retângulos destacados que
sen (π / M ) = (d12 / 2) / E = (d18 / 2) / E . Então, d12 = d18 = 2 E sen(π / M ) . Então a probabilidade
de erro de símbolo será limitada de acordo com:

1 M  d  2  2 E sen (π / M )   E 
Pe ≤ ∑ erfc  ik  = erfc   , o que resulta em Pe ≤ erfc  sen (π / M ) .
2 N 
2 k =1
k ≠i
 0  2  2 N0   N0 

Para altos valores de Eb/N0 sabemos que o Limitante de União converge para o desempenho real, o que
nos leva ao seguinte resultado para a expressão de cálculo da probabilidade de erro de símbolo para as
modulações da família M-PSK, para M ≥ 4:

 E log 2 M π 
Pe ≅ erfc  b sen   .
 N0 M 

Sabemos que, em função do mapeamento “símbolo bits”, a probabilidade de erro de bit pode se
situar entre os limites Pe/log2M ≤ BER < Pe. Se utilizarmos o mapeamento Gray, a probabilidade de
erro de bit para as modulações da família M-PSK será BER = Pe/log2M, ou seja,

1  E log 2 M π 
BER ≅ erfc  b sen   .
log 2 M  N0 M 

Apenas a título de complementação, a expressão exata para cálculo da probabilidade de erro de


símbolo nas modulações da família M-PSK é:

1 ( M −1)π M  Eb log 2 M sin 2 (π M ) 


Pe =
π ∫ exp  −  dθ .
0
 N0 sin 2 θ 

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Desafio: Responda por que a expressão de cálculo da probabilidade de erro de símbolo para a
modulação M-PSK vale somente para M ≥ 4. Dica: faça uma análise comparativa via Limitante de
União para BPSK e para M-PSK.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Geração e detecção coerente de um sinal M-PSK

Como se trata de uma modulação com M símbolos, cada conjunto de k = log2M bits é responsável por
determinar o símbolo a ser transmitido dentro do conjunto {si(t)}. Em outras palavras, de acordo com a
expressão expandida do sinal modulado, a cada conjunto de k bits geram-se os coeficientes si1 e si2 que,
posteriormente, multiplicam as correspondentes funções-base. Os resultados desta multiplicação são
somados para formar o sinal M-PSK.

Com base nestes argumentos podemos construir a estrutura mostrada na figura a seguir para o
modulador M-PSK. Nela os bits de informação são convertidos para a forma paralela de modo que se
tenha o conjunto de k bits simultaneamente apresentado à etapa seguinte. Por meio de um circuito que
combina partes analógicas e digitais gera-se uma tabela de consulta (look-up table), a qual permite que
cada conjunto de k bits em sua entrada determine os valores corretos dos coeficientes si1 e si2 em sua
saída. Em seguida, a partir de uma função-base senoidal é gerada a função-base co-senoidal por meio
de um defasador de π/2 radianos. Após multiplicação das funções-base pelos correspondentes
coeficientes, os resultados são somados de forma que os símbolos {si(t)} = {si1φ1(t) + si2φ2(t)}, i = 1,
..., M da modulação M-PSK sejam gerados.

Em termos de recepção de máxima verossimilhança com detecção coerente, em sendo uma sinalização
bidimensional, o receptor terá um par de correlatores que efetuam a correlação do sinal recebido com
cada uma das funções-base. Os valores de x1 e x2 resultantes compõem o vetor observado x = [x1 x2]T.
Em seguida faz-se o cálculo do produto interno de x por todos os vetores-sinal {si}, i = 1, ..., M, e
decide-se pelo símbolo correspondente ao maior valor deste produto interno. Por exemplo, se o
produto interno xTs3 levar ao maior valor, decide-se pelo símbolo m3. Tendo-se decidido pelo símbolo,
resta apenas fazer o mapeamento reverso de tal símbolo no conjunto de k bits que ele representa. A
figura a seguir ilustra a estrutura descrita.

Perceba que no receptor em questão não houve necessidade de subtração de metade da energia de cada
símbolo após o cálculo dos produtos internos, como prevê a estrutura do receptor genérico, devido ao
fato das energias dos símbolos M-PSK serem iguais.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Densidade espectral de potência de um sinal M-PSK

Vamos revisitar a segunda forma de representação do sinal modulado M-PSK e compará-la com a
representação estudada na primeira aula sobre transmissão em banda-passante. Elas são:

2E  π  2E  π 
si (t ) = cos  2 ( i − 1)  cos ( 2π f c t ) + sin  2 ( i − 1)  sin ( 2π f ct ) .
i =1,2,..., M T  M T  M
s(t ) = sI (t ) cos ( 2π f ct ) − sQ (t )sin ( 2π f ct ) .

Podemos notar que a componente em fase sI(t) e a componente em quadratura sQ(t), ou simplesmente
sinais I & Q são, num intervalo de símbolo:

2E  π  2E  π 
I= cos  2 ( i − 1)  e Q=− sin  2 ( i − 1)  ,
T  M T  M

ou seja, ao longo do tempo ambas correspondem a sequências aleatórias multinível.

Como bem sabemos, tais sequências multinível podem ser geradas pela soma de sequências binárias
bipolares, com pulsos de duração T e amplitudes que, combinadas adequadamente, geram as múltiplas
amplitudes das sequências multinível em questão. Como tais sequências estão sendo transportadas por
portadoras ortogonais, a densidade espectral de potência (DEP) resultante será a soma das DEPs de
sI(t) e de sQ(t) devidamente deslocadas para ±fc. Então, a DEP do sinal M-PSK equivalente em banda-
base será exatamente igual à DEP encontrada na análise do sinal QPSK, ou seja:

S B ( f ) = S BI ( f ) + S BQ ( f ) = Esinc 2 ( fT ) + Esinc2 ( fT ) = 2(log 2 M ) Eb sinc2 [ f (log 2 M )Tb ] ,

e a DEP do sinal modulado em M-PSK será:

1 E E
SS ( f ) =  S B ( f − f c ) + S B ( f + f c ) = sinc 2 [( f − f c )T ] + sinc 2 [( f + f c )T ] .
4 2 2

A figura a seguir ilustra a DEP do sinal M-PSK.

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Observe que todas as modulações da família M-PSK tem DEP com o mesmo aspecto. Entretanto,
perceba que quanto maior o valor de M mais estreitos serão os lóbulos do sinal modulado, para uma
mesma taxa de bits, pois T = Tblog2M e a largura do lobo principal é 2/T Hz.

Eficiência espectral da modulação M-PSK

Assim como fizemos na análise das modulações BPSK e QPSK, se definirmos que a banda a ser
ocupada pelo sinal modulado M-PSK correspondente à largura do lobo principal do espectro do sinal,
então, mais uma vez, B = 2/T. Assim, a eficiência espectral será:

Rb 2 2 2 Rb log 2 M
ρ= ∴B = = = Hz ⇒ ρ = bit/s/Hz
B T Tb log 2 M log 2 M 2

Como exemplo, se quiséssemos transmitir informação a uma taxa de 1.000 bits/s usando uma
modulação M-PSK, ocuparíamos uma banda B = Rb/ρ = 2Rb/log2M = (2×1.000)/(log2M) Hz.

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FIM DA AULA

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Aula nº 16 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Modulação M-QAM.


Modulações da família M-QAM (M-ary Quadrature Amplitude Modulation). O
Conteúdo
modulador I & Q. Exercícios de fixação.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) explicar o processo de geração
do sinal M-QAM com constelações quadradas e não quadradas, envolvendo a teoria da
representação de sinais no espaço Euclidiano. 2) explicar o funcionamento dos
Objetivos transmissores e dos receptores M-QAM para constelações quadradas e não quadradas.
3) analisar a densidade espectral de potência, a eficiência de potência e a eficiência
espectral de modulações M-QAM. 4) resolver exercícios envolvendo os conceitos
fundamentais da transmissão em banda-passante e as modulações M-PSK e M-QAM.

Neste texto serão abordadas as modulações da família M-QAM (M-ary Quadrature Amplitude
Modulation), um caso especial das modulações que combinam chaveamento de amplitude com
chaveamento de fase (APK – Amplitude and Phase Keying). Analisaremos os sinais modulados, as
funções-base e os espaços de sinais, as probabilidades de erro de símbolo e de bit, os processos de
geração dos sinais modulados e de demodulação com detecção coerente, as densidades espectrais de
potência e as eficiências espectrais destas modulações. Ao final da aula estudaremos o dispositivo
modulador I&Q e faremos alguns exercícios de fixação.

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Modulações da família M-QAM

As modulações da família M-QAM podem ser agrupadas em duas categorias: aquelas com
constelação quadrada e aquelas com constelação não-quadrada. Em ambos os casos os termos
“quadrada” e “não-quadrada” estão associados à geometria das constelações, como veremos adiante.

Modulação M-QAM com constelação quadrada

Nas constelações M-QAM quadradas o número de bits por símbolo é sempre par. Uma constelação M-
QAM quadrada pode ser formada pelo Produto Cartesiano entre duas constelações componentes L-
PAM, onde L2 = M. O produto cartesiano é um produto direto entre conjuntos. Especificamente, o
produto cartesiano entre o conjunto X dos pontos em um eixo x e o conjunto Y dos pontos de um eixo
y, denotado por X×Y, é o conjunto de todos os pares ordenados nos quais o primeiro elemento pertence
a X e o segundo elemento pertence a Y. Matematicamente temos:

X × Y = {( x, y ) | x ∈ X and y ∈ Y }

Percebe-se que o número de pares ordenados no conjunto X×Y é igual ao produto entre o número de
elementos em X e o número de elementos em Y.

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Exemplo: Vamos construir uma constelação para a modulação 16-QAM. Perceba que k = log2M =
log216 = 4, ou seja, o número de bits por símbolo é par. De acordo com o exposto, se L2 = M teremos
constelações componentes 4-PAM. A figura a seguir mostra uma destas constelações 4-PAM, onde d é

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a distância Euclidiana entre os símbolos vizinhos e E0 é a menor energia de símbolo da constelação L-


PAM.

O produto cartesiano entre duas constelações L-PAM nada mais é do que um conjunto de pares de
coordenadas formadas por todos os pares ordenados obtidos a partir das coordenadas destas
constelações. Neste exemplo, considerando como coordenadas apenas as constantes multiplicadoras do
valor d/2 em cada símbolo 4-PAM, teremos as seguintes combinações:

 ( −3, 3) ( −1, 3) (1, 3) ( 3, 3) 



( −3, 1) ( −1, 1) (1, 1) ( 3, 1) 
{ai , bi } =  −3, − 1
( ) ( − 1, − 1 ) ( − 1)
1, ( 3, − 1) 
 
 ( − 3, − 3 ) ( −1, − 3) (1, − 3) ( 3, − 3) 

Utilizando estas coordenadas num espaço bidimensional obtemos a constelação 16-QAM desejada, a
qual é mostrada na figura a seguir. Veja que o valor de E0 definido anteriormente também pode ser
interpretado como o quadrado da projeção do símbolo de menor energia da constelação M-QAM
resultante em um dos eixos.

Como vimos em aulas passadas, uma forma de garantir o mapeamento Gray em uma constelação
quadrada como a mostrada acima consiste em fazer um Mapa de Karnaugh com L linhas e L colunas,
pois temos M = L2 símbolos. Depois basta transferir diretamente os bits do mapa para os símbolos da
constelação. O mapa e a figura a seguir ilustram a aplicação desta regra para a modulação 16-QAM:

Mapa de Karnaugh

00 01 11 10
00 0000 0001 0011 0010
01 0100 0101 0111 0110
11 1100 1101 1111 1110
10 1000 1001 1011 1010

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Modulação M-QAM com constelação não-quadrada

A constelação M-QAM não-quadrada surge quando o número de bits por símbolo é impar. Uma
constelação não-quadrada não pode ser formada pelo produto cartesiano das coordenadas de duas
constelações unidimensionais PAM. Adicionalmente, não é possível garantir mapeamento Gray
completo (para todos os símbolos vizinhos mais próximos) numa constelação M-QAM não-quadrada.

Existem inúmeras maneiras de se arranjar os símbolos de uma constelação M-QAM não-quadrada.


Uma delas é ilustrada pela figura a seguir, onde, inicialmente, 2k–1 símbolos são distribuídos numa
forma geométrica quadrada. Em seguida, blocos de 2k–3 símbolos são dispostos acima, abaixo e aos
lados da geometria quadrada anteriormente obtida. A constelação resultante é conhecida como
constelação cruzada (cross constelation), por razões óbvias.

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Exemplo: Vamos construir uma constelação para a modulação 32-QAM. Como M = 32, temos k = 5
bits por símbolo. Utilizando a regra descrita anteriormente, obteremos como resultado a constelação da
figura a seguir.

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Sinal modulado e funções-base para a modulação M-QAM

O sinal modulado M-QAM pode ser matematicamente representado da seguinte maneira:

2 E0 2 E0 0 ≤ t ≤ T
si (t ) = ai cos ( 2π f c t ) − bi sen ( 2π f ct ) , 
i =1,2,3, ..., M T T  ai , bi = ±1, ± 3,..., ± ( L − 1),

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onde {ai , bi}, após multiplicação por d/2 = E0 , formam as coordenadas dos vetores-sinal.

Devido ao fato dos valores de {ai , bi} variarem em amplitude, podemos interpretar o sinal modulado
como a composição de sinais modulados em amplitude, operando com portadoras em quadratura. Isto
de certa forma justifica o nome dado à modulação QAM, ou seja, modulação por amplitude em
quadratura (Quadrature Amplitude Modulation).

Probabilidade de erro de símbolo e de bit para a modulação M-QAM com constelação quadrada

O cálculo da probabilidade de erro de símbolo para uma modulação M-QAM para qualquer valor de M
é uma tarefa bastante complexa, mesmo utilizando o Limitante de União. Além disto, mesmo que
consigamos encontrar expressões para cada um dos valores de M, dificilmente encontraremos uma
única forma genérica de representação de todas as expressões encontradas. Por esta razão
apresentaremos aqui uma das possíveis expressões de cálculo de Pe, determinada com uso do
Limitante de União nas constelações L-PAM componentes de constelações quadradas. Em seguida
apresentaremos uma expressão para constelações não-quadradas.

Para a modulação M-QAM com constelação quadrada tem-se que:

 1   3E   1   3log 2 M Eb 
Pe ≅ 2  1 −  erfc  2 M − 1 N  = 2  1 −  erfc  2 M − 1 N  ,
 M   ( ) 0   M   ( ) 0 

onde a energia média por símbolo pode ser calculada de forma aproximada por meio de:

2( M − 1) E0
E≅ .
3

Perceba que se M = 4 tem-se a expressão de cálculo da Pe para a modulação QPSK, que é um caso
especial da modulação M-QAM quadrada.

A probabilidade de erro de bit dependerá do mapeamento símbolo bit. Se utilizarmos o


mapeamento Gray, para altos valores de Eb/N0 teremos a aproximação: BER ≅ Pe/log2M.

Probabilidade de erro de símbolo e de bit para a modulação M-QAM com constelação não quadrada

Pelas mesmas razões citadas no caso da modulação M-QAM com constelação quadrada, para
constelações não-quadradas cruzadas vamos apenas fornecer uma expressão de cálculo de Pe, sem
demonstração. Para altos valores de Eb/N0 a probabilidade de erro de símbolo é dada por:

 1   E0   1   96 log 2 M Eb 
Pe ≅ 2  1 −  erfc  N  = 2  1 −  erfc  62 M − 64 N  .
 2M   0   2M   0 

Nesta expressão fez-se uso da relação exata entre E e E0 para constelações cruzadas:

 31  2E
E =  M − 1 0 .
 32  3

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Devido ao fato de não conseguirmos gerar o mapeamento Gray completo em uma constelação M-
QAM não-quadrada, a probabilidade de erro de bit será sempre maior que Pe/log2M, mesmo para altos
valores de Eb/N0. Obviamente, quanto mais diferente do mapeamento Gray fizermos o mapeamento de
uma constelação M-QAM não-quadrada, mais distante de Pe/log2M será a BER.

Geração e detecção coerente de um sinal M-QAM com constelação quadrada

Observando a expressão do sinal modulado e o fato de que para constelações quadradas temos sempre
um número par de bits por símbolo, podemos implementar um modulador M-QAM somando dois
sinais L-PAM em quadratura, cada um transportando metade do número de bits por símbolo. A figura
a seguir ilustra a estrutura do modulador M-QAM genérico, para constelações quadradas.

Para um sinal M-QAM com constelação quadrada devemos realizar a demodulação e a decisão de dois
sinais L-PAM em quadratura. A figura a seguir ilustra esta implementação. Perceba que na saída de
cada elemento de decisão L-PAM temos a decisão por (log2M)/2 = log2L bits. Após a conversão para a
forma serial teremos a estimativa dos bits de informação transmitidos. Para a decisão pelos dois
conjuntos de log2L bits, os valores de x1 e x2 são comparados com L – 1 limiares de decisão.

Geração e detecção coerente de um sinal M-QAM com constelação quadrada ou não quadrada

Como vimos anteriormente, para constelações não-quadradas não há como gerar o sinal M-QAM
somando dois sinais L-PAM, pois o número de bits por símbolo é ímpar e, desta forma, para
implementar o modulador não podemos dividir a saída do conversor S/P em dois ramos de (log2M)/2
bits. Portanto, o que resta fazer é gerar os coeficientes dos vetores-sinal diretamente por meio de uma

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look-up table, a partir do conjunto de log2M bits de saída do conversor S/P, assim como fizemos na
geração dos símbolos da modulação M-PSK. A figura a seguir ilustra esta implementação.

De fato, a estrutura mostrada anteriormente se presta à geração de sinais M-QAM com qualquer tipo
de constelação. Mais que isto, implementando adequadamente a look-up table, com essa estrutura
podemos gerar qualquer modulação digital bidimensional.

Em termos de recepção de um sinal M-QAM com constelação não-quadrada, também não é possível
implementar o demodulador combinando dois demoduladores L-PAM. Sendo assim, nos resta realizar
uma estrutura similar àquela que foi utilizada para a demodulação de um sinal M-PSK. A figura a
seguir ilustra o receptor resultante, no qual podemos perceber que a única diferença com relação ao
receptor M-PSK reside na necessidade de subtração de metade da energia de cada símbolo no processo
de decisão, pois para a modulação M-QAM as energias dos símbolos são distintas. Obviamente, os
vetores-sinal operados em cada processo de decisão são diferentes de uma modulação para a outra.

Densidade espectral de potência e eficiência espectral da modulação M-QAM

Tanto a densidade espectral de potência quanto a eficiência espectral das modulações da família M-
QAM são idênticas àquelas determinadas para as modulações da família M-PSK. Como desafio,
procure justificar matematicamente esta afirmação.

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O modulador I &Q

Pudemos observar que, em todas as estruturas de modulação bidimensional estudadas até aqui, temos
os blocos mostrados na figura a seguir. Tais blocos compõem o que é chamado de modulador I&Q.
Trata-se de um dispositivo muito utilizado na implementação de sistemas de comunicação digital, pois

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com o mesmo podemos realizar qualquer das modulações da família M-PSK e M-QAM ou qualquer
outra modulação bidimensional que utilize portadoras em quadratura (co-seno e seno). Basta
implementar em sua entrada um circuito do tipo look-up table que, a partir de cada grupo de log2M
bits, gere os coeficientes adequados em função da posição geométrica de cada símbolo desejado.

Podemos adquirir com certa facilidade o componente “modulador I&Q” em lojas especializadas ou de
fabricantes de componentes para telecomunicações.

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Comparação entre M-PSK e M-QAM

A figura a seguir apresenta curvas de probabilidade de erro de símbolo para várias modulações M-PSK
e M-QAM. Note que para M ≥ 8 a modulação M-QAM tem menor Pe que a modulação M-PSK.
Entretanto, para M = 8 utiliza-se mais na prática a modulação 8-PSK em vez de 8-QAM, já que a
diferença de desempenho não é tão grande e a modulação 8-PSK tem a vantagem de ter símbolos com
mesma energia, facilitando o projeto do receptor. No caso das modulações QAM, as diferenças nas
energias dos símbolos demanda o uso de circuitos especiais para que as compensações de energia do
receptor sejam implementadas.

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Exercícios de fixação

1 – Esboce a densidade espectral de potência dos sinais modulados em BPSK, QPSK e 8-PSK,
admitindo que a energia média por símbolo seja unitária e que a taxa de transmissão seja de 1.000 bit/s
em todas elas.

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2 – Criar uma constelação 4-QAM e uma constelação 8-QAM utilizando as regras ilustradas no texto.
Comentar sobre a constelação 4-QAM em comparação com uma constelação QPSK.

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3 – Porque, na justificativa para cálculo da BER para a modulação M-QAM quadrada, foi dito que
apenas para altos valores de Eb/N0 a BER é dada por Pe/log2M ?

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4 – Verifique se um demodulador M-QAM para constelação não-quadrada pode ser utilizado para
demodular um sinal M-PSK. Verifique se o contrário pode ser feito, ou seja, se um demodulador M-
PSK pode ser utilizado para demodular um sinal M-QAM. Justifique.

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5 – Como podemos utilizar um modulador I&Q para gerar um sinal BPSK?

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6 – Determine os possíveis valores de I e Q para que um sinal QPSK com símbolos de energia unitária
e taxa de 1.000 bit/s possa ser gerado com o uso de um modulador I&Q.

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7 – Dada a constelação da figura ao lado, correspondente a


uma modulação 16-QAM com símbolos equiprováveis,
pede-se:

a) Calcule a energia média da constelação.


b) Calcule a probabilidade de erro de símbolo média em
função da densidade espectral de potência de ruído.
c) Estime a probabilidade de erro de bit média em função
da probabilidade de erro de símbolo média, supondo
que o mapeamento Gray estivesse sendo seguido.
d) Responda se a probabilidade de erro de bit média real
será aproximadamente igual, menor ou maior em
comparação com aquela estimada no item “c” deste
exercício. Justifique sua reposta.

Solução

a) A energia média da constelação 16-QAM pode ser determinada a partir das duas constelações 4-
PAM componentes, sabendo que, para o caso em questão, E0 = 1, de acordo com:

2( M − 1) E0 2(16 − 1)1
E= . Então se tem: E = = 10 Joules.
3 3

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 1   3E 
b) A probabilidade de erro de símbolo média é dada por: Pe ≅ 2  1 −  erfc  .
 M   2 ( M − 1) N 0 
 1   3 × 10  3  1 
Então Pe ≅ 2 1 −  erfc  2 16 − 1 N  = erfc  
 16   ( ) 0  2  N 0 

c) Se o mapeamento utilizado na constelação fosse do tipo Gray, a BER poderia ser estimada por:
Pe Pe P 3  1 
BER = , o que levaria a BER = = e ≅ erfc  .
log 2 M log 2 M 4 8  N 0 

d) A probabilidade de erro de bit média será MAIOR que aquela dada no item anterior, posto que o
mapeamento Gray entre símbolos vizinhos mais próximos não está sendo garantido em toda a
constelação.

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8 – Pretende-se dimensionar um sistema de comunicação digital para operar em uma banda de, no
máximo, 25 kHz. É necessário que o sistema consiga dar vazão a 50 kbit/s e que a modulação utilizada
leve a uma taxa de erro de bit de, no máximo, 1×10−3, consumindo a menor potência média possível da
fonte de alimentação. Pede-se: a) Escolha uma modulação capaz de atender aos requisitos
mencionados. Apresente os cálculos ou justificativas utilizadas na sua escolha. b) Para a modulação
selecionada, determine o valor de Eb/N0 mínimo que atenda à taxa de erro de bit imposta.

Solução

a) Definindo-se que a banda ocupada pelo sinal modulado e filtrado corresponde à distância de nulo-
a-nulo no espectro do sinal modulado (lobo principal), tem-se que 2/T ≤ 25 kHz, o que leva a T ≥
80 µs. Se a taxa de bits é de 50 kbit/s, a duração de um bit vale Tb = 1/50.000 = 20 µs. Então o
número de bits por símbolo deverá ser T/Tb ≥ 4 bit/símbolo. Portanto, usando uma modulação com
4 bits por símbolo atende-se aos requisitos de banda e taxa de transmissão. Dentre as modulações
estudadas pode-se escolher a 16-QAM, que proporcionará também o desempenho adequado com
menor consumo de potência se comparada à modulação 16-PSK.

b) Usando a expressão de probabilidade de erro de símbolo da modulação M-QAM para M = 16 e


admitindo mapeamento Gray, tem-se:
Pe  1   3E  −3 Pe
BER = , onde Pe ≅ 2  1 −  erfc   . Então, 1 × 10 = ,
log 2 M  M   2 ( M − 1) N 0  log 2 16
⇒ Pe = 4 × 10−3 . Levando este valor à expressão de Pe e extraindo o valor da energia média da
8 × 10−3  E 
constelação (energia média por símbolo) E, tem-se: ≅ erfc   , que pode ser escrita
3  10 N 0 
8 × 10− 3  E 
de forma alternativa como: 1 − = 0.9973 ≅ erf   . Usando cálculo numérico ou uma
3  10 N 0 
E E
tabela da função erf(x) ou erf(x), tem-se u = 2,12. Então = 2,12 , donde se extrai ≅ 45 .
10 N 0 N0
Eb E 45
Então, o valor de Eb/N0 mínimo poderá ser calculado por = = = 11, 25 ≅ 10,5 dB.
N 0 N 0 log 2 M 4

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9 – Uma solução desta questão está apresentada logo


abaixo. Pede-se marcar no local adequado se cada
solução está correta ou parcialmente correta. No caso
de estar parcialmente correta, assinale a(s) parte(s)
incorreta(s) e apresente a solução correta.

A figura ao lado mostra o espectro de frequências de


um sinal QPSK. Pede-se: a) A largura de faixa
ocupada pelo sinal modulado. b) A mínima largura de
faixa que teoricamente poderia ser ocupada pelo sinal
modulado e idealmente filtrado. c) A taxa de sinalização (taxa de símbolos). d) A taxa de bits.

Solução

a) A largura de faixa ocupada pelo sinal modulado é infinita.


b) Numa transmissão em banda-base, a mínima largura de faixa teórica é de metade da taxa de
símbolos. Na transmissão em banda-passante, a largura de faixa mínima corresponde ao dobro desse
valor, ou seja, 50 MHz (de 225 a 275 MHz).
c) O primeiro nulo à direita no lobo principal corresponde a fc + 1/T. Então a taxa de sinalização R =
1/T = 50 Msps.
d) Cada símbolo QPSK carrega 2 bits. Então, a Rb = 2R = 100 Mbit/s.

a) CORRETA ( ). PARCIALMENTE CORRETA ( x ).


b) CORRETA ( x ). PARCIALMENTE CORRETA ( ).
c) CORRETA ( ). PARCIALMENTE CORRETA ( x ).
d) CORRETA ( ). PARCIALMENTE CORRETA ( x ).

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10 – Para a mesma energia média por símbolo, a partir de que valor de M a modulação M-QAM com
constelação quadrada suplanta a modulação M-PSK em termos de taxa de erro de bit? Lembre-se que
M é uma potência inteira de 2. Pede-se que os cálculos realizados sejam apresentados. Dica: arbitre
valores para M e para Eb/N0, calcule e compare os valores de BER.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

11 – Suponha que a figura do exercício anterior represente o espectro, idêntico, de três sinais
modulados M-PSK, correspondentes a três sistemas de comunicação digital. Tomando como
convenção que a banda ocupada pelo sinal modulado e filtrado corresponde à distância de nulo-a-nulo
do lobo principal do espectro do sinal, pede-se: a) Os valores de M, se as taxas de bit dos sistemas são,
respectivamente, 50 Mbit/s, 100 Mbit/s e 200 Mbit/s. b) A taxa de sinalização das modulações. c) A
eficiência espectral das modulações.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FIM DA AULA

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Aula nº 17 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Modulação M-FSK.


Modulação BFSK (Binary Frequency Shift Keying). Modulações da família M-FSK
Conteúdo
(M-ary Frequency Shift Keying).
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) explicar o processo de geração de
um sinal BFSK e, genericamente, dos sinais M-FSK. 2) explicar o funcionamento do
transmissor e do receptor M-FSK. 3) analisar o espectro, a eficiência de potência e a
Objetivos
eficiência espectral de uma modulação M-FSK. 4) resolver exercícios envolvendo os
conceitos fundamentais da transmissão em banda-passante e as modulações M-PSK,
M-QAM e M-FSK.

Nesta aula estudaremos as modulações da família M-FSK (M-ary Frequency Shift Keying) com
detecção coerente. Analisaremos os sinais modulados, as funções-base e os espaços de sinais, as
probabilidades de erro de símbolo e de bit, os processos de geração dos sinais modulados e de
demodulação com detecção coerente, as densidades espectrais de potência e as eficiências espectrais
das modulações desta família. Iniciaremos o estudo com a modulação 2-FSK, ou simplesmente BFSK.

Modulação BFSK

Na modulação BFSK (Binary Frequency Shift Keying) ou 2-FSK cada um dos bits de informação é
representado por um tom. Em outras palavras, o bit 0 é transportado por uma portadora de magnitude
constante e frequência f1 e o bit 1 é transportado por uma portadora de magnitude constante e
frequência f2. A separação entre tais tons é tal que garanta que os símbolos s1(t) e s2(t) sejam
ortogonais entre si. Como vimos no início dos estudos sobre a transmissão em banda passante, esta
modulação pode ser vista como a versão digital da modulação FM (Frequency Modulation).

Sinal modulado e funções-base para a modulação BFSK

O sinal modulado BFSK é uma sucessão de símbolos si(t) correspondentes a tons de frequência fi, esta
determinada pelo bit de informação que se deseja transmitir, ou seja:

 2 Eb
 cos ( 2π f i t ) , 0 ≤ t ≤ Tb
si (t ) =  Tb
i =1, 2
0 em caso contrário

Dependendo da escolha do par de tons pode-se ou não garantir que os símbolos sejam ortogonais.
Adicionalmente, se as frequências destes tons não forem escolhidas adequadamente, quando se comuta
de um bit de informação para outro se pode ter, além da desejada mudança de frequência, uma
indesejada mudança abrupta de fase. Estas mudanças abruptas de fase fazem com que o espectro de
um sinal FSK tenha maiores intensidades nas suas componentes de frequência elevada, diminuindo a
concentração da potência do sinal na banda de maior interesse, que normalmente é a banda do lobo
principal. Portanto, é desejável que se garanta continuidade de fase da portadora modulada quando da
mudança de um símbolo para o próximo.

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As figuras a seguir ilustram as situações de continuidade de fase e de mudança abrupta ou


descontinuidade de fase em um sinal BFSK. Nas partes superiores destas figuras são mostrados trechos
da sequência de bits de informação e nas partes inferiores das figuras estão os sinais BFSK.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Desafio: Implementar uma simulação no VisSim/Comm que lhe permita verificar a influência da não
continuidade de fase de uma modulação BFSK na sua densidade espectral de potência.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Para que se mantenha a ortogonalidade entre os símbolos e ao mesmo tempo se garanta a continuidade
de fase, a frequência dos tons deve ser escolhida de acordo com:

nc + i
fi = , nc inteiro, i = 1, 2
Tb

Neste caso tem-se uma modulação BFSK que faz parte de uma família de modulações com
continuidade de fase denominada CPM (Continuous Phase Modulation), adquirindo em algumas
referências bibliográficas o nome de CPFSK (Continuous Phase Frequency Shift Keying).

Vamos agora determinar as funções-base para a modulação BFSK, tarefa bastante simples dado que
sabemos que se trata de uma sinalização com símbolos ortogonais. Desta forma, as funções-base serão
as próprias formas de onda dos símbolos, normalizadas para que passem a ter energia unitária. Então,
as funções-base ortonormais para a modulação BFSK são:

2
φi (t ) = cos ( 2π f i t )
i =1, 2 Tb

Espaço de sinais para a modulação BFSK

Por se tratar de uma modulação bidimensional, ortogonal e binária, sua constelação contém dois
símbolos, cada um localizado sobre um dos eixos φ1 e φ2. A figura a seguir ilustra a constelação da
modulação BFSK. Nesta figura ainda são mostradas as regiões de decisão, a distância Euclidiana entre
os símbolos e as formas de onda s1(t) e s2(t). Perceba que, por possuir um número inteiro de ciclos no
intervalo de símbolo, os tons de frequência f1 e f2 sempre iniciarão e terminarão na mesma amplitude,
fazendo com que se mantenha a continuidade de fase do sinal modulado quando da mudança de um
símbolo para o próximo.

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Probabilidade de erro de símbolo e de bit para a modulação BFSK

A probabilidade de erro de símbolo de bit para a modulação BFSK com símbolos equiprováveis pode
ser facilmente obtida por meio do Limitante de União ou fazendo-se uso das propriedades de
invariância da probabilidade de erro de símbolo com a rotação e com a translação da constelação. A
seguir vamos realizar os cálculos pelos dois caminhos.

Como a probabilidade de erro de símbolo condicionada ao envio de cada símbolo, Pe(mi), é a mesma
para qualquer símbolo, podemos tomar qualquer um dos dois símbolos como referência na expressão
do Limitante de União. Assim, como a Pe obtida via limitante converge para a Pe real para altos
valores de Eb/N0, teremos:

1 M
1 M
1 M  d ik  1 M  d  1  2 Eb 
Pe ≃
M
∑ P ( m ) = M ∑ 2 ∑ erfc  2
e i  = ∑ erfc  ik  = erfc   ,
i =1 i =1 k =1
k ≠i
 N0  2 kk =≠1i  2 N0  2  2 N0 

o que leva a
1  Eb 
Pe = BER = erfc  
2  2N0 

Realizando simultaneamente uma rotação e uma translação nos símbolos da modulação BFSK
podemos colocá-los de forma simetricamente disposta em um único eixo, conforme ilustra a figura a
seguir. Desta forma passamos a ter uma constelação equivalente a uma sinalização antipodal para a
qual podemos utilizar a expressão já conhecida para cálculo da Pe:

1  Eb '  1  2 Eb / 4  1  Eb 
Pe = BER = erfc   = erfc   = erfc  
2  N0  2  N0  2  2 N0 

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Vamos agora comparar a probabilidade de erro de símbolo Pe e a distância Euclidiana entre os


símbolos para a modulação BFSK com a Pe e a distância Euclidiana entre os símbolos para a
modulação BPSK. Perceba que a distância Euclidiana, para uma mesma energia média por símbolo, é
menor para a modulação BFSK, o que justifica seu desempenho inferior à modulação BPSK. Em
números, para que a modulação BFSK atinja a mesma probabilidade de erro de símbolo ou de bit
produzida pela modulação BPSK, para a mesma densidade espectral de potência de ruído, ela terá que
operar com o dobro de potência média em relação ao BPSK, ou seja, 3 dB a mais.

Geração e detecção coerente de um sinal BFSK

A figura a seguir ilustra o diagrama de blocos de um modulador BFSK. Desde que a regra para
determinação das frequências dos tons seja obedecida, tal modulador tem como tarefa simplesmente
selecionar (chavear) um dentre os dois tons co-senoidais para transmissão, dependendo do bit de
informação. Para o diagrama em questão, quando o bit de informação for 1 o tom de frequência f1 será
transmitido. Quando o bit de informação for 0 será selecionado o tom de frequência f2 para
transmissão.

Para o modulador em questão, em vez de dois osciladores pode-se utilizar um VCO (Voltage-
Controlled Oscillator) alimentado com um sinal bipolar. Tal VCO terá frequência de oscilação livre
igual a fc. Para uma separação de 1/Tb entre os tons, quando for aplicado um sinal positivo (bit 1) à sua
entrada, a frequência de oscilação irá para fc + 1/(2Tb); quando for aplicado um sinal negativo (bit 0), a
frequência de oscilação irá para fc − 1/(2Tb), ou vice-versa.

No que diz respeito à demodulação coerente do sinal BFSK através de simplificação no receptor
genérico, na parte de detecção teremos 2 correlatores já que, por se tratar de uma sinalização com
símbolos ortogonais, N = M = 2. Com relação ao decodificador podemos tecer os seguintes
comentários: teríamos 2 ramos, mas nestes ramos estaríamos fazendo a correlação, no domínio
vetorial, entre o vetor observado e os dois vetores-sinais, ou seja, xTs1 e xTs2. Estas operações
produzem resultados proporcionais à correlação temporal entre o sinal recebido e as formas de onda
φ1(t) e φ2(t), pois estas funções-base nada mais são do que versões normalizadas das formas de onda
s1(t) e s2(t). Portanto, as operações de produto interno não serão necessárias. Adicionalmente, como as
energias dos dois símbolos são iguais, não se fazem necessárias as subtrações de metade destas
energias. A verificação do maior valor de correlação pode ser realizada subtraindo-se x1 de x2 e
comparando-se o resultado com zero. Como resultado teremos o receptor para a modulação BFSK com
detecção coerente ilustrado na figura a seguir.

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Densidade espectral de potência e eficiência espectral da modulação BFSK

O sinal modulador BFSK, para uma separação entre os tons de 1/Tb, pode ser escrito de forma
alternativa como:

2 Eb 2 Eb  πt 
si (t ) = cos ( 2π f i t ) ⇒ s (t ) = cos  2π f ct ±  ,
i =1, 2 Tb Tb  Tb 

onde o sinal “+” corresponde ao símbolo s2(t) e o sinal “–”corresponde ao símbolo s1(t), ou vice-versa,
e a portadora co-senoidal terá frequência fc com valor intermediário ao valores de f1 e f2.

Aplicando a identidade trigonométrica cos(a ± b) = cos(a)cos(b) ∓ sen(a)sen(b) à expressão anterior,


teremos:

Na expressão anterior, a parcela marcada da esquerda será sempre a mesma, independente do bit que
se desejar transmitir. Esta parcela corresponde a um tom de frequência 1/(2Tb) Hz. Já a parcela
marcada da direita é correspondente a um semi-ciclo de um tom senoidal de frequência 1/(2Tb) Hz, que
terá sua polaridade dependente do bit a ser transmitido. Podemos interpretar esta parcela como uma
sequência binária bipolar de pulsos ±g(t), onde g(t) tem o formato ilustrado na figura a seguir,
considerando amplitude unitária por simplicidade.

 2 Eb  πt 
 sen   , 0 ≤ t ≤ Tb
g (t ) =  Tb  Tb 
 0 em caso contrário

Então a densidade espectral de potência (DEP) do sinal BFSK, em banda-base, é a DEP de um tom co-
senoidal de frequência 1/(2Tb) Hz e amplitude (2Eb/Tb)1/2, somada à DEP de uma sequência binária
aleatória dos pulsos ±g(t), o que leva a:

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  1   1   8 Ebcos (π fTb )
2
Eb
SB ( f ) = δ
  f −  + δ  f +  + .
( b )
2
2Tb   2Tb   2Tb  π 2
4T 2 2
f − 1

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exercício: Mostre em detalhes a obtenção da DEP SB(f) anterior. Para isto utilize os conceitos sobre
DEP estudados na primeira aula sobre transmissão em banda-passante. OBS: A parcela referente à
sequência de pulsos ±g(t) poderá ter formas diferentes daquela mostrada na expressão anterior. Para
verificar se sua dedução está correta, sugere-se que a DEP por você obtida seja plotada sobre a DEP
dada anteriormente, utilizando uma ferramenta computacional como o Matlab ou o Mathcad.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A figura a seguir mostra um esboço da DEP do sinal BFSK em banda-base. Vale lembrar que esboços
com este aspecto se referem ao que provavelmente veríamos em um analisador de espectro (para f ≥ 0)
ou via algum software de simulação. A DEP teórica do sinal modulado é uma função mais “bem
comportada” e dada diretamente pela expressão teórica correspondente. Consulte a primeira nota de
aula sobre transmissão em banda-passante para revisitar este conceito.

Para obtenção da DEP do sinal BFSK em banda-passante, basta operar com SB(f) na expressão:

1
SS ( f ) =  S B ( f − f c ) + S B ( f + f c ) .
4

A título de complementação, se fizermos a separação entre os tons igual a 1/(2Tb) Hz, que é a mínima
separação que ainda garantirá ortogonalidade entre os símbolos da modulação BFSK (veja ANEXO),
teremos um espectro ainda mais compacto, conforme ilustra a figura a seguir. Perceba que neste caso
não aparecem mais as raias espectrais que apareciam quando a separação entre os tons era de 1/Tb Hz.

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----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Desafio: Faça uma pesquisa procurando explicar porque as raias espectrais que apareciam na DEP da
modulação BFSK, quando a separação entre os tons era de 1/Tb Hz, não aparecem quando a separação
entre os tons passa a ser de 1/(2Tb) Hz.

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Generalizações para as demais modulações da família M-FSK

A sinalização FSK pode ser generalizada de forma que M símbolos possam ser gerados a partir M tons
ortogonais no intervalo de sinalização de T segundos. Neste caso temos a modulação M-FSK (M-ary
Frequency Shift Keying). Assim como na modulação BFSK, para que a ortogonalidade entre os
símbolos seja mantida, as frequências dos tons devem estar separadas de um múltiplo inteiro de
metade da taxa de símbolos, conforme análise apresentada no ANEXO destas notas de aula. Vejamos
os detalhes específicos da generalização das modulações da família M-FSK nos itens a seguir.

Sinal modulado e funções-base para a modulação M-FSK

Para separação de 1/(2T) Hz entre os tons, um sinal M-FSK pode ser escrito da seguinte forma:

2E π 
si (t ) = cos  ( nc + i ) t  .
i =1,2,3, ..., M T T 

Para garantir ortogonalidade e ao mesmo tempo fazer com que as transições entre símbolos adjacentes
não provoquem descontinuidade de fase, as frequências dos tons devem ser escolhidas de acordo com:

nc + i
fi = , nc inteiro .
2T

Assim como na modulação BFSK, nas outras modulações da família M-FSK tem-se símbolos
ortogonais, ou seja:

T
siTs j = ∫ si (t ) s j (t )dt = 0, i ≠ j .
0

As funções-base podem ser determinadas por simples normalização das formas de onda dos símbolos
de tal forma que passem a ter energia unitária, ou seja:

1
φi (t ) = si (t )
i =1,2,3, ..., M E

Probabilidade de erro de símbolo e de bit para a modulação M-FSK

Na modulação M-FSK com símbolos equiprováveis, além da probabilidade de erro condicionada ao


envio de cada símbolo, Pe(mi), ser a mesma para qualquer símbolo, as distâncias Euclidianas entre um
dado símbolo e os demais é a mesma e igual a 2E . Adicionalmente sabendo que a Pe obtida via
limitante converge para a Pe real para altos valores de Eb/N0, teremos:

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1 M
1 M M  d  1 M  d  ( M − 1)  2E 
Pe =
M
∑ Pe ( mi ) ≅ 2M
∑∑ erfc  ik
2 N  = ∑ erfc  ik  = erfc 
  .
i =1 i =1 k =1
k ≠i
 0  2 kk ≠=1i  2 N0  2  2 N0 

Então a probabilidade de erro de símbolo para uma modulação da família M-FSK com detecção
coerente e símbolos equiprováveis pode ser estimada por meio de:

M −1  E  M −1  Eb log 2 M 
Pe ≅ erfc  = erfc  .
2  2 N0  2  2N0 

Para a modulação M-FSK não importa como os símbolos são mapeados nos bits que eles representam,
pois a distância Euclidiana é a mesma entre todos os símbolos, o que faz com que a probabilidade de
erro de um símbolo para qualquer outro da constelação seja a mesma. Neste caso, independentemente
do mapeamento símbolo bit utilizado, a probabilidade de erro de bit é dada por:

M M  E 
BER = Pe ≅ erfc  .
2( M − 1) 4  2N0 

Geração e detecção coerente de um sinal M-FSK

Para gerar um sinal M-FSK, desde que cada um dos tons escolhidos tenha frequência { f i }iM=1 que
respeite à expressão

nc + i
fi = , nc inteiro ,
T

basta fazer com que cada um destes tons seja selecionado para transmissão em função do símbolo que
se desejar transmitir. Outra possível forma de geração de um sinal M-FSK pode ser realizada por meio
de um VCO, o que evitaria o uso de um banco de osciladores, mas, por outro lado, demandará um
criterioso projeto do VCO para que as frequências dos tons sejam corretamente determinadas em
função dos M conjuntos de log2M bits de informação. Esta alternativa é ilustrada na figura a seguir.

De maneira análoga ao projeto do demodulador BFSK, no que diz respeito à demodulação coerente de
um sinal M-FSK na parte do detector teremos M correlatores já que, por se tratar de uma sinalização
com símbolos ortogonais, N = M. Com relação ao decodificador podemos tecer os seguintes
comentários: teríamos M ramos, mas nestes ramos estaríamos fazendo a correlação, no domínio
vetorial, entre o vetor observado e todos os vetores-sinais, ou seja, xTsi. Estas operações produzem

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resultados proporcionais à correlação temporal entre o sinal recebido e todas as funções-base φi(t),
i = 1, 2, ..., M, pois estas funções-base nada mais são que versões normalizadas das formas de onda
si(t). Portanto, as operações de produto interno não serão necessárias. Adicionalmente, como as
energias de todos os símbolos são iguais, não se fazem necessárias as subtrações de metade destas
energias. Como resultado teremos o receptor para a modulação M-FSK com detecção coerente
mostrado na figura a seguir.

Densidade espectral de potência e eficiência espectral da modulação M-FSK

A obtenção da expressão da DEP para qualquer das modulações da família M-FSK não é trivial e, por
esta razão, uma expressão genérica para esta DEP não será apresentada neste texto.

Apenas para se ter uma idéia do comportamento do espectro de um sinal M-FSK, a figura a seguir
ilustra a DEP de um sinal 4-FSK com separação entre os tons de 1/T Hz. Perceba a presença das raias
espectrais e também perceba que a largura de faixa do lobo principal será diretamente proporcional à
separação entre os tons e ao número de tons, número este igual ao valor de M.

Definindo-se a banda do sinal M-FSK como sendo a banda do lobo principal do sinal modulado,
podemos deduzir uma expressão para a eficiência espectral desta modulação, primeiramente
considerando separação de 1/T Hz entre os tons. Para tanto, perceba que neste caso o lobo principal
terá banda de (M – 1)/T + 2/T = (M+1)/T. Então a eficiência espectral será:

Rb Rb TRb T R log 2 M log 2 M


ρ= = = = b b = .
B ( M + 1) / T M + 1 M +1 M +1

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Observe que a eficiência espectral da M-FSK decresce com o aumento de M, ao contrário do que
acontece com as eficiências espectrais das modulações das famílias M-PSK e M-QAM. Por esta razão
a modulação M-FSK é considerada não eficiente em termos de ocupação de banda.

Se a separação entre os tons for reduzida para 1/(2T), o espectro do sinal M-FSK será mais compacto
e, por consequência, a eficiência espectral aumentará para um valor dado por:

2 log 2 M
ρ= .
M +1

Mais uma vez vale lembrar que qualquer cálculo de eficiência espectral passa antes por uma definição
da banda B ocupada pelo sinal modulado. Para os cálculos que realizamos até aqui, temos considerado
B como sendo a banda do lobo principal do sinal em banda-passante.

Em termos de eficiência de potência, ao contrário do que acontece com as modulações das


famílias M-PSK e M-QAM, o aumento de M para as modulações da família M-FSK reduz a
probabilidade de erro de símbolo e de bit para um dado valor de Eb/N0. Comprove esta afirmação
como exercício, reproduzindo o gráfico a seguir com o auxílio do Matlab ou do Mathcad. Neste
gráfico as curvas tracejadas foram obtidas a partir da expressão de Pe deduzida via Limitante de União,
enquanto as curvas em linha cheia foram obtidas por meio da expressão exata

M −1
∞1  Eb log 2 M   1
Pe = 1 − ∫  erfc  − z −  exp( − z 2 )dz.
−∞ 2
  N0   π

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FIM DA AULA

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ANEXO

Minimum frequency separation for coherent detection


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It is known that M-FSK (M-ary frequency shift keying) is a form of orthogonal modulation. Our aim in
this part of the text is to find the minimum separation among the M tones for an M-FSK modulation to
allow for coherent detection, still maintaining the orthogonality among the symbols.

To be coherently orthogonal in the signaling interval T, two cosine functions with different frequencies
must satisfy

cos ( 2π f1t ) cos ( 2π f 2t )dt = 0


T
∫ 0

Using the identity cosα⋅cosβ = ½[cos(α − β) + cos(α + β)] in the expression above we obtain:

cos  2π ( f1 − f 2 ) t  dt + 12 ∫ cos  2π ( f1 + f 2 ) t  dt = 0
T T

1
2 0 0

from where, after some mathematical manipulations, we get:

sin  2π ( f1 − f 2 ) T  sin  2π ( f1 + f 2 ) T 
+ =0
4π ( f1 − f 2 ) 4π ( f1 + f 2 )

Since for practical purposes the sum f1 + f2 >> 1, the second term in the left-hand side of the above
expression is approximately zero, which results in

k
sin  2π ( f1 − f 2 ) T  = 0 ⇒ ( f1 − f 2 ) = , k inteiro
2T

Then, the minimum frequency separation between any pair of adjacent tones for an orthogonal M-FSK
with coherent detection is

1
( fi − f i −1 ) =
2T

which corresponds to half of the modulation symbol rate. In the case of non-coherent detection, this
minimum separation is doubled to 1/T.

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Aula nº 18 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Modulações com detecção não-coerente.
Detecção não-coerente para as modulações BFSK e M-FSK. Modulação e
Conteúdo demodulação DBPSK. Desempenho de algumas modulações digitais em canal
AWGN.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) explicar as vantagens e as
desvantagens de um processo de detecção não-coerente em comparação com um
processo de detecção coerente. 2) explicar o processo de geração do sinal M-FSK e do
Objetivos sinal DBPSK. 3) explicar o funcionamento do receptor M-FSK não-coerente e do
receptor DBPSK. 4) resolver exercícios envolvendo os conceitos fundamentais da
transmissão em banda-passante e as modulações M-PSK, M-QAM e M-FSK com
detecção coerente e as modulações M-FSK e DBPSK com detecção não-coerente.

Contextualização

Em certos casos a implementação de detecção coerente pode ter custo e complexidade elevados ou o
projetista pode simplesmente escolher não levar em conta a informação de fase, sob o prejuízo de uma
esperada degradação de desempenho, mas obtendo receptores de menor complexidade.

A figura a seguir mostra o diagrama de blocos típico de um receptor com detecção coerente. Nela o
circuito de extração de sincronismo de portadora, operando a partir do próprio sinal recebido, garante
que as funções-base que alimentam o circuito de detecção estejam em correto alinhamento de fase com
as funções-base utilizadas na transmissão, obviamente levando-se em conta o atraso de propagação do
sinal. O circuito de extração de sincronismo de símbolo garante que a cadência e os instantes corretos
de amostragem do sinal de saída do dispositivo de detecção sejam determinados.

Como exemplo do sincronismo de portadora, suponha que uma das funções-base utilizadas no
transmissor seja

2
φ1 (t ) = cos ( 2π f c t )
T

e que o atraso de propagação do sinal do transmissor até o receptor seja τ. Assim, a correspondente
função-base gerada no receptor, para detecção coerente, deverá ser:

2 2 2
φ1 (t − τ ) = cos  2π f c ( t − τ ) = cos ( 2π f c t − 2π f cτ ) = cos ( 2π f c t + θ )
T T T

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

onde θ = –2πfcτ será a correta fase da portadora de referência gerada pelo circuito de sincronismo de
portadora, a partir da qual serão derivadas as funções-base para detecção.

No processo de detecção não-coerente, a fase da portadora de referência no receptor não tem


amarração com a fase da correspondente portadora utilizada na transmissão, o que nos permitirá
simplificar o receptor eliminando o circuito de extração de sincronismo de portadora. Perceba,
entretanto, que o receptor continuará com o circuito de extração de sincronismo de símbolo, pois sem
ele o receptor não terá como determinar os instantes ótimos e a cadência de decisão dos símbolos. Esta
simplificação no receptor com detecção não-coerente traz como efeito colateral uma redução na
eficiência de potência da modulação, ou seja, para uma mesma relação Eb/N0, espera-se um aumento
da probabilidade de erro de símbolo.

Nesta aula estudaremos modulações que não necessitam do circuito de extração de sincronismo de
portadora no receptor: a modulação BFSK (Binary Frequency Shift Keying) com detecção não-
coerente, generalizada posteriormente para todas as modulações da família M-FSK, e a modulação
DBPSK (Differential Binary Phase Shift Keying).

Modulação BFSK com detecção não-coerente

A modulação BFSK (Binary Frequency Shift Keying) com detecção não-coerente pode ser considerada
uma das modulações com menor complexidade de implementação. Adicionalmente, como veremos
mais adiante, seu desempenho é um pouco pior que aquele proporcionado pela modulação BFSK com
detecção coerente. Estes atributos tornam a modulação BFSK com detecção não-coerente bastante
atrativa para implementações práticas que primem pela baixa complexidade do hardware.

Sinal modulado e funções-base para a modulação BFSK

Como já estudado, os símbolos da modulação BFSK podem ser representados da seguinte maneira:

 2 Eb
 cos(2π f i t ), 0 ≤ t ≤ Tb
si (t ) =  Tb
i =1, 2
 0, caso contrário

onde Eb é a energia média por bit, Tb é a duração de um bit e fi, i = 1, 2 é o par de tons, cada um
associado a um dos bits de informação.

Sabemos que, para que os símbolos sejam ortogonais entre si, a separação entre os tons deve ser um
múltiplo inteiro de metade da taxa de símbolos. Entretanto, para detecção não-coerente, esta separação
deverá ser um múltiplo inteiro da própria taxa de símbolos.

Espaço de sinais para a modulação BFSK

A forma de detecção utilizada no receptor não afeta a forma de geração do sinal BFSK. Portanto, o
espaço de sinais para a modulação BFSK é o mesmo, seja para detecção coerente ou para detecção
não-coerente.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Geração e detecção não-coerente de um sinal BFSK

Desde que respeitemos a separação entre os tons igual a um múltiplo inteiro da taxa de símbolos (que é
igual à taxa de bits na modulação binária), a geração do sinal BFSK para detecção não-coerente é a
mesma daquela já estudada para o caso de detecção coerente.

A figura a seguir reapresenta o receptor para detecção coerente de um sinal BFSK. Como bem
sabemos, é possível substituir os dois correlatores por filtros casados equivalentes. Vamos determinar
como esta substituição poderia ser realizada corretamente.

A figura a seguir mostra, em caráter de revisão, um trecho de um sinal BFSK. Podemos verificar que
um sinal BFSK opera com dois formatos de pulso, s1(t) e s2(t). Portanto, podemos substituir os dois
correlatores do receptor por filtros casados com os formatos de pulso s1(t) e s2(t). Tais filtros têm
respostas ao impulso que são exatamente iguais aos sinais s1(t) e s2(t), ou seja: h1(t) = ks1(T – t) e, para
k = 1, por exemplo, h1(t) = s1(t). Portanto, h2(t) = s2(t).

A seguir ilustram-se a resposta ao impulso h1(t) e outra resposta h1(t) defasada em relação à primeira
de π/2 radianos. No primeiro caso teríamos a implementação correta do filtro casado para detecção
coerente. No segundo caso a fase de h1(t) não é a igual à fase de s1(t) e, neste caso, teríamos um filtro
casado não-coerente.

Vamos agora analisar qual a influência da fase da resposta ao impulso desses filtros casados. Primeiro
devemos lembrar que a saída de um filtro casado para um formato de pulso retangular terá um aspecto
triangular, como ilustrado na figura a seguir para o filtro casado não-coerente com defasagem de π/2
radianos. Para um pulso de formato co-senoidal, podemos dizer que se trata de um pulso cujo formato
da envoltória é retangular. Portanto, a saída de um filtro casado com resposta co-senoidal será uma
forma de onda com aspecto co-senoidal, mas com envoltória triangular, como também ilustrado na
figura a seguir.

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 142


EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Percebe-se que, embora uma amostragem no instante Tb leve ao valor de pico do pulso de saída quando
a entrada é um pulso retangular, esta mesma amostragem levará ao valor nulo do pulso de saída
quando a entrada do filtro casado não-coerente é o pulso co-senoidal, o que impossibilitará o processo
de detecção.

O conjunto de figuras a seguir ilustra a influência da defasagem na resposta ao impulso dos filtros
casados do receptor BFSK. Perceba que somente para o caso de defasagem nula teríamos um valor de
amostra correto em t = Tb. Para qualquer outro valor de defasagem o valor da amostra em t = Tb será
menor que o máximo.

Uma nova análise do conjunto de figuras apresentado mostra que as envoltórias ideais de todas as
formas de onda de saída do filtro casado não-coerente têm formato exatamente igual ao formato de
saída correspondente a um filtro casado para pulso retangular. Em outras palavras, se na saída dos
filtros casados não-coerentes inserirmos um detector de envoltória conseguiremos viabilizar o
funcionamento do receptor de forma até certo ponto independente da defasagem da resposta ao
impulso. A figura a seguir ilustra esta idéia, já inserida na estrutura completa do receptor BFSK com
detecção não-coerente.

Infelizmente não é possível implementar na prática um detector de envoltória ideal. O que tipicamente
se faz é realizar uma retificação de onda completa do sinal de saída do filtro casado e logo em seguida
realizar a detecção de envoltória não ideal. De forma a ilustrar este processo, as figuras a seguir
mostram a saída retificada de um filtro casado e a saída de um detector de envoltória real com filtro

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 143


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RC para alguns valores da defasagem θ. Perceba que no instante Tb teremos amostras cujos valores
ainda dependerão um pouco da fase da resposta ao impulso do filtro casado, mas possibilitarão a
detecção não-coerente do sinal BFSK. Estas variações nos valores das amostras em relação ao valor
ideal causam degradação no desempenho do sistema, mas tal degradação será tanto menor quanto mais
bem projetado for o detector de envoltória, ou seja, quanto mais próxima do formato perfeitamente
triangular for a sua forma de onda de saída.

Na prática, filtros mais bem elaborados inseridos na saída do retificador podem levar a melhores
resultados que aqueles proporcionados pelo filtro RC aqui exemplificado. Portadoras com frequências
muito maiores que a taxa de símbolos também contribuem para que o detector de envoltória uma saída
mais próxima da ideal.

Probabilidade de erro de símbolo e de bit para a modulação BFSK com detecção não-coerente

O cálculo analítico para a obtenção da probabilidade de erro de símbolo da modulação BFSK com
detecção não-coerente é bastante complexo e foge do escopo do nosso curso. Por esta razão a
expressão final é apresentada a seguir, sem dedução:

1  E 
Pe = BER = exp  − b 
2  2N0 

Densidade espectral de potência e eficiência espectral da modulação BFSK

O fato de estarmos realizando detecção coerente ou não-coerente de um sinal BFSK não influencia seu
espectro. Portanto, a densidade espectral de potência do sinal BFSK continua sendo aquela já
apresentada quando do estudo da modulação BFSK com detecção coerente. Ressalta-se apenas que,
para a detecção não-coerente, não é possível explorar a redução no espectro quando a separação entre
os tons é de 1/(2Tb) Hz. A separação mínima para detecção não-coerente de um sinal BFSK é 1/Tb Hz,
o que leva à DEP em banda-base reapresentada a seguir.

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 144


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Generalização: modulações da família M-FSK com detecção não-coerente

Os conceitos anteriormente apresentados podem ser generalizados para que se tenha uma modulação
FSK com M símbolos e com detecção não-coerente. O transmissor é idêntico àquele já apresentado
para a modulação M-FSK com detecção coerente, apenas tendo-se o cuidado para que a separação
entre os tons atenda a um múltiplo inteiro da taxa de símbolos 1/T, ou seja:

nc + i
fi = , nc inteiro
T

O receptor para detecção não-coerente para as modulações da família M-FSK nada mais é do que uma
generalização daquele que acabamos de estudar para a modulação BFSK. Conforme se pode notar na
figura a seguir, neste receptor tem-se um banco de M filtros casados não-coerentes seguidos de
detectores de envoltória. Cada um destes filtros casados está associado a um dos símbolos da
modulação sem, contudo, levar em conta o alinhamento entre a fase sua resposta ao impulso e a fase
do símbolo recebido. As saídas dos detectores são amostradas e a decisão é tomada em favor da saída
que apresentar maior valor. Por exemplo, se o valor x3 é maior decide-se pelo símbolo s3(t) e faz-se em
seguira o mapeamento deste símbolo no conjunto de log2M bis que ele representa.

Modulação DBPSK

Na modulação DBPSK (Differential Binary Phase Shift Keying), ou simplesmente DPSK, a


informação é transportada no valor relativo entre sucessivas fases da portadora modulada. Por
exemplo, se a fase da portadora de um símbolo para o próximo muda, associamos esta mudança ao bit
0; se a fase não muda, o bit representado é o bit 1. A demodulação do sinal DBPSK funcionará
corretamente desde que eventuais variações de fase provocadas pelo canal sejam lentas o suficiente
para serem consideradas aproximadamente constantes durante dois intervalos sucessivos de
sinalização. Desta forma ter-se-á a garantia de que o valor relativo de fase não será afetado, mesmo
que os valores absolutos o sejam.

Sinal modulado e probabilidade de erro de símbolo e bit para a modulação DBPSK

Pode-se representar o sinal modulado DBPSK por meio de uma portadora de frequência e amplitude
constantes que tem sua fase mantida entre dois intervalos de sinalização se o bit a ser transmitido for 1

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(por exemplo) e que tem sua fase chaveada em π radianos de um intervalo de sinalização para o
próximo se o bit a ser transmitido for 0. As expressões a seguir descrevem o sinal DBPSK:

 Eb  Eb
 cos(2π f ct ), 0 ≤ t ≤ Tb  cos(2π f ct ), 0 ≤ t ≤ Tb
 2Tb  2Tb
s1 (t ) =  s2 (t ) = 
 Eb cos(2π f t ), T ≤ t ≤ 2T  Eb cos(2π f t + π ), T ≤ t ≤ 2T
 2T c b b  2T c b b
 b  b

Tais expressões se referem a uma modulação DPSK binária para a qual a probabilidade de erro de
símbolo e de bit, apresentada aqui sem dedução, vale:

1  E 
Pe = BER = exp  − b 
2  N0 

Comparando esta expressão resultado com aquela referente ao cálculo da probabilidade de erro de
símbolo para a modulação BFSK com detecção não-coerente, observa-se que a modulação DBPSK
tem eficiência de potência 3 dB maior que aquela proporcionada pela modulação BFSK não-coerente.

Geração de um sinal DBPSK

A figura a seguir apresenta o diagrama de blocos de um modulador DBPSK. Os bits de informação


passam inicialmente por um codificador diferencial que realiza a operação OU EXCLUSIVO (XOR)
ou NÃO-OU EXCLUSIVO (XNOR) entre um bit de entrada e o resultado da operação XOR ou
XNOR anterior. A sequência codificada diferencialmente passa pelo conversor de níveis e a saída
deste conversor é aplicada a um modulador BPSK convencional.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exemplo: Admita que o bit inicial de saída do bloco de atraso (flip-flop) no modulador seja 0 e que a
fase inicial da portadora seja 0 rad. Vamos determinar as fases seguintes da portadora modulada para a
sequência de bits de entrada 1 0 0 1 0 0 1 1. A tabela a seguir apresenta os resultados, admitindo
que um bit 1 (0) na entrada do modulador BPSK produz a fase π (0) da portadora.

Bits de informação {bk} 1 0 0 1 0 0 1 1


Bits de saída do codificador diferencial {dk} 0 1 1 1 0 0 0 1 0
Fases da portadora modulada 0 π π π 0 0 0 π 0

Observe que quando um bit 1 entra no modulador DBPSK a fase da portadora é invertida em relação à
fase anterior. Quando um bit 0 entra no modulador a fase da portadora se mantém igual à fase anterior.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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Função-base e espaço de sinais para a modulação DBPSK

De acordo com o diagrama de blocos do modulador DBPSK, pode-se concluir que o espaço de sinais e
a função-base para a modulação DBPSK são iguais àqueles já estudados para a modulação BPSK.
Entretanto, mesmo sendo uma sinalização antipodal, a regra de codificação diferencial faz com que
não se tenha mapeamento fixo de um vetor-sinal em um bit de informação. Em outras palavras, um
mesmo símbolo pode representar diferentes bits, posto que a informação é transportada na
diferença de fase de um símbolo para o outro e não no valor absoluto da fase de um símbolo.

Detecção de um sinal DBPSK

Na detecção não-coerente, devido ao fato da portadora de recepção não estar em sincronismo com a
portadora de transmissão, pode-se afirmar que Θ, a defasagem entre tais portadoras, é uma variável
aleatória uniformemente distribuída entre 0 e 2π rad. Então, num determinado momento é possível que
tal defasagem esteja por volta de π/2, fazendo com que a saída do correlator tenha valor
aproximadamente nulo. Em outras palavras, como o oscilador local do receptor não está em coerência
de fase com aquele utilizado na transmissão, a referência utilizada no receptor no caso de uma única
função-base poderia ser gerada a aproximadamente 90º do eixo correspondente à posição dos símbolos
recebidos. Nesse caso, a projeção do sinal recebido na “direção” da função-base (saída do correlator)
seria aproximadamente nula, impossibilitando a estimação do símbolo transmitido. A figura a seguir
ilustra este problema em potencial, admitindo, por razões apenas didáticas, que o símbolo transmitido
s1(t) não tenha sido contaminado por ruído ao chegar ao receptor, ou seja, x(t) = s1(t).

Soluciona-se este problema de projeção nula com o uso de duas funções-base no receptor de tal forma
que, se a correlação com uma das fuções-base for pequena, ou até nula, a correlação com a outra será
grande o suficiente para permitir a correta estimação do símbolo transmitido. A figura a seguir ilustra a
ideia. Nela, independente da posição dos eixos de referência φ1 e φ2, haverá projeções dos vetores
recebidos com intensidades suficientes para detecção.

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Resta-nos agora determinar a regra de decisão para recuperar a informação transportada nos valores
relativos de fase da portadora modulada. A figura a seguir mostra uma sequência de quatro símbolos
DBPSK. Perceba que se realizarmos a correlação entre dois símbolos consecutivos conseguiremos
saber se houve ou não houve inversão de fase. Como exemplo, na figura em questão a correlação entre
sk(t) e sk–1(t) é negativa, pois sk(t) = – sk–1(t). Já a correlação entre sk–1(t) e sk–2(t) é positiva, pois sk–1(t)
= sk–2(t). Mas sabemos que a operação vetorial equivalente à correlação é o produto interno entre os
vetores-sinal correspondentes. Sendo assim, se fizermos no receptor o cálculo do produto interno entre
o vetor observado em um instante e o vetor observado no instante anterior, podemos estimar se houve
ou não houve inversão de fase no sinal recebido, o que permitirá estimar o bit transmitido.

Os comentários tecidos até este ponto nos permitem construir o receptor ilustrado na figura a seguir.
Nele o sinal recebido é correlacionado com as duas funções-base de referência, formando os dois
componentes do vetor observado referente ao símbolo de índice k = 0, x0 = [ xI0 xQ0 ]T. Após Tb este
vetor está presente na saída dos blocos de atraso e a saída dos correlatores conterá os elementos do
vetor observado referente ao símbolo de índice k = 1, x1 = [ xI1 xQ1 ]T. O produto interno entre tais
vetores é então realizado e a decisão é tomada verificando-se a polaridade do resultado, ou seja, a
decisão resume-se a verificar se a variável de decisão y é positiva ou negativa, onde y é dada por:

 xI 
y = x T0 x1 =  x I0 xQ0  ×  1  = xI0 x I1 + xQ0 xQ1
 xQ1 

Vale lembrar que, dependendo da operação lógica (XOR ou XNOR) utilizada no codificador
diferencial do transmissor, a inversão de fase da portadora modulada pode representar um bit 1 ou um
bit 0, respectivamente.

Em caráter complementar, vale ressaltar que algumas referências bibliográficas denominam o processo
de detecção da modulação DBPSK de detecção diferencialmente coerente, devido à necessidade de se
ter invariância da fase da portadora de recepção apenas entre dois símbolos consecutivos.

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Densidade espectral de potência e eficiência espectral da modulação DBPSK

No modulador DBPSK a codificação diferencial realizada antes da modulação não afeta a densidade
espectral de potência (DEP) em relação àquela dada para a modulação BPSK. Portanto, a DEP do sinal
DBPSK é a mesma de um sinal BPSK. Portanto, a eficiência espectral de ambas as modulações será a
mesma.

Desempenho de algumas modulações digitais

Vamos agora comparar a eficiência de potência de algumas das modulações estudadas. A tabela a
seguir apresenta uma lista de algumas destas modulações e suas expressões de taxa de erro de bit.

A figura a seguir apresenta em um único gráfico os resultados de probabilidade de erro de bit


estimados com as expressões dadas na tabela anterior, em função de Eb/N0. Este tipo de gráfico é muito
utilizado na comparação e avaliação do desempenho de modulações digitais. Nele, o eixo das abscissas
contém os valores da relação Eb/N0, em dB, ou seja, 10log(Eb/N0), e o eixo das ordenadas contém os
valores teóricos de taxa de erro de bit (BER – Bit Error Rate), expressos em escala logarítmica.

Dentre as modulações sob análise, as que apresentam melhores eficiências de potência são as
modulações BPSK e QPSK, pois, para um dado valor de Eb/N0 proporcionam valores menores de
BER. Em seguida tem-se a modulação DBPSK (ou simplesmente DPSK), cuja eficiência de potência
dista apenas cerca de 1 dB da curva correspondente às modulações BPSK e QPSK. Em outras
palavras, para que a modulação DPSK apresente o mesmo desempenho das modulações BPSK e
QPSK, ela deve operar com cerca de 1 dB a mais de potência, o que não representa um preço muito
alto a pagar, dada a grande redução de complexidade conseguida pelo do processo de detecção
diferencial, por este não necessitar do circuito de extração de sincronismo de portadora.

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A modulação BFSK com detecção coerente vem em seguida, com eficiência de potência cerca de 3 dB
inferior à eficiência de potência das modulações BPSK e QPSK e cerca de 2 dB inferior à eficiência de
potência de modulação DPSK.

A modulação BFSK com detecção não-coerente é a que apresenta menor eficiência de potência, dentre
as modulações analisadas. Entretanto, esta eficiência de potência dista cerca de 1 dB daquela
proporcionada pela modulação BFSK com detecção coerente, o que também representa um preço não
muito alto a se pagar, dada a redução de complexidade do receptor também proporcionada pela
possibilidade de se eliminar o circuito de extração de sincronismo de portadora.

Com esta análise comparativa entre algumas das modulações estudas concluímos a parte do curso
referente às modulações digitais. Embora existam várias outras modulações, muitas delas acabam
sendo somente versões modificadas daquelas que estudamos. Sendo assim, os conceitos estudados
servirão como base para o entendimento de outras técnicas de modulação, sem grandes dificuldades.

Dedicaremos o final do curso ao estudo de uma técnica de comunicação digital denominada


Espalhamento Espectral (Spread Spectrum), base para implementação de muitos dos sistemas de
comunicação existentes e de outros que ainda estão por se tornar realidade.

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Exercícios de fixação

Os exercícios propostos ou resolvidos a seguir cobrem não somente as modulações M-FSK com
detecção não-coerente e DBPSK, mas também complementam aqueles exercícios já propostos em
aulas passadas envolvendo outras modulações estudadas. Alguns exercícios envolvem até mesmo
modulações não apresentadas formalmente em sala de aula, mas cujo entendimento é perfeitamente
possível com os conhecimentos fundamentais que adquirimos.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

1 – A Figura ao lado mostra o espaço de sinais com vetores


recebidos nos intervalos de sinalização discretos k e k – 1. Pede-se
e/ou pergunta-se:

a) Determine o k-ésimo bit estimado pelo demodulador.


b) Admita que o bit inicial de saída do bloco de atraso do
modulador seja 0 e que a fase inicial da portadora seja 0
radiano. Determine as fases seguintes da portadora para a
sequência de bits de entrada: 1 0 0 1 0 0 1 1.
c) Por que razão o demodulador utiliza duas funções-base, já que
o sinal DPSK binário foi gerado utilizando-se apenas uma
função-base?

Solução

a) O k-ésimo bit é estimado através do conhecimento do produto interno entre os vetores


correspondentes ao sinal recebido nos intervalos k −1 e k:

 0,8
y = x Tk −1x k = [ −0, 9 −0, 2]   = ( −0,9 × 0,8 ) + ( −0, 2 × 1,0 ) = −0, 92
1,0 

Portanto, pode-se inferir que houve inversão de fase da portadora do intervalo k − 1 para o intervalo k.
Como o codificador diferencial do transmissor está implementado com uma porta OU-EXCLUSIVO,
pode-se afirmar que o k-ésimo bit estimado será o bit “1” (aplicando-se 1 à entrada do modulador
DPSK binário dado, inverte-se a fase da portadora modulada).

b) A tabela a seguir apresenta os resultados das operações para determinação da sequência de fases da
portadora modulada:

Sequência {bk} 1 0 0 1 0 0 1 1
Sequência codificada diferencialmente {dk} 0 1 1 1 0 0 0 1 0
Fases da portadora modulada 0 π π π 0 0 0 π 0

c) Como o oscilador local do receptor não está em coerência de fase com aquele utilizado na
transmissão, a referência utilizada no receptor no caso de uma única função-base poderia ser gerada a
exatamente 90º do eixo correspondente à posição dos símbolos recebidos. Nesse caso, a projeção do
sinal recebido na direção da função-base seria nula, impossibilitando a estimação do símbolo
transmitido. Com o uso de duas funções-base, mesmo que a projeção em uma delas seja pequena, ou
até nula, a projeção na outra função-base permitirá a correta estimação do símbolo transmitido, de
acordo com a regra ilustrada na resposta do item “a” deste exercício.

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2 – Um sistema com modulação BPSK tem em seu receptor um sistema de extração de sincronismo de
portadora imperfeito que gera a função-base local com defasagem θ em relação à portadora do sinal
recebido. Assim, dependendo do bit transmitido o sinal recebido é ± 2 Eb / Tb cos(2π f c t ) ,
desconsiderando-se a influência do ruído, e a função-base utilizada no receptor é 2 / Tb cos(2π f c t + θ ) .

Pede-se:
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a) Calcule y, o valor da amostra de saída do correlator do receptor no momento de decisão,


desconsiderando o ruído.
b) Determine a expressão de probabilidade de erro de símbolo e de bit para este sistema, no canal
AWGN, levando em conta o resultado obtido no item “a”.

Solução a)

Tb 2 Tb
y = ±∫ 2 Eb / Tb cos(2π f c t ) 2 / Tb cos(2π f c t + θ )dt = ± Eb ∫ cos(2π f c t ) cos(2π f c t + θ )dt
0 Tb 0

[cos(θ ) + cos(4π f ct + 2θ )] dt = ± Eb  ∫0 cos(θ ) dt + ∫0 cos(4π f ct + 2θ )


2 Tb 1 2 Tb 1 Tb 1
= ± Eb
Tb ∫
0 2 Tb  2 2 
2  Tb 
= ± Eb  2 cos(θ ) + 0  ⇒ y = ± Eb cos(θ ) = ± Eb cos (θ )
2

Tb

Solução b)

Utilizando o resultado do item “a” na expressão de Pe dada no formulário obtém-se diretamente a


expressão desejada:
 E cos 2 (θ ) 
Pe = BER= ½erfc  b

 N 
 0 

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3 – Embora a modulação GMSK não tenha sido apresentada


formalmente em sala de aula, este exercício se refere a ela. Para
entendê-lo basta fazer um breve estudo sobre tal modulação no
livro texto.

Para um valor de Eb/N0 de 10,5424 dB, uma modulação GMSK


operando no canal AWGN apresenta uma probabilidade de erro
de símbolo de 1,1045×10-5. Pede-se:

a) Estime a relação Eb/N0 que seria necessária para se atingir


uma probabilidade de erro de símbolo de 1,1045×10-5 se a
modulação GMSK tivesse o parâmetro WTb → ∞.
b) Estime valor do parâmetro WTb do filtro gaussiano do modulador GMSK. Caso julgue necessário,
utilize o gráfico fornecido ao lado.

Solução:

a) Para WTb → ∞ a modulação GMSK passará a apresentar a mesma probabilidade de erro de símbolo
1  Eb 
que a modulação MSK. Então 1,1045×10-5 = erfc 
 N 
. Do anexo à prova tem-se que para ½erfc(x)
2  0 

Eb E
= 1,1045×10-5 ⇒ x = 3. Então = 3 e, portanto, b = 9 = 9,5424 dB.
N0 N0

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 152


EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

b) Sabe-se que a probabilidade de erro de símbolo média para a modulação GMSK é dada por:
1  α Eb  1  α Eb 
 . Igualando-a a 1,1045×10 e resolvendo para α tem-se 1,1045×10 = erfc 
-5 -5
Pe = erfc   .
2 
 2N0  2  2N0 
α Eb
Utilizando o resultado do item “a” obtemos = 3 ⇒ α/2 ≅ 0,794. A degradação da modulação
2N0
GMSK em relação à modulação MSK corresponderá a 10log10(α/2) = 10log10(0,794) ≅ –1 dB, o que
significa uma degradação de 1 dB. Do gráfico de degradação em função do produto WTb obtém-se WTb
≅ 0,22. Alternativamente, como no item “a” já foi calculado o valor de Eb/N0 para a modulação MSK,
obtém-se diretamente a degradação de 10,5424 dB - 9,5424 dB = 1 dB. Do gráfico de degradação em
função do produto WTb obtém-se WTb ≅ 0,22.

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4 – Pretende-se dimensionar um sistema de comunicação digital


para operar em uma banda de no máximo 2,5 kHz, banda esta
inserida no canal de voz de telefonia que vai de 300 Hz a 3,4 kHz.
É necessário que o sistema consiga dar vazão a 2,4 kbit/s e que a
modulação utilizada leve a uma taxa de erro de bit de, no máximo,
1×10-3, consumindo a menor potência possível da fonte de
alimentação. Pede-se:

a) Dentre as modulações ao lado, escolha uma capaz de atender


aos requisitos acima mencionados. Considere a banda do sinal
como sendo aquela ocupada pelo lobo principal. Apresente os
cálculos e/ou justificativas utilizadas na sua escolha.
b) Para a modulação selecionada, determine o valor de Eb/N0
mínimo para atender à taxa de erro de bit imposta. Apresente os
cálculos.

Solução

a) Como a banda ocupada pelo sinal modulado e filtrado corresponde à distância de nulo-a-nulo no
espectro do sinal modulado (lobo principal), tem-se que 2/T ≤ 2,5 kHz, o que leva a T ≥ 800 µs. Se a
taxa de bits é de 2,4 kbit/s, a duração de um bit vale Tb = 1/2400 = 416 µs. Então o número de bits por
símbolo deverá ser T/Tb ≥ 1,92 bits/símbolo. Portanto, usando uma modulação com 2 bit/símbolo
atendem-se os requisitos de banda e taxa de transmissão. Dentre aquelas consideradas no gráfico ao
lado deve-se escolher a modulação QPSK com detecção coerente, que proporcionará também o
desempenho adequado com menor consumo de potência.

b) Usando o gráfico acima se obtém que o mínimo valor de Eb/N0 para uma taxa de erro de bit menor
que 1×10-3 para a modulação escolhida é de aproximadamente 6,8 dB. Alternativamente, usando a
expressão de BER para QPSK/BPSK obtém-se de 1×10-3 ≤ ½erfc[(Eb/N0)1/2] que o valor de Eb/N0
mínimo será cerca de 4,764, donde 10log(4,764) = 6,78 dB.

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5 – A modulação π/4-DQPSK também não foi apresentada formalmente em sala de aula, mas os
conceitos envolvidos no seu entendimento já foram estudados. Trata-se de uma modulação diferencial
que, assim como a modulação DBPSK, transporta os bits nas variações de fase da portadora de um
símbolo para o próximo. Para entender este exercício basta fazer um breve estudo sobre tal modulação
no livro texto.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Admita que a fase inicial da portadora em um sistema π/4-DQPSK seja nula. É necessário enviar a
sequência de bits 00101100. Os bits são apresentados ao modulador da esquerda para direita. Pede-se:

a) Determine os valores das fases seguintes da portadora durante a transmissão.


b) Na constelação π/4-DQPSK fornecida a seguir, marque a sequência de símbolos enviados.
c) Responda por que em tal técnica de modulação pode-se implementar detecção diferencialmente
coerente e registre qual pode ser (se existir) a vantagem desse tipo de detecção.

Solução

a) Partindo-se da fase inicial nula têm-se os seguintes valores para as fases seguintes (em radianos):
π/4, 0, -3π/4 e -π/2.

b) A sequência de símbolos enviados está numerada na figura a seguir.

c) Pode-se implementar detecção diferencialmente coerente porque a informação é representada pelos


valores relativos de fase de um símbolo para o outro e não no valor absoluto da fase da portadora
modulada. Esta propriedade pode se interpretada com uma vantagem, pois permite que no receptor não
seja necessária uma referência de fase para detecção. Isto trás simplicidade, mas também redução de
desempenho em relação à detecção coerente.

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6 – As figuras a seguir mostram espectros de sinais modulados correspondentes às modulações 2-FSK


(a) e 16-QAM (b). Pede-se:

a) Determine a taxa de sinalização da modulação 2-FSK.


b) Determine a taxa de bits da modulação 2-FSK.
c) Determine a taxa de sinalização da modulação 16-QAM.
d) Determine a taxa de bits da modulação 16-QAM.
e) Determine a eficiência espectral da modulação 2-FSK.
f) Determine a eficiência espectral da modulação 16-QAM.

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7 – Têm-se dois sistemas de comunicação digital: um deles utiliza modulação BPSK com detecção
coerente e o outro utiliza modulação DBPSK com detecção diferencialmente coerente. Ambos os
sistemas estão operando a 56 kbit/s e com taxa de erro de bit média de 1,1802×10-4 em canal AWGN,
sob influência da mesma intensidade de ruído. Quanto de potência de transmissão a mais está sendo
necessária no sistema DBPSK em relação ao sistema BPSK?

Solução

1  Eb  −4 1  Eb 
Para a modulação BPSK tem-se: Pe = BER = erfc   ⇒ 1,1802 × 10 = erfc  
2  N0  2  N0 
1 Eb E
Do anexo obtém-se: erfc ( x ) = 1,1802 × 10−4 ⇒ x = 2,6 ⇒ = 2,6 ⇒ b = 6,76 ≅ 8,30 dB
2 N0 N0

1  E  1  E 
Para a modulação DBPSK tem-se: Pe = BER = exp  − b  ⇒ 1,1802 × 10−4 = exp  − b  ⇒
2  N0  2  N0 
 E  E
2,3604 × 10−4 = exp  − b  ⇒ b ≅ 8,35 ≅ 9,22 dB
 N0  N0

Como a intensidade de ruído nos dois casos é a mesma, a diferença de potência corresponde à
diferença nos valores de Eb/N0, em dB. Então será necessário aproximadamente 1 dB de potência de
transmissão a mais no sistema DBPSK em relação ao sistema BPSK para se atingir uma BER =
1,1802×10-4.

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8 – Considere um modulador DBPSK que utilize uma porta XNOR em seu codificador diferencial.
Considere também o espaço de sinais com vetores recebidos nos intervalos de sinalização discretos k e
k – 1, conforme dado no exercício 1. O modulador BPSK após o codificador diferencial usa o seguinte
mapeamento: bit 0 fase 0; bit 1 fase π. Pede-se:

a) Admita que o bit inicial de saída do bloco de atraso do modulador seja 1 e que a fase inicial da
portadora seja π. Preencha a tabela abaixo com a sequência codificada diferencialmente e com as fases
seguintes da portadora modulada para a sequência de bits de entrada do modulador: 1 0 0 1 0 0 1
1.

Sequência de bits de entrada {bk} 1 0 0 1 0 0 1 1

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Bits codificados diferencialmente {dk} 1 1 0 1 1 0 1 1 1


Fases da portadora modulada π π 0 π π 0 π π π

b) Utilizando o espaço de sinais dado no exercício 1, determine o k-ésimo bit estimado pelo
demodulador. Apresente os cálculos.

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9 – Pretende-se projetar um sistema de comunicação digital que consiga dar vazão a 50 kbit/s e para o
qual a modulação utilizada leve a uma taxa de erro de bit de 1×10-6. Considerando as modulações
citadas no quadro abaixo, pede-se:

c) Escolha (a)s modulação(ões) que pode(m) atender aos requisitos do enunciado e, adicionalmente,
tenha(m) a melhor eficiência de potência e permitam operação do sistema em uma banda de, no
máximo, 119 kHz. Apresente os cálculos e/ou justificativas utilizadas na sua escolha.
d) Escolha (a)s modulação(ões) que pode(m) atender aos requisitos do enunciado e, adicionalmente,
permitam operação do sistema em uma banda de, exatamente, 25 kHz. Apresente os cálculos e/ou
justificativas utilizadas na sua escolha.
e) Escolha (a)s modulação(ões) que pode(m) atender aos requisitos do enunciado e, adicionalmente,
tenham a melhor eficiência de potência e permitam operação do sistema em uma banda de, no
máximo, 25 kHz. Apresente os cálculos e/ou justificativas utilizadas na sua escolha.

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10 – No processo de extração de sincronismo de portadora para detecção coerente em um sistema de


comunicação BPSK é comum acontecer um fenômeno denominado ambiguidade de fase. Este
fenômeno corresponde à geração de uma portadora de referência para demodulação com 180º de
defasagem em relação à fase correta.

Para driblar esse fenômeno tipicamente utiliza-se a versão diferencial da modulação BPSK, ou seja, a
DBPSK, porém com detecção coerente seguida de decodificação diferencial. Pede-se comprovar a
eficácia deste processo por meio de um exemplo que utilize a sequência de bits de informação

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10111001010 e considere igual a “1” o bit armazenado inicialmente na saída do bloco de atraso do
codificador diferencial. A fase inicial da portadora pode ser qualquer.

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11 – Um sinal BFSK, para o qual a separação entre os tons é de 1/Tb Hz, pode ser definido da seguinte
maneira:

2 Eb  πt 
s( t ) = cos  2π f c t ±  , 0 ≤ t ≤ Tb , onde fc é a frequência de portadora, Eb e Tb são a energia média e a
Tb  Tb 
duração

por bit, respectivamente. Utilizando uma identidade trigonométrica pode-se expandir a expressão
anterior e obter:

2 Eb  πt  2 Eb πt 
s( t ) = cos   cos ( 2π f c t ) ∓ sen   sen ( 2π f c t ) = sI (t ) cos ( 2π f c t ) − sQ (t ) sen ( 2π f c t ) ,
Tb  Tb  Tb  Tb 

de onde pode-se obter a envoltória complexa sɶ (t ) = sI (t ) + jsQ (t ) .

 2 Eb  πt 
 sen   , 0 ≤ t ≤ Tb 2 2 EbTb cos (π fTb )
Definindo o pulso de formatação g (t ) =  Tb  Tb  , tem-se que G ( f ) = .
 π ( 4Tb2 f 2 − 1)
 0 em caso contrário

De posse destas informações, demonstre que a densidade espectral de potência de um sinal BFSK em
banda-base é:

Eb   1   1   8Eb cos 2 (π fTb )


SB ( f ) = δ  f −  +δ  f +  +
( )
2
2Tb   2Tb   2Tb   π 2 4Tb2 f 2 − 1

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12 – No gráfico ao lado há duas curvas de


densidade espectral de potência (PSD,
Power Spectral Density) em banda-base,
referentes às modulações digitais M-FSK e
M-PSK. Ambas as modulações estão
transportando um feixe de 100 bit/s.

Pede-se:

a) Associe cada uma das curvas à


correspondente modulação, não se
esquecendo de determinar os valores de M
onde for pertinente. Apresente justificativa
para a associação feita.

b) Determine a taxa de símbolos e a largura de faixa (nulo-a-nulo do lobo principal) para cada
modulação.
c) Determine o espaçamento entre os tons da modulação M-FSK, em termos da taxa de símbolos.

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d) Calcule a eficiência espectral de cada modulação.

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13 – Pretende-se projetar um sistema de comunicação digital que consiga dar vazão a 50 kbit/s e para o
qual a modulação utilizada leve a uma taxa de erro de bit de 1×10-6. As modulações disponíveis e
correspondentes características encontram-se no quadro a seguir. Pede-se:

a) Qual(is) a(s) modulação(ões) que pode(m) atender aos requisitos do enunciado e, adicionalmente,
tenha(m) a melhor eficiência de potência e permita(m) operação do sistema em uma banda de, no
máximo, 119 kHz? Apresente os cálculos e/ou justificativas utilizadas na sua escolha.

b) Qual(is) a(s) modulação(ões) que pode(m) atender aos requisitos do enunciado e, adicionalmente,
permita(m) operação do sistema em uma banda de, exatamente, 25 kHz? Apresente os cálculos e/ou
justificativas utilizadas na sua escolha.

c) Qual(is) a(s) modulação(ões) que pode(m) atender aos requisitos do enunciado e, adicionalmente,
tenha(m) a melhor eficiência de potência e permita(m) operação do sistema em uma banda de, no
máximo, 25 kHz? Apresente os cálculos e/ou justificativas utilizadas na sua escolha

Eb/N0, em dB, Eficiência espectral, Eb/N0, em dB, Eficiência espectral,


Modulação Modulação
para BER = 10−6 em bits/s/Hz para BER = 10−6 em bits/s/Hz

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14 – Se o principal critério para avaliação do desempenho de um determinado sistema de comunicação


digital é a taxa de erro de bit, qual dos esquemas de modulação a seguir deve ser selecionado para
operação em um canal AWGN? Registre os cálculos necessários à obtenção da resposta.

Opção 1: Modulação BPSK com detecção coerente @ Eb/N0 = 8 dB.


Opção 2: Modulação BFSK com detecção coerente @ Eb/N0 = 11 dB.

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15 – Têm-se dois sistemas de comunicação digital: um utiliza modulação BPSK com detecção
coerente e o outro utiliza modulação DPSK com detecção não-coerente (ou diferencialmente coerente).
Ambos os sistemas estão operando a 56 kbit/s e com taxa de erro de bit média de 10-4 em canal
AWGN, sob influência da mesma potência de ruído. Quanto de potência de transmissão a mais está
sendo necessária no sistema DPSK em relação ao sistema BPSK? Apresente os cálculos.

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16 – Teça comentários sobre o que se ganha e o que se perde na escolha de uma modulação com
detecção não-coerente em detrimento de uma modulação idêntica, porém com detecção coerente.
Procure justificar seus comentários.

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17 – No início do estudo sobre a modulação DBPSK afirmou-se que a demodulação do sinal DBPSK
funcionará corretamente desde que eventuais variações de fase provocadas pelo canal sejam lentas o
suficiente para serem consideradas aproximadamente constantes durante dois intervalos sucessivos de
sinalização. Justifique esta afirmação.

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FIM DA AULA

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Aula nº 19 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Espalhamento Espectral - 1.


Definição e atributos do Espalhamento Espectral. Sequências de espalhamento e suas
Conteúdo
propriedades de correlação. Exercícios de fixação.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) definir um sinal com
espalhamento espectral. 2) explicar o funcionamento da técnica DS-SS. 3) determinar
Objetivos como são geradas as sequências m, Walsh e Gold. 4) conceituar a influência das
propriedades de correlação das sequências de espalhamento no desempenho de um
sistema com espalhamento espectral.

Espalhamento Espectral – Um breve histórico

A técnica de espalhamento espectral (Spread Spectrum – SS) aparentemente teve sua primeira
aplicação durante a segunda guerra mundial. Mas o spread spectrum não foi desenvolvido em sua
totalidade par fins militares. Alguns anos antes da guerra já podiam ser identificados vários
subsistemas de um sistema com espalhamento espectral, aplicados em diferentes contextos. Um dos
históricos mais abrangentes sobre o tema pode ser encontrado no clássico:

SIMON, M. K. et al. Spread Spectrum Communications Handbook. USA: McGraw Hill,


Inc., 2001. ISBN 0071382151.

O texto a seguir, bastante curioso, foi extraído do clássico de SIMON, M. K. et al e mostra a ficção
muito próxima da realidade da técnica de espalhamento espectral. Após esta aula já teremos condições
de entender exatamente o episódio que o texto conta...

“Whuh? Oh,” said the missile expert. “I guess I was off base about the jamming. Suddenly it seems to me
that’s so obvious, it must have been tried and it doesn’t work.”

“Right, it doesn’t. That’s because the frequency and amplitude of the control pulses make like purest
noise—they’re genuinely random. So trying to jam them is like trying to jam FM with an AM signal. You
hit it so seldom; you might as well not try.”

“What do you mean, random? You can’t control anything with random noise.” The captain thumbed over
his shoulder at the Luanae Galaxy.

“They can. There’s a synchronous generator in the missiles that reproduces the same random noise, peak
by pulse. Once you do that, modulation’s no problem. I don’t know how they do it. They just do. The
Luanae can’t explain it; the planetoid developed it.”

England put his head down almost to the table. “The same random,” he whispered from the very edge of
sanity.

— from “The Pod in the Barrier” by Theodore Sturgeon, in Galaxy,Sept.


1957; reprinted in A Touch of Strange (Doubleday, 1958).

Espalhamento Espectral – Definição

Um sinal com espalhamento espectral é aquele que ocupa uma largura de faixa muito maior que a
necessária. A largura de faixa ocupada é, até certo ponto, independente da taxa de informação. Um
sinal que ocupa uma banda elevada não é necessariamente um sinal SS, embora muitas vezes o sinal
SS seja um sinal faixa larga. Por outro lado, um sinal que ocupa uma banda relativamente pequena

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pode ser classificado como um sinal SS. O que determina se um sinal é ou não é um sinal SS é a forma
de geração do sinal modulado, respeitando-se a definição hora apresentada.

Wide Band ≠ Spread Spectrum

Seja o diagrama a seguir referente a um transmissor de um sistema com espalhamento espectral. Nele
os bits de informação são convertidos para a forma bipolar e em seguida multiplicados por uma
sequência com taxa muito maior que a taxa de bits de informação. O sinal resultante desta
multiplicação modula uma portadora utilizando, em princípio, qualquer tipo de modulação. O sinal de
saída do sistema é um sinal Spread Spectrum.

De forma a se fazer clara distinção entre a sequência de bits de informação e a sequência de


espalhamento, dá-se o nome de chip ao bit desta última. Assim diz-se que a duração de um bit da
sequência de espalhamento é a duração de um chip, Tc.

No diagrama mostrado percebe-se que a banda ocupada pelo sinal é função de Tc e que se trata de uma
banda maior que a necessária para transmitir os dados. Esta banda necessária é aquela que seria obtida
com o sistema da figura, sem que seja realizada a multiplicação pela sequência de espalhamento.
Portanto, segundo a definição dada, trata-se realmente de um sistema com espalhamento espectral.

Se alterarmos Tb a largura de faixa não se altera, pois quem a governa é Tc, desde que Tb > Tc. É por
esta razão que, na definição de um sinal spread spectrum mencionou-se que a banda do sinal
espalhado é independente da taxa de bits de informação até certo ponto.

A sequência de espalhamento é também chamada de sequência pseudo-aleatória (PN) ou ainda


sequência código. Observando a figura anterior percebe-se que tal sequência se repete a cada N chips e
tem um comportamento similar a um comportamento aleatório dentro do período de NTc.

O nome da técnica ilustrada na figura anterior corresponde a uma das técnicas de espalhamento
espectral que estudaremos em detalhes no nosso curso: o espalhamento espectral por sequência direta
(Direct Sequence Spread Spectrum, DS-SS).

Principais atributos de um sinal Spread Spectrum

Numa primeira análise, um sinal espalhado no espectro parece ser indesejado. Por que razões
haveríamos de querer um sinal com banda muito maior que a banda mínima necessária, a qual é
definida pela modulação e pela taxa de bits? A seguir estudaremos alguns dos atributos de um sinal

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 161


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Spread Spectrum que o tornam atrativo e que eliminam com folga esta aparente desvantagem da banda
elevada.

1) Baixa densidade espectral de potência

Sabemos que quanto menor a densidade espectral de potência (DEP) de um sinal, menor será a
concentração de potência por faixa de frequência. Por baixa DEP entende-se uma distribuição de uma
determinada potência em uma grande faixa de frequências. Por exemplo, na parte “a” da figura a
seguir um sinal de potência P é transmitido numa pequena banda e, portanto, atribui-se este sinal a um
transmissor de faixa estreita com alta DEP. Por outro lado, na parte “b” da figura tem-se a potência P
distribuída em uma faixa bastante elevada, característica típica de um sinal Spread Spectrum com
baixa DEP.

Uma das principais vantagens da baixa densidade espectral de potência é a pequena interferência em
sistemas de faixa estreita. Esta é uma das razões pelas quais se recomenda que sinais SS sejam
utilizados em aplicações nas bandas ISM (Industrial Scientific and Medical), nas quais normalmente
não são necessárias licenças da Agência Reguladora para operação.

A baixa densidade espectral de potência pode ser suficiente par imergir o sinal SS no ruído, como
ilustrado na figura a seguir. Isto pode ser útil para ocultar transmissões de um receptor não intencional,
situação típica em aplicações militares (neste exemplo, o sinal desejado (amigo) pode ficar invisível ao
inimigo se sua DEP estiver abaixo da DEP de ruído de fundo de escala do equipamento inimigo usado
para rastrear o sinal amigo).

2) Baixa probabilidade de interceptação

A baixa probabilidade de interceptação (Low Probability of Interception, LPI) pode ocorrer devido a
duas características de um sinal SS:

(a) A baixa densidade espectral de potência pode tornar um sinal SS “invisível” a um receptor
não intencional. Torna-se difícil interceptar um sinal que não se pode detectar.
(b) Quanto maior o comprimento da sequência de espalhamento (quanto maior o número de
chips em um período desta sequência) maior a dificuldade de geração de uma réplica pelo
interceptador, o que também dificulta a interceptação. Por exemplo, uma sequência PN com N
= 31, comprimento considerado curto na prática, pode levar à chance de 1/(231) do receptor não

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intencional conseguir replicá-la. Lembre-se que o receptor intencional conhece a sequência PN


gerada pelo correspondente transmissor, de forma que possa realizar a operação inversa do
espalhamento, o desespalhamento (do inglês despreading).

3) Imunidade a interferências

Um sinal que apresenta baixa probabilidade de ser detectado, como por exemplo um sinal SS imerso
no ruído (veja figura anterior), dificilmente poderá sofrer uma interferência intencional.

Por outro lado, uma interferência de faixa estreita corromperá uma pequena faixa do sinal SS e,
portanto, será pouco prejudicial. Mais adiante veremos de forma um pouco mais rigorosa como isso é
possível.

Já um sinal de faixa larga, mesmo ocupando a mesma banda do sinal SS, poderá não interferir na
comunicação a ponto de inviabilizá-la. Isto ocorre devido principalmente à baixa correlação que pode
haver entre o sinal SS e o sinal interferente. Também veremos isso com mais detalhes em outro
momento do curso.

4) Possibilidade de implementação de múltiplo acesso CDMA (Code Division Multiple Access)

Seja o sistema de comunicação mostrado da figura a seguir, composto por 3 usuários transmitindo
simultaneamente e na mesma banda para um receptor que tem por objetivo “separar” a informação de
cada usuário das demais, preferencialmente sem interferência entre os vários sinais. A separação pode
não ser perfeita devido ao ruído e às interferências. Esse é um cenário típico de um sistema celular, por
exemplo, no qual vários terminais móveis enviam seus sinais para uma estação radiobase .

Se os sinais dos vários usuários compartilham a mesma banda de frequências e são transmitidos
simultaneamente, o que permitirá acesso múltiplo ao meio de comunicação será o uso de sequências de
espalhamento (denominadas neste contexto de sequências código) distintas e que façam com que os
sinais transmitidos sejam, idealmente, ortogonais. Por essa razão, a técnica de múltiplo acesso em
questão é chamada Múltiplo Acesso por Divisão em Código (CDMA).

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Espalhamento espectral por sequência direta (Direct Sequence Spread Spectrum – DS-SS)

Vimos no início do presente estudo uma das formas mais simples de implementação de um sistema
com espalhamento espectral em banda-base. Nela a sequência de bits de informação é convertida para
a forma bipolar, por exemplo, 0 –1e1 +1 e em seguida é multiplicada por uma sequência de
espalhamento, também bipolar, de taxa muito maior. Este sistema, pelo fato de gerar um sinal spread
spectrum pela multiplicação direta da sequência de espalhamento pela sequência de informação, é
chamado de espalhamento espectral por sequência direta.

Como resultado desta multiplicação tem-se um sinal em banda-base cuja faixa ocupada depende
diretamente da taxa da sequência de espalhamento e é independe, até certo ponto, da taxa de bits de
informação. Dizemos “até certo ponto” porque se a taxa de bits começa a ficar com valor comparável à
taxa da sequência de espalhamento, começará a ter influência na banda do sinal e, portanto, não
teremos mais um sinal spread spectrum.

Na figura a seguir tem-se uma ilustração da implementação da técnica DS-SS.

A sequência de espalhamento é uma sequência periódica de período NTc, onde N é comprimento ou


número de bits (chips) em um período da sequência e Tc é a duração de um chip. Por ser periódica, o
espectro de tal sequência é discreto. Nele, a distância entre as raias espectrais é a taxa em que a
sequência se repete e, portanto, é igual a 1/NTc. Os “nulos” da envoltória espectral desta sequência
ocorrem a cada múltiplo inteiro de 1/Tc. Portanto, se definirmos a banda do sinal espalhado como
sendo a banda do lobo principal do sinal, em banda-base um sinal DS-SS terá banda 1/Tc Hz.

Embora não seja obrigatório, tipicamente o período da sequência de espalhamento coincide com a
duração de um bit de informação, ou seja: Tb = NTc.

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A figura a seguir ilustra um sistema com espalhamento espectral DS-SS, incluindo a modulação.
Perceba que a única diferença para o sistema em banda-base é de fato a inserção do modulador que,
tipicamente, é um modulador BPSK ou QPSK.

Agora, se considerarmos a banda do sinal como sendo a banda do lobo principal, teremos uma banda
de 2/Tc, pois quem está modulando a portadora em BPSK é o sinal já espalhado, cujo tempo de
símbolo vale Tc. Veja a ilustração a seguir.

A figura a seguir ilustra o receptor para o sinal DS-SS BPSK considerado anteriormente. O sinal
recebido é transladado para banda-base pelo primeiro mixer (multiplicador). Entretanto, este processo
de translação gera os chamados “produtos de intermodulação”, os quais são atenuados pelo filtro que
vem em seguida. Na saída deste filtro temos um sinal DS-SS em banda-base e o restante do receptor é,
portanto, idêntico ao receptor de um sinal DS-SS em banda-base: o sinal após o filtro é correlacionado
com uma réplica da sequência de espalhamento utilizada na transmissão; o resultado da correlação
gera a variável de decisão que é comparada com o limiar para que seja tomada a decisão sobre os bits
transmitidos.

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Vamos analisar com um pouco mais de profundidade algumas formas de onda e espectros ao longo do
receptor apresentado. Na figura a seguir são mostrados os espectros do sinal recebido (parte superior) e
do sinal de saída do filtro passa-baixas (parte inferior). Percebe-se que o sinal de saída do filtro é um
sinal em banda-base, livre de componentes de intermodulação, mas ainda espalhado no espectro.

A forma de onda a seguir corresponde à saída do integrador, na ausência de ruído. Após o


desespalhamento, à entrada deste integrador está sendo aplicada a sequência de informação já
desespalhada e, portanto, composta de valores constantes e iguais a +1 ou – 1 (ou qualquer valor
bipolar). O resultado da integral deste sinal, a cada intervalo de bit, corresponde a uma sequência de
rampas, como pode ser visto na figura em questão. Perceba que esta forma de onda é exatamente igual
àquela que seria obtida com o uso de uma sinalização antipodal com formatos de pulso retangulares.

Ao final de cada intervalo de integração o sinal é amostrado e o valor da amostra é comparado com o
limiar de decisão, permitindo a decisão pelo bit transmitido. Perceba que este processo é idêntico
àquele realizado em uma transmissão binária com qualquer formato de pulso de transmissão confinado
no intervalor de bit. Então, podemos interpretar a transmissão com espalhamento espectral como uma
transmissão binária antipodal em que o “formato de pulso” de transmissão corresponde a um período
completo da sequência de espalhamento: para o bit 1 transmite-se o sinal deste período completo e
para o bit 0 transmite-se este sinal com polaridade invertida.

Na presença de ruído faz-se a análise similar. Agora, na saída do integrador há um sinal cujo valor de
pico varia em função da influência deste ruído, o que, eventualmente, pode causar erros na decisão. A
figura a seguir ilustra esta situação.

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A figura a seguir reapresenta, em caráter de revisão, a estrutura do receptor para sinalização binária
antipodal com formato de pulso de transmissão g(t) ilustrado. Note que, de fato, a transmissão com
espalhamento espectral aqui considerada pode ser interpretada como uma transmissão binária
antipodal em que o “formato de pulso” de transmissão corresponde a um período completo da
sequência de espalhamento.

Sequências de espalhamento – definição

Uma sequência de espalhamento, como o nome sugere, é o sinal utilizado para espalhar o espectro do
sinal transmitido em um sistema spread spectrum. Em princípio, qualquer sequência que tivesse uma
taxa de chips maior que a taxa de bits de informação seria adequada. Entretanto, outras propriedades
além da taxa devem ser levadas em conta na implementação de um sistema com espalhamento
espectral, para que o desempenho desejado seja conseguido e para que os atributos do sinal spread
spectrum de fato se manifestem.

Existem vários tipos de sequência de espalhamento, cada uma mais ou menos adequada à aplicação da
técnica spread spectrum. Por exemplo, certas sequências são mais adequadas para fazer com que o
espectro do sinal espalhado seja “bem comportado”, no sentido de ocupar da maneira adequada a
banda disponível. Outras são adequadas por proporcionarem maior imunidade a interferências em
sistemas CDMA. Outras, ainda, permitem que o processo de sincronismo no receptor seja mais
facilmente implementado. A seguir vamos estudar algumas destas sequências.

Sequências de comprimento máximo (sequências m)

Também conhecidas como sequências PN (Pseudo-Noise sequences), as sequências m são sequências


formadas por registradores de deslocamento, numa configuração como a ilustrada a seguir:

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Nesta configuração, o número de flip-flops do registrador é m (o que justifica o nome dado à


sequência). A lógica de realimentação é que define se será ou não será gerada uma sequência de
comprimento máximo, na qual o número de chips em um período é N = 2m – 1. Quanto maior o
registrador de deslocamento (maior valor de m), mais possibilidades existem de geração de sequências
diferentes. Cada configuração de realimentação diferente gera uma sequência diferente e as conexões
de realimentação corretas são tipicamente determinadas por meio de tabelas, já que a teoria por trás da
determinação destas conexões é bastante complexa e está fora do escopo do nosso curso.

A seguir tem-se uma tabela com algumas das conexões dos flip-flops para que uma sequência m seja
de fato gerada com máximo comprimento. Na primeira coluna (da esquerda) tem-se os valores de m.
Na segunda coluna tem-se os correspondentes comprimentos das sequências geradas. Na terceira
coluna estão algumas das regras de conexão que produzem sequencias m de comprimento máximo,
como melhor explicado logo adiante. Na coluna da direita tem-se o número máximo de diferentes
sequências que podem ser geradas, que é igual ao número máximo de conexões corretas.

As conexões de realimentação no gerador de uma sequência m podem ser representadas como na


tabela a seguir, por números na base binária ou por números na base octal. Por exemplo, na tabela, três
das seis sequências para m = 5 são geradas a partir das conexões indicadas por [5, 3], [5, 4, 3, 2] e [5,
4, 2, 1], as quais podem ser representadas na forma binária por [b0 b1 ... bm−1 bm] = [1 0 0 1 0 1], [1 0 1
1 1 1] e [1 1 1 0 1 1], respectivamente, onde a presença de um bit “1” na posição i representa a
existência de uma conexão na saída do i-ésimo flip-flop, sendo que o bit “1” mais à esquerda, b0,
representa a conexão de entrada do flip-flop mais à esquerda. Na base octal tais conexões seriam
representadas respectivamente por 458, 578 e 738.

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Exemplo - Vamos determinar os estados de saída dos flip-flops do gerador a seguir e também a sua
forma de onda de saída, correspondente à sequência de estados do flip-flop mais à direita, para uma
carga inicial igual a 1 0 0.

Agora vamos repetir o exemplo com outra configuração de realimentação nos flip-flops:

Pelos resultados obtidos com este exemplo percebemos que a primeira configuração representa uma
conexão correta (conexão [3,1] na tabela anterior), pois a sequência gerada possui N = 2m – 1 = 23 – 1
= 7 chips em um período. Percebemos ainda, na primeira configuração, que todas as combinações de 3
bits são reveladas nos estados dos flip-flops, exceto a combinação 0 0 0, a qual se perpetuaria
indefinidamente se existisse. Cargas iniciais diferente de 1 0 0 apenas faria com que uma mesma
sequência se iniciasse em partes diferentes de seu período.

Observando-se agora a segunda configuração, percebe-se que ela gerou uma sequência cujo
comprimento não é 2m – 1 e, portanto, trata-se de uma configuração com conexão de realimentação
incorreta.

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Função de auto-correlação e função de correlação cruzada para sequências de espalhamento

Como as sequências de espalhamento são sinais periódicos de período NTc, as funções de auto-
correlação e de correlação cruzada podem ser determinadas respectivamente por:

1 + T0 / 2 1 + T0 / 2
RX (τ ) = ∫ x(t ) x(t − τ )dt e RXY (τ ) = ∫ x(t ) y (t − τ )dt
T0 −T0 / 2 T0 −T0 / 2

onde T0 = kNTc, para k inteiro. Tais funções medem, respectivamente, o grau de correlação
(ortogonalidade) entre sequências iguais e entre sequências diferentes, para deslocamentos relativos τ
entre os pares analisados.

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A função de auto-correlação de uma sequência de espalhamento idealmente não deve ser nula
somente quando o deslocamento relativo é nulo. Isto beneficiaria o processo de detecção e o processo
de aquisição e rastreamento de sincronismo.

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Exemplo - No diagrama mostrado a seguir, referente a uma representação didática do processo de


sincronismo no receptor, inicialmente a sequência embutida no sinal recebido está fora de sincronismo
com a sequência gerada localmente. Com o passar do tempo, o desalinhamento entre tais sequências
começa a diminuir por atuação do sistema de controle em um circuito de atrasos discretos ou em um
oscilador controlado por tensão (VCO – Voltage Controlled Oscillator), até o momento em que tais
sequências se alinham e o valor da correlação se eleva abruptamente. Neste instante o sistema de
controle “trava” o circuito de atraso ou o VCO e o receptor continua em sincronismo.

Perceba a importância de se ter um único pico na função de auto-correlação. Caso haja mais de um, a
condição de travamento do sistema acima pode ocorrer no pico errado e, desta forma, fazer com que o
sistema trave fora de sincronismo. Perceba ainda que, quanto maior for o valor do pico em relação aos
demais valores, mais facilmente a condição de sincronismo será detectada e, por consequência, tal
sistema de sincronismo será mais imune à ação do ruído.

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A função de correlação cruzada entre duas sequências de espalhamento idealmente deve ser nula para
qualquer valor de deslocamento relativo entre elas. Isto beneficiaria a imunidade à interferência de
múltiplo acesso em sistemas CDMA.

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Exemplo - No sistema ilustrado a seguir se tem uma representação didática de um dos receptores de
uma estação radiobase (ERB) em um sistema de telefonia celular CDMA. A antena da ERB recebe a
soma de vários sinais, incluindo o sinal de interesse (sinal do usuário 2 neste exemplo). No processo de
correlação para gerar a variável de decisão y, desejamos que somente a sequência PN2 embutida no
sinal do usuário 2 seja detectada, o que demandaria que a correlação cruzada dos sinais dos demais
usuários com a sequência PN2 gerada no receptor fosse nula. Em outras palavras, os sinais
interferentes deveriam ser ortogonais ao sinal de interesse.

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Matematicamente teríamos:

PN 2 (t ) [ PN1 (t ) + PN 2 (t ) + PN 3 (t ) + ⋯] dt
NTc
y=∫
0
NTc NTc NTc
=∫ PN 2 (t )PN1 (t )dt + ∫ PN 2 (t )PN 2 (t )dt + ∫ PN 2 (t )PN 3 (t )dt + ⋯ etc + Ruído
0 0 0
ZERO
ZERO MÁXIMO ZERO

Com este exemplo é possível perceber a importância de se ter valores baixos de correlação cruzada
entre as diferentes sequências de espalhamento utilizadas pelos terminais em um sistema CDMA.
Infelizmente, na prática é bastante difícil obter sequências de espalhamento perfeitamente ortogonais
para qualquer deslocamento relativo. Mesmo naqueles casos em que tais sequências podem ser
implementadas, na maior parte das situações reais o canal de comunicação destrói a ortogonalidade
entre elas. Uma situação típica onde isto ocorre se refere aos sistemas de comunicação móvel operando
em canais com múltiplos percursos de propagação. Mais adiante no nosso curso teremos a
oportunidade de estudar com mais detalhes esta situação e justificar a perda de ortogonalidade entre as
sequências de espalhamento utilizadas.

Funções de correlação e densidade espectral de potência para sequências m

Considerando-se apenas um período, a função de auto-correlação de sequências m é dada por:

 N +1
1 − NT | τ |, | τ | ≤ Tc
R (τ ) =  c

 1
− , | τ | > Tc
 N

Pela função esboçada (extrapolada para mais de um período) percebe-se que, como esperado, a função
de auto-correlação é periódica, pois uma sequência m é também periódica. Percebe-se ainda que o
valor de pico em τ = 0 é igual a 1. Entretanto, se verificarmos em outras referências poderemos
encontrar valores diferentes. Na verdade não há nenhum erro conceitual nestes diferentes valores. São
apenas formas diferentes de normalização do valor máximo da auto-correlação.

Quanto maior o comprimento da sequência m, mais próximo de zero se tornará o valor –1/N e, neste
caso, mais próxima da situação ideal se tornará a função de autocorrelação. Em outras palavras,
quando aumentamos o comprimento N da sequência o valor da função de auto-correlação em |τ | > Tc

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se aproximará cada vez mais de zero e mais destacado se tornará o valor de pico em τ = 0, para uma
dada taxa de chips.

Como bem sabemos, se tomarmos a transformada de Fourier da função de auto-correlação teremos


como resultado a densidade espectral de potência (DEP) da sequência. A DEP para sequências m é
dada por:

1 1+ N ∞
n  n 
Sc ( f ) =
N 2
δ( f )+ 2
N
∑ sinc
n =−∞
2
 δ  f −
N 

NTc 
n ≠0

Como se trata de uma função periódica, era esperado que o espectro da sequência fosse composto de
raias espectrais (espectro discreto). Na DEP em questão a envoltória (linha tracejada) tem nulos em
múltiplos inteiros de 1/Tc. Portanto, como também era esperado, quanto menor o valor de Tc mais
amplo será o espectro da sequência de espalhamento e, por consequência, mais amplo será o espectro
do sinal spread spectrum.

O espaçamento entre as raias espectrais da DEP ocorre na mesma cadência de repetição do sinal
periódico. Sendo assim, a separação entre tais raias tem valor 1/(NTc). Adicionalmente, se fizermos Tb
= NTc, o espaçamento entre as raias será também igual à taxa de bits de informação.

Nota-se que na DEP dada há uma pequena raia em f = 0, que corresponde à componente DC da
sequência m. Se observamos qualquer sequência deste tipo, notaremos que há sempre um chip “+1” a
mais que o número de chips “−1”. Esta é a razão para a existência deste nível DC. Nota-se ainda que,
se aumentarmos o comprimento da sequência, este desbalanceamento será menos significativo e, por
consequência, o nível DC será reduzido.

Como exemplo adicional, vejamos as funções: (a) Função de auto-correlação para a sequência m [7, 1]
e para a sequência m [7, 6, 5, 4]. (b) Função de correlação cruzada entre as sequências m [7, 1] e [7, 6,
5, 4], ilustradas nas figuras a seguir. Devido às conexões apresentadas concluímos que se trata de
sequências m com m = 7. Portanto, o comprimento de tais sequências é de N = 2m – 1 = 27 – 1 = 127.
Notamos ainda um exemplo de normalização alternativa para o valor de pico das funções em questão:
o valor de pico da função de auto-correlação é N e não 1 neste caso.

Com relação à função de correlação cruzada, notamos que há picos de grande intensidade. Este é um
comportamento genérico para sequências m, o que nos leva à conclusão de que, embora sejam
excelentes do ponto de vista de facilitadoras do processo de sincronismo, as sequências m não são, em
princípio, adequadas para implementação de múltiplo acesso CDMA, pois gerarão grande interferência
entre os sinais dos vários terminais.

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(a)

(b)

Sequências Walsh-Hadamard

As sequências Walsh-Hadamard recebem este nome devido aos seus inventores. Elas tem como
principal característica o fato da função de correlação cruzada entre qualquer par destas sequências ser
nula (sequências ortogonais), mas somente para deslocamento relativo nulo. Alguns pares tem
correlação nula para qualquer deslocamento relativo.

Podem ser geradas 2n sequências de comprimento 2n, para n = 1, 2, 4, 8, ...., por meio do seguinte
processo: inicia-se com a matriz de Hadamard

 +1 +1
H(2) =  ,
 +1 −1

a partir da qual são formadas matrizes de Hadamard de ordem 2n,

 H( n ) H ( n ) 
H(2n ) =  .
 H( n ) − H( n ) 

Como exemplo, vamos construir 8 sequências Walsh-Hadamard de comprimento N = 8. A seguir são


dadas as matrizes de Hadamard obtidas em cada passo. Perceba que os quadrados simples nas matrizes
H(2n) contém réplicas da matriz H(n) e os quadrados duplos contém –H(n), para n = 2 e 4. A matriz
H(8) contém as 8 sequências construídas.

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 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 
 
 +1 −1 +1 −1 +1 −1 +1 −1 
 +1 +1 +1 +1   +1 +1 −1 −1 +1 +1 −1 −1 
   
 +1 +1  +1 −1 +1 −1   +1 −1 −1 +1 +1 −1 −1 +1 
H(2) =   H(4) =   H(8) =  
 +1 −1  +1 +1 −1 −1   +1 +1 +1 +1 −1 −1 −1 −1 
 +1  
−1 −1 +1   +1 −1 +1 −1 −1 +1 −1 +1 
 
 +1 +1 −1 −1 −1 −1 +1 +1 
 
 +1 −1 −1 +1 −1 +1 +1 −1 

Embora as sequências Walsh-Hadamard tenham excelentes propriedades de correlação cruzada (para


deslocamento relativo nulo), sua função de auto-correlação pode ter picos de valor elevado, tornando-a
inadequada para auxiliar no processo de sincronismo e detecção. Veja como exemplo na figura a
seguir a função de auto-correlação da sequência Walsh de número 64, com comprimento N = 128.
Além disto, perceba que, por exemplo, a primeira linha da matriz H(8) é toda composta de +1s, ou
seja, esta sequência de fato não causará nenhum espalhamento do sinal. Isto fará com que a DEP do
sinal resultante da multiplicação de uma sequência Walsh-Hadamard pela sequência de informação
não seja uniforme, apresentando diferentes formas dependendo da sequência utilizada. Isto permite
concluir que sequências Walsh-Hadamard são são adequadas para produzir espalhamento do espectro.

Sequências Gold

As sequências Gold são implementadas pela operação ou-exclusivo (XOR) entre duas sequências m
escolhidas de tal sorte que a função de correlação cruzada da sequência resultante tenha picos de
menor valor que aqueles verificados com cada par de sequências m isoladamente. Entretanto, as
sequências Gold tem sua função de auto-correlação com características mais distantes da situação ideal
e, portanto, piores que aquelas proporcionadas por cada uma das sequências m isoladamente.

A figura a seguir ilustra um gerador de sequência Gold composto dos geradores de sequências m com
conexões [7, 4] e [7, 6, 5, 4]. Em seguida tem-se a função de auto-correlação (a) para uma sequência
Gold e a função de correlação cruzada (b) para duas sequências Gold geradas a partir das mesmas
conexões, mas com cargas iniciais diferentes em um dos geradores de sequência m. Observe que, em
comparação com a função de correlação cruzada apresentada anteriormente para sequências m de
mesmo comprimento, a faixa de variação da função de correlação cruzada para as sequências Gold é
significativamente menor. No entanto, a função de auto-correlação tem comportamento mais distante
do ideal, contendo valores bastante elevados fora de τ = 0.

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(a)

(b)

Pode-se agora estabelecer uma classificação a partir do conhecimento das propriedades de auto-
correlação e de correlação cruzada para as sequências estudadas:

Sequência m: função de auto-correlação muito próxima da ideal e função de correlação


cruzada com picos elevados e, portanto, com comportamento mais distante do ideal.

Sequência Walsh-Hadamard: correlação cruzada ideal para deslocamentos relativos nulo e


função de auto-correlação com picos elevados e, portanto, com comportamento distante do
ideal.

Sequência Gold: função de auto-correlação um pouco distante do comportamento ideal em


comparação com a função de auto-correlação das sequências m e um pouco melhor que a
função de auto-correlação das sequências Walsh-Hadamard. Função de correlação cruzada
melhor que a das sequências m e pior que a das sequências Walsh-Hadamard.

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Combinação de sequências de espalhamento

Pelo exposto neste estudo sobre sequencias de espalhamento, podemos concluir que não é tarefa fácil
encontrar uma que tenha, simultaneamente, funções auto-correlação e de correlação cruzada se
aproximando das ideais. Existem várias sequências que tem esta característica, mas são bastante
complexas em termos de construção e análise.

Para solucionar de certo modo este problema, muitos sistemas de comunicação combinam diferentes
sequências de espalhamento com diferentes propósitos. Para ilustrar este conceito, considere o sistema
mostrado a seguir, correspondente a um transmissor de um sistema CDMA. Nele os bits de informação
sofrem uma operação XOR com uma sequência Gold de comprimento muito elevado e à mesma taxa
destes bits de informação, objetivando produzir “aleatorização” (scrambling) da sequência de
informação e certo grau de sigilo a mais na comunicação. Depois do resultado da operação XOR
passar pela conversão para a forma bipolar, faz-se a multiplicação do sinal resultante pela sequência m,
de taxa elevada, o que garante o espalhamento espectral do sinal, a uniformidade espectral do sinal de
saída e maior facilidade no processo de sincronismo no receptor. A multiplicação seguinte pela
sequência Walsh-Hadamard garante ortogonalidade entre o sinal spread spectrum gerado e os demais
sinais, facilitando a extração da informação de cada usuário pela estação base receptora.

Em um sistema real, outras funções podem ser atribuídas a cada uma das sequências de espalhamento,
tais como a identificação de estação base e a demarcação de quadro. O que é importante notar é que
esta combinação de sequências tem como principal objetivo explorar ao máximo o que cada uma pode
oferecer de melhor.

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Exercícios para casa

1 - Extrair os parâmetros correspondentes às propriedades das sequências pseudo-aleatórias para o


caso de sequências-m. Quando pertinente, fazer desenhos e/ou gráficos para ilustrar cada propriedade,
preferencialmente utilizando alguma ferramenta computacional (VisSim/Comm, Matlab ou Mathcad).

2 - Teça comentários sobre a influência da propriedade de balanceamento (balance) no espectro de


uma sequência-m, sempre fazendo algum tipo de associação com o espectro de uma sequência
completamente aleatória.

3 - Há uma incompatibilidade entre as conexões recomendadas para geração de sequência-m, m = 5, no


livro do Haykin e no tutorial sobre Spread Spectrum de J. Mell, disponível por meio do endereço:
http://www.inatel.br/docentes/dayan/EE210/outros/[Nay99].pdf . Descubra qual das duas formas de
conexão está correta.

4 - Mostrar que a expressão (7.6) do livro do Haykin é válida. Dicas: a) lembrar que a periodicidade no
tempo corresponde a impulsos igualmente espaçados na frequência; b) fazer uso de alguma tabela de

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Transformada de Fourier de funções conhecidas e c) usar a representação a seguir para auxiliá-lo na


construção da resposta, notando que: ℑ{ R '(τ )} = ℑ{Y (τ )} − ℑ{ X (τ )} .

5 - Teça comentários procurando justificar em que situação a densidade espectral dada pela equação
(7.6) do livro do Haykin se aproximará da densidade espectral de uma sequência aleatória.

6 - Qual a aplicabilidade e a desvantagem que você encontra na utilização de sequências-m em


sistemas CDMA?

7 - Associe as colunas a seguir, justificando todas as associações. Obs: as associações podem não ser
exclusivas e também podem não ser únicas.

(1) sequência-m ( ) Adequada pra sincronismo.


(2) sequência Walsh ( ) Proporciona baixa interferência de múltiplo acesso (MAI).
(3) sequência Gold ( ) Adequada para sincronismo e baixa MAI.
(4) Outra (pesquisar) ( ) Adequada apenas para espalhamento.

8 – Faça uma pesquisa e descubra qual é a regra simples de determinação da função de correlação
cruzada entre duas sequências quaisquer de mesmo comprimento.

9 – Utilizando a definição abaixo, calcule o valor máximo da função de auto-correlação para


sequências de espalhamento quaisquer cujas possíveis amplitude sejam +1 e –1 .

1 + T0 / 2
RX (τ ) = ∫ x (t ) x (t − τ )dt
T0 − T0 / 2

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FIM DA AULA

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Aula nº 20 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Espalhamento Espectral - 2.


Ganho de processamento e margem de interferência para sinais DS-SS e FH-SS.
Conteúdo
Exercícios de fixação.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) conceituar o ganho de
processamento e a margem de interferência em sistemas DS-SS e FH-SS. 2) realizar
Objetivos
cálculos envolvendo o ganho de processamento e a margem de interferência em
sistemas DS-SS e FH-SS.

Ganho de processamento em sistemas DS-SS

O ganho de processamento (processing gain) é a razão entre a relação sinal / (ruído + interferência)
após e antes do processo do “desespalhamento” no receptor. Representa o ganho em desempenho
obtido com o uso de espalhamento espectral em relação àquele obtido sem o seu uso, conservadas
iguais as demais condições.
( S / J )o
GP =
( S / J )i

Para um sistema com espalhamento espectral por sequência direta, DS-SS, o ganho de processamento
é dado pelo fator de espalhamento do sinal, que é a relação entre a duração de um bit de informação e a
duração de um chip da sequência de espalhamento, ou seja:

Tb Rc
GP = =
Tc Rb

Se Tb = NTc, que é o caso mais comum na prática, teremos GP = N.

Margem de interferência

A margem de interferência (jamming margin) é o máximo valor que relação entre a potência de
interferência J e a potência de sinal P pode assumir, ainda permitindo que o sistema alcance a
probabilidade de erro de bit a uma dada relação Eb/J0, onde Eb é a energia média por bit de informação
e J0 é a densidade espectral de potência do sinal interferente mais ruído. Essa relação Eb/J0 é função da
modulação utilizada no sistema, desconsiderando-se o espalhamento. Em outras palavras, na análise de
margem de interferência a relação Eb/J0 entra no lugar de Eb/N0 na expressão de probabilidade de erro
da modulação utilizada.

A margem de interferência, em dB, é calculada por meio de:

J E
M J = 10log   = GP − b
P J0

A figura a seguir ilustra o efeito do ganho de processamento na margem de interferência. Nela, um


sistema DS-SS opera em um ambiente em que há um sinal interferente de faixa estreita, além de ruído
branco. Na antena receptora a relação sinal / (ruído + interferência) é muito baixa, podendo na prática
ser até menor que 1. O processo de desespalhamento realizado no receptor faz com que a banda do
sinal de interesse seja restaurada e faz com que o sinal interferente seja espalhado. Nenhum

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espalhamento acontece no ruído branco, pois o mesmo já é um sinal de faixa larga. Se após o
desespalhamento inserirmos um filtro passa-faixas com banda igual à banda do sinal de interesse,
teremos como resultado uma relação sinal / (ruído + interferência) elevada a ponto de permitir que a
informação seja recuperada.

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Exemplo - Suponha que um sistema de comunicação digital


com espalhamento espectral por sequência direta (DS-SS)
tenha que apresentar uma taxa de erro de bit menor ou igual
a 10−4 sob interferência de faixa estreita em canal AWGN.
Tal sistema utiliza modulação ΒPSK com detecção coerente
(veja desempenho na figura ao lado). A sequência pseudo-
aleatória utilizada é uma sequência m implementada a partir
de um registrador de deslocamento com 10 flip-flops. Cada
período desta sequência corresponde à duração de um bit de
informação. Pede-se: a) Calcule o ganho de processamento
do sistema DS-SS, em dB. b) Calcule e interprete a margem
de interferência do sistema DS-SS, em dB.

Tb
a) Se Tb = NTc ⇒ GP = = N = 2m − 1 = 210 − 1 = 1023
Tc
Então GP = 10log1023 ≅ 30,1dB

J E
b) = GP − b = 30,1 − 8, 4 = 21, 7 dB
P N0
Isto significa que a potência do sinal interferente poderá
estar até 21,7 dB acima da potência do sinal DS-SS na
entrada do receptor, ainda garantindo uma BER ≤ 10−4.

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O ganho de processamento tem efeito em sinais interferentes de faixa estreita, pois é neste caso
que a densidade espectral de potência do sinal interferente é reduzida pelo processo de
desespalhamento do sinal. Se um sinal interferente tem faixa larga, o desespalhamento realizado

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no receptor o manterá com faixa larga e, portanto, não reduzirá sua influência no desempenho
do sistema na faixa ocupada pelo sinal de interesse, após ser desespalhado.

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Exemplo - Um rádio DS-SS opera em uma faixa de frequências compartilhada por 23 terminais
celulares de banda estreita que agem como interferentes de faixa estreita para o sistema DS-SS. Tanto
o sinal desejado quanto cada um dos sinais interferentes chega ao receptor DS-SS com a mesma
potência média. A técnica DS-SS opera com modulação BPSK a uma taxa de bits de 9.600 bit/s.

A seguir está calculada, de duas maneiras distintas, a mínima taxa de chips da sequência de
espalhamento utilizada no sistema DS-SS de tal sorte que a probabilidade de erro de bit no receptor
DS-SS não ultrapasse 9,3142×10–4. Admita que a potência de ruído seja desprezível em comparação
com a potência dos sinais interferentes. Admita ainda que a banda ocupada pelo sinal DS-SS
corresponda ao lobo principal do sinal modulado.

Vamos verificar qual das soluções está correta e justificar nossa escolha.

Definições das variáveis:

J é a potência total dos sinais interferentes. Rb é a taxa de bits.


J0 é a correspondente densidade espectral de potência. Tc é a duração de um chip.
WSS é a banda total do sinal DS-SS. Rc é a taxa de chips.
P é a potência média de cada terminal, na estação radiobase . Eb é a energia média por bit.
N é o comprimento da sequência de espalhamento. N0 é a densidade espectral de potência de ruído.
Tb é a duração de um bit. MJ é a margem de interferência.
GP é o ganho de processamento.

Solução 1: Solução 2:

GP = Rc / Rb ⇒ Rc = GP × Rb = GP × 9.600 BER = 12 erfc ( )


Eb / J 0 ∴ J 0 = J / WSS = J /(2 / Tc ) = 23P /(2 / Tc )
M J = GP − Eb / J 0 dB ⇒ GP = M J + Eb / J 0 dB Eb = PTb = PNTc ⇒ BER = 12 erfc ( ( PNTc ) /[23P /(2 / Tc )] )
M J = J / P = 23P / P = 23 ≅ 13,62 dB
⇒ 12 erfc ( )
2 N / 23 = 9,3142 × 10−4
BER = 12 erfc ( )
Eb / J 0 ⇒ 9,3142 × 10−4 = 12 erfc ( Eb / J 0 ) De uma tabela: 1
erfc(x ) = 9,3142 × 10−4 ⇒ x = 2,2 ⇒
2
De uma tabela: 1
erfc(x ) = 9,3142 × 10−4 ⇒ x = 2,2 ⇒
2 N / 23 = 2, 2 ⇒ 2 N / 23 ≅ 4,84 ⇒ N = 55,66
2

Eb / J 0 = 2,2 ⇒ Eb / J 0 ≅ 4,84 ≅ 6,85dB


Como Tb = NTc ⇒ Rc = NRb = 55,66 × 9.600 = 534.336
Então GP = 13,62 + 6,85 = 20,47 dB ≅ 111 A taxa de chips será: Rc ≥ 534.336 chips / s.
A taxa de chips será: Rc ≥ 111 × 9.600 = 1.065.600 chips / s.

A solução 1 é a correta. Os sinais interferentes agem no receptor como interferência de faixa estreita e,
por esta razão, a solução 1 opera com o ganho de processamento que tem efeito quando o sistema está
sob influência desse tipo de interferência. A solução 2 parte do princípio que o sinal interferente age no
receptor como se elevasse a densidade espectral de potência do ruído, algo que seria correto admitir
numa situação de interferência de faixa larga.

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Exemplo - Uma mesma faixa espectral em um sistema CDMA é compartilhada por 24 terminais
celulares. Devido a um controle de potência realizado no sistema, tanto o sinal desejado quanto os
sinais interferentes dos demais terminais são recebidos pela estação radiobase com a mesma potência
média. Cada terminal transmite a uma taxa de bits de 9.600 bit/s utilizando a técnica DS-SS com
modulação BPSK.

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 180


EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

A seguir está calculada, de duas maneiras distintas, a mínima taxa de chips das sequências de
espalhamento utilizadas de tal sorte que a probabilidade de erro de bit na estação radiobase não
ultrapasse 9,3142×10–4. Admita que a potência de ruído seja desprezível em comparação com a
potência dos sinais interferentes. Admita ainda que a banda ocupada pelos sinais CDMA corresponda
ao lobo principal do sinal DS-SS.

Vamos verificar qual das soluções está correta e justificar nossa escolha.

Solução 1: Solução 2:

BER = 12 erfc ( )
Eb / J 0 ∴ J 0 = J / WSS = J /(2 / Tc ) = 23P /(2 / Tc ) GP = Rc / Rb ⇒ Rc = GP × Rb = GP × 9.600
Eb = PTb = PNTc ⇒ BER = 12 erfc ( ( PNTc ) /[23P /(2 / Tc )] ) M J = GP − Eb / J 0 dB ⇒ GP = M J + Eb / J 0 dB
M J = J / P = 23P / P = 23 ≅ 13,62 dB
⇒ 12 erfc ( )
2 N / 23 = 9,3142 × 10 −4
De uma tabela: 1 −4
erfc(x ) = 9,3142 × 10 ⇒ x = 2,2 ⇒
BER = 12 erfc ( )
Eb / J 0 ⇒ 9,3142 × 10−4 = 12 erfc ( Eb / J 0 )
2 −4
De uma tabela: 1
erfc(x ) = 9,3142 × 10 ⇒ x = 2,2 ⇒
2 N / 23 = 2,2 ⇒ 2 N / 23 ≅ 4,84 ⇒ N = 55,66
2

Eb / J 0 = 2,2 ⇒ Eb / J 0 ≅ 4,84 ≅ 6,85dB


Como Tb = NTc ⇒ Rc = NRb = 55,66 × 9.600 = 534.336
A taxa de chips será: Rc ≥ 534.336 chips / s. Então GP = 13,62 + 6,85 = 20,47 dB ≅ 111
A taxa de chips será: Rc ≥ 111 × 9.600 = 1.065.600 chips / s.

A solução 1 é a correta. De fato, a soma dos sinais CDMA interferentes age no receptor da estação
radiobase aproximadamente como o faz o ruído branco, elevando a densidade de potência interferente
total para J0 + N0 ≅ J0 devido ao fato do ruído branco ser desprezível no caso analisado. A solução 2
opera com o ganho de processamento que tem efeito quando o sistema está sob influência de
interferência de faixa estreita. No problema em questão a interferência é de faixa larga e, portanto, não
sofre a influência desejada do ganho de processamento no receptor.

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Espalhamento espectral por saltos em frequência

Outra técnica de espalhamento espectral muito utilizada na prática é o espalhamento espectral por
saltos em frequência (FH-SS – Frequency Hopping Spread Spectrum). Como sugere o nome, nesta
técnica a frequência de portadora está constantemente mudando sua posição espectral, sob controle de
uma sequência pseudo-aleatória. A figura a seguir ilustra o transmissor (a) e o receptor (b) para um
sistema FH-SS com modulação M-FSK.

Controlado por agrupamentos de k chips da sequência de espalhamento, o sintetizador é responsável


por gerar a portadora que será utilizada para determinar a posição espectral do sinal M-FSK. Embora
não necessariamente existam todas as combinações de k bits no agrupamento citado, o número
máximo de posições espectrais do sinal FH-SS será 2k.

Tipicamente, a modulação utilizada em sistemas FH-SS é a M-FSK com detecção não coerente, pois é
tarefa bastante complexa manter a coerência de fase (sincronismo de fase) entre portadoras de
transmissão e recepção de um salto para outro, para que seja realizada uma detecção coerente.

O filtro de transmissão determinará a faixa espectral total ocupada pelo sinal FH-SS, reduzindo as
componentes do sinal fora da faixa que se deseja para o sinal FH-SS.

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 181


EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

No receptor, um sintetizador sincronizado com o da transmissão gera os tons de demodulação para que
o sinal M-FSK seja transladado para banda-base ou, em uma etapa anterior, para uma frequência
intermediária. O filtro de recepção reduz as componentes de frequência indesejadas que aparecerão por
conta do batimento (multiplicação) do sinal recebido com os tons de demodulação. Segue-se um
demodulador M-FSK não coerente, implementado de forma convencional.

Ganho de processamento em sistemas FH-SS

A parte (a) da figura a seguir mostra a densidade espectral de potência de um sinal modulado de banda
B, contaminado por um sinal interferente de mesma banda. Se a potência média do sinal é P e a
potência média do sinal interferente é J, P/J é a relação sinal-interferência.

Considere agora a possibilidade de o sinal modulado saltar em 2k posições espectrais, passando a


ocupar uma banda Bss, conforme ilustrado na parte (b) da figura em questão. Supondo que o sinal
interferente se manteve com as mesmas características, a nova relação sinal-interferência será P/(J/2k)
= 2kP/J, o que representa uma melhoria de 2k vezes em relação à situação ilustrada na parte (a) da
figura.

Assim, o ganho de processamento para um sistema FH-SS em que o sinal ocupa 2k posições espectrais
é dado por:

Bss
GP = 2 k =
B

Vale observar que se k linhas de controle forem utilizadas para comandar o sintetizador de frequências,
o ganho de processamento não necessariamente será 2k – 1, pois pode não existir todas as combinações
de k chips nas k linhas de controle. Para melhor ilustrar esta observação, suponha que utilizemos os m
= k flip-flops de um gerador de sequência de comprimento máximo para controlar o sintetizador de
frequências. Como o estado nulo em todos os flip-flops não faz parte da sequência gerada, teremos
neste caso 2m – 1 posições espectrais, o que levará a um ganho de processamento 2k – 1.

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Sistema FH-SS lento

Um sistema FH-SS lento é aquele em que a taxa de saltos é mais baixa que a taxa de símbolos da
modulação utilizada. Embora mais simples de implementar, num ambiente de interferência intencional
(campo de batalha, por exemplo) a lentidão dos saltos pode permitir que o interferente rastreie a
posição espectral de cada salto e, logo em seguida, gere o sinal interferente. Esta técnica de
interferência é denominada interferência por repetição (repeat-back jamming ou follower jamming).

A figura a seguir ilustra um FH-SS lento com modulação 4-FSK: (a) Saltos de frequência em um
período da sequência PN, (b) Variação da frequência no sinal desespalhado. Na figura em questão Wc é
a banda total ocupada pelo sinal FH-SS, Rb é a taxa de bits de informação, Rs é a taxa de símbolos da
modulação, Rh é a taxa de saltos do sinal FH-SS e B é a banda ocupada pelo sinal 4-FSK.

Sistema FH-SS rápido

Um sistema FH-SS rápido é aquele em que a taxa de saltos é maior que a taxa de símbolos da
modulação. Devido à necessidade de realizar os saltos antes que um símbolo tenha sido transmitido
por completo, a implementação desta técnica é mais complexa que a implementação do sistema FH-SS
lento. Entretanto, num ambiente de interferência intencional, a rapidez dos saltos pode impedir que o
interferente rastreie a posição espectral de cada salto.

A figura a seguir ilustra um FH-SS rápido com modulação 4-FSK: (a) Saltos de frequência em um
período da sequência PN, (b) Variação da frequência no sinal desespalhado.

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Exercícios de fixação

1 – Uma das técnicas de interferência intencional de faixa estreita em sistemas com espalhamento
espectral por saltos em frequência (FH-SS – Frequence Hopping Spread Spectrum) é denominada
interferência por repetição (repeat-back jamming). Nessa técnica, o sistema interferente monitora o
espectro e, após detectar a presença de um salto do sinal FHSS, transmite o sinal interferente na
correspondente faixa de frequências. Objetivando evitar interferência intencional do tipo repetição, um
sistema FHSS operará a 10.000 saltos por segundo. Ignorando a curvatura da terra e admitindo que o
sistema de comunicação utilize um satélite geo-estacionário (altitude aproximada de 36.000 km da
superfície da terra) localizado exatamente sobre a estação terrestre, calcule o raio de vulnerabilidade,
r, correspondente ao raio fora do qual o sistema de comunicação estará incondicionalmente protegido
do sinal interferente que está localizado na terra. Admita que o sistema interferente necessite de 10 µs
para detectar a frequência usada em um determinado salto no transmissor FH-SS da terra e acionar o
seu transmissor nessa faixa para interferir no sinal recebido pelo satélite. Admita ainda que a antena do
satélite do sistema de comunicação possua um diagrama de irradiação capaz de receber sinais de uma
área aproximadamente igual a ¼ da área da superfície terrestre. Admita também que o sistema
interferente terá êxito em seu propósito se o sinal interferente afetar qualquer parte do sinal recebido
pelo satélite durante um salto de frequência do sistema de comunicação. Apresente todos os cálculos.

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2 – A figura a seguir mostra o diagrama de blocos do transmissor “didático” de um sistema com


espalhamento espectral por saltos em frequência. Os bits aleatórios são gerados à taxa de 10 bit/s e o
modulador BFSK opera com os tons de 5 Hz (bit 0) e 15 Hz (bit 1), ou seja, o desvio é de ±5 Hz em
relação à frequência de portadora. O subsistema hop control controla os oito possíveis saltos à taxa de
0,5 saltos por segundo, sendo que a posição mais inferior do sinal FH-SS no espectro corresponde a 50
Hz e a distância espectral entre os saltos é também de 50 Hz. O gráfico na parte superior da figura

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mostra o espectro do sinal FH-SS para o último salto de um intervalo de 32 segundos e o gráfico na
parte inferior dessa figura mostra os índices dos saltos realizados nesse intervalo.

Sobre este diagrama pede-se e/ou pergunta-se:

a) Qual o último bit enviado no intervalo de observação de 32 segundos? Justifique.

O último bit será o bit 1. A frequência central do 16º salto será 6×50 = 300 Hz. Como o espectro
correspondente a tal salto encontra-se ligeiramente à direita do valor 300 Hz (aproximadamente
305 Hz), conclui-se que se trata da transmissão do bit 1.

b) Esboce os demais espectros do sinal FH-SS no intervalo de 32 segundos, numerando sobre eles a
ordem em que ocorrem. A título de exemplo, o último salto em frequência está numerado na figura
anterior.

c) Os sinais BFSK enviados mantêm ortogonalidade de um salto para outro? Justifique e apresente
uma razão para que mantenham essa ortogonalidade.

Os sinais mantêm ortogonalidade de um salto para o outro, pois o espaçamento de frequência de


um salto para outro é múltiplo inteiro da taxa de chips, que no caso é igual à taxa de símbolos. A

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ortogonalidade é importante para garantir que os sinais transmitidos nos vários saltos possam ser
recuperados facilmente no receptor, com o uso de detecção não coerente.

d) Trata-se de um sinal FH-SS rápido ou lento? Justifique.

Trata-se de um sinal FH-SS lento, pois a taxa de saltos é menor que a taxa de símbolos (tem-se um
salto a cada 2 segundos e neste intervalo são transmitidos 20 símbolos).

e) Estime, de forma aproximada, o Ganho de Processamento do sistema em questão.

O ganho de processamento pode ser aproximadamente estimado pela razão entre a banda total
ocupada pelo sinal FH-SS e a banda ocupada em um salto. Portanto, GP ≅ 360/45 = 8.

f) Os saltos em frequência são aleatórios ou pseudo-aleatórios? Justifique.

Os saltos em frequência são pseudo-aleatórios. Se fossem aleatórios não seria possível efetuar a
recepção da informação transmitida, dado que não há como o receptor conhecer uma sequência de
saltos que é aleatória.

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3 – Um modem FH-SS transmite um pacote de 1.000 bits a cada salto em frequência, ocupando 64
posições espectrais diferentes. Este modem monitora a taxa de erro de bit por pacote e se esta taxa
exceder um limiar BERmax durante um salto, o pacote correspondente é descartado. Suponha que tal
sistema está operando em um canal AWGN com BER = 2×10−3. Suponha ainda que, a partir de um
determinado momento, um sinal interferente com intensidade suficiente para que a BER por pacote
ultrapasse o limiar BERmax passou a contaminar uma das possíveis posições espectrais utilizadas pelo
sistema. Pede-se:

a) Calcule o ganho de processamento do sistema.

GP = 64 ≅ 18,06 dB.

b) Calcule o número de bits da palavra de controle do sintetizador de frequências do sistema.

2k = 64 ⇒ k = log2(64) = 6 bits.

c) Calcule a taxa de erro de bit média na presença de interferência.

De cada 64 pacotes transmitidos, um é descartado por ter o correspondente salto coincidindo


com a frequência do sinal interferente. Como a taxa de erro de bit média na ausência de
interferência é de 2×10−3, a cada 64 saltos são transmitidos 64.000 bits e destes, em média 2×63
estarão em erro devido ao ruído AWGN e 1.000 estarão errados devido ao descarte. Então a
taxa de erro de bit média será: BER’ = (1.000 + 2×63)/64.000 = 1,759375×10−2.

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FIM DA AULA

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Aula nº 21 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Espalhamento Espectral - 3.


Propagação multipercurso. Diversidade de percurso e o receptor RAKE para sinais
Conteúdo
DS-SS. Aplicação do DS-SS no CDMA. Exercícios de fixação.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) conceituar a propagação
multipercurso. 2) explicar o conceito de diversidade em percursos e o funcionamento
Objetivos
do receptor RAKE. 3) explicar o funcionamento do espalhamento espectral no
contexto de sistemas de comunicação com tecnologia CDMA.

Nesta parte final do curso veremos como um sinal Spread Spectrum permite combater um dos
fenômenos mais prejudiciais à comunicação sem fio: a propagação por múltiplos percursos. A
técnica empregada para este fim é denominada diversidade de percursos (path diversity). Iniciaremos
este estudo abordando o fenômeno de propagação citado. Ao final revisitaremos, com mais
profundidade, o atributo do spread spectrum que o permite ser aplicado na técnica CDMA.

Noções sobre a propagação de ondas eletromagnéticas por múltiplos percursos

Uma das aplicações mais comuns da técnica CDMA, a qual utiliza tipicamente o espalhamento
espectral DS-SS, ocorre em sistemas de comunicação móvel. Um dos ambientes que mais degradam a
comunicação móvel é aquele em que a propagação do sinal ocorre nas proximidades da superfície da
Terra, em meio a elevações e a diferentes morfologias e outros obstáculos criados pelo homem. Neste
cenário predomina a propagação por múltiplos percursos (ou propagação multipercurso) na qual
“ecos” do sinal transmitido chegam ao receptor com magnitudes e fases variando aleatoriamente. A
propagação multipercurso ocorre principalmente devido à reflexão, à difração e ao espalhamento da
onda eletromagnética.

A figura a seguir ilustra o cenário de propagação multipercurso, usando como exemplo a comunicação
entre uma estação radiobase (ERB) e um terminal móvel (TM) em um sistema celular. As estruturas
cujas dimensões são elevadas em comparação com o comprimento de onda do sinal provocam no sinal
a difração, a reflexão ou ambos os efeitos. Estruturas com dimensões físicas da ordem de grandeza do
comprimento de onda do sinal causam predominantemente o fenômeno de espalhamento da onda
eletromagnética.

Nas figuras a seguir tem-se a ilustração do efeito da propagação multipercurso para a transmissão de
uma portadora não modulada, a qual, por razões puramente didáticas, representa um caso extremo em

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termos de banda estreita, para duas situações: (a) combinação construtiva, (b) combinação destrutiva.
Observe que em ambos os casos se pode obter a magnitude e a fase do sinal resultante através de uma
simples análise vetorial.

À medida que o terminal móvel receptor se desloca, é natural imaginar que a composição vetorial do
sinal recebido vá apresentar diferentes fases e magnitudes em função da posição espacial do terminal.
Como consequência, a envoltória do sinal recebido irá variar. Na figura a seguir tem-se a ilustração do
efeito da propagação multipercurso na flutuação da envoltória do sinal recebido por um TM. A este
efeito dá-se o nome de desvanecimento por multipercurso (multipath fading).

Em ambientes urbanos densos, onde o número de percursos de propagação é elevado e a direção de


chagada destes no receptor é bastante variada, o desvanecimento multipercurso pode se assemelhar à
ilustração a seguir. Perceba que as variações da potência instantânea do sinal podem conter “vales” de
cerca de 30 dB (1.000 vezes) abaixo da potência média. Estas variações podem ocorrer em posições
espaciais bastante próximas, dado que o comportamento aproximadamente periódico (no espaço) do
desvanecimento multipercurso ocorre a cada meio comprimento de onda (λ/2).

Da mesma maneira que existem variações de magnitude, existem também variações de fase, as quais
são ilustradas na figura a seguir. Percebe-se que há valores aleatórios de fase entre –π e +π, com taxa

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de variação igual à taxa de variação do desvanecimento na magnitude do sinal. Nota: deve-se atentar
para o fato de que a representação das variações de fase em questão foi feita em módulo π, ou seja, um
valor imediatamente superior a π é representado por um valor imediatamente inferior a –π e vice-
versa, de forma a confinar o gráfico entre os valores de –π e +π. Portanto, as aparentes “transições” de
fase mostradas na figura a seguir de fato não existem.

As variações de fase também são prejudiciais à comunicação, pois dificultam sobremaneira o processo
de sincronismo de portadora, principalmente quando tais variações são rápidas, o que ocorre em
situações de alta velocidade de movimentação relativa entre transmissor e receptor. Configura-se aqui
uma das principais razões pelas quais é tão difícil realizar uma transmissão em altas taxas num
ambiente de comunicação móvel com propagação multipercurso: o subsistema de sincronismo de
portadora deve ser preciso e rápido o suficiente para rastrear as variações de fase impostas pelo canal,
de tal sorte que a correta referência de fase para demodulação coerente seja estabelecida no receptor.

Em caráter informativo, em um ambiente de comunicação móvel urbano típico os sinais chegam ao


receptor por múltiplos percursos vindos de todas as direções. Este caso é um dos mais críticos e as
variações de magnitude e de fase do sinal recebido seguem, respectivamente, as densidades de
probabilidade de Rayleigh e Uniforme, ambas ilustradas nas figuras a seguir.

Na figura a seguir temos a ilustração do efeito da propagação multipercurso para a transmissão de uma
portadora chaveada por um curto intervalo de tempo. Novamente por razões didáticas, esta
implementação agora pretende fazer com que o sinal transmitido se assemelhe a um “impulso”, o que
seria um caso extremo em termos de banda larga (compare com o caso em que se considerou a
transmissão de uma portadora não modulada). Na figura tem-se: (a) pulso transmitido, (b) envoltória
do sinal recebido por múltiplos percursos.

Na figura em análise, o sinal transmitido supostamente se propaga através do canal com 4 percursos e,
no receptor, é detectado por meio de um demodulador AM que poderia ser implementado com um
simples detector de envoltória (implementado, por exemplo, com um retificador seguindo de um filtro
passa-baixas). Percebe-se que, devido à pequena duração dos pulsos de transmissão, os ecos do sinal
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não podem não se sobrepor temporalmente, diferentemente do que antes acontecia com o sinal de faixa
estreita referente à portadora não modulada. Em outras palavras, com um sinal de faixa larga não
podemos determinar o sinal resultante por meio de análise vetorial, posto que os sinais componentes
podem não se interferir temporalmente. Esta propriedade será explorada mais adiante, onde um sinal
Spread Spectrum se tornará o sinal de faixa larga responsável por permitir que as parcelas dos sinais
oriundos de vários percursos de propagação sejam discriminadas temporalmente no receptor e, melhor
que isto, sejam combinadas para melhorar a confiabilidade na decisão pelos bits transmitidos.

Modelo do canal multipercurso

O modelo do canal com propagação por múltiplos percursos pode ser implementado através de uma
linha de atrasos com derivações (tapped delay line - TDL), conforme figura a seguir. Cada derivação
está associada a um percurso de propagação e em cada derivação o sinal sofre variações de magnitude
e fase. Portanto, trata-se de um modelo discreto aproximado, correspondente a um sistema linear
variante no tempo que representa por L percursos, de forma aproximada, um contínuo de infinitos
percursos. Nesta figura 1/W é o atraso discreto entre cada percurso de propagação, onde W é a largura
de faixa do sinal. Perceba que, quanto maior esta largura de faixa, mais percursos poderão ser
representados pelo modelo em um determinado intervalo de tempo.

As funções gl(t), l = 1, 2, ..., L são complexas, ou seja gl(t) = αl(t)exp[jθl(t)], onde αl(t) é tipicamente
uma função amostra de um processo aleatório com distribuição de Rayleigh (quando não há visada
direta ou percurso de propagação dominante) ou Rice (quando há visada direta ou percurso de
propagação dominante) e θl(t) é tipicamente uma função amostra de um processo aleatório com

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

distribuição Uniforme (quando não há visada direta ou percurso de propagação dominante) ou


aproximadamente Gaussiana (quando há visada direta ou percurso de propagação dominante).

A resposta ao impulso variante no tempo do canal com multipercurso pode ser escrita como:

onde t representa a variação temporal do canal e τ representa o atraso dos percursos de propagação a
um dado instante de observação t.

A figura a seguir ilustra um conjunto de seis possíveis respostas ao impulso de um canal com
multipercurso típico, tomadas em instantes t distintos. Percebe-se nitidamente que as respostas diferem
entre si, ilustrando o comportamento variante no tempo do canal. Percebe-se também que a dispersão
temporal observada no eixo τ pode ser interpretada como uma dispersão temporal do sinal transmitido.
Em outras palavras, podemos interpretar os ecos como prolongadores da duração do sinal na recepção.

Como se não bastasse termos fortes variações instantâneas de magnitude e de fase no sinal recebido, a
dispersão temporal do canal é outro fator de grande degradação da comunicação em ambientes de
propagação por multipercurso, pois pode fazer com que símbolos adjacentes se sobreponham,
configurando a conhecida Interferência Intersimbólica (IIS). Esta interferência é outro dos grandes
limitadores da taxa de transmissão em sistemas de comunicação sem fio neste tipo de ambiente.

Há ainda um quarto elemento de degradação, não particular à propagação multipercurso, mas que
merece ser lembrado: o efeito Doppler. Este efeito corresponde à recepção de um sinal de frequência
diferente daquela que realmente o sinal tem. O desvio Doppler de frequência, fD, é tanto maior quanto
maior a velocidade de movimento relativo entre transmissor e receptor, v, quanto maior a frequência
da portadora, f = 1/λ, e quanto mais próximo de 0º ou de 180º for o ângulo φ de chegada da onda
eletromagnética. O valor do desvio Doppler é dado por

v
fD = cos φ .
λ

Em uma comunicação com percurso único ou forte visada direta, o efeito Doppler causa desvios de
frequência que podem ser até certo ponto compensados pelos conhecidos circuitos de CAF (Controle
Automático de Frequência). Entretanto, num ambiente de propagação multipercurso, imagine um
desvio Doppler diferente percebido no sinal recebido por meio de cada percurso de propagação. Como
resultado não se terá um único desvio Doppler, mas inúmeros desvios que, combinados, gerarão no
receptor um sinal aleatório indesejado chamado ruído FM aleatório. Este nome se deve ao fato de que
o sinal recebido parece de fato ter sido “modulado” em FM, de forma aleatória, pelo canal de
comunicação, numa situação de movimento relativo entre transmissor e receptor.
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Nas figuras a seguir ilustra-se o comportamento do espectro Doppler resultante da transmissão de uma
portadora não modulada e de sua recepção em um ambiente de propagação por multipercurso. Perceba
que, em vez de uma portadora recebida com um desvio Doppler fixo, o que aconteceria em um
ambiente de propagação com percurso único, no canal com múltiplos percursos de propagação o sinal
recebido tem seu espectro alargado entre fc – fDmax e fc + fDmax, onde fDmax = v/λ.

Agora estamos aptos a iniciar o estudo sobre como a técnica de espalhamento espectral se beneficiará
desses fenômenos degradantes da propagação multipercurso, com o intuito de contribuir para a
viabilização da comunicação sem fio neste tipo de ambiente. Veremos como o receptor denominado
RAKE pode se beneficiar da propagação por múltiplos percursos, implementando a diversidade de
percursos (path diversity). Para entendermos o funcionamento desse receptor, faz-se necessário estudar
primeiro o conceito de diversidade.

Diversidade

A diversidade é qualquer técnica que, processando réplicas do sinal recebido, reduz a variabilidade no
sinal ou aumenta a relação sinal-ruído média do sinal que será utilizado para se decida sobre os
símbolos transmitidos. Tem principal aplicação em ambientes de propagação onde há influências
descorrelacionadas do canal nas várias réplicas do sinal.

Adicionalmente podemos citar os seguintes comentários sobre a diversidade:

Quanto mais descorrelacionadas as réplicas, melhor o desempenho da diversidade.


No receptor as L réplicas do sinal são combinadas de forma a minimizar o efeito do
desvanecimento por múltiplos percursos, onde L é a ordem da diversidade. Os ganhos de
desempenho são progressivamente menores com o aumento da ordem da diversidade, conforme
ilustrado pela figura a seguir. Por esta razão grande parte dos sistemas de comunicação utiliza
diversidade de ordem 2, o que corresponde a uma solução de compromisso adequada em termos de
complexidade de implementação e desempenho.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Os tipos de diversidade de recepção mais comuns são: espacial, em polarização, em frequência e em


percursos, as quais são resumidamente descritas a seguir.

Diversidade espacial: neste tipo de diversidade, L antenas são dispostas no receptor com uma
separação física que permita que o sinal recebido por cada antena tenha a menor correlação possível
para com os sinais recebidos pelas demais antenas. As figuras a seguir ilustram duas aplicações para a
diversidade espacial: na parte (a) da figura tem-se uma típica configuração de diversidade espacial de
ordem 2 em um sistema celular. Nele a estação base (ERB) transmite em cada setor da célula com uma
antena e recebe os sinais dos terminais móveis (TM) por meio de duas antenas. Na parte (b) da figura
tem-se uma configuração típica de diversidade espacial utilizada em links de microondas ponto-a-
ponto, nos quais a recepção é equipada com duas antenas.

(a) (b)

• Diversidade em polarização: neste tipo de diversidade o sinal a ser transmitido é injetado em


antenas com polarizações cruzadas. Estudos de propagação mostram que, ao atravessar o canal
de comunicação, o sinal com polarização horizontal sofre desvanecimentos descorrelacionados
do sinal com polarização vertical. Este fato permite que seja implementada a diversidade de
polarização de ordem 2 na recepção.

• Diversidade em frequência: neste tipo de diversidade o sinal a ser transmitido é canalizado por
meio de L portadoras de frequências diferentes. Se a separação entre tais portadoras for
suficientemente grande, o canal afetará de forma descorrelacionada cada um dos sinais, dando
margem à implementação de diversidade na recepção.

• Diversidade em percursos: na diversidade em percursos, uma técnica especial de


processamento realizada no receptor permite que os sinais oriundos de diferentes percursos de
propagação possam ser discriminados e combinados para prover os efeitos esperados da

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

diversidade. Esta é a técnica utilizada quando o sinal transmitido é um sinal com espalhamento
espectral e o receptor que a realiza tem nome de receptor RAKE.

O Receptor RAKE e a diversidade de percursos

O receptor RAKE discrimina e combina sinais não correlacionados (preferencialmente) oriundos de L


percursos de propagação, utilizando um correlator para cada percurso do sinal recebido. Tem-se então,
com o receptor RAKE, a implementação de diversidade de percursos (path diversity) de ordem L.

Percursos atrasados de um valor maior que a duração de um chip podem ser discriminados e
combinados pelo receptor RAKE. Percursos separados de intervalos menores que a duração de um
chip terão suas contribuições somadas de tal forma que não possam ser processadas separadamente.
Daí nota-se que, quanto maior a taxa de chips, mais sinais de diferentes percursos poderão ser
processados pelo receptor e, portanto, maior poderá ser a ordem da diversidade obtida.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exemplo: As figuras a seguir ilustram como o receptor RAKE pode utilizar a informação contida em
versões atrasadas do sinal recebido por múltiplos percursos. Na parte de cima estão mostradas a
sequência de espalhamento de interesse e a soma dela com três réplicas atrasadas de 402/W, 410/W e
416/W, onde W = 1/Tc é a banda do lóbulo principal do sinal em banda-base considerado neste
exemplo. O resultado é ainda somado com outras sequências interferentes diferentes, simulando o que
aconteceria em um sistema CDMA. Os atrasos correspondem aos atrasos de propagação dos sinais em
cada percurso, para um determinado instante de observação do canal variante no tempo.

Na parte de baixo da figura tem-se a função de correlação do sinal composto com a sequência de
interesse. Observe as múltiplas parcelas de correlação elevada que podem ser combinadas pelo
receptor. Observe também o aspecto de ruído da soma de várias sequências PN (noise-like signal).
Observe ainda que, se o atraso entre dois percursos de propagação fosse menor que Tc, os picos
correspondentes da função de correlação iriam se sobrepor. Isto significa que, se dois correlatores
estivessem sincronizados com os sinais destes percursos, suas saídas teriam influência de ambos os
percursos. Em outras palavras, a saída do correlator sincronizado com um dos percursos sofreria
interferência do sinal recebido no outro percurso.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

O canal descrito neste exemplo poderia ser modelado por meio do diagrama de blocos a seguir. Nele
são claros os atrasos referentes ao sinal que se propaga em cada percurso. Adicionalmente, o sinal de
cada percurso sofre uma multiplicação por um valor que corresponde à atenuação no correspondente
percurso em um determinado instante de observação do canal. Neste exemplo não foram consideradas
variações de fase em cada percurso de propagação, de forma a simplificar a nossa análise.

Na figura a seguir tem-se o receptor RAKE projetado para o canal considerado anteriormente, em um
sistema com espalhamento espectral por sequência direta em banda-base. Quatro correlatores são
implementados, cada um responsável por efetuar a correlação do sinal recebido com uma réplica da
sequência de espalhamento utilizada na transmissão, em sincronismo com esta (deslocada de um valor
referente ao atraso de propagação do percurso correspondente). Numa implementação prática, como
tais atrasos são variáveis, é o circuito de sincronismo que alimenta o receptor com os valores corretos
de atraso.

Depois de realizadas as correlações, na saída do banco de correlatores tem-se os valores de pico da


função de correlação mostrada anteriormente. Estes valores serão positivos se tivermos transmitido o
bit 1 e serão negativos se tivermos transmitido o bit 0. Como tais valores estão desalinhados
temporalmente, faz-se necessário alinhá-los antes de combiná-los, o que é feito pelos blocos de atraso
nas entradas do combinador.

Após a combinação o sinal é amostrado e o valor da amostra é comparado com o limiar zero. Decide-
se por 1 se a amostra tiver valor maior que zero e decide-se por 0 caso contrário.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Curiosidade: a palavra RAKE em inglês significa ancinho, aquela ferramenta de jardinagem que
utilizamos para separar lixo ou mato de terra ou outro objeto menor que queremos deixar para trás. O

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uso desta palavra para nomear o receptor que estamos estudando se justifica, pois o que de fato ele faz
é “separar” os sinais de interesse oriundos de diferentes percursos para posteriormente combiná-los.

A figura a seguir ilustra uma possível situação em que a diversidade de percursos reduz a variabilidade
do sinal após a combinação. Perceba que um sinal de faixa estreita estaria sujeito ao desvanecimento
por multipercurso, conforme estudamos anteriormente. Entretanto, após a combinação o sinal de saída
do receptor RAKE teria variabilidade reduzida, o que aumentaria as chances de decisão correta pela
informação transmitida.

No primeiro caso a análise por soma vetorial se aplica, como também já estudamos. No segundo caso,
com o receptor RAKE as contribuições dos diferentes percursos não se interferem temporalmente,
fazendo com que a soma destas contribuições não possa ser analisada vetorialmente. Como resultado, a
combinação destas contribuições lavará a um sinal mais estável ou com maior relação sinal-ruído. Isto
ocorre porque a probabilidade dos sinais recebidos em mais de um percurso estarem simultaneamente
sob desvanecimento profundo é menor que a probabilidade do sinal recebido em um único percurso
estar sob desvanecimento profundo em um dado instante. A descorrelação entre os desvanecimentos
nos múltiplos percursos é a razão para este fenômeno.

Métodos de combinação de diversidade

Há vários métodos de combinação das réplicas de sinal proporcionadas pelas diferentes técnicas de
diversidade. Os mais comuns são: EGC (Equal Gain Combining) e MRC (Maximal Ratio Combining)
e Seleção (selection).

Combinação EGC

Neste método os diferentes sinais a serem combinados sofrem inicialmente um alinhamento de fase,
através de uma técnica conhecida como co-phasing. Esta técnica nada mais faz além de cancelar as
rotações de fase dos sinais processados por cada ramo de diversidade, estas causadas pelo canal. Após
o alinhamento de fase os sinais são alinhados temporalmente, se necessário, e os sinais resultantes são
somados para formar o sinal de saída do combinador EGC. A figura a seguir ilustra o diagrama de
blocos deste combinador.

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Combinação MRC

A figura a seguir ilustra um combinador MRC. As funções dos blocos também presentes no
combinador EGC são idênticas àquelas já descritas. Os blocos adicionais inseridos multiplicam o sinal
processado por cada ramo de diversidade pela correspondente atenuação causada pelo canal neste
sinal. Desta forma, sinais fracos serão atenuados e sinais fortes continuarão fortes. Esta operação é, até
certo ponto, contraditória ao que, talvez, faríamos intuitivamente. Tenderíamos a amplificar os sinais
fracos e a atenuar ou manter os sinais fortes.

O método de combinação MRC, por ter a necessidade do conhecimento da atenuação do canal causada
no sinal processado por cada um de seus ramos, apresenta complexidade de implementação maior que
o combinador EGC. Entretanto o combinador MRC é considerado ótimo, pois proporciona em sua
saída um sinal combinado cuja relação sinal-ruído é a soma das relações sinal-ruído em cada um de
seus ramos de entrada.

Combinação por seleção

Neste método a relação sinal-ruído (RSR) em cada um dos ramos de diversidade é constantemente
monitorada e, por meio de uma chave de RF, o sinal com maior RSR instantânea é direcionado à
entrada do receptor.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exercícios de fixação

1 – A Figura 1(a) ilustra o aspecto de um sinal recebido, em banda base, por uma estação base de um
sistema CDMA com cinco usuários ativos, operando em um canal com múltiplos percursos. A Figura

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

1(b) mostra a função de correlação entre o sinal recebido e a sequência de espalhamento utilizada em
um dos transmissores, sendo que a Figura 1(c) mostra um trecho ampliado da Figura 1(b). Para esse
ensaio o canal é modelado por uma linha de atrasos com derivações (Tapped Delay Line) e as
sequências de espalhamento utilizadas têm comprimento igual a 800 chips. O ruído pode ser
considerado desprezível em relação ao nível de interferência de múltiplo acesso. De posse desses
dados, pede-se e/ou pergunta-se:

a) Justifique o aspecto de ruído (noise-like) do sinal CDMA mostrado na Figura 1(a).


b) Desenhe o modelo do canal correspondente ao ensaio em questão. Nota: aproxime os valores
de tempo e de atenuações utilizados no modelo.
c) Desenhe o diagrama em blocos do receptor RAKE para o sistema CDMA em questão. Nota:
aproxime os valores de tempo utilizados no diagrama.
d) Teça comentários sobre o que poderia acontecer, em termos da taxa de erro de bit, se o
primeiro braço do receptor RAKE estivesse sincronizado com o sinal correspondente ao
primeiro percurso de propagação e tivesse outros oito braços, sincronizados com oito percursos
consecutivos, atrasados de múltiplos inteiros de 2Tc em relação ao primeiro.

(a)

0 100 200 300 400 500 600 700 800

(b)

0 100 200 300 400 500 600 700 800

(c)

360 380 400 420 440

Figura 1 - Funções consideradas na quarta questão.

Solução

a) A soma de sequências PN, em banda-base, gera um sinal com vários níveis. O número de
níveis depende diretamente do número de sequências somadas. Como as sequências PN são
aproximadamente aleatórias e, portanto, aproximadamente descorrelacionadas, a sua soma
gerará pontos de amplitudes variadas aleatoriamente distribuídas, como acontece em um sinal
de ruído.

b) Conforme figura a seguir.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Atraso de
Atraso Atraso Atraso
propagação
2Tc 8Tc 6Tc
Sinal 400Tc
transmitido
1 0,9 0,8 0,6

Σ
Σ Sinal
recebido

AWGN

c) Conforme figura a seguir.

d) Cinco dos nove braços do receptor RAKE não estariam recebendo nenhum sinal, apenas ruído
e interferência, pois apenas os braços sincronizados com os percursos nos instantes 400Tc,
402Tc, 410Tc e 416Tc estariam recebendo sinais de quatro percursos de propagação, conforme
modelo adotado. Como resultado a taxa de erro de bit seria elevada em relação ao caso
considerado no item “c”, pois a variância do ruído total seria aumentada.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

2 – A técnica de espalhamento espectral por sequência direta (DSSS – Direct Sequence Spread
Spectrum) é utilizada em um sistema de rádio digital com comunicação ponto-a-ponto bidirecional
para o qual o canal pode ser modelado de forma aproximada pelo “modelo de dois raios”, conhecido
como modelo de Rummler. Nesse modelo admite-se que há um raio principal que chega ao receptor
por visada direta e um raio secundário que chega ao receptor por reflexão em alguma superfície. O
sistema em questão foi instalado em um link de 50 km, para o qual se tem a informação de que o
comprimento do percurso secundário é 100 m mais longo que o do percurso principal. Pergunta-se:
qual a mínima taxa de chips necessária para que o receptor RAKE utilizado no sistema proporcione
diversidade de percursos?

----------------------------------------------
Atraso de
---------------------------------------------- propagação
Atraso Atraso Atraso
2Tc 8Tc 6Tc
-------------------------------- Sinal 400Tc
transmitido

3 – A figura ao lado apresenta um 1 0,9 0,8 0,6


modelo de propagação por múltiplos
percursos para um canal de
Σ
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199
recebido

 N +1 AWGN
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comunicação sem fio. Um sistema com espalhamento espectral por sequência direta (DS-SS) binário
em banda-base opera neste ambiente, utilizando sequências de espalhamento do tipo m ∈{±1}. Pede-
se:

a) Escreva a expressão da função de correlação do sinal recebido r(t) com a sequência m do receptor
c(t), admitindo que tal sequência está sincronizada com o sinal recebido no primeiro percurso.

b) Esboce a função de correlação do sinal recebido com a sequência m do receptor. Considere o ruído
desprezível.

Dado: ao lado do modelo do canal tem-se a função de correlação para uma sequência m, onde Tc é a
duração de um chip e N é o número de chips em um período desta sequência:

Solução a)

Solução a:
r (t )

+ τ ) [ c(t − 400Tc ) + 0,9c(t − 402Tc ) + 0,8c(t − 410Tc ) + 0, 6c(t − 416Tc ) + w(t )] dt


1
RR (τ ) = ∫ c(t − 400T c
N NTc

= R (τ − 400Tc ) + 0,9 R(τ − 402Tc ) + 0,8R(τ − 410Tc ) + 0, 6 R(τ − 416Tc ) + RCW (τ ) Correlação com
o ruído w(t).

Solução b)

Pode-se admitir a transmissão de +c(t) ou de –c(t). Para +c(t), tem-se o resultado abaixo. Para –c(t)
tem-se as mesmas magnitudes, porém com polaridades invertidas. Qualquer dos dois resultados é
válido como solução.

R R( τ )

0,5

τ
400Tc 402Tc 410Tc 416Tc Tc

Obs: os valores de RR(τ) fora dos picos são diferentes de – 1/N devido ao fato da correlação estar sendo
realizada com uma soma de sequências PN do tipo m deslocadas e ponderadas, e não com uma única
sequência. Por esta mesma razão cada valor de pico não é exatamente igual ao valor de pico de R(τ)
vezes a atenuação do correspondente percurso. Veja expressão de RR(τ) no item “a”.

----------------------------------------------- Atraso de
Atraso Atraso Atraso
----------------------------------------------- propagação
2Tc 8Tc 6Tc
Sinal 400Tc
------------------------------ transmitido
1 0,9 0,8 0,6
4 –A figura ao lado apresenta um
modelo de propagação por múltiplos
Σ
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200
recebido

AWGN
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percursos para um canal de comunicação sem fio. Um sistema com espalhamento espectral por
sequência direta (DS-SS) binário em banda-base opera neste ambiente, utilizando sequências de
espalhamento ∈{±1} cuja função de correlação R(τ) é também apresentada ao lado, onde Tc é a
duração de um chip desta sequência. Pede-se:

a) Escreva a expressão da função de correlação do sinal recebido r(t) com a sequência de


desespalhamento do receptor, c(t), admitindo que tal sequência esteja sincronizada com o sinal
recebido no primeiro percurso.

b) Esboce a função de correlação do sinal recebido com a sequência do receptor. Considere o ruído
desprezível.

Solução a)
r (t )

+ τ ) [ c(t − 400Tc ) + 0,9c(t − 402Tc ) + 0,8c(t − 410Tc ) + 0, 6c(t − 416Tc ) + w(t )] dt


1
RR (τ ) = ∫ c(t − 400T c
N NTc

= R (τ − 400Tc ) + 0,9 R(τ − 402Tc ) + 0,8R(τ − 410Tc ) + 0, 6 R(τ − 416Tc ) + RCW (τ ) Correlação com
o ruído w(t).

Solução b)

Pode-se admitir a transmissão de +c(t) ou de –c(t). Para +c(t) tem-se o resultado abaixo. Para –c(t)
tem-se as mesmas magnitudes, porém com polaridades invertidas. Qualquer dos dois resultados é
válido como solução.

R R( τ )

0,5

τ
400Tc 402Tc 410Tc 416Tc Tc

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Aplicação do Spread Spectrum no CDMA

A figura a seguir ilustra a aplicação do espalhamento espectral num sistema celular CDMA. Nela três
terminais móveis transmitem para a estação base utilizando a mesma banda e simultaneamente, porém
utilizando sequências de espalhamento diferentes entre si. Mesmo que na transmissão os sinais sejam
ortogonais, devido à assincronia entre os sinais dos terminais móveis e à propagação multipercurso, na
antena da estação base os sinais perdem a ortogonalidade. Como consequência, a decisão tomada pelo
receptor do sinal de um usuário será afetada pelos sinais interferentes dos demais usuários, numa
forma de interferência denominada de interferência de múltiplo acesso (MAI – Multiple Access
Interference).

Observe também que o efeito de aumento do número de usuários é o aumento da densidade espectral
de potência dos sinais somados. Devido ao fato desta soma levar a um sinal de faixa larga, em cada

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

receptor não há influência do ganho de processamento, pois este age somente em sinais interferentes
de faixa estreita. O que determinará o desempenho de cada receptor será o grau de ortogonalidade
entre os sinais na antena da estação base e o número de sinais interferentes.

As figuras a seguir mostram as estruturas internas dos transmissores e receptores da figura anterior,
respectivamente. A função de cada bloco já foi analisada no início do estudo sobre espalhamento
espectral e, caso haja dúvidas, recomenda-se que o texto correspondente seja revisitado.

Apenas a título de curiosidade, o sistema de telefonia celular CDMA padrão TIA/EIA-95 e suas
evoluções operam com espalhamento espectral por sequência direta (DS-SS) e utilizam mais de um
tipo de sequência de espalhamento, como exemplo as sequências de comprimento máximo, Gold e as
sequências Walsh-Hadamard, cada uma com diferentes propósitos no sistema. Os receptores, por
norma, devem conter facilidades de processamento de recepção que permitam implementar
diversidade de percurso com receptor RAKE de no mínimo três braços (três taps).

Em sistemas CDMA o fator de reuso de frequências adotado é tipicamente igual a 1, ou seja, todo o
conjunto de frequências disponível pode ser utilizado em todas as células, em canais multiplexados por
divisão em frequência. Como exemplo, no padrão de telefonia celular EIA/TIA-95 cada canal CDMA
tem banda de 1,25 MHz. Cerca de 63 usuários compartilham cada canal por divisão de código. Mais

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

canais de 1,25 MHz podem ser utilizados em uma determinada área para aumentar a capacidade do
sistema ou reduzir a interferência de múltiplo acesso.

Exercícios de fixação

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

1 – Suponha que cada usuário em um sistema de comunicação com múltiplo acesso TDMA gera
informação à taxa constante de 64 kbit/s. Se o sistema compartilha o tempo de transmissão entre 3
usuários, qual a taxa de transmissão de cada usuário no canal quando ele é permitido transmitir?

Solução: A taxa média de transmissão deve ser igual à taxa média gerada por cada usuário. Se a
transmissão é realizada utilizando 1/3 do tempo, a taxa no momento da transmissão deve ser triplicada.
Portanto, a taxa de transmissão durante uma rajada será de 192 kbit/s.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

2 – Explique o funcionamento detalhado do transmissor e do receptor mostrados nas últimas figuras


destas notas de aula. Explique também a função de cada bloco componente. Para facilitar, identifique
cada bloco com um número e numere de forma correspondente sua explicação.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

3 – Faça uma pesquisa em livros sobre sistemas celulares, ou no próprio padrão EIA/TIA-95,
objetivando obter as especificações de todas as sequências de espalhamento utilizadas no sistema. Tais
especificações devem conter no mínimo: tipo de sequência, aplicação ou função específica no sistema,
taxa de chips e comprimento.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

4 – Faça uma pesquisa em livros sobre sistemas celulares, ou nos próprios padrões, objetivando
explicar os detalhes de funcionamento e especificações das técnicas de múltiplo acesso e de
duplexação utilizadas nos sistemas TDMA GSM, TDMA IS-136 e CDMA IS-95.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

5 – Justifique a razão pela qual o ganho de processamento de receptores DS-SS não tem efeito nos
sistemas CDMA.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FIM DA AULA

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Aula nº 22 Data: ____ / ____ / _______ Tema – Espalhamento Espectral - 4.


Sincronismo em sistemas com espalhamento espectral: Introdução. Formas de
aquisição de sincronismo. Técnicas de aquisição de sincronismo por Procura Serial e
Conteúdo RASE (Rapid Acquisition by Sequential Estimation). Técnicas de rastreamento de
sincronismo com malhas DLL (Delay Locked Loop) e TDL (Tau-Dither Loop).
Exercícios de fixação.
Ao final da aula os alunos deverão ser capazes de: 1) conceituar o processo de
sincronismo em sistemas com espalhamento espectral, adicionalmente explicando os
processos de aquisição e de rastreamento de sincronismo. 2) explicar o funcionamento
das técnicas de aquisição por Procura Serial e RASE. 3) estabelecer comparações e
explicar as vantagens e desvantagens das técnicas de aquisição por Procura Serial e
Objetivos RASE. 4) conceituar o processo de sincronismo em sistemas com espalhamento
espectral, explicando os processos de aquisição e de rastreamento de sincronismo. 5)
explicar o funcionamento das técnicas de rastreamento de tempo contínuo e de tempo
compartilhado, especialmente as técnicas com malhas DLL e TDL. 6) estabelecer
comparações e explicar as vantagens e desvantagens das técnicas de rastreamento com
malhas DLL e TDL

Nosso estudo sobre sincronismo abordará conceitos básicos baseados na primeira edição do livro:
SKLAR, Bernard. Digital Communications - Fundamentals and Applications. New Jersey, USA:
Prentice Hall, Inc., 1988, páginas: 562-570.

Introdução

Por sincronismo em sistemas com espalhamento espectral entende-se o processo que permite o
alinhamento temporal entre as sequências de espalhamento utilizadas na transmissão e na recepção,
considerando-se o atraso de propagação do sinal e demais fatores que provocam o desalinhamento
entre tais sequências.

O sincronismo é essencialmente efetuado em duas etapas: aquisição (acquisition) e rastreamento


(tracking). Na aquisição se estabelece um sincronismo “grosso” ou pré-sincronismo entre as
sequências de espalhamento. Depois de realizada a aquisição faz-se um “ajuste fino” no sincronismo,
através de malhas com realimentação, permitindo que eventuais variações na temporização da
sequência de espalhamento recebida, que está embutida no sinal recebido, sejam acompanhadas pela
sequência gerada localmente no receptor.

As principais causas da ocorrência de não-sincronismo em sistemas de comunicação são:

A incerteza na distância entre transmissor (Tx) e receptor (Rx) provoca incerteza no


conhecimento do tempo de propagação.
A instabilidade nos geradores de temporização (clock) de Tx e Rx provoca defasagens entre as
sequências de espalhamento de Tx e Rx. Estas defasagens tendem a aumentar com o tempo.
A incerteza na velocidade relativa entre Tx e Rx provoca incerteza no desvio Doppler
percebido no Rx, o que, por sua vez, causa incerteza na frequência e na fase da portadora para
demodulação coerente.
A instabilidade nos osciladores de Tx e Rx provoca desvios entre as frequências de portadora
de transmissão e de demodulação.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Formas de aquisição de sincronismo

As principais formas ou técnicas de aquisição de sincronismo em sistemas spread spectrum são:

Correlação paralela (parallel correlation).


Procura serial ou correlação serial (serial search).
Estimação sequencial (rapid acquisition by sequential estimation, RASE).

No nosso estudo daremos ênfase às técnicas de procura serial e RASE.

Como exercício, tendo como referência o livro do Sklar citado anteriormente, pp. 563-568, explicar o
funcionamento da forma de aquisição paralela, listando suas vantagens e desvantagens em comparação
com as outras duas.

Aquisição por procura serial

Na aquisição por procura serial (serial search) o sinal recebido e correlacionado repetidas vezes com a
sequência de espalhamento local, para vários deslocamentos desta sequência, conforme ilustra a figura
a seguir, para um sinal DS-SS.

O processo de aquisição realiza sucessivos cálculos de correlação entre a sequência de espalhamento


gerada localmente e o sinal recebido. Enquanto o limiar que indica a condição de “aquisição realizada”
não for atingido, o sistema de controle comanda avanços na temporização do gerador da sequência de
espalhamento, tipicamente em múltiplos inteiros de Tc/2.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Exemplo – Este exemplo foi recuperado de uma das aulas iniciais do nosso curso, quando tratávamos
das propriedades de correlação das sequências de espalhamento. Ele também corresponde ao diagrama
de uma simulação com a qual se recomenda interagir, conforme indicado ao final deste texto.

No diagrama mostrado a seguir, referente ao processo de aquisição de sincronismo no receptor,


inicialmente a sequência embutida no sinal recebido está fora de sincronismo com a sequência gerada
localmente. Com o passar do tempo, o desalinhamento entre tais sequências começa a diminuir por
atuação do sistema de controle que atua em um circuito de atrasos discretos ou em um oscilador
controlado por tensão (VCO – Voltage Controlled Oscillator), até o momento em que tais sequências
se alinham e o valor da correlação se eleva abruptamente. Neste instante o sistema de controle “trava”

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

o circuito de atraso ou o VCO e o receptor se encontra na situação de aquisição de sincronismo


realizada.

Lembre-se da importância de se ter um único pico na função de auto-correlação da sequência de


espalhamento. Caso haja mais de um pico, a condição de travamento do sistema em questão pode
ocorrer no pico errado e, desta forma, fazer com que o sistema continue fora de sincronismo, mesmo o
tendo ocorrido o travamento. Perceba ainda que quanto maior for o valor do pico em relação aos
demais valores da função de auto-correlação, mais facilmente a condição de aquisição de sincronismo
será detectada e, por consequência, tal sistema de aquisição será mais imune à ação do ruído.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

O tempo de aquisição é diretamente proporcional ao fator λ. Entretanto, quanto maior o valor de λ,


melhor a imunidade do sistema de aquisição aos efeitos do ruído, pois nesse caso o valor obtido ao
final de cada período λTc será maior. Portanto, deve-se adotar uma solução de compromisso entre o
tempo médio de aquisição e a imunidade contra ruído no sistema por procura serial.

Para um sinal FH-SS, o processo de aquisição serial ilustrado na figura a seguir gera saltos em
frequência na saída do sintetizador, numa cadência determinada pelo sistema de controle. Se a
condição de aquisição não é verificada, o controle avança ou retarda a temporização do gerador de
sequência de espalhamento. Quando os saltos em frequência do sintetizador estiverem alinhados com
os saltos do sinal FH-SS, a saída do detector de envoltória apresentará um valor elevado para todos os
saltos. Neste momento a saída do integrador, que integrará os sinais correspondentes a todos os saltos
em um período da sequência de espalhamento, apresentará um valor acima do limiar, fazendo com que
o sistema de controle mantenha a temporização utilizada naquele momento.

As grandes vantagens do processo de aquisição serial são a baixa complexidade e o baixo custo de
implementação.

Vamos agora analisar a influencia dos parâmetros do sistema DS-SS e FH-SS numa das principais
figuras de mérito do processo de aquisição: o tempo médio de aquisição. Ele é dado por:

© DAYAN ADIONEL GUIMARÃES – 07/2012 206


EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

(2 − PD )(1 + KPFA )
Ta = N λTc
PD

onde se tem: PD é a probabilidade de detecção correta (complemento da probabilidade de erro de


símbolo) quando as sequências estão alinhadas. PFA é a probabilidade de falso alarme, que corresponde
à probabilidade do sistema de controle indicar sincronismo mesmo que esta situação não esteja
ocorrendo na temporização adequada. K é uma constante tal que KλTc corresponde ao tempo
necessário para que uma detecção correta seja verificada. Cada vez que ocorre um alarme falso, KλTc
será o tempo perdido.

O tempo máximo de aquisição para a técnica por procura serial é determinado da seguinte maneira: no
máximo, a temporização local terá que ser avançada ou retardada de N chips, onde N é o comprimento
de um período da sequência de espalhamento. Então N será o máximo desalinhamento entre as
sequências que se deseja sincronizar. Como cada avanço é tipicamente de Tc/2 e a cada avanço efetua-
se uma correlação que dura λTc segundos, teremos: Ta = (número de avanços em NTc)λTc =
[NTc/(Tc/2)]λTc, o que leva a:

Ta = 2NλTc

Aquisição RASE para sistemas DS-SS

O processo de aquisição RASE (Rapid Acquisition by Sequential Estimation) é ilustrado pela figura a
seguir. Inicialmente tem-se a chave na posição 1. O sistema então detecta e faz a estimativa de n chips
recebidos e as coloca em n estágios do registrador de deslocamento. Estes n chips determinarão os
estados iniciais do gerador de sequência de espalhamento local, a partir dos quais a sequência local
para desespalhamento será gerada.

Como é sabido, num gerador de sequências do tipo m tem-se a propriedade de que a combinação
seguinte de estados depende da combinação anterior e da configuração de realimentação dos
registradores de deslocamento. Assim, se os n chips forem estimados corretamente, isto significa que a
carga inicial do registrador fará parte da sequência correta e, portanto, daí em diante, agora com a
chave na posição 2, a sequência para desespalhamento será gerada aproximadamente alinhada com a
sequência embutida no sinal recebido e o limiar de comparação será ultrapassado. Neste instante
considera-se realizada a etapa de aquisição.

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EE 210 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Após o intervalo de integração de λTc, se a condição de aquisição não for estabelecida a chave retorna
para a posição 1 e é realizada uma nova estimativa dos próximos n chips da sequência embutida no
sinal recebido.

Se os primeiros n chips são estimados corretamente, teremos o mínimo tempo de aquisição que será
dado então por:

Ta = nTc

Embora possa ser bastante rápido em condições de alta relação sinal-ruído, o processo de aquisição
RASE sofre de grande vulnerabilidade do ruído e de sinais interferentes. Isto ocorre porque a presença
destes elementos de degradação fará com que sejam realizadas estimativas incorretas dos n chips,
fazendo que o limiar de aquisição não seja ultrapassado. Como consequência, o sistema terá que
realizar sucessivas estimativas de n chips, até que os consiga estimar corretamente. Portanto, o tempo
de aquisição será fortemente afetado por esses elementos de degradação.

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Exercícios de fixação

1 – Com relação ao sistema de aquisição RASE utilizado em sistemas com espalhamento espectral por
sequência direta (DS-SS), pede-se:

a) Quando o detector de chips estima corretamente todos os n chips que são em seguida carregados nos
n flip-flops do gerador da sequência PN local, admite-se que a condição de aquisição de sincronismo
tenha sido atingida. Justifique esta afirmativa.

Nesta situação os n chips estimados farão parte da sequência PN correta e os chips produzidos
em seguida pelo gerador completarão a sequência PN que já estará, portanto, aproximadamente
alinhada com aquela embutida no sinal recebido.

b) Determine a expressão de cálculo do tempo mínimo de aquisição, em função de n e de Tc, onde Tc é


o intervalo de chip.

O tempo mínimo de aquisição ocorrerá quando os primeiros n chips estimados forem corretos.
Portanto, este evento durará nTc. Então, Tmin = nTc .

c) Por que sinais interferentes e ruído são os grandes vilões do processo de aquisição RASE?

Porque os sinais interferentes e o ruído diminuirão a chance de acerto nas estimativas dos n
chips, fazendo com que o processo de estimação tenha que ser repetido e, por consequência,
aumente o tempo de aquisição do sistema.

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2 – Explique conceitualmente o significado dos processos de aquisição e de rastreamento de


sincronismo em sistemas com espalhamento espectral.

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3 – Com relação a um sistema de aquisição serial de sincronismo para um sinal com espalhamento
espectral por sequência direta (DS-SS), os avanços de temporização do gerador da sequência PN local

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de comprimento C ocorrem a cada Tc/8, onde Tc é a duração de um chip desta sequência. Pede-se
deduzir a expressão para cálculo do tempo máximo de aquisição, Ta.

No máximo, a temporização local terá que ser avançada ou retardada de C chips, que é o
máximo desalinhamento entre as sequências que se deseja sincronizar. Como cada avanço é de
Tc/8 e a cada avanço efetua-se uma correlação que dura λTc segundos, teremos:

Ta = (número de avanços em CTc)λTc = [CTc/(Tc/8)]λTc ⇒ Ta = 8CλTc

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4 – Com relação ao sistema de aquisição serial de sincronismo para um sinal com espalhamento
espectral por sequência direta (DS-SS), considere que os avanços de temporização do gerador da
sequência PN local de comprimento N ocorrem a cada Tc/4, onde Tc é a duração de um chip desta
sequência. Pede-se ou pergunta-se:

a) Deduza a expressão para cálculo do tempo máximo de aquisição Tacq para este sistema.

No máximo, a temporização local terá que ser avançada ou retardada de N chips (máximo
desalinhamento). Como cada avanço é de Tc/4 e a cada avanço efetua-se uma correlação de λTc
segundos, teremos:

Tacq = (número de avanços em ΝTc)λTc = [ΝTc/(Tc/4)]λTc Tacq = 4NλTc

b) Que fator(es) influencia(m) a imunidade do sistema ao ruído térmico (AWGN)?

O tempo de integração λTc e, portanto, o parâmetro λ.


O limiar de comparação (threshold).

c) O que deve ser feito com o limiar de comparação (threshold) se a sequência de espalhamento
utilizada possuir múltiplos picos na sua função de auto-correlação?

Deve ter seu valor ajustado logo abaixo do valor de pico da função de auto-correlação em τ = 0,
evitando falsas informações de aquisição (falsos alarmes) em valores de τ ≠ 0.

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5 – Qual a influência do parâmetro λ no tempo médio de aquisição em um sistema de aquisição serial


de sincronismo para um sinal com espalhamento espectral por sequência direta? Na sua resposta não
deixe de abordar a possível influência da presença de ruído e/ou interferência no processo de
estabelecimento do sincronismo.

O tempo médio de aquisição é diretamente proporcional ao valor de λ. Na presença de ruído


e/ou interferência, se o intervalo de integração no correlator é pequeno (λ pequeno), tal
correlação estará mais sujeita à influência do ruído e/ou da interferência. Isto ocorre devido ao
fato do valor absoluto da correlação entre a sequência PN gerada no receptor e aquela presente
no sinal recebido na condição de sincronismo ser diretamente proporcional ao valor de λ. Por
outro lado, se λ é máximo (λ = N) o valor da correlação será elevado, sendo menos susceptível
aos efeitos do ruído e/ou da interferência.

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Formas de rastreamento de sincronismo

Depois de estabelecida a aquisição, o rastreamento é o processo através do qual é praticamente


eliminada a defasagem residual entre as sequências de espalhamento local e aquela embutida no sinal
recebido. Além disso, o rastreamento permite que eventuais oscilações na temporização da sequência
recebida, dentro de uma determinada faixa, sejam acompanhadas ou rastreadas. Tais oscilações são
denominadas genericamente de jitter.

Definindo de forma mais precisa, as técnicas de aquisição são responsáveis por efetuar um
alinhamento com precisão na casa de ±Tc/2 segundos em relação à temporização ideal. As técnicas de
rastreamento são responsáveis por eliminar quase que totalmente o desalinhamento residual e,
portanto, atuam a partir de desalinhamentos temporais iniciais que vão de –Tc/2 a + Tc/2, procurando
reduzi-los tanto quanto possível.

As técnicas de rastreamento de sincronismo são elaboradas a partir de malhas com realimentação


denominadas de malhas de rastreamento (tracking loops). Tais malhas podem ser agrupadas em quatro
grandes famílias:

Malhas coerentes, nas quais a frequência e a fase da portadora são conhecidas;


Malhas não-coerentes, nas quais a frequência ou a fase da portadora, ou ambas, não são
conhecidas;
Malhas de tempo contínuo, que continuamente utilizam todos seus componentes; e
Malhas de tempo compartilhado, nas quais partes do sistema são reutilizadas em intervalos de
tempo distintos.

Na categoria de tempo contínuo estudaremos a malha Early-Late de tempo contínuo, denominada


DLL (Delay Locked Loop). Na categoria de tempo compartilhado estudaremos a malha Early-Late de
tempo compartilhado, denominada TDL (Tau-Dither Loop). Ambas são malhas não-coerentes de
rastreamento, ou seja, não pressupõem sincronismo de portadora.

Malha DLL para sinais DS-SS com modulação BPSK

A figura a seguir mostra o diagrama de blocos de uma malha de rastreamento de sincronismo do tipo
DLL (Delay Locked Loop) para sinais DS-SS com modulação BPSK. Neste diagrama o sinal recebido,
o qual contém a sequência de espalhamento nele embutida, é correlacionado com uma sequência de
espalhamento adiantada (early correlation) e com outra atrasada (late correlation), formando os sinais
ED− e ED+, respectivamente, nas entradas do bloco gerador do sinal de erro Y(τ). As correlações em
questão são de fato aproximadas, pois são realizadas pela filtragem passa-faixa (band-pass filtering,
BPF) e posterior detecção de energia (square-law detection) do produto dos sinais correlacionados, e
não pela integral do produto dos sinais a serem correlacionados.

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Embora se esteja fazendo a detecção de energia dos sinais de saída dos filtros BPF, para simplificar a
análise matemática do problema os valores de ED− e ED+ podem ser determinados aproximadamente
por:

  T   T 
E D ± ≃ E  g (t ) g  t ± c + τ   = Rg τ ± c 
  2   2

onde g(t) é a forma de onda da sequência PN utilizada, Tc é a duração de um chip dessa sequência e,
com o propósito de simplificação anteriormente citado, foi substituída a operação (x)2 por | x |. Ainda
com relação à expressão anterior, Rg(τ ± Tc/2) é a função de auto-correlação da sequência de
espalhamento utilizada, deslocada de ±Tc/2.

Em caráter de exemplo, suponha que a sequência de espalhamento utilizada seja do tipo m, para a qual
se sabe que a função de auto-correlação em um período tem o aspecto ilustrado na figura a seguir.

 N +1
1 − NT | τ |, | τ | ≤ Tc
R (τ ) =  c

 1
− , | τ | > Tc
 N

A próxima figura ilustra a formação do sinal de erro Y(τ) quando são utilizadas sequências de
espalhamento do tipo m. Qualquer valor de τ entre ±Tc/2 gerará um sinal de erro Y(τ) que, após
passagem pelo filtro de malha (loop-filter), fará com que a temporização do VCO (Voltage Controlled
Oscillator) seja adiantada ou retardada, dependendo da polaridade de Y(τ). Esta realimentação fará
com que τ tenda a zero à medida que o tempo passa. Quando τ = 0 os valores de ED serão idênticos nos
ramos Early e Late, de tal forma que se possa utilizar uma terceira sequência g(t + τ) com o propósito
de desespalhamento do sinal recebido.

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Pela figura anterior percebe-se que a faixa de rastreamento, ou seja, os valores de τ que permitirão à
malha fazer τ → 0 à medida que o tempo passa corresponde aproximadamente à faixa de –0.4Tc a
+0.4Tc. Note que esta representa uma faixa de rastreamento total um pouco menor que Tc. Em outras
palavras, para que o processo de rastreamento se inicie é preciso que o processo de aquisição consiga
sincronizar as sequências local e recebida com um desalinhamento entre –0.4Tc a +0.4Tc.

Devido a eventuais desbalanceamentos entre os “correlatores aproximados” early e late, um valor de


Y(τ) = 0 poderá ser obtido sem que os atrasos das sequências early e late estejam simetricamente
dispostos em relação à temporização que corresponde ao sincronismo ideal. Se isso acontecer a
sequência g(t + τ) não é gerada em perfeito sincronismo com a sequência embutida no sinal recebido e,
como resultado, a taxa de erro no sistema aumentará. Uma solução para esse problema usa um único
correlator sendo compartilhado temporalmente entre os processos de correlação atrasada e adiantada.
A essa solução dá-se o nome de malha early-late de tempo compartilhado ou malha Tau-Dither Loop
(TDL).

Na figura a seguir tem-se o diagrama de blocos de uma malha de rastreamento TDL para um sinal DS-
SS com modulação BPSK. Nitidamente pode-se perceber que os dois ramos de correlação do DLL
foram substituídos por um único ramo no TDL. Por controle de uma onda quadrada x(t) bipolar, gerada
pelo bloco tau-dither generator, a correlação é realizada hora com a sequência de espalhamento
adiantada, hora com a sequência de espalhamento atrasada. O sistema de realimentação irá fazer com
que uma dessas sequências fique alinhada com a sequência recebida ou, em outra opção de
implementação, uma terceira sequência g(t + τ) com temporização intermediária poderia ser gerada, a
qual seria utilizada para o desespalhamento e posterior demodulação do sinal recebido. Nesse caso a
malha de realimentação procuraria equilíbrio quando os valores de correlação médios obtidos fossem
idênticos (em módulo) nos intervalos de amplitude “positiva” e “negativa” da forma de onda de
controle x(t).

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Exercícios de fixação

1 – Exercício em grupo - Após termos terminado o estudo sobre a técnica de espalhamento espectral
vamos revisitar os atributos da técnica e, como exercício, procurar justificá-los com o conhecimento
que adquirimos. Forme grupos de 2 alunos e comente os atributos listados a seguir:

Baixa densidade espectral de potência.


Baixa interferência eletromagnética (EMI).
Baixa probabilidade de interceptação (LPI).
Possibilidade de implementação de acesso múltiplo CDMA.
Robustez em canais com múltiplos percursos de propagação.
Possibilidade de proporcionar sigilo na comunicação.
Grande imunidade a interferências.

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2 – Seja um sistema de rastreamento de sincronismo para sinais com espalhamento espectral por
sequência direta (DS-SS) e modulação BPSK, implementado com uma malha DLL (Delay-Locked
Loop). Sobre este sistema pede-se ou pergunta-se:

2 2
   T     T 
a) A que parte(s) do DLL a expressão ED ±
≃  E  g (t ) g  t ± c + τ    =  Rg  τ ± c   se refere? Nesta
   2     2 
expressão, g(t) é a forma de onda da sequência PN utilizada, Tc é a duração de um chip dessa
sequência e Rg(τ) é uma função de auto-correlação.

A expressão se refere às saídas dos blocos “square-law detector”, os quais podem ser
simbolizados por ( . )2.

b) No que diz respeito à implementação do DLL, qual a diferença entre se utilizar a expressão acima
ou a expressão dada a seguir?

  T   T 
E D ± ≃ E  g (t ) g  t ± c + τ   = Rg τ ± c  .
  2   2

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A resposta é que se pode substituir os blocos ( . )2 por blocos que efetuem o cálculo do valor
absoluto, os quais podemos simbolizar por | . |.

c) Qual das duas expressões anteriores poderá trazer melhor desempenho ao sistema? Justifique.

O uso da primeira expressão referente ao aos blocos ( . )2 pode trazer melhor desempenho ao
sistema, pois a faixa de rastreamento pode ser maior que aquela proporcionada pelos blocos | . |.
As figuras a seguir ilustram esta possibilidade. Perceba que a faixa de rastreamento com o uso
dos blocos ( . )2 é de exatamente Tc, contra cerca de 0.8Tc quando os blocos | . | são utilizados.

Sinais de realimentação na malha DLL, com dispositivo ( x )2.

Sinais de realimentação na malha DLL, com dispositivo | x |.

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3 – Seja um subsistema de rastreamento de sincronismo para sinais com espalhamento espectral por
sequência direta (DS-SS), implementado com uma malha DLL (Delay-Locked Loop). Os valores
aproximados das saídas dos detectores de envoltória, ED, são dados por:

  T   T 
E D ± ≃ E  g ( t ) g  t ± c + τ   = Rg  τ ± c  ,
  2   2

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onde g(t) é a forma de onda da sequência PN utilizada, Tc é a duração de um chip dessa sequência e
Rg(τ) é uma função de auto-correlação. Pede-se e/ou pergunta-se:

a) Interprete a expressão dada para ED, associando-a ao diagrama de blocos de uma malha DLL.

Os valores de ED correspondem aos valores aproximados das correlações entre as sequências


PN locais (early e late) e a sequência PN embutida no sinal recebido. Esses valores aparecem
nas saídas dos blocos square-law detector (entradas do bloco de subtração) da malha DLL.

b) Como os valores de ED são operados no processo de rastreamento de sincronismo?

A subtração da correlação aproximada com a sequência PN late da correlação com a sequência


PN early gera um sinal de erro, Y(τ), que avançará ou retardará a temporização fornecida pelo
VCO (ou VCC) até o momento em que a estabilidade da malha seja atingida. Este momento
corresponderá à mesma defasagem (em módulo) entre as sequências early e late e a sequência
embutida no sinal recebido. A partir desse ponto pode-se utilizar a sequência PN intermediária
g(t + τ) no processo de demodulação do sinal DS-SS, pois esta sequência estará sincronizada
com a sequência embutida no sinal recebido e, portanto, se terá estabelecido o ajuste fino
(rastreamento) do processo de sincronismo.

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FIM DO CURSO

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Referências

1. GUIMARÃES, D. A., Digital Transmission: A Simulation-Aided Introduction with


VisSim/Comm. ISBN: 978-3-642-01358-4. Berlin-Heidelberg, Germany: Springer Inc., 2009.

2. HAYKIN, Simon. Communication Systems. 4th Ed. New York, USA: John Wiley and Sons, Inc.,
2001.

3. PROAKIS, John G. Digital Communications. 3rd Ed. USA: McGraw Hill, Inc., 1995.

4. SKLAR, Bernard. Digital Communications: Fundamentals and Applications. New Jersey, USA:
Prentice Hall, Inc., 1998.

5. PETERSON, Roger L.; ZIEMER, Rodger E.; BORTH, David E. Introduction to Spread
Spectrum Communication. New Jersey, USA: Prentice Hall, Inc., 1995.

6. SIMON, Marvin K. et al. Spread Spectrum Communications Handbook. USA: McGraw Hill,
Inc., 2001. ISBN 0071382151.

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